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NEURÔNIOS E GLIA

Prof. Msc. Pablo Tortato Waltrick


Todos os tecidos e órgão do corpo humano
são formados por células com funções
especializadas e modo de interação que
determinam as funções dos órgãos.
Os neurônios percebem as modificações no
meio ambiente e informam aos outros
neurônios, comandando respostas corporais
às sensações.
Acredita-se que a glia contribua para a
função encefálica principalmente por isolar,
sustentar e nutrir os neurônios vizinhos.
Neurônios corados com a técnica de
Nissl
Neurônios corados com a técnica de Golgi
O método de Golgi nos mostra que os
neurônios têm pelo menos 2 partes:
• A região dilatada, que contém o núcleo,
recebe diferentes nomes: corpo celular,
soma ou pericário.
• Os tubos finos que saem do soma são
chamados de neuritos, havendo 2 tipos:
axônios e dendritos
Os componentes básicos
de um neurônio.
O corpo celular freqüentemente origina um
único axônio, com diâmetro uniforme por
toda sua extensão, e quando se ramifica, os
ramos projetam-se em ângulos retos.
Os axônios se estendem por grandes
distâncias no corpo (de um metro ou mais),
funcionando como “cabos” que transportam
informações que emergem dos neurônios.
Os dendritos raramente se estendem por
mais de 2 mm. Eles relacionam-se
intimamente com os axônios, e atuam como
uma espécie de “antena” recebendo os sinais
de entrada.
Santiago Ramón y Cajal, defendia
ferrenhamente que os processos de
diferentes neurônios não possuem
continuidade entre si e devem se comunicar
por algum tipo de contato descontínuo,
esta idéia veio a ser conhecida como
doutrina neural.
Um dos desenhos de Cajal
sobre a circuitaria do encéfalo.
O SOMA

É estrutura aproximadamente esférica, na


parte central do neurônio, tendo
aproximadamente 20µm de diâmetro.
O fluido aquoso do interior é o citosol, é uma
solução salina, rica em potásio e separada
do meio externo pela membrana neural.
Dentro do soma existem ainda as organelas.
As mais importantes são o núcleo, o retículo
endoplasmático rugoso, o retículo
endoplasmático liso, o complexo de Golgi e
as mitocôndrias.
O núcleo, é esférico, localizado centralmente
com diâmetro entre 5 e 10 µm, delimitado por
uma dupla membrana porosa. Dentro dele
estão os cromossomos, que contêm o
material genético DNA.
Diferentes partes que
compõem o neurônio.
O RE rugoso, é mais abundante nos
neurônios do que na glia ou em outras
células não-neuronais. É o maior sítio de
síntese protéica nos neurônios.
O RE liso, está em continuidade com o RE
rugoso é o local onde as proteínas que
transpõem a membrana sejam dobradas
cuidadosamente assumindo sua estrutura
tridimensional. Ele regula as concentrações
internas de substâncias como o cálcio.
O CG, é um grande sítio de intenso
processamento bioquímico pós-tradução de
proteína. Sua função é a distribuição de
proteínas destinadas a diferentes partes de
um neurônio, tais como axônio e dendritos.
A MI, medem, aproximadamente 1µm de
comprimento, são os locais da respiração
celular. Quando uma MI “respira”, ela
internaliza ác. pirúvico e O2. O ác pirúvico
entra numa série de reações bioquímicas
chamadas de ciclo de Krebs, e o produto
deste ciclo geram energia, que numa série
de reações nas membranas que formam as
cristas adiciona fosfato a adenosina difosfato,
criando o ATP, fonte de energia celular.
Quando a MI respira ela libera 15 moléculas
de ATP para cada uma de ác. pirúvico
metabolizada no processo.
A energia química armazenada no ATP é
utilizada como combustível para manter a
maioria das reações bioquímicas de um
neurônio.
A MEMBRANA NEURAL

