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Relatório anual (2010)

sobre o processo
de avaliação do desempenho
docente

abril de 2011
Relatório anual (2010)
sobre o processo
de avaliação do desempenho
docente

abril de 2011

Aprovado na Reunião Plenária de 4 de Abril de 2011


Copyright
©2011, Ministério da Educação – Conselho Científico para a Avaliação de Professores

Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso
Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 2.5 Portugal (http://creativecommons.
org/licenses/by-nc-nd/2.5/pt/).

Disponível em

http://www.ccap.min-edu.pt/relatorios.htm
Índice

Introdução 1

1. Enquadramento legal e documentos orientadores 3

1.1. Alterações ao quadro legal da avaliação do desempenho docente em 2010 3

1.2. Orientações da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação para a operacionalização do 2.º ciclo de
avaliação 4
1.3. Pareceres, recomendações e propostas do CCAP 4

2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva institucional 7

2.1. Intervenção da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação 7


2.2. Intervenção das Direcções Regionais de Educação 9

3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da Rede 11

3.1. Inquérito por questionário à Rede de Escolas Associadas ao CCAP 11


3.2. Caracterização do processo de avaliação do desempenho docente 12
3.3. Os padrões de desempenho docente como um referencial da avaliação 20
3.4. Apreciação relativa ao início da operacionalização do processo de avaliação do desempenho docente 21

Considerações finais 27

ANEXO
Rede de Escolas Associadas ao CCAP. Questionário. Processo de Avaliação do Desempenho Docente. 2.º Ciclo de
Avaliação – Período de Setembro a Dezembro de 2010 29
Índice de Gráficos

1 Distribuição dos docentes em avaliação, por escola e por categoria. Rede de Escolas Associadas ao 13
CCAP
2 Caracterização dos docentes em avaliação, por categoria. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 13

3 Docentes que apresentaram objectivos individuais, por escola. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 14

4 Docentes que apresentaram objectivos individuais, por categoria. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 15

5 Docentes que solicitaram observação de aulas, por categoria. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 15

6 Docentes que solicitaram observação de aulas, por escola. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 16

7 Docentes integrados na carreira que solicitaram observação de aulas. Rede de Escolas Associadas ao
CCAP 17

8 Relatores, por escola. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 18

9 Designação dos relatores – situações especiais. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 19

10 Composição da CCAD. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 20

11 Apreciação sobre os padrões de desempenho docente. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 20

12 Apreciação comparativa sobre a organização dos 1.º e 2.º ciclos de avaliação. Rede de Escolas Associadas 22
ao CCAP
13 Constrangimentos à operacionalização do 2.º ciclo de avaliação. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 23

Índice de Quadros

1 Docentes a avaliar no 2.º ciclo de avaliação (2009-2011). Portugal Continental 8

2 Docentes que solicitaram observação de aulas ou apresentação de trabalho científico-pedagógico, no


2.º ciclo de avaliação (2009-2011). Portugal Continental 8

3 Principais dúvidas colocadas pelas escolas às Direcções Regionais de Educação 10

4 Caracterização das escolas respondentes 12

5 Docentes passíveis de ser avaliados, por categoria. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 12

6 Docentes em avaliação, por função desempenhada. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 14

7 Docentes que solicitaram observação de aulas, por categoria. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 16

8 Docentes que solicitaram observação de aulas, por função. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 17

9 Designação dos relatores, por categoria de docente em avaliação. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 19

10 Aspectos positivos no início do 2.º ciclo de avaliação. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 24

11 Factores de constrangimento no início do 2.º ciclo de avaliação. Rede de Escolas Associadas ao CCAP 26
INTRODUÇÃO

Introdução

O presente relatório corresponde ao previsto na alínea g) do n.º 1 do artigo 4.º do Decreto Regulamentar
n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro, no âmbito da qual compete ao Conselho Científico para a Avaliação e Professores
(CCAP) elaborar um relatório anual sobre o processo de avaliação do desempenho docente. Este relatório
reporta-se ao ano de 2010.

O relatório está estruturado em quatro secções:

1. Enquadramento legal e documentos orientadores;


2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva institucional;
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva das escolas da Rede;
Considerações finais.

O Conselho Científico para a Avaliação de Professores, ao tornar público o presente relatório, deseja expressar
o seu reconhecimento a todos aqueles que o tornaram possível, contribuindo para a construção de conheci-
mento, melhoria do processo e seus resultados.

Assim, expressamos publicamente o nosso agradecimento:

▪▪ À Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE), pela disponibilização dos dados nacio-
nais sobre a operacionalização do 2.º ciclo de avaliação do desempenho docente;
▪▪ Às Direcções Regionais de Educação, pela forma pronta como corresponderam ao pedido deste Conselho
e de disponibilização de informação;
▪▪ Às 30 escolas que integram a Rede de Escolas Associadas ao CCAP, pela colaboração preciosa e res-
posta rápida ao questionário que lhes foi proposto.

1
2
1. Enquadramento Legal e documentos orientadores

1. Enquadramento legal e documentos orientadores

1.1. Alterações ao quadro legal da avaliação do desempenho docente em 2010

No final do 1.º ciclo de avaliação perspectivava-se uma revisão do regime de avaliação previsto no Estatuto
da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores do Ensino Básico e Secundário 1. No sentido de criar
um período de transição que permitisse a introdução de correcções e ajustamentos ao regime de avaliação, a
21 de Agosto de 2009 o Decreto Regulamentar n.º 14/2009 vem prorrogar a vigência do Decreto Regulamentar
n.º1-A/2009, de 5 de Janeiro, que havia introduzido um conjunto de medidas que visavam simplificar os proce-
dimentos de avaliação.

A tomada de posse do XVIII Governo Constitucional, em Outubro de 2009, e a reabertura das negociações con-
ducentes à revisão do Estatuto da Carreira Docente, incluindo o regime de avaliação, levaram a que, durante
o ano lectivo 2009/2010, fossem adoptados procedimentos de avaliação simplificados, a aplicar apenas a
docentes contratados, a docentes que necessitassem de realizar a apreciação intercalar por razões de progres-
são na carreira 2 e a docentes que no 1.º ciclo de avaliação obtiveram as menções qualitativas de Regular ou
Insuficiente. Os procedimentos a adoptar na apreciação intercalar foram inicialmente comunicados às escolas
por nota informativa das Direcções Regionais de Educação e posteriormente fixados pelo Despacho n.º 4913-
-B/2010, de 18 de Março.

A partir de Junho de 2010 foi publicada legislação referente à revisão do Estatuto da Carreira Docente, bem
como à avaliação do desempenho docente.

1. Decreto-Lei n.º 75/2010, de 23 de Junho – Altera (décima alteração) o Estatuto da Carreira dos Educadores
de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 139-A/90,
de 28 de Abril. As principais mudanças prendem-se com a estrutura da carreira e o sistema de avaliação
do desempenho docente, regulamentado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
2. Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho – Regulamenta o sistema de avaliação do desempe-
nho do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário.
3. Despacho n.º 14420/2010, de 15 de Setembro – Aprova as regras de calendarização do procedimento
de avaliação do desempenho docente; as regras aplicáveis ao relatório de auto-avaliação e as fichas de
avaliação global.
4. Portaria n.º 926/2010, de 20 de Setembro – Estabelece os procedimentos a adoptar nos casos em que,
por força do exercício de cargos ou funções, não possa haver lugar à observação de aulas, necessária
à progressão aos 3.º e 5.º escalões e à obtenção das menções de Muito Bom e Excelente, no âmbito da
avaliação do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário.

1
Daqui em diante designado Estatuto da Carreira Docente. Decreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de Abril, alterado pelos Decretos-Lei
n.os 105/97, de 29 de Abril, 1/98, de 2 de Janeiro, 35/2003, de 17 de Fevereiro, 121/2005, de 26 de Julho, 229/2005, de 29 de Dezembro,
224/2006, de 13 de Novembro, 15/2007, de 19 de Janeiro, 35/2007, de 15 de Fevereiro, 270/2009, de 30 de Setembro, e 75/2010, de
23 de Junho.
2
De acordo com as disposições transitórias previstas na alínea b) do n.º 6 do art.º 7.º do Decreto-Lei n.º 270/2009, de 30 de Setembro.

