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DIREITO TRIBUTÁRIO – MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO

DIREITO TRIBUTÁRIO

Caro aluno: este material não tem a pretensão de substituir o uso de doutrinas. Trata-
se de mero trabalho com a finalidade de “apoio didático” e que deve ser lido, no
mínimo, mediante acompanhamento da lei seca (Constituição / Código Tributário).
Bom proveito! Professora Maria Augusta Fernandes Justiniano

PLANO DE ENSINO

I - DISCIPLINA: Direito Tributário


PROFESSORA: Maria Augusta Fernandes Justiniano

II - EMENTA
O conteúdo compreende a apresentação da estrutura básica da Atividade
Financeira do Estado direcionada para a tributação mediante a
apresentação do Sistema Tributário Nacional e a parte geral do Direito
Tributário.

III - OBJETIVOS
Informar e discutir sobre causas e efeitos decorrentes das relações
jurídicas entre o Estado e o contribuinte.

IV - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1.Atividade Financeira do Estado
2.Direito Tributário: conceito, objeto, natureza jurídica, autonomia,
interfaces com outras disciplinas e codificação
3-Sistema Tributário Nacional: CF/88: conceito, estrutura, competência,
repartição de receitas tributárias.
4.Tributos: conceito, natureza jurídica, classificação e espécies.
5.Legislação tributária: conceito, fontes formais principais e normas
complementares
6.Obrigação tributária: conceito, natureza jurídica, espécies e fontes.
7.Fato gerador: conceito, objeto na obrigação principal e acessória,
classificação, disciplina jurídica de sua ocorrência, interpretação.
8.Sujeito Ativo: conceito, poder de tributar e poder de exigir, competência
tributária (indelegabilidade), capacidade tributária ativa.
9-Sujeito Passivo: conceito, espécie (direto e indireto), capacidade
tributária passiva, domicílio, responsabilidade pessoal e por infrações.
10-Crédito tributário: conceito, natureza jurídica, fontes, constituição,
lançamento, suspensão, extinção, exclusão, garantias e privilégios
11.Administração Tributária: Fiscalização; Dívida Ativa; Certidão
Negativa.

Atividade Financeira do Estado


Segundo Aliomar Baleeiro: “atividade financeira consiste em obter, criar, gerir e
despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado
assumiu”.
Para o presente estudo interessará especificamente a parte da atividade financeira
relacionada à obtenção de recursos, mais especificamente receita pública.

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Receita Pública: é o ingresso ou entrada que integra os cofres públicos em caráter


definitivo, ou seja, não suscetível de restituição. Faz-se a ressalva de que receita não
é o mesmo que ingresso. Este, é gênero do qual receita é espécie. Veja que toda
receita pública caracteriza ingresso, porém nem todo ingresso caracteriza uma receita.
Por exemplo: o ingresso pode se dar em forma de Crédito público. Trata-se de um
empréstimo, logo caracteriza o ingresso, mas é provisório porque será oportunamente
devolvido.
Receitas derivadas: são devidas em razão do Poder de Império do Estado; são
coativas. O Estado coercivamente retira do patrimônio dos particulares para ingressar
nos seu patrimônio, mediante previsão legal. Ex.: tributos, multas (administrativas,
criminais e tributárias).
Importante esclarecer que a mais importante forma de sua obtenção destes recursos é
a arrecadação de tributos (receita pública derivada “tributária”) que é matéria inerente
ao Direito Tributário.

Direito Tributário . Segundo RUBENS GOMES DE SOUZA “ .. é o ramo do Direito


Público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os particulares, decorrentes
da atividade financeira do Estado no que se refere à obtenção de receitas que
correspondam ao conceito de tributo.”
RUI BARBOSA NOGUEIRA - “..é a disciplina da relação entre o fisco e o contribuinte,
resultante da imposição, arrecadação e fiscalização dos impostos, taxas e
contribuições.”
Objeto: é a atividade financeira do Estado pertinente à tributação.
Natureza jurídica :Direito Público, porque:
- o titular do direito é o Estado e este agindo com soberania;
- o interesse tutelado é público (obtenção de receitas mediante a arrecadação)
- a natureza dos efeitos das normas é cogente e indisponível, a prestação é
compulsória e atividade de fiscalização e arrecadação é vinculada porque trata-se
de interesse público.
Autonomia:
-Autonomia legislativa :
-tem título e capítulo próprios na CF/88: Título VI - Da Tributação e do Orçamento /
Cap.I/ Sistema Tributário Nacional
-tem suas normas codificadas: Código Tributário Nacional
-tem inúmeras normas infraconstitucionais de regência própria;
-Autonomia científica
-tem seus princípios e institutos próprios;
Autonomia didática : tem cadeira específica nas grades das IES - Instituições de
Ensino Superior
Como toda e qualquer ciência o Direito Tributário não tem autonomia absoluta; existe a
utilização de institutos e conceitos de outros ramos do Direito. A considerar a questão
interfaces disciplinares deduz-se pela autonomia relativa do D.Tributário.
Codificação:
Iniciativa de Osvaldo Aranha, em 1953, quando era Ministro da Fazenda. O tributarista
Rubens Gomes de Souza foi indicado para coordenar os trabalhos que resultaram na
Lei ordinária n.º 5.172/66. O Ato Complementar 36 publicado em 14/03/67, ao
denominou de Código tributário Nacional. Ocorre que, no dia seguinte 15/03/67 iniciou-
se a vigência da Constituição/67 inserindo no processo legislativo a figura da lei
complementar e sua competência para veicular matéria tributária. Como norma
infraconstitucional anterior à nova Constituição, mas que não contrariava seus
preceitos, foi recepcionada (princípio da recepção) com o status de lei complementar.
De igual forma, a Constituição promulgada em 05/10/88, em seu art.146, inciso III,
reservou as normas gerais à lei complementar. Essa lei traça normas de abrangência
em todo território nacional devendo ser observada em todo Estado Federal e não só
dentro do âmbito da União; tem natureza nacional.

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Atenção: alguns doutrinadores entendem que a diferença entre lei nacional e federal é apenas
de ordem terminológica. Para outros a lei federal é a norma expedida pela União e que não
transitam além da União, não sendo impostas aos outros entes da Federação; a lei nacional
transita da União para a Federação; é editada pela União, porém em nome do Estado Federal
por isso alcança os as outras Pessoas políticas.

Sistema Tributário Nacional


A CF/88 encontra-se dividida em nove (09) títulos e o ADCT
Títulos:
O Título VI da CF/88 - Da Tributação e do Orçamento, mais especificamente no seu
capítulo I, dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional. (Art.145 – 162 da CF/88): é o
conjunto de normas constitucionais de natureza tributária. Implica dizer que ali são
discriminadas quais são as espécies tributárias; estabelecidas as competências para
legislar sobre elas; dispostas as limitações ao poder de tributar (princípios e
imunidades) e determinadas as repartições de receitas, a fim de dar sustento ao Pacto
federativo, mediante autonomia financeira dos entes federados.
Estrutura:
Seção I - Princípios gerais (CF/88 art. 145 - 149-a / C.T.N. art. 6.º - 15.º );
Seção II – Das Limitações ao Poder de tributar (CF/88 art. 150 - 152 / C.T.N. art. 9.º -
15.º);
Seção III – Impostos da União:II/ IE/ / IR/ IPI/ IOF/ /ITR /IGF (CF/88 art. 153) residuais
e extraordinários 154 I e II)
Seção IV – Impostos dos Estados e Distrito Federal: ICMS/IPVA/ IHD (CF/88 art.
155)
Seção V – Impostos dos Municípios: IPTU/ISQN/ ITBI (CF/88 art.156)
Seção VI – Da repartição das Receitas Tributárias(CF/88 157 - 162 / C.T.N. art. 83 -
95)
TRIBUTO. Art. 3.º CTN
a) prestação pecuniária compulsória: pecuniária = em espécie, dinheiro; no nosso
ordenamento não existe pagamento de tributo in natura ou in labore; compulsória=
não decorre de acordo de vontades; não é ex voluntate; o Estado exerce seu poder
de império e o contribuinte é obrigado a contribuir para o bem da coletividade.
b) Pago em moeda ou em cujo valor nela se exprima: pago em moeda corrente (em
real) ou valor que possa ser convertido em moeda corrente a exemplo da UFIR –
Unidade Fiscal de Referência. Após a edição da LC 104/01 (mini-reforma tributária) foi
instituída a possibilidade da dação em pagamento em bens imóveis (art.156, IX do
CTN) que depende das disposições em lei específica.
c) Não constitui sanção de ato ilícito: a cobrança de tributo não representa imposição
de penalidade; tributo difere da multa. O fato que gera o pagamento de uma multa é
um ilícito, uma infração; já o tributo origina-se de fato previsto em lei e esta não pode
prever uma hipótese de incidência ilícita.
d) Instituída em lei : princípio da legalidade; não há tributo sem lei que o institua (art.
150, I da CF/88 c/c art.97, I do CTN). A principal fonte para o Direito Tributário, por
excelência, é a Constituição. Ressalte-se que LEI, neste contexto, compreende as
normas indicadas no seu art. 59, ou seja, que compõe o processo legislativo.
e) Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a atividade
administrativa tributária é vinculada, o agente não pode se furtar de exercê-la nos
termos e ditames que a lei impõe; a atividade administrativa de cobrança de cobrança
dos créditos tributários não comporta discricionariedade.
OBJETIVOS DA TRIBUTAÇÃO:
a)Obter receitas: o objetivo principal já que é a espécie de receita pública mais
expressiva.
b)Diminuir desigualdades sociais e desigualdades econômicas regionais: o Estado se
utiliza do tributo como instrumento de sua atuação à medida que concede benefícios
fiscais no caso de situações relevantes com o fim de gerar crescimento em

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determinadas regiões; deve também se utilizar do tributo como instrumento de justiça


social.
c)Intervir no domínio econômico: tributo de natureza extrafiscal utilizado como fator
determinante na economia, como no caso da necessidade de estimular ou
desestimular atividades, de produções e de consumo de determinadas mercadorias.
d)Servir de instrumento de atuação do governo com relação ao exercício das
profissões e às atividades econômicas: natureza parafiscal; equivale dizer que o
produto da arrecadação vai para manutenção de atividades de entidade paralela a
administração central, que interessa ao governo que seja desenvolvidas; são entes de
cooperação, a exemplo das contribuições das categorias profissionais ou econômicas
com o fim de manter as entidades que fiscalizam o exercício de determinadas
profissões.
NATUREZA JURÍDICA:
Diz respeito à espécie tributária, o art.4.º do CTN diz que é irrelevante a denominação
adotada pela lei ou a destinação legal do produto da arrecadação, para efeito de
determinar a natureza jurídica do tributo (se é taxa, imposto, contribuição). O que deve
determinar a natureza jurídica do tributo é o fato que desencadeou o nascimento da
obrigação.
Ressalte-se, no entanto, que a CF/88 quando acrescentou mais duas espécies de
tributo ao sistema – empréstimo compulsório e contribuições especiais/sociais – levou
em consideração a destinação legal do produto para identificação de sua natureza.
O fato que desencadeia a obrigação tributária é descrito na lei. Enquanto somente
previsto no texto legal é denominado de HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. A partir da
materialização desta hipótese ou, quando alguém realiza a situação abstrata prevista
na lei, ela deixa de ser abstrata e passa a ser um fato.
FATO GERADOR da obrigação tributária: Art.114 CTN – hipótese de incidência
materializada; concretização da situação descrita em lei que, quando ocorrida, enseja
o nascimento da obrigação tributária. Esta obrigação faz nascer um vínculo pessoal:
de um lado o sujeito ativo (aquele que exige o cumprimento da obrigação) e de outro o
sujeito passivo (aquele que tem o dever de satisfazer a obrigação). Esta obrigação tem
que ser mensurada em valores e isto ocorre a partir da observância dos elementos
valorativos previstos na lei.
BASE DE CÁLCULO : o valor que servirá de base para determinar o montante do
tributo a pagar.
ALÍQUOTA: é uma percentagem ou unidade que aplicada sobre a b.d.c resultará na
determinação do montante do tributo. Pode ser (EC.33/01 - § 2.º ao rt.149 CF/88):
a) ad valorem: um percentual sobre uma grandeza (receita bruta, faturamento, valor
da operação etc). – que é a mais comumente usada. Ex.: IPVA. 3% sobre o valor do
veículo.;
b)específica – um valor específico aplicado sobre uma b.d.c. é estabelecida em uma
unidade de medida. Ex.: Imposto de Importação: R$ 0,01 por litro de petróleo.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS:
Qto. ao fim:
a)Fiscal: Todo tributo tem função fiscal. Ocorre que alguns, especificamente são
cobrados visando apenas à arrecadação de recursos financeiros para fazer face às
despesas do Estado. Ex.: ITBI / ITCD / IR / IPVA / ICMS / IPI / ISS /
b)Extrafiscal: ocorre a manifestação de outros interesses que não visam apenas a
arrecadação. Esses outros interesses referem-se à utilização do tributo como
instrumento de atuação do Estado visando a correção de situações sociais ou
econômicas. Ex.: II / IE / IOF/ CIDE
c)Parafiscal: “para” prefixo que quer dizer “à margem”, quando a arrecadação tributária
se desenvolve buscando recursos para sustentar uma entidade paralela a
administração central; que interessam ao governo que sejam desenvolvidas. Ex.:
Contribuições do Sistema S (SESI/SESC/SENAR etc.); as dos Conselhos de classe
(CRM, CRC, CRO etc.).

