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LISTA DE ABREVIATURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . i
LISTA DE FIGURAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii
LISTA DOS ANEXOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
RESUMO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . vii
ABSTRACT. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . viii
1- INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2- REVISÃO DE LITERATURA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.1- O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) . . . . . . . . . . . . 3
2.2- Aspectos reprodutivos dos cervídeos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3- Ciclo de chifres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3- MATERIAL E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1- Área de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2- Captura e marcação dos machos de vida livre . . . . . . . . . . . . . 18
3.3- Seleção de machos de cativeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4- Monitoramento e análises das trocas de chifres. . . . . . . . . . . . 21
3.5- Estação reprodutiva e associações espécie-específica .. . . . . 24
3.6- Influência do fotoperíodo e condições meteorológicas . . . . . . 27
3.7- Relações referentes ao uso do espaço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.1- As trocas de chifres. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.2- Associações observadas e estação reprodutiva . . . . . . . . . . . 42
4.3- Fotoperíodo e condições meteorológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.4- Uso do espaço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5- CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
6- CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PERDAS DE INDIVÍDUOS. . . . . . . . . . . . . 66
7- APÊNDICE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
i
LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE FIGURAS
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monitoramento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
09. Distribuição das freqüências mensais das fases do ciclo do chifre dos
cervos-do-pantanal amostrados em vida livre e cativeiro. Na legenda
temos: Qd - quedas, Ve - velame e Gp - Galhada plena. . . . . . . . . . . . 38
sobrevôos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
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Keywords: Cervids, reproduction, telemetry, antler cycle, social group, use of space.
1
1 INTRODUÇÃO
Objetivamos:
2 REVISÃO DE LITERATURA
assume uma tonalidade branca (PINDER & GROSSE, 1991; DUARTE, 1996). A
espécie possui glândulas aos pares, na região pré-orbital, que é bastante larga, bem
como na região tarsal, patas e semelhantemente ao veado-campeiro, também possuem
a glândula vestibular nasal (GEIST, 1999).
Quanto à estratégia de forrageio, o cervo-do-pantanal é considerado um
“browser”, ou seja, um pastador-podador. É bastante seletivos quanto a sua dieta que
predominantemente é composta por plantas palustres, macrófitas de folha larga e
brotos de diversas plantas, especialmente leguminosas (HOFMANN et al., 1976;
SCHALLER, 1983; TOMAS & SALIS, 2000; LEMES et al., 2003).
O cervo-do-pantanal é um animal morfologicamente adaptado aos ambientes
alagáveis, possui uma membrana interdigital que favorece o seu sustento nos
ambientes pantanosos (NOWAK, 1991; PINDER, 1996; TOMAS et al., 1997; WEMMER,
1998). Esta membrana favorece sua natação, cervos-do-pantanal monitorados
realizaram consideráveis travessias entre margens opostas do rio Paraná (PIOVEZAN
et al. 2001a,b).
O ambiente natural do cervo-do-pantanal compreende os pantanais ribeirinhos,
várzeas, varjões, brejos, planícies naturalmente inundáveis e áreas pantanosas
(AZARA, 1802; MIRANDA RIBEIRO, 1919; CABRERA, 1961; MAGALHÃES, 1939). As
várzeas compreendem as planícies de inundação formadas por alguns rios com
topografia específica. Ocorrem geralmente com rios onde formam em suas margens
diques de deposição seguidos pelas planícies de inundação, denominadas várzeas,
que são áreas marginais e baixas que apresentam oscilações do nível das águas
conforme as cheias naturais. As várzeas constituem áreas de transição entre o
ecossistema terrestre e água doce. Nestes ambientes a diversidade biológica costuma
ser maior em relação aos ecossistemas que as compõem, devido ao resultado que esta
região tem ao acolhimento da fauna e flora de ambos ecossistemas (PITELLI, 1995).
O cervo-do-pantanal possui preferência por habitat relacionado à profundidade
das áreas de várzea (MAURO et al.,1995), a espécie apresenta alta correlação inclusive
sobre baceiros, que constituem ilhas flutuantes de ciperáceas e plantas aquáticas, cujas
raízes se entrelaçam densamente (SILVA et. al., 2000). Segundo TOMAS et al. (1997) a
preferência desta espécie pela lâmina d'água varia entre 20 e 60 cm. Conforme as
cheias os cervos podem migrar em busca de áreas mais distantes do rio, para as
planícies de sedimentação mais antigas, localizadas alguns metros mais altas. Este
5
comportamento pode fazer com que os cervos possuam dois núcleos de atividades em
sua área de moradia (PIOVEZAN et al., 2001b). No Pantanal brasileiro, devido às
extensas áreas inundáveis a população de cervos pode sofrer migrações. Na região do
rio Negro foi evidenciada uma migração de até 20 km entre as áreas mais baixas e as
áreas utilizadas no pico das cheias (TOMAS, 1992) e o dobro desta distância foi
evidenciado na região de Poconé, com migração sazonal de até 40 km ao longo do ano
(SCHALLER & VASCONCELOS, 1978).
O cervo-do-pantanal distribuía-se originalmente desde o sul do rio Amazonas ao
norte da Argentina, porém, com a redução e fragmentação das populações, a sua
distribuição atualmente constitui-se em sua maioria por populações residuais
(SCHALLER & VASCONCELOS, 1978; PINDER & GROSSE, 1991; TOMAS et al.,
1997). Atualmente a estimativa de sua distribuição global foi reduzida em 65% (WEBER
& GONZALEZ, 2003).
A espécie desapareceu de grande parte de sua área de ocorrência na Argentina,
compreendendo seus principais refúgios neste país os esteros de Ibera (em Corrientes)
e o delta do Paraná, em Buenos Aires e Entre Ríos. No Paraguai é encontrado em Islã
Yaciretá, Esteros del Ñeembucú, lago Ypoá, lago Vera, estero Patiño e rio Paraguay.
No Peru a única população existente é bastante pequena contando com menos de 30
indivíduos, localizados no sudeste no Departamento de Madre de Dios em Pampas
Heath. Na Bolívia distribui-se de forma dispersa e em baixa densidade nos
Departamentos de Santa Cruz, Cochabamba, Beni e Pando. (PINDER & GROSSE,
1991; TOMAS et al., 1997; D’ALESSIO et al., 2001). No Uruguai está extinto desde o
último registro em 1958 (GONZALEZ, 1994).
No Brasil as maiores concentrações atuais de cervos-do-pantanal são
observadas no Pantanal brasileiro (estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), na
região da Ilha do Bananal, no rio Araguaia (Mato Grosso e Tocantins), no rio Guaporé
(Rondônia) e nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, pelas várzeas
remanescentes do rio Paraná (PINDER & GROSSE, 1991; TOMAS et al., 1997). No Rio
Grande do Sul, VOSS et al. (1981) constataram a presença de um grupo com cerca de
oito animais, mas segundo TOMAS (1992) atualmente esta população pode estar
extinta. A espécie também parece estar extinta nos estados do Maranhão, Piauí e
Bahia, além de se encontrar em vias de extinção nos estados de Goiás, Minas Gerais,
Paraná e São Paulo (TOMAS et al., 1997).
6
Na maioria dos cervídeos, as fêmeas são poliéstricas com exceção para Cervus
duvauceli e Capreolus capreolus que se apresentam como espécies monoéstricas.
Geralmente nasce apenas um filhote por gestação e a ocorrência de partos gemelares
ocorre em taxas muito baixas nas populações (SADLEIR, 1987). Um caso interessante
ocorre com o Hydropodes inermis que diferentemente das demais espécies,
apresentam o nascimento de dois ou três filhotes por parto com relativa freqüência.
