You are on page 1of 54

Mergulho Livre e Autônomo

CURSO DE MERGULHO LIVRE / AUTÔNOMO:

Coordenação: Capitão Adilson Esquerdo


Tenente Renato Chiaparini Aires
Membros do Grupo Independente Especializado de São Paulo

Compilação e Ilustração da Apostila: Tenente Renato Chiaparini.

Bibliografia:
Manual de mergulho da marinha americana.
Sistema PROGENSI da CBPDS/CMAS.
Sistema da YMCA.

-2-
Mergulho Livre e Autônomo

Índice:
Índice:.......................................................................................................................... 3
Capítulo I - INTRODUÇÃO ........................................................................................ 6
Introdução............................................................................................................... 6
Código do Mergulhador ......................................................................................... 6
Capítulo II – EQUIPAMENTO DE MERGULHO ..................................................... 7
Máscara................................................................................................................... 7
Snorkel (ou Respirador) ......................................................................................... 8
Nadadeiras .............................................................................................................. 9
Colete Equilibrador ...............................................................................................10
Cilindros.................................................................................................................11
Reguladores ...........................................................................................................12
Manômetro Submersível (MS) ..............................................................................14
Roupas de Exposição .............................................................................................14
Acessórios de Roupas de Exposição ......................................................................17
Sistema de Lastros .................................................................................................18
Capítulo III - EQUIPAMENTOS ACESSÓRIOS DE MERGULHO.........................19
Faca de Mergulho ..................................................................................................19
Bolsa de Equipamentos..........................................................................................19
Instrumentos de Mergulho ....................................................................................20
Bóias de Superfície.................................................................................................21
Bandeira de Mergulho...........................................................................................21
Lanternas para Mergulho .....................................................................................22
Log Book (Livro de Registro de Mergulho)..........................................................22
Identificação do Equipamento ..............................................................................22
Capítulo IV - ADAPTAÇÃO AO MUNDO SUBAQUÁTICO.....................................23
Visão Subaquática .................................................................................................23
Audição Subaquática.............................................................................................23
Perda de Calor na Água ........................................................................................23
Capítulo V - RESPIRAÇÃO .......................................................................................25
Eficiência Respiratória ..........................................................................................25
Exaustão Respiratória ...........................................................................................25
Controle das vias aéreas e objetivos da respiração...............................................26

-3-
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo VI - COMUNICAÇÃO NO MERGULHO ...................................................27


Sinais Obrigatórios ................................................................................................27
Sinais Complementares .........................................................................................28
Para Obter Atenção...............................................................................................29
Comunicação Subaquática ....................................................................................29
Comunicação na Superfície ...................................................................................30
Chamada Subaquática ..........................................................................................30
Capítulo VII – SISTEMA DE DUPLAS.....................................................................31
Capítulo VIII - FLUTUABILIDADE .........................................................................32
Definição ................................................................................................................32
Necessidade do controle da flutuabilidade............................................................32
Itens usados............................................................................................................32
Influência da densidade da água e do volume pulmonar .....................................32
Capítulo IX - O MUNDO SUBAQUÁTICO ...............................................................33
Espaços Aéreos Corporais e Pressão da Água......................................................33
Relação ternária: Pressão, Volume e Densidade ..................................................33
Efeitos do Aumento de Pressão .............................................................................33
Técnicas de Equalização ........................................................................................34
Efeitos da Diminuição da Pressão .........................................................................34
Efeitos do Aumento da Densidade do Ar..............................................................35
Capítulo X – MANEJO DE PROBLEMAS ................................................................36
Manejo de Problemas à Superfície........................................................................36
Reconhecimento de Problemas..............................................................................36
Manejo de Problemas Sob a Água ........................................................................37
Capítulo XI - SAÚDE PARA O MERGULHO ...........................................................39
Capítulo XII – RESPIRAR AR À PROFUNDIDADE................................................40
O Ar que Respiramos ............................................................................................40
Ar Contaminado ....................................................................................................40
Oxigênio .................................................................................................................41
Narcose por Nitrogênio..........................................................................................41
Doença Descompressiva.........................................................................................41
Capítulo XIII – LIMITES DO MERGULHO.............................................................44
Mergulho Não-Descompressivo.............................................................................44
Mergulho Descompressivo.....................................................................................44

-4-
Mergulho Livre e Autônomo

Limites de Profundidade .......................................................................................44


Tabelas de Mergulho .............................................................................................44
Paradas de Segurança ...........................................................................................45
Mergulho em Altitude ...........................................................................................46
Vôos após Mergulhos.............................................................................................46
Mergulhos em Condições Extenuantes ou Muito Frias........................................46
Capítulo XIV - ESTILOS DE MERGULHO ..............................................................47
Estilo Snorkeling....................................................................................................47
Mergulho Estilo Livre ...........................................................................................47
Mergulho Estilo Caça Submarina.........................................................................47
Mergulho Estilo Autônomo ...................................................................................47
Como entrar na água.............................................................................................48
Capítulo XV - O MEIO AMBIENTE DE MERGULHO ............................................49
Temperatura da Água ...........................................................................................49
Visibilidade ............................................................................................................49
Correntes................................................................................................................50
Composição do Fundo ...........................................................................................50
Animais e Plantas Aquáticas .................................................................................50
Luz Solar................................................................................................................51
Água Doce e Água Salgada....................................................................................51
Capítulo XVI – CURIOSIDADES ..............................................................................53

-5-
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo I - INTRODUÇÃO

Introdução
O mergulho autônomo que teve o seu desenvolvimento e disseminação após o
advento do Aqualung de Custeau e Gagnan permite que participemos de um mundo
onde a gravidade quase não existe, onde as cores e referências mudam conforme a
luminosidade e o movimento da água, movimento este que cria um bailado de algas,
esponjas e corais em perfeita sintonia com o bailado solo dos peixes e outras criaturas
marinhas, um mundo de silêncio e belezas.
Mas... Nem tudo são maravilhas. Estamos invadindo um mundo que não é o
nosso, um mundo em que para sobrevivermos precisamos fazer uso de artifícios
tecnológicos, onde qualquer falha pode ser grave e ter sérias conseqüências.
Este curso se propõe exatamente a torná-lo apto a utilizar esta tecnologia com
tranqüilidade e segurança, tornando o seu mergulho seguro e confortável.

Código do Mergulhador
1. Mergulharei sempre dentro de minhas habilidades e conhecimentos.

2. Avaliarei sempre as condições do local antes de qualquer mergulho,


considerando minhas habilidades e conhecimentos.

3. Estarei familiarizado com meu equipamento e com a forma correta de usá-lo,


antes e durante o mergulho.

4. Conhecerei o “meu dupla” e suas habilidades como a mim mesmo.

5. Aceitarei sempre a responsabilidade pela minha própria segurança em todo


mergulho que fizer.

-6-
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo II – EQUIPAMENTO DE MERGULHO

O mergulho é possível graças a equipamentos modernos e especializados, que


lhe adaptam ao ambiente aquático. Os equipamentos atuais vêm numa variedade de
cores e estilos, provendo conforto e funcionalidade. Veremos nesta sessão alguns
equipamentos. Ao fazer a sua escolha de equipamento, solicite a ajuda de seu instrutor.

Máscara

• Propósito: A máscara permite que você enxergue claramente sob a água, pois
interpõe um espaço aéreo à frente dos olhos. Como já visto, este espaço deve ser
equalizado na descida. Por isto, seu nariz deve estar incluso na máscara. Óculos de
natação não permitem a equalização, não podendo, portanto, ser usado para o
mergulho.
• Estilos: Uma ou duas lentes. A máscara ideal deve ter pequeno volume interno e
bom ângulo visual. Há máscaras com visores laterais para aumentar a visão
periférica.
• Características: Ao selecionar uma máscara, considere as seguintes
características:
1. Lentes de vidro temperado, mais seguras;
2. Molde confortável. Selando bem a sua face;
3. Espaço para pinçar as narinas;
4. Pequeno volume, tornando sua equalização mais fácil;
5. Tira ajustável e firme;
6. Bom ângulo de visão.
Uma característica opcional é a purga, pouco usada atualmente, pois com uma
simples manobra você pode esgotar a água da máscara.
Para pessoas com problema de visão, há a opção de se fazer uma máscara com
lentes corretoras. Além disto, não há problemas em se usar lentes de contato
gelatinosas.
• Materiais: Podem ser feitas de neoprene ou silicone. As de silicone são mais caras,
porém oferecem uma série de vantagens: são mais macias, mais duráveis e não
irritam a pele, entre outras.
• Seleção: Os dois fatores mais importantes na seleção da máscara são adaptação e
conforto. Para checar se uma máscara veda bem, coloque-a na face sem a tira e faça
uma sucção. A máscara deve ficar firme no lugar.

-7-
Mergulho Livre e Autônomo

• Preparação para uso: Máscaras novas têm uma película oleosa no vidro, que deve
ser removida. Se isso não for feito, haverá condensação. Para remover esta película,
esfregue pasta de dente nas lentes com um pano macio (a pasta não deve ser tipo
gel). Além disto lembre-se de ajustar a tira da máscara.
• Manutenção: Os três procedimentos gerais para qualquer equipamento de
mergulho, inclusive a máscara, são:
1. Enxágüe bastante com água doce em abundância, após o uso, para
eliminar contaminantes e corrosão;
2. Mantenha longe da luz solar, pois os raios solares podem danificar o
neoprene e o silicone. Deve ainda ser seca antes de guardada;
3. Guarde num local seco e fresco.
Por fim, máscaras e outros equipamentos compostos de silicone devem ser
guardados sem tocar produtos de borracha preta, para prevenir que o silicone escureça.

Snorkel (ou Respirador)

• Propósito: É uma peça mandatária do equipamento, que permite a você respirar na


superfície, sem tirar o rosto d’água. No mergulho livre, permite que você veja
constantemente o mundo subaquático, sem ter que tirar a cabeça da água para
respirar. Já mergulhadores autônomos usam o snorkel na superfície para economizar
o ar do cilindro.
• Estilos: São aparatos simples, basicamente um bucal e um tubo que se estende além
da superfície.
• Características: Devem permitir uma respiração fácil, irrestrita. Um bom snorkel
deve ter estas três características:
1. Bom diâmetro do tubo;
2. Medir até 45 cm de extensão;
3. Ser feito com curvas suaves.
Muitos respiradores modernos possuem mecanismos que facilitam a drenagem
de água. Você verá posteriormente como é fácil esgotar a água que entra no
respirador. Por isto, estes mecanismos não são fundamentais.
• Materiais: A maioria dos snorkels modernos são feitos de uma combinação de
silicone ou neoprene e borracha.
• Seleção: Os pontos mais importantes na seleção são o conforto, adaptação e
resistência respiratória mínima. Cheque se o bucal do snorkel fica confortável e bem

-8-
Mergulho Livre e Autônomo

adaptado a sua boca, sem causar fadiga da mandíbula. Respire fundo através do
mesmo. Compare alguns modelos.
• Preparação para uso: Fixe o respirador do lado direito de sua máscara, com sua
presilha, este deve ficar posicionado de tal forma que, ao olhar 45° para baixo, o
mesmo fique na vertical. Se posicionado corretamente, os músculos da mandíbula
não terão que segurar o snorkel na posição.
• Manutenção: Seguem-se os mesmos procedimentos usados para a máscara, ou seja,
lavar com água doce após o uso, secar bem, manter fora da luz solar e guardar de
forma em que se evite o contato da borracha com o silicone.

Nadadeiras

• Propósito: Permite o deslocamento na água com menos esforço e mais eficiência do


que usando as mãos. Isso se dá, pois as nadadeiras provêm uma grande área de
contato, que os poderosos músculos das pernas podem usar para nadar. Toda
nadadeira tem um bolso para os pés e uma lâmina para propulsão.
• Estilos: Podem ser de tiras ajustáveis (abertas) ou com calçadeiras fixas (fechadas).
As nadadeiras de tiras ajustáveis são usadas com botas de neoprene. Já as nadadeiras
fechadas são preferidas em águas quentes.
• Características: Nadadeiras, especialmente as de tiras ajustáveis, tem uma série de
características a escolher. As tiras devem ter presilhas que as tornem facilmente
ajustáveis, com esforço mínimo. As lâminas têm designs variados para aumento de
performance, incluindo: Canaletas, tubos e aletas laterais. De uma forma ou de
outra, estes mecanismos reduzem a resistência à pernada ou aumentam sua potência.
• Materiais: A maioria das nadadeiras modernas é feita de uma composição de
materiais. Em geral, as calçadeiras são feitas de borracha e as lâminas de
termoplástico. Existem nadadeiras feitas apenas de borracha.
• Seleção: A escolha da nadadeira deve ser determinada por alguns fatores: Seu
tamanho, habilidade física e área geográfica onde você mergulha. Pessoas maiores
devem optar por nadadeiras de lâmina grande, que por outro lado requerem mais
força. Se onde você mergulha a temperatura da água requer roupas de proteção
térmica, é adequado o uso de nadadeiras abertas (de tiras ajustáveis) com botas de
neoprene. Conforto e adaptação são as considerações principais na escolha das
nadadeiras. Elas não devem apertar, causar cãibras ou incomodar.
• Preparação para uso: Nadadeiras de tiras devem ser ajustadas de tal forma que
fiquem firmes no lugar, não apertadas. Nadadeiras novas vêm com uma substância
preservativa que deve ser removida com lavagem.
• Manutenção: As nadadeiras devem ser lavadas em água doce e guardadas em local
seco e fresco, fora da luz solar.

