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AÇÃO RESCISÓRIA

RENATO SARAIVA
AÇÃO RESCISÓRIA

Trata-se de uma ação de conhecimento, de


natureza constitutivo-negativa, objetivando a
desconstituição ou a anulação da res judicata.

Em outras palavras, a ação rescisória é uma ação


autônoma que visa desconstituir ou anular
sentença judicial transitada em julgado (ou
acórdão), em função de vícios insanáveis.
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No Código de Processo Civil, a ação rescisória está


regulada nos arts. 485 e seguintes.

O art. 836 da CLT previa a possibilidade de ajuizamento


de ação rescisória no âmbito da Justiça do Trabalho,
determinando a aplicação dos dispositivos do Código de
Processo Civil, ressalvando, apenas, a dispensa do
depósito prévio exigido no art. 488, II, do digesto
processual civil.

Súmula 194 do TST


AÇÃO RESCISÓRIA

A Lei 11.495/2007, publicada no DOU em 25


de junho de 2007, modificou a redação do
art. 836 da CLT passando a estabelecer que
a propositura da ação rescisória está sujeita
ao depósito prévio de 20% do valor da
causa, salvo prova de miserabilidade jurídica
do autor.
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Dois são os requisitos para a propositura da ação


rescisória, a saber:

• Sentença de mérito;
• Trânsito em julgado da decisão.
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O Supremo Tribunal Federal, por meio da Súmula


514, admite a ação rescisória em face de sentença
transitada em julgado, ainda que contra ela não se
tenham esgotados todos os recursos.
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O corte rescisório não pode ser utilizado


antes do trânsito em julgado da sentença ou
acórdão, visto não ser admissível ação
rescisória preventiva, conforme
entendimento consubstanciado na Súmula
299 do TST
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A ação rescisória será sempre julgada pelos


tribunais, no âmbito laboral, pelo Tribunal
Regional do Trabalho respectivo ou pelo Tribunal
Superior do Trabalho, dependendo da sentença ou
acórdão a ser rescindido.

Súmula 192 do Colendo TST


AÇÃO RESCISÓRIA

O art. 487 do CPC estabelece os legitimados a propor ação rescisória.


Vejamos:
“Art. 487 CPC – Tem legitimidade para propor a ação:
I – quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal
ou singular;
II – o terceiro juridicamente interessado;
III – o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a
intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de
fraudar a lei”
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O autor da ação deverá cumular ao pedido principal de rescisão do
julgado pleito de novo julgamento da causa pelo mesmo tribunal que
apreciou a rescisória. Com efeito, em várias hipóteses previstas no art.
485 do CPC, o tribunal exercerá também, além do juízo rescindente, o
juízo rescisório (iudicium rescissorium), proferindo novo julgamento
da causa.

Logo, apenas em poucas situações o tribunal exercerá somente o


chamado juízo rescindente (iudicium rescindens), limitando-se a
atuação da Corte Trabalhista a rescindir o julgado, como nas hipóteses
do art. 485, II e IV, do CPC.
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Ademais, não se pode esquecer que o art.


488, I, do CPC elenca como requisito
obrigatório da petição inicial a cumulação ao
pedido de rescisão, se for o caso, de novo
julgamento da causa, não sendo possível
considerar implícito o pedido de novo
julgamento.
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As hipóteses de cabimento da ação


rescisória estão previstas no art. 485 do CPC
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Estabelece o art. 488 do CPC que a petição inicial


será elaborada com observância dos requisitos
essenciais do art. 282 do próprio CPC (requisitos
da petição inicial), devendo o autor cumular ao
pedido de rescisão, quando for o caso, o de novo
julgamento da causa.
AÇÃO RESCISÓRIA

Como documentos indispensáveis à


propositura da ação rescisória, podemos
destacar a decisão rescindenda e a sua
prova do trânsito em julgado, conforme
demonstram a Súmula 299 e a OJ 84 da
SDI-II, ambos do TST.
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Distribuída a peça vestibular da ação


rescisória, poderá o juiz-relator, de forma
monocrática, indeferir a petição inicial, com
base no art. 295 do CPC, decisão esta
sujeita ao recurso denominado agravo
regimental.
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Considerando que a antiga redação do art. 489 do CPC determinava


que a ação rescisória não suspendia a execução da sentença
rescindenda, discutia-se na doutrina acerca da possibilidade ou não da
concessão de antecipação de tutela em ação rescisória, objetivando
suspender a execução da sentença rescindenda.