(WHITEHEAD, 1993). Uma estacionalidade é observada com relação à reprodução das
espécies naturais de regiões temperadas. Dentre os indicadores ambientais, o
fotoperíodo atua como o principal intermediador do ciclo reprodutivo. (FRÄDRICH, 1987
e PUTMAN, 1988). Veados europeus mantidos em zoológicos na Europa se
reproduzem e concentram seus nascimentos na mesma época que os relativos de vida
livre, portanto, uma alimentação ótima ao longo do ano, não exerce efeito sobre a
sazonalidade reprodutiva destes animais (FRÄDRICH, 1987).
Machos de regiões temperadas, também possuem uma influência do fotoperíodo
sobre o ciclo de chifres. Os efeitos do fotoperíodo sobre a reprodução são mediados
pela melatonina, secretada pela glândula pineal, que influência o eixo hipotálamo-
hipófise-gonadal e conseqüentemente a esteroidogenese e espermatogênese. Picos de
melatonina são observados ao longo do período de dias curtos, pois este hormônio é
secretado durante o período noturno. (BUBENIK et al., 1982; LOUNDON & CURLEWIS,
1988; ASHER et al., 1989; SEMPÉRÉ et al., 1992; MONFORT et. al., 1993). Segundo
LINCOLN et. al. (1984) a estação reprodutiva das espécies que naturalmente ocorrem
no outono pode ser adiantada para o verão, mediante o uso de implantes de melatonina
subcutânea, que simulam nesta época a resposta fisiológica que normalmente
aconteceria somente no outono com a diminuição natural do comprimento dos dias.
Administrações estratégicas de melatonina exógena podem constituir vantagens
comerciais para fazendas de criação de cervídeos, pois favorecem o sincronismo entre
a alta demanda energética da lactação com a fase da primavera, quando a qualidade
de pastagens são melhores do que as do verão (ASHER et al., 1993).
Segundo BUBENIK & BUBENIK (1987), os andrógenos são os mais importantes
hormônios envolvidos no desenvolvimento e mineralização dos chifres, portanto, a
influência do fotoperíodo e consequentemente da melatonina sobre os pulsos das
gonadotrofinas desencadeia uma forte regência na sazonalidade do ciclo de chifres.
9
et al. (2001) sugeriram essa mesma época para a estação reprodutiva dos animais de
Porto Primavera.
Quanto ao comportamento social, o cervo-do-pantanal não é observado em
formação de grupos numerosos, para esta espécie, os indivíduos são encontrados
predominantemente solitários. Ocasionalmente observa-se agrupamento de dois a três
indivíduos, na maioria constituídos por fêmea e seu filhote sendo esta formação não
obedecida por uma sazonalidade, ao contrário dos cervídeos que apresentam o período
reprodutivo bem definido (SCHALLER & VASCONCELOS, 1978, TOMAS et al., 1997).
Na região de Porto Primavera, o tamanho típico de grupo, mostrou uma maior tendência
de agrupamento em torno das fêmeas do que em relação aos machos ou jovens, com
2,18 indivíduos por grupo para fêmeas, 1,86 para machos e 1,58 para jovens (SOUZA
et al., 2003).
Machos de cervídeos, naturais de clima tropical, diferentemente das espécies de
clima temperado, não possuem uma estação reprodutiva fixa e desse modo, tendem a
não trocar de chifres em uma determinada época do ano (NOWAK, 1991). A espécie
Muntiacus reveesi, original da China, mantém a fertilidade ao longo das diferentes
épocas ano (CHAPMAN, 1991), o mesmo ocorre para as espécies Axis axis, Axis
porcinus, Cervus timorenis e as espécies sul-americanas, Mazama gouazoubira, bem
como, para Ozotoceros bezoarticus e cervo-do-pantanal (FRÄDRICH, 1987). Apesar
destas espécies serem mantidas sob aclimatação térmica para resistirem às
intempéries climáticas da Europa, como cita FRÄDRICH (1987), esta observação no
que diz respeito às espécies sul-americanas foram confirmadas por DUARTE &
GARCIA (1995), que afirmam uma fertilidade presente ao longo de todo ano.
Apesar disso, uma queda dos níveis de testosterona foi detectado em
Ozotoceros bezoarticus sobretudo no mês de abril, momento que coincide com a época
de queda dos chifres (PEREIRA, 2002). Do ponto de vista endócrino o cervo-do-
pantanal também apresenta alta correlação entre níveis séricos de testosterona e os
parâmetros de desenvolvimento corporal, das características sexuais secundárias e
evidente correlação hormonal com as etapas relacionadas às fases de desenvolvimento
dos chifres (GARCIA et al. 2001).
11
sendo rápido o processo de coagulação, que logo forma uma casca protetora do
pedículo. (FOWLER, 1993; WHITEHEAD, 1993). O desenvolvimento dos novos chifres
inicia-se com a formação de um tegumento vascularizado, denominado velame, que
promove um prolongamento conferindo orientação para o formato da nova galhada. A
responsabilidade pela deposição mineral na matriz óssea do novo chifre é de
responsabilidade do velame e de seus numerosos vasos sanguíneos (PUTMAN, 1988;
LINCOLN, 1992). O tamanho, formato e ciclo de troca dos chifres dependem dos
padrões pré-determinados geneticamente para cada espécie, dos fatores ambientais
como fotoperíodo, oferta de alimentos e em especial, da influência da testosterona
(FOWLER, 1993).
O período de desenvolvimento dos chifres pode variar dependendo da idade e
tamanho do animal, mas em média são necessárias 16 semanas para se completar.
Qualquer injúria durante a fase de velame acaba lesando uma ou mais artérias o que
leva a uma hemorragia temporária que imediatamente se coagula. No entanto
dependendo da gravidade do trauma, o crescimento dos chifres podem ser
completamente comprometido (FOWLER, 1993; WHITEHEAD, 1993).
Quando os chifres completam o desenvolvimento, uma coroa óssea é formada
na altura da base, justamente na junção com o pedículo. Aparentemente, essa
formação promove uma constrição dos vasos sanguíneos que interrompe a irrigação do
velame e consequentemente do crescimento dos chifres, o velame então seca e
começa a descascar, até expor por completamente a matriz óssea e dura dos chifres
completamente desenvolvidos (WHITEHEAD 1993).
A galhada quando plenamente desenvolvida não apresenta sensibilidade, no
entanto, durante o descasque, parece existir uma certa irritação por parte do animal que
busca se desvencilhar dos restos do velame mediante o raspar dos chifres de encontro
às árvores. Para facilitar o descasque do velame de animais mantidos em sistema de
cativeiro é recomendado que se providencie tronco de pinos “plantados” verticalmente
no interior das baias dos machos (FRÄDRICH, 1987).
A retenção da galhada persiste até o próximo início de ciclo. A queda ocorre
devido a um processo de reabsorção óssea que se estabelece entre a base do chifre e
o tecido pedículo vivo. Os chifres podem cair devido ao seu próprio peso ou ainda,
devido ao contato contra obstáculos, normalmente ambos os chifres costumam cair em
um mesmo dia (WHITEHEAD, 1993).
13
al., 1993).
Em pesquisa realizada com Axis axis, animal de clima tropical, LOUDON E
CURLEWIS (1988) concluíram que o ciclo de chifres também apresenta ligação com as
variações do diâmetro testicular, peso corporal, circunferência do pescoço e nível de
testosterona circulante. Para esta espécie, não foi observado haver controle do
fotoperíodo sobre os ciclos testiculares e de troca dos chifres.