3
1. Enquadramento Legal e documentos orientadores

5. Despacho Normativo n.º 24/2010, de 23 de Setembro – Estabelece os critérios a aplicar na realização


da ponderação curricular prevista no n.º 9 do art.º 40.º do Estatuto da Carreira Docente, bem como os
procedimentos a que a mesma deve obedecer.
6. Despacho n.º 16034/2010, de 22 de Outubro – Estabelece a nível nacional os padrões de desempenho
docente.
7. Despacho n.º 18020/2010, de 3 de Dezembro – Atribui as classificações e menções qualitativas aos
docentes em regime de mobilidade em serviços e organismos da Administração Pública, avaliados nos
termos do sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública, quando
o ciclo de avaliação decorra na sua totalidade naquele regime.
8. Portaria n.º 1333/2010, de 31 de Dezembro – Estabelece as regras aplicáveis à avaliação do desempe-
nho dos docentes que exercem funções de gestão e administração em estabelecimentos públicos de
educação pré-escolar e de ensino básico e secundário, bem como em centros de formação de associa-
ções de escolas.

1.2. Orientações da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação


para a operacionalização do 2.º ciclo de avaliação

A propósito da organização do ano escolar, a DGRHE publicou dois documentos orientadores:

▪▪ Orientações relativas ao disposto no Despacho n.º 11120-B/2010, de 6 de Julho (organização do ano


escolar), documento publicado em 26 de Julho de 2010.
▪▪ Orientações relativas a decisões de carácter excepcional para a designação de coordenadores de de-
partamento curricular, relatores e coordenadores de estabelecimento, documento publicado em 8 de
Novembro de 2010.

1.3. Pareceres, recomendações e propostas do CCAP

No âmbito das suas competências, o CCAP elaborou, durante o ano de 2010, os seguintes documentos relati-
vos ao regime de avaliação estipulado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho:

1. Proposta N.º 1/CCAP/2010. Padrões de desempenho docente 3 – Proposta apresentada à tutela em


Agosto de 2010, em cumprimento do disposto na alínea d) do n.º 1 do art.º 4.º do Decreto Regulamentar
n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro.
2. Parecer N.º 4/CCAP/2010. Ficha de avaliação global, de Junho de 2010 4 – Parecer sobre a proposta
de “Ficha de Avaliação Global”, dando cumprimento ao disposto no n.º 4 do artigo 20.º do Decreto
Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.

3
Disponível em http://www.ccap.min-edu.pt/docs/PROP_1-2010.pdf.
4
Disponível em http://www.ccap.min-edu.pt/docs/Par_4-CCAP-2010.pdf.

4
1. Enquadramento Legal e documentos orientadores

3. Parecer N.º 5/CCAP/2010. Aplicação dos padrões de desempenho docente ao regime de avaliação do
desempenho docente, de Setembro de 2010 5 – Parecer elaborado, por solicitação do Senhor Secretário
de Estado Adjunto e da Educação, “no sentido de apresentar à tutela um documento que consagre a
aplicação dos ‘Padrões de Desempenho Docente’ ao modelo específico de Avaliação do Desempenho
Docente consignado no Decreto-Lei n.º 75/2010, de 23 de Junho, no Decreto Regulamentar n.º 2/2010,
de 23 de Junho, e no Despacho da ficha de avaliação global do desempenho docente e regras de elabo-
ração do relatório de auto-avaliação”.
4. Recomendações N.º 6/CCAP/2010. Orientações sobre a construção dos instrumentos de registo.
Aplicação das Recomendações N.º 1/CCAP/2008 ao Decreto Regulamentar N.º 2/2010, de 23 de Junho,
de Outubro de 2010 6 – Estas Recomendações constituem um conjunto de orientações, de carácter ge-
nérico, destinadas a apoiar a concepção e elaboração dos instrumentos de registo previstos no art.º 10.º
do Decreto Regulamentar 2/2010, de 23 de Junho.

5
Disponível em http://www.ccap.min-edu.pt/docs/PAR_5-2010.pdf.
6
Disponível em http://www.ccap.min-edu.pt/docs/REC_6-2010.pdf.

5
2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva institucional

2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação:


perspectiva institucional

No âmbito das competências de monitorização do processo de avaliação o CCAP solicitou à DGRHE ele-
mentos relativos à operacionalização do 2.º ciclo de avaliação nas escolas (Setembro a Dezembro de 2010),
nomeadamente:

▪▪ Dados quantitativos;
▪▪ Elementos sobre questões, pedidos de esclarecimento e dificuldades colocadas pelas escolas e pelos
docentes;
▪▪ Informações sobre a composição e o modo de funcionamento do Gabinete de Apoio à Avaliação previsto
no n.º 2 do art.º 34.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.

O CCAP solicitou, igualmente, às Direcções Regionais de Educação elementos relativos à fase inicial de ope-
racionalização do 2.º ciclo de avaliação nas escolas, designadamente:

▪▪ Informações sobre os recursos afectos aos assuntos da avaliação do desempenho docente, modo de
funcionamento e tipo de acção desenvolvida;
▪▪ Questões, pedidos de esclarecimento e dificuldades colocadas pelas escolas e pelos docentes.
Os dados que a seguir se apresentam têm por base os elementos e as informações enviados ao CCAP pela
DGRHE e pelas cinco Direcções Regionais de Educação durante o mês de Fevereiro e no início do mês de Março
de 2011.

2.1. Intervenção da Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação

De acordo com o n.º 2 do art.º 34.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho, o Ministério da
Educação assegura centralmente o funcionamento de um Gabinete de Apoio à Avaliação.

O serviço central responsável por este gabinete é a DGRHE. O trabalho desenvolvido é assegurado por quatro
técnicos superiores, a quem compete:

▪▪ Preparar, quer internamente, quer em articulação com os serviços jurídicos e outras direcções de serviços
da DGRHE, as orientações e os esclarecimentos mais adequados à aplicação do Decreto Regulamentar
n.º 2/2010, de 23 de Junho;
▪▪ Apoiar as Direcções Regionais de Educação;
▪▪ Responder às escolas e aos docentes sobre os casos que requeiram enquadramentos jurídicos
específicos.

As informações fornecidas pela DGRHE descrevem o cenário da operacionalização do 2.º ciclo de avaliação de
acordo com os dados apresentados no Quadro 1.

7
2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva institucional

Quadro 1
Docentes a avaliar no 2.º ciclo de avaliação (2009-2011)
Portugal Continental

N.º de escolas N.º de docentes a avaliar


Em exercício Noutras
Direcção Regional Respondentes situações
efectivo de funções
de Educação Total (avaliação por Total
N.º % Quadros Contratados ponderação
curricular)
Algarve 58 58 100 4.771 2.070 81 6.922
Alentejo 94 94 100 5.755 2.187 59 8.001
Lisboa e Vale do Tejo 342 342 100 33.957 12.792 420 47.169
Centro 206 206 100 20.349 4.435 200 24.984
Norte 378 378 100 39.274 12.877 534 52.685
Total 1.078 1.078 104.106 34.361 1.294 139.761

Fonte: DGRHE, Março de 2011.

O levantamento sobre o 2.º ciclo de avaliação realizado pela DGRHE aponta para a plena aplicação do regime
de avaliação nas escolas, com a totalidade dos docentes em processo de avaliação, seja pela observação dos
procedimentos constantes do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, seja por ponderação curricular.

Pela análise das informações recolhidas pela DGRHE, constata-se que, do total de docentes a avaliar, 24,6%
são docentes contratados e 75,4% estão integrados na carreira. Destes últimos, 0,9% serão avaliados por
ponderação curricular.

Segundo a DGRHE, os docentes designados para o exercício da função de relator perfazem um total de 26.838,
isto é, 19,2% do total de docentes a avaliar. Estes valores correspondem a uma média de 5,2 docentes em
avaliação por relator.

Quanto aos docentes que solicitaram observação de aulas ou a apresentação de um trabalho de natureza
científica, pedagógica ou didáctica, conforme estabelecido pela Portaria n.º 926/2010, de 20 de Setembro, o
Quadro 2 apresenta os dados obtidos pela DGRHE.

Quadro 2

Docentes que solicitaram observação de aulas


ou apresentação de trabalho científico-pedagógico, no 2.º ciclo de avaliação (2009-2011)
Portugal Continental

Docentes com Docentes com apresentação de


Direcção Regional observação de aulas trabalho científico-pedagógico
de Educação
N.º % N.º %
Algarve 2.920 42,2 29 0,4
Alentejo 3.334 41,7 49 0,6
Lisboa e Vale do Tejo 17.447 37,0 217 0,5
Centro 10.288 41,2 79 0,3
Norte 22.968 43,6 155 0,3
Total 56.957 40,8 529 0,4
Fonte: DGRHE, Março de 2011.

8
2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva institucional

Como se pode verificar, solicitaram observação de aulas 40,8% do total de docentes a avaliar 7. Este valor não
varia substancialmente por Direcção Regional de Educação, porém é ligeiramente inferior na região de Lisboa
e Vale do Tejo e ligeiramente superior na região Norte.

2.2. Intervenção das Direcções Regionais de Educação

A intervenção das Direcções Regionais de Educação no processo de avaliação do desempenho docente restrin-
gia-se inicialmente à sua integração no júri especial de recurso da decisão de avaliação final 8 e à avaliação
dos directores das escolas, dos presidentes das comissões administrativas provisórias, bem como dos directo-
res dos centros de formação de associações de escolas 9.

