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1. Introdução.
Depois que Osama Bin Laden morreu, um fato surpreendente veio a tona. As tropas
americanas descobriram um estoque de pornografia na casa de Osama Bin Laden, isso
mesmo, na casa do homem que criticava os Estados Unidos pela forma sensual que
tratava as mulheres na TV. O material pornográfico de Bin Laden estava em pendrives
onde haviam e-mails trocados com membros da Al Qaeda, assim como pornografia. Os
serviços de inteligência dos EUA e a mídia de todo mundo continuam muito
interessados em saber como Osama passou seus últimos anos de vida, desde o ataque de
11 setembro de 2001 até a sua morte no dia 1º de maio deste ano.
Talvez nunca saberemos se realmente Bin Laden assistiu a esses vídeos pornográficos.
Mas não é intrigante saber que um homem que fez o que fez por causa de um
“moralismo” islâmico talvez na vida particular tenha sido um consumidor justamente
daquilo que ele mais atacava? Meus irmãos, esse não é um privilégio só dele.
1
Pregado no MEP dia 05 de junho de 2011.
1. Moralistas e Hipócritas.
“Portanto você que julga os outros é indesculpável, porque quando você julga o outro,
está condenando a si mesmo pois você faz justamente aquilo que condena.” (vr. 1)
Sempre que pensamos que somos os mais especiais, os únicos, os escolhidos, corremos
o risco de nos tornarmos intolerantes, orgulhosos e prepotentes. Começamos a julgar os
outros de acordo com os nossos próprios padrões desprezando as pessoas que não vivem
de acordo com aquilo que achamos o “certo”. Essa era exatamente a relação que os
judeus da época de Jesus e Paulo tinham com aqueles que não eram judeus, ou seja, os
gentios.
Os judeus tinham rígidas regras de conduta, vestimenta, alimentação, religião. Esse era
o padrão de vida, que para Eles, era a vontade do próprio Deus. Quando eles viam os
gentios romanos, gregos e as demais pessoas das mais variadas etnias e nacionalidades,
os judeus os desprezavam e os condenavam, os julgavam e criticavam. Para eles, o mais
importante era que eles estivessem juntos de Deus, o resto era simplesmente o resto.
Esse exclusivismo que eles achavam que os aproximava mais de Deus, na verdade, os
tornava mais e mais distantes do Senhor.
Não há atitude mais hipócrita do que criticar os outros, como se somente os outros
estivessem errados e eu sempre certo. Nós temos a estranha tendência de criticarmos
todas as pessoas exceto a nós mesmos2. Fazemos isso numa tentativa de nos auto-
afirmarmos, nos auto-defendermos, projetando sobre os outros as nossas próprias falhas
e limitações. “Criticar os outros é uma forma bem conhecida de ignorar os próprios
crimes e erros”3. Porém, quando temos um encontro real com o Senhor Jesus, ele nos
confronta diretamente: “portanto, VOCÊ que julga, é indesculpável” (vr. 1a)
Quando julgamos, nos expomos ao julgamento de Deus, nós mesmos nos colocamos em
uma rua-sem-saída. Nos tornamos indesculpáveis sabe por quê? Porque sempre aquilo
que eu julgo no outro encontro também em mim mesmo, sempre tentamos resolver o
problema do outro quando nós também estamos as vezes com os mesmos problemas!
Esse versículo combina muito com o que Jesus disse em Mt 7:1ss: “não bombardeiem
de criticas as pessoas quando elas cometem um erro, a menos que queriam receber o
mesmo tratamento. O espírito critico é como um bumerangue. É fácil ver uma mancha
no rosto do próximo e esquecer-se do feio riso de escárnio do próprio rosto. Vocês tem
2
Cf. Sttot, pág. 90.
3
Cf. Peterson in A Mensagem, pág. 1591.
um cinismo de dizer: “deixe-me limpar o seu rosto”, quando o rosto de vocês está
distorcido pelo desprezo? Isso também é teatro, é fazer o jogo do “sou mais santo que
você”, em vez de simplesmente viver a vida. Tire o cinismo do rosto e, então, você
poderá oferecer uma toalha ao seu próximo, para que também ele limpe o rosto” (Mt
7:1~5 A Mensagem).
Muitos judeus se tornaram moralistas: para eles, apenas o seu jeito de ser era o correto e
o aceitável. Eles se tornaram hipócritas, críticos, porque enquanto eles julgavam e
condenavam as pessoas, estavam justamente fazendo as mesmas coisas: era o caso dos
fariseus, por exemplo. É como ensinar uma criança a não mentir: qual é o problema
aqui? É que você também mente. Quando você diz à criança: “não minta porque é feio”,
você está dizendo a você mesmo: “eu sou feio porque minto”, “porque quando você
julga o outro, está condenando a si mesmo pois você faz justamente aquilo que
condena” (vr. 1b).
“E você que julga os que praticam essas coisas mas faz o mesmo, pensa que poderá
escapar do julgamento de Deus?” (vr. 3).
Essa pergunta é muito séria. Paulo a fez justamente para o “povo de Deus”. Vocês
acham mesmo que Deus não vai julgar vocês só porque vocês pensam que vivem da
maneira correta, quando, na verdade, são iguais a todas as pessoas às quais vocês
mesmos condenam?
