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14/2/2011
Revisado em 31/3/2011
Em primeiro lugar, para o Templo ser reconstruído, seria necessário Israel voltar a
existir como uma nação, o que ocorreu em 1948. Em segundo lugar, seria necessário a
reconquista da cidade de Jerusalém, o que também já aconteceu, em 1967. Em terceiro
lugar, seria necessário ainda que todos os utensílios do Templo fossem restaurados. E
isso já está acontecendo. Ou melhor, os utensílios já estão praticamente concluídos.
A primeira vez que o assunto reconstrução do Templo chamou a atenção da mídia
mundial foi em 1989, quando a revista norte americana Time, em sua edição de 16 de
Outubro de 1989, cuja matéria de cara era intitulada "Time for a New Temple? ("Tempo
para um Novo Templo?"), apontava o desejo crescente entre os judeus ortodoxos em
Israel de ver o Templo de pé mais uma vez. Por essa época, dava seus primeiros passos
o chamado Instituto do Templo.
O objetivo dos judeus ortodoxos ligados ao Instituto é clonar a novilha vermelha a partir
dos restos que eventualmente possam ser encontrados para que, após a reconstrução do
Templo, os sacerdotes já estejam ritualmente prontos para servir. Ou seja, até os
avanços recentes na área de genética favoreceram os planos e a fé daqueles que têm se
dedicado à reconstrução, e que, inclusive, já elaboraram uma lista de judeus que são
provavelmente descendentes de Levi, conforme estudo meticuloso da árvore
genealógica de milhares de judeus, para exercerem a função de sacerdotes. Muitos deles
já estão de sobreaviso e totalmente integrados ao projeto.
O grupo dos Fiéis do Monte do Templo é liderado pelo rabino Gershon Salomon, que já
afirmou em entrevista ao arqueólogo norte-americano e cristão Randall Price (autor de
Arqueologia Bíblica, CPAD) nos anos 90 o que se segue: "Creio que a reconstrução do
Templo é a vontade de Deus. O Domo da Rocha deve ser retirado. Devemos, como
sabem, removê-lo. E hoje temos todo o equipamento para fazer isso, pedra por pedra,
cuidadosamente, embalando-o e enviando-o de volta para Meca, o lugar de onde veio.
(...) No dia certo - creio que em breve - essa pedra [de esquina] será colocada no
Monte Templo, trabalhada e polida. Será a primeira pedra para o terceiro Templo. A
pedra não está longe do Monte Templo, mas bem perto das muralhas da Cidade Velha
de Jerusalém, perto da Porta de Shechem. Dessa pedra se pode ver o Monte Templo.
Mas, o dia está próximo em que essa pedra estará no lugar certo. Pode ser hoje ou
amanhã, mas estamos bem pertos da hora certa".
Outro grupo é o Ateret Cohanim, que fundou uma yeshiva (escola religiosa) para a
educação e o treinamento dos sacerdotes do Templo. O objetivo dessa organização
judaica liderada por rabinos é pesquisar os regulamentos levíticos e treiná-los para um
sacerdócio futuro no terceiro Templo.
Enquanto isso, todos os dias, três vezes ao dia, judeus ortodoxos oram diante do Muro
das Lamentações pedindo a Deus para que o Templo seja reconstruído. Dizem as
preces, quase em uníssono: "Que a Tua vontade seja a rápida reconstrução do Templo
em nossos dias....".
O respeitado rabino Chaim Richman, diretor internacional do Instituto do
Templo, é apontado como o mais provável a assumir a função de sumo sacerdote
logo após a reconstrução; ele também liderará o Sinédrio, cujo lista de futuros
membros, preparada por rabinos, já está pronta
Oposição Palestina
Adnan Husseini, conselheiro do presidente palestino Mahmoud Abbas em questões
relativas a Jerusalém, critica a existência do Instituto do Templo e seu projeto, que
denomina "provocação". "Se eles falam de construir o Templo, o que isso significa?
Significa destruir mesquitas islâmicas. E se eles o fizerem, ganharão 1,5 milhão de
inimigos. É o desejo de Deus que esse seja um local de adoração islâmico e eles devem
respeitar isso", afirma Husseini.
Em resposta, os rabinos do Instituto do Templo declaram que não têm projetos nenhum
de destruição das mesquitas até porque a maioria dos rabinos ortodoxos crê, à luz das
profecias da Bíblia hebraica, que a reconstrução do Templo será um ato do próprio
Deus, ato este que só será realizado, afirmam, "quando chegar o tempo em que o Senhor
achar os judeus merecedores do Templo mais uma vez". Eles destacam ainda que os
preparativos são apenas uma demonstração de fé nas profecias.
Entretanto, apesar de não haver mesmo por parte do Instituto do Templo nenhum
planejamento em andamento para a destruição das mesquitas que se encontram hoje no
Monte do Templo, o rabino Chaim Richman, diretor internacional do Instituto (e forte
candidato a assumir a função de sumo sacerdote do Templo), e que já foi entrevistado
do jornal Mensageiro da Paz há alguns anos, declarou em dezembro de 2007 que a
tarefa do Instituto nos próximos anos será "completar o projeto arquitetônico para o
terceiro Templo, incluindo as projeções dos custos e os esquemas e detalhes das partes
elétricas e das canalizações", informação publicada nos jornais israelenses e que deixou
os palestinos irados.
Para esquentar mais o clima, em outubro deste ano, o Comitê para a Monitoração Árabe
acusou Israel de estar fazendo escavações arqueológicas por baixo do Monte Templo, o
que os israelenses negam. "Essas acusações são uma perfeita mentira. Alegar que os
judeus andam escavando por baixo do Monte do Templo é como dizer que o dia é
noite", afirmou o rabino Shamuel Rabinovitz, responsável por cuidar do Muro das
Lamentações. Seja como for, uma pesquisa recente mostrou que 64% dos judeus
israelenses desejam, contanto que seja possível, ver o Templo reconstruído.
Seja verdadeira ou não a denúncia das escavações, certo é que a conclusão dos
preparativos para a reconstrução demonstram que a restauração dos rituais do Templo
no final dos tempos, conforme as profecias bíblicas asseveram, não está longe da sua
concretização. Muito ao contrário. É uma questão de tempo. E, ao que tudo indica,
muito pouco tempo.