O apoio institucional das Direcções Regionais de Educação às escolas no âmbito da avaliação do desempenho
docente teve início em Dezembro de 2010, de acordo com informação por elas fornecida. O trabalho desen-
volvido neste âmbito caracteriza-se pela prestação de esclarecimentos e informações às escolas em matéria
de avaliação do desempenho docente. De salientar que a informação veiculada pelas Direcções Regionais de
Educação é previamente aferida com o Gabinete de Apoio à Avaliação (DGRHE).

A actuação das Direcções Regionais ocorre a dois níveis. Por um lado, mobilização de equipas multidisciplinares
encarregues de responder às questões colocadas, sobretudo, pelas escolas. Algumas destas questões emer-
gem de dúvidas que os docentes apresentam ao respectivo director; no entanto, algumas Direcções Regionais
referem que também têm dado resposta aos docentes. Por outro lado, num nível de actuação mais próximo, as
equipas de apoio às escolas 10 têm identificado e contribuído para a resolução de problemas emergentes.

Numa primeira fase, as principais dificuldades das escolas prenderam-se com a designação dos relatores. A
primeira questão resultou da inexistência de docentes que reunissem os requisitos indicados nos n.os 4 e 5 do
art.º 35.º do Estatuto da Carreira Docente e no n.º 3 do art.º 13.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de
Junho. Após ser ultrapassado o problema da designação dos relatores, houve necessidade de reajustamento
dos horários dos docentes, em resultado da necessidade de contemplar tempos para a avaliação 11.

Após a resolução destas questões, e até ao final de 2010, as dúvidas apresentadas prenderam-se com dois
níveis distintos de preocupações das escolas. Houve um primeiro grupo de dúvidas relativas à avaliação e pro-
gressão dos docentes, designadamente no que respeita à exigência de observação de aulas para a progressão
aos 3.º e 5.º escalões da carreira, entre 1 de Setembro e 31 de Dezembro de 2010, assim como aos procedimen-
tos a adoptar relativamente aos docentes que não foram avaliados no 1.º ciclo de avaliação.

O segundo grupo de dúvidas refere-se à operacionalização do regime de avaliação. Além das questões rela-
tivas à elaboração dos instrumentos de registo e respectivos referenciais, as escolas têm manifestado dúvi-
das, nomeadamente na interpretação dos padrões de desempenho docente. No Quadro 3 estão sistemati-
zadas as principais questões apresentadas pelas escolas às Direcções Regionais de Educação no âmbito da

7
Art.º 9.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
8
Art.º 24.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
9
Art.º 5.º da Portaria n.º 1333/2010, de 31 de Dezembro.
10
Estruturas existentes em cada Direcção Regional de Educação, ao abrigo da alínea b) do art.º 5.º e do art.º 6.º do Decreto Regulamentar
n.º 31/2007, de 29 de Março.
11
Despacho n.º 11120-B/2010, de 6 de Julho.

9
2. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectiva institucional

operacionalização do regime de avaliação. Algumas destas questões, de acordo com as Direcções Regionais,
ainda estão em fase de apreciação pelo Gabinete de Apoio à Avaliação (DGRHE).

Quadro 3
Principais dúvidas colocadas pelas escolas às Direcções Regionais de Educação
Tema Dúvida
Critérios para a designação dos relatores, sobretudo em situações em que o docente em avalia-
Designação ção está posicionado na carreira em escalão igual ou superior ao relator ou possui grau académico
dos relatores superior.
Pedidos de escusa do exercício das funções de relator.
Elaboração dos instrumentos de registo.
Integração de elementos de avaliação anteriores à entrada em vigor do actual regime de avaliação
(art.º 37.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho).
Observação de aulas na avaliação dos docentes com função de relator e dos coordenadores de depar-
tamento e, bem assim, dos docentes em condições de progredir para os 3.º e 5.º escalões da carreira
docente.
Avaliação de docentes sem componente lectiva (docentes bibliotecários; docentes afectos aos
Centros de Novas Oportunidades; docentes em gozo de licença sabática; docentes bolseiros; asses-
sores das comissões administrativas provisórias de escolas, os quais, por interesse de serviço, não
possuem serviço lectivo distribuído, …).
Operacionalização
do processo Avaliação de docentes com doença prolongada.
Avaliação final de docentes contratados a leccionar em mais do que uma escola em simultâneo ou
com mais de um contrato no mesmo ano lectivo.
Avaliação de técnicos especializados.
Avaliação de docentes em mobilidade (em serviços da administração pública, na Assembleia da
República, em autarquias, em projectos diversos, em instituições de ensino profissional particular,
em instituições de educação de outros ministérios, em organismos de apoio ao desenvolvimento ou
noutros serviços que não fazem parte de organismos da administração pública).
Avaliação de subdirectores e adjuntos da direcção (aplicabilidade da Portaria n.º 926/2010, 20 de
Setembro)
Ausência de despacho que regulamente as percentagens máximas para as menções qualitativas de
Muito Bom e Excelente.
Ausência de enquadramento legal para a formação de júris de avaliação ou júri especial de recurso
Normativos legais
na avaliação de docentes coordenadores e relatores.
Avaliação da assiduidade – cumprimento do serviço lectivo e não lectivo distribuído (interpretação da
nota 1 dos anexos III e IV do Despacho n.º 14420/2010, de 15 de Setembro).
Constituição do júri de avaliação ou do júri especial de recurso quando o docente em avaliação é
relator ou coordenador de departamento.
Classificação
Avaliação da assiduidade (faltas a ser contabilizadas na apreciação do cumprimento do serviço lecti-
vo – n.º 6 do art.º 21.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, 23 Junho).
Base de dados sobre boas práticas.
Outros
Avaliação dos directores.

Fonte: Direcções Regionais de Educação do Alentejo, do Algarve, do Centro, de Lisboa e Vale do Tejo e do Norte, Março de 2011.

10
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação:


perspectivas das escolas da Rede

Na sequência do trabalho desenvolvido com a Rede de Escolas Associadas ao CCAP, foi solicitado, às esco-
las que integram a Rede, que fizessem uma apreciação sobre o início do 2.º ciclo de avaliação (Setembro a
Dezembro de 2010) e a sua operacionalização, no que concerne à aplicação do regime de avaliação do desem-
penho docente estipulado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.

3.1. Inquérito por questionário à Rede de Escolas Associadas ao CCAP

No sentido de proceder a uma recolha sistematizada de informações que permitisse caracterizar o início do
2.º ciclo de avaliação, o CCAP concebeu um inquérito por questionário dirigido aos Directores das 30 escolas
que constituem a Rede de Escolas Associadas ao CCAP (cf. Anexo). O questionário foi enviado por correio
electrónico e as respostas foram recebidas entre os dias 18 de Fevereiro e 9 de Março de 2011.

A concepção do inquérito por questionário teve em linha de conta elementos constantes do Relatório sobre
a aplicação do 1.º ciclo de avaliação do desempenho docente  12, as alterações ao quadro legal da avaliação
do desempenho, bem como elementos recolhidos durante o 3.º Encontro da Rede de Escolas Associadas ao
CCAP (Caparide, 24 de Janeiro de 2011). O conjunto de informações assim recolhidas visa descrever o início do
2.º ciclo de avaliação (Setembro a Dezembro de 2010) nas escolas, de acordo com os seguintes objectivos:

▪▪ Caracterizar o início do 2.º ciclo de avaliação, designadamente quanto aos docentes em avaliação e
avaliadores;
▪▪ Comparar os 1.º e 2.º ciclos de avaliação, nomeadamente no que respeita ao início do processo nas
escolas;
▪▪ Identificar modos de utilização dos padrões de desempenho docente;
▪▪ Identificar aspectos positivos e factores de constrangimento do início do 2.º ciclo de avaliação.
Os resultados do tratamento dos dados recolhidos e a respectiva análise estruturam-se de acordo com os
seguintes pontos:

▪▪ Operacionalização do regime de avaliação nas escolas da Rede;


▪▪ Utilização dos padrões de desempenho docente;
▪▪ Apreciação relativa ao início da operacionalização do 2.º ciclo de avaliação.

12
CCAP (2010). Relatório sobre a aplicação do 1.º ciclo de avaliação do desempenho docente. Estudo com base no inquérito por questio-
nário à Rede Pública de Escolas de Portugal Continental. Disponível em http://www.ccap.min-edu.pt/docs/Rel_1_ciclo_ADD.pdf.