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Quanto a hipótese de incidência


a) vinculado: neste caso a hipótese de incidência vincula a administração a direcionar
a receita obtida a um fato específico. Ex. contribuição de melhoria é tributo vinculado
porque quando o sujeito passivo paga este tributo existe a por parte da administração
a obrigatoriedade de vincular a receita à construção da obra que lhe trará melhoria
imobiliária.
b) não vinculado: a hipótese de incidência consiste na descrição de um fato qualquer
que não esteja vinculado à atuação estatal; tem a ver com a riqueza do sujeito
passivo. Ex.: o imposto é tributo não vinculado porque o fato gerador desse tributo
tem relação com o que o contribuinte tem ou produz; não há por parte da receita dos
impostos a vinculação. Muito pelo contrário, a receita vai para os cofres públicos
atender necessidades coletivas, sem destinação específica.
PRINCÍPIOS GERAIS – SEÇÃO I DO STN
Nesta seção é tarefa do legislador constituinte discriminar as espécies tributárias
repartindo as competências e definir as matérias reservadas ao tratamento por lei
complementar diante de sua relevância. Entenda-se bem que a Constituição não cria
tributos; ela atribui competência para que as Pessoas Políticas (U/E/DF/M) o façam
mediante lei.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Equivale à competência repartida entre as Pessoas Políticas para criar as leis que
instituem os tributos. O CTN dentre os arts. 6º ao 8º destaca as regras a respeito da
competência tributária. Esta, reafirmada como atribuição constitucional. É o legislador
constituinte que, após discriminar as espécies tributárias, irá repartir as competências
com o fim de possibilitar às unidades federativas (U/E/DF/M) a sua autonomia
financeira e partir desta, a sua autonomia administrativa e legislativa. Nisso consiste o
Pacto Federativo: autonomia das unidades que compõe o Estado Federativo (art. 1.º
da CF/88).
Capacidade Tributária Ativa: Verifica-se do disposto no art.7º do CTN que a
competência tributária (poder legiferante) é indelegável, sendo possível às pessoas
políticas delegar apenas as atribuições de cunho executório como tarefa de arrecadar,
fiscalizar tributos, executar leis, atos, decisões em matéria tributária. O CTN afirma
que estas atividades somente podem ser delegadas às pessoas jurídicas de direito
público. No entanto, verifica-se, na atualidade o caso de pessoas jurídicas de direito
privado encarregadas de arrecadar pedágios (considerado espécie tributária) pelo
legislador no art. 150, V, CF/88).
As pessoas que tem essas atividades detêm o que se denomina de capacidade
tributária ativa, ou seja, passam a ser sujeito ativo na relação jurídica tributária. Daí
receberem junto todos os privilégios processuais inerentes ao Ente político que lhe
delegou a atribuição.
O art. 8. º do CTN disporá sobre o fato da intransferibilidade da competência tributária
uma vez que o fato do Ente político a quem a CF/88 atribuiu a competência, não
exercita-la não dá a permissão de Pessoa Política diversa exercer em seu lugar. Ex: a
União tem competência constitucional para legislar instituindo o Imposto sobre
grandes fortunas; não exerceu essa competência; isso não dá direito aos Estados de
criarem o imposto em seu lugar. Tal procedimento caracterizaria a invasão de
competência proibida diante do Pacto Federativo.
Estado Democrático de Direito: Consoante o CTN em obediência à democracia e ao
Estado de direito o exercício das competências tributárias pela U/E/DF/M deve
obediência aos limites estabelecidos na Constituição Federal, nas Constituições
Estaduais, nas Leis orgânicas dos Municípios e do Distrito Federais e às normas
gerais traçadas pelo legislador federal infraconstitucional no CTN.
ESPÉCIES DE TRIBUTOS:
O art. 5. º do CTN dispõe sobre três espécies e se refere no art.15 ao empréstimo
compulsório. Ocorre que de acordo com a CF/88não há como negar a divisão
pentapartida ou quinquipartite: os tributos dividem-se em cinco espécies.

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Atenção-STF no RE 146.733-9/SP in RTJ 143/684:”....De feito, a par das três modalidades de


tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria), os artigos 148 e 149 aludem duas outras
modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: o empréstimo
compulsório e as contribuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio econômico e de
interesse das categorias profissionais ou econômicas”.
1.ª espécie - Taxas: ART.145, II, CF/88 c/c ART. 77 do CTN tributo vinculado a
prestação de um serviço público ou exercício do poder de polícia. È de competência
comum à U/E/DF/M já eu é atribuída constitucionalmente a todas as Pessoas
Políticas. Aqui, a competência administrativa precede a competência tributária, ou
seja, quem tem competência administrativa é detentor da competência para instituir o
tributo.
Fato gerador TAXA: tributo cujo fato gerador vincula a Administração Pública a dar
uma contraprestação ao contribuinte, seja prestando um serviço, seja exercendo o
poder de polícia. Esta característica do tributo o sujeita ao Princípio da
correspectividade;
-Taxa de serviço (art.79, CTN) cobrada pela utilização compulsória de determinado
serviço público; quando não há outra forma de obter a prestação.
Potencial: o serviço está à disposição do contribuinte, ele não usa porque não quer,
mas como tem natureza compulsória, terá que efetuar o pagamento. Ex: Taxa de
coleta de lixo; a pessoa tem um serviço público, prestado de maneira a lhe conferir
uma vantagem individual, porém mesmo se não produzir o lixo irá pagar, logo é um
serviço público potencial.
Efetivo: A administração pública disponibiliza e o contribuinte faz uso efetivo. Ex: a
taxa judiciária. Se a pessoa quiser a prestação jurisdicional, só tem esse meio para
conseguir, o que dá ao serviço a compulsoriedade. Porém irá arcar com o tributo se
efetivamente utilizar o serviço da Justiça, logo é serviço público efetivo.
Específico e Divisível:: trata-se de serviço público uti singuli, confere uma vantagem
individual e é suscetível de ser mensurado separadamente.
-Taxa de Polícia(art.78, CTN): cobrada pela prestação estatal no sentido de regular a
atuação individual cujo exercício tem que se dar em conciliação com o interesse
público.
Ex.: taxa de licença de funcionamento de estabelecimento comercial, taxa de porte de
arma etc.
Taxa não pode ter a mesma base de cálculo do imposto – ART.145, § 2. º CF/ 88 e 77
CTN. Quando o legislador for eleger a b.d.c. das taxas não pode levar em conta
índices de tributação típicos dos impostos. Ora, os impostos são exigidos com base
em aspectos pessoais do contribuinte que revelam sua aptidão econômica. Ex.: o
contribuinte paga IPVA porque é proprietário de veículo automotor; paga IR porque
aufere renda; pago ICMS porque promove circulação de mercadoria. Já as taxas, por
sua vez são exigidas a partir da contraprestação da administração pública consistente
em prestar serviço público ou ato de polícia que irá praticar.
À parte: Taxa e Preço Público:. O entendimento do STF na Súmula 545: o que
distingue um do outro é a compulsoriedade; se existe a impossibilidade jurídica do
atendimento da necessidade por outros meios, trata-se de taxa.
A tarifa, por sua vez, é o preço público pela utilização de serviços facultativos que a
administração pública através de seus delegados (concessionários de serviço público)
coloca à disposição da população. Exemplo disso é o valor pago pela prestação do
serviço púbico de transporte coletivo.
Ex.: Na maioria dos serviços prestados pelas concessionárias o que se cobra é tarifa
ou preço público. Só que se cobra uma “taxa mínima” o que define uma característica
de tributo. Mas se é tributo deveria respeitar as normas de vigência da legislação
tributária. A questão e polêmica.
Pedágio: Dispositivo inserido no corpo do Sistema Tributário Nacional, daí a priori
reconhecê-lo como de natureza tributária. Trata-se de valor cobrado por uma atuação
estatal específica que tem por fato gerador a utilização das vias conservadas pelo

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Poder Público. Fato é que se sou remetida compulsoriamente a trafegar por via que
cobra o pedágio, este tem natureza de taxa – uma terceira modalidade – taxa de
utilização de bem público.
Em resumo, onde houver imposição há cobrança de taxa; onde houver a contratação
há cobrança de tarifa.
As taxas são instituídas por lei ordinária.
2.ª espécie Contribuições de melhoria:- ART.145,III, CF/88 c/c 81, CTN e D.L.
195/67: Tributo vinculado a atividade estatal. È de competência comum à U/E/DF/M já
eu é atribuída constitucionalmente a todas as Pessoas Políticas. Aqui, a competência
administrativa precede a competência tributária, ou seja, quem tem competência
administrativa para realização da obra pública é detentor da competência para instituir
o tributo.
Fato gerador é a realização de obra pública da qual decorra valorização imobiliária
urbana ou rural. Ex: pavimentação, arborização, abertura ou alargamento de ruas,
construção de parques, campos desportivos, melhoramentos em praças, etc.
A lei que institui esse tributo deve conter requisitos mínimos estabelecidos pelo CTN:
delimitação da área direta e indiretamente beneficiada / memorial descritivo /
orçamento parcial do custo / parcela a ser ressarcida pela contribuição / plano de
rateio/ processo administrativo com previsão de prazo nunca inferior a 30 dias a
contar da notificação para que o sujeito passivo possa impugnar qualquer dos
elementos.
Seu valor é limitado à despesa da obra (limite geral) e à melhoria e outro individual
ocasionada de acordo com a zona de influência (limite individual). O contribuinte
(sujeito passivo) é sempre o proprietário de imóvel.
A sua cobrança não se legitima pela simples realização de obra pública; tem que haver
a melhoria ou valorização. Lembre-se que existem casos em que a obra pública
provoca desvalorização de imóvel. É instituída por lei ordinária.
3.ª espécie - Impostos: art. 16 do CTN; tributo não vinculado a nenhuma atividade
estatal específica. Sua receita destina-se a financiar as atividades gerais e indivisíveis
de interesse coletivo.
Fato gerador de IMPOSTOS: são fatos que tem relação com a aptidão econômica do
contribuinte, logo, é fato da esfera pessoal do contribuinte; Ex.: o indivíduo é
proprietário de veículo – paga IPVA; é proprietário de imóvel rural paga ITR; é
proprietário de imóvel urbano – paga ITU/IPTU; circula mercadoria – paga ICMS etc.
Pode ser:
Real: incide sobre o patrimônio de maneira geral, sem levar em conta características
pessoais do contribuinte. Ex.: IPTU. ITR
Pessoal: exigido em função de características pessoais, próprias dos contribuintes.
Ex.: Imposto de Renda
-Direto: reúne-se em uma só pessoa a condição de contribuinte de direito (responsável
pela obrigação) e contribuinte de fato (o que assume o ônus contritamente) Ex.: IRPJ;
IPVA.
Indireto: caracterizado pela dualidade de sujeitos passivos sendo distintos, o
contribuinte de direito e o contribuinte de fato. Ex.: IPI, ICMS
-Proporcional: tem alíquota única incidente sobre valor tributável variável. Ex.: ISS 5%
sobre o valor do serviço prestado.
Progressivo: alíquota variando de acordo com a base de cálculo. Ex.: IRPF – 15% e
27,5%
-Cumulativo: incide em todas as etapas tributáveis sem possibilidade de compensação
nas posteriores. Ex: IOF. ITBI
Não-cumulativo: prevê a compensação do valor exigido em uma operação com o valor
devido na subseqüente. Ex.: ICMS, IPI
Atenção: por determinação constitucional (art.146) é reservada à lei complementar, de
competência da União para observância em todo território nacional, pelas Pessoas
Políticas quando da criação dos impostos da sua competência. Essa lei complementar

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deverá definir os elementos que compõem os impostos (fato gerador, base de cálculo
e contribuinte).
A CF/88 reparte as competências, relativamente aos impostos, nos artigos 153 a 156.
Com relação aos impostos nominados, aqueles aos quais a CF já denominou e já
determinou a competência é exclusiva ou privativa de uma única Pessoa política.
a)IMPOSTOS NOMINADOS de competência exclusiva ou privativa da UNIÃO:
Art. 153, I, CF/88 - IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO: (Art. 19 a 22 do CTN.; Art.153, I da
CF/88) O fato gerador do imposto é a entrada no território nacional de produto
estrangeiro. Por lei esta entrada deve ocorrer em locais providos da repartição
alfandegária tanto que o STF (ERE 90. 114 -SP, STF/pleno) decidiu que o fato gerador
do tributo ocorre por ocasião do registro da Declaração de Importação na repartição
aduaneira. Esta data da entrada indicará a legislação a ser observada para efeito de
lançamento e identificação da taxa cambial.
A arrematação de produtos apreendidos/abandonado também é fato gerador do
imposto.
Ressalte-se, porém, que pode haver entrada de produto estrangeiro que não configure
o fato gerador do imposto. São casos em que o produto não integrará a economia
interna como: mercadorias em trânsito, as destinadas às feiras, exposições
internacionais, as enviadas em consignação e não vendidas no prazo autorizado;
devolvidas por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição;
Se o produto é surpreendido em via não usual ao comércio internacional será o caso
de entrada presumida, caracterizando evasão fiscal (contrabando e descaminho).
O II não se submete à repartição constitucional de receitas; estas integram as reservas
monetárias do BACEN.
Art. 153,II, CF/88 – IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO: (art. 23 a 28 do CTN) O fato
gerador do é a saída do território nacional de produtos nacionais ou nacionalizados,
qualquer que seja o objetivo de quem o remeta (compra e venda, doação; só põe a
salvo os de uso pessoal)
Produto nacionalizado é aquele transformado, beneficiado, acondicionado em território
nacional. O IE é pago por antecipação. O contribuinte declara a Exportação paga o
imposto e depois realiza o desembaraço aduaneiro e só aí ocorre a saída física do
produto. É entendimento do STF (RE nº. 223796-0/PE) que o contribuinte deverá
arcar com a diferença do IE caso haja aumento entre o registro da operação e a
efetiva saída do produto.
O II não se submete à repartição constitucional de receitas; estas integram as reservas
monetárias do BACEN.
Art. 153, III, CF/88 – IMPOSTO SOBRE RENDAS E PROVENTOS DE QUALQUER
NATUREZA: (art. 43 ao 45 do CTN) - O Fato gerador é a aquisição de disponibilidade
econômica caracterizada por:
-renda que é produto da aplicação lícita do capital (ex:resultado advindo de um
investimento como juros, aluguéis) ou auferido como o trabalho (resultado advindo de
um esforço laboral no exercício de uma atividade econômica como salários,
honorários, vencimentos, aposentadoria) ou combinação de ambos
-proventos de qualquer natureza: abrangem os outros ingressos que não resultam
propriamente do capital, nem do trabalho (ex.: doações, pensões) bem como as de
origem ilícita como o produto do jogo, da prostituição, de corrupção etc.
A disponibilidade jurídica não representa a posse física, mas já ingressou no
patrimônio; é aquisição de um título jurídico que confere direito de percepção de um
valor, à renda representada por um crédito.
Em conclusão a tributação ocorrerá quando houver a disponibilidade de riqueza nova,
acréscimo patrimonial.
A União reparte a receita do IR: 22,5% ao FPM; 21,5% ao FPE; 3% para programas
desenvolvimento das Regiões N/NE/CO. O IRRF dos servidores dos Estados e
Municípios pertence a estes; porém quando do repasse do restante da verba a
antecipação será deduzida pelo TCU.