Serve como barreira para delimitar


inteiramente o citoplasma e excluir certas
substâncias presentes no meio que banha os
neurônios.
Tem aproximadamente 5 nm de espessura e
está repleta de proteínas, algumas delas
bombeiam substâncias de dentro para fora.
Outras formam poros que regulam quais
substâncias podem acessar o interior do
neurônio.
O CITOESQUELETO
Os osso do citoesqueleto são microtúbulos,
microfilamentos e neurofilamentos.
Microtúbulos, medem em torno de 20 nm de
diâmetro, são grandes e percorrem
longitudinalmente os neuritos. Contém
pequenas fitas de tubulina em suas
paredes, que se unem (polimerizam).
Uma classe especial de proteínas participa
da regulação desta polimerização, são as
proteínas associadas aos microtúbulos
(MAPs). Alterações patológicas nas MAPs
dos axônios, chamadas de proteínas tau,
têm sido relacionadas à demência do
Alzheimer.
Microfilamentos, medem apenas 5 nm e
apresentam aproximadamente a mesma
espessura da membrana celular. São
encontrados por todo o neurônio, sendo
particularmente numerosos nos neuritos. São
formados por 2 fitas delgadas de actina.
Têm um papel na alteração do formato
celular.
Neurofilamentos, 10 nm de diâmetro, têm
tamanho intermediário entre o dos
microtúbulos e dos microfilamentos.
Um neurofilamento consiste de múltiplas
subunidades que se organizam em uma
estrutura alongada amarradas umas às
outras. Internamente cada subunidade é
formada por de 3 fitas protéicas trançadas
juntas. Que são moléculas protéicas
individuais e longas cada qual enovelada
como uma mola helicoidal muito resistente.
O AXÔNIO