11
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

Das 30 escolas que constituem a Rede de Escolas Associadas ao CCAP, 29 responderam ao questionário, pelo
que a taxa de retorno é de 96,7%. A distribuição das escolas respondentes pelas Direcções Regionais corres-
ponde a cinco escolas do Alentejo, uma escola do Algarve, sete escolas do Centro, seis escolas de Lisboa e
Vale do Tejo e dez escolas do Norte. O Quadro 4 apresenta o perfil das escolas respondentes, de acordo com
a sua tipologia.

Quadro 4
Caracterização das escolas respondentes
Respondentes
Tipologia de escola
N.º %

Agrupamento JI/EB1/EB2,3 12 40,0


de escolas JI/EB1/EB2,3/ES 3 10,0
ES/3.º ciclo 9 30,0
Escola secundária
ES 5 16,7
Total 29 96,7
Nota:
JI – jardim-de-infância
EB1 – escola de 1.º ciclo do ensino básico
EB2,3 – escola de 2.º e 3.º ciclos do ensino básico
ES – escola de ensino secundário
ES/3.º ciclo – escola de ensino secundário e de 3.º ciclo do ensino básico

3.2. Caracterização do processo de avaliação do desempenho docente

Para caracterizar a operacionalização da avaliação nas escolas da Rede, solicitou-se informação sobre os
docentes em avaliação e os avaliadores. O Quadro 5 apresenta o total de docentes passíveis de ser avaliados,
distinguindo entre docentes dos quadros e docentes contratados.

Quadro 5
Docentes passíveis de ser avaliados, por categoria
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

N.º %
Docentes dos quadros 2.858 77,9
Docentes contratados 809 22,1
Total 3.667 100

O Gráfico 1 descreve a constituição das 29 escolas da Rede no que respeita ao número de docentes em ava-
liação, distinguindo entre docentes dos quadros e docentes contratados. A análise evidencia as diferenças,
tanto na dimensão do corpo docente das escolas respondentes, como em termos de docentes dos quadros e
docentes contratados.

12
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

De acordo com as respostas dadas ao questionário, num universo de 3.667 docentes, 61 (1,7%) encontram-se
em mobilidade, pelo que não lhes é aplicado o regime de avaliação do desempenho docente estipulado pelo
Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho. Assim, o universo de docentes em avaliação nas escolas
respondentes é constituído por 3.606 docentes. O Gráfico 2 apresenta a sua distribuição por escola e por cate-
goria (docentes dos quadros e docentes contratados).

Gráfico 1
Distribuição dos docentes em avaliação, por escola e por categoria
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

N.º
300

250

72
200
43 25

150 24
28 27
37 24
56
47 23 29 17
35 39 15 60 20
100 25
186 8 15
27 161 172
14 17 14 139 129
125 123
111 17
50 12 93 91 99 20 94 97 102 86 98 101 88 107
68 77 85
19 69 68 67
46 47 42
26
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Escolas da Rede
Docentes dos quadros Docentes contratados

Gráfico 2
Caracterização dos docentes em avaliação, por categoria
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

76 ,3% 9 8 ,3%

22,1%

Docentes dos quadros Docentes contratados Docentes a avaliar


pelas escolas

Considerando apenas o universo dos docentes em avaliação nas escolas respondentes, o Quadro 6 apresenta a
sua distribuição de acordo com as funções desempenhadas no domínio da avaliação do desempenho docente,
isto é, docentes em avaliação, relatores e coordenadores de departamento.

13
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

Quadro 6
Docentes em avaliação, por função desempenhada
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

N.º %
Docentes em avaliação 3.606 100
Relatores 651 18,1
Coordenadores de departamento 148 4,1

De acordo com os dados fornecidos pelas escolas respondentes, dos 142 docentes que desempenham a função
de coordenador de departamento, 133 desempenham igualmente a função de relator, ou seja, cerca de 89,9%
dos coordenadores de departamento são simultaneamente relatores. No total, 18,1% dos docentes a avaliar
desempenham a função de relator o que corresponde a uma média de 5,5 docentes avaliados por relator.

O regime de avaliação vigente estabelece a apresentação de objectivos individuais como procedimento fa-
cultativo 13. Pelos dados fornecidos pelas escolas da Rede respondentes, 22,6% dos docentes em avaliação
apresentaram objectivos individuais. O Gráfico 3 apresenta os dados relativos ao número de docentes que
apresentaram objectivos individuais, por ordem crescente do número de docentes a avaliar em cada escola
da Rede. É perceptível que, na maioria destas, foi reduzido o número de docentes que apresentaram objec-
tivos individuais, havendo duas escolas em que nenhum docente adoptou este procedimento (escola 19 e
28). Verifica-se, no entanto, que há escolas em que mais de metade do corpo docente apresentou objectivos
individuais (escolas 9, 18 e 5).

Gráfico 3
Docentes que apresentaram objectivos individuais, por escola
Rede de Escolas Associadas ao CCAP
N.º
300

258
250

204
200 197

163
153 156 157
150 147 148
137 141
130
124 125 127 128
113 114 117
123 99
100 93 95 101 89
81 83 85
76
62 64
58 55
45 47 47
50 41
31 29
18 20 18 19
15 14 15 14
8 8 10 6
5 2 4 2 1
0 0
0
2 3 17 13 15 7 11 21 1 24 28 10 22 29 23 26 4 9 18 19 16 5 12 25 27 20 8 6 14
Escolas da Rede
Docentes avaliados Docentes que apresentaram objectivos individuais

13
N.º 1 do art.º 8.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.

14
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

O Gráfico 4 apresenta os dados globais sobre os docentes que apresentaram objectivos individuais, em relação
a cada universo em questão (docentes dos quadros e contratados). Verifica-se que este procedimento é adop-
tado com maior incidência, em termos relativos, pelos docentes contratados.

Gráfico 4
Docentes que apresentaram objectivos individuais, por categoria
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

Docentes dos quadros Docentes contratados

19,8%
32,4%

67,6%
80,2%

Docentes que a presentaram objectivos individuais Docentes que a presentaram objectivos individuais
Docentes que não apresentaram objectivos individuais Docentes que não apresentaram objectivos individuais

A observação de aulas constitui um procedimento facultativo, mas necessário para a progressão aos 3.º e
5.º escalões da carreira docente, bem como para o acesso às menções qualitativas de Muito Bom e Excelente.
Os procedimentos inerentes à observação de aulas só terão lugar se o docente em avaliação o requerer14.

Tendo em conta este enquadramento, 41,5% dos docentes em avaliação solicitaram observação de aulas. No
Gráfico 5 pode visualizar-se a sua distribuição entre docentes dos quadros e docentes contratados.

Gráfico 5
Docentes que solicitaram observação de aulas, por categoria
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

41,5 %
30,6 %

10,8 %

Docentes dos quadros Docentes contratados Total

14
Art.º 9.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.

15
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

No Gráfico 6 pode ver-se a distribuição, por escola, dos docentes que solicitaram observação de aulas, tendo
em conta o número de docentes a avaliar nas 29 escolas respondentes. Embora se verifique alguma dispersão
na adopção deste procedimento, ele é adoptado por maior número de doentes do que o verificado em relação
à apresentação de objectivos individuais, situação analisada anteriormente.

Gráfico 6
Docentes que solicitaram observação de aulas, por escola
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

N.º
300

258
250

204
200 197

163
153 156 157
150 147 148
137 141
130
124 125 127 128
113 114 117
123 99
100 93 95 101 89
81 83 85
76
62 64
58 55
45 47 47
50 41
31 29
18 20 18 19
15 14 15 14
8 8 10 6
5 2 4 2 1
0 0
0
2 3 17 13 15 7 11 21 1 24 28 10 22 29 23 26 4 9 18 19 16 5 12 25 27 20 8 6 14
Escolas da Rede
Docentes em avaliação Docentes que apresentaram objectivos individuais

O Quadro 7 apresenta os dados relativos aos docentes que solicitaram observação de aulas em relação ao uni-
verso da respectiva categoria. A sua análise revela que cerca de metade dos docentes contratados requereram
a observação de aulas. No caso dos docentes dos quadros este valor situa-se pouco acima dos 40%.

Quadro 7
Docentes que solicitaram observação de aulas, por categoria
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

N.º de docentes que solici-


Total %
tou observação de aulas
Docentes em avaliação 3.606 1.496 41,5
Docentes dos quadros 2.797 1.105 39,5
Docentes contratados 809 391 48,3

Relativamente aos docentes dos quadros, os dados recolhidos mostram que 433 se encontram em condições
de transitar para os 3.º ou 5.º escalões da carreira docente. Verifica-se, assim, no que concerne aos docentes

16
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

integrados na carreira, que mais de metade (60,8%) solicitou a observação de aulas por razões que não estão
directamente ligadas à progressão. O Gráfico 7 é ilustrativo desta análise.
Gráfico 7
Docentes integrados na carreira que solicitaram observação de aulas
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

6 0,8 %

39 ,2%

Docentes em condiçõ es de Docentes noutras fases


progredir aos da carreira
3.º e 5 .º escalõ es da
carreira

Ainda no âmbito da observação de aulas, para aceder às menções qualitativas de Muito Bom e Excelente, tam-
bém os coordenadores de departamento e os relatores deverão cumprir o requisito da observação de aulas15.
Nas escolas respondentes, cerca de 1/3 dos coordenadores de departamento e dos relatores solicitaram aulas
observadas (cf. Quadro 8).