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Art.153, IV, CF/88 – IPI – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES COM PRODUTOS


INDUSTRIALIZADOS: (art.46, CTN) O fato gerador ocorre com:
-desembaraço aduaneiro do produto industrializado de procedência estrangeira
-saída de produto industrializado:
a)do estabelecimento do importador ou quem a lei a ele equipare;
b) do estabelecimento do industrial ou quem a ele a lei equipare;
c)do estabelecimento do comerciante para estabelecimento industrial;
– Arrematação de produtos industrializados apreendidos ou abandonados.
Produto industrializado é aquele submetido a qualquer processo que lhe tenha
modificado a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo.
A União repassa a receita do IPI: 22,5% FPM; 21,5% FPE; 3% para programas
desenvolvimento das Regiões N/NE/CO.
Art.153, V, CF/88 – IOF – IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO,
SEGUROS, OPERAÇÕES COM TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS. (arts. 63-67
do CTN) Na realidade o fato gerador resume-se em operações jurídicas relacionadas
com atos e negócios mercantil-financeiros:
I.operações de crédito: (empréstimos, financiamentos), operações de câmbio (compra
ou venda de moeda estrangeira), operações de seguro (seguro de vida, casa, carro
etc), operações de títulos e valores mobiliários (títulos que podem ser negociados na
Bolsa de Valores; TDPÚBLICA, Ações de S/A; títulos de instituições financeiras, nota
promissória).
A União só reparte a receita do IOF que incide sobre o ouro como ativo financeiro ou
instrumento cambial (70% para o Município extrator e 30% para o Estado de sua
localização). O restante da receita forma reservas monetárias no BACEN.
Art.153, VI, CF/88 – ITR – IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL
(art. 29 a 31, CTN): O fato gerador é a Propriedade (faculdade de usar gozar, dispor
da coisa e reaver de quem injustamente a detenha), o domínio útil: - enfiteuse (que é
o mais amplo dos direitos reais sobre coisas alheias; é contrato de arrendamento
perpétuo) ou a posse( exercício de fato, pleno ou não de alguns poderes inerentes à
propriedade).de imóvel rural por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da
zona urbana do município. O critério para definição de “imóvel rural” para fins
tributários é o da localização (critério geográfico). A fixação desse critério compete à
norma geral de Direito Tributário, portanto, lei complementar - CTN - que definiu
expressamente o que é zona urbana; como não há definição de zona rural, por
exclusão é aquela que não é urbana, ou seja: imóvel que não contenha pelo menos
dois dos requisitos (equipamentos urbanos) relacionados no § 1. º do art. 32 CTN.
A União repassa para o Município da localização do imóvel rural fica com 50% do
produto da arrecadação do ITR. No entanto, a EC. 42/03 dispôs que o município
poderá ficar com a totalidade do produto arrecadado se optar por assumir a
capacidade tributária ativa (arrecadar e fiscalizar o ITR). Diante da disposição
constitucional o Presidente sancionou a Lei 11.250/05 que regulamentou o disposto no
inciso III do § 4. º do art.153 da CF/88 permitindo a celebração de convênio entre
União e Municípios. O convênio que será estabelecido entre cada município e a
Secretaria da Receita Federal (Instrução Normativa do Secretário da Receita Federal
nº. 643 de 12/04/06)sendo dispensada a edição de Lei Municipal, uma vez que a
assinatura do convênio é a única formalidade prevista para que ocorra a delegação da
atribuição de arrecadar e fiscalizar.
153, VII CF/88 – IGF – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS: Não instituído pela
União.
b)Impostos nominados de competência exclusiva ou privativa dos ESTADOS E DF:
Art. 155, I, CF/88 - ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de
quaisquer Bens Ou Direitos: (art. 38 e 42 do CTN e art.72 a 89 do CTE Lei 11.651/91)
O fato gerador é transmissão (passagem jurídica da propriedade, de bens ou direitos
de uma pessoa a outra) causa mortis e doação (não onerosa – sem encargo, sem
implemento de condição) de qualquer bem ou direito (bem imóvel e direito relativo a

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ele, bem móvel, mercadoria, qualquer parcela do patrimônio que for passível de
mercancia ou transmissão, como título, ação, quota etc).
O Estado não reparte as receitas do ITCMD.
Art. 155, II CF/88 - ICMS – IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E
SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL
INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO
As Normas gerais não estão no CTN já que foram revogados os arts. 52-62; 68-70; 74
e 75; foram estabelecidas com a edição da LC 87/96 (CTE - Lei 11.651/91– arts. 11 –
71)
O fato gerador do ICMS compreende as operações relativas à circulação de
mercadorias, operações de entrada de bem ou mercadoria importada do exterior, a
prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e a prestação
onerosa de serviços de telecomunicações.
O Estado repassa 25% do ICMS arrecadado para o Município de localização do
estabelecimento.
Art. 155, III, CF/88 - IPVA - IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES: Não há norma geral da União, nacional, ditando as regras do IPVA
para os Estados e DF. Porém, os Estados exercem sua competência concorrente
(art.23, §4º CF/88) criando suas normas para cobrança do tributo. O CTE - Lei
11.651/91 traz os comandos nos arts. 90-106. O fato gerador é a propriedade de
veículo automotor de qualquer espécie, ainda que o proprietário seja domiciliado no
exterior. Veja que veículo automotor é qualquer veículo a motor de propulsão e que
serve para transporte viário de pessoas ou coisas, seja transporte pó rodovia, aerovia
ou aquavia. Porém atente para a decisão do Pleno do STF no RE 379572 decidiu que
embarcações e aeronaves não devem pagar o Imposto
O IPVA é devido ao Estado onde o veículo é registrado e licenciado perante as
autoridades do trânsito. A receita é dividida em 50% para Estados e 50% para
municípios.
c)Impostos nominados de competência exclusiva ou privativa do MUNICÍPIO/DF:
O município não reparte suas receitas.
Art. 156, I, CF/88 - IPTU - IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E
TERRITORIAL URBANA: (Art. 32-34 do CTN; Lei 5.040/75 /CTM de Goiânia) O fato
gerador: é a propriedade domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por
acessão, conforme definido na lei civil, localizado na zona urbana do município. O
CTN dispõe que compete ao município definir zona urbana, desde que obedecidas as
regras da norma geral (CTN): local que tem a presença dos “equipamentos urbanos”
construídos ou mantidos pelo Poder Público: meio-fio ou pavimentação com águas
pluviais; abastecimento de água; sistema de esgotos; rede de iluminação pública com
ou sem posteamento p/ distribuição familiar, escola primária ou posto de saúde a uma
distância máxima de 03 km do imóvel.
Podem ser definidas como zona urbana as áreas urbanizáveis e de expansão urbana
que mesmo não contendo os melhoramentos urbanos, já tenham loteamentos já
aprovados destinados à habitação, indústria ou comércio.
Art. 156, II, CF/88 - ISTI ou ITBI - IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO INTER VIVOS,
A QUALQUER TÍTULO, POR ATO ONOROSO, DE BENS IMÓVEIS: (Arts. 36 a 39 e
42 do CTN; em Goiânia - Lei 6.733, de 22/03/89; Decreto 443 de 21/04/89). O fato
gerador é a transmissão inter-vivos e onerosa da propriedade ou domínio útil de bens
imóveis, a qualquer título (alienação, arrematação, dação em pagamento etc) e
transmissão de direitos reais sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia como
anticrese e hipoteca.
Art. 156, III, CF/88 – ISSQN - IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER
NATUREZA (Art.51 – 94, da Lei 5.040/75/CTM de Goiânia; LC128/03/norma do
município de Goiânia que adequou o ISS à LC 116/03/norma geral nacional) O fato
gerador é a prestação de serviços, por empresa ou profissional autônomo. A Lei
Complementar não definiu o que vem a ser prestação de serviço, preferiu elaborar lista

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considerando as atividades do Anexo (40 itens com subitens) como fato gerador do
imposto. A lei municipal pode não tributar todas as atividades previstas na Lista de
Serviços, mas não pode inovar, tributando atividade que dela não conste. A lista é
taxativa.
ATENÇÃO: Competência cumulativa: ART. 147,CF/88: ao Distrito Federal cabem os
impostos de competência municipal; e a União relativamente aos impostos dos
Territórios (caso existissem na divisão política) e, se esses não forem divididos em
Municípios, também à União compete instituição do impostos municipais
-IMPOSTOS INOMINADOS: refere-se à competência atribuída à União para criar
impostos novos, que não estão entre os discriminados ou cuja instituição o depende
de fatos específicos e só mediante a ocorrência desses fatos:
Art.154, I, CF/88 - refere-se à competência residual da União para, mediante lei
complementar (não pode ser objeto de Medida Provisória-art.62, §1.º, III CF/88) criar
impostos novos desde que não tenham o mesmo fato, a mesma base de cálculo dos já
discriminados e sejam não cumulativos.
Art.154, II, CF/88 – A União poderá instituir dentro da chamada competência
extraordinária, impostos extraordinários em caso de guerra externa.
4.ª espécie Empréstimo compulsório: ART. 148, e parágrafo único da CF/88, e
ART. 15, CTN tributo vinculado de competência da União, instituído por lei
complementar(não pode ser objeto de Medida Provisória cf. art.62, §1.º, III CF/88)
Existia controvérsia sobre sua natureza tributária, porque se é empréstimo, não é
receita pública, porque não integra definitivamente os cofres públicos já que será
restituído. Porém, já é assunto pacificado: além de dever obediência aos princípios
tributários, encontra-se no capítulo do Sistema Tributário Nacional havendo o STF
decidido neste sentido e declarado sem eficácia a Súmula 418. Pode-se concluir que o
empréstimo compulsório é tributo restituível em dinheiro (não é receita pública), pois
se à União cabe restituir a mesma coisa que, compulsoriamente, emprestou –
dinheiro. Esta devolução deverá ser integral, ou seja, os valores deverão ser
recompostos com índices que realmente reflitam a variação no período, tendo em vista
que o STF já decidiu que a correção monetária representa mera recomposição do
patrimônio. A União está autorizada a criar empréstimo compulsório de acordo com o
previsto no art.148, CF/88 desde que não invada a seara dos outros entes políticos.
Por exemplo: não pode cria empréstimo compulsório sobre aquisição de veículo
automotor, conforme se deu com o Decreto 2.288/86, porque esta operação mercantil
– compra e venda de veículo – é da competência estadual – ICMS, o que configura
bitributação (dois entes políticos tributando mais de uma vez o mesmo fato gerador).
À parte: bis in idem é a tributação de um mesmo fato gerador pela mesma pessoa
política.
A CF/88prevê que o empréstimo compulsório só pode ser instituído em caso de
calamidade pública, guerra externa ou sua iminência (ART.148, I – empréstimo
compulsório “emergencial)” e investimento público de caráter urgente e relevante e de
interesse nacional (ART.148,II - empréstimo compulsório “de caráter urgente”).
Ressalte-se que, no caso do inciso II, a sua cobrança deve obediência ao princípio da
anterioridade comum ou anual.
Os recursos arrecadados devem ser dirigidos ao atendimento das despesas conforme
a determinação da LC, deduzindo-se que trata-se de tributo cuja receita está
necessariamente vinculada à despesa que motivou sua instituição.
Relativamente ao art.15 do CTN, ressalte-se que a hipótese prevista no seu inciso III,
que se refere à “ conjuntura que exija absorção temporária de poder aquisitivo” não foi
recepcionada pela CF/88. O artigo foi derrogado.
5.ª espécie Contribuições Especiais/Sociais(instituídas por lei ordinária): arts..149,
149-A, 195 CF/88: já está pacificada a natureza tributária das contribuições sociais. –
estão inseridas no capítulo do Sistema Tributário Nacional e são regidas pelos
princípios que informam o D. Tributário. Com EC 33/01 o legislador constituinte
derivado explicitou no caput do ART 149 espécies de contribuições: contribuições

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sociais, CIDE ou de Intervenção no Domínio Econômico e Contribuições de interesse


de categorias profissionais ou econômicas; o § 1.º do mesmo artigo atribui
competência aos Estados Municípios e DF para criar a Contribuição Previdenciária
para custeio do regime de previdência dos seus servidores; o 149-A dispõe sobre a
criação pelos municípios e DF da Contribuição para Iluminação Pública; as
contribuições para seguridade social estão elencadas fora do STN, dispostas no art.
195, da CF/88.
5.1.CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico: não tem finalidade
arrecadatória uma vez que é instituída para reorganizar determinado seguimento da
economia, equilibrando o mercado; competência da União
-ATP – Adicional de Tarifa Portuária – instituída pela Lei 7.700, de 21.12.88 –
Representa um adicional de 50% sobre as tarifas portuárias incidentes sobre as
operações realizadas com mercadorias importadas ou exportadas, objeto do comércio
na navegação de longo curso. O STF (RE n.209365/SP, DJ 7.12.2000, p.873) decidiu
favoravelmente à sua exigência. Destinada à formação de recursos da Portobrás –
Empresa de Portos do Brasil. incidente sobre as operações realizadas com
mercadorias importadas ou exportadas, objeto do comércio na navegação de longo
curso
-IAA – Contribuição ao Instituto do Açúcar e Álcool – instituída pelos Decreto-lei n.º
308/67, alterado pelos Decretos-leis 1.712/79 e 19522/82. É devida pelos produtores
de açúcar e álcool para custeio das atividades intervencionistas da União na economia
canavieira nacional. O STJ entendeu que se afigura compatível com o ordenamento
constitucional 1988. Cobrada à alíquota de 20% (vinte por cento) sobre os preços
oficiais do açúcar e do álcool fixados pelo Instituto do Açúcar e do Álcool. É destinada
aos dispêndios provocados por situações excepcionalmente desfavoráveis do
mercado internacional de açúcar e para a formação de estoques da produção
exportável e complementação de recursos destinados a programas oficiais de
equalização de custos.
-FUNTTEL Contribuição ao Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das
Telecomunicações criada pela Lei nº 10.052, de 28/11/2000, cobrada à alíquota de
0,5% sobre a receita bruta das prestadoras de serviços de telecomunicações, nos
regimes públicos e privados. Seu produto é destinado aos projetos de inovação
tecnológica, ao incentivo da capacitação de recursos humanos, ao fomento da
geração de empregos e à promoção do acesso de pequenas e médias empresas a
recursos de capital, de modo a ampliar a competitividade da indústria brasileira de
telecomunicações.
-FUST – Contribuição para o Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações – instituída pela Lei 9998/00 - incidência de 1% sobre a receita
operacional bruta, decorrente da prestação de serviços de telecomunicações públicos
e privados. Recursos destinados a cobrir a parcela de custo relativa ao cumprimento
das obrigações de universalização de serviços de telefonia, inclusive de implanatação
de internet.
-SEBRAE - Instituída pela Lei n. 8.029/90; apesar de representa um adicional às
contribuições do Sistema S (SESI, SENAI, SESC, SENAC) esta contribuição é
destinada à proteção da micro-empresa, logo se trata de instrumento de intervenção
no domínio econômico.
STF no RE 3773781: ”Contribuição de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei
referir-se a ela como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais relativas às
entidades de que trata o artigo 1º do DL n. 2.318/86.”.
-CONDECINE Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica - Lei
10.454/02. Cobrada à alíquota de 3% em razão da veiculação, produção,
licenciamento e a distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas, com fins
comerciais. O contribuinte é o detentor dos direitos de exploração comercial da obra
ou de seus direitos de licenciamento no país.O produto arrecadado é destinado ao

