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ABSTRACT
Rehabilitation of craniofacial deformities has presented a difficult challenge for the
multidisciplinary team in the last years. Reconstrutive surgery and conventional pro-
thetic rehabilitation have both demonstrated distinct limitations and can result in
marked functional and cosmetic improvement. The osseointegration concept has
improved the retention and the estability of oral and craniofacial prothesis and can
lead to satisfactory rehabilitation in terms of mastication, speech and esthetics.
Key Words - Craniofacial; Osseointegration.
*Cirurgiã-Dentista – USP – Bauru; Periodontista – Unicid; Protesista Bucomaxilofacial; Professora assistente do curso de Especialização
em Implante-Prótese, doutor Luiz Antonio Gomes e equipe – EAP – APCD.
**Mestre em Estomatologia e doutor em Clínica Integrada – USP; Especialista em Implante.
***Especialista em Prótese Bucomaxilofacial e mestre em Ortodontia – Unip
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teses faciais são itens importantes a serem considera- outro tipo de retenção, que não adesivos.
dos no projeto do sistema de retenção de próteses. Outros problemas9, relacionados ao uso de ade-
Os métodos de retenção, historicamente, po- sivos, devem ser mencionados:
dem se dividir em quatro categorias: a. Pacientes com pouca destreza manual ou po-
1. Com uso de adesivos; bre coordenação motora, têm dificuldade na
2. Mecânicos; aplicação do adesivo repetidas vezes e recolo-
3. Anatômicos, utilizando contornos internos dos car a prótese na mesma posição;
defeitos; b. Remoção rotineira errada da prótese;
4. Com Implantes osseointegrados. c. Próteses apoiadas em tecido com muita mobi-
lidade e ou cavidades extensas, necessitam
Com uso de adesivos constante recolocação, onde os movimentos
Há vários tipos de adesivos no mercado. Sua faciais desconectam a adesão. Este problema
utilização deve considerar o tecido e tipo de material requer melhor projeto da prótese;
de feitura da prótese facial. Os adesivos estabele- d. Pacientes que desenvolvem alergias ou respos-
cem força de adesão com a pele. O mais conhecido, tas irritativas aos adesivos e que persistem com
o Pros-Aid da ADM Tronics, Northvale, NJ, é uma re- a mudança dos mesmos;
sina acrílica, dispersada em meio aquoso, o qual ao e. A maioria dos adesivos necessita bordas da
evaporar, muda a cor de branco látex para incolor, prótese mais finas para melhor adesão;
deixando uma fina película elástica como borracha. f. Se a prótese não for bem projetada, não se
Para o sucesso da adesão a superfície deverá ser pode garantir 100% de colagem com o uso de
permeável à água para secar a dispersão e estabele- adesivo. A efetividade da retenção1, 9, 12 depen-
cer a colagem (Figura1). de do tamanho do defeito, peso da prótese e
projeto da mesma.
Mecânicos
Retenção mecânica de próteses faciais é método
antigo de fixação na área de prótese bucomaxilofacial.
Os precursores desta técnica13 são os Fenícios,
Egípcios, Chineses, Gregos, Romanos, Incas, Hindus,
Hebreus, Dinamarqueses e Franceses. Ambroise Paré
(1509 - 1590), traçou as bases para a reconstrução
Figura 1a e 1b
Paciente com remoção de órbita; Paciente reabilitada. protética facial confeccionando próteses em ouro, pra-
ta, tela, papel e linho na cor da pele do paciente.
O uso de adesivos cutâneos7 causa alguns pro- Armação de óculos, peças acrílicas, magnetos e
blemas; alguns pacientes apresentam hipersensibilida- clips são meios de retenção utilizados nas próteses fa-
de alérgica de contato, variando de simples irritação até ciais. As armações de óculos em acrílico são excelen-
ulcerações dolorosas e de difícil recuperação. Outro in- tes meios para retenção dos materiais rígidos, das pró-
conveniente, relaciona-se às elevadas temperatura e teses nasais, óculo-palpebrais e raramente usadas na
umidade relativa do ar, presentes em nosso clima tropi- fixação das próteses auriculares; auxiliam na manuten-
cal, as quais ocasionam perda de aderência devido às ção do peso das próteses, principalmente as faciais
gotículas de transpiração formadas no interior da próte- extensas e ajudam a disfarçar os limites da prótese.