Quadro 8
Docentes que solicitaram observação de aulas, por função
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

N.º de docentes que solici-


Total %
tou observação de aulas
Coordenadores de departamento 148 48 32,4
Relatores 651 206 31,6

No actual regime de avaliação, independentemente de haver lugar à observação de aulas, todos os docentes
são acompanhados por um relator que, no final do processo, deve apresentar uma proposta de avaliação,
em sede de júri de avaliação. A cada relator é atribuído um tempo de 45 minutos por cada três docentes
avaliados 16.

Tendo em conta o número de relatores designados por escola, pode inferir-se que terá havido critérios de
ordem variada 17 que presidiram à sua nomeação, que se traduz numa variação substancial, de escola para es-
cola, no número de docentes avaliados por relator. Pode verificar-se esta variação no Gráfico 8, que apresenta
os dados organizados por ordem crescente do número de relatores nomeados em cada escola respondente (a

15
Alínea a) do n.º 1 do art.º 28 e art.º 29.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
16
Art.º 14.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
17
Entre estes critérios poder-se-ão postular, a título de exemplo, os seguintes: número reduzido de docentes que cumprissem os requisitos
para relator; estratégia da escola para concentrar o número de relatores para facilitar a uniformização da aplicação dos critérios de
avaliação e diminuir o número de júris; estratégia da escola para haver maior número de relatores de modo a não sobrecarregar apenas
alguns com o trabalho de relator; recusa de docentes de desempenho da função de relator; disponibilidade de docentes sem componen-
te lectiva, com disponibilidade para avaliar todos os colegas do agrupamento, por exemplo, no 1.º ciclo de ensino.

17
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

esta questão apenas responderam 28 escolas). De notar que o rácio número de docentes avaliados por relator
varia entre 3,4 e 10,4. Em termos globais, o total de relatores nomeados constitui 18,2% do total dos docentes
das 29 escolas, correspondendo a uma média de 5,5 docentes avaliados por relator.
Gráfico 8
Relatores, por escola
Rede de Escolas Associadas ao CCAP
N.º
300

258
250

204
200 197

163
153 156 157
150 147 148
137 141
130
124 125 127 128
113 114 117
101
100 93 95
81 83 85

62 64 58
58
50 36 34 32 30 31
28 28 26 28 25
17 16 17 19 21 19 17 21 21 16 16 21 19
11 14 15 15

0
3 17 13 15 7 11 21 1 24 28 10 22 29 23 26 4 9 18 19 16 5 12 25 27 20 8 6 14
Escolas da Rede
Docentes em avaliação Relatores

O docente que desempenha as funções de relator é designado pelo coordenador de departamento curricular.
Os critérios que presidem à sua designação são, de acordo com o estipulado nos n.os 4 e 5 do art.º 35.º do ECD,
estar posicionado no 4.º escalão ou superior e ser, preferencialmente, detentor de formação especializada.
Em casos excepcionais, esta função pode ser exercida por docentes posicionados no 3.º escalão da carreira
docente. Complementarmente, a regulamentação do regime de avaliação prevê que o relator deve pertencer
ao mesmo grupo de recrutamento do docente em avaliação e, sempre que possível, o seu posicionamento na
carreira e grau académico devem ser superiores aos do docente em avaliação 18.

Quando nas escolas se começou a organizar o 2.º ciclo de avaliação, verificou-se que nem sempre era possível
cumprir, entre outros aspectos, os requisitos de nomeação dos relatores. Assim, a DGRHE estabeleceu um
conjunto de orientações para ultrapassar esta dificuldade. As primeiras orientações, relativas à organização do
ano escolar 19, estabeleciam que os coordenadores de departamento poderiam assumir as funções de relator
no seu grupo de recrutamento. Posteriormente, veio a assumir-se que docentes posicionados em escalões
inferiores ao estabelecido por lei também poderiam desempenhar a função de relator 20. De acordo com este
conjunto de medidas excepcionais, seria também possível nomear relatores de grupo disciplinar diferente do
grupo do docente em avaliação, mediante a aceitação prévia deste. Se tal não fosse possível, a solução pas-
saria pela designação de um relator proveniente de outra escola.

18
N.º 3 do art.º 13.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
19
“Orientações relativas ao disposto no Despacho n.º 11120-B/2010, de 6 de Julho”.
20
“Orientações relativas a decisões de carácter excepcional para a designação de coordenadores de departamento curricular, relatores e
coordenadores de estabelecimento”.

18
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

Nas escolas respondentes, a função de relator é desempenhada por 651 docentes. Atendendo ao enquadra-
mento agora apresentado, o Gráfico 9 mostra a caracterização destas situações.

Gráfico 9
Designação dos relatores – situações especiais
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

20,4%
11,8 %
6 ,8 %
0,2%

Coordenadores de Relatores posicionados no Relatores cuja designação Relatores provenientes


departamento 3.º escalão da carreira foi sujeita a aceitação de outra escola
que são relatores docente ou inferior prévia pelos
docentes avaliados

Até final de Dezembro de 2010, havia 386 docentes cujo relator não pertencia ao seu grupo disciplinar e oito
docentes para os quais ainda não tinha sido designado relator (Quadro 9).

Quadro 9
Designação dos relatores, por categoria de docente em avaliação
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

Docentes dos Docentes


Total (%)
quadros (%) contratados (%)
Docentes cujo relator não é do mesmo grupo disciplinar 8,3 2,4 10,7
Docentes para os quais não foi possível nomear um relator 0,03 0,19 0,22

O trabalho inerente à avaliação dos docentes termina com a atribuição, pelo júri de avaliação, da classificação
final do docente em avaliação, devidamente fundamentada. O júri de avaliação é composto pela Comissão
de Coordenação da Avaliação do Desempenho (CCAD) e pelo relator, sendo esta constituída no âmbito do
Conselho Pedagógico pelo seu presidente, que também preside à CCAD, e por mais três docentes eleitos entre
os membros deste Conselho 21. O presidente do Conselho Pedagógico é, por inerência, o director da escola 22,
logo este é um dos membros da CCAD. No Gráfico 10 pode visualizar-se como varia a composição da CCAD nas
escolas que responderam ao questionário.

De acordo com os dados recolhidos, constata-se que um dos membros da CCAD é sempre um coordenador de
departamento curricular. Em 55,2% das escolas respondentes, a CCAD é, para além do Director, exclusivamen-
te constituída por coordenadores de departamento. Nos restantes casos, a CCAD é composta por outros do-
centes, tais como o coordenador da biblioteca, o coordenador dos directores de turma, o coordenador da oferta
formativa ou o coordenador da equipa do Plano Tecnológico da Educação, para dar apenas alguns exemplos.

21
Art.º 13.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
22
N.º 3 do art.º 32.º do Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de Abril.

19
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

Gráfico 10
Composição da CCAD
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

8 6 ,2%
9 6 ,6 %

5 5 ,2%
41,4%

10,3%
0,0% 3,4% 3,4% 3,4%

Membro 2 Membro 3 Membro 4

Coordenador de departamento Outro docente Não responde

3.3. Os padrões de desempenho docente como um referencial da avaliação

Os padrões de desempenho docente, estabelecidos a nível nacional pelo Despacho n.º 16034/2010, de 22 de
Outubro, constituem um dos referenciais da avaliação 23. Este diploma destaca-se na construção dos instru-
mentos de registo da informação considerada relevante para efeitos de avaliação do desempenho docente 24.
O Gráfico 11 ilustra a apreciação das escolas respondentes sobre os padrões de desempenho.
Gráfico 11
Apreciação sobre os padrões de desempenho docente
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

Os padrõ es de desempenho docente constituem um factor de


13,8 %
constrangimento ao trabalho a desenvolver na escola

Os padrõ es de desempenho docente ajudaram à construção dos


9 3,1%
instrumentos de registo da escola

A escola procedeu à adaptação dos padrõ es de desempenho


79 ,3%
docente à sua realidade

Os padrõ es de desempenho docente foram debatidos pelos


72,4%
docentes em cada departamento

Os padrõ es de desempenho docente foram debatidos pelos


8 9 ,7%
docentes no Conselho Pedagógico

Os padrõ es de desempenho docente foram debatidos apenas


13,8 %
pela Comissão de Coordenação da Avaliação do Desempenho

23
Art.º 7.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
24
N.os 1 e 2 do art.º 10.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.