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custeio da atividade interventiva de incentivo a indústria cinematográfica e


videofonográfica.
Lei 9991 de 24/07/00 criada em razão da determinação constitucional art.170, VII c/c
218 da CF/88. As concessionárias e permissionárias de serviços públicos de
distribuição de energia elétrica ficam obrigadas a aplicar, anualmente, o montante de
no mínimo, setenta e cinco centésimos por cento de sua receita operacional líquida em
pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico, e no mínimo, vinte e cinco centésimos
por cento em programas de eficiência energética
Destinação de 50% para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico - FNDCT, e 50% para projetos de pesquisa e desenvolvimento segundo
regulamentos estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL.
-CIDE incidente sobre a importação e Comercialização de Petróleo e seus
Derivados, Gás Natural e seus Derivados, Álcool Etílico Combustível. (art.177,§
4.º da CF/88)
Instituída pela Lei n.10.336, de 19/12/01; destinada ao pagamento de subsídios a
preços ou transporte de álcool combustível, gás natural, derivados de petróleo,
projetos ambientais ligados indústria de petróleo, financiamento de projetos ambientais
relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e financiamento de programas de
infra-estrutura de transportes. Consoante art.159, III da CF/88, 29% (vinte e nove por
cento) são repassados para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da
lei nº 10.336/01.
5.2.Contribuições sociais de interesse das categorias profissionais ou
econômicas: (L.O)
Contribuição Sindical: Prevista no art. 8, IV, in fine da CF/88 e no art. 578 da CLT.
Devida pelas pessoas jurídicas é devida, anualmente, no mês de janeiro e calculada
sobre o capital social registrado na Junta Comercial, mediante aplicação de alíquotas
constantes da tabela progressiva. As pessoas naturais com vínculo de emprego
também e submetem a ela anualmente. Para os profissionais liberais é devida no
mês de fevereiro. Não se confunde com a Confederativa que é devida apenas pelas
pessoas que desejarem sindicalizar-se e, por permanecerem associadas, tem o
desconto mensal. Esta independe de lei já que é instituída por assembléia.
Contribuições parafiscais: Contribuições Sociais Corporativas - de Interesse das
Categorias Profissionais ou Econômicas que tem função parafiscal, ou seja, exercem
função legalmente reputada como de interesse público. Fato gerador: é o exercício,
pelo contribuinte, de determinada atividade profissional ou econômica. Essas
contribuições destinam-se a suprir as necessidades das entidades, a custear as
atividades das entidades fiscalizadoras e representativas de categorias econômicas ou
profissionais e não a abastecer os cofres públicos. São entes de cooperação sendo
exemplo os Conselhos de fiscalização Profissional (criados pela União), os integrantes
do “ Sistema S “ : SESI; SENAT, SESC.
ATENÇÃO- STJ/REsp 358993/RS (DJ 06.04.2006 p. 253):”O STJ pacificou o entendimento de
que as anuidades dos Conselhos profissionais, à exceção da OAB, têm natureza tributária e
que, por isso, podem ser fixadas nos limites estabelecidos em lei, não podendo ser arbitradas
por resolução e em valores além dos estabelecidos pela norma legal”.
Ocorre que foi publicada a Lei 11.000/04 (art.2.º) prevendo que os Conselhos de
fiscalização das profissões regulamentadas estão autorizados a fixar, cobrar e
executar as contribuições , bem como as multas e os preços de serviços por eles
prestados.l esses tributos poderão ser fixados por ato infralegal. O Conselho nacional
dos Profissionais Liberais propôs ação direta de inconstitucionalidade (ADI 3408)
requerendo liminar para suspender a vigência dos artigos 1º e 2º da Lei nº. 11.000/04
e, no mérito, a declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos impugnados. A ADI
aguarda julgamento.
5.3.Contribuição social geral: outras que não se enquadram nas classificações
anteriores:

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a) FGTS ADICIONAL – LC.110/01 – cumpre ressaltar que o FGTS não é tributo; é


obrigação de natureza trabalhista. O tributo aqui tratado, na modalidade contribuição
adicional de 10% sobre o montante depositado a título de FGTS, devida pelo
empregador que proceder a despedida sem justa causa para custear o pagamento das
diferenças de correção monetária em razão da não aplicação de índices que não
refletiram a variação de forma correta nos períodos de 01/12/88 a 28/2/89 e durante
abril de 1990. Além dessa parcela o empregador tem que contribuir, mensalmente,
com 0,5% sobre a remuneração devida a cada trabalhador, no mês anterior, passando
o valor dos depósitos a cargo da empresa empregadora de 8% para 8,5%. Ressalte-se
que esta contribuição não integrará o montante existente na conta vinculada do
trabalhador, mas será destinada ao sistema geral do FGTS, uma vez que custeará o
pagamento das diferenças de correção monetária, acima referidos. Em síntese o que
ocorreu, com autorização do legislativo e do STF, foi o repasse para a sociedade do
pagamento de uma conta gerada pelo próprio Governo. O STF (ADIN 2568-6)
declarou-a como contribuição social geral e manifestou-se pela constitucionalidade
não vislumbrando ofensa ao princípio da capacidade contributiva, da razoabilidade e
moralidade dos atos da administração, do não-confisco, e desconsiderou o argumento
de que a cobrança caracterizaria uma “punição” pela dispensa do empregado, e
sanção não é tributo consoante art. 3. º do CTN;
b)SALÁRIO-EDUCAÇÃO : ART.212, § 5.º da CF/88 – pago à alíquota de 2,4% sobre
qualquer importância paga a qualquer título ao empregado. Destinado a custear as
despesas do ensino fundamental. Súmula 732/STF – é constitucional. (instituído por lei
ordinária)
c)COSIP- CONTRIBUIÇÃO PARA ILUMINCAÇÃO PÚBLICA: ART.149-A,
acrescentado pela EC 37/02 Fato gerador é a prestação do serviço público uti
universi de iluminação uma vez que atende, indistintamente, a um universo de
pessoas. Ver Súmula 670/STF. Tem competência atribuída aos Municípios e DF. A
crítica é no sentido de que a iluminação pública, na realidade, gera o pagamento de
contribuição de melhoria, que baste para satisfazer o custo das obras e não
contribuição social geral de forma definitiva. No município de Goiânia, foi instituída
pela LC 119 de 27/12/02.
5.4.Contribuições Sociais p/ Seguridade Social : As Ações Nas Áreas Da
Previdência e Assistência Social são organizadas em Sistema Nacional da Seguridade
Social e serão financiadas por todas sociedade mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, Estados, DF e Municípios.,As contribuições estão elencadas no
art. 195 da CF/88:
I-Do Empregador, empresa ou equiparado:
a)sobre folha de salário e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados a
qualquer título, mesmo sem vínculo de emprego: a CF/88 foi alterada para possibilitar
a cobrança da contribuição sobre as importâncias pagas aos autônomos,
trabalhadores avulsos, administradores; a base de cálculo é o total dessas
remunerações.
b)Sobre receita e o faturamento
sobre a receita - PIS/ PASEP – instituído pela LC 07/70 ART. 239, da CF/88 – desde
fevereiro de 1999 incide sobre todas as receitas (vocábulo incluído pela EC 20/98 com
a alteração do inciso I, do art. 195, CF/88) da pessoa jurídica, independente da
classificação contábil.; custeia o Seguro-Desemprego e o abono (empregado que
ganha até dois salários mínimos mensais faz jus). Atualmente a alíquota é de 0,65%
sobre a receita da pessoa jurídica. (L.O)
sobre o faturamento - COFINS- CONTRIBIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA
SEGURIDADE: sucessora do antigo FINSOCIAL, instituída pela LC 70/91 incidente
sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de
mercadorias e serviços. Argüida sua inconstitucionalidade tendo em vista a incidência
sobre a mesma base de cálculo do PIS (bis in idem) foi considerada constitucional
pelo STF. Atualmente cobrada à alíquota de 3% sobre o faturamento da empresa. (foi

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instituída por LC, mas o STF já afirmou que seria dispensável esse instrumento
legislativo, bastando lei ordinária)
c)sobre o lucro – CSL – Contribuição social Sobre o Lucro, instituída pela Lei 7.689/88
incide sobre o lucro das pessoas jurídicas. Sua cobrança foi questionada baseado no
fato de que seria caso de bis in idem, o lucro já era fato gerador do Imposto de
Renda das Pessoas Jurídicas. O STF, no RE 1138.284-CE, julgou sua cobrança
constitucional à exceção do exercício de 1988, por respeito ao princípio da
anterioridade, por entender que seu fato gerador não coincide com o do IR:
a)em decorrência de ajustes determinados pela lei ordinária 7689/88;
b)imposto porque imposto não pode ter destinação específica (art.167, IV, CF) e a
CSL tem destinação p/ seguridade social.
O STF também decidiu que o fato da receita ser destinada à Seguridade é que traduz
a natureza de contribuição previdenciária (em contraposição ao art. 4, CTN), pouco
importando se, na prática a receita transita pelo orçamento da União, já que é a
Receita Federal que arrecada e fiscaliza. Alíquota variável de acordo com a atividade.
Atualmente cobrada à alíquota de 9% sobre o lucro da pessoa jurídica (instituído por
lei ordinária).
II - Do trabalhador incidente sobre o seu salário-contribuição, não incidindo sobre a
aposentadoria e pensão concedidas no regime geral da Previdência – (imunidade para
os inativos da Previdência Geral), tributando apenas os inativos do serviço público.
III - Sobre receita de concurso de prognósticos: concurso de sorteio de números,
loterias de qualquer natureza, no âmbito federal, estadual, distrital ou municipal.
Constitui-se de renda líquida dos concursos de prognósticos realizados pelo Poder
Público (excetuando os valores destinados ao Crédito Educativo); 5% do movimento
total dos prados de corrida; 5% sobre o movimento de venda de cartelas, cartões com
símbolos ou quaisquer outras modalidades. (instituído por lei ordinária)
IV – Do importador – EC 42/03 inseriu o inciso IV ao art.195 dispondo que poderá ser
exigida a contribuição para a seguridade social ( PIS E COFINS) do importador de
bens ou serviços, ou de quem a lei equiparar. Exige lei ordinária.
V – outras fontes- § 4.º do ART 195, CF/88 – a lei poderá instituir outras fontes
destinadas a garantir a manutenção e expansão da seguridade, desde que observado
o disposto no 154, I – via Lei Complementar e que podem ter base de cálculo e fato
gerador idêntico a dos impostos já discriminados e de competência da União; quando
o legislador se reportou ao artigo em questão, consoante entendimento do STF, ele o
fez com a intenção de esclarecer que o que é vedado é instituir contribuição com fato
gerador idênticos a das outras contribuições enumeradas no art.195, CF/88 incisos I a
IV.
ATENÇÃO-STF/RE 242.615 (17.8.99): “... não se aplica às contribuições sociais novas, a
segunda parte do inciso I do art. 154, da Carta Magna, ou seja, que elas podem ter fato
gerador ou base de cálculo próprios dos impostos discriminados na Constituição”.
CPMF –foi criada para custear a seguridade social. Não se encontrava dentro das
hipóteses dos incisos do art.195 da CF/88, já que o fato gerador é a movimentação ou
transmissão financeiras. Os nossos legisladores mediante EC 12/96 atribuíram
validade considerando o disposto no § 4.º - outras fontes para manutenção da
seguridade desde que observado o art. 154,I.da CF/88; tinha que ser criada por lei
complementar/ ser não cumulativa (não pode ter a mesma base de cálculo e fato
gerador idêntico a dos impostos já discriminados). A EC desconsiderou tudo isso:
determinou criação por lei ordinária, dispensou a observância da não cumulatividade
e admitiu que sua base de cálculo poderia se identificar com a base de cálculo do IOF
( fato gerador: operações jurídicas relacionadas com atos e negócios mercantil-
financeiros relativos a crédito, câmbio, seguro, títulos e valores mobiliários), porque
tem destinação específica com fonte de manutenção da seguridade. (L.O). O art. 90
ADCT prorrogou a vigência da CPMF para 31/12/07 data em que foi extinta.
ATENÇÃO-STJ/REsp.913.422:Prestadoras de serviços. Nota fiscal. Contribuição
previdenciária. Ônus do prestador de serviços. A 2ª Turma do STJ decidiu, por

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unanimidade, que é obrigação das empresas prestadoras de serviço recolherem 11%


sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação a título de previdência.
VI - Contribuição Previdenciária dos servidores públicos dos Estados, D.F. e
Municípios. §1. º, do art. 149, parágrafo acrescentado pela Emenda 41/03 – A Reforma
Previdenciária atribuiu aos E/DF/M a competência para criar esse tributo que é
destinado ao Fundo de previdência dos servidores púbicos. A cobrança não pode ser
inferior à que União exerce sobre seus servidores (atualmente alíquota de 11%). Essa
contribuição está sujeita às disposições constitucionais das contribuições para a
seguridade social, inclusive à anterioridade nonagesimal.

Continuação dos Princípios Gerais:


Art.145 CF/88:
§ 1.º, CF/88- Princípio da capacidade contributiva: a CF/88 vai delimitar a atuação de
cada uma das pessoas jurídicas de direito público interno. Veja-se que o poder de
tributar não é ilimitado. “Sempre que possível”: Não é simples recomendação, é regra.
A expressão implica em atenção à exceção de impostos INDIRETOS já que estes, por
sua natureza, não permitem obediência ao princípio. Ex. ICMS e IPI.
“os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade
econômica do contribuinte”: o texto constitucional faz menção expressa á espécie
tributária IMPOSTOS.Referido princípio, segundo a doutrina majoritária, não se
resume apenas aos impostos, mas deve ser observada quando da instituição e
cobrança de qualquer outro tributo.
ATENÇÃO - Aplicação do princípio às taxas-STF/RE 177.835-1/PE: “... embora a norma
específica da Constituição Federal de 1988, pertinente ao princípio da capacidade contributiva,
ou mais exatamente, da capacidade econômica, na tributação, diga respeito apenas aos
impostos ( CF/88, art.145, §1º) nada impede, seja tal princípio observado com relação às
taxas”.
Capacidade econômica é a aptidão do indivíduo para produzir riqueza. A determinação
constitucional acha respaldo no princípio da igualdade: não é justo tratar de maneira
idêntica contribuintes em situações desiguais porque quem tem maior riqueza tem
maior capacidade contributiva que é a aptidão para suportar o ônus tributário,
devendo, assim, contribuir mais. A igualdade se promove no ato de cobrar tributos na
proporção dos haveres.
“Facultado à Administração Tributária para conferir efetividade aos objetivos pode
identificar patrimônio atividades econômicas”. Para fazer com que, quem demonstre
sinais exteriores de riqueza (que de fato detém maior condição econômica) tenha uma
maior contribuição, a administração tributária, na prática dos seus atos está sujeita ao
respeito incondicional dos direitos individuais previstos no art. 5.º C.F. “ esfera jurídica
do cidadão” (ex: inciso XI -, inviolabilidade do lar. Sigilo bancário: a LC 105/01 veio
permitir que os agentes, desde que haja processo administrativo instaurado tenham
acesso a documentos e informações sigilosas das instituições financeiras sem
autorização judicial, medida de constitucionalidade duvidosa por ofensa ao art. 5.º X
(proteção da intimidade) e XII (garantia de sigilo de dados). Para verificar qualquer
elemento só com ordem judicial e durante o dia.
ART.146 , CF/88 -
Caput - Cabe à Lei Complementar:” (ART.59, II e 69 da CF/88) norma de especial
processo de elaboração pois, aprovada pela maioria absoluta dos membros de cada
casa do Congresso Nacional (Câmara e no Senado), ou seja, o primeiro número
subseqüente à divisão dos membros levando-se em conta o número total dos
integrantes e não o número de presentes, logo, é sempre um número fixo. Na Câmara
será 257 deputados e no Senado será de 41 senadores.
INCISO I- dispor sobre conflito de competência...” : A divisão de competências no
Texto Maior é rígida uma vez que as competências tributárias dos entes políticos estão
definidas (Principio das competências impositivas) e esclarecidas com as devidas
limitações. À lei complementar não cabe criar competências. Cumpre-lhe, apenas,