É encontrado em neurônios, é altamente


especializado para a transferência de
informações entre pontos distantes do
sistema nervoso.
Tem uma região chamada de cone de
implantação, que funciona como segmento
inicial do axônio propriamente dito.
Seus colaterais,
ocasionalmente podem
voltar e comunicar-se
com a célula que deu
origem ao axônio ou
com os dendritos das
células vizinhas. São as
colaterais recorrentes.
O seu diâmetro é variável, medindo desde
menos de 1µm até cerca de 25 µm em
humanos, podendo chegar a espessura de 1
mm na lula.
A velocidade do sinal elétrico ao longo do
axônio (impulso nervoso) varia de acordo
com o diâmetro do mesmo, quanto mais fino
mais rápido o impulso trafega.
O Terminal axonal, é como chamamos a
região final do axônio, ou também conhecido
como botão terminal ou sináptico. É o local
onde o axônio entra em contato com outros
neurônios (ou outras células) e faz sinapse.
Quando um neurônio estabelece contato
sináptico com outra célula ele promove uma
inervação.
O citoplasma do terminal sináptico é
diferente do restante do axônio pois:
• Microtúbulos do axônio não se estendem ao
terminal sináptico;
• Contém numerosos glóbulos membranosos, são as
vesículas sinápticas;
• A superfície interna da membrana da sinapse
apresenta um revestimento particularmente denso
de proteínas;
• Apresenta numerosas mitocôndrias, indicando uma
alta demanda de energia no local.
A sinapse, tem dois lados o pré e o pós-
sanaptico. Estes indicam a direção habitual do
fluxo de informações que vai da região “pré”
para a “pós”. O lado pré, consiste de um
axônio terminal, enquanto o lado pós pode ser
um dendrito ou o soma de outro neurônio.
O espaço entre as membranas é a fenda
sináptica e a transferência de informações é
a transmissão sináptica.
Na maioria das sinapses, a informação que
viaja na forma impulso elétrico ao longo do
axônio é convertida no terminal axonal em
sinal químico que atravessa a fenda
sináptica.
Na membrana pós sináptica este sinal
químico é convertido novamente em elétrico.
O sinal químico é o neurotransmissor,
sendo armazenado nas vesículas sinápticas.
O transporte axoplasmático, se dá de 2
formas:
• A maioria do material “empacotado” nas
vesículas “caminham” sobre microtúbulos do
axônio. As “pernas” são formadas por
proteínas, as cinesinas, este processo é
sustentado por ATP e leva o material do
soma para o terminal, este é o transporte
anterógrado;
• O deslocamento de
material no sentido
oposto, é chamado de
transporte
retrógrado.
Para este transporte
são usadas as
dineínas como
proteínas. Ele é
utilizado para mandar
informações ao soma
sobre mudanças nas
necessidades
metabólicas do
terminal axonal.
DENDRITOS
Funcionam como “antenas”
para o neurônio, estando
recobertos por milhares de
sinapses. A membrana
dendrítica relacionada com
as sinapses (pós) apresenta
muitas moléculas de
receptores, especializados
na detecção dos
neurotransmissores na
fenda.
CLASSIFICANDO OS
NEURÔNIOS
• Com base no número de
neuritos:
Um neurônio pode
apresentar apenas um
único neurito e ser
unipolar, se possuir 2 é
bipolar e se apresentar 3
ou mais é multipolar. A
maioria dos neurônios no
encéfalo são multipolares.
• Classificação baseada nos dendritos:
Há 2 grandes classes: as células
piramidais e as células estreladas.
Outra forma é de acordo com a presença
dos espinhos dendríticos, aqueles que os
apresentam são os espinhosos, e os que
não têm são os não-espinhosos.
Estes esquemas podem ser sobrepostos, no
córtex cerebral todas as células piramidais
são espinhosas. As células estreladas,
entretanto podem ser espinhosas ou não.
• Classificação baseada nas conexões:
As informações chegam ao SN pelos
neurônios que apresentam neuritos nas
superfícies sensoriais do corpo, como pele e
a retina dos olhos. As células com este tipo
de conexão são os neurônios sensoriais
primários. Outros apresentam axônios
formando sinapses com músculos e
comandam os movimentos , sendo
denominados neurônios motores. A maioria
dos neurônios do SN forma conexão apenas
com outros neurônios são eles os
interneurônios.
GLIA
Um dia, crêem os neurocientistas,
demonstrar-se-á que a glia contribui muito
mais significativamente para o
processamento das informações no encéfalo
do que se pensa hoje.
Atualmente, segundo evidências, a glia
contribui para a atividade cerebral
principalmente dando suporte às funções
neuronais. Sem a glia o encéfalo não
funcionaria corretamente.
Astrócitos, preenchem os
espaços entre os neurônios.
É muito provável que ele
determine o quanto uma
neurito poderá crescer ou
se retrair.
Sua função é a
regulação do conteúdo
químico deste espaço
extracelular. Também
removem ativamente
neurotransmissores da
fenda sináptica.
Uma descoberta recente mostra que a
membrana dos astrócitos também apresenta
receptores para neurotransmissores,
podendo assim desencadear eventos
bioquímicos e elétricos no interior da célula
glial.
Além disso controlam rigorosamente a
concentração de diversas substâncias que
tenham potencial para interferir nas funções
neurais normais.
Existem 2 populações:
• Tipo 1 – astrócitos protoplasmáticos, com
citoplasma muito claro encontrados na região
da substância cinzenta;
• Tipo 2 – astrócitos fibrosos, têm mais
filamentos gliais e localizam-se nas regiões
de substância branca.
Certas doenças como esclerose múltipla
(EM), epilepsia e AIDS, são caracterizadas
por cicatrizes gliais densas, resultantes de
astrócitos reativos. Se encontram nos locais
onde a mielina e os neurônios degeneraram
Estes astrócitos cresceram em culturade células. (Cortesia dos Drs. L.A. Cunningham
e G.A. Rosenberg, Department of Neurology and Pharmacology, University of Mexico,
Albuquerque, New Mexico.)
Glia formadora de mielina, ao contrário dos
astrócitos, a função principal dos
oligodendrócitos e das células de
Schwann está mais clara. Estas células
gliais formam as camadas de membrana que
fazem o isolamento elétrico dos axônios,
chamado de mielina.
Esta mielina se enrola formando uma espiral
que dá várias voltas ao redor da extensão
dos axônios no encéfalo.
A bainha de mielina é
periodicamente
interrompida, deixando
descobertos pequenos
trechos do axônio
onde a membrana
axonal está exposta.
Cada uma dessas
regiões é chamada de
nódulos de Ranvier.
A mielina acelera a propagação dos impulsos
nervosos ao longo do axônio.
Oligodendrócitos e células de Schwann
diferem em localização e em outras
características. O primeiro é encontrado
apenas no SNC, enquanto o segundo é
encontrado exclusivamente no SNP.
Um único oligodendrócito contribui para
formação da mielina de vários axônios,
enquanto que cada célula de Schwann
mieliniza apenas um único axônio.
Os oligodendrócitos são muito responsivos
aos estímulos e as alterações do
microambiente do SNC.
A lesão no oligodendrócito freqüentemente
resulta em vários sítios de desmielinização,
este fato, juntamente com a sua baixa
capacidade de regeneração e a sua lenta
velocidade de mitose, torna essa célula glial
particularmente vulneráveis a doenças e
lesões.
As doenças desmielinizantes, como a EM,
provocam lesões disseminadas em
oligodendrócitos, acarretando a transdução
de sinal degenerada no SNC.
Também são muito suscetíveis às
substâncias tóxicas e às infecções. A
síndrome alcoólica fetal comumente é
caracterizada por retardos no
desenvolvimento motor e do SNC.
Existe uma boa documentação sobre o
envolvimento das células de Schwann na
regeneração do axônio.
A mitose, ocorre imediatamente após o
traumatismo local. Além disso, as células de
Schwann são capazes de migrar e de
fagocitar resíduos de mielina e em seguida
estimular a formação de mielina nova.
A regeneração da mielina pode ser detectada
uma semana após a perda inicial.
Outras células não-neuronais,
primeiramente células especiais, chamadas
de ependimais, formam a camada celular
que atapeta os ventrículos, além de
desempenharem um papel direcionando a
migração celular durante o desenvolvimento
do encéfalo.
Segundo, uma classe de células chamadas
microglia age como “macrófago” na
remoção de fragmentos celulares gerados
pela morte ou degeneração de neurônios e
células gliais. Entre outras.

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