Programa de Participação dos Empregados nos Lucros da Empresa
O Programa de Participação dos Empregados nos Lucros e Resultados da
empresa, conhecida por PLR, é um direito previsto na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso, XI, e foi regulamentado pela Lei Ordinária nº 10.101/2000. Antes da regulamentação, muito se discutiu acerca da aplicação deste dispositivo constitucional. Para alguns autores, a norma era meramente programática, não sendo, portanto, auto-aplicável. Para outros autores, o direito à participação nos lucros, desvinculado da remuneração, já era auto-aplicável desde a Constituição de 1988. Após a promulgação da Constituição de 1988 foram editadas várias medidas provisórias que não se transformaram em leis. A primeira medida provisória que regulamentou a matéria foi a de nº 194 de 1994. Após esta Medida Provisória, foram editadas várias medidas sobre o assunto, com poucas alterações. A lei nº 10.101 de 2000 pôs fim à discussão acerca da aplicação do dispositivo constitucional, pois passou a regulamentar a participação do trabalhador nos lucros ou resultados da empresa. Após essa Lei, a participação nos lucros ou resultados passou a ser obrigatória, pois consiste em um direito previsto na Constituição. Na tentativa de definir a natureza jurídica desta forma de participação, surgiram três teorias, a primeira atribuía-lhe natureza salarial, a segunda considerava-lhe contrato de sociedade e a terceira entendia que se tratava de uma figura que representaria uma forma de transição entre o contrato de trabalho e o contrato de sociedade. A doutrina, influenciada pelo artigo 457 da CLT, posicionou-se pela natureza jurídica salarial da participação mencionada. A jurisprudência também defendia a natureza salarial, dando ensejo à Súmula 251 do TST que tinha a seguinte redação: “A participação nos lucros da empresa, habitualmente paga, tem natureza salarial, para todos os efeitos legais.” A Súmula 251 do TST foi cancelada pela Resolução nº 33, de 27 de julho de 1994, do TST, em razão de a CF/88, que, em seu artigo 7º, inciso XI determinou que a participação nos lucros ou resultados, é desvinculada da remuneração, e com a regulamentação, indiscutivelmente, sua natureza jurídica não é salarial, dispôs sobre a periodicidade do pagamento, que não poderá ser inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano; atribuiu tratamento diferenciado às empresas estatais e entidades sem fins lucrativos e estabeleceu os mecanismos de resolução de conflitos: a mediação e a arbitragem de ofertas finais. No art. 2º da Lei 10.101/2000, prevê que a Participação dos Empregados nos Lucros e/ou Resultados da Empresa deve ser objeto de Negociação Coletiva, com a participação de representante do Sindicato Profissional, Comissão de Empregados e Empresa, ou através de Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo. Sem esta Negociação não há Participação, agora uma questão relevante, se a Participação é um direito Constitucional, tão igual quanto ao direito Constitucional ao Salário mínimo, se na falta de interesse de qualquer dos entes acima mencionado em realizar esta negociação, como ficaria o direito então? Quando há impasse nas Negociações, o art 4º da Lei dispõe que as partes poderão utilizar-se da mediação ou arbitragem como mecanismos de solução de conflitos. Os resultados das empresas que aplicaram o programa de participação nos lucros ou resultados possibilitam a constatação de seus efeitos positivos. As vantagens verificadas no desempenho da empresa referem-se à maior eficiência, maior capacidade de crescimento, maior integração do empregado e estímulo à produtividade. O PLR é instrumento muito interessante para ambas às partes. Para o empregador, é maneira de aliviar a carga tributária, seja porque tem incentivo fiscal (dedução como despesa operacional), seja por não incidir, na espécie, qualquer encargo trabalhista. E também melhores lucros e resultados, uma vez que o empregado se dará ao máximo para cumprir todas as metas expostas no Acordo ou Convenção Coletiva e receber o valor máximo. Para o empregado, trata-se de excelente incentivo monetário e de disciplina, uma vez que evitará o absenteísmo e cumprirá as mesmas metas expostas. Se o instituto for aplicado corretamente, não há razão para temer que seja considerado nulo e, portanto, sujeito a encargos. O problema é que, sindicatos e empresas, não mostraram, até aqui, grande interesse pelo instituto.