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reafirmar, declarar as competências estabelecidas na CF/88, reforçando para que os


conflitos não surjam. Ademais, dispor sobre conflitos de competência não significa
dirimi-los; esta, é tarefa do Judiciário. O conflito de competência é provocado
mediante instituição de lei inconstitucional. Ora neste caso não cabe ao Legislativo,
mas ao Judiciário dirimi-lo, dizer de quem é o direito de tributar.
INCISO II – “regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;” a CF/88
estabelece normas de caráter proibitivo a exemplo das imunidades tributárias
(incompetência para legislar acerca de determinado fato tributável). A lei complementar
irá regulá-las. Por exemplo: a CF/88 estabelece limitações ao poder de tributar no art.
150 (imunidades); o CTN (lei complementar), em seu art.14, regula a limitação
constitucional no sentido de que esta somente será possível se atendidas
determinadas condições ali estabelecidas.
INCISO III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,: a principal
Lei Complementar relativa ao D.Tributário é, sem dúvida, a Lei 5.172/66 (CTN).
Alínea “a” : definição de tributos e suas espécies bem como, em relação aos
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases
de cálculo e contribuintes; Normas gerais valem para todas as pessoas políticas,
inclusive para a União. Essa lei Complementar é lei nacional. A CF/88 não institui
tributos; ela discrimina as espécies e define as competências. A lei complementar irá
clarear os comandos constitucionais sem criar direito novo; definir facilitando a
aplicação da norma pelos poderes tributantes (União, Estados, DF e municípios);
estes têm competência para instituir os tributos.
Especificamente quanto à espécie de tributo denominada “imposto” a CF/88 determina
que seja definido em lei complementar, seu fato gerador, base de cálculo e
contribuinte. Veja que o CTN traz essas normas gerais dos impostos nos art.s 19 até o
76. Caso o imposto não tenha suas normas gerais ali traçadas, por não existir à época
de 1966 (ICMS, ISS, IPVA, ITCD, ITBI) é necessária a edição de lei complementar,
pela União, traçando essas normas gerais para que as pessoas políticas exerçam sua
competência tributária. Ressalte-se que já o fez com relação ao ICMS – LC 87/96, e
ISS – LC 116/03. O IPVA, não tem sua norma complementar a nível nacional, porém
os Estado o criaram exercendo sua competência concorrente (art.24, §3.º da CF/88).
ATENÇÃO- STF/AI 167777 no AGR/SP: “... Deixando a União de editar normas gerais, exerce
a unidade da federação a competência legislativa plena - § 3º do artigo 24, do corpo
permanente da Carta de 1988 -, sendo que, com a entrada em vigor do sistema tributário
nacional, abriu-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a via da edição
de leis necessárias à respectiva aplicação - § 3º do artigo 34 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Carta de 1988.”
Alínea “b”:estabelecer as normas gerais sobre o nascimento da obrigação tributária,
a constituição do crédito tributário (lançamento) a disponibilidade deste crédito
(suspensão, extinção, exclusão, prescrição, decadência).
Alínea “c”: adequado tratamento ao ato cooperativo praticado pelas sociedades
cooperativas; cooperativas não são entidades prestigiadas, pelo constituinte, com a
imunidade. Porém, tendo em vista sua demasiada importância na economia do país, já
que fomentam a produtividade de seus associados, é que restou determinado que a
União devesse promover uma LC que determinasse as regras, a nível nacional, para
que os entes políticos quando exercerem competência tributária, obedecendo a norma
geral, concedessem o tratamento devido a essas entidades. Na falta dessa norma,
União, Estados Distrito Federal e Municípios, dentro do âmbito de sua competência,
através da legislação ordinária buscam atender ao comando constitucional. Desde que
se trate do chamado “ato cooperativo típico”, ou seja, aquele praticado entre a
cooperativa e seu associado sem a finalidade de lucro próprio, esses serão
beneficiários do tratamento especificado pela CF/88. Os resultados de operações com
terceiros devem ser contabilizados em separado, de modo a permitir o cálculo para
incidência de tributos.
ATENÇÃO- STJ/REsp 795.257/MG: ”... os atos praticados pelas cooperativas de crédito não
são passíveis de incidência tributária, uma vez que a captação de recursos e a realização de

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aplicações no mercado financeiro, com o intuito de oferecer assistência de crédito aos


associados, constituem atos cooperativos.”
SUM.262/STJ "Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras
realizadas pelas cooperativas". Cf.STJ REsp 298041 / RS .”A isenção prevista na Lei nº
5.764/71 só alcança os negócios jurídicos diretamente vinculados à atividade fim das
cooperativas, não sendo, portanto, atos cooperativos, na essência, as aplicações financeiras
em razão das sobras de caixa. A especulação financeira é fenômeno autônomo que não pode
ser confundido com atos negociais específicos e com finalidade de fomentar transações
comerciais em regime de solidariedade, como são os efetuados pelas cooperativas.”
Alínea “d” e parágrafo único: o legislador constituinte determinou que a União
estabeleça normas determinantes no tratamento simplificado das micro e pequenas
empresas. Aliás este comando já fora estabelecido pelo constituinte originário no art.
179 da CF/88.
A União deu corpo ao comando através da edição da LC123/06.
SUPER SIMPLES: O Sistema de recolhimento simplificado beneficia as
microempresas (receita bruta anual R$ 240.000,00 e pequenas empresas, que tenha
auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a
R$ 2.400.000,00).
Tratamento tributário DIFERENCIADO - alíquotas menores- imposto único entre 3% e
18% da receita na faixa de R$ 5 mil até R$ 250 mil/ mês;
Cria regime de arrecadação e fiscalização compartilhada dos impostos e contribuições
da U/E/M – unificação (cadastro único), centralização, repartição; cria SGFIS Sistema
Integrado de Gestão de Informações Fiscais; Conflitos fiscais decididos pela Receita
Federal/Justiça Federal;
A opção pelo Sistema implica no pagamento mensal unificado dos seguintes tributos:
IRPJ; PIS/PASEP; CSSL; Contribuição p/ Seguridade a cargo da pessoa jurídica e
COFINS além do ICMS e ISS.
Art.146-A- estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir
desequilíbrios da concorrência - o legislador prevê a possibilidade do governo,
através da LC, se utilizar de instrumentos tributários como fator de indução de
concorrência entre agentes econômicos, evitando o controle de mercado por uma ou
poucas empresas. O objetivo também é de promover o equilíbrio, através da
imposição dessas medidas especiais, entre os contribuintes que cumprem suas
obrigações e os que agem à margem da lei.
Art.147/48/49 => PRINCÍPIO DA REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS equivale à
repartição de competência, portanto já comentado em tópico anterior.

DAS LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR – Seção II


No Estado Democrático de Direito o Poder de tributar não é ilimitado. Assim, o
legislador constituinte zelando pelos diversos direitos individuais grafados no texto
constitucional e sem prejuízo destes, estabelece algumas limitações de ordem
tipicamente tributárias que abrangem os arts. 150 ao 152. Vejamos.
ART. 150, I E ART.9.º, I, CTN: PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA :
Fundamentado nos direitos individuais - PRINCÍPIO DA LEGALIDADE GENÉRICA
(art. 5.º, II da C.F/88, implica em submissão e respeito à lei. O principio tributário é
também conhecido por PRINCÍPIO DA ESTRITA LEGALIDADE ou PRINCÍPIO DA
RESERVA LEGAL(determinadas matérias hão se ser tratadas por lei formal – tratada
exclusivamente pelo Legislativo sem a participação normativa do Executivo). Trata-se
de cláusula pétrea que não pode ser sequer objeto de Emendas. Só por espécie
normativa, devidamente elaboradas conforme o processo legislativo constitucional,
pode criar-se obrigações para o indivíduo.
ART.150, I – só por lei pode-se instituir e majorar tributos. Instituição e majoração de
tributos é matéria de competência tributária própria, logo, é indelegável.

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Lei ordinária: regra geral é o instrumento hábil para criação de tributos. O STF já
decidiu que as contribuições previdenciárias (art.195, I, II, III e IV da CF/88) podem ser
veiculadas por lei ordinária.
Alguns tributos, no entanto, obedecerão ao princípio de Reserva de Lei Complementar
como os impostos residuais (art.154, I CF/88), as contribuições residuais (art.195, §4.
º, CF/88) e empréstimos compulsórios (art.148, I e II). Em observância ao disposto no
inciso III do § 1. º do art. 62 da CF/88 é vedada a edição de medida provisória para
criação desses tributos.
PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL RELATIVA: quando a Constituição apesar de exigir
lei formal, permite que esta fixe tão-somente parâmetros de atuação para o órgão
administrativo, que a regulamentará as alíquotas, somente, por ato infralegal, sempre
respeitando os limites da regra-matriz.Ocorre nos casos autorizados onde é facultado
ao Poder Executivo, ATENDIDAS AS CONDIÇÕES E OS LIMITES ESTABELECIDOS
EM LEI, alterar as alíquotas dos tributos enumerados a seguir.
1)Imposto de Importação (art.153, I) O Executivo através do Conselho de Política
Aduaneira expede Resolução para reduzi-las ou restabelecê-las, mas a
discricionariedade têm o limite da lei. Nunca pode aumentar sem observância da
regra-matriz. Atualmente a lei determina que o Executivo promova aumento ou
redução de 60% p/ mais ou para menos que o valor estipulado na lista dos produtos.
2)Imposto de Exportação (art.153, II) alíquota de 30%, podendo ser elevada até o
máximo de 50%.
3)Imposto sobre Produtos Industrializados (art.153, IV): atualmente a TIPI – Tabela do
Imposto sobre Produtos Industrializados - prevê alíquotas que vão de 0 a 330%
4)Imposto sobre Operações Financeiras (art.153, V): nas operações de crédito e
valores mobiliários a máxima é de 1,5% ao dia ; e para outras operações tributadas,
máxima de 25% (ex. câmbio)
5)CIDE sobre importação e comercialização de petróleo, gás natural e álcool
combustível (Art. 177, § 4.º - EC 33/01).
6)ICMS sobre combustíveis – art.155, § 4. º, IV CF/88 – alíquotas estabelecidas por
Convênios.
MEDIDA PROVISÓRIA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA: art. 62 §§ 1º e 2º
A Constituição Federal vedou a edição de medidas provisórias relativamente à matéria
reservada à LC. Assim, não podem ser objeto dessa norma os seguintes tributos:
-Empréstimos compulsórios: caput do art.148, CF/88;
-Impostos residuais – art.154, I CF/88
-contribuições sociais residuais: §4.º, art.195, CF/88
ATENÇÃO:: STF -AI-ED 518082 / SC (17/6/05) – “...contribuição social do art. 195, § 4º, CF,
decorrente de "outras fontes", é que, para a sua instituição, será observada a técnica da
competência residual da União: CF, art. 154, I, ex vi do disposto no art. 195, § 4º”.
Com relação ao §2.º do art. 62, as medidas provisórias que majorem ou criem
impostos deverão ser convertidas em lei até o final do exercício, no qual forem
editadas, para produzir efeito no exercício seguinte; excepcionam-se dessa vedação
os seguintes impostos: Importação, Exportação, IPI, IOF e imposto extraordinário de
guerra.
ATENÇÃO: STF - RE-AgR 354406 / RS:”O termo a quo do prazo previsto no artigo 195, § 6º,
da Constituição Federal, flui da data da publicação da medida provisória, que não perde a
eficácia caso não convertida em lei no prazo de trinta dias, desde que nesse período ocorra a
edição de outro provimento da mesma espécie. 2. Lei n. 8.128/91. Redução do prazo para
recolhimento do PIS. Inconstitucionalidade. Inexistência. A simples alteração do prazo para
recolhimento da obrigação tributária não ofende o princípio constitucional da anterioridade
mitigada. Precedente do Plenário: RE n. 240.266/PR”.
ART.150, II: PRINCÍPIO DA ISONOMIA: Fundamentado no “caput” do art. 5. º da
CF/88 - PRINCÍPIO DA IGUALDADE GENÉRICA - que dispõe que “todos são iguais
perante a lei.”. Diante de fatos econômicos idênticos, o tratamento tributário
dispensado deve, também, ser idêntico. Visa a eliminar do ordenamento jurídico a
concessão de os privilégios para algumas classes ou categorias econômicas ou