Segundo FRÄDRICH (1987), os machos de clima tropical possuem um ciclo
individual de chifres. Este autor observou um macho de 8 anos de M. gouazoubira
retendo os chifres por 32 meses e um cervo-do-pantanal adulto, com excelente saúde,
retendo a galhada ao longo de 21 meses. Estas espécies, bem como o Muntiacus e
Ozotoceros bezoarticus podem se reproduzir com sucesso mesmo durante a fase de
velame.
Os veados-catingueiros não apresentam padrão anual de troca de chifres
(DUARTE & GARCIA, 1995; PINDER, 1992; PINDER & LEEUWENBERGER, 1997;
BARROZO, 2001). Outras espécies do gênero Mazama são menos estudadas, mas de
uma maneira geral não apresentam ciclos sazonais (EISENBERG & REDFORD, 1999).
O cervídeo brasileiro melhor estudado, compreende a espécie Ozotoceros bezoarticus
popularmente conhecida como veado-campeiro, em parte devido às características de
seus ambientes, áreas abertas, que facilitam a sua visualização e o seu estudo. Esta
espécie apresenta chifres desencapados entre os meses de outubro e março, entre
abril e maio é observada a queda dos chifres (RODRIGUES, 1996, NETTO, 1997,
NETTO et al., 2000 e PEREIRA, 2002). Segundo PINDER (1992) e RODRIGUES
(1996) os machos com chifres de três pontas desencapam antes dos veados com
chifres de uma e duas pontas, no entanto, PEREIRA (2002) não observou diferenças
entre machos adultos e jovens no que se refere à época de queda dos chifres e perda
do velame.
TOMAS (1995) sugere que a hipótese do fotoperíodo seja valida para o padrão
sazonal do ciclo de chifres do veado-campeiro, no entanto, para para REDFORD
(1987), PINDER (1992), RODRIGUES (1996) e PEREIRA (2002) os ciclos reprodutivos
do veado-campeiro estão mais fortemente correlacionados com a oferta de alimentos
dado à precipitação das chuvas.
Segundo PEREIRA (2002) o ciclo de chifres do veado-campeiro apresenta o
mesmo padrão de regência hormonal observado com as espécies melhor estudadas de
16
3- MATERIAL E MÉTODOS
Também devido a facilidade de acesso das informações por parte das instituições
mantenedoras constituiu num critério importante nesta decisão.
Além disso, foram escolhidas apenas instituições no estado de São Paulo onde a
latitude pudesse ser compatível ao monitoramento relativo dos cervos-do-pantanal de
vida livre. Desse modo, foram eleitos machos das seguintes instituições: Unesp-
Jaboticabal, zoológicos de Ribeirão Preto e São Carlos e criadouros conservacionistas
Ripasa, fazenda São José e Rancho das Hortênsias. Ao todo foram selecionados 16
indivíduos para este monitoramento. Algumas informações referentes aos machos
selecionados de cativeiros estão apresentadas no Anexo 2 na Pág.76.
direcionais de telemetria, utilizamos para tanto o modelo RA-2A (Telonics, Inc., MESA,
AZ, USA), que são fixadas nos montantes, uma em cada asa da aeronave. Estas
antenas são apontadas lateralmente em relação ao eixo longitudinal da aeronave e com
um ângulo de inclinação em torno de 50º em relação ao solo. Estas antenas são
conectadas por cabo até o interior da aeronave e são ligadas em uma chave
alternadora, denominada comutador, que possibilita a recepção dos sinais de ambas as
antenas juntas ou separadamente. Por fim um pequeno cabo termina de ligar o
comutador ao rádio-receptor TRX 2000s (Wildlife Materials Inc., Carbondale, IL, USA)
ambos sob o domínio do pesquisador.
A visualização dos animais por sobrevôo é realizada mediante o seguinte
procedimento (Figuras 3 e 4):
1- O pesquisador orienta o piloto em sentido a buscar uma aproximação do local
da captura do animal ou ainda do ponto de sua ultima localização. Esta orientação pode
ser facilitada com o auxílio do GPS manual para navegação;
2- É colocado a freqüência específica do transmissor do animal no rádio-
receptor;
3- Inicia-se a captação dos sinais utilizando as antenas em conjunto;
4- Uma vez detectado os sinais, o pesquisador requisita ao piloto para que
realize um giro completo com a aeronave. Durante esta manobra é necessário a
captação apenas com a antena exterior ao giro, que devido à inclinação da aeronave
realiza uma investigação horizontal. Por outro lado, a antena interior ao giro aponta
diretamente para o solo e deve permanecer desligada nesse momento.
5- Durante o giro o pesquisador presta atenção no volume dos pulsos recebidos
e com referência na paisagem marca a direção provável de localização do animal,
determinada na direção de maior volume dos sinais captados. Muitas vezes um
segundo giro pode ser requisitado.
6- O pesquisador orienta o piloto baseado nessa direção e novamente seleciona
a captação dos sinais pelo uso das antenas em conjunto. Nesse momento a altitude do
sobrevôo pode ser diminuida. Na medida que se aproxima do local onde se encontra o
animal, o volume dos pulsos aumenta.
7- O volume deve ser diminuído a um “mínimo audível” (dependendo do modelo
de rádio-receptor pode ser utilizado a opção de atenuação). Diversas manobras e
abordagens podem ser requisitadas ao piloto a fim de se explorar as áreas. Conforme
23
aproximação em direção à fonte dos sinais do transmissor. Este tipo de abordagem foi
utilizado em 17% das observações totais. As incursões realizadas nas horas mais
quentes do dia facilitaram a aproximação dos animais, pois nestas horas os animais são
encontrados ruminando, deitados e sonolentos. Isso facilitou muito as observações,
tanto que diversas observações puderam ser realizadas sem que os animais
percebessem a presença dos pesquisadores. Em uma destas abordagens conseguimos
nos aproximar a 5 metros do animal e não foram poucas as oportunidades em torno de
10 metros deles, no entanto, normalmente observamos os animais a uma distância
também citada por VOSS et. al., (1981), entre 30 a 50 metros (Figura 6).
As observações referentes às trocas de chifres em cativeiro também foram
realizadas tomando-se por base uma observação mensal de cada animal, sempre
realizadas na primeira quinzena do mês. Para tanto, realizamos visitas sempre que
possível às instituições mantenedoras dos animais. Por vezes, estas informações
também foram obtidas mediante consultas por telefone ao corpo técnico e responsáveis
pelos animais das instituições.
Para comparação estatística relacionada às quedas de chifres entre as amostras
de vida livre e cativeiro utilizamos apenas os dados referentes ao ano de 2002, período
de tempo onde o monitoramento se mostrou de maneira simultânea entre ambas as
amostras. Procedemos ao teste exato de Fisher, elaborado pelo programa de
computação SAS System for Windows 6.12 (SAS Institute Incorporation, 1996), para
analisar a possibilidade de diferença entre as amostras em relação ao agrupamento dos
episódios de quedas de chifres também em relação: à época de chuva (abril a outubro)
e seca (novembro a março); estações do ano, (NDJ) verão, (FMA) outono, (MJJ)
inverno e (ASO) primavera ou mesmo frente aos meses do ano.
amanhecer, valores obtidos com o uso de Gps manual, modelo Garmim Plus III (Garmin
International Inc., Olathe, KS, USA).