-9-
Mergulho Livre e Autônomo

Colete Equilibrador

• Propósito: Como visto em flutuabilidade, o Colete Equilibrador (CE), é uma bolsa


que pode ser inflada ou desinflada, a fim de ajustar a sua flutuabilidade. Os CE’s
modernos podem ser inflados oralmente, ou com ar do cilindro através do inflador
de baixa pressão (LPI). A desinflagem é feita através de mecanismos especiais. O
CE é peça obrigatória do equipamento. Permite que você ajuste sua flutuabilidade a
qualquer profundidade e momento.
• Estilos: Há três estilos básicos de CE’s: O frontal (babador), o dorsal (borboleta) e o
jaqueta (jacket). O CE frontal se fixa à frente do tronco, o CE dorsal fica nas costas,
acoplado ao back-pack (peça responsável pela fixação do cilindro) e o CE tipo
jacket é vestido como um casaco sem mangas, envolvendo todo o tronco.
Atualmente, o CE tipo jacket é o mais popular, dado seu conforto e praticidade. Este
tipo de colete já possui um back-pack acoplado.
• Tamanho: Experimente o colete antes de comprar. Ele não pode ficar folgado e
nem justo. Os flutuadores abdominais devem estar entre a posição lateral e frontal.
• Material: Os CE’s modernos são feitos com uma ou duas bolsas. O CE de duas
bolsas tem uma bolsa interna de plástico-uretano, que retêm o ar, e uma externa de
nylon, que protege a primeira contra cortes, furos, etc. O bom colete é fabricado
com um nylon resistente. Dê preferência ao nylon 840. Os CE’s de uma bolsa são
feitos de um tecido emborrachado, o que os torna impermeáveis e resistentes.
Atualmente, CE’s de uma bolsa são mais populares.
• Características: Qualquer tipo de CE deve ter cinco características elementares
para o mergulho autônomo:
1. Deve conter ar suficiente para lhe dar uma flutuabilidade ampla na
superfície;
2. Deve ter uma traquéia de inflagem/desinflagem larga, para que o ar possa
ser liberado facilmente;
3. Deve ter um sistema de inflagem de baixa pressão, que lhe possibilite
inflar lentamente o CE com ar do cilindro;
4. Deve ter uma válvula de alívio de pressão, para prevenir uma ruptura
acidental do CE;
5. Deve ter um formato anatômico e confortável.

O CE deve ficar o mais ajustável possível ao seu corpo. Outras características


desejáveis são bolsos, apito, prendedores de mangueiras e de acessórios. Os coletes

- 10 -
Mergulho Livre e Autônomo

modernos possuem diversas características adicionais que aumentam a segurança


provêem maior conforto e praticidade. Um bom colete deve possuir as seguintes
características adicionais:
o Encosto para a coluna: Os coletes com back-pack soft, acolchoados,
proporcionam mais conforto do que os demais.
o Regulagem de altura: Alguns dos back-pack saem de fábrica com regulagem
de altura. Se você for alto e magro, será essencial que a seu colete tenha este
ajuste.
o Bolso: É muito importante que o colete tenha pelo menos quatro bolsos
(sempre com tecido drenante no fundo). Sendo que dois destes com velcro.
Caso contrário, será mais fácil você perder lanternas, lastros, e outros
acessórios.
o Válvula de purga posterior e inferior: Elas são essenciais para controlar a
flutuabilidade durante o mergulho. É preciso que tenham acesso o mais fácil
possível.
o Cinta abdominal: Uma boa cinta abdominal com feixe de velcro e regulagem
de tamanho é indispensável para pessoas muito magras ou muito
rechonchudas.
o Tirantes peitorais: É preciso que tenham regulagem e presilhas de soltura
rápida nos dois lados. Facilitam bastante no momento de se equipar e no de
se desequipar.
o Tirante abdominal: Deve ter regulagem de tamanho.
o Presilhas diversas: Para fixação de octopus, lanternas, carretilhas, saco de
coleta, apito, etc.
o Apito: Emite sinal sonoro para chamar o barco em caso de emergência

Os coletes com um número inferior de características citadas acima são mais


baratos e geralmente usados em cursos de mergulho.
• Preparação para uso: Devem ser ajustados para servir confortavelmente. CE’s
muito largos ficam rodando desconfortavelmente no corpo e CE’s muito apertados
machucam, especialmente quando muito inflados. Os CE’s tipo jacket ou dorsal
devem ser montados no cilindro, checando-se bem o engate do back-pack. Depois
de ajustado por seu dupla, para colocar o CE, faça ajustes finais nas presilhas, afim
de deixá-lo firme e confortável.
• Manutenção: Além de lavar, secar e guardar fora da luz solar, devemos ter dois
cuidados adicionais:
1. Lave também a porção interna do CE, com água doce;
2. Guarde o CE parcialmente inflado.

Cilindros

• Propósito: O cilindro para mergulho é um container cilíndrico de metal, usado para


guardar ar sob alta pressão.
• Estilos e características: Cilindros vêm numa variedade de capacidade de ar,
dependendo de sua pressão de trabalho e volume. A capacidade de um cilindro é
expresso em pés cúbicos (cubic feet - cf) de ar descomprimido. Algumas

- 11 -
Mergulho Livre e Autônomo

capacidades comuns são 50, 64 e 80cf. Mergulhos


especiais requerem cilindros de maior capacidade,
ou mesmo cilindros duplos. As pressões de
trabalho podem variar de 1.500 Libras por
Polegada Quadrada (psi), aproximadamente 102
ATM, a mais de 4.000 psi (272 ATM). Aqui, os
cilindros mais comuns trabalham a 3.000 (204
ATM).
• Materiais: Os cilindros para mergulho podem ser
feitos de aço ou alumínio. Ambos estão sujeitos à
regulamentação por órgãos de normas técnicas
(nos EUA, o órgão é o “U.S. Department of
Transportation, D.O.T.”). Estes órgãos requerem que cilindros de alta pressão
recebam marcações específicas, estampadas na sua curvatura superior. Estas marcas
indicam o tipo de material do qual são feitos, sua pressão máxima de trabalho, seu
número de série, data dos testes hidrostáticos e marca do fabricante.

• Seleção: Depende de uma série de fatores, como seu tamanho e o tipo de mergulho
que você fará. Consulte seu instrutor para uma melhor orientação.
• Preparação para uso: Além de fixar o cilindro ao back-pack, o outro preparo
requerido é ter seu cilindro cheio numa estação de recarga apropriada.
• Manutenção: Dado que o cilindro e a torneira formam uma peça unitária, sua
manutenção será discutida a parte, posteriormente.

Reguladores

- 12 -
Mergulho Livre e Autônomo

• Propósito: O regulador reduz a alta pressão do cilindro de mergulho, a um nível que


permita seu uso. Ele possui uma válvula unidirecional que só libera o ar quando o
mergulhador inspira.
* Estilos e Características: O regulador moderno é um
aparato simples e confiável, com algumas partes móveis.
É composto de dois estágios: O primeiro estágio, que é
acoplado ao cilindro e o segundo estágio, que contém o
bucal. O primeiro estágio reduz a alta pressão do cilindro
a um nível intermediário, de 100 a 150 psi acima da
pressão ambiente. O segundo estágio reduz esta pressão
intermediária à pressão ambiente, permitindo uma
respiração fácil, essa respiração fácil é a característica
mais importante do regulador.
Independente de marca, todos os reguladores modernos
tem uma estrutura básica similar. O primeiro estágio contém em sua estrutura metálica,
conexões para acessórios e uma abertura para entrada de ar do cilindro com um filtro,
coberta por um protetor. O segundo estágio contém, basicamente, uma tampa, um
diafragma, uma válvula de entrada, um bucal e uma válvula de exaustão.
Quando você inspira, o diafragma é sugado para dentro. Isto faz com que a
válvula de entrada seja empurrada para baixo, liberando ar. Quando você expira, o
diafragma é empurrado, fechando a válvula de entrada. Daí, a válvula de exaustão se
abre, jogando para fora o ar exalado. A válvula de exaustão é unidirecional, o que
impede a entrada de água. Ao regulador devem estar acoplados: O manômetro
submersível, um segundo estágio extra (octopus) e a mangueira de conexão do CE.
• Materiais: O primeiro estágio e feito geralmente de metal cromado e, o segundo
estágio, com peças de plástico de alto impacto, metal, ou uma combinação de
ambos. O bucal é feito de silicone ou borracha.
• Seleção: O fator mais importante na seleção é a facilidade respiratória, tanto na
inspiração quanto na expiração. Lembre-se também de obter junto seu octopus, ao
comprar seu regulador.
• Preparação: Deve ter seus acessórios acoplados (octopus, manômetro, etc.) por um
profissional. Geralmente isto é feito durante a compra.
• Manutenção: Seu regulador deve ser lavado sempre após o uso, com o resto do
equipamento, mas o melhor é deixá-lo imerso em água doce antes. Tenha estes três
pontos em mente:
1. Deixe o protetor firme no lugar, para evitar entrada de água no primeiro
estágio;
2. Não use água sob pressão para lavar o regulador;
3. Não aperte o botão da purga durante a lavagem, pois isso permitiria a
entrada de água pela mangueira do segundo estágio.
Durante a lavagem, escorra água por todas as reentrâncias do primeiro estágio
(exceto a entrada de ar do cilindro, coberta pelo protetor) e por dentro do bucal do
segundo estágio.
Evite contato com areia, lama e resíduos. Ao guardar o regulador, faça as
mangueiras formarem curvas grandes e suaves, sem angulações, para prevenir danos
às mesmas. Evite puxá-las quando o regulador estiver conectado ao cilindro. É
melhor guardar o regulador deitado, ao invés de pendurá-los por um dos estágios ou
mangueiras. Um ponto importante na manutenção do regulador é a sua inspeção por

- 13 -
Mergulho Livre e Autônomo

assistência técnica autorizada, anualmente. Com imersão, lavagem,


acondicionamento apropriado e inspeção anual, seu regulador funcionará
adequadamente por muitos anos.

Manômetro Submersível (MS)

• Propósito: O manômetro submersível (MS) lhe permite


monitorar continuamente o suprimento de ar do cilindro,
durante o mergulho, da mesma forma que o marcador de
combustível do carro lhe mostra o quanto deste resta. O
MS dá a quantidade de ar no começo e durante o
mergulho, permitindo que você o planeje, de forma a
retornar com segurança ao ponto de saída, não ficando
sem ar. O MS é equipamento obrigatório para qualquer
forma de mergulho autônomo.
• Estilos, Características, Materiais e Seleção: Embora
qualquer MS tenha a mesma função, existem alguns estilos e características básicas.
Vão desde marcadores analógicos que apenas indicam a pressão do ar comprimido,
até aparelhos eletrônicos sofisticados com uma série de funções (estes aparatos
serão discutidos posteriormente). Solicite ajuda de seu instrutor na seleção do MS.
Por ser peça obrigatória do equipamento, o MS deve ser comprado com o regulador.
• Preparação: A única preparação requerida é acoplar o MS ao regulador, o que devE
ser feito na loja, quando você o compra com o regulador.
• Manutenção: O MS é um instrumento de precisão, merecendo cuidados especiais.
Não o derrube ou bata e evite deitar o cilindro, ou outro objeto pesado, sobre o
mesmo. Como o MS fica acoplado ao regulador, sua imersão e lavagem com este é a
sua manutenção básica. Ao levar o regulador para manutenção anual, solicite
também a inspeção do MS, como parte do serviço.

Roupas de Exposição

• Propósito: As roupas de exposição são usadas em todas as atividades do mergulho,


e servem para redução da perda de calor e para a proteção contra ferroadas, abrasões
e pequenos machucados.

- 14 -
Mergulho Livre e Autônomo

PROTEÇÃO À EXPOSIÇÃO NÃO SIGNIFICA PROTEÇÃO AOS CORAIS

Quando mergulhadores exploram o frágil ambiente a volta de


corais, esponjas e outras formas de vida aquática sem proteção à
exposição, tendem a serem mais cuidadosos. Com a utilização de
roupas de exposição, entretanto, mergulhadores não são tão
cuidadosos, e isso significa um grande dano ao ambiente. Mesmo que a
maioria dos mergulhadores não bateria suas nadadeiras, nem
esbarrariam intencionalmente nos recifes e nos seus habitantes, as
roupas de exposição tornam menos perceptível a sensação de um
contato acidental. Muitas vezes, mergulhadores não entendem que
mesmo um leve toque pode danificar ou matar alguns organismos.
Quebrar um pedaço de coral de apenas 25 centímetros significa destruir
uma década de crescimento.
Você pode minimizar danos acidentais aos recifes, utilizando
técnicas simples e tomando muito cuidado neste ambiente frágil, como:
• Nade próximo ao recife. Isto evita danos feitos na parte
descendente da pernada.
• Controle a flutuabilidade. Manter uma flutuabilidade neutra,
evita a tendência de esbarras nos corais, onde suas pernas
e pés podem causar destruição em pequena escala.
• Incline-se para o lado ao olhar por baixo de pedras. Os
mergulhadores muitas vezes esquecem que o cilindro nas
costas aumenta sua altura. Se você se inclinar para o lado,
reduzirá a probabilidade de bater o cilindro nos corais.
Em geral, evite tocar coral vivo. Tenha em mente que só porque
você está protegido contra o recife, não significa que o recife está
protegido de você.

• Estilos: Existem três estilos básicos de roupas de exposição, com suas


características e nível de exposição próprios.
o Roupas de Lycra: São roupas modernas de exposição, confeccionadas
normalmente de lycra ou nylon colorido. Oferecem proteção contra abrasões
no corpo todo, porém pouca proteção térmica sendo por isso utilizadas
somente em águas tropicais. As roupas de lycra lhe oferecem um grande
conforto fora da água (protegem-no de queimaduras solares).
o Roupas Úmidas: Este é o tipo mais usado de roupa de exposição. Existem
em uma grande variedade de modelos e espessuras do tecido, que as torna
propícias à proteção térmica em águas de 10 a 25°C. As roupas reduzem a
perda de calor de dois modos: Oferecendo uma camada de isolante térmico
próximo a pele e reduzindo a quantidade de água fria que circula sobre a
pele. Roupas úmidas recebem esse nome, pois se molham - a água penetra
pelos punhos, pescoços e tornozelos, preenchendo o espaço entre a pele e o
material isolante. Quando a água fria entra, fica retida na roupa. Está água,
mais fria que sua pele, absorve o calor de seu corpo até atingir o ponto de
equilíbrio. É necessário muito pouco calor corporal para mantê-la quente.
Desde que não circule água por dentro desta. Caso haja circulação de água
na roupa, uma grande quantidade de calor será perdida para aquecer a água
que entra. É por isso que um fator crítico de uma roupa é que fique justa ao
corpo.