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profissionais ou mesmo inibir a prática nos casos de benefícios em função de relações


pessoais.
Art. 150, III, “a” e ART 9.º, II, CTN - PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE:O princípio
assegura, garante o direito subjetivo daqueles que, amparados por lei anterior,
venham a sofrer tributação instituída por lei nova. Equivale dizer que a lei que institua
ou aumente tributo somente atinge os fatos geradores futuros.
Exceção ao princípio da Irretroatividade consta do art. 106, CTN e remete-se aos
casos de:
-Lei nova com finalidade expressamente interpretativa
-Lei nova que trata de infrações tributárias desde que o ato não tenha sido
definitivamente julgado: quando a lei deixar de definir ato ou fato pretérito como
infração e quando a lei cominar penalidade menos severa que a prevista lei vigente
ao tempo de sua prática.
ART. 150, alínea “b” PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: É o principio que proíbe a
“surpresa tributária”. Exige planejamento e conhecimento antecipado no qual está
implícito O “PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA”: Reza que a norma que institui
ou aumenta tributo só irá desencadear efeitos jurídicos ou só terá eficácia no exercício
financeiro seguinte ao que foi publicada. No Brasil a norma geral do Direito Financeiro
- Lei 4.320/64 estabelece que o exercício financeiro, coincide com o ano civil. Equivale
dizer que será de 01/JAN a 31/DEZ.
Sob a perspectiva do PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA ou da SEGURANÇA
JURÍDICA há distinção clara entre vigência e aplicação das leis tributárias que
instituem e majoram tributo – ou seja - refere-se à eficácia da norma tributária e não à
sua vigência. Se a lei entra em vigor em determinado exercício só é eficaz, ou seja, só
é aplicável, ao contribuinte, no exercício subsequente.
ART. 150, “c” PRINCÍPIO DA NOVENTENA da EC 42; também denominada
ANTERIORIDADE REDUZIDA, MITIGADA, QUALIFICADA ou NONEGENTÍDEO :
alínea acrescentada pela EC 42/03: Dada a reiterada prática de instituir tributos na
data de 31/12, na calada da noite, a desoras, para iniciar a exigência a partir de 1.º de
janeiro, porém relativamente a fatos ocorridos no exercício anterior (fato gerador
pendente, no caso do Imposto de Renda)
A EC 42/03 estipulou que não se podem cobrar tributos antes de decorridos 90 dias da
data em que haja sido publicada a lei que os instituiu e aumentou – observado é claro
o previsto no inciso “b”.
Ex.: lei publicada em 31/12 instituindo tributo = além de só poder ser exigida no
exercício financeiro seguinte; deverá observância aos 90 dias definidos pela EC.
EXCEÇÕES: a regra aqui é a urgência; prevê situações que não têm como esperar.
Logo seu aumento ou instituição NÃO OBEDECEM ANTERIORIDADE ANUAL
PREVISTA NO ART.150, INCISO III, “b” e sequer á NOVENTENA INSERIDA PELA EC
42/03, OU SEJA
-PODEM SER EXIGIDOS DE IMEDIATO.
a)Os tributos instituídos dentro da competência extraordinária e exclusiva da União,
em caso de guerra externa ou sua iminência:
1)Empréstimo Compulsório (148, I) para atender a despesas extraordinárias:
calamidade pública, guerra externa ou sua iminência;
2)Imposto de Guerra (art.154, II),
3)Os tributos federais e extrafiscais, os chamados tributos regulatórios, relativamente
à majoração de alíquotas:
3)Imposto de Importação (art.153, I),
4)Imposto de Exportação (art.150, II),
5)Imposto sobre Operações Financeiras (art.153, V),
-DEVEM OBEDIÊNCIA À NOVENTENA (prevista no inciso III, “c”), MAS NÃO À
ANTERIORIDADE ANUAL, ou seja, aguardam os 90 dias da data da publicação para
produzir efeitos:

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1)ICMS(art.155, § 4.º, “c”) e CIDE (art.177, 4.º) sobre combustíveis: a EC 33/01


excluiu da anterioridade, mas a EC 42/03, não o exonerou da observância da
noventena prevista na alínea “c”, do inciso III, do art.150.
2) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
-DEVEM OBSERVÂNCIA AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE ANUAL, MAS NÃO À
NOVENTENA:
1)A lei que estabelecer a BASE DE CÁLCULO do IPVA ( art.155,III) bem como do
IPTU (art.156, I) e a lei que tratar do IR (153, III) não se submetem à exigência de 90
dias para ter eficácia, apenas observam o exercício financeiro seguinte.
ART.195, § 6.º PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE REDUZIDA/ MITIGADA/
NONAGESIMAL PREVIDENCIÁRIA / NOVENTENA PREVIDENCIÁRIA: refere-se
apenas às contribuições para o financiamento da Seguridade Social - as previstas no
art.195.
Atenção: Aqui estão excluídas as contribuições como: CIDE (exceto sobre
combustíveis) / corporativas / gerais – estas obedecem a regra do art. 150, III “b” e “c”.

Em resumo:

Tributo Anter. Nov.


148, I (Emprest. Compuls. guerra e calamidade); 153, I
(Importação), 153, II (Exportação); 153, V (IOF); 154, II NÃO NÃO
(Imposto Extraord.Guerra)
148, II (Emprest. Comp. Investimento urgente); 153, III (Imp.
Renda); SIM NÃO
155, III (b.d.c. do IPVA); 156, I (b.d.c. (IPTU)
153, IV (IPI); 155, §4º, IV, ‘c’ (ICMS s/ combustíveis); 177, § 4.º,
I, ‘b’ (CIDE s/ combustíveis); 195, § 6.º (contrib. p/ seguridade NÃO SIM
social)
ART.150, IV - PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO O Estado não pode agir e
detrimento dos direitos individuais; há de respeitar a esfera jurídica do indivíduo. O
tributo não pode ser confiscatório, não pode ser de tal monta que esgote a “riqueza
tributável das pessoas”.
O mínimo vital é garantido pela Constituição e não pode ser alcançado pela tributação.
Vedação ao chamado “tributo de sangue” ou “vampirismo fiscal”.
O STF (ADIn 2.010-DF) já se manifestou, neste sentido, quando decidiu pela
inconstitucionalidade da Lei 9.783/99 que determinava a adição de percentual de 9 ou
14% aos 11% já cobrados a título de contribuição de seguridade social, pois, uma
vez adicionado aos 27,5% do IR acarretaria 47,5% a 52,5% sobre os vencimentos.
É de se ressaltar, no entanto, que existem exceções à vedação constitucional. No
caso, por exemplo, dos tributos extrafiscais. É plenamente cabível a instituição de
alíquotas altas (proibitivas) relativamente à produtos onde não há, pelo governo,
interesse na sua importação ou consumo (fumo, bebidas alcoólicas)
ATENÇÃO-STF/Adin 939-DF (Pleno, RTJ 151/755): decidiu que princípios da imunidade e
anterioridade não podem ser suprimidos por Emendas, porque constituem garantias
fundamentais com a natureza de cláusula pétrea (art.60, § 4º, IV da CF).
ART.150, V e ART.9.º III, CTN - PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO DE
PESSOAS OU BENS: Veda a instituição de tributo que tenha como fato gerador o
tráfego intermunicipal e interestadual de pessoas, bens ou iniba o direito de ir e vir das
pessoas dentro do território nacional.
Pessoas: a CF/88 permite a cobrança de pedágio (fato gerador é a utilização de vias
conservadas pelo poder público)
Pedágio: Dispositivo inserido no corpo do Sistema Tributário Nacional, daí a priori
reconhecê-lo como de natureza tributária. Trata-se de valor cobrado por uma atuação
estatal específica que tem por fato gerador a utilização das vias conservadas pelo
Poder Público.

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Consoante o ART.155, §2.º, VII DA CF/88 o tráfego de mercadorias também é


tributado por meio de tributo interestadual (ICMS) através do pagamento, pelo
contribuinte do imposto, do diferencial de alíquotas.
ART.150, VI – IMUNIDADE: É a incompetência das pessoas políticas no sentido de
legislar sobre tributos. É não incidência “qualificada” dada a sua previsão no corpo do
Texto Maior de forma expressa. A CF/88 retira das competências das pessoas políticas
de editarem leis que prevejam a incidência de tributos sobre determinados atos, fatos
e pessoas. Não se aplica somente a impostos e sim, a tributos de maneira geral.
Objetivo: preservação de valores considerados como de superior interesse nacional:
Ex.: liberdade de crença (Art. 150, VI); preservação da democracia (Art.150, VI -
Imunidade recíproca; partidos políticos) dentre outras.
ATENÇÃO: a imunidade foi prevista neste dispositivo, de forma expressa, somente
com relação aos impostos que incidam sobre patrimônio (ITR, ITCD, IPVA, ITBI, IPTU)
renda (IR) e serviços (ISS). Ocorre que, diante da interpretação extensiva, aplicável a
esse instituto, o STF tem se manifestado no sentido de que a intenção do legislador
vai além da classificação de impostos que, na realidade, é estabelecida pelo CTN;
que a finalidade foi desonerar todos os bens e direitos dessas entidades ali
protegidas.
ART. 150, VI, “a” e § 2º e 3º - imunidade recíproca ou intergovernamental: das
pessoas jurídicas de Direito Público interno, com relação aos impostos incidentes
sobre patrimônio, renda e serviços uns dos outros. A imunidade aqui prevista visa
evitar que os Entes federados se utilizem da tributação com a finalidade de
interferência uns em relação aos outros, pondo-se em risco o Pacto Fedeativo. Outro
fundamento reside no fato dos Entes políticos não possuem capacidade contributiva,
portanto, não se incluem dentre as pessoas solidárias com o pagamento de impostos,
porque já pertence à sociedade. Para os adeptos da corrente das imunidades
implícitas, a exoneração prevista estende-se a todos impostos apesar do legislador ter
disposto expressamente o benefício com relação ao “impostos sobre patrimônio e
renda”. Assim, estaria implícita a imunidade também dos impostos sobre circulação e
produção (ICMS, IPI, IOF) e comércio exterior (II e IE).
ART. 150, § 2º a imunidade intergovernamental é estendida, pelo legislador, às
autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público desde que o seu
patrimônio, renda e serviço estejam vinculados à sua finalidade institucional ou
atividade dela decorrente.
ART. 150,§ 3º. – Estado explorando atividades econômicas sob as normas do
direito privado e em regime de livre concorrência: É importante estabelecer que a
regra geral do dispositivo é a de que as empresas públicas e sociedades de economia
mista não têm o benefício da imunidade. Ocorre que o STF vem distinguindo, para
efeito de aplicação dessa regra, empresa pública prestadora de serviço público (art.
37, § 6º) e empresa pública como instrumento de participação do Estado na economia
(art. 173, § 1º). Atente para os julgados:
STF: RE 424.227/SC: “Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). Exame da índole
dos serviços prestados. Diferenciação de serviços públicos de prestação obrigatória e serviços
de índole econômica. Art. 150 VI, a e § 3.º da Constituição. .. reputa-se plausível a alegada
extensão da imunidade recíproca à propriedade de veículos automotores destinados à
prestação de serviços postais”.
STF – RE 4288214/SP – “As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se
das que exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é
prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que
está abrangida pela imunidade tributária recíproca”.
ART. 150, VI, “b” e §4º - aqui trata-se da imunidade de impostos sobre patrimônio,
renda e serviços relacionados com as atividades essenciais dos templos de qualquer
culto.
STF 325.822/SP: “Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se
encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve abranger não
somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços

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"relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas". 5. O § 4º do


dispositivo constitucional serve de vetor interpretativo das alíneas "b" e "c" do inciso VI do art.
150 da Constituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas.”
ART. 150, VI, “c” e § 4º - com relação a imposto sobre patrimônio e renda dos
partidos políticos, inclusive suas fundações, entidades sindicais dos trabalhadores,
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, com relação ao
patrimônio, renda ou serviço, e atendidos requisitos da lei.
Atenção: sobre as entidades de assistência social sem fins lucrativos => são imunes
às contribuições para a seguridade social relacionadas no art. 195, CF/88.
Súmula 724/STF – permanecem imunes ao IPTU os imóveis de propriedades das pessoas
referidas na alínea “c”, desde que se comprove que a receita de aluguel foi reinvestida nas
finalidades institucionais.
STF 243.807/SP – “A imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal, em favor
das instituições de assistência social, abrange o Imposto de Importação e o Imposto sobre
Produtos Industrializados, que incidem sobre bens a serem utilizados na prestação de seus
serviços específicos.”
STF 116.188/SP – “ISS. - SESC - CINEMA. Sendo o SESC instituição de assistência social,
que atende aos requisitos do art. 14 do código tributário nacional - o que não se pos em duvida
nos autos - goza da imunidade tributaria prevista no art. 19, III, 'c', da EC 1/69, mesmo na
operação de prestação de serviços de diversão pública (cinema), mediante cobrança de
ingressos aos comerciários (seus filiados) e ao público em geral.”
STF 221.395/SP – (entidades de educação e assistência social) “O fato de os imóveis estarem
sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afastam a
imunidade prevista no artigo 150, inciso VI, alínea "c", § 4º da Constituição Federal”.
ATENÇÃO: Natureza dos efeitos do ato que declara imunidade:
STJ – Resp 495.975: proferiu entendimento de que ato que reconhece o direito à imunidade
“deve operar efeito ‘ex tunc’ uma vez que se limita a declarar situação anteriormente existente”.
STJ – Resp413.728: “A entidade considerada de fins filantrópicos não está sujeita ao
pagamento de imposto não somente a partir do requerimento, mas uma vez reconhecida como
tal, desde usa criação”.
ART. 150, VI, “d”: - nenhum imposto pode ser cobrados sobre os livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão.
Atenção:
a) Súmula 657/STF: “A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.”.
b)Listas telefônicas - RE nº. 101.441/RS - Pleno, RE nº. 118.228/SP-1ªT. :“O fato de as
edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade não afasta o benefício
constitucional da imunidade. A inserção visa a permitir a divulgação das informações
necessárias ao serviço público a custo zero para os assinantes, consubstanciando acessório
que segue a sorte do principal.”
c) Apostilas - RE 183403 / SP:“O preceito da alínea "d" do inciso VI do artigo 150 da Carta da
República alcança as chamadas apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado.”
d) Álbum de figurinhas - RE - 221.239-6/SP: “A imunidade tributária sobre livros, jornais,
periódicos e o papel destinado à sua impressão tem por escopo evitar embaraços ao exercício
da liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, bem como facilitar
o acesso da população à cultura, à informação e à educação. 2. O Constituinte, ao instituir esta
benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações
divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. 3. Não cabe ao aplicador da norma
constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído para proteger direito tão importante
ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do
valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil.”
e) O STF não estendeu as imunidades às tintas utilizadas como insumos na produção e nem
aos livros chamados eletrônicos apesar de possuírem a mesma finalidade que os impressos
em papel.
f)encartes de propaganda - RE 213.094: “Incidência sobre serviços de distribuição de encartes
de propaganda de terceiros por jornais e periódicos: inexistência da imunidade prevista no
artigo 150, VI, d, da Constituição: precedente”.
À parte, outras imunidades:
ART. 153, § 3º, III : com relação ao IPI dos produtos destinados ao exterior;

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ART. 153 e § 4º - com relação ao ITR, das pequenas glebas rurais, definidas em lei (parágrafo
único, do art.2.º, da Lei 9.393/96), quando as explore o proprietário que não possua outro
imóvel
ARTS. 153, § 5º e 155, § 2º, X, “c” - do ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou
instrumento cambial, com relação aos outros tributos, exceto o IOF .
ART. 155, § 2º, X, “a” - redação dada pela EC nº 42/03 – ICMS sobre operações que
destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no
exterior,.
ART. 155, § 2.º, X, “b” - ICMS, nas operações que destinem a outros Estados petróleo,
inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica.
ART. 155, § 2.º, X,”d” – com relação ao ICMS sobre prestação de serviços de comunicação na
modalidade radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita.
ART. 155, § 3º - com relação aos demais tributos, exceto o ICMS, o Imposto de Importação e o
Imposto de Exportação, nas operações com energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.
ART. 156, II, in fine – com relação ao Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis
“intervivos”, sobre os bens de garantia bem como cessão de direito à sua aquisição.
ART. 156, § 2º, I - com relação ao Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis “intervivos”,
sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em
realização de capital e sobre a transmissão de bens e direitos decorrentes de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se a atividade preponderante do
adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil.
ART. 184, § 5º - com relação a todos os impostos nas operações de transferência de imóveis
desapropriados para fins de reforma agrária.
ART. 195, § 7º; - com relação às contribuições para a seguridade social, as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei; a
Constituição denomina essa imunidade de isenção, mas isso não lhe retira a natureza de
imunidade.
ART. 5º, XXXIV, “a” e “b” - com relação às taxas no uso do direito de petição aos Poderes
Públicos em defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder e para obtenção de
certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situação de
interesse pessoal.
ART. 5º, LXXIII – taxa judiciária na propositura de ação popular, salvo comprovada má-fé do
autor.
ART 5º, LXXIV - com relação aos tributos incidentes na prestação de assistência jurídica (via
de regra, as taxas), aos que comprovarem insuficiência de recursos
ART. 5º, inciso LXXVI, “a” e “b” - com relação aos tributos incidentes no registro civil de
nascimento e na expedição de certidão de óbito para os reconhecidamente pobres.
ART. 5º, inciso LXXVII - com relação aos atos necessários ao exercício da cidadania e às
ações de habeas corpus e habeas data.
ART. 149, § 22, I - redação dada pela EC 33/01 - em relação às receitas decorrentes de
exportação, para fins de apuração das contribuições sociais e CIDE.