20
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

No universo das escolas respondentes, apenas 13,8% consideram que a definição de padrões de desempenho
docente constituiu um factor de constrangimento ao trabalho inerente à avaliação do desempenho. Neste âm-
bito, houve referências ao facto de a publicação dos padrões de desempenho docente ter obrigado à reformu-
lação dos seus instrumentos de registo. É, também, indicado que os padrões de desempenho não contemplam
o desempenho de algumas funções dos docentes, nomeadamente as de coordenador de departamento e de
relator, pelo que a escola teve de construir os respectivos descritores. Ainda assim, para a maioria destas es-
colas (93,1%), os padrões de desempenho constituíram um elemento de ajuda na construção dos instrumentos
de registo.

De acordo com o respectivo preâmbulo, o diploma sobre os padrões de desempenho docente constitui um
modelo de referência nacional que deve ser “lido de acordo com o projecto e características de cada escola e
com as especificidades da comunidade em que se insere”. Tal aconteceu em 79,3% das escolas respondentes.
Na generalidade das escolas, o diploma foi debatido pelos docentes em reunião de departamento curricular
(72,4%) ou de Conselho Pedagógico (89,7%). Neste domínio, foram poucas as escolas que limitaram à CCAD a
análise dos padrões de desempenho docente (13,8%).

3.4. Apreciação relativa ao início da operacionalização do


processo de avaliação do desempenho docente

O início do 2.º ciclo de avaliação correspondeu, em termos do trabalho realizado pelas escolas, à nomeação
dos relatores, à eleição dos membros da CCAD, à elaboração, por parte desta, das orientações para a efectiva
aplicação do sistema de avaliação na escola e à construção dos instrumentos de registo e sua aprovação pelo
Conselho Pedagógico 25.

O Gráfico 12 apresenta as respostas à questão sobre a apreciação comparativa entre a organização dos 1.º e
2.º ciclos de avaliação. De forma a tornar mais perceptível a opinião expressa pelos Directores das escolas
da Rede, as respostas foram associadas em dois grupos: concordo/concordo totalmente e discordo/discordo
totalmente26.

Pela análise deste gráfico, constata-se que a maioria das escolas (62,1%) considera que a organização do
2.º ciclo de avaliação foi mais fácil, assim como a construção dos instrumentos de registo (79,3%). Estes dados
estão em consonância com o facto de ter sido despendido menos tempo com a organização/operacionalização
neste ciclo.

Quanto ao envolvimento dos vários actores na operacionalização do 2.º ciclo de avaliação, é notório um maior
envolvimento da CCAD, bem como um menor envolvimento do corpo docente em geral. No que concerne à
actuação da direcção e do Conselho Pedagógico, percebe-se alguma divergência nas estratégias seguidas
pelas escolas, embora a tendência seja para um menor envolvimento destes actores, sobretudo do Director,
na operacionalização do processo de avaliação. Esta divergência de estratégias é igualmente percebida nas
respostas dos Directores à questão sobre a identificação de aspectos positivos e constrangimentos à opera-
cionalização do 2.º ciclo de avaliação.

25
N.os 3 e 4 do art.º 12.º do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho.
26
Na questão “Houve maior envolvimento da CCAD na organização do 2.º ciclo de avaliação”, uma escola não respondeu, pelo que o total
de respostas não perfaz os 100%.

21
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

Gráfico 12

Apreciação comparativa sobre a organização dos 1.º e 2.º ciclos de avaliação


Rede de Escolas Associadas ao CCAP

37,9 %
A organização do 2.º ciclo de avaliação foi mais fácil
6 2,1%

20,7%
A construção dos instrumentos de registo foi mais simples
79 ,3%

5 5 ,2%
A direcção da escola foi mais interventiva
44,8 %

O Conselho Pedagógico teve maior participação na organização do 5 8 ,6 %


2.º ciclo de avaliação 41,4%

Houve maior envolvimento da CCAD na organização do 2.º ciclo 27,6 %


de avaliação 6 9 ,0%

O corpo docente da escola envolveu-se mais na organização do 6 2,1%


2.º ciclo de avaliação 37,9 %

Foi despendido mais tempo na organização/operacionalização do 6 5 ,5 %


2.º ciclo de avaliação 34,5 %

Concordo/Concordo totalmente Discordo/Discordo totalmente

Questionadas sobre os maiores constrangimentos à operacionalização do 2.º ciclo de avaliação, as escolas


referiram como principais factores, por ordem decrescente:

▪▪ A falta de formação dos avaliadores na área da avaliação do desempenho;


▪▪ A publicação tardia dos normativos legais;
▪▪ O congelamento das progressões e promoções, e a indefinição da distribuição das quotas (nomeada-
mente para os relatores e coordenadores);
▪▪ A avaliação por pares, bem como a elaboração e natureza dos instrumentos de registo.
O Gráfico 13 apresenta a distribuição das respostas dadas pelas escolas, com destaque para os factores apon-
tados com maior frequência.
Solicitou-se, ainda, aos Directores das escolas da Rede que descrevessem, por comparação com o 1.º ciclo de
avaliação, o modo como decorreu o início do processo de avaliação, identificando constrangimentos e aspectos
positivos. Foram recebidas 27 respostas, cuja análise se apresenta nos Quadros 10 e 11, onde se discriminam,
respectivamente, os aspectos positivos e os constrangimentos relativamente ao início do 2.º ciclo de avaliação.
Como se pode verificar, o leque de aspectos positivos é menor, situação expectável numa questão deste tipo.

Os aspectos positivos identificados pelas escolas perfazem 50 unidades de registo e dividem-se essencial-
mente em três grupos, a saber: a operacionalização do processo de avaliação, o clima de escola e o regime de
avaliação.

22
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

Gráfico 13
Constrangimentos à operacionalização do 2.º ciclo de avaliação
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

Indefinição da distribuição das quotas, nomeadamente para os


55,2%
relatores e coordenadores

Harmonização das classificaçõ es quantitativa e qualitativa 37,9%

Designação dos relatores 17,2%

Aceitação dos relatores 3,4%

Avaliação por colegas (pares) 48,3%

Congelamento das progressõ es e promoçõ es 55,2%

Formação de avaliadores em avaliação do desempenho docente 75,9%

Formação de avaliados em avaliação do desempenho docente 13,8%

Avaliação dos relatores e coordenadores 20,7%

A elaboração e natureza dos instrumentos de registo 48,3%

Publicação tardia dos normativos legais 72,4%

Falta de apoio da administração educativa 44,8%

Reorganização da rede de escolas com a formação de novos


3,4%
agrupamentos

Entre os aspectos positivos do início do 2.º ciclo de avaliação, destaca-se o aproveitamento da experiência
adquirida no 1.º ciclo e a publicação dos padrões de desempenho docente. De acordo com as escolas respon-
dentes, estes constituem um documento orientador na construção dos instrumentos de registo e na criação de
processos de supervisão.

A simplificação do regime de avaliação, assim como da ficha de avaliação global, constituíram, igualmente,
aspectos facilitadores da operacionalização do 2.º ciclo de avaliação.

Tal como se referiu na análise do Gráfico 12 (apreciação comparativa da organização dos 1.º e 2.º ciclos de
avaliação), também nesta questão se notam as diferentes abordagens das escolas na preparação do 2.º ciclo
de avaliação. Se, por um lado, há afirmações no sentido de um maior envolvimento dos docentes na operacio-
nalização deste processo, factor encarado como positivo, por outro lado, há escolas que valorizam o facto de
poderem centralizar a operacionalização do processo na direcção, na CCAD e no Conselho Pedagógico.

Por último, a propósito da operacionalização do processo de avaliação, é mencionada a maior autonomia


conferida às escolas para poderem estabelecer a calendarização do 2.º ciclo de avaliação. Este é considerado
um factor positivo pois desta forma o processo pode desenvolver-se com maior ponderação e com mais tempo
para clarificação de dúvidas.

23
3. Operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: perspectivas das escolas da rede

No que concerne à melhoria do clima de escola, a maioria das respostas aponta para a aceitação da necessi-
dade de avaliação do desempenho, pese embora os docentes continuem a não concordar com o actual modelo
de avaliação; o fim da divisão da carreira entre professor e professor titular foi também visto como relevante
para este aspecto.

Quanto ao regime de avaliação, é referido que a formação do júri de avaliação constitui um aspecto positivo,
pois desta forma haverá menor centralização do processo na figura do Director.