As informações meteorológicas, por exemplo, temperaturas, máxima, mínima e
do ar (°C), precipitações totais mensais (mm3), número mensal de dias com chuvas,
taxas de evapotranspiração regional (mm3), umidades relativas (%) e irradiâncias
globais (W/m2) foram conseguidas junto a Fundação de Ciências, Aplicações e
Tecnologia Espaciais (FUNCATE) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
que mantém 10 Estações Meteorológicas Automáticas no entorno do reservatório de
Porto Primavera, a saber: Anaurilândia, Andradina, Bataguassu, Brasilândia, Dracena,
Presidente Venceslau, Teodoro Sampaio, Panorama, Presidente Epitácio e Porto
Primavera. Para caracterizar o padrão climático anual da região, consideramos as
médias mensais das 10 estações comentadas ao longo do período compreendido entre
março de 2000 a julho de 2002.
O padrão de sazonalidade climática observado para as temperaturas do ar e as
precipitações totais mensais, foram obtidas também junto à estação meteorológica da
UNESP de Presidente Prudente, utilizamos para tanto uma análise das médias mensais
do histórico compreendido entre janeiro de 2000 a dezembro de 2003.
Precipitações totais mensais, também foram obtidas junto a Companhia
Energética de São Paulo (CESP) que mantém pluviômetros em três projetos de
reassentamento localizados no entorno do reservatório de Porto Primavera, local onde
implementamos as bases de pesquisa, próximas às áreas de monitoramento dos
animais. Destas informações também extraímos médias mensais das áreas fazenda
Pedra Bonita próxima à fazenda Cisalpina, fazenda Buritis na foz do rio do Aguapeí e
fazenda Santo Antônio na foz do rio do Peixe, considerando um intervalo temporal
compreendido entre janeiro de 1999 até março de 2004.
As médias mensais destas variáveis climáticas visam propiciar um padrão ou
perfil histórico afim de que estas informações possam ser comparadas graficamente
com a época de concentração de queda das galhadas.
29
de linhas) de uma grade de cálculo que varia conforme a distribuição dos pontos no
ambiente. Nós com muitas localizações próximas terão uma distância média harmônica
menor do que para nós mais isolados, desse modo o contorno tende a delimitar as
áreas mais utilizadas pelos animais (DIXON & CHAPMAN, 1980; BOULANGER &
WHITE, 1990; WHITE & GARROT, 1990; JACOB & RUDRAN, 2003).
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO
B
A
estes animais se deu de um modo tão violento que certamente um dos dois morreria se
não fosse a coragem e a intervenção dos tratadores e de algumas vassouras (JURACI,
tratador dos animais, comunicação pessoal).
Outro caso semelhante de disputa por dominância foi observado com o jovem
Catatau (271), que compartilhava o mesmo recinto do macho Emerson (39) maior em
porte e mais velho. Este jovem ganhou a dominância após a troca de chifres, que
ocorreu imediatamente anterior à troca de chifres do animal mais velho. Com os chifres
pontudos e descascados, este jovem acabou sobrepujado o mais velho que ainda se
apresentava com os chifres em pleno desenvolvimento.
Nestas situações de cativeiro, observamos que os machos sobrepujados no
piquete, não têm onde se esconderem e sofrem para conseguir acesso ao cocho,
acabam alimentando-se basicamente de sobras. Acreditamos que esta seja a
explicação para o atraso considerável no que diz respeito ao desenvolvimento dos
chifres do Emerson, que acabou totalizando 9 meses para o seu completo
desenvolvimento (Figura 8). Esta dependência da dieta para o perfeito desenvolvimento
dos chifres é considerada por NOWAK (1991), WHITEHEAD (1993) e FOWLER (1993).
Apesar do tempo de desenvolvimento de um novo chifre variar em função do
porte e número de pontas da galhada, de um modo geral, os chifres dos cervos-do-
pantanal de cativeiro demoraram mais para se formar do que em relação à observação
dos animais de vida livre. Em vida livre o período de desenvolvimento durou em média
4 meses, o mesmo tempo citado por DUARTE & GARCIA (1995) e o maior registro
observado não ultrapassou 5 meses. No cativeiro, o tempo médio para
desenvolvimento dos chifres durou cinco meses, um atraso superior em 20% de tempo.
Este atraso observado no cativeiro pode ser reflexo de uma inadequação nutricional por
parte das instituições mantenedora desses animais.
Registramos para as amostras de vida livre e cativeiro, respectivamente 24 e 21
episódios de quedas de chifres, 16 e 17 períodos de trocas de chifres completos, 7 e 5
registros do tempo entre duas quedas de chifres consecutivas com média de 12 meses
para ambas as amostras, e isto sugere sazonalidade. Do tempo de retenção da galhada
plena, entre o momento do desencape e queda do próximo chifre, observamos 11
eventos para vida livre e 7 para cativeiro, com média de 10 meses de duração para
ambas as amostras.
Observamos muitas perdas de indivíduos durante o período de monitoramento, o
37
que dificulta-nos maiores comparações entre os indivíduos que sobreviveram até o final
do estudo com os indivíduos que contribuíram apenas durante um curto intervalo de
tempo. No entanto, as freqüências observadas das fases de troca dos chifres conforme
a época do ano (Figura 9 e Anexo 5 pág.79), ficam mais claramente observadas
mediante a sobreposição anual dos dados, desse modo, concentramos os eventos
observados conforme os meses do ano.
Na figura 9, podemos observar cervos com galhada plena e com chifres cobertos
pelo velame ao longo de todos os meses do ano, como citam CABRERA & YEPES
(1940), MILLER (1930) e TOMAS (1986). As quedas de chifres não se concentraram
em um determinado mês do ano, não havendo, portanto sincronismo entre os animais
como geralmente observado com o veado-campeiro (RODRIGUES, 1996, NETTO,
1997, NETTO et al., 2000 e PEREIRA, 2002). Se considerarmos ambas amostras em
conjunto, observamos os cervos-do-pantanal perdendo chifres em todos os meses do
ano, com exceção somente para janeiro. Para os exemplares de vida livre não
observamos quedas de chifres nos meses de janeiro e maio e para os animais de
cativeiro nos meses de janeiro, abril, junho e agosto. Apesar das quedas de chifres dos
exemplares de vida livre estarem presentes em quase todos os meses do ano,
observamos que 83% das perdas de chifres aconteceram entre os meses de Julho e
novembro. Os maiores picos de quedas ocorreram nos meses da primavera, em
setembro com 13% e outubro com 17% da população amostrada sem os chifres.
Considerarmos todos os animais em fase de troca, sem os chifres ou com os chifres
encapados, observamos um pico máximo de concentração em torno de 40% da
amostra coincidindo com o mês de outubro (Figura 9). Estes dados divergem de
PINDER E GROSSE (1991) que citam os picos de queda concentrados principalmente
no inverno, e também de SANTOS (1984) que cita a aparição dos chifres ocorrendo em
agosto e suas quedas em dezembro e isto pode estar relacionado com problemas
amostrais ou da sistemática de observações obtidas pelos autores.
Com relação à amostra de cativeiro, observamos que os eventos de quedas de
chifres aconteceram de uma maneira menos distribuída no tempo, um pico mais
evidente foi observado em novembro, com 26% da amostra. Considerando
conjuntamente as fases de queda e velame, observamos o maior pico também em
novembro, envolvendo 48% dos animais (Figura 9).
38
Figura 9. Distribuição das freqüências mensais das fases do ciclo de chifre dos cervos-
do-pantanal amostrados em vida livre e cativeiro. Na legenda temos: Qd - quedas, Ve -
velame e Gp - Galhada plena.