- 15 -
Mergulho Livre e Autônomo

o Roupas Secas: A roupa seca oferece isolamento térmico, mantendo o


mergulhador seco. É a maior proteção térmica utilizada por mergulhadores
esportivos, especialmente úteis em águas mais frias com temperaturas abaixo
de 10°C. Em alguns casos veste-se abaixo da roupa seca, roupas especiais
para aumentar o aquecimento. Roupas secas contêm ar e devem ser
equalizadas durante a descida, do mesmo modo que outros espaços aéreos.
Por isto, a roupa seca vem equipada com mecanismos de inflagem e
desinflagem. Independente do tipo de mecanismo de inflagem, a maioria das
roupas é cheia com ar do cilindro, via mangueira de baixa pressão similar a
do CE. Mergulhar com roupa seca requer instrução especial.
• Características: Dentre os três tipos de roupa, a roupa úmida possui a maior gama
de características, devido à diversidade de ambientes nos quais ela é utilizada. Suas
opções mais comuns incluem comprimento, espessura do neoprene, cor, protetores
para joelhos e cotovelos, bolsos e posição do zíper. Algumas destas características
são também encontradas em roupas secas.
• Materiais: Como já visto, as roupas de lycra (body suits), mais simples entre as
roupas de exposição, são confeccionadas de nylon fino ou lycra. As roupas úmidas e
secas, por outro lado, devem ser feitas de um material isolante. As roupas úmidas
são feitas de neoprene, com pequenas células internas de ar. Estas células de ar, que
retêm gás dentro do neoprene, não estão interligadas. Por isto, a água não pode
circular pela roupa, igual a uma esponja. Por possuir milhares de células de gás, a
roupa úmida se torna bastante positiva quanto a flutuabilidade. A roupa úmida é tão
positiva na superfície, que lhe fará boiar confortavelmente. É muito difícil afundar
sem o uso de um sistema de lastro que a neutralize. O neoprene é um ótimo isolante.
Porém, quando você afunda, a pressão da água comprime as bolhas do tecido,
tornando-o mais fino. Em conseqüência, a roupa se torna menos positiva e isolante,
quanto maior a profundidade. A compensação desta menor flutuabilidade é feita
adicionando-se ar ao CE. Para manter um bom isolamento, escolha uma roupa com
espessura adequada ao isolamento necessário à profundidade do seu mergulho.
As roupas secas podem ser feitas de neoprene, mas utilizam zíperes especiais,
assim como vedações no pescoço e nos pulsos, que evitam a entrada de água. O
neoprene dá uma parte do isolamento térmico, com um isolamento extra feito pela
camada de ar. Outras roupas secas são feitas de tecidos sintéticos revestidos e não
possuem isolamento interno. Estas roupas foram desenvolvidas para serem usadas
com roupas térmicas internas, e sem estas, você sentirá frio, mesmo em águas
moderadas. As roupas secas são muito mais positivas que as úmidas, pois são
preenchidas com ar.
• Seleção: A seleção do tipo de roupa de exposição depende basicamente do ambiente
onde você vai mergulhar. As considerações mais importantes, independente do tipo
de roupa são: calor, conforto e ajuste ao corpo. A roupa de exposição deve ser uma
das primeiras peças a se adquirir, pois ela faz a diferença entre um mergulho frio e
desconfortável e um mergulho quente, agradável e divertido.
• Preparação para uso: Roupas de lycra e roupas úmidas não necessitam de
preparação especial para uso. Roupas secas requerem preparo. Consulte seu manual
de instruções.
• Manutenção: Há 4 passos básicos na manutenção de roupas:
1. Lavar;
2. Secar primeiro pelo avesso;

- 16 -
Mergulho Livre e Autônomo

3. Guardar pendurada e sem dobrar;


4. Lubrificar zíperes e fechos.

A roupa de mergulho, como todo equipamento, deve ser lavada após o uso. Após
isto, vire-a do avesso para secar. Guarde-a na sombra em cabide não metálico. Evite
deixá-la dobrada por muito tempo. Isto faz com que as células de ar do neoprene
colem, reduzindo sua habilidade de isolante térmico. Lubrifique zíperes e fechos
periodicamente com spray de silicone ou outro lubrificante não derivado de
petróleo.

Acessórios de Roupas de Exposição

Sua cabeça, mãos e pés também necessitam de


proteção, assim como o resto de seu corpo. Você obtém
essa proteção através de acessórios de roupas de exposição:
Capuz, luvas e botas.

• Capuz: Podemos perder até 75% do calor corporal


através da cabeça, caso esta esteja desprotegida. Por esta
razão, capuz é uma proteção térmica importante em
águas abaixo de 21°C. O capuz dá ainda proteção contra
lesões na cabeça e no pescoço. Capuzes são tipicamente
feitos de neoprene. Existem uma grande variedade de espessuras e 3 tipos básicos:
capuz com aba, capuz sem aba e capuz com camiseta. A aba do capuz deve ser
colocada por dentro da jaqueta. Isto cria um ajuste melhor entre a jaqueta e a nuca e,
diminui a circulação de água pela nuca. O capuz sem aba é normalmente usado com
roupas secas. Capuz com camiseta incorpora, uma camiseta de neoprene sem
manga, o que dá uma boa vedação na nuca e um isolamento térmico maior na área
do peito. Escolha um capuz justo, porém não apertado. Um capuz apertado pode
causar alterações nos batimentos cardíacos, devido à compressão das artérias do
pescoço. Considere conforto e ajuste apropriado durante a escolha de seu capuz.
• Luvas: Suas mãos são muito susceptíveis a perda de calor, pois não têm proteção
térmica. Em águas frias, as mãos podem perder sensibilidade e destreza, se ficarem
desprotegidas. Isto pode causar dificuldades na operação do equipamento e em
tarefas relacionadas a segurança. Suas mãos, além disto, estão vulneráveis a objetos
cortantes e alérgicos. Recomenda-se o uso de luvas em qualquer mergulho.
Dependendo da água, você pode usar uma luva sem isolamento térmico, só para
proteção; luvas de neoprene, para isolamento térmico e proteção, ou luvas de
neoprene sem dedo, para isolamento térmico extra em águas muito frias.
• Botas: Botas de neoprene são utilizadas no mergulho por três razões: Proteção
térmica em águas abaixo de 21°C, proteção à cortes, picadas e abrasões durante a
entrada e a saída da água e prevenção contra abrasão causado pelas tiras das
nadadeiras. As botas devem se ajustar de forma confortável, nem muito grandes,
nem muito pequenas.

- 17 -
Mergulho Livre e Autônomo

HIPERTERMIA

As roupas de mergulho reduzem a perda de calor corporal e por


isso também podem gerar aumento de calor, caso o mergulhador a
coloque fora da água, em dias quentes. Existem 6 passos para evitar a
hipertermia:
1. Prepare todo o equipamento antes de vestir a roupa de
mergulho. Vista a roupa no último momento possível;
2. Uma vez vestido. Limite sua atividade ao mínimo;
3. Mantenha-se longe do sol o máximo que puder;
4. Não coloque o capuz, deixe-o pendurado no pescoço;
5. Mantenha o zíper de sua jaqueta aberto, até estar pronto
para cair na água;
6. Resfrie-se, jogando água uma ou mais vezes dentro da
roupa durante a sua colocação.

Sistema de Lastros

• Propósito: Contrabalançar a flutuabilidade positiva natural das pessoas e aumentada


pelo uso de roupas de exposição. Sua função não é fazer, mas sim permitir, que o
mergulhador afunde.
• Estilos, características e Materiais: As peças de lastro são feitas de chumbo, com
uma grande variedade de desenhos e peso por peça. Comumente, têm passagem para
um cinto que as retêm na cintura do mergulhador. Alguns CE’s tem mecanismos
para acoplar lastros. Independente de modelos, qualquer sistema deve ter um
mecanismo de desengate rápido, sua característica mais importante. Este mecanismo
deve ser operável com uma mão. As fivelas de cintos são feitas de termoplástico ou
metal.
• Seleção: Vai depender do tipo de equipamento e do ambiente onde você
mergulhará. Solicite instrução de seu instrutor.
• Preparação para uso: Distribua as peças de maneira simétrica entre os dois lados
da cintura. Idealmente, as peças devem ficar meio para frente do abdome. Durante
as aulas de piscina, seu instrutor ajudará a determinar a quantidade de lastro
adequada a você.
• Manutenção: Uma simples lavagem é o necessário para cintos de lastros. Sistemas
integrados podem ter requerimentos especiais, neste caso consulte o manual do
fabricante. É importante ter cuidados para não deixar que o cinto caia sobre objetos
ou equipamentos que possam se quebrar, ou que machuque pessoas. Existem
presilhas que fixam melhor as peças de lastro ao cinto.

- 18 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo III - EQUIPAMENTOS ACESSÓRIOS DE MERGULHO

No capítulo anterior você aprendeu sobre máscaras, snorkels, nadadeiras, CE’s,


roupas de exposição, sistema de lastros e a unidade SCUBA. Neste capítulo você se
familiarizará com fontes extras de ar, facas de mergulho, bolsa de equipamentos e
instrumentos de mergulho.

Faca de Mergulho

• Propósito: São ferramentas práticas, lhe dando meios


para medir, cortar, abrir, cavar, etc. A faca de
mergulho não é uma arma.
• Estilos, Características e Materiais: Há uma grande
variedade de modelos e tamanhos. Uma boa faca de
mergulho deve, no mínimo:
1. Ser feita de aço inox;
2. Lâmina com um lado cortante e outro
serrilhado;
3. Ter bainha apropriada.
• Seleção: Além destas três características mínimas, você pode optar por facas
colocáveis na perna, braço ou CE, ou ainda facas acopladas a consoles.
• Manutenção: Mesmo feitas de aço inox, as facas apresentam alguma ferrugem.
Lave sua faca com água doce e, ocasionalmente, afie se necessário.

Bolsa de Equipamentos

• Propósito: É essencial para


transportar e guardar
temporariamente o equipamento. É
fundamental para evitar confusões
numa embarcação com vários
mergulhadores.
• Estilos, Características, Materiais
e Seleção: A sacola deve ser grande
e forte, o suficiente para carregar e proteger todo equipamento, exceto cilindro e
cinto de lastro. Deve ser feita de tecido forte e impermeável, com zíper à prova de
corrosão.
• Preparação para uso: O armazenamento correto é muito importante, evitando
perda de tempo durante a montagem do equipamento e danos ao mesmo. Guarde por
baixo os equipamentos a serem montados por último. Ao término do mergulho,
habitue-se a guardar o equipamento na sacola, assim que possível.

- 19 -
Mergulho Livre e Autônomo

• Manutenção: A sacola deve ser esvaziada e lavada após o uso. Espere secar antes
de guardar.

Instrumentos de Mergulho

Bússola Marcador de tempo Computador Profundímetro


(Computador)

São equipamentos necessários para obtenção de dados do mergulho, bem como


seu correto monitoramento.

• Marcadores de Tempo Subaquáticos: Todo mergulho tem um limite de tempo,


baseado em fatores que serão discutidos posteriormente. Por isto, você deve marcar
o tempo de mergulho. Há dois tipos de marcadores de tempo para mergulho:
Relógios e cronômetros. Relógios podem ser usados para mergulho e no dia a dia. Já
os cronômetros são específicos. Tanto relógios como cronômetros podem ser
analógicos ou digitais. Alguns modelos são automaticamente ativados pela pressão.
Uma boa lavagem em água doce faz a manutenção adequada.
• Profundímetros: Como discutimos no item anterior, o mergulho deve ser
monitorado, levando-se em conta uma série de fatores. Um fator fundamental é a
profundidade, medida por profundímetros. Também há uma grande variedade de
modelos e características, entre elas marcação analógica ou digital. Trate seu
profundímetro com cuidado, pois é um instrumento de precisão. Evite pancadas e
lave sempre após o uso. Alguns profundímetros são danificados por variações de
altitude. Para esta modalidade de mergulho, procure saber que profundímetro é
adequado.
• Bússola: Sua função é determinar a direção e dar informações para uma navegação
subaquática precisa. Com o uso da bússola, você consegue mergulhar numa
determinada direção e voltar ao ponto de partida sem que para isso se faça
necessário voltar a tona. Bússolas subaquáticas são preenchidas com líquido, o que
as torna imunes à pressão. Os tipos preferidos de bússola têm uma marca de
referência, chamada linha de fé e outras marcações que podem ser alinhadas com a
agulha magnética. Sua manutenção requer lavagem com água doce após o uso.
• Termômetro: Embora não seja um instrumento essencial, é útil para dar
informações sobre a temperatura da água, para planejamento de mergulhos futuros
numa mesma área. O Manômetro Submersível - Já foi discutido antes, sendo apenas
lembrado aqui que é equipamento mandatório para o mergulho.
• Console de Instrumentos: Instrumentos podem ser usados individualmente, em
pulseiras ou combinados em consoles, acoplados ao MS. Consoles fornecem uma

- 20 -
Mergulho Livre e Autônomo

maneira eficiente para obtenção de referências rápidas. Evite deixar seu console
solto, durante o mergulho. A maioria dos CE’s tem presilhas próprias para consoles.
Ter seu console preso ao CE não vai impedir a sua monitoração, e sim vai ajudar na
sua preservação e na proteção do meio ambiente.
• Instrumentos Integrados: Encontram-se alguns instrumentos integrados em um só
painel, tornado o console mais compacto e conveniente. Alguns modelos integram
profundidade e tempo, outros tem, além destas informações, pressão do cilindro,
profundidade máxima, profundidade atual, tempo de fundo, tempo de superfície e
número do mergulho no dia.
• Computadores de Mergulho: Além dos dados acima, computadores de mergulho
mostram seu limite de tempo e profundidade para o momento do mergulho.
Discutiremos os computadores mais a fundo posteriormente.