De registar duas situações que, de acordo com os Directores, constituíram estratégias bem sucedidas na
operacionalização do 2.º ciclo de avaliação: aproveitamento e mobilização do saber adquirido pelos docentes
da escola, muitos dos quais com formação na área da supervisão pedagógica; organização de sessões de
coaching, envolvendo relatores e coordenadores de departamento, com o objectivo de se apropriarem dos
princípios da avaliação do desempenho docente e dos procedimentos adequados à aplicação do modelo.

Quadro 10
Aspectos positivos no início do 2.º ciclo de avaliação
Rede de Escolas Associadas ao CCAP

Unidades de registo
Dimensão Categoria Descritores
N.º %
Houve aproveitamento do trabalho realizado no 1.º ciclo de
Experiência anterior avaliação, utilização da experiência adquirida para ultra- 12 24,0
passar dificuldades e optimização dos recursos humanos.
A publicação dos padrões de desempenho docente foi um
Padrões de
factor facilitador para a construção dos instrumentos de re- 10 20,0
desempenho docente
gisto e organização de um processo de supervisão.
A simplificação do processo de avaliação e da ficha de ava-
Simplificação liação global contribuiu para facilitar a operacionalização 4 8,0
Operacionalização do processo de avaliação.
do processo
de avaliação Houve maior envolvimento dos docentes na revisão dos
instrumentos de registo e na compreensão do modelo de 4 8,0
Envolvimento avaliação do desempenho docente.
Houve maior centralização do processo na direcção, na
4 8,0
CCAD e nos Coordenadores de Departamento.
Foi dada maior autonomia às escolas para desenvolverem
o processo e estabelecerem um calendário mais alarga-
Autonomia das escolas 3 6,0
do para operacionalizarem a avaliação do desempenho
docente.
Os docentes estão mais receptivos à necessidade de avalia-
Aceitação da avaliação ção, o que tem conduzido a um processo mais pacífico (em- 9 18,0
Clima de escola bora não concordem com o actual modelo de avaliação).
Fim da divisão O fim da divisão da carreira contribuiu para pacificar o
2 4,0
da carreira processo.
Regime de A existência de júris de avaliação permite descentralizar o
Júri de avaliação 2 4,0
avaliação processo de avaliação da figura do director.
Total 50 100

No que diz respeito aos constrangimentos identificados pelas escolas, estes constituem a maioria das referên-
cias apontadas nas respostas a esta questão (Quadro 11), num total de 112 unidades de registo.

A dispersão na identificação dos factores de constrangimento foi muito elevada; contudo, é possível identificar
alguns factores que terão tido maior peso na operacionalização do 2.º ciclo de avaliação, no caso das escolas

24
Considerações Finais

respondentes ao questionário, mas que por via da dispersão verificada não têm exactamente o mesmo peso
relativo encontrado na questão sobre a identificação de constrangimentos à operacionalização da avaliação
do desempenho docente.

Relativamente à operacionalização da avaliação do desempenho docente nas escolas, o factor tempo volta
a ser evocado pelos Directores como factor de constrangimento. Além de referirem o tempo despendido em
reuniões e preparação do dispositivo de avaliação, também indicam que o tempo atribuído aos relatores é
manifestamente pouco para um trabalho de acompanhamento e supervisão. Aludem, também, ao tempo que
se irá despender no final do processo de avaliação, decorrente do facto de haver um elevado número de júris
de avaliação e, consequentemente, se multiplicarem as reuniões para a atribuição da avaliação final dos
docentes.

O processo de designação dos relatores gerou alguns problemas quer devido à inexistência de docentes que
reunissem os requisitos necessários, quer por alguma relutância dos docentes designados para o desempenho
desta função. Por outro lado, a multiplicação do número de relatores introduz, de acordo com alguns respon-
dentes, grande subjectividade na avaliação e, por isso, houve um cuidado acrescido na construção dos instru-
mentos de registo. Relativamente a estes, os respondentes referem várias dificuldades na sua elaboração, no-
meadamente na sua articulação com os padrões de desempenho docente, em particular na operacionalização
da dimensão social, profissional e ética.

De referir que, no âmbito da operacionalização da avaliação do desempenho docente, os respondentes apon-


tam a falta apoio da administração educativa e de envolvimento dos docentes: além de se ter registado alguma
dificuldade em mobilizar os relatores, tem-se verificado alguma apatia por parte dos docentes.

A publicação tardia da regulamentação dos vários aspectos da avaliação, a falta de publicação do despacho
que fixa as percentagens máximas para atribuição das menções qualitativas de Muito Bom e Excelente, assim
como os universos de atribuição das mesmas e as omissões e ambiguidades existentes na lei constituíram
as maiores dificuldades que as escolas tiveram de ultrapassar. Esta situação, intimamente ligada à revisão
do regime de avaliação, conduziu aos atrasos verificados em todo o trabalho relativo à operacionalização da
avaliação, levando a que a efectiva actividade avaliativa venha a decorrer a partir do 2.º período do 2.º ano do
ciclo de avaliação. Acresce, neste quadro, o congelamento das carreiras que, segundo aqueles Directores que
se pronunciaram a este respeito, esvazia de sentido todo o processo de avaliação.

A falta de formação dos docentes avaliadores é mais uma vez evocada pelos respondentes. Os constrangimen-
tos daí resultantes prendem-se com a legitimidade e credibilidade do trabalho desenvolvido pelos docentes
avaliadores.

No que respeita ao clima de escola, há alusão à desconfiança, à insatisfação e ao desagrado que ainda perma-
necem, pese embora as referências à melhoria e a uma maior pacificação.

Quanto ao modelo de avaliação, existem referências aos factos de este não contribuir para a melhoria das
práticas docentes, de o mérito ser regulado administrativamente e de a avaliação por pares pôr em causa a
legitimidade do avaliador. Algumas questões de ordem mais pragmática prendem-se com o processo de clas-
sificação, designadamente a utilização de uma escala de 1 a 10 – que dificulta a definição de descritores para
todos os níveis –, a harmonização das avaliações qualitativa e quantitativa, e a avaliação por um docente de
grupo disciplinar diferente do docente em avaliação. O modelo é, ainda, questionado pelo facto de desvalorizar
a figura do Director no processo de avaliação. Contudo, esta opinião contradiz a apresentada anteriormente no
que se reporta aos aspectos positivos.

25
Quadro 11
Factores de constrangimento no início do 2.º ciclo de avaliação
Rede de Escolas Associadas ao CCAP
Unidades de registo
Dimensão Categoria Descritores
N.º %
A avaliação consome demasiado tempo, nomeadamente quando for neces-
13 11,6
Tempo sário reunir os diferentes júris de avaliação.
Não é atribuído tempo suficiente para operacionalizar o modelo. 3 2,7
Relatores Processo de nomeação dos relatores. 6 5,4
Falta de apoio da administração educativa tem contribuído para contesta-
Apoios 9 8,0
ção que começa a emergir.
Elaboração e natureza dos instrumentos de registo.
Preocupação acrescida com a sua construção para permitir uma avaliação
Operacio- 3 2,7
mais objectiva, tendo em conta o elevado número de relatores e júris de
nalização do avaliação.
processo de Instrumentos
avaliação de registo Operacionalização da avaliação da componente social, profissional e
2 1,8
ética.
Alteração dos instrumentos de registo devido à publicação dos padrões de
2 1,8
desempenho docente.
Apatia dos docentes e dificuldade em mobilizar os relatores. 5 4,4
Docentes que pedem dispensa da avaliação por esperarem a aposentação
Envolvimento 2 1,8
e outros que estão a desistir da observação de aulas.
Falta de cultura de avaliação nas escolas. 1 0,9
Quotas Dificuldade em definir orientações para o cumprimento das quotas. 1 0,9
A publicação tardia dos normativos que regulamentam a avaliação do de-
sempenho docente levou a que se iniciasse um processo de avaliação sem 11 9,8
Publicação tardia o conhecimento de todas as regras do processo.
Início do processo de avaliação no 2.º ano do ciclo. 4 3,6
Normativos Congelamento
O congelamento das carreiras retira sentido ao processo de avaliação. 8 7,1
legais das carreiras
O desconhecimento dos universos de atribuição das quotas está a conduzir
9 8,0
Omissões a uma avaliação onde existe conflito de interesses.
Existem situações omissas e ambíguas nos normativos legais. 3 2,7
Regulamentação Proliferação de despachos e portarias. 1 0,9
Falta de formação dos coordenadores de departamento e dos relatores põe
Formação em
Formação em causa a sua legitimidade como avaliadores e a construção dos instru- 9 8,0
avaliação
mentos de registo.
Clima de Persiste um clima de desconfiança, insatisfação e desagrado que prejudica
Relações 5 4,4
escola as relações entre professores e o trabalho colaborativo.
O modelo de avaliação não contribui para a melhoria do desempenho
Melhoria das 4 3,6
docente.
práticas
A existência de quotas põe em causa o mérito (o mérito é administrativo). 1 0,9
Harmonização da avaliação qualitativa e quantitativa. 2 1,8
Classificação Uma escala de avaliação quantitativa de 1 a 10 dificulta a definição de
1 0,9
descritores para todos os níveis.
Modelo de
avaliação Avaliação É questionada a avaliação por pares, nomeadamente em relação à legitimi-
3 2,7
por pares dade do avaliador e a desvalorização da figura do Director.
Dificuldade na apresentação e certificação das evidências de acordo com
Evidências 1 0,9
a legislação.
Possibilidade de o docente ser avaliado por um relator que não seja do seu
Observação
grupo disciplinar, nomeadamente no caso dos relatores e dos coordenado- 3 2,7
de aulas
res de departamento.
Total 112 100