O Tribunal Superior do Trabalho, embora reconhecesse a


possibilidade da suspensão da execução da sentença
rescindenda, tinha posição firmada no sentido da utilização da
medida cautelar com tal finalidade, e não a antecipação de
tutela, conforme se observa na Súmula 405 do TST e nas
Orientações Jurisprudenciais 76 e 131, da SDI-II/TST.
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Todavia, a Lei 11.280, de 16 de fevereiro de 2006 modificou a


redação do art. 489 do CPC, estabelecendo que: “O ajuizamento da
ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão
rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os
pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou
antecipatória de tutela”.

Logo, com a modificação do art. 489 do CPC, imposta pela Lei


11.280/2006, passou a ser plenamente possível, desde que
preenchidos os pressupostos previstos em lei, a concessão de
antecipação de tutela suspendendo o cumprimento da sentença.
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Recebida regularmente a petição inicial da ação


rescisória, determinará o relator a citação do réu a
fim de que no prazo fixado entre 15 e 30 dias,
apresente sua resposta, contando-se o prazo em
quádruplo quando o reclamado tratar-se de pessoa
jurídica de direito público ou do Ministério
Público do Trabalho.
AÇÃO RESCISÓRIA

Oferecida a resposta pelo demandado, caso os fatos


alegados dependam de prova (em geral, prova
testemunhal), o relator delegará a competência ao juiz da
Vara do Trabalho na localidade onde deva ser produzida,
fixando prazo de 45 a 90 dias para devolução dos autos
(art. 492 do CPC).

Posteriormente, o relator determinará a abertura de prazo


sucessivo de 10 dias para autor e réu ofertarem razões
finais, quando, finalmente serão os autos submetidos a
julgamento pelo tribunal respectivo.
AÇÃO RESCISÓRIA

Estabelece o art. 495 do CPC que o direito de propor ação rescisória


se extingue em dois anos, contados do trânsito em julgado da decisão.

Portanto, transitada em julgado a decisão meritória, o interessado terá


o prazo decadencial (não sujeito à interrupção ou suspensão) de dois
anos para propor a atinente ação rescisória.

Vale mencionar que, evidenciada a colusão das partes, o prazo


decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o
Ministério Público que não interveio no processo principal a partir do
momento em que teve ciência da fraude (Súmula 100 do TST, item
VI).
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A respeito do prazo para ajuizamento da ação


rescisória, cabe destacar a Súmula 100 do TST
e a OJ nº 80 da SDI-II/TST.
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Quando a ação rescisória for julgada originariamente pelo


Tribunal Regional do Trabalho, o apelo cabível em face
do acórdão prolatado é o recurso ordinário, que será
julgado pelo Tribunal Superior do Trabalho (SDI-II ou
SDC, de acordo com a matéria), conforme estabelecido na
Súmula 158 do TST, in verbis:
“Súm. 158 DO TST – AÇÃO RESCISÓRIA –
RECURSO. Da decisão de Tribunal Regional do
Trabalho, em ação rescisória, é cabível recurso
ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em
face da organização judiciária trabalhista. Ex-
prejulgado n. 35”.
AÇÃO RESCISÓRIA

Caso a ação rescisória seja proposta originariamente no


Tribunal Superior do Trabalho, poderá haver a
interposição de embargos e, eventualmente, recurso
extraordinário para o Supremo Tribunal Federal.

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