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DIREITO ROMANO

Alto Império
Baixo Império
História do Direito
Prof.ª Carla Reuter
Alto Império (27 a.C./284 d.C)
 INTRODUÇÃO
 Mário, ditador romano do princípio do século I a.C.,
implementou várias reformas, como a do poder dos
generais de recrutar livremente seus soldados, os
quais passaram a ser fiéis ao general e não a Roma.
 Sila foi ao primeiro a se aproveitar disso, tornando-se
ditador, com o apoio de suas tropas (82 a 79 a.C.).
 Em seguida vários eventos se sucederam, inclusive a
revolta dos escravos, liderados de Spartacus (73
a.C.).
 Em 66 a.C, forma-se um triunvirato: Júlio César,
Pompeu e Crasso.
Alto Império (27 a.C./284 d.C)
 INTRODUÇÃO –continuação
 Crasso morreu em Batalha na Síria. Pompeu e César
entram em desavença. Em 49 d.C., César, contrariando o
Senado, não licenciou suas tropas, atravessou o Rubicão
e invadiu Roma. Pompeu se refugiou, com vários
senadores e outros magistrados na Tessalônica. César o
derrotou na batalha de Farsália. Pompeu escapou para o
Egito, onde o faraó Ptolomeu o matou e entregou sua
cabeça à César.
 Considerando que César queria o título de rei e praticava
uma desastrosa política interna, acabou sendo assinado
em 44 a.C.
 Em 43 a.C. forma-se um segundo triunvirato: Otávio
(filho adotivo de César, Marco Antônio e Lépido).
Alto Império (27 a.C./284 d.C)
 INTRODUÇÃO –continuação
 Após sérias desavenças, Lépido foi exilado e esquecido.
Marco Antônio, sediado no Egito, apaixonou-se por
Cleópatra, entregando-lhe territórios romanos. Otávio
retaliou, com o apoio do Senado e Marco Antônio e
Cleópatra se suicidaram.
 Otávio se tornou ditador. Em 36 a.C., foi-lhe atribuída a
tribunicia potestas (poder de veto e inviolabilidade). Em
29 a.C.recebeu o título de imperator (comandante em
chefe das forças armadas). Em 28 a.C., recebeu o título
de princips senatus; EM 27 a.C., o de augusto,
tornando-se então senhor absoluto em Roma.
Alto Império (27 a.C./284 d.C)
 O Alto Império ou Principado era monarquia mitigada,
pois os próprios romanos não a perceberam de pronto
como o fim da República. Muitos continuaram a
entendê-la como uma república, chefiada por um
ditador. Apenas os mais cultos perceberam, como
Suetônio, que fala em verdadeira monarquia.
 O imperador dividia seus poderes com o Senado, que
tinha ainda algum peso. Por isso, esse período se
denomina DIARQUIA (governo de dois), a qual pouco
a pouco vai se transformando em monarquia.
Organização Política
 A) IMPERADOR: no início significava chefe das armas,
comandante supremo. A palavra Caesar (sobrenome de
Caio Júlio César) acabo sendo usada como título, sendo que
o último imperador da casa Júlia Cláudia a usá-lo foi Nero.
 O imperador era indicado pelo seu antecessor, por adoção
ou não. O exército influía muito em regra e o escolhido era
consagrado pelo voto do Senado e dos comícios, de cujas
mãos recebia sua investidura pela Lex de Imperio.
 Detinha a tribunicia potestas, o pró-consulado (comando
militar de todas as províncias), o direito de declarar a
guerra e celebrar paz, fundar e organizar colônias,
conceder cidadania, convocar o Senado, cunhar moedas,
instituir tributos, administrar, dizer o direito (jurisdição
civil em 2.ª instância e jurisdição criminal).
Organização Política
 B) CONSILIUM PRINCIPIS: para decisões mais sérias, o
imperador consultava esse conselho (estável a partir de
Adriano – 117/138), formado por seus amigos e juristas
eminentes.
 C) FUNCIONÁRIOS IMPERIAIS:
- Legados de César: governavam as províncias imperiais.
- Procuradores de César: arrecadavam tributos nas
províncias imperiais.
- Prefeito Augustal: governador do Egito, instituído por
Otávio.
- Pretores para o pretório: eram dois ou três e
comandavam as tropas imperiais na Itália e Roma. Depois,
foi-lhes atribuída jurisdição criminal na Itália e suas funções
civis passaram a predominar sobre as militares.
Organização Política
 C) FUNCIONÁRIOS IMPERIAIS-cont.:
- Prefeitos para a cidade: função policial e jurisdição
criminal em Roma e em um raio de 100 milhas em torno
de Roma.
- Prefecti annonae: abastecimento de Roma com
jurisdição sobre as causas relacionadas ao abastecimento.
- Prefecti vigilium : policiamento noturno, incêndios e
jurisdição correlata.