26
Considerações finais

Tratando-se do relatório relativo ao ano de 2010, as considerações que se seguem têm por base os dados
provenientes das análises anteriormente efectuadas (legislação e outra documentação de orientação; infor-
mações da DGRHE e das Direcções Regionais de Educação; resultados do questionário à Rede de Escolas
Associadas ao CCAP), bem como a análise e reflexão que o CCAP foi desenvolvendo ao longo da sua actividade
em 2010, em particular no decorrer do 3.º Encontro com a Rede de Escolas Associadas ao CCAP27. Assim:

▪▪ O 2.º ciclo de avaliação, que compreende os anos lectivos de 2009/2010 e 2010/2011, teve o seu início
formal nas escolas apenas a partir de Setembro de 2010, na sequência da publicação do respectivo
quadro legal e normativo.
▪▪ Em termos do enquadramento legal, em Dezembro de 2010 ainda não se encontrava completa a legis-
lação de suporte ao presente ciclo de avaliação, faltando, designadamente, a publicação de legislação
relativa às percentagens máximas de atribuição das menções qualitativas de Muito Bom e Excelente
aos docentes integrados na carreira e em regime de contrato.
▪▪ Do ponto de vista regulamentar, de acordo quer com os dados da DGRHE, quer com os que foram
recolhidos pelo CCAP junto da Rede de Escolas Associadas, o processo de avaliação encontrava-se
formalmente aplicado nas escolas, com a constituição das CCAD, a indicação dos relatores, a solicita-
ção de observação de aulas, a fixação de objectivos individuais e outros procedimentos formais. Neste
aspecto, relevam-se os seguintes dados:
−− Os pedidos de observação de aulas aumentaram, passando de 16,5% no 1.º ciclo de avaliação 28
para cerca de 41% no 2.º ciclo, de acordo com as informações da DGRHE; os dados obtidos junto
da Rede de Escolas Associadas (41,5%) são concordantes. Estes mesmos dados indicam que,
embora este procedimento seja obrigatório para progredir aos 3.º e 5.º escalões da carreira,
60,8% dos docentes integrados na carreira solicitaram observação de aulas por razões que não
estão directamente ligadas a essa progressão. Saliente-se, ainda, que 48,3% dos docentes
contratados também solicitaram observação de aulas;
−− Os relatores constituem, de acordo com a DGRHE, 19,2% do total de docentes a avaliar, o que
equivale a uma média de 5,2 docentes avaliados por relator. Estes valores não diferem substan-
cialmente dos dados provenientes da Rede de Escolas Associadas, a saber, 18,2% de relatores
e uma média de 5,5 docentes avaliados por relator;
−− A fixação de objectivos individuais por parte dos docentes em avaliação, procedimento de
carácter facultativo, foi realizada de acordo com dados recolhidos junto da Rede de Escolas
Associadas, por 22,6% dos docentes a avaliar pela escola.
▪▪ Os padrões de desempenho docente constituíram um referencial, bem como um factor facilitador na
construção dos instrumentos de registo, embora sejam referidas algumas dificuldades resultantes da
utilização deste documento como referente da avaliação. De acordo com as respostas dadas pela Rede

27
No decorrer dos últimos meses, docentes e estruturas orgânicas de largas dezenas de escolas têm tomado posição formal e pública de
contestação ao actual modelo de avaliação do desempenho docente (através de tomadas de posição, protestos, abaixo-assinados, etc.)
que são, naturalmente, objecto de apreciação do CCAP. Acontece que, sendo o presente relatório relativo ao ano de 2010, em 31 de
Dezembro desse ano, apenas tinha chegado ao CCAP a tomada de posição de docentes de uma escola, pelo que este dado não foi tido
aqui em consideração.
28
Dados constantes em CCAP (2010), Relatório sobre a aplicação do 1.º ciclo de avaliação do desempenho docente, p. 55. Disponível em
http://www.ccap.min-edu.pt/docs/Rel_1_ciclo_ADD.pdf.

27
de Escolas Associadas ao CCAP, a maioria destas procedeu à adaptação dos padrões à sua realidade
e desencadeou processos de trabalho sobre o documento que envolveram não só os órgãos de gestão
intermédia das escolas, mas também os docentes, no âmbito dos seus departamentos curriculares.
▪▪ As Direcções Regionais de Educação foram os interlocutores das escolas para as várias questões e
dúvidas surgidas na fase inicial do processo de operacionalização do 2.º ciclo de avaliação, tendo sido
constituídos núcleos e/ou afectos recursos humanos a esta função. Por sua vez, as Direcções Regionais
solicitaram ao Gabinete de Apoio à Avaliação da DGRHE a validação das respostas a dar às escolas.
Algumas questões continuavam ainda por esclarecer, aguardando-se a apreciação da DGRHE, tais como:
a avaliação de docentes a exercer funções em regime de mobilidade (em projectos diversos, instituições
de ensino profissional particular ou organismos de apoio ao desenvolvimento, entre outros); a integra-
ção de elementos de avaliação anteriores à entrada em vigor do actual regime de avaliação (art.º  7.º
do Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho); a avaliação da assiduidade, no que respeita ao
cumprimento do serviço lectivo e não lectivo distribuído (interpretação da nota 1 dos anexos III e IV do
Despacho n.º 14420/2010).
▪▪ A formação especializada dos avaliadores – prevista no Estatuto da Carreira Docente  29
, reiterada
30
no Decreto Regulamentar n.º 2/2010, de 23 de Junho  , e recomendada expressamente pelo CCAP
(Recomendações N.º 5/CCAP/2009 e Parecer N.º 3/CCAP/2009) – continuava sem ser posta em prática
em Dezembro de 2010.
▪▪ Em termos de apreciação global, as respostas dadas pela Rede de Escolas Associadas do CCAP no in-
quérito por questionário apontam para uma menor dificuldade (relativamente ao 1.º ciclo de avaliação),
designadamente em aspectos processuais (menos tempo despendido nesta fase inicial do processo,
maior facilidade na construção de instrumentos de registo) e para uma maior aceitação do processo.
▪▪ Contudo, as mudanças parecem ter ocorrido mais ao nível da morfologia organizacional (aceitação e
execução de regulamentos) do que da efectiva mudança de práticas, pois não era notório o reconheci-
mento do processo de avaliação do desempenho docente no desenvolvimento profissional e na melhoria
das práticas docentes.
▪▪ O clima de escola, em particular o relativo ao relacionamento interpessoal entre docentes, embora mais
pacificado do que aquele que fora registado no 1.º ciclo de avaliação, continuava a denotar dificuldades
no desenvolvimento de uma cultura de colaboração e de criação de mecanismos de supervisão constru-
tiva entre pares.
▪▪ A este clima de desconforto relacional juntava-se o ambiente de alguma desmotivação e indiferença
perante o processo de avaliação do desempenho docente, dado o congelamento de salários, de pro-
gressões e promoções nas carreiras, a aplicar no decurso deste ciclo avaliativo e anunciado para anos
seguintes.

A concluir, refira-se que, no que respeita à operacionalização do início deste 2.º ciclo de avaliação, se, por um
lado, são identificados alguns constrangimentos, tais como a falta de formação em avaliação do desempe-
nho, uma certa desmotivação tendo em conta os actuais congelamentos na carreira, a publicação tardia dos
normativos e alguma ambiguidade na interpretação dos mesmos, por outro lado, não se pode desvalorizar as
aprendizagens que, desde o 1.º ciclo de avaliação, têm vindo a ser adquiridas e incorporadas nas escolas e que
têm permitido uma maior facilitação de procedimentos. Reconheça-se, todavia, que as alterações esperadas,
em termos de desenvolvimento profissional, de supervisão construtiva entre pares e de melhoria das práticas
docentes decorrem ainda de um modo lento e pouco sustentado, tendo em conta a construção de uma efectiva
cultura de avaliação do desempenho docente nas escolas.

29
N.º 4 do art.º 35.º do Decreto-Lei n.º 75/2010, de 23 de Junho.
30
Alínea b) do n.º 3 do art.º 13.º

28
ANEXO

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