Bóias de Superfície
São bóias carregadas pelos mergulhadores, usadas para marcação de locais,
descanso, assistência a outro mergulhador ou como suporte da bandeira de mergulho.
Podem ser feitas de diversos materiais, ou ancoradas em um ponto determinado, ou
carregadas por todo o mergulho. De qualquer forma, uma bóia deve ter um cabo com
pelo menos 15 metros de comprimento, de preferência numa carretilha.

Bandeira de Mergulho
Áreas populares para mergulho são muitas vezes populares para outros esportes
náuticos, como jet-ski, pesca oceânica, etc. Como é praticamente impossível que
embarcações lhe vejam sob a água, você deve avisar sua presença, com uma bandeira de
mergulho. Em alguns locais, bandeiras de mergulho são requeridas por lei.

Luzes

Bandeira de Mergulho Bandeira Alfa

Há dois desenhos de bandeiras que sinalizam a presença de mergulhadores na


água: uma bandeira vermelha com uma faixa diagonal branca, ou uma bandeira branca e
azul secionada (internacional).
Ao mergulhar de um barco, coloque a bandeira no mastro, antena de rádio ou
outro local alto e visível. Ao mergulhar da costa, carregue a bandeira numa bóia de
superfície. Cada local tem sua lei própria sobre a distância que se pode passar de uma
bandeira de mergulho. Por bom senso, você deve ficar dentro de um raio de 15 metros
da bandeira e os barcos não devem se aproximar mais que 30 metros desta. Muito
embora seja obrigatório um curso para a habilitação de qualquer condutor náutico,
sabemos que muitas pessoas conduzem embarcações sem qualquer habilitação e muitas

- 21 -
Mergulho Livre e Autônomo

vezes um barco não vê ou não sabe o significado de uma bandeira de mergulho,


Portanto, sempre suba com muito cuidado e próximo à mesma.

Lanternas para Mergulho

Além de seu uso óbvio em certas especialidades, como


mergulho noturno. Lanternas são usadas à luz do dia. São úteis
para se olhar em tocas e grutas e restaurar as cores. A lanterna
deve ser inspecionada periodicamente e guardada sem bateria.

Log Book (Livro de Registro de Mergulho)

Além da certificação que você deverá solicitar ao término


deste curso, você deve documentar sua experiência, através do Log
Book. Enquanto o certificado comprova a sua qualificação, o Log
Book dá comprovação de experiência, geralmente requisitadas
para novos níveis de curso e treinamentos, e por Resorts e
Operadoras. O Log Book lhe permite guardar dados de seus
mergulhos, suas experiências e detalhes que possam ser usados futuramente. Há uma
grande variedade de Log books, de muito simples a muito complexos.

Identificação do Equipamento
Para uma identificação fácil, você deve marcar todo seu equipamento pessoal
usando marcadores especiais. Pode-se usar tinta-esmaltada, canetas especiais ou fitas
adesivas coloridas, entre outros.
Muitos mergulhadores previnem frustração e confusão com equipamentos
similares, de tamanhos diferentes, marcando seu equipamento. Isto pode ocorrer em
barcos ou aulas de piscinas. A identificação do equipamento ajuda ainda a distinguir um
mergulhador de outro, sob a água.

- 22 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo IV - ADAPTAÇÃO AO MUNDO SUBAQUÁTICO

Durante o treinamento de águas confinadas, você se aventurou pela primeira vez


no mundo subaquático e passou por novas sensações, como ficar sem peso e respirar
sob a água. Você também deve ter notado algumas diferenças em como as coisas se
parecem ou soam quando estão debaixo da água.
Sendo uma criatura que respira ar, você está adaptado para a vida terrestre. Fora
da água, você vê, ouve e se move de maneira familiar e confortável, pois está adaptado
ao meio aéreo. Sob a água, você está num um mundo novo, onde a visão, audição,
manutenção do calor e movimentação são diferentes. Isto tudo ocorre porque a água é
800 vezes mais densa do que o ar, afetando a luz, sons e calor de uma forma a qual não
estamos acostumados.

Visão Subaquática
A máscara providencia um espaço aéreo. Sem ela, você poderá ver objetos
grandes, mas borrados e indistintos, porque seu olho não conseguirá fazer com que os
raios de luz façam um ponto focal. Somente com uso da máscara, consegue-se enxergar
bem.
A luz viaja na água a uma velocidade diferente que no ar. Quando esta passa da
água para o ar, na máscara, a mudança de velocidade causa um pequeno desvio no
ângulo dos raios luminosos. Isto causa o efeito da magnificência (aumento), onde os
objetos, sob a água, parecem 25% maiores e mais próximos.

Audição Subaquática
O mundo subaquático não é um mundo silencioso. Você ouvirá sons novos e
interessantes, como o ronco dos peixes, lagostas estalando e o barulho dos motores de
barcos. O som se propaga mais intensa e rapidamente (4 vezes mais rápido) na água do
que no ar, por isso podemos ouvir coisas que estão muito mais longe, do que fora da
água e temos dificuldades de determinar a direção do som. Sob a água, há sensação de
os sons vir de todas as direções, ao mesmo tempo.
Falar sob a água é impossível, porque nossas cordas vocais não conseguem
emitir sons no meio líquido. A comunicação através de sons embaixo da água se limita
a atrair a atenção do outro mergulhador, batendo no cilindro com um objeto sólido,
como a faca. O mergulhador poderá escutar esse som, porém não saberá dizer de onde
vem.

Perda de Calor na Água


O mergulho perde sua beleza quando o mergulhador começa a tremer de frio. De
fato, mesmo uma pequena perda de calor corporal tem o potencial de se tornar um sério
risco à saúde. Sabendo isto, é importante entender a perda de calor sob a água. No
ambiente aéreo, nosso corpo perde calor através da pele para o ar, quando o calor é
levado por correntes de ar ou pela transpiração, que esfria a pele através da evaporação.

- 23 -
Mergulho Livre e Autônomo

A água remove nosso calor corporal aproximadamente 20 vezes mais rápido que o ar.
Isto mostra porque, numa dada temperatura, a água tem um efeito resfriatório muito
maior. A água com temperatura de 23ºC parece quente, mas ela se torna fria após um
certo tempo. A perda de calor na água pode levar rapidamente a uma condição séria, a
não ser que se use um isolante para reduzir a perda de calor.
A roupa de exposição é recomendado para mergulhos em águas à 20°C ou
menos. Você deve se vestir apropriadamente para o mergulho. Para um maior conforto e
prevenção de perda de calor excessiva, você deverá usar algum tipo de isolante em
todos os mergulhos.
Mesmo com o uso de isolamento, você pode começar a tremer após algum
tempo. Tremor contínuo é sinal que a perda de calor atingiu um nível crítico. Toda vez
que você começar a tremer continuamente, saia da água. Seque-se e procure se aquecer.

- 24 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo V - RESPIRAÇÃO

Os peixes retiram o oxigênio necessário à sua sobrevivência, diretamente da


água. Não sendo capazes disto, devemos levar nosso suprimento de ar, quando formos
mergulhar. Conhecendo como respiramos, você aprenderá o método apropriado de
respiração, durante o mergulho. Este é um passo importante à adaptação ao ambiente
subaquático.

Eficiência Respiratória
Toda vez que você respira, inala oxigênio, o gás necessário à manutenção da
vida. Quando o ar atinge os pulmões, o sangue absorve o oxigênio a ser transportado
para as células do corpo, e elimina gás carbônico proveniente destas. Esta troca de gases
ocorre somente nos pulmões, as passagens de ar até os pulmões (boca, traquéia e
brônquios) contém ar que não toma parte diretamente na troca de gases. Estes espaços
são chamados "espaço morto respiratório". O regulador e o snorkel aumentam a
quantidade de espaços mortos respiratórios naturais existentes no corpo, através do
aumento de volume da passagem de ar dos pulmões. Ao inspirar o primeiro ar levado
aos seus pulmões é aquele presente no espaço morto respiratório, que restou das
respirações anteriores. Este ar é rico em gás carbônico. Se você respirar curto, cada
respiração terá uma quantidade relativamente alta de gás carbônico, pois você inalará
pouco ar fresco. Você estará re-inalando o ar dos espaços mortos respiratório.
A respiração curta não é muito eficiente, porque apenas uma pequena quantidade
do ar respirado toma parte da troca de gases, gás carbônico e oxigênio. Por outro lado,
ao respirar profundamente, você inalará muito mais ar fresco. Neste caso, existe uma
proporção maior de ar fresco chegando aos pulmões. Isto significa que a respiração
profunda é muito mais eficiente.
Lembre-se de respirar profunda e lentamente sempre que estiver usando
equipamento SCUBA. Além de obter uma eficiência maior, você estará prevenindo a
exaustão respiratória. Limite sua atividade ao seu grau de condicionamento.

Exaustão Respiratória
Se você mantiver um alto grau de atividade durante o mergulho, como nadar
contra uma corrente ou carregar um peso excessivo, poderá ficar com exaustão.
Sintomas de exaustão incluem fadiga, respiração ofegante, sensação de sufocação,
fraqueza, ansiedade, dor de cabeça, cãibras musculares ou tendência ao pânico. O
melhor é prevenir a exaustão. Conheça seus limites físicos e nade a um ritmo
compassado, para não perder o fôlego. Mova-se lentamente. Caso você apresente
sintomas de exaustão sob a água, pare toda a atividade, respire profundamente e
descanse. Apóie-se num objeto, se possível.
Caso você tenha exaustão na superfície, estabeleça flutuabilidade e pare de se
mover. Descanse e restabeleça a respiração. Quando estiver recuperado, continue num
ritmo mais lento.

- 25 -
Mergulho Livre e Autônomo

Controle das vias aéreas e objetivos da respiração


Não é raro haver uma pequena quantidade de água, ocasionalmente, no
regulador ou snorkel, principalmente após o seu esgotamento. Normalmente isto não
traz problemas, pois um controle apropriado das vias aéreas evita que você inale
acidentalmente um pouco de água. O controle apropriado das vias aéreas significa:
1. Sempre inale lentamente, caso tenha entrado água no regulador, respirador
ou boca, assim esta água não irá para a sua garganta;
2. Sempre inale lenta e cuidadosamente após o esgotamento do regulador ou
respirador e;
3. Utilize a língua como uma barreira à entrada de água, colando-a no céu da
boca.
Estes métodos e procedimentos previnem que você inale água e engasgue. Você
poderá facilmente expelir a água da sua boca, regulador ou snorkel, quando exalar.
Se por acaso você perder o controle das vias aéreas, e acidentalmente inalar
água, mantenha o regulador ou Snorkel segurando-o com uma mão na boca e tussa
através do bucal. Fique calmo. Deglutir a água inalada permitirá que você respire e
retome o controle das vias aéreas. O controle durante o mergulho é facilmente
aprendido e desenvolvido. Ele se torna um hábito natural com o tempo e com um pouco
de experiência.
Resumindo, os objetivos da respiração subaquática são:
• Respire sempre lenta e profundamente;
• Desenvolva o controle das vias aéreas;
• Respire continuamente durante o mergulho autônomo.

- 26 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo VI - COMUNICAÇÃO NO MERGULHO

Apesar do som se propagar melhor na água que no ar, a comunicação verbal é


virtualmente impossível sob a água, exceto com a utilização de elaborados sistemas
eletrônicos. Devido ao custo e outros fatores, estes sistemas não são usados no
mergulho esportivo. Usamos então, outras formas de comunicação, não verbais.

Sinais Obrigatórios

1. Ok! Ou Ok? 2. Ok na superfície. 3. Subir. 4. Descer.

5. Sem ar. 6. Abra minha reserva. 7. Algo não vai bem. Ou 8. Dificuldades, na
Ou não consigo abrir “mais ou menos”. superfície. Ou Socorro!
minha reserva.

9. Estou na 10. Ok. Tudo vai bem. 11. Não. Algo não vai 12. Os mesmo sinais
reserva. (Grandes círculos bem. (Grandes diurnos, iluminados
lentos). movimentos verticais pela lanterna. (Só para
rápidos com o braço perto).
esticado).

- 27 -
Mergulho Livre e Autônomo

Sinais Complementares

13. Eu! Olhe para 14. Você! Olhe para lá! 15. Reunir! Junte com 16. Parar! Atenção.
mim! seu dupla.

17. Indica direção. 18. Não. Negativa. 19. Ir mais devagar. 20. Acelerar. Apressar.

21. Compense! 22. Indica ignorância 23. Vertigem. Tontura. 24. Ação de dar nó.
ou incompreensão. Apertar.

25. Estou com Frio. 26. Compartilhar ar. 27. Venha aqui! 28. Ouvido não
Hipotermia. Cachimbo. compensa. Ou
compensou?

- 28 -
Mergulho Livre e Autônomo

29. Estou com pouco 30. Devagar! Calma! 31. Tudo bem. Ok. 32. Perigo.
ar. Relaxe!

33. Qual direção? 34. Nivelar aqui. 35. Eu sigo você. 36. Para esta direção.
Equalizar Vamos para lá!
flutuabilidade.

37. Não estou bem.


Estou com pouco ar.

Para Obter Atenção


Antes de se comunicar com outro mergulhador, você deve obter sua atenção.
Toque-o gentilmente ou bata no seu cilindro com uma faca ou outro objeto duro.

Comunicação Subaquática
Após obter atenção de sua dupla, você pode se comunicar,
escrevendo em uma prancheta ou usando sinais manuais. Existem
vários tipos de pranchetas nas lojas de mergulho. Os sinais
manuais padronizados, usados sob a água, estão ilustrados nas
páginas anteriores. Você deve aprender o significado de cada um
destes sinais. Além disso, você deve rever os sinais manuais e
outras formas de comunicação com a sua dupla antes do mergulho,
para evitar desentendimentos e confusões debaixo da água.