- Prefectus aerarii: administração do tesouro público e
jurisdição fiscal.
- Curadores: para funções específicas, como cuidar das
vias públicas(curator viarum publicarum) ou do
abastecimento de água (curator aquarum).
Organização Política
 D) MAGISTRATURAS REPUBLICANAS:
- Consulado: cargo honorífico. Perdeu todos os poderes militares
e civis.
- Pretura: permaneceu com a jurisdição civil na Itália e em Roma
durante o Alto Império. Sob Caracala (211 a 217), desapareceu
a pretura peregrina..
- Censura : deixou de existir sob Domiciano (81 a 96). Seus
poderes passam para o imperador.
- Questura: suas funções foram reduzidas, havendo dois que
secretariavam o príncipe.
- Edilidade curul e da plebe: deixa de existir por volta de 240.
- Tribunato da plebe: título honorífico. Recebe novas funções
administrativas de menor importância (cuidar das sepulturas,
p.ex.).
Organização Política
 E) SENADO: Augusto reduziu o número de senadores para 600,
sendo nomeados pelo imperador, com atribuições eleitorais
(Tibério 14 a 37); administração de províncias senatoriais;
administração do erário (Saturno); legislativas (Nervas 96 a 98).
 F) COMÍCIOS: Sob Otávio perdem sua função de segunda
instância judiciária. Sob Tibério (14 a 37), perdem as funções
eleitorais. A partir de Nerva (96 a 98), perdem as funções
legislativas, passando a votar apenas a Lex de Imperio, por
aclamação popular
 G) ORGANIZAÇÃO DAS PROVÍNCIAS:
- Províncias imperiais: mais numerosas, demandando forças
permanentes;
- Províncias senatoriais – estavam pacificadas. Eram governadas
por um pró-cônsul, auxiliados por legados e um questor.
Fontes do Direito
 A) LEIS COMICIAIS: propostas pelo imperador aos
comícios;
 B) EDITOS DOS MAGISTRADOS: os magistrados
republicanos perderam o ius edicendi (direito de editar). Os
pretores ainda o mantiveram por algumas décadas, mas com
Adriano (117 a 138), este encarregou Sálvio Juliano de fixar e
sistematizar em único texto os editos pretorianos, sendo esta
obra denominada de Edito Perpétuo, por ser imutável. Se
houvesse necessidade de alguma solução que não estivesse
no Edito Perpétuo, o pretor publicava um edito especial
(edictum repentinum – edito extraordinário);
 C) SENATUSCONSULTOS: no império passou a ter força de
lei, sendo fonte direta do direito;
 D) LEGIS DATAE: Tinham caráter administrativo e visavam à
organização de territórios conquistados.
Fontes do Direito
 E) CONTITUIÇÕES IMPERIAIS: leis outorgadas pelo
Imperador, em forma de editos, mandatos, rescritos e decretos.
Editos (caráter administrativo), Mandatos (instruções normativas
aos governadores e funcionários provinciais, Rescritos
(respostas a consultas jurídicas dirigidas ao imperados) e
Decretos (sentenças prolatadas em litígios submetidos ao
Imperador, tanto em primeira quanto em segunda instância;
 F) JURISPRUDÊNCIA: equivalia a nossa doutrina. O
imperador poderia atribuir a certos juristas o chamado ius
respondendi, que conferia a seus pareceres maior força que aos
dos demais. Adriano (117-138) ampliou à obra de alguns
jurisconsultos. Grandes jurisconsultos do Alto Império (séc. II e
III): Sálvio Juliano, Ulpiano, Gaio, Paulo, Papiniano e muitos
outros. Obras que chegaram até nós mais importantes:
Instituições de Gaio, Sentenças de Paulo e Regras de Ulpiano.
Baixo Império (284 d.C./565
d.C.)
 Introdução:
 Foram abolidas de vez as instituições republicanas. Surge, de
fato, uma monarquia absoluta, sem interferência da
auctoritas do Senado.
 O primeiro imperador foi Dioclesiano (284 a 305), sendo
seus principais feitos:
- Estabeleceu a tetrarquia, nomeando dois césares e dois
augustos, que governavam com ele (um augusto para
ocidente com sede em Milão – Maximiano; um césar, em
Trèves - Constâncio Cloro, No Oriente o próprio Dioclecioano
em Nicomédia e um césar em Sérmio, na Panônia, atual
Hungria);
- Dividiu as províncias grandes e agrupou-as em Dioceses;
- Aboliu o processo formular, adotando o extraordinário.
Baixo Império (284 d.C./565
d.C.)