se, ocasionando seu deslocamento e até mesmo queda. Quando trabalhamos em cavidades rasas, lan-
Outro fator a ser considerado na seleção do çamos mão de outros meios de retenção que são os
adesivo é o tipo de pele. A fina e friável ou a que implantes osseointegrados. Estas cavidades são ori-
tenha sido irradiada, não são apropriadas para repe- ginadas na área de órbita de retalhos, que são girados
tidas aplicações de adesivos, em particular aquelas para eliminar os espaços mortos e evitar infecções.
com potencial de produzir irritações primárias. Paci- A Figura 2 mostra a retenção de próteses em
entes que desenvolvem estas reações necessitam de acrílico fixadas em armação de óculos. Muitos paci-
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entes constrangem-se diante da necessidade de re- Espaços anatômicos no interior das cavidades
mover a prótese frente a um problema ou mesmo di- orbitárias também poderão ser usados para confec-
ante de familiares pelo simples fato de, ao remover ção de placa acrílica flexível que se assenta dentro
os óculos, a prótese sair junto. do defeito. As remoções parciais de orelha também
podem permitir adequada retenção das respectivas
próteses através das silicones, retidas com adesivos.
Como anatomicamente, o pavilhão auricular pos-
sui muitas reentrâncias, o material de eleição deve se
adaptar nestas conchas, com muita sutileza para evi-
tar irritações. São consideradas “próteses de vestir” e
muito difíceis de serem adaptados à pele (Figura 4).
Figuras 2a, 2b e 2c
Paciente com exenteração de
órbita; Prótese óculo-palpebral
em acrílico, fixada em armação
de óculos; Paciente com
a prótese em posição.
Alguns fatores deverão ser levados em conta quan- amplos, necessitamos de uma prótese facial propor-
do indicada a retenção de próteses faciais sobre implan- cional aos mesmos em dimensão e espessura.
tes osseointegrados: espessura do osso, capacidade de Próteses faciais retidas sobre implantes osseo-
suporte de carga do implante no osso, ocorrência de integrados em áreas de espessura óssea fina, adja-
aplicação radioterápica na área do defeito, tipo de reten- cente à áreas de força muscular potente, poderão ser
ção da prótese ao implante e a motivação do paciente deslocadas, sendo imprópria a sua utilização.
em manter a própria higiene dos encaixes e da prótese. Próteses faciais leves, colocadas em áreas sub-
Em seis estudos recentes na Universidade de jacentes à forças musculares, poderão receber alguns
Goteborg, Suécia5, demonstraram, em humanos e implantes de 3 a 4 mm (por exemplo, prótese auricular
animais, aumento de resposta do osso em implantes que recebe dois implantes na área do temporal). O
com superfície tratada (“plasma spray’’, jateamento sucesso da prótese está no planejamento cirúrgico.
de superfície, ataque ácido) comparada com superfí- Para o planejamento cirúrgico de uma prótese au-
cies lisas. Isto será muito útil nos casos de pacientes ricular, utiliza-se um guia em acrílico onde os implantes
com pobre qualidade óssea ou irradiados. estarão posicionados 18 mm do meato acústico externo
e 15 mm isoladamente. Do lado esquerdo recomenda-
Classificação de Jensen se a colocação do implante na posição de uma hora e
Com a finalidade de determinarmos a situação três horas. Do lado direito recomenda-se 11 e nove ho-
topográfica dos implantes na região cranio-facial, sur- ras. Esta recomendação9 segue um protocolo e necessi-
ge a Classificação de Jensen, a qual permite definir a ta de um guia tomográfico e cirúrgico, para que o im-
quantidade de osso para ancorar os diferentes tipos plante seja colocado na posição ideal, proporcionando
de implantes. ao paciente o melhor resultado estético e retentivo.
Jensen et al., em 1992, fizeram medição de espes- A área nasal necessita de dois implantes coloca-
sura de 15 esqueletos dentados secos. Dividiram os di- dos na lateral, ao redor da eminência nasal, com espes-
ferentes setores do crânio em áreas alfa, beta e delta. sura suficiente para acoplar implantes de 4 mm de pro-
Descobriram que o osso em área média da órbita, área fundidade. Desde que os implantes não estejam igual-
frontal e piriforme era de fina espessura e necessitava de mente distribuídos e estejam localizados em uma parte
implantes com profundidade de 3 mm ou menos, deno- do defeito, a barra poderá conectar os implantes.