CONTINUAÇÃO STN:
ART.150, § 5 .º - Este dispositivo assegura a todo cidadão direito de conhecer o valor
dos impostos incidentes nas operações de consumidor de produtos e serviços.
Depende de regulação por lei complementar da União estabelecendo as normais
gerais para dar efetividade ao comando constitucional.
ART.150, § 6 .º - qualquer vantagem tributária lícita só pode ser concedia por lei
específica (que trate exclusivamente da matéria) editada pelo ente político
competente; o dispositivo ressalva a concessão de benefícios no ICMS que dependem
de celebração de convênio.
Atenção-STF - ADIn 3.809 (19/6/07) :A concessão unilateral de benefícios fiscais relativos ao
ICMS, sem a prévia celebração de convênio, afronta a Constituição. Com esse argumento,
apresentado pelo relator, Min. EROS GRAU, o Plenário do STF declarou a
inconstitucionalidade da Lei capixaba 8.366/06, que dispõe sobre a isenção de ICMS para
empresas que contratarem apenados e egressos do estado do Espírito Santo”.

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ART.150, § 7. º - Substituição tributária: a lei pode eleger um terceiro como


responsável pelo pagamento do imposto ou contribuição atribuindo a este o dever de
reter o tributo antes da ocorrência do fato gerador (fato gerador presumido). Caso este
não se realize a CF assegura a imediata restituição do valor antecipado.
ART 151,I e II, CF/88 e 10, CTN - PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA E
ECONÕMICA DOS TRIBUTOS FEDERAIS EM TODO PAÍS : fundamentado nos
Princípios da isonomia, no Pacto Federativo e na garantia de valores como pluralismo
político. Veda o tratamento discriminatório na imposição tributária tributo federal em
virtude do lugar de ocorrência do fato gerador. Ressalte-se que o inciso ressalva a
concessão de incentivos fiscais por motivos relevantes, visando proporcionar
desenvolvimento econômico e justiça tributária.
Também não permite que a União tribute diferentemente suas rendas e dívidas e
vencimentos de seus servidores, com relação às dívidas, receitas e vencimentos dos
servidores dos Estados, D.F. e Municípios.
ART 151, III e art. 8.º, do CTN: PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO À INVASÃO DE
COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS PELA UNIÃO: O CTN previa a
possibilidade da União conceder isenção de impostos estaduais e municipais.
Referidas isenções são denominadas isenções heterônomas e violam o Principio
Federativo previsto na CF/88, bem como o dele decorrente que é o Princípio das
Competências Impositivas. Somente é competente para isentar a Pessoa Política que
tem competência para tributar.
Atenção:
Entendimento favorável à possibilidade da União, através de tratados internacionais conceder
isenção de tributos que está fora de sua competência:A questão cuida do instituto das isenção
heterônoma, isenção de tributo realizada por ente que não detém a competência.
Relativamente ao enunciado o assunto é tratado na Constituição Federal no art. 151, III que
veda à União a concessão de isenção de tributos que estão fora de sua competência.
Entretanto, quando o assunto é relações internacionais é imprescindível estabelecer uma
diferença entre União, pessoa jurídica de Direito Público, representante todo o Estado
brasileiro perante os Estados estrangeiros, pessoa uma indivisível e a União que no âmbito do
direito nacional é pessoa jurídica de Direito interno, autônoma, investida pela Constituição de
sua próprias atribuições tributárias.
Os tratados internacionais são firmados pela União (poder central) diante da soberania que lhe
é concedida e dentro da sua competência para regular a política de comércio exterior cabendo-
lhe defender os interesses do País.A vedação do inciso III, do art. 151, se fez referentemente
ao campo das vedações tributárias autônomas de cada Ente componente da República
Federativa. Esse o entendimento dos Tribunais superiores:
STJ - AgRg no AG n.º 438.449⁄RJ: “ Embora o ICMS seja tributo de competência dos Estados e
do Distrito Federal, é lícito à União, por tratado ou convenção internacional, garantir que o
produto estrangeiro tenha a mesma tributação do similar nacional. Como os tratados
internacionais têm força de lei federal, nem os regulamentos do ICMS nem os convênios
interestaduais têm poder para revogá-los. Colocadas essas premissas, verifica-se que a
Súmula 575 do Supremo Tribunal Federal, bem como as Súmulas 20 e 71 do Superior Tribunal
de Justiça continuam com plena força”.
STF Súm/575 – “A mercadoria importada de país signatário do GATT, ou membro da ALALC,
estende-se a isenção do imposto sobre circulação de mercadorias concedida a similar
nacional”.
STJ Súm/20 – “A mercadoria importada de país signatário do GATT é isenta do ICM, quando
contemplado com esse favor o similar nacional”.
STJ Súm/71 – “O bacalhau importado de país signatário do GATT é isento do ICM”.
Entendimento diverso – pela impossibilidade : Inicialmente é indispensável frisar a
supremacia da Constituição em relação aos tratados internacionais. A questão cuida do instituto
da isenção heterônoma, ou seja isenção de tributo realizada por ente que não detém a
competência. Relativamente ao enunciado o assunto é tratado na Constituição Federal no art.
151, III que veda à União a concessão de isenção de tributos que estão fora de sua
competência, in casu ISS e ICMS, da competência dos Municípios e Estados, respectivamente.
Ademais a CF/88 determina no seu art. 1.º que o Brasil elegeu a forma federativa de Estado
onde é indispensável a presença de alguns elementos característicos como a descentralização

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de poder, a autonomia dos entes federados e a inexistência de hierarquia entre o governo


federal e os demais entes.Ressalte-se que nem Emenda constitucional pode afastar a forma
federativa de estado de acordo com o art. 60, §4º, inciso I da CF/88. Quando o legislador
constituinte pretendeu autorizar essa “invasão de competência, o fez expressamente no art.
155, §2.º, XII, “e” (imunidade do ICMS nas exportações para o exterior de mercadorias e
serviços) e no ET 156, parágrafo 3º, inciso II (a imunidade do ISS nas exportações de
serviços).O legislador em momento algum excepcionou a hipótese de concessão, pela União,
mediante tratado internacional de isenções de tributos que estão fora da competência de sua
competência.
O STJ inclusive já se manifestou no seguinte sentido o julgamento do REsp 90781– DJ
20.10.1997:
“1. O Sistema Tributário instituído pela CF/1988 vedou a União Federal de conceder isenção a
tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal e Municípios (art. 151, III). 2. Em
conseqüência, não pode a união firmar tratados internacionais isentando o ICMS de
determinados fatos geradores, se inexiste lei Estadual em tal sentido.3. A amplitude da
competência outorgada a união para celebrar Tratados sofre os limites impostos pela própria
carta magna. 4. O art. 98, do CTN, há de ser interpretado com base no panorama jurídico
imposto pelo novo Sistema Tributário Nacional”.
A conclusão que se aponta é que A União não pode mediante tratados internacionais conceder
isenção de ICMS ou ISS.
ART, 152, CF E ART 11, CTN PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE DO TRIBUTO
ESTADUAL OU MUNICIPAL QUANTO À PROCEDÊNCIA OU DESTINO DE BENS E
SERVIÇOS: inibe qualquer tipo de imposição de barreira tributária em relação à
mercadorias oriundas ou destinadas a outras unidades da Federação, em garantia dos
Princípios Federativo, da isonomia e valores fundamentais como do pluralismo
político.
ATENÇÃO-STF/RE 167034:”a antecipação de pagamento de imposto, quando a mercadoria se
destina a outro Estado, não configura adoção de diferença tributária, em razão do destino e
procedência de bens”.

NORMAS GERAIS – CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL– PARTE GERAL

Fontes: a doutrina considera como as causas do nascimento do direito. São


classificadas em Fontes materiais ou reais representadas por atos e fatos jurídicos
qualificados pelo direito; e Fontes Formais que são as normas ou as formas pelas
quais o direito se exterioriza criando direitos e deveres (Constituição Federal, leis,
normas complementares como decretos e atos normativos do Executivo).
Art.96, CTN: O CTN dispõe que a expressão “legislação tributária” é utilizada em
sentido amplo compreendendo toda norma relativa à matéria: leis, tratados e
convenções internacionais, decretos regulamentardores, e quaisquer outras normas
complementares.
Art.97, CTN: O dispositivo em questão dispõe sobre as matérias cujo tratamento está
reservado à lei em sentido formal e que não podem ser tratados por instrumento
normativo próprio do Executivo. Refere-se basicamente aos elementos essenciais do
tributo como fato gerador, base de cálculo, alíquota, sujeito e penalidades. Este
dispositivo deve ser interpretado em conjunto com os dispositivos constitucionais que
tratam da “Reserva Legal” previstos no art. 150, I, §1º do art. 153, art. 155, §4º, inciso
IV e art.177, §4º, que se referem ao “Princípio da Reserva legal relativa”.
§§1º e 2º Quanto à majoração do tributo, o legislador descreve que pode ocorrer
situação em que, apesar de haver oneração da base de cálculo de um tributo, esta
não represente aumento, mas mera atualização e por isso, dispensável o tratamento
da matéria por lei. Caso típico da atualização da base de cálculo do IPTU pelos
Municípios, por decreto, já que não se trata de aumento, mas de recomposição do
valor mediante aplicação dos índices oficial de correção monetária no período.
ATENÇÃO: STJ - REsp 59125-2/SP: “A correção monetária não representa acréscimo, mas
mera atualização do valor da moeda corroída pela inflação. O recolhimento do tributo corrigido

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monetariamente não significa majoração, mas simples preservação do poder aquisitivo da


moeda”.
Princípio da Legalidade e a fixação do prazo para recolhimento de tributo Com
relação ao prazo para recolhimento do tributo, o art. 97 do CTN não reserva a matéria
à lei em sentido formal. Ademais, o art. 160, também do CTN, deixa claro que o prazo
para pagamento de tributo pode ser estabelecido pela “legislação tributária”. Os
tribunais têm entendido que a alteração é possível por instrumento normativa do
Executivo desde que a lei tenha sido omissa quanto à fixação do prazo. Nesse sentido
as decisões do STJ:
-STJ- Resp 72.004/SP: “se não fixado em lei o prazo para o recolhimento do tributo pode ser
estipulado por decreto segundo a jurisprudência prevalente nesta Corte”.
-STJ-REsp 85.409/SP “.. atribuindo à legislação tributária força para fixar o tempo para
pagamento dos tributos, o art. 160 autorizou que isso se fizesse indiferentemente, por
quaisquer de suas espécies, respeitada, por óbvio, a hierarquia existente entre elas (v.g. um
prazo fixado por lei não pode ser alterado por decreto)
Já com relação ao princípio da anterioridade o STF já sumulou entendimento que a
norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita
ao princípio da anterioridade (Súmula 669/STF).
Art.98, CTN. TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS (ART 98, CTN): Os
tratados e as convenções internacionais suspendem ou modificam as normas
tributárias internas, excetuadas as de natureza constitucional. O STF confere absoluta
precedência à Constituição da República sobre os tratados internacionais celebrados
pelo Brasil RE 109.173-SP (RTJ 121/270-276)
ATENÇÃO: - STF/RE 229.096: GATT.Tratado internacional. ICMS. Isenção tributária.
O STF deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do TJRS que
entendera não recepcionada pela CF/88 a isenção de ICMS relativa a mercadoria importada de
país signatário do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT, quando isento o similar
nacional. Discutia-se, na espécie, a constitucionalidade de tratado internacional que institui
isenção de tributos de competência dos Estados-membros da Federação. O Plenário do STF
entendeu que a norma inscrita no art. 151, III, da CF/88, limita-se a impedir que a União
institua, no âmbito de sua competência interna federal, isenções de tributos estaduais, distritais
ou municipais, não se aplicando, portanto, às hipóteses em que a União atua como sujeito de
direito na ordem internacional”.
STF - ADI-MC 1480 / DF - Tratados e Leis ordinárias: “Os tratados ou convenções
internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema
jurídico brasileiro, nos mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade em que se
posicionam as leis ordinárias, havendo, em conseqüência, entre elas e os atos de direito
internacional público, mera relação de paridade normativa.
STF - ADI-MC 1480 / DF - Tratados e leis complementares: “Os tratados internacionais
celebrados pelo Brasil - ou aos quais o Brasil venha a aderir - não podem, em conseqüência,
versar matéria posta sob reserva constitucional de lei complementar. É que, em tal situação, a
própria Carta Política subordina o tratamento legislativo de determinado tema ao exclusivo
domínio normativo da lei complementar, que não pode ser substituída por qualquer outra
espécie normativa infraconstitucional”.
ART.99 CTN Decretos regulamentadores atos do Chefe do Poder Executivo;
hierarquicamente estão acima dos outros atos secundários, mas são secundários em
relação à lei, pois são atos de execução que devem explicitar a lei com fidelidade, não
podendo ultrapassar o alcance, o seu conteúdo que o legislador pretendeu.
Art.100, CTN: Normas Complementares são todos os outros atos normativos que
emanam regras de execução dos decretos e das leis.
-.Atos Administrativos: a execução dos decretos e regulamentos dá-se por meio de
normas complementares expedidas por autoridades administrativas (Instrução
Normativas, Portarias, Ordem de Serviço, Ofício Circular)
-Decisões administrativas: decisões proferidas em processos administrativos com
força normativa.
-Práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas: critérios
comumente adotados na interpretação da legislação.

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-Convênios: 66/88 que regulou o ICMS até a edição da LC 87/96; ou conforme o


disposto no art. 155, §4.º,inciso IV CF/88 - enquanto não tiver LC - os Estados vão
deliberar - mediante convênio - sobre a cobrança do ICMS sobre combustível; art..199
CTN fiscalização mútua dos entes políticos.
Parágrafo único: quando o contribuinte age conforme a disposição das normas
complementares, ele não está sujeito à penalidade; equivale dizer que, caso o
contribuinte tenha recolhido tributo a menor por força de orientação de norma
secundária não pode ser punido com a aplicação de multas, nem imposição de juros e
correção.