80
60
40
20
0
Verão Out. Inv. Prim. Verão Out. Inv. Prim.
Amostra de vida livre Amostra de cativeiro
Figura 10. Concentrações das quedas de chifres dos cervos-do-pantanal de vida livre e
cativeiro. Valores referentes à porcentagem relativa conforme as diferentes categorias
de idade e época do ano.
39
a não ser que varie em relação aos níveis nutricionais, não parece exercer nenhum
efeito quando administrados de maneira constante no tempo. Segundo FRADRICH
(1987) a retenção de chifres por logo tempo, até 21 meses para o cervo-do-pantanal,
está associada às condições nutricionais oferecidas aos animais. No cativeiro, com
exceção de um macho que reteve os chifres plenos por 19 meses, não observamos o
mesmo com os demais animais. Em vida livre, como já comentamos registramos dois
casos de retenção de chifres que persistiram por mais de 32 meses.
75
50
25
0
Verão Out. Inv. Prim. Verão Out. Inv. Prim.
Amostra de vida livre Amostra de cativeiro
Machos Fêmeas
14
12
agrupamentos
10
Quant. de
8
6
4
2
0
J F M A M J J A S O N D
mais crítica e seca da várzea, os encontros entre machos tornam a ocorrer e isto pode
estar relacionado à menor oferta de alimentos da época (Figura 12).
40
Totais
20
0
Bo Ve Gp
Estágio dos Chifres
6 2
4
1
2
0 0
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Galhada plena
25 12 12
Horas de luz
Horas de luz
10 60 10
20
8 8
15 40
6 6
10 4 4
20
5 2 2
0 0 0 0
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Quedas de chifres
Quedas de chifres
200
15 15 15
Quant. dias
150
10 mm 10 10
100
5 5 5
50
0 0 0 0
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
25
Quedas de chifres
15 15 15
20
W/m2
°C
10 10 10 15
10
5 5 5
5
0 0 0 0
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
15 150 15 80
% UR
mm
10 100 10 75
5 50 5 70
0 0 0 65
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Figura 15. Relação entre as trocas de chifres dos cervos-do-pantanal monitorados em vida livre frente às
diversas variáveis climáticas: fotoperíodo, pluviosidade, dias com chuvas por mês, irradiâncias globais,
temperatura do ar, taxa de evapotranspiração e umidade relativa do ar.
52
em seu estudo e conseqüentemente o momento pelo qual o fator modulador das trocas
de chifres estaria mais evidentemente presente e agindo.
Outros estudos sobre o ciclo de chifres em veados-campeiros, mostram uma
certa variação entre os meses relacionados ao período de troca, essa variação pode
estar em função da latitude e das diferenças climáticas e ecológicas particulares de
cada região. Considerando a revisão de MERINO et al. (1997) todos os estudos
realizados tanto no Brasil como Uruguai e Argentina, observamos que as trocas de
chifres acontecem em um intervalo pequeno de tempo, geralmente entre dois meses
consecutivos, mas entre o período de março a setembro. A variação apresentada
conforme as regiões parece mostrar que as trocas de chifres nesta espécie acontecem
mais tardiamente quanto maior a latitude do estudo. Considerando toda a amplitude de
variação dos momentos de quedas de chifres do veado-campeiro, independentemente
da latitude de estudo, observamos que as trocas de chifres para este cervídeo
acontecem mais precocemente em relação ao final das chuvas do que a observação
atual relacionada ao cervo-do-pantanal. Defendemos a hipótese de que esta diferença
está atribuída à capacidade de retenção da água que os distintos ambientes exercem e
conseqüentemente da disponibilidade de alimentos diferentes que ocorre de maneira
distinta para as duas espécies.
Segundo PINDER (1997) os cervos-do-pantanal são mais abundantemente
observados nas estações de seca do que durante os períodos de cheias e a
distribuição e densidade destes animais ao longo das várzeas não ocorrem de maneira
homogênea. Isto pode estar relacionado às próprias características dos bolsões de
várzeas que acumulam água e disponibilizam alimento de maneira irregular nos
ambientes. Conseqüentemente as trocas de chifres por influência nutricional podem
ocorrer de uma maneira menos sincrônica, o que explicaria a nossa observação das
quedas de chifres ocorrendo em uma amplitude relativamente mais longa, distribuídas
ao longo 6 e 7 meses, entre junho e dezembro. Esta hipótese com relação ao cervo-do-
pantanal, leva em consideração as citações de MISHRA & WEMMER (1987), PUTMAN
(1988) e MONFORT et al. (1993) que consideram para as espécies de clima tropical e
sub tropical uma influência predominantemente demarcada pelo padrão anual das
chuvas como principal fator ambiental modulador da disponibilidade de alimentos e
consequentemente do ciclo reprodutivo das espécies.
53
18
100 16
Tam. da amostra
14
80
% da área de uso
12
60 10
8
40 6
20 4
2
0 0
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28
Meses de monitoramento
Figura 16. Curva cumulativa (Média ±DP) do porcentual da área de uso (Média
Harmônica) utilizada pelos animais conforme o tempo de monitoramento. No eixo
secundário, observamos a curva de contribuintes ao longo do período.
Na figura 17, observamos uma menor constrição das áreas nucleares no uso do
espaço utilizado pelos animais apartir de uma concentração média harmônica entre 60
e 30% das coordenadas espaciais obtidas. Com este resultado sugerimos a hipótese de
que possa haver territorialidade para machos apartir destes núcleos (Figura 17).
Segundo KREBS & DAVIES (1987) territorialidade é definida como o uso exclusivo de
uma área que é ativamente defendida contra outros indivíduo da mesma espécie.
Territorialidade em cervídeos é observada praticamente em todas as espécies e
na literatura não se observa nenhum registro de espécie considerada não territorialista.
Os territórios normalmente são definidos mediante diversos tipos de sinais emitidos
pelos animais, podendo estes serem de natureza visual, auditiva, mediante feromônios
deixados em determinados pontos estratégicos, mediante urina e fezes (MULLER-
SCHWARZE, 1987). De uma maneira geral os machos evitam os confrontos diretos,
sendo este comportamento somente utilizado em ultimo caso. Para espécies de clima
temperado, as disputas territoriais são mais evidentes durante o período de estação
reprodutiva, em parte devido aos altos níveis de testosterona presentes nessa fase
55
100 60
80
50
% Barras
% Linha
60
40
40
30
20
0 20
95* 90 80 70 60 50 40 30 20 10
Categorias de núcleos de atividade (%MH)
* Área total
Figura 17. Caracterização das curvas de declínio. Nas barras brancas observamos o
porcentual de declínio com que cada nível de núcleo de atividade decai em relação à
área total (definida com MH-95%). Na linha preta acompanhamos o porcentual de
declínio de cada núcleo de atividade em relação à categoria anterior.
(CHAPMAN, 1991; PUTMAN, 1988; LI, 2001). Segundo CHAPMAN et. al., (1997),
machos de Muntiacus reevesi estabelecem dominância principalmente mediante o uso
dos caninos que são avantajados nessa espécie, para esta espécie, os dentes chegam
a ser mais importantes do que os próprios chifres. Para a maioria das espécies os
confrontos são travados mediante o apoio dos chifres e o empurrar do adversário até
que este retroceda (PUTMAN, 1988). Este comportamento é descrito para o veado-
campeiro por MERINO et al., (1997) e por PINDER (1992), este segundo autor,
observou perseguições ferozes entre machos de veado-catingueiro. Confrontos entre
machos adultos de cervo-do-pantanal já foram observados por TOMAS et al., 1997 e
por DUARTE (comunicação pessoal).