Qual é a diferença entre você que está aqui hoje sentado na cadeira de uma igreja,
ouvindo a mensagem do Evangelho, daquele que está no mundo agora se divertindo e
curtindo a vida sem Deus? Todos somos pecadores: isso nos iguala. Talvez nós sejamos
diferentes nesse ponto: sabemos que somos pecadores e que precisamos de Deus.
Deus não suporta hipocrisia. É fazermos antes de sermos. É aparentar algo que não
somos, é dizer aquilo que não praticamos... e quem de nós podemos escapar disso?
Todos nós somos hipócritas. Quando Jesus se dirigiu aos fariseus com palavras ríspidas
e duras, Jesus não estava descontando sua raiva nele, mas sim, se posicionando
radicalmente contra a hipocrisia que inumdava seus corações.
Sim! Não podemos escapar do julgamento de Deus. Quero que você entenda isso hoje:
ninguém tem a condição moral suficiente de se “safar” do juízo de Deus. Desde que
somos concebidos já nascemos sentados no banco dos réus.
“Sabemos que o julgamento de Deus é segundo a verdade sobre aqueles que fazem
essas coisas.” (vr. 2). Deus é o justo juiz. O que pauta seu julgamento é essencialmente
diferente daquilo que pauta o nosso julgamento: a verdade. Nós rotulamos uma pessoa
por aquilo que vemos exteriormente, mas Deus conhece o coração, ou seja, Deus
conhece todo o ser da pessoa, pois afinal, foi Ele que nos criou. Confrontados com a
Verdade de Deus, o moralismo dos judeus era hipocrisia. Confrontados com a mesma
Verdade, nós descobrimos que somos os melhores atores cristãos sobre a face da terra,
porque tentamos ser aquilo que muitas vezes não somos, que é um verdadeiro cristão.
“ou você despreza a riqueza de sua bondade, a tolerância e a paciência, ignorando que
o juízo de Deus te conduz ao arrependimento?” (vr. 4)
Uma mulher adultera pega m flagrante foi trazia para Jesus. As pessoas diziam: “mestre,
na Lei de Moisés está escrito que essa mulher deve ser morta, o que o Senhor tem a
dizer sobre isso?”. Jesus não diz nada, agacha-se e começa a escrever no chão... que
mistério: o que Jesus teria escrito naquele chão? Com a voz mais serena, imagino eu,
Jesus diz poucas palavras: “se você nunca pecou, atire a primeira pedra”. Um a um as
pedras iam caindo no chão: todos sabiam que eram pecadores. A mulher aflita já estava
com os olhos fechados preparando para morrer lapidada. Quando ela abre os olhos, na
sua frente apenas Jesus. Com a maior ternura do mundo, Jesus pergunta: “onde estão os
seus acusadores? Veja, ninguém mais está te condenando”. A mulher olha em seu
redor: ninguém. NINGUÉM! “Filha, eu também não te condeno: vai e não peque
mais”4. O que mais Jesus deseja não é te condenar, embora Ele tenha toda a prerrogativa
para isso. Não! Jesus quer mesmo é que você se arrependa.
O que Paulo está nos sinalizando é que esse túnel tenebroso da nossa essência
pecaminosa, do nosso vício de sempre acharmos defeito nos outros e nunca em nós
mesmos, de tentar tirar a poeirinha do olho do irmão, enquanto uma trave está nos
nossos (Mt 7:3), tem uma saída: Jesus Cristo!
Deus fez uma escolha na eternidade: dar uma chance a pecadores já condenados à
destruição. Essa chance tem nome, rosto e corpo: Jesus Cristo. Ele é a personificação da
riqueza da bondade de Deus que concede misericórdia a todos nós que não merecemos.
Mesmo tendo a possibilidade e o direito de ter destruído tudo já com o dilúvio de Noé,
Deus é tolerante e paciente, esperando que todos atendam o chamado e o convite de
salvação de Cristo.
Meus irmãos, só há uma maneira de vencermos a hipocrisia que reina em nossas vidas:
admitir que não somos lá essas coisas, colocar aos pés de Cristo aquilo que realmente
somos: pecadores, carentes da graça, para que em fim, Ele transforme nossa existência.
Precisamos nos arrepender. O arrependimento é o remédio de Deus para a nossa
hipocrisia e para a nossa síndrome de “santo-juiz-de-Deus”.
4
Cf. narrado em Jo 8:1~11.
olhe para o tamanho do buraco do seu coração, e corra para os braços do Senhor Jesus
em arrependimento, porque Ele é bondoso para te perdoar e transformar.
Conclusão.
É muito fácil criticar os outros, porém, é muito difícil criticarmos a nós mesmos. Julgar,
rotular e condenar outras pessoas já faz parte da nossa natureza pecaminosa, porém,
enxergarmos para os nossos próprios defeitos e recorrermos à graça de Deus já é o
Espírito Santo agindo em nossas vidas.
Talvez agora você tenham se comportado como um judeu moralista: apto a criticar, mas
incapaz de perceber que se você aponta um dedo contra o outro, como dizia Santo
Agostinho, 4 dedos estão apontando para você. Nosso juízo das coisas é tão distorcido
quando à nossa própria natureza pecaminosa. Precisamos urgentemente olharmos para o
juízo perfeito e verdadeiro de Deus que não está disposto a apenas nos castigar, mas sim,
dar primeiro a oportunidade de nos arrependermos.
Jesus Cristo é bom!! O seu amor é eterno. Ele deseja que todos nós voltemos do
caminho de nossa hipocrisia andar no caminho da santidade.