 Introdução – cont.:
 O segundo imperador foi Constantino, filho de
Constâncio Cloro (323 a 337). O período de 305 a 323
foi de lutas intestinas pelo poder. Houve época em que
havia seis pessoas que diziam imperadores, cada qual
com seus partidários. Um deles era Constantino, que
venceu a guerra civil em 323, sendo seus principais
feitos:
- Acaba de direito a tetrarquia e o poder se concentra em
suas mãos;
- Dividiu o império em quatro prefeituras (Oriente, Gália,
Ilíria e Itália.
Baixo Império (284 d.C./565
d.C.)
 Fatos importantes do Baixo Império:
- 313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de
culto aos cristãos.
- 380 – Constituição Cunctos Populus, de Teodósio I (379 a
395. Elevou o catolicismo à religião oficial.
- 395 – Morte de Teodósio I e divisão do império em Oriente e
Ocidente, com dois imperadores, seus filhos: Arcádio no
Oriente e Honório no Ocidente. A unidade jurídica foi
mantida por meio da legislação que era a mesma.
- 476 – Queda do Império Romano do Ocidente. Rômulo
Augusto é derrotado por Odoacro, rei dos hérulos. Alguns
reis bárbaros invasores passaram a ser tratados como
delegados do Imperador do Ocidente (Odoacro, Teodorico e
outros)
Baixo Império (284 d.C./565
d.C.)
 Fatos importantes do Baixo Império - continuação:
- 527 a 565 – Reinado do Imperador Justiniano. Tenta
reunificar o Império e promulga as compilações de leis
e doutrina, conhecidas hoje com o nome de Corpus
Juris Civilis.
- Após a morte de Justiniano, tem início o chamado
período bizantino, que se estende até 1453, ano em
que ocorreu a queda de Constantinopla nas mãos dos
turcos otomanos.
Organização Política
 A) SENADO: continua a existir, mas sem poder;
 B) MAGISTRATIRAS REPUBLICANAS:
- Cônsules: havia em Roma e em Constantinopla. Davam nome
ao ano e exerciam funções honoríficas;
- PRETORES: cargo honorífico. Suas funções judiciais se
transferem ao prefeito da Cidade, prefeito para o Pretório, juízes
menores e ao imperador, a quem cabia apelação;
- TRIBUNOS DA PLEBE: cargo honorífico, desde o Alto Império;
QUESTOR PARA O SACRO PALÁCIO: assessor do imperador;
PREFEITOS PARA O PRETÓRIO: administrava as prefeituras;
- VIGÁRIOS: governavam as Dioceses;
- GOVERNADORES OU PRÓ-CÔNSULES: governavam as
províncias, depois substituídos por magistrados civis ou
militares.
FONTES DO DIREITO
 Costumes, lei escrita, jurisprudência (doutrina). As constituições
imperiais se denominava leges. Para uniformizar a legislação,
um imperador enviava ao outro uma sanção pragmática.
 As compilações particulares de lei dessa época, que podemos
equiparar aos nossos códigos (Saraiva, Forense, RIDEEL, RT e
outras, foram: o Código Gregoriano (291) e o Código
Hermogeniano (295).
 A única compilação oficial foi o Código Teodosiano (438),
contendo as constituições imperiais.
 As mais importantes compilações oficiais de lei e doutrina
foram: Lei das citações , de Teodósio II, no Oriente e
Valentiniano III, no Ocidente (426); e, Compilações de
Justiniano, o qual nomeou dez juristas em 528 para elaborá-la,
ficando pronta em 429, denominando-se Código Novo de
Justiniano, sendo substituído em 534.
FONTES DO DIREITO (cont.)
 As compilações particulares de leis e lei e doutrina mais
importantes foram: Livro Sírio-Romano, destinado à
magistratura e ensino (séc. IV ou V); Fragmenta
Vaticana (séc. IV ou V); Consultatio Veteris Cuiusdam
Iurisconsulti, consultas a certo magistrado antigo (séc.
V); Collatio legum mosaicarum et romanarum , paralelo
entre o direito mosaico e o romano (313 e 438);
Fragmentos do Sinai, comentários a obras
clássicas(séc. V); Catálogo Bizantino das Ações,
provavelmente do imperador Zenon (474/491).
 Em 530, foi nomeada comissão de 16 juristas para
compilar a doutrina. Obras de juristas desde a república
foram consultadas, resultando no Digesto (digerere –
por em ordem) ou Pandectas;
FONTES DO DIREITO (cont.)
 Em 533, nomeou-se comissão de 03 juristas para
elaborar um manual didático para a Escola de Direito
de Constantinopla, resultando nas Instituições de
Justiniano;
 Em 534, formou-se comissão de 05 juristas para
formular um no Código, resultando no Código Novo;
 Justiniano ainda editou novas Constituições (de 534 a
565), resultando nas Novelas, Autênticas ou Plácidas;
 Foi, porém, no séc. XVI que o jurisconsulto francês
Denis Godefroy reuniu todas essas compilações em um
só volume – Corpus Iuris Civilis, com primeira edição
em 1583 e segunda em 1604.

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