minada área Delta. O osso na área lateral de órbita, área Nos defeitos de órbita, os implantes são coloca-
temporal, área zigomática e fossa anterior nasal era mais dos, geralmente, na lateral inferior e porção superior da
espesso que o osso da área média de órbita, área frontal área orbital. O osso nestas áreas poderá acomodar im-
e piriforme; foram chamadas de área Beta e aptas a plantes de 3 a 4 mm em profundidade. São necessários
receber implantes de 4 a 5 mm em altura, baseado na três a quatro implantes e o prolongamento do eixo de-
espessura do osso. O zigoma, maxila anterior e man- verá ser em direção ao centro da órbita. Se por neces-
díbula apresentaram espessura óssea capaz de rece- sidade de planejamento, implantes precisam ser colo-
ber implantes de 6 mm denominado área Alfa. cados posteriormente em direção à fossa craniana, en-
A capacidade de suporte de carga do implante an- quanto outros implantes são conduzidos anteriormen-
corado no osso é fator importante quando considerarmos te, o plano de inserção criado pode não acomodar uma
as retenções das próteses faciais sobre implantes osseo- barra de peça única. O planejamento de prótese óculo-
integrados. A média de torque11 necessário para remover palpebral sobre implantes osseointegrados necessita da
implante ancorado ao osso temporal foi de 42,7 N e após confecção prévia e o uso pelo paciente de uma prótese
um ano as forças de torque eram maiores que 60 N. em silicone convencional, para analisarmos a posição
do globo ocular, em relação à cavidade.
Forças de expressão facial
x reabilitação protética Aplicação de radioterapia
As forças dos músculos da expressão facial, A radioterapia em combinação com a cirurgia6,10
musculatura perioral e musculatura mandibular po- é geralmente o tratamento usado em tumores nas
dem causar desintegração de implantes craniofaci- regiões craniofaciais. Para remover radicalmente os
ais de pequenas dimensões. Em defeitos cirúrgicos tumores, o cirurgião é forçado muitas vezes a utilizar
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técnicas clínico-cirúrgicas que deixam o paciente com sea determinam alta incidência de perda de fixação.
grandes defeitos de tecido mole e duro. • Vascularização tecidual - As patologias que se ini-
Após acurado tratamento, estes defeitos pode- ciam imediatamente após a radioterapia caracterizam-
rão ser reconstruídos, sendo que o maior problema se por injúria aos tecidos que ficam desprovidos de
enfrentado nesta técnica refere-se à quantidade de capilares.
radiação recebida pelo paciente. Este processo inflamatório que se instala ao lon-
Altos 2,3,6 índices de complicação e menor índice go dos anos pode aumentar, consequentemente, os
de sucesso em reconstrução após cirurgias radicais de fatores de risco, diminuindo a osseointegração e in-
tumores, relacionam-se com aplicações maiores que 50 ciando a osteoradionecrose.
gy (5000 rads); observou um índice de sucesso de 50% Geralmente, após a 1a fase cirúrgica, os implan-
em reconstrução cirúrgica em pacientes irradiados e tes são mantidos sepultados por um período de oito
81,3% de índice de complicação (hipovascularização, a 12 meses até as fixações serem descobertas numa
hipocelularidade, hipoxia dos tecidos, o que ocasiona 2a fase cirúrgica e os implantes ativados. Isto diminui
receptor inadequado para implantes osseointegrados). o risco de insucesso dos implantes. Com o objetivo
A radioterapia3 provoca mudanças primárias e de minimizar os efeitos tissulares da radiação, surge
secundárias nos tecidos duros e moles (glândulas sa- a aplicação da oxigenação hiperbárica (OHB).
livares, pele, mucosa nasal e oral). Os efeitos primári-
os em tecido mole incluem xerostomia, dermatites e Terapia de oxigenação hiperbárica
mucosites. Os efeitos secundários referem-se a des- A terapia de oxigenação hiperbárica foi intro-
mineralização óssea, fibrose reparativa, aumento da duzida em 1973. A indicação de OHB, em pacientes
susceptibilidade à infecção e necrose avascular, inter- irradiados é bastante controversa e amplamente dis-
ferências nas células osteoprogenitoras e reação da cutida por vários autores.
neovascularização. O tipo de radiação interfere no de- Vários estudos2,3,4 têm mostrado a importância
senvolvimento da osteoradionecrose, onde reduzidos da OHB para o tratamento da osteorradionecrose em
índices são encontrados em altas fontes de energia. diferentes tecidos ósseos.