Os registros observados ao longo dos monitoramentos dos animais co-
específicos que foram observados próximo ao machos marcados foram plotados
conjuntamente à análise de núcleos de atividade (Figura 18). Não observamos haver
um arrebanhamento de fêmeas por parte dos machos monitorados, nem tão pouco de
56
filhotes, afinal não observamos relação entre estes registros com os centros de maior
atividade dos machos (Figura 19). Outros machos adultos não marcados também foram
observados transitando por entre as áreas dos machos monitorados, nesta abordagem
não definimos uma relação entre estas visualizações com as categorias de núcleos
utilizadas pelos animais. Apesar disso, os registros de machos presentes nas áreas de
outros machos foram relativamente menos freqüentes, sugerindo duas possibilidades:
menor densidade de machos na área ou uma menor tolerância espacial para machos
do que em relação às fêmeas (Figura 19).
Dos 17 machos que participaram desta abordagem espacial, apenas o Joaozinho
(188) monitorado em na região de Bataguassu não foi observado com acompanhantes.
Na região da foz do Aguapeí, observamos uma maior presença de fêmeas dispersa
pelos núcleos de atividade dos animais, com a sua presença observada em pelo menos
6 classes de núcleos diferentes. O recordista em pareamentos com fêmeas foi o
machos Anselmo (234) com 17 registros observados, César (241) foi observado com 10
e Clovis (240) com 8 avistamentos de fêmeas próximas. Fora do Aguapeí, apenas o
macho Pinel (191) foi observado com fêmeas também em pelo menos 6 categorias de
núcleos diferentes com um total de 6 avistamentos registrados. No rio do Peixe,
registramos 10 avistamentos de fêmeas próxima ao macho Poti (144), nesta região
também foi observado um maior número de registro de filhotes (Anexo 9 na pág.83).
15
Quantidade
10
0
95 90 80 70 60 50 40 30 20 10
% Categoria de núcleo (MH)
Figura 20. Exemplo da abordagem realizada para a análise com relação ao uso do
espaço nas diferentes fases da troca de chifre. Neste caso, este animal apresentou um
trânsito intenso durante a fase de velame e compreendeu praticamente toda a extensão
da sua área de vida.
Quedas Velames
25
20
Quantidade
15
10
5
0
95 90 80 70 60 50 40 30 20 10
% Categoria de Núcleo (MH)
Figura 22. Acima, a relação entre as sobreposições de áreas dos machos de cervos-
do-pantanal monitorados na região. Abaixo um exemplo de intersecções entre os
diferentes níveis de núcleos de atividade de dois machos marcados. Neste exemplo os
machos Anselmo e Clóvis sobrepuseram suas áreas de moradia, porém com MH-60%
isso não foi observado.
63
5- CONCLUSÕES
- De uma maneira geral o padrão de troca de chifres dos machos mantido sob
condições de cativeiro corresponde ao padrão observado em vida livre.
Ainda que as causas de mortalidade não sejam consideradas alvo deste estudo
no que diz respeito aos aspectos reprodutivos e caracterização do ciclo de chifres do
cervo-do-pantanal, julgamos importante a abertura deste capitulo especial e contribuir
com a descrição das causas de perdas que observamos. Primeiro, porque alguns casos
de mortalidade estiveram relacionados ao estágio dos chifres, e também, devido ao
contexto ecológico no qual estas populações remanescentes do entorno do reservatório
de Porto Primavera passam, frente às alterações que ocorreram na paisagem e frente
às gravíssimas ameaças que indiretamente diagnosticamos na região. Tal relevância
diz respeito à necessidade de alerta, como que um clamor, contrário à extinção que
está em vias de acontecer, principalmente para o cervo-do-pantanal do estado de São
Paulo. Esperamos que estes relatos contribuam para a implementação de ações que
revertam esta tendência, afinal, não existe outra maneira para que a reprodução desta
espécie sob condições naturais na região continue acontecendo e conseqüentemente o
sucesso de sua conservação.
A interrupção do monitoramento do ciclo de chifre ocorreu em 19% da amostra
de exemplares de cativeiro (n = 3), sendo estas perdas atribuídas a dois casos de morte
e uma interrupção devido à transferência do animal entre instituições. Com relação aos
machos de vida livre, obtivemos um interrupção do monitoramento em torno de 71% da
amostra (n = 22). Um resumo sobre os motivos destas perdas está tabelado no Anexo 5
na pág.79.
Observamos 10% de perdas devido a defeitos intrínsecos dos transmissores.
Estes defeitos foram facilmente diagnosticados devido a perda parcial ou gradual dos
sinais emitidos, o que impossibilitou a continuidade do monitoramento dos machos
Juliano (195), Clóvis (240) e Geléia (197). Estes animais também puderam ser
visualizados esporadicamente durante os sobrevôos mensais que se seguiram. Apesar
disso, estas visualizações não puderam ser consideradas para o monitoramento do
ciclo dos chifres, devido à aleatoriedade e espaçamento entre as visualizações destes
animais.
67
freqüências: perdas por caça acometendo 59% dos machos; conseqüências diretas e
indiretas do alagamento 16% dos animais; 10% para predações por onças; 5% de
perdas por lutas e 10% devido a causas indeterminadas.
As perdas impossíveis de serem esclarecidas em seus motivos aconteceram
devidos algumas dificuldades metodológicas, devido à freqüência semanal do
monitoramento, bem como devido à dificuldade de interpretação dos pulsos de
atividade dos colares mediante a simples pratica de triangulação, e ainda, devido à
dificuldade de acesso ao local de morte dos indivíduos. Os animais se decompõem
rapidamente quando mortos nas várzeas, isso devido à alta umidade e temperatura
observada neste tipo de ambiente. Além disso, os colares podem ser facilmente
"revitalizados" pela simples movimentação imposta pela água ou ainda devido às ações
de carniceiros, que movimentam a carcaça e conseqüentemente os transmissores.
Dessa maneira, a mortalidade pode acabar sendo detectadas com relativo atraso, o que
prejudica a obtenção de respostas. No caso dos machos Ubiratan (169) e César (241)
suas perdas não foram possíveis de ser determinadas.
Apesar destas dificuldades, por outro lado, alguns outros aspectos relacionados
ao monitoramento acabaram contribuindo na interpretação dos motivos de perdas, ou
pelo menos, para a formação de hipóteses em determinadas situações. Dentre estes
aspectos, podemos citar o histórico semanal do monitoramento, a disposição espacial
do animal na área e o auxílio das visualizações periódicas, que possibilitam uma certa
avaliação da saúde e de comportamentos diversos, inclusive de outros animais
associados. Um exemplo disso compreende o caso do macho Pinel (191) cuja perda
suspeitamos realmente que tenha sido provocada por lutas intra-específicas.
Observamos para este animal um temperamento distinto da maioria dos outros machos
capturados, notadamente este apresentou uma índole agressiva. Durante a captura, o
Pinel acabou combatendo contra o próprio helicóptero, golpeou o esqui inúmeras vezes
com os seus chifres, chegando mesmo a provocar uma certa instabilidade na aeronave.