- 29 -
Mergulho Livre e Autônomo

Comunicação na Superfície
Na superfície, você pode usar sinais manuais ou sonoros. Alguns sinais manuais
de superfície estão ilustrados nas páginas anteriores. Evite acenar com os braços na
superfície, para cumprimentar alguém, isto é um sinal de socorro à superfície. O apito é
peça obrigatória do equipamento de comunicação de superfície, porque chama a atenção
com eficiência, ao produzir um som alto, sem gasto excessivo de energia (em
comparação com o grito), e bem audível.

Chamada Subaquática
Algumas embarcações utilizam um aparelho eletrônico de chamadas
subaquáticas para chamar a atenção dos mergulhadores submersos. Quando ativado este
aparelho emite um som parecido com o de uma sirene, através de um alto-falante
subaquático. Ao escutar esse som durante o mergulho, suba a superfície com cuidado e
procure o barco para instruções. Barcos que não possuem aparelho de chamada
costumam sinalizar através de partida no motor da embarcação. Não nade em direção ao
barco até que o capitão sinalize.

- 30 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo VII – SISTEMA DE DUPLAS

Você deve mergulhar sempre com sua dupla, e ficar próximo deste o tempo
todo. Antes do mergulho, sua dupla provê assistência geral na colocação e checagem do
equipamento; durante o mergulho lhe ajuda a lembrar os limites de profundidade, tempo
e suprimento de ar; e ainda lhe dará ajuda necessária, numa eventual emergência. Sua
dupla deve receber essa mesma assistência de você, e ambos se sentirão mais seguros
mergulhando juntos, do que separados.
Mergulho é uma atividade social. Mergulhar acompanhado é mais divertido.
Juntos, você e sua dupla dividirão experiências e a imensa variedade de cenas mostradas
pelo mundo subaquático. Você se surpreenderá com o número de amigos que você fará
através do mergulho e do sistema de duplas.
Tenha em mente as três razões principais para se mergulhar em duplas:
1. Praticidade;
2. Segurança;
3. Diversão.
Você tem uma responsabilidade com seu parceiro e para que o sistema de duplas
funcione, ambos devem querê-lo. Ambos devem aprender procedimentos que
minimizem sua separação sob a água. Entenda a importância, necessidade e o valor do
sistema de duplas e decida, desde já, usá-lo sempre que mergulhar.

- 31 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo VIII - FLUTUABILIDADE

Definição
Você já deve ter se perguntado porquê certos objetos extremamente pesados,
como um navio, flutuam, enquanto outros bem mais leves podem afundar. Na verdade,
o que determina a flutuabilidade de um objeto é a relação entre seu peso e seu volume.
Se o objeto tiver um volume que desloca uma quantidade de água mais pesada
que seu próprio peso, flutuará (positivo). Se este tiver um volume que desloca uma
quantidade mais leve que seu próprio peso, afundará (negativo). E se o peso da água
deslocada for igual ao seu, haverá o que chamamos de equilíbrio, ou flutuabilidade
neutra.

Necessidade do controle da flutuabilidade


É essencial que os mergulhadores tenham um bom controle sobre a sua
flutuabilidade. Este controle deve ser praticado com freqüência. O mergulhador deverá
variar algumas vezes sua flutuabilidade no mergulho, ficando:
• Positivo na superfície, para economizar energia;
• Neutro sob a água, ficando sem peso e evitando bater no fundo, ajudando
assim a preservar a delicada vida marinha e seu próprio equipamento.

Itens usados
Os dois itens usados pelo mergulhador para controlar a sua flutuabilidade são: o
Colete Equilibrador e o Cinto de Lastro. O Colete permite que você aumente ou
diminua o seu volume e o Cinto contrabalanceia a flutuabilidade positiva que a maioria
das pessoas têm quando equipadas.

Influência da densidade da água e do volume pulmonar


Quanto mais denso o líquido, mais pesado. Em conseqüência, um mesmo objeto
imerso em água doce e salgada, terá comportamento diferente, tendendo a flutuar mais
na água salgada. Você notará essa diferença quando mergulhar no mar, depois das aulas
na piscina. Além disso, pulmões vazios diminuem o volume, facilitando a submersão do
mergulhador.

- 32 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo IX - O MUNDO SUBAQUÁTICO

Espaços Aéreos Corporais e Pressão da Água


Embora não percebamos, nosso corpo recebe pressão constante pelo ar. Nosso
corpo é primariamente líquido, o que faz com que esta pressão seja distribuída de
maneira uniforme. O corpo possui alguns espaços aéreos (seios faciais, ouvido médio e
pulmões).
Como a água é muito mais densa que o ar, ocorre uma variação de pressão muito
maior com a mudança de profundidade do que com a mudança de altitude.

Relação ternária: Pressão, Volume e Densidade


A pressão atmosférica, ao nível do mar, é de 1 atm (1 Atmosfera). Isso
corresponde ao peso de toda a camada de ar que envolve a Terra. A mesma pressão é
obtida com apenas 10 metros de coluna de água. Assim sendo, temos o acréscimo de 1
atm para cada 10 metros de profundidade. Veja a tabela abaixo:

PRESSÃO
Profundidade Pressão Hidrostática Pressão Absoluta Volume Pulmonar
0m 0 Atm 1 Atm 5L
10m 1 Atm 2 Atm 2,5 L
20m 2 Atm 3 Atm 1,66 L
30m 3 Atm 4 Atm 1,25 L
40m 4 Atm 5 Atm 1L

O aumento da pressão gera uma diminuição proporcional no volume de um


espaço aéreo e uma diminuição da pressão gera um aumento proporcional no volume do
mesmo. A diminuição deste volume gera um aumento proporcional da densidade dentro
do espaço aéreo.
Para manter o volume original do espaço aéreo, deve-se acrescentar mais ar ao
mesmo, de maneira proporcional. Este é o conceito da equalização. A medida que a
pressão é reduzida na subida, o ar dentro do espaço aéreo expande, até atingir seu
volume original, na superfície. No entanto, se algum ar adicionado a este espaço no
fundo, para sua equalização, o volume irá expandir além do inicial, podendo até levar a
ruptura deste espaço.

Efeitos do Aumento de Pressão


Como visto, os espaços aéreos são afetados por mudanças de pressão. O
mergulhador tem espaços aéreos naturais e artificiais, criados pelo uso de equipamentos.
Os naturais mais perceptivelmente afetados são: Os seios da face e o ouvido médio. O
espaço artificial mais afetado é o criado pela máscara.
Durante a descida, estes espaços são comprimidos pela pressão. Se esta não for
equilibrada, surgirá desconforto e dor progressivos, podendo levar a um barotrauma.

- 33 -
Mergulho Livre e Autônomo

Barotraumas podem ocorrer no ouvido, seios da face, dentes e


pulmões. Felizmente, isso pode ser facilmente evitado pelo
mergulhador.
Para evitar o desconforto, deve-se igualar a pressão
dentro do espaço interno à pressão do espaço externo - da água
-. Isto é feito através da Equalização, isto é, acrescentar ar nos
espaços aéreos à medida que se desce, antes de surgir o
desconforto.
A equalização dos seios da face e ouvido é feita
acrescentando-se ar através de interligações com vias aéreas
(ossos sinusais e tubas auditivas).
Lembre-se que dentes não têm espaços aéreos naturais,
podendo surgir cavitações por cáries ou obturações mal
adaptadas. A única prevenção para o barotrauma dental é
fazer checkups regularmente.

Os pulmões são largos e flexíveis. Como mergulhador autônomo, você equaliza


a pressão nos pulmões de forma automática, ao respirar continuamente. No mergulho
livre, nada acontece desde que você encha os pulmões ao descer, pois na subida, os
mesmos voltam ao tamanho original.

Técnicas de Equalização
Para equalizar os seios da face e os ouvidos: Tape as narinas e tente assoprar
gentilmente, através das mesmas, com a boca fechada. Outra técnica que pode ser
efetiva é deglutir ou movimentar a mandíbula para os lados.
Lembre-se de equalizar seus espaços aéreos desde o começo e a cada metro. Se
surgir desconforto, proceda como indicado abaixo:
1. Suba até o desconforto passar;
2. Tente equalizar novamente e desça lentamente;
3. Se você novamente não conseguir equalizar interrompa o mergulho.
Resfriados geram congestão e conseqüente obstrução das vias aéreas,
impossibilitando a equalização. Não se recomenda o uso de descongestionantes para o
mergulho. O uso de um plug de ouvido cria um espaço que não pode ser equalizado.
Não use plugs. Deixe entrar água e sair ar do capuz, antes de iniciar a descida.
Para equalizar a máscara, simplesmente exale pelo nariz. Se isto não for feito,
você sentirá uma “sucção” na face e olhos.

Efeitos da Diminuição da Pressão


Como visto anteriormente, toda vez que um mergulhador livre desce, seus
pulmões são comprimidos e voltam ao tamanho inicial quando o mergulhador retorna à
superfície. Já no mergulho autônomo, nada acontece ao volume pulmonar, desde que o
mergulhador respire constantemente. No entanto, se o mesmo prender a respiração
durante a subida, o ar irá expandir nos pulmões. Esta expansão pode gerar uma
sobrepressão pulmonar, a mais séria lesão que um mergulhador pode sofrer.

- 34 -
Mergulho Livre e Autônomo

Embora seja muito séria, a sobrepressão pulmonar é também facilmente evitável.


Bastando apenas que o mergulhador respire sempre.
A regra mais importante do mergulho autônomo é: RESPIRE
CONTINUAMENTE AO USAR AR COMPRIMIDO.

Nos outros espaços aéreos, o escape de gás se faz de maneira natural, sem gerar
problemas. Às vezes, o ar pode se aprisionar, gerando o que chamamos Bloqueio
Reverso. Estes são raros e, geralmente, causados quando se mergulha resfriado ou o
efeito de um descongestionante cessa enquanto o mergulhador está no fundo.
Também pode ocorrer expansão de ar no aparelho digestivo, durante a subida,
causando desconforto. É uma situação rara, que pode ser prevenida evitando-se a
ingestão de alimentos fermentativos antes do mergulho.
Bloqueio Reverso pode ocorrer ainda em dentes mal obturados ou que
apresentam erosão interna. Este tipo de Bloqueio Reverso é prevenido com checkups
dentais regulares. Ao sentir desconforto na subida, por expansão de ar, pare ou diminua
a velocidade de ascensão, desça alguns metros e aguarde o escape de ar. Se você tiver
bloqueios reversos com freqüência, procure um médico especializado.

Efeitos do Aumento da Densidade do Ar


Uma pergunta freqüentemente feita por leigos é: “Quanto tempo se pode ficar
submerso com um dado cilindro de mergulho?” Como veremos, isso depende, entre
outras coisas, da profundidade do mergulho. Como visto anteriormente, é fácil perceber
que à medida que a pressão aumenta, mais ar deve ser acrescentado para preencher o
espaço aéreo. Aplicando este conceito a respiração, podemos dizer que o ar do cilindro é
gasto mais rapidamente, a medida que mergulhamos mais fundo. Assim, seu consumo
de ar a 20 metros é três vezes maior que na superfície, da mesma forma que é necessário
usar o triplo de ar para preencher um espaço aéreo a esta profundidade.
Além disto, quanto mais fundo você vai, mais denso é o ar respirado. Isto afeta a
respiração, aumentando a dificuldade inspiratória e expiratória. Para eficiência máxima,
respire profunda e lentamente, relaxe e não force o seu limite.

- 35 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo X – MANEJO DE PROBLEMAS

O mergulho é uma atividade recreacional, onde você e sua dupla mergulham


respeitando certos limites planejam seus mergulhos e usam técnicas de segurança. É
importante que você mantenha um bom condicionamento físico e treine suas
habilidades como mergulhador, tornando muito mais fácil a prevenção de problemas.
No entanto, se ocorrer um problema, você saberá cuidar de si mesmo e até ajudar outro
mergulhador.
Discutiremos aqui alguns conceitos básicos de manejo de problemas no
mergulho. Tenha em mente, que ao planejar um mergulho num local onde não há
assistência secundária (paramédicos, salva-vidas, dive master ou instrutor) nas
proximidades, você deve obter treinamentos adicionais, que inclui Primeiros Socorros,
Reanimação Cardio-Respiratória (RCR) e procedimentos especiais para acidentes de
mergulho. Se informe com seu instrutor.
Neste ponto, você deve se concentrar na prevenção de problemas e ter a mão
formas de contato para assistência a emergências (telefone de paramédicos e policia, e
radiofreqüência da guarda costeira).
Tenha ainda o telefone da Câmara de Recompressão mais próxima e de um
médico especializado na área. Nos EUA, você pode contatar a DAN (Divers Alert
Network) numa emergência, e em determinadas partes a Assist America, ligada a DAN.

Manejo de Problemas à Superfície


A maioria dos problemas no mergulho ocorre à superfície, por mais estranho que
possa parecer. Estes problemas de superfície podem ser prevenidos ou controlados
assim:
1. Mergulhe dentro das suas limitações;
2. Relaxe enquanto mergulha;
3. Estabeleça e mantenha flutuabilidade positiva, enquanto estiver na
superfície.
Os principais problemas de superfície são exaustão, cãibras ou engasgamento
por inalação de água. Os dois primeiros já foram discutidos anteriormente. Se você
inalar água, mantenha o regulador na boca e tussa através do mesmo. Engolir um pouco
de água pode ajudar. Mantenha flutuabilidade positiva.
Se um problema ocorrer à superfície, estabeleça flutuabilidade imediatamente,
inflando o CE ou liberando o cinto de lastro. Pare, pense e aja. Não existe em sinalizar
pedindo ajuda, quando você necessitar.

Reconhecimento de Problemas
Antes de ajudar outro mergulhador, você precisa saber que o mesmo precisa de
ajuda. Daí poderá agir imediatamente e prover a ajuda necessária. Um mergulhador com
problemas, mas que está sob controle, não aparenta a situação. Você só perceberá se o
mesmo sinalizar pedindo ajuda. Este terá, tipicamente, o equipamento no lugar,
aparentando estar relaxado e com respiração normal.