Em relação a dose de radiação, aceita-se que quan- Usando um protocolo padrão2 incluindo cirur-
to maior as doses de radiação no tecido ósseo, maior o gia, antibióticos e OHB, Marx em 1987, mostrou efi-
risco de desenvolver complicação. As complicações cácia da oxigenação hiperbárica. Os efeitos produzi-
aparecem em doses abaixo de 48 gy e acima de 65 gy. dos pela OHB são a indução da angiogênese, men-
surável após oito sessões de aplicação, rapidamente
O intervalo entre radiação e cirurgia atingindo um “plateau’’ de 80 a 85% de um tecido
A cicatrização óssea2,3 é prejudicada após a ra- vascular não irradiado por 20 sessões, permanecen-
diação. Recomenda-se que toda a cirurgia recons- do neste nível sem necessidade de aplicações adici-
trutiva seja feita no intervalo de um a seis meses após onais. Pacientes que foram reavaliados três anos após
radioterapia, porque esse intervalo reduz o risco de a aplicação original, tinham níveis de oxigenação ao
desenvolvimento da osteoradionecrose. redor de 90% dos valores registrados logo após tra-
As complicações clínicas dos implantes, em tamento, indicando que a angiogênese obtida pela
paciente irradiados, são as deiscências de tecido terapia com OHB não sofre regressão com o tempo.
mole, perda das espiras dos implantes, fístula, infec-
ções crônicas e necrose tecidual. Protocolo de aplicação
da oxigenação hiperbárica
Fatores do paciente Usado no tratamento suplementar2, antes da co-
que interferem na osseointegração locação de implantes em paciente irradiado. É muito
• Qualidade óssea - A sobrevida dos implantes, em importante para as áreas do zigoma, maxila e ossos
pacientes irradiados, é menor nas áreas de osso fron- frontais. Os pacientes recebem penicilina pré-operató-
tal, zigomático e maxilar, devido a mínima proporção ria e 20 sessões de OHB e em seguida fazem a cirurgia;
de osso compacto, do que na área temporal e man- seguem-se mais dez sessões de OHB, sempre usando
díbular. Ossos clinicamente pobres em qualidade ós- de 2 a 2,4 ATA. Está clinicamente comprovado que 15
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bucal. Todos os magnetos estão sujeitos a redução de rosão quando expostos aos fluidos corporais, como
retenção e necessitam de reposição com o tempo. os magnetos. Clips retentivos são úteis para pacien-
tes com boa destreza manual e áreas com pouca atu-
ação das forças musculares.
Clips e magnetos poderão ser combinados de
acordo com o critério clínico de retenção, destreza
Figura 8a manual do paciente, espessura do osso, proximida-
Vista frontal da exenteração
de órbita, por Carcinoma
de com a atividade muscular adjacente ao defeito.
baso-celular, com coloca- Estes fatores deverão ser avaliados antes da fabrica-
ção de implantes, barra
e magnetos. ção da prótese extra-oral.
Higienização
A área ao redor dos implantes é considerada pro-
blema devido a presença de inflamações constantes.
As causas dessa inflamação: 1. Espessura do te-
Figura 8b
cido periimplantar; 2. Mobilidade da pele do periimplante;
Vista posterior da prótese 3. Não aderência da pele ao implante; 4. Acúmulo de
com magnetos.
bactérias nesses gaps; 5. Higiene do paciente.
A espessura do tecido epitelial11 ao redor dos
implantes deverá ser reduzida cirurgicamente ao mí-
nimo, removendo-se todo o tecido adiposo subjacen-
te, mantendo o tecido saudável. A não aderência dos
tecidos periimplantares ao abutment11 é a razão da
Figura 8c formação dos gaps periimplantares. A fibronectina
Vista frontal do paciente
com a prótese em posição. aumenta a aderência de Staphylococus Aureus na
superfície dos abutments, criando oportunidade para
Indicação para o uso de magnetos a bactéria invadir o espaço dos abtuments e a infla-
• Áreas de alta atividade muscular; mação periimplantar poderá ocorrer.
• Em caso de média atividade muscular combi- Um sinal histológico para o rígido contato das
nada com próteses rígidas; células epiteliais ao abutment é a existência de hemi-
• Em pacientes com pobre destreza digital. Os desmossomos.
magnetos são fáceis de se realinhar e se repo- As reações tissulares ao redor dos implantes
sicionar do que os clips; seguem uma classificação e graduação de acordo
• Casos onde o osso é fino e a redução das for- com a severidade da irritação: Grau 0 - Pele nor-
ças aplicadas ao implante for necessária. Apre- mal; Grau 1 - Pele avermelhada ao redor do conec-
sentam menor força de fixação do que clips. tor (Figura 9); Grau 2 - Pele com secreção local; Grau
Quando usamos magnetos é importante orien- 3 - Formação de tecido de granulação ao redor do
tarmos os mesmos em diferentes lugares para aco- conector; Grau 4 - Reação tissular resultante.
modarmos as forças em diferentes planos.