Tamanho foi à fúria e força de seus golpes, que nestas investidas o animal quase
perfurou os pés do capturador, naqueles momentos antecedentes ao salto e apanha do
animal. Durante os monitoramentos subseqüentes, observamos este animal próximo e
nos arredores de outros machos maiores e mais fortes. Observamos uma apresentação
de postura um tanto imponente como de quem se incomoda na presença de
adversários. Dois meses antes da constatação de sua morte, observamos uma severa
69
observamos uma significativa perda de peso e após dois meses, registramos a queda
de seus chifres e o episódio de sua predação. Um melhor detalhamento referente aos
casos de translocações é apresentado por DUARTE & TORRES (2003).
Quanto às questões relacionadas os efeitos do impacto do alagamento e de suas
conseqüências posteriores, observamos um caso de afogamento por conta da tentativa
de retorno do animal à sua área suprimida. O macho de nome Mateus (183), com
numerosas pontas em seus chifres, acabou se atrapalhando ao tentar nadar por entre
os galhos da uma mata parcialmente alagada. Sua enorme galhada acabou se
enroscando e se tornou numa viés contra a adaptação ao ambiente impactado. Outras
perdas, observadas com os animais Grilo (180), Quara (147) e Martin (184) foram
atribuídas às conseqüências posteriores do alagamento e decorrentes do estresse em
detrimento à perda do habitat. Observamos casos em que os animais apresentaram
apenas uma perda parcial e casos com supressão completa de sua área de moradia.
Diante das alterações ambientais, os animais são obrigados a explorar novas áreas,
sofrem diversos estresses relacionados com a adaptação, importunações, perseguições
e competições diversas.
Dois casos de perdas acabaram sendo considerados como "suspeitos de caça".
No caso do macho de nome 1050 (8) o seu colar acabou sendo detectado submerso
sob as águas do rio Paraná, não foi possível o resgate de seu transmissor, apesar de
termos contado com o a ajuda dos bombeiros de Presidente Epitácio e de
mergulhadores profissionais. O transmissor não foi localizado devido às condições de
turbidez da água no pós enchimento da cota 257m de Porto Primavera e também
devido ao perigo de enrosco devido às características da vegetação espinhosa e
arbustiva submersas e presentes no local. A possibilidade de afogamento foi
descartada, devido ao fato do animal ter conseguido se refugiar e visualizado “a salvo”
em terra e em boas condições de saúde. Também, devido ao local onde submergiu o
seu transmissor, localizado a poucos metros da barranca do rio Paraná, numa área
onde não observamos condições críticas para enrosco do animal. Além disso, nas
proximidades, na estrada denominadas de reta A do município de Bataguassu,
observamos um transito intenso de pessoas, presença de diversos ranchos e
embarques de pescadores. Não podemos comprovar, porém, suspeitamos que este
animal tenha sido abatido e que o seu colar tenha sido arremessado ao rio.
O segundo macho considerado suspeito de caça compreendeu o Humberto (242)
71
da região do rio Aguapeí, este animal simplesmente desapareceu de uma semana para
a outra. As condições referentes aos sinais do transmissor não demonstraram
possibilidade de defeito como normalmente nestes casos é apresentado.
Outros casos de desaparecimento acabaram tendo o esclarecimento do óbito
definido mediante frutos de uma criteriosa investigação e da conquista de denunciantes
junto à comunidade da região. As confirmações dos relatos obtidos junto aos
moradores, basearam nos aspectos relacionados à data do crime, local da infração ou
devido às características das galhadas dos animais abatidos. O macho Fábio (229) teve
o esclarecimento de óbito conseguido mediante a denuncia de um morador da cidade
de Paulicéia, que demorou um ano até que adquiríssemos a sua necessária confiança.
Segundo o denunciante, este animal foi abatido na fazenda Buritis, de administração da
CESP e os caçadores compreenderam turistas vindos da cidade de Campinas – SP.
Os caçadores foram guiados por moradores da própria região. A cabeça desse jovem
animal, que possuía um chifre simples com apenas duas pontas, acabou sendo exibida
no comércio de Paulicéia.
O macho Gerson (233) foi abatido na fazenda Bandeirantes, na área de
entrecotas próxima à foz do rio Aguapeí, uma área considerada Refúgio de Vida
Silvestre e de administração da CESP. A denúncia neste caso foi obtida mediante
entrevista com o dono de um bar, no município de São João do Pau D'Álho. Segundo
este proprietário, o abate do animal foi provocado por um tratorista da própria fazenda e
o transmissor acabou sendo destruído mediante marretadas. Um outro caso de
denuncia, foi obtido com a entrevista de um trabalhador de uma olaria em Panorama.
Segundo o rapaz, o macho L. Sérgio (179), foi caçado por jovens da classe alta e
burguesa, filhos de pessoas importantes de Panorama. Um dos jovens ainda não tinha
experimentado a carne de veado e este compreendeu o motivo da caçada. O
denunciante alegou que o animal já havia sido avistado por eles transitando entre os
lotes do condomínio Aldeia do Lago e já havia sido visualização com o transmissor, o
que não coibiu o seu abate. Estes caçadores, segundo o rapaz, tinham plena
consciência da situação pela qual passa a espécie na região e alegaram que, mesmo
se o animal compreendesse o ultimo dos exemplares, ainda assim seria perseguido,
abatido e “churrasqueado”. , Após colocaram as espingardas detrás do banco da
caminhonete, ajeitaram por cima de tudo a "tralha de pesca" e é desse modo que eles
saem para as suas "pescarias".
72
APÊNDICE
75
Anexo 1. Resumo informativo referentes às capturas dos cervos-do-pantanal de vida
livre: área do estudo (Ba-Bataguassú, Px-Peixe, Ci-Cisalpina, Ag-Aguapeí); nome;
número do brinco; data de captura; idade estimada; estágio de desenvolvimento dos
chifres; número total de pontas dos chifres (NP); tempo de perseguição (TP); tempo
de manuseio (TM) e tipo de captura.