- 36 -
Mergulho Livre e Autônomo

Já um mergulhador que perde o raciocínio lógico, troca estas ações apropriadas


por gestos não pensados. O medo do afogamento o faz tirar o rosto da água, gastando
muita energia. Este geralmente abandona o regulador e coloca a máscara na testa,
ansioso por ar. Sua respiração é rápida e curta e ele não presta atenção a outros
mergulhadores. Seus olhos estão esbugalhados. Um mergulhador com esta aparência
precisa de ajuda imediata, senão continuará a se debater até tornar-se totalmente exausto
e inapto a flutuar.
Há quatro passos básicos na assistência a outro mergulhador:
1. Estabeleça ampla flutuabilidade ao mergulhador;
2. Acalme o mergulhador;
3. Ajude-o a estabelecer o controle da respiração;
4. Se necessário ajude-o a voltar para o barco ou costa.
O primeiro passo é dar ampla flutuabilidade ao mergulhador. Isto pode ser feito
jogando-lhe uma bóia, inflando seu CE e/ou liberando seu cinto de lastro. Depois você
deve acalmá-lo. Fale com ele, encorajando-o. Solicite que ele respire profunda e
lentamente e, o reboque, se este não puder por si próprio, à costa ou barco.

Manejo de Problemas Sob a Água


Uns raros problemas podem ocorrer sob a água e podem ser prevenidos da
seguinte forma: Relaxe durante o mergulho, monitore cuidadosamente seu suprimento
de ar e mergulhe dentro de seus limites. Vejamos os principais problemas que podem
ocorrer sob a água:
• Exaustão Respiratória: Como já visto, a exaustão pode ser prevenida
movendo-se e respirando lentamente. Além disto, se surgir exaustão, você
deve parar a atividade, descansar, relaxar e respirar profunda e lentamente.
Sob a água, a exaustão pode lhe dar uma sensação de fraqueza e tontura, pelo
aumento da resistência respiratória do regulador, com a profundidade.
Previna a exaustão evitando atividades extenuantes e sabendo o seu ritmo
adequado.
• Ficar com muito pouco ou sem Ar: - Ficar sem ar é o problema de mais
fácil prevenção e, uma depressão de ar por disfunção do equipamento é
extremamente rara. A simples monitoração de seu MS faz a prevenção. Mas
lembre-se que o MS só lhe será útil se você consultá-lo. No evento
improvável de você ficar sem ar subitamente, há uma série de opções para
tirá-lo desta situação sem maiores problemas:
ƒ Faça uma subida normal: Isto funcionará bem se seu cilindro não
estiver totalmente vazio, pois à medida que você sobe, o pouco ar do
cilindro expande.
ƒ Suba usando uma fonte alternativa de ar: É a maneira mais fácil de
voltar à superfície, tanto usando uma fonte alternativa própria (“spare
air” ou “pony bottle”) como da sua dupla. Para isto, é fundamental saber
localizar, pegar e usar esta fonte. Não negligencie estes passos na
checagem de segurança pré-mergulho.
ƒ Faça uma subida livre de emergência: Se você não tiver uma fonte
alternativa de ar à mão ou sua dupla estiver muito longe e em
profundidade não maior que 12 metros, pode-se optar por uma subida
livre de emergência. Nade para superfície exalando continuamente pelo

- 37 -
Mergulho Livre e Autônomo

regulador emitindo um som “AAA”, para prevenir uma hiperdistensão


pulmonar.
ƒ Divida o ar de um regulador (cachimbo): Se você estiver mais fundo
que 12 metros e não houver uma fonte alternativa à mão, você pode ter
que dividir ar de um regulador único com sua dupla, o chamado
“cachimbo”.
ƒ Faça uma subida de emergência boiada: É uma opção final que requer
que você abandone seu cinto de lastro ou infle o CE, e suba exalando
continuamente com um som “AAAAA”, em direção à superfície. Só
deve ser usada numa opção extrema.
Lembre-se de discutir com sua dupla todas as opções numa eventual
depressão de ar, antes do mergulho. Desta forma vocês estarão melhores
preparados se necessário. A melhor opção ainda é a prevenção, monitorando
continuamente seu suprimento de ar e da sua dupla.
• Regulador em débito contínuo: Reguladores modernos, numa eventual
pane, quebram abrindo o fluxo de ar, nunca cortando, isto é chamado débito
contínuo. Você aprenderá a respirar de um regulador nestas condições,
tomando cuidado para não inalar em excesso, o que poderia causar
hiperdistensão pulmonar. Lembre-se que se isto acontecer realmente, você
deverá avisar sua dupla e encerrar o mergulho.
• Enroscos: É muito raro enroscar-se. No entanto, linhas de pesca, redes e
outras coisas podem gerar enroscos sob a água. Previna enroscos, olhando
atentamente sua direção, movendo-se lentamente e tendo suas peças de
equipamento, especialmente os instrumentos e mangueiras presas em seus
engates. Enroscar-se não é propriamente uma emergência, desde que você
não se machuque. Se você se enroscar, pare, pense e tente se liberar lenta e
calmamente. Solicite ajuda da sua dupla. Eventualmente você terá que
remover a unidade SCUBA para se desenroscar, recolocando-a logo após.

- 38 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo XI - SAÚDE PARA O MERGULHO

Mergulho é uma atividade de “relax”, se feita corretamente. Algumas vezes,


entretanto, pode haver algum grau de cansaço. Por isto, você deve ter um nível de saúde
e condicionamento suficientes para atividades moderadas. Isto faz parte da segurança do
mergulho.
Recomendações gerais de saúde com relação a alimentação e descanso se
aplicam não só ao mergulho, como no dia a dia. Siga estas recomendações:
• Nunca use álcool, cigarros e medicações antes de mergulhar. Álcool e
medicações podem ter seus efeitos intensificados com a profundidade e
alterar sua capacidade decisória. Além disto, a ingestão de álcool
previamente ou logo após o mergulho pode aumentar seu risco de ter doença
descompressiva. Quanto à medicação prescrita pelo seu médico, consulte-o a
respeito. Cigarros, além dos efeitos nocivos à saúde, diminuem a eficiência
respiratória e circulatória durante o mergulho.
• Não mergulhe se você não estiver se sentindo bem, nem resfriado; como já
visto, mergulhar resfriado aumenta as chances de um bloqueio reverso.
• Mantenha um condicionamento físico razoável e faça exame médico
completo anualmente. Idealmente, você deve obter exame de um médico que
conheça bem a atividade. Além disto, mantenha suas imunizações em dia,
especialmente Tétano e Tifo.
• Faça uma dieta balanceada e repouso adequado antes de mergulhar.
Mantenha um programa regular de exercícios.
• Esteja bem física e mentalmente. Seja um mergulhador ativo. Mantendo-se
treinado nas novas habilidades de mergulho aprendidas. Aperfeiçoe essas
habilidades e o seu conhecimento. Após um longo período de inatividade,
procure praticar em águas confinadas antes.
• Mulheres têm algumas considerações especiais. Mergulhar no período
menstrual não é um problema, desde que a mulher se sinta bem para tal. Já
na gravidez, a mulher não deve mergulhar, pois pode haver efeitos sobre o
feto.
Finalizando, você deve se sentir bem para mergulhar bem! Mantenha-se com
boa saúde, bom condicionamento físico e mental e evite hábitos danosos.

- 39 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo XII – RESPIRAR AR À PROFUNDIDADE

Através de sua experiência prévia em águas confinadas e do que vimos em aulas


teóricas, você sabe que respirar ar sob a água é diferente do que respirá-lo na superfície.
Além de efeitos óbvios, como aumento da densidade, respirar ar sob pressão traz alguns
efeitos sutis. Felizmente, esses efeitos são compreensíveis e de fácil prevenção, como
veremos a seguir.

O Ar que Respiramos
O ar comprimido de seu cilindro é basicamente o
mesmo que respiramos agora. Uma mistura de Nitrogênio
(aproximadamente 80%) e Oxigênio (aproximadamente 20%).
O oxigênio é usado para sustentação da vida e o Nitrogênio,
fisiologicamente inerte (não utilizado pelo nosso corpo).
Enquanto nenhum desses gases pode lhe dar efeitos adversos
sobre a água, ambos podem gerar problemas, quando
respirados sob maiores pressões.

Ar Contaminado
Antes de discutirmos os problemas associados com os componentes normais do
ar, é importante vermos problemas que podem surgir de contaminantes que não devem
estar presentes no ar. O compressor que recarrega os cilindros deve ser montado e
mantido corretamente para evitar a penetração de contaminantes no ar, como Monóxido
de Carbono ou vapor de óleo. Ar contaminado, geralmente, tem gosto e cheiro ruins,
mas também pode ser inodoro e insípido. Um mergulhador que respire ar contaminado
pode apresentar dores de cabeça, náuseas, tontura e até inconsciência. Um mergulhador
intoxicado por ar contaminado pode apresentar lábios e base das unhas com coloração
vermelho-cereja. Deve se dar ar fresco e Oxigênio (se disponível) a uma pessoa com
suspeita de intoxicação por ar contaminado. Nos casos mais severos é necessária a
respiração boca-a-boca. Cuidados médicos são necessários em todos os casos.
Felizmente, ar contaminado é raro desde que você faça a recarga em locais
apropriados, como nas lojas de mergulho. Estas lojas sabem da gravidade do ar
contaminado e fazem uma checagem freqüente da qualidade de seu ar. Se você achar
que o ar tem cheiro ou gosto ruins, independente da sua fonte, não o utilize. Ao sentir-se
mal ou ter dores de cabeça durante o mergulho, pare imediatamente. Se por algum
motivo você suspeitar que existe ar contaminado no seu cilindro, guarde-o para análise e
não o utilize para mergulhar.
Para evitar ar contaminado, só carregue seu cilindro com ar comprimido filtrado,
puro e seco de uma estação de recarga respeitável. Esteja alerta, porém, à intoxicação
por ar contaminado, respirando-se fumaça de exaustão do barco.

- 40 -
Mergulho Livre e Autônomo

Oxigênio
Embora seja necessário à vida, o Oxigênio pode ser tóxico em grandes
quantidades e pressões. Se você encher o cilindro com Oxigênio puro, ao invés de ar
comprimido, poderá ter problemas, mesmo em águas rasas. Por isto nunca recarregue
seu cilindro com outro gás que não seja ar comprimido.
Os 20% de O2 presentes no ar comprimido, também pode ser tóxico, não será
desde que você não ultrapasse o limite recomendado de 30 metros para o mergulho
esportivo. Nunca recarregue seu cilindro com O2 puro e nunca exceda o limite máximo
de profundidade recomendado para o mergulho esportivo. Assim você prevenirá a
intoxicação por este gás.

Narcose por Nitrogênio

Os efeitos adversos do O2 ou do ar contaminado


são raros no mergulho esportivo, mas os efeitos do
Nitrogênio devem ser considerados em todos os
mergulhos. Quando você respira ar a uma profundidade de
trinta metros, pode sentir um efeito chamado Narcose por
Nitrogênio, que é a qualidade anestésica deste gás sob
pressão. Quanto mais fundo você mergulhar, maior é o
efeito narcótico do N2. Um mergulhador com narcose por
Nitrogênio comporta-se como se estive embriagado.
Apresenta julgamento e coordenação lentos, pode sentir uma falsa sensação de
segurança e exibir falta de preocupação com esta. Além disto, pode haver ansiedade ou
desconforto. Estes efeitos podem ser desastrosos, resultando numa baixa capacidade
decisória do mergulhador.
A narcose por N2, afeta as pessoas diferentemente. Você pode ser mais ou menos
susceptível que outros mergulhadores. Além disto, o grau de susceptibilidade pode
variar de dia para dia e de mergulho para mergulho. A narcose por nitrogênio some
quando você atinge águas mais rasas, não deixando efeitos posteriores. Ao começar a se
sentir estranho ou embriagado, suba imediatamente para uma profundidade menor para
que a narcose passe. Esta, geralmente, passa rapidamente. Se sua dupla age de modo
estranho, conduza-a para águas mais rasas.
Prevenir narcose por Nitrogênio é fácil, simplesmente evite mergulhos
profundos. A narcose por nitrogênio por si só não é perigosa, mas o julgamento lento e
a falta de coordenação que ela causa podem ser muito perigosos.