J F M A M J J A S O N D
1 1 1 3 2 3 5 5 2 1
Qd 0 (2,1) (2,2) (2) 0 (7,9) (5,7) (8,8) (13,9) (14,7) (6,25) (2,8)
14 4 2 4 4 1 2 4 6 9 10 12
Ve (29,8) (8,3) (4,5) (7,8) (9,8) (2,6) (5,7) (11,8) (16,6) (26,5) (31,25) (33,3)
33 43 42 46 37 34 31 27 25 20 20 23
Gp (70,2) (89,6) (93,3) (90,2) (90,2) (88,5) (89,6) (79,4) (69,5) (58,8) (62,5) (63,9)
Total 47 48 45 51 41 38 35 34 36 34 32 36
J F M A M J J A S O N D
1 4 2 1 2 2 8 2
Qd 0 (3,5) (13,8) 0 (6,9) 0 (3,4) 0 (6,9) (6,9) (25,8) (6,9)
11 11 7 7 6 5 4 5 3 4 6 12
Ve (37,9) (37,9) (24,1) (24,1) (20,7) (17,2) (13,8) (17,2) (10,3) (13,8) (19,4) (41,4)
18 17 18 22 21 24 24 24 24 23 17 15
Gp (62,1) (58,6) (62,1) (75,9) (72,4) (82,8) (82,8) (82,8) (82,8) (79,3) (54,8) (51,7)
Total 29 29 29 29 29 29 29 29 29 29 31 29
81
Fonte Condições J F M A M J J A S O N D
GPS Fotoperíodo 13.30 12.91 12.48 11.68 11.24 10.88 11.06 11.32 11.89 12.49 13.07 13.39
CESP Pluv. 254 162 154 61.8 94.7 30.4 38.1 42.9 74.7 68.2 146 138
F. INPE Pluv. 214 154 136 45.7 106 30.3 50.1 77.4 90.4 73.9 165 187
UNESP Pluv. 201 214 110 37 81 38 45 49 83 74 148 170
Média Pluviosidade 223 177 133 48 94 33 44 56 83 72 153 165
Dias com 16 16 11 5 12 8 8 10 10 11 16 16
F. INPE
chuvas/mês
F. INPE T. Máxima 33.5 32.6 33 32.8 27.7 28 26.2 29.5 29.6 32.7 32.7 32.3
F. INPE T. mínima 20.8 20.9 21.1 19.4 16.2 14.9 13 15.6 17.3 19.1 20.4 20.1
F. INPE T. do Ar 26.2 25.7 26.1 24.7 21.1 20.2 18.6 21.6 22.5 25.2 25.5 25.5
UNESP T. do Ar 26.2 25.9 26.4 25.6 21.0 21.5 20.1 22.0 22.9 25.8 25.4 25.9
Média Temperatura 26.2 25.8 26.2 25.1 21.0 20.8 19.4 21.8 22.7 25.5 25.4 25.7
Evapotrans-
F. INPE 172 142 153 97 70.2 49.7 48.2 61.6 90.2 126 146 156
piração
Umidade
F. INPE
relativa do ar 80.0 83.2 83.2 74.6 80.2 77.5 75.7 72.3 76.4 72.2 77.4 78.6
Irradiâncias
F. INPE 19 17.5 16.6 15.3 11.4 10.8 11.1 12.5 14.4 17.9 17.9 18.3
globais
V. Livre % de BO 0 2 2 2 0 8 6 9 13 17 7 4
V. Livre % de VE 29 8 2 6 10 3 6 12 19 27 32 26
V. Livre % de GP 71 90 96 92 90 89 89 79 69 57 61 70
82
N. Nome Área (MH) 95% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%
234 Anselmo Ag 18.9 14.9 10.2 7.1 4.5 3.7 2.9 1.8 0.9 0.3
240 Clóvis Ag 24.2 17.9 13.6 10.2 2.9 2.6 1.8 1.2 0.8 0.2
241 César Ag 11.3 9.3 7.8 6 5.1 3.9 2.9 2.1 1.7 0.6
246 Moisés Ag 12.5 6.8 3.9 3.4 2 1.4 1.2 0.8 0.6 0.3
188 Joaozinho Ba 21.2 7.9 1.9 1.2 0.9 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3
162 Orico Ci 22.8 16.8 11.3 8.7 6.4 4.1 2.9 1.8 1 0.7
166 Anael Ci 81.3 78.4 55.9 11.6 4.4 2.6 1.3 1 0.8 0.4
169 Ubiratan Ci 27.1 20.1 11.2 8.8 7 4.8 3.7 2.5 1.5 1
171 Adhemar Ci 45.5 32.5 18.8 13.7 10.4 5.2 3.5 2.8 1.4 0.8
191 Pinel Ci 29.3 18.6 4.4 1.9 1.6 1.1 0.9 0.6 0.3 0.2
192 Rafael Ci 65.6 53 27.8 8.7 6.9 5.1 3.6 2.5 1.9 1
223 Bio Ci 101.4 90.2 59.3 44.6 35.1 24.3 16.3 13.4 8.2 2.9
225 Danilo Ci 86.8 15.8 9.8 6.1 4.7 2.7 2 1.7 1.1 0.7
144 Poti Px 7.4 6.4 4.5 2.9 2.1 1.5 0.9 0.6 0.4 0.2
155 Artur Px 22.0 16.6 11.5 7.4 5.6 3.4 2.4 1.4 0.9 0.5
179 L.Sergio Px 63.3 35.9 10.2 6.3 4.1 3.1 2.2 1.6 0.9 0.4
147 Quara Px 12.5 6.8 3.9 3.4 2 1.4 1.2 0.8 0.6 0.3
Média 38* 26.3 15.6 8.9 6.2 4.2 2.9 2.2 1.4 0.6
DP 30.2 25.1 17 9.8 7.8 5.4 3.6 3 1.8 0.7
Declínio de cada categoria em relação
100 69 41 23 16 11 8 6 4 2
à área total média
Declínio de cada categoria em relação
à sua categoria anterior 100 69 59 57 70 67 70 74 63 46
N. Nome Área 95% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%
234 Anselmo Ag - 2F 2F 2F 3F 2F 1F 2F 3F -
240 Clóvis Ag 1F 3F - 1F - - - 1F 1F 1F
241 César Ag - - - - 1F 3F 1F 1F 1F 3F1J
246 Moisés Ag - - - - 2F1J - 3F - - -
188 Joaozinho Ba - - - - - - - - - -
162 Orico Ci 1F - - - - - - - - -
166 Anael Ci 2M1F 1F 1F - - - 1F1M - 1M -
171 Adhemar* Ci - 2F - 1M - 1F1J - - - -
191 Pinel Ci - - 1F 1M 1F 1F 1F 2F1M - 1F1M
192 Rafael* Ci 1F 1F 2F2M 1M - 1M - - 1M -
223 Bio* Ci - 2F1M - - 1F1M 1F1M 2F2M - - -
225 Danilo Ci - 1M - 1M 1F - - 1M 2F1M 2F
169 Ubiratan Ci - - 1M - - - 1F - - -
144 Poti Px 1F - - 4F1J - - 2F1J 1F1J 2F -
155 Artur Px - 2F 1F 1F 1J - - - 1F1M -
179 LSergio Px - - - - 1F1M 1F - 1F - -
147 Quara Px - - - - - - - - 2F 1F
Soma de Fêmeas 5 13 7 8 10 9 12 8 12 8
Soma de Machos 2 2 3 4 2 2 3 2 4 1
Soma de Jovens - - - 1 2 1 1 1 - 1
* 1F1M Acompanharam localizações consideradas outlier.
84
N. Nome Área 95% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%
234 Anselmo Ag - 1V - - - - 2V 1V 2V 1V
240 Clóvis Ag - - 1V 1V 2V 2V 1Q2V - 1V 1Q1V
241 César Ag - 1V 2V 2Q1V 1Q 1V 3V 1Q2V 2V 1V
246 Moisés Ag - 3V 1V - 1V 1V - 2V 1Q 1V
188 Joaozinho Ba 1Q 2V 1V 3V 2V - - 2V - 1Q1V
162 Orico Ci - 1V 1V - 1V 1V 1V 1Q - 1Q4V
166 Anael** Ci 3V 1Q2V 1V - - - - - - -
171 Adhemar*** Ci 1V 1V 1Q1V - - 1V 1V - - -
191 Pinel* Ci 2V 1V - 2V 1Q1V 1V 2V 2V 2V 1V
192 Rafael Ci - - 1Q1V 2V 3V - 5V 1Q4V 1V 1V
223 Bio* Ci 1V - 1V 1Q1V 1V 1Q5V 3V - - -
225 Danilo Ci - 2V 1V 1Q - - - 2V 1V -
169 Ubiratan Ci - - - - - - - 1V - -
144 Poti Px - - - - - - - - - -
155 Artur Px - - - - - - - - - -
179 LSergio Px - - 1Q 3V 1Q1V - - 1V - 1V
147 Quara* Px 2V 1Q3V 1V - - 2V 1V 2V 1V
Soma de Quedas 1 2 3 5 3 1 1 3 1 3
Soma de Velame 9 17 12 13 12 14 20 19 9 13
Soma fase de Troca 10 19 15 18 15 15 21 22 10 16
Outliers para média harmônica com 95%: *1V, **2V e *** 1QV
85
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