Doença Descompressiva

Já falamos que existem limites para


os tempos e profundidades dos mergulhos,
além dos limites óbvios impostos pelo
suprimento de ar, frio e fadiga. Estes limites
de tempo e profundidade resultam de um
efeito do N2, diferente do efeito da narcose.
Este efeito do N2 absorvido pelo corpo

- 41 -
Mergulho Livre e Autônomo

durante o mergulho, é talvez um dos mais significativos efeitos da respiração de ar


pressurizado.
Durante o mergulho, o aumento da pressão faz com que o N2 do ar respirado se
dissolva nos tecidos do seu corpo. A quantidade absorvida pelo corpo num dado
mergulho depende da profundidade e do tempo do mesmo, mas quanto mais fundo você
for e quanto mais tempo você ficar, maior será a absorção de N2 em excesso. Quando
você sobe, a pressão ambiente diminui, o N2 absolvido começa a deixar o seu corpo.
Este excesso de N2 deve ser eliminado lentamente através da respiração, pois
diferentemente do O2, o seu corpo não o usa. O que entra deve sair.
Seu corpo pode eliminar o N2 sem complicação, desde que a quantidade em
excesso esteja dentro de um limite razoável. Tabelas especiais foram desenvolvidas para
estabelecer os limites necessários para uma quantidade aceitável de N2 (estas tabelas só
são utilizadas para mergulhos acima de 12 metros, o que não é o caso deste curso, para
mergulhos mais profundos devem ser feitos cursos e treinamentos adicionais). Se você
ficar sob a água muito tempo, o N2 em excesso começará a formar bolhas na circulação
e nos tecidos durante a subida, do mesmo modo quando se abre uma garrafa de
refrigerante rapidamente. Estas bolhas causam uma doença séria chamada Doença
Descompressiva (DD), também conhecida por “the bends”.
Existem outros fatores que influenciam a absorção e a eliminação de N2 em
excesso, e que contribuem no desenvolvimento da DD: Fadiga, desidratação, exercícios
vigorosos (antes, durante e após o mergulho), frio, idade avançada, doenças, lesões,
consumo de álcool antes ou após o mergulho e obesidade. Além disto, o aumento de
altitude após o mergulho (voar ou subir a serra) pode contribuir para o aparecimento da
DD.
Mergulhadores esportivos devem mergulhar dentro de limites estabelecidos e
usar cuidados extras caso outro fator influenciante esteja presente. Os sintomas de DD
podem variar, porque as bolhas podem se formar em locais diferentes do corpo. Estes
sintomas incluem: paralisia, choque, fraqueza, formigamento, insensibilidade,
dificuldades respiratórias e vários graus de dor nas articulações e membros. Nos casos
mais severos, inconsciência e morte.
No mergulho recreacional, a DD pode ter sintomas mais sutis como: dor discreta
e moderada, geralmente, mas não necessariamente, nas juntas. Pode haver
formigamento e insensibilidade moderados, geralmente, mas não necessariamente, nos
membros. Outros sintomas comuns de DD são fraqueza e fadiga prolongada. Os
sintomas de DD podem ocorrer em conjunto ou individualmente, podem ocorrer em
qualquer local do corpo e ainda podem ser acompanhados de uma leve sensação de
tontura. Estes sintomas costumam aparecer de 15 minutos a 12 horas após o mergulho,
porém podem surgir mais tarde. A maioria dos sintomas aparece gradual e
persistentemente, porém pode ser também intermitente. Todos os casos de DD devem
ser considerados sérios, independendo da severidade dos sintomas. Caso um
mergulhador suspeite estar com DD, ele deve: Parar de mergulhar, procurar
imediatamente ajuda médica e consultar um médico especializado. Alguns locais
possuem serviços especiais para emergências de mergulho.
A maioria dos casos de DD são tratados através de recompressão numa câmara
hiperbárica. Sob hipótese alguma, deve-se levar um mergulhador com suspeita de DD
para baixo da água. A partir do aparecimento dos sintomas, o tratamento leva horas,
muito mais tempo que a resistência do mergulhador, mesmo que haja ar suficiente.
Além disto, a recompressão requer procedimentos médicos e medicações. A tentativa de

- 42 -
Mergulho Livre e Autônomo

tratamento do mergulhador sob a água pode piorar os sintomas e trazer resultados


desastrosos.
Ao dar assistência a um mergulhador com suspeita de DD, leve-o para
atendimento médico, para que se estabilize e seja transportado para uma câmara de
recompressão. Primeiros Socorros para DD incluem prevenção ou tratamento do estado
de choque, administrando-se oxigênio e se necessário, RCR. Um mergulhador
inconsciente que esteja respirando, deve ser colocado deitado em decúbito dorsal
horizontal e tratado do mesmo modo descrito para mergulhador inconsciente. Quanto
mais rápido começar o tratamento, menor serão os riscos de seqüelas permanentes.
Apesar da DD ser uma doença muito séria, com o tratamento adequado, ela
raramente se torna fatal no mergulho esportivo. Além disso, ela é facilmente evitada,
bastando apenas seguir apropriadamente os limites de tempo e profundidade
estabelecidos pelo seu instrutor. É importante, também, subir devagar a uma velocidade
de subida segura e fazer uma parada de segurança.

- 43 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo XIII – LIMITES DO MERGULHO

Com relação à profundidade e tempo, um mergulho pode ser descompressivo ou


não descompressivo. O que diferencia estes dois tipos de mergulhos é o seu grau técnico
que pode tranqüilamente ser entendido como o risco. No mergulho esportivo apenas
mergulhamos de forma não-descompressiva em situações normais.

Mergulho Não-Descompressivo
Mergulho não descompressivo significa ficar dentro dos limites máximos
estabelecidos para o mergulho esportivo, limites de tempo, profundidade e intervalo de
superfície (este intervalo de superfície só é utilizado para mergulhos repetitivos,
principalmente acima de 10 metros de profundidade e, não é a proposta deste curso
tratar deles), podendo subir diretamente à superfície a qualquer hora durante o
mergulho, sem riscos significativos de DD. O mergulho esportivo sempre é planejado
como não-descompressivo.

Mergulho Descompressivo
Nos mergulhos comerciais e militares, normalmente fica-se a uma dada
profundidade, um tempo além dos limites de tempo do mergulho esportivo, por isso se
faz necessária à técnica de mergulho descompressivo. O mergulho descompressivo é
aquele onde se faz uma série de paradas difíceis e complexas durante a subida, para
evitar a DD. Este tipo de mergulho requer grande apoio de superfície e preparação para
emergência e está além dos objetivos do mergulho esportivo, porque pode ser muito
perigoso.

Limites de Profundidade
• 10 metros Æ Básico*
• 18 metros Æ Novato
• 30 metros Æ Recomendado
• 40 metros Æ Absoluto

Tabelas de Mergulho
Através da tabela de mergulho, podemos calcular para a profundidade do
mergulho o tempo que podemos permanecer submersos, sem o risco de DD. Através
dela, podemos também saber quanto tempo temos até a primeira parada, tempo de
parada aos 3 metros, tempo total de descompressão e o grupo de repetição.

*
Este é o nosso caso assim que formados.

- 44 -
Mergulho Livre e Autônomo

Para a proposta deste curso, a tabela nos servirá apenas para dar-nos o tempo de
fundo, já que em profundidades de até 10 metros, não há absorção de Nitrogênio a
níveis perigosos. Vejamos a tabela:

Tempo de Tempo até a Parada aos 3 Tempo total


Profundidade
Fundo 1ª parada metros descompressivo
*
12 metros 200 minutos - 00 minuto 00,40 minuto
210 minutos 0,30 minuto 02 minutos 02,40 minutos
230 minutos 0,30 minuto 07 minutos 07,40 minutos
250 minutos 0,30 minuto 11 minutos 11,40 minutos
270 minutos 0,30 minuto 15 minutos 15,40 minutos
300 minutos 0,30 minuto 19 minutos 19.40 minutos
*
15 metros 100 minutos - 00 minuto 00,50 minuto

SEJA UM MERGULHADOR S.A.F.E.


(SLOWLY ASCEND FROM ECERY DIVE)
(SUBA LENTAMENTE APÓS CADA MERGULHO)

Você já aprendeu a importância de ajustar seu corpo durante a descida, o


que é feito através da equalização de seus espaços aéreos corporais. Durante a
subida, o seu corpo também necessita de tempo para ajustar-se. E você precisa de
tempo para regular sua flutuabilidade, manter sua dupla no campo de visão e olhar
os obstáculos sobre sua cabeça. É muito importante subir lentamente, não mais
rápido que 18 metros por minuto. O que é mais devagar do que você possa
imaginar. Como você nunca mergulhou, pode achar um pouco difícil julgar a
velocidade de subida da primeira vez. Comece sempre sua subida com bastante ar
para permitir uma viagem lenta à superfície. Suba de preferência ao longo de um
cabo ou siga os contornos do fundo. Isto não dará uma referência visual para ajudá-
lo a manter sua velocidade. Use o profundímetro para tal, particularmente durante
subidas sem referência visual. Você pode levar no mínimo 10 segundos para subir
de um mergulho a 3 metros de profundidade, não se preocupe com a exatidão.
Desde que a velocidade não exceda 30 centímetros por segundo. Aliais, é uma boa
idéia subir mais lento que 30cm/s, para uma segurança extra. Sempre que possível,
pare sua subida ao atingir 4,5 metros e espere 3 minutos antes de continuar a
subida, principalmente em mergulhos profundos ou mergulhos que estiverem
próximo ao limite de tempo (o que não é o nosso caso). Isto é chamado de Parada
de Segurança, que lhe dará uma margem extra de segurança. Pense em 18m/min
como um limite máximo de velocidade para a subida. É melhor ir mais devagar, não
mais rápido. Seja um mergulhador S.A.F.E. e suba lentamente após cada mergulho.

Paradas de Segurança
Como já comentamos as paradas de segurança são utilizadas para mergulhos
descompressivos para eliminar o excesso de Nitrogênio do corpo, mas também podem
ser executadas em mergulhos não-descompressivos a fim de oferecer uma segurança

*
O Mergulho feito dentro desses limites não oferece riscos de absorção de N2 residual. Para nosso curso a
profundidade adotada é de 10 metros, então, adotaremos a referência de 12 metros na tabela.

- 45 -
Mergulho Livre e Autônomo

extra, principalmente para mergulhos acima de 30 metros. Ela é feita a 4,5 metros por 3
minutos e, nela aproveitamos para ajustar nossa flutuabilidade e nos prepararmos para
subir os metros restantes.

Mergulho em Altitude
À medida que subimos, a pressão atmosférica (Patm) diminui. Em altitudes
acima de 300 metros, há procedimentos especiais requeridos para compensar o
decréscimo da Patm. Portanto, mergulhos em altitudes, requerem treinamentos
especiais.

Vôos após Mergulhos


Você deverá levar em conta o decréscimo da pressão atmosférica ao subir uma
montanha de carro ou voar, após um mergulho. Se você planejar subir a uma altitude de
2.400 metros (pressão de cabine da maioria dos aviões comerciais) ou mais, siga estas
recomendações:
• Se você fez até 2 mergulhos simples e a soma de seu tempo de fundo não
exceder 2 horas, espere 12 horas para voar ou subir altitudes.
• Se você fez mais do que o descrito acima, mas ainda dentro do limite não-
descompressivo, espere 24 horas.
• Se qualquer um de seus mergulhos requerer descompressão de emergência,
espere pelo menos 48 horas para voar ou subir altitude.

Mergulhos em Condições Extenuantes ou Muito Frias


Frio ou cansaço extremo podem fazer com que seu corpo absorva mais N2 ao
final de um mergulho, do que o esperado. Ao planejar um mergulho em águas frias ou
em condições mais extenuantes que as normais, considere seu mergulho 3 metros mais
fundo do que o real.

- 46 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo XIV - ESTILOS DE MERGULHO

No mergulho, existem quatro principais estilos, são eles: Mergulho estilo


Snorkeling, Livre, Caça Submarina e Autônomo. Veremos agora, o que é cada um
deles.

Estilo Snorkeling
Trata-se da prática de mergulho, onde o praticante se utiliza basicamente da
máscara, nadadeiras e snorkel para mergulhar. Na realidade, nesta prática o indivíduo
não mergulha, apenas mantêm-se positivo e observa o mundo subaquático com o rosto
submerso e respirando pelo snorkel. Esta prática é especialmente válida para pessoas
que pôr motivos de saúde ou pânico não podem mergulhar.

Mergulho Estilo Livre


O mergulho livre consiste em mergulhar sem utilizar nenhuma fonte de ar, ou
seja, manter-se em baixo da água somente com o ar dos pulmões (em apnéia). Há
mergulhadores que se utilizando dessa técnica ficam submersos pôr um período superior
a cinco minutos e descem a uma profundidade superior a cem metros.

Mergulho Estilo Caça Submarina


Consiste no uso das técnicas de apnéia para praticar, utilizando-se um arbanete
(arpão), a caça. Por ser injustamente mal visto por alguns mergulhadores que fazem
uma falsa defesa ecológica, hoje em dia utiliza-se também embora incorretamente, o
nome Pesca Subaquática. Esta modalidade exige muita técnica e treino, pois além de o
mergulhador ter que ficar tempo suficiente submerso para poder atingir seu alvo tem
que ter uma boa “pontaria”. Este tipo de prática também deve ser feita em duplas, onde
só um dos mergulhadores da dupla deverá carregar o arpão.
Vale ressaltar que e expressamente proibida a caça submarina em Narquilê
(utilizando-se fontes artificiais de ar), pelo fator ecológico, constituindo-se a
desobediência da mesma, crime contra o meio ambiente.

Mergulho Estilo Autônomo


O Mergulho Autônomo é o estilo em que se usam as fontes artificiais de ar
(Cilindro ou Narquilê) para se manter submerso na água sem precisar retornar à
superfície para respirar, através dos aparatos utilizados para a prática desta modalidade,
o mergulhador passa a ter uma perfeita autonomia sobre o seu mergulho. Podendo assim
explorar com mais atenção e riqueza de detalhes os mistérios e surpresas do mundo
subaquático.

- 47 -
Mergulho Livre e Autônomo

Como entrar na água


Há algumas maneiras de entrar na água,
que serão demonstradas na prática. De maneira
geral elas se aplicam individualmente a situações
bem específicas, tais como barco pequeno, local
raso etc. Estas formas são pulos, conhecidos
Passo do Gigante como passo de gigante, salto em tesoura,
rolamento dorsal e caranguejo, dentre outras,
sendo que cada uma possui sua peculiaridade.
Por exemplo, quando o mergulho entrada se dá
pela costa, utilizamos a entrada caranguejo, para
embarcações pequenas, sem plataforma,
utilizamos o rolamento dorsal e em barcos com
plataforma o passo do gigante. O salto tesoura é
uma técnica de arremesso, muito utilizada para
saídas de helicóptero.

Rolamento Dorsal

Qualquer que seja a maneira escolhida para entrar na água lembre sempre:
• O colete não deve estar muito inflado.
• Segure sempre a máscara e o regulador com uma das mãos, enquanto a outra dá
sustentação ao cilindro ou segura a fivela do cinto de lastro e o console.
• Nunca pule olhando para baixo. O impacto da máscara na água pode quebrar o vidro
ou arrancar a máscara e o regulador do lugar, machucando-o.

- 48 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo XV - O MEIO AMBIENTE DE MERGULHO

Mesmo de maneira limitada, suas primeiras aulas de piscina lhe mostrarão


algumas condições subaquáticas que afetam os mergulhos, como claridade e
temperatura da água. Cada ambiente de mergulho terá condições diferentes, que podem
variar de um momento para outro, dependendo das condições de tempo e outros fatores.
Estas condições são:
1. Temperatura;
2. Visibilidade;
3. Movimentação da água;
4. Composição do fundo;
5. Vida aquática;
6. Luz solar.

Vejamos estas condições em maiores detalhes. Seu instrutor discutirá mais a


fundo as condições da área dos seus treinamentos de águas abertas. Lembre-se, sempre
que você for mergulhar numa área desconhecida, obtenha informação sobre a mesma.

Temperatura da Água
Temperaturas naturais da água variam de -2°C, na região ártica, a mais de 30°C
nos trópicos. A variação numa mesma região raramente é maior que 10°C.
À medida que descemos, a temperatura diminui. Às vezes, há uma transição
abrupta de temperatura para uma água muito mais fria, chamada termoclina. A variação
numa termoclina pode chegar a 10°C ou mais. Além disto, pode se perceber uma
distorção visual na termoclina, causada pelas misturas das camadas de temperaturas
diferentes. Termoclinas podem ser encontradas a qualquer profundidade, em água doce
ou salgada. Use uma roupa de exposição adequada à profundidade do mergulho.

Visibilidade
Podemos definir visibilidade sob a água como a “distância horizontal que você
pode ver”. Esta pode variar de 0 a mais de 60 metros. Os principais fatores que afetam a
visibilidade são: Movimentação da água, tempo, partículas em suspensão e composição
do fundo.
Ondas, correntes e arrebentação suspendem o sedimento, reduzindo a
visibilidade. Proliferações de certas plantas (algas) e animais (plâncton) podem também
turvar a água. Outro exemplo é a suspensão do sedimento do fundo, pelas nadadeiras de
um mergulhador ou outro movimento.
Os efeitos da visibilidade limitada são óbvios no mergulho, como a perda de
referência visual adequada. Para mergulhar em visibilidade extremamente limitada,
fique bem próximo à sua dupla. Use a bússola para se localizar adequadamente e um
cabo de referência a partir da superfície, para prevenir desorientação. Muitas vezes é
preferível abortar o mergulho.

- 49 -
Mergulho Livre e Autônomo

Surpreendentemente, alguns problemas podem ser causados por águas muito


limpas, como exceder limites de profundidade (pelo efeito de magnificação), ou
desorientação por falta de referência. Um cabo de descida soluciona estes problemas.

Correntes
Já discutimos técnicas para mergulhar relaxado, sem gasto exagerado de energia.
Agora discutiremos como aplicarmos isto em mergulhos com correntes. Assim você
evitará problemas e natações longas e difíceis de volta ao barco ou à costa.
Correntes são movimentos de massas de água de extensão variável, causadas por:
1. Vento agindo na superfície da água;
2. Aquecimento e resfriamento desiguais da água;
3. Movimentos das marés;
4. Ondas.

Ao encontrar uma corrente moderada no local do mergulho, comece o mergulho


contra a corrente. No final do mergulho, ela lhe ajudará a voltar. Evite natações de
superfície prolongadas, mesmo com correntes moderadas. É sempre mais fácil nadar
contra uma corrente no fundo.
Se você for pego acidentalmente por uma corrente, e levado longe do ponto de saída,
Nade perpendicularmente à mesma até o seu final e faça seu percurso de volta. Num
mergulho de barco, pego numa corrente à superfície, estabeleça flutuação, sinalize
pedindo ajuda e aguarde.

Composição do Fundo
Você encontrará diversos tipos de fundo: arenoso, lodoso, coralino, rochoso, etc.
Destes, os mais interessantes são os coralinos e rochosos. Alguns tipos de sedimentos
suspendem muito mais facilmente que outros, como lama e areia. Seja cuidadoso
mesmo em fundos coralinos e rochosos, ajudando a evitar danos ao meio ambiente. Um
bom controle de flutuabilidade é fundamental para evitar suspensão de sedimentos.

Animais e Plantas Aquáticas

• Interação com a vida Aquática: Sua interação com a vida aquática pode ser ativa
ou passiva. Interação ativa ocorre quando você faz contato físico com a vida
aquática, mesmo que acidentalmente. Muitas vezes esta forma de interação é danosa
ao meio, por exemplo, quando mergulhadores tocam corais. Raras vezes é benéfica.
Interação passiva é a simples observação da vida aquática, sem ter que tocar em
nada.
• Fauna Aquática: Quase todos animais aquáticos são tímidos e inofensivos. A
maioria é fascinante e pouco os quais você terá que ser cuidadoso. A maioria das
lesões envolvendo a vida aquática é causada por falta de cuidado dos
mergulhadores. São lesões raras e, na sua maioria, sem conseqüência. As lesões
mais comuns envolvem animais não agressivos. Incluem picadas de ouriços,
ferroadas de águas-vivas ou similar, cortes e raspaduras em corais. Para evitar esses
tipos de lesões, apenas olhe onde você toca e use roupa de exposição. Se um

- 50 -
Mergulho Livre e Autônomo

organismo não lhe é familiar, não o toque. Muito poucas espécies são realmente
agressivas. Embora seja verdade que quase todo animal fica perigoso quando
provocado, a incidência de lesões em seres humanos, causadas por animais
aquáticos é muito baixa. Há muito mais sensacionalismo do que verdade, sobre
tubarões e orcas “sedentos de sangue”.
Praticamente todas lesões por animais que parecem agressivos, como moréias e
raias, ocorrem quando os mesmos são molestados. Estas criaturas agem
defensivamente. Se você se deparar com um animal potencialmente agressivo, fique
calmo no fundo e observe suas reações. O animal pode simplesmente, deixar o local.
Se este ficar na área, afaste-se calmamente pelo fundo, e saia da água. Para evitar
problemas com a fauna aquática, siga estas 9 regras:
1. Trate qualquer animal com respeito. Não os provoque ou perturbe;
2. Seja cuidadoso em águas turvas, especialmente onde você põe as mãos;
3. Evite usar jóias ou objetos brilhantes, pois podem atrair alguns animais;
4. Ao praticar caça submarina, remova peixes arpoados da água;
5. Use luvas e roupa de exposição, para evitar cortes e abrasões;
6. Estabeleça flutuabilidade neutra, evitando bater no fundo;
7. Mova-se lenta e cuidadosamente;
8. Fique atento á sua direção e onde você põe as mãos;
9. Evite tocar animais desconhecidos.
• Plantas Aquáticas: Podem variar de florestas gigantes de algas (comuns na
Califórnia), a pequenos leitos de musgos em rios. Estas plantas fornecem alimento e
proteção para os animais aquáticos, e você pode encontrar muita coisa interessante
nestas áreas. A única preocupação no mergulho é o risco de se enroscar nas plantas.
Felizmente isso não é um problema sério, pois é muito fácil prevenir e se
desenroscar, caso necessário. Caso aconteça, trabalhe lentamente com ajuda da sua
dupla.

Luz Solar
A intensidade da luz solar varia de região para região. Lembre-se que no mar,
onde há menos poluição, a luz penetra mais intensamente. Por isto, não esqueça de se
prevenir contra queimaduras solares quando for mergulhar, da mesma forma que faria
ao ir bronzear-se.

Água Doce e Água Salgada


O reino aquático tem, basicamente, dois tipos de ambientes: água doce e água
salgada. Cada um tem diferentes condições, fauna, flora e considerações, que requerem
técnicas e procedimentos diferentes.
• Mergulho em Água Doce: Áreas de mergulho em água doce incluem lagos,
represas, rios, pedreiras, etc. Há uma série de atividades de mergulho nestes locais,
mas procure obter treinamento especializado antes de participar. Os principais
problemas em água doce são: Correntes, composição do fundo, visibilidade
limitada, termoclinas, água fria, enroscos e barcos. Além disto, o mergulho pode ser
em altitude, o que requer considerações especiais. Lembre-se que você terá menos
flutuabilidade em água doce, e faça ajustes apropriados ao seu lastreamento.

- 51 -
Mergulho Livre e Autônomo

• Mergulho em Água Salgada: Podemos dividir ambientes com água salgada em três
áreas: Temperadas, tropicais e árticas. A maioria dos mergulhos recreacionais ocorre
em águas temperadas e tropicais. Atividades nestas áreas incluem, além de simples
observação, fotografia submarina, naufrágios, mergulho noturno, etc. As principais
considerações neste ambiente incluem ondas, arrebentação, marés, correntes, corais,
barcos, águas profundas, vida marinha e locais remotos. Como mencionado antes,
procure obter orientação local e treinamento apropriado para determinadas
especialidades.

- 52 -
Mergulho Livre e Autônomo

Capítulo XVI – CURIOSIDADES

O
esporte do ano 2000 cativou até a loirinha Angélica.
Para dar um colorido submarino no programa TV
Animal, do SBT, a apresentadora e suas
Angeliquetes fizeram um curso de mergulho na ACM –
Associação Cristã de Moços, em São Paulo.
O instrutor Roberto Amorim Paschoal elogia a aluna,
que demonstrou muito profissionalismo nas piscinas. “Ela é
calma embaixo d’água e está aguardando ansiosa o dia do
check out”. Pelo jeito, a loirinha vai ter que segurar um
pouco essa ansiedade. Por enquanto, sua produção está
tratando de escolher qual o melhor point do Caribe para seu
batismo.

CARTA AOS MERGULHADORES

4XHP VRPRV QyV" &RPR WRGRV RV VHUHV KXPDQRV QDVFHPRV QR


FRUDomR PDUURP GD PmHWHUUD WHPRV EUDoRV H SHUQDV H UHVSLUDPRV R R[LJrQLR
TXH HQWUD HP SHTXHQRV SXOP}HV 3DVVDPRV JUDQGH SDUWH GD QRVVD YLGD QD
SRVLomR YHUWLFDO TXH QRV Gi XPD PDLRU DXWRQRPLD H XP PDLRU FRQIRUWR QD
WHUUD 9LVWRV VXSHUILFLDOPHQWH VRPRV LJXDLV D WRGRV RV VHUHV KXPDQRV
0DV DQDOLVDQGR XP SRXFR PDLV IXQGR DOJXPD FRLVD QRV ID]
GLIHUHQWHV 1DVFHPRV FRP RV ROKRV DFRVWXPDGRV DR D]XO GDV iJXDV 7HPRV XP
- 53 -
Mergulho Livre e Autônomo

FRUSR TXH DQVHLD SHOR DEUDoR GR PDU ( XP SXOPmR TXH DFHLWD JUDQGHV
SULYDo}HV GH DU DSHQDV SDUD SURORQJDU D QRVVD YLGD QR PXQGR D]XO
6RPRV KRPHQV H PXOKHUHV GH HVStULWR LQTXLHWR %XVFDPRV QD QRVVD
YLGD PDLV GR TXH QRV IRL GDGR 3DVVDPRV SRU JUDQGHV SURYDV SDUD DSUR[LPDU
QRV GRV SHL[HV 7UDQVIRUPDPRV QRVVRV SpV HP JUDQGHV QDGDGHLUDV VHJXUDPRV R
FDORU GR QRVVR FRUSR FRP SHOHV IDOVDV H FKHJDPRV DWp D OHYDU XP QRYR SXOPmR
HP QRVVDV FRVWDV ( WXGR LVVR SDUD TXH"
3DUD SRGHUPRV VDWLVID]HU XPD SDL[mR XP VRQKR 3RUTXH QyV
DOJXP GLD GH DOJXPD PDQHLUD IRPRV DSUHVHQWDGRV D XP PXQGR QRYR 8P
PXQGR GH VLOrQFLR GH FDOPD GH PLVWpULR GH UHVSHLWR H GH DPL]DGH ( HVWD
FDOPD H HVWH VLOrQFLR QRV IL]HUDP HVTXHFHU GD EDJXQoD H GD DJLWDomR GR QRVVR
PXQGR QDWDO 2 PLVWpULR HQYROYHX QRVVR FRUDomR VHGHQWR GH DYHQWXUD 2
UHVSHLWR TXH DSUHQGHPRV D WHU SHORV YHUGDGHLURV KDELWDQWHV GHVVH PXQGR
5HVSHLWR HVVH TXH Vy GHSRLV GH WHU VHQWLGR D LQRFrQFLD GH XP SHL[H D
LQWHOLJrQFLD GH XP JROILQKR D PDMHVWDGH GH XPD EDOHLD RX PHVPR D IRUoD GH
XP WXEDUmR SRGHPRV FRPSUHHQGHU
( D DPL]DGH 4XDQGR YDPRV DWp R IXQGR GR PDU GHVFREULPRV
TXH DOL MDPDLV SRGHUtDPRV YLYHU VR]LQKRV (QWmR OHYDPRV PDLV DOJXpP ( HVWD
SHVVRD FKDPDGD GH GXSOD FRPSDQKHLUR RX VLPSOHVPHQWH DPLJR SDVVD D VHU
LPSRUWDQWH SDUD QyV 3RUTXH DOpP GH SRGHU VDOYDU QRVVD YLGD SDVVD D
FRPSDUWLOKDU WXGR R TXH YLPRV WXGR R TXH VHQWLPRV ( GH GXSODV SDVVDPRV D
WHU HTXLSHV ( HVWDV HTXLSHV SDVVDP D VHU FDGD YH] PDLV XQLGDV ( DVVLP
HQWHQGHPRV TXH VRPRV WRGRV YHOKRV DPLJRV PHVPR TXH QmR QRV FRQKHoDPRV (
HVVH HOR TXH QRV XQH p PDLRU GR TXH WRGRV RV RXWURV TXH Mi HQFRQWUDPRV ( LVVR
ID] GH QyV PDLV GR TXH DPLJRV ID] GH QyV PDLV GR TXH LUPmRV )D] GH QyV
PHUJXOKDGRUHV

  

- 54 -

You might also like