VIGÊNCIA DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA:


Art. 101 e 102 do CTN Vigência:
No espaço: norma geral aplica-se em todo território nacional.
Regra geral é a territorialidade: lei de Goiás aplica-se no território goiano.
Ocorre, excepcionalmente, a extraterritorialidade desde que reconhecida por lei ou
convênio:
-por lei: a previsão da tributação da renda auferida, por pessoa física, no exterior
oriunda de prestação de serviço técnico por empresas brasileiras; o desmembramento
de território previsto no art. 120 do CTN .
-por convênio: quando os entes políticos acordam sobre a possibilidade de atuação
fora de suas jurisdições com o fim de exercer a fiscalização cooperada.
Art.103 do CTN: regras para vigência de fontes secundárias ou normas
complementares:
Atos administrativos: emitidos pela autoridade administrativa - na data da publicação
( Ex. prazo para pagamento de tributos) – SALVO DISPOSIÇÃO EM CONTRÁRIO –
Ex.: Instrução Normativa (ato do delegado da Receita Federal) que modificou a
nomenclatura de CGC p/ CNPJ entrou em vigor por disposição em seu texto – 06
meses após a publicação para que se pudesse ajustar à nova disposição.
Decisões normativas: 30 dias da data da publicação – o mesmo prazo para recurso.
Convênios: na data neles prevista; quando não trouxer a data é na data da publicação;
não acompanha a norma civil de 45 dias porque convênio é ato administrativo e este
vigora na data da publicação.
Art.104 do CTN c/c 150, III, “b” da CF/88 Impostos: só no 1 .º dia do exercício
seguinte ao da publicação, nos casos de
-Majoração, novas hipóteses de incidência; extinção ou redução de isenções :só
vigora no exercício seguinte ao da publicação do dispositivo legal.
Sobre isenção é importante ressaltar que o CTN estabeleceu quando à revogação a
obediência ao princípio da anterioridade anual ou comum, no caso de se tratar de
impostos sobre patrimônio e renda.
APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA:
No espaço: a lei só vai ser aplicada sobre os fatos relativos a cada ente tributante nos
limites de seu território.
No tempo: somente podem ser exigidos tributos nos momentos expressamente
estipulados pela lei.
Art. 105, CTN : “Lei Tributária Material”, que trata dos elementos essenciais do tributo
– não retroage nem para beneficiar, nem para prejudicar:
Fatos futuros: a lei nova só atinge fatos futuros como explicitação do princípio da
irretroatividade.
Fatos pendentes: tiveram início, mas não se completaram.
Art. 106, CTN: a retroatividade benigna somente se aplica aos casos de lei
expressamente interpretativa e dispositivo relativos a atos considerados como infração
e que não foram ainda definitivamente julgados, a dizer:
I- beneficia o contribuinte/ lei interpretativa: a lei X foi editada obscura, ambígua;
causa distorções; é editada a lei Y para interpretar a lei X; ela retroage para evitar

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penalidade ou seja, não haverá multa caso tenha havido irregularidade em virtude do
teor confuso, mas não desobriga do recolhimento do tributo.
II- beneficia o réu / Lei Tributária Penal: cuida dos ilícitos administrativos tributários.
-ato não definitivamente julgado – deixe de definir o ato ou omissão como infração,
desde que não tenha sido fraudulento e implicado na falta de pagamento do tributo.
Ex: não emitiu NF; foi autuado e procedeu a defesa, ainda não julgada; veio lei nova
dispensando a emissão da NF – não há mais infração.
-cominação de penalidade menos severa : multa era 200% passou para 10%.
ATENÇÃO - STJ REsp 187.051/SP: “A expressão ‘ato não definitivamente julgado’ constante
do art. 106, II, ‘c’, alcança o âmbito administrativo e também o judicial; constitui portanto ’ato
não definitivamente julgado’ o lançamento fiscal impugnado por meio de embargos do devedor
em execução fiscal.”
Atenção: a sanção penal não impede as sanções administrativas. Ex.: sonegação: até
1965 era ilícito administrativo sujeito a multa, apreensão e perda da mercadoria; desde
a Lei 4.729 e 8.137 é crime. A lei criminalizou a conduta. Responde criminalmente, o
que não exime da responsabilidade pelas sanções administrativas como inscrição no
cadastro de devedores, multa, impossibilidade de negociar com o poder público etc.

INTERRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA:


I- Integração: O aplicador da lei tenta a priori interpretar as normas para aplicá-la ao
caso submetido à apreciação; não encontra disposição expressa, mas nem por isso
pode deixar de aplicar o direito; Recorre à integração das normas buscando
preencher as lacunas da Lei (Teoria das lacunas).
Art. 108, CTN – O rol apresentado pelo legislador é exaustivo organizado
hierarquicamente da forma que se segue:
Analogia: busca a solução em caso semelhante;
Princípios gerais de direito tributário: verifica a possibilidade de aplicação dos
princípios inerentes ao Direito Tributário como uniformidade dos tributos federais,
anterioridade mitigada etc
Princípios gerais de direito público: princípio federativo, presunção de inocência; direito
adquirido;
Equidade: em última hipótese o julgador deve proferir a decisão priorizando os ideais
de ética e de justiça. A equidade, no entanto, não pode resultar em dispensa do
pagamento do tributo, porque a dispensa só ocorre por lei.
Art.108, Parágrafo único: a interpretação analógica não pode ensejar a exigência de
tributo não previsto em lei. Ex.: duas pessoas com capacidade contributiva, uma é
sujeito passivo previsto em lei, a outra não. A autoridade administrativa não pode
exigir tributo da 2.º só porque tem capacidade contributiva se ele não é sujeito passivo
previsto em lei. A legalidade sobrepõe à analogia.
Arts.109 e 110, CTN – destes dispositivos mister duas constatações: 1.ª D.Tributário é
autônomo, mas não é independente; a questão é a interdisciplinaridade caracterizada
pela utilização de institutos, conceitos formas do D.Privado. Ex.: conceito de sucessor,
de fusão, de salário etc.
Art.109, CTN Como o Direito tributário se utiliza de institutos do Direito Privado, é de
se buscar seu significado, utilizando-se dos princípios de direito privado. Na realidade
há de se interpretar esse dispositivo em consonância com o disposto no art.118, CTN;
veja que os efeitos cíveis não alteram os efeitos tributários; por exemplo, mesmo que
um contrato seja inválido para efeitos cíveis pode surtir, regularmente, efeitos
tributários.
Art.110, CTN : A lei tributária não pode alterar o conteúdo e alcance de institutos do
direito privado, com o fim de estabelecer tributação. Ex: a contribuição previdenciária
incidia somente sobre folha de salário. Salário representa a remuneração de quem tem
vínculo empregatício. O Fisco não pode dar interpretação extensiva e considerar como

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salários os honorários de autônomos para fazer incidir tributo. Não lhe compete a
alteração dos conceitos de outros ramos do Direito.
II - Interpretação: É uma atividade lógica em decorrência da qual se declara o que a
norma está determinando. A interpretação é importante para conhecer o alcance e o
sentido da norma.
Art.111, CTN - As leis editadas com o fim de tratar de casos suspensão(art. 151,
CTN) ou exclusão do crédito (art. 175, CTN); outorga de isenção; dispensa do
cumprimento das obrigações acessórias, devem ser interpretadas literalmente, não
comportando interpretação extensiva. Nem mesmo o Poder Judiciário não pode
funcionar como legislador positivo, ainda que sob fundamento de isonomia;
entendimento do STF embasado na separação dos Poderes:
ATENÇÃO – STF/ Agravo 138344/DF(DJU 12.05.95): “A concessão desse benefício isencional
traduz ato discricionário que, fundado em juízo de conveniência e oportunidade do Poder
Público, destina-se, a partir de critérios racionais, lógicos e impessoais estabelecidos de modo
legítimo em norma legal, a implementar objetivos estatais nitidamente qualificados pela nota da
extrafiscalidade. - A exigência constitucional de lei formal para a veiculação de isenções em
matéria tributária atua como insuperável obstáculo a postulação da parte recorrente, eis que a
extensão dos benefícios isencionais, por via jurisdicional, encontra limitação absoluta no
dogma da separação de poderes. Os magistrados e Tribunais - que não dispõem de função
legislativa - não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, o benefício da
exclusão do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador, com apoio em critérios
impessoais, racionais e objetivos, não quis contemplar com a vantagem da isenção.
Entendimento diverso, que reconhecesse aos magistrados essa anomala função jurídica,
equivaleria, em última análise, a converter o Poder Judiciário em inadmissível legislador
positivo, condição institucional esta que lhe recusou a própria Lei Fundamental do Estado. E de
acentuar, neste ponto, que, em tema de controle de constitucionalidade de atos estatais, o
Poder Judiciário só atua como legislador negativo.”
Art.112, CTN: este dispositivo infere-se no campo do ilícito tributário. a
penalidade só pode ser aplicada quando há certeza da segurança da autoria e
prática do ilícito; quando houver dúvida quanto à capitulação de fato legal, à
natureza ou circunstâncias materiais do fato ou natureza e extensão dos seus
efeitos, à autoria, imputabilidade, punibilidade e quanto à natureza da penalidade
aplicável ou à sua graduação, a interpretação da norma deve ser maneira
favorável ao sujeito passivo. Eis o princípio do in dubio contra fiscum ;

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:
HUGO DE BRITO: “É uma relação jurídica em virtude da qual o particular (sujeito
passivo) tem o dever de prestar dinheiro ao Estado (sujeito ativo), ou de fazer, não
fazer, ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos e o
Estado tem o direito de constituir contra o particular um crédito."
OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA: é a prestação a que está obrigado o sujeito
passivo de: pagar o tributo ou penalidade pecuniária e cumprir as prestações
negativas e positivas.
NATUREZA DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
-Relação jurídica obrigacional: as partes envolvidas têm direitos e deveres.
a)Fisco (suj. ativo): poder-dever de fiscalizar e, se verificar a irregularidade, tem
poder-dever de autuar (ex lege, atividade vinculada; dever de evitar excessos, abusos
de autoridade e respeitar os direitos do contribuinte.
b)Contribuinte(suj. passivo): direito à proteção da tributação desmesurada (Estatuto
do contribuinte) princípios constitucionais e imunidades e tem o dever de cumprir com
a prestação de obrigação tributária principal e acessória (positiva e negativa) .
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS:
ART.113, § 1.º - Obrigação Tributária Principal: a de pagar: tributo e/ou multa. Advém
da lei.
ART.113, § 2.º - Obrigação Tributária Acessória: aquelas cujo cumprimento facilita a
fiscalização e arrecadação. Advém da legislação tributária aí incluídas as leis e

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tratados e Convenções Internacionais e ainda os atos de normatização secundária, ou


seja, decretos, normas complementares como IN, OS, Portarias, porém sempre
vinculadas às disposições das leis.
Acessória Positiva (de fazer): Ex.: inscrever-se no CNPJ, emitir notas fiscais, manter
em dia a escrituração contábil, apresentar declaração de imposto de renda etc.
STJ - REsp 302772: “Em havendo considerável mudança no imóvel, deve o seu proprietário ou
detentor prestar informações ao Fisco para efeito de cadastramento. 2. Obrigação do
contribuinte que se identifica como obrigação acessória (arts. 113, § 2º, e 147 do CTN)” .
Acessória Negativa: não transportar mercadoria sem nota fiscal, não rasurar
documentos e escrita contábil,
Art.113, § 3.º - o descumprimento da obrigação tributária dá direito ao fisco de
constituir uma penalidade pecuniária que é a multa. A multa decorrente do
descumprimento será cobrada conjuntamente com o tributo. A obrigação acessória
tem o objetivo de facilitar a arrecadação e fiscalização.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA:
LEI a obrigação tributária há de ser descrita em lei
FATO GERADOR: é a materialização da situação abstrata prevista na lei e que dá
nascimento à obrigação tributária.
SUJEITOS: ativo e passivo.
FATO GERADOR: a ocorrência do fato gerador dá nascimento à obrigação tributária.
Fato gerador da obrigação tributária principal:
Art.114 CTN – hipótese de incidência materializada; concretização da situação
descrita em lei que, quando ocorrida, enseja o nascimento da obrigação tributária.
-situação: aspecto material – o fato
-definida em lei: Princípio da legalidade – a matéria tem que ser tratada em lei.
-necessária: é essencial a sua ocorrência para o nascimento da obrigação tributária
principal, sem fato, sem obrigação.
-suficiente: basta que o fato ocorra para dar nascimento à obrigação.
Fato gerador da obrigação tributária acessória:
Art.115 CTN – São prestações positivas ou negativas, mas que não constituem a
obrigação de pagar.
ASPECTO MATERIAL / Elemento objetivo: é o mais importante pois trata-se do núcleo
do fato gerador é a ato ou fato que a lei descreve. CASSONE diz que é descrito por
um verbo: circular mercadoria, pavimentar ruas, ser proprietário, exportar, importar.
ASPECTO PESSOAL / Elemento Subjetivo:Sujeito Ativo e Sujeito Passivo.
ASPECTO ESPACIAL: é o lugar da ocorrência do fato gerador. Importante para
determinar a legislação aplicável. Princípio da Territorialidade Tributária.
Art.116, CTN - ASPECTO TEMPORAL: momento da ocorrência do fato gerador
situação de fato: momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais -
pressupõem a ocorrência concreta do fato; Ex.: saída de mercadoria
situação jurídica: momento em que se considera constituída nos termos do direito
aplicável - não leva em conta a situação de fato, mas sim a concretização de um
negócio jurídico nos termos que a lei dispôs. Ex.: momento do registro da escritura de
compra e venda de imóvel no Cartório, situação jurídica que enseja o pagamento do
ITBI;
Situação jurídica pendente ou Fato gerador pendente: negócio jurídico tributável que
contém condição suspensiva ou resolutiva. São aqueles que não se completaram por
inexistir todas as circunstâncias necessárias para produzir efeitos.
Art. 117, CTN – considerar-se-á ocorrido o fato gerador e este produzirá efeitos, no
caso de negócios jurídicos condicionais:
Condição suspensiva: considerar-se-á o fato gerador ocorrido quando a condição se
implementar; aqui o fato jurídico – assinatura do contrato de doação – não implica na
ocorrência do fato gerador; esta, depende de um fato futuro e incerto. Ex: um avô que
faz o instrumento de doação (fato jurídico) para o neto de imóvel, desde que cumpra a
condição de aprovação em concurso público (condição suspensiva – futura e incerta).

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Quando se implementar a condição – “aprovação em concurso público” – o fato


gerador do IHD - Imposto de Doação ocorrerá.
Condição resolutória: quando se pratique o ato ou se celebre o negócio jurídico; Ex.: o
avô que faz o instrumento de doação (fato jurídico) condicionando a doação de imóvel,
à continuidade do exercício da advocacia pelo neto (condição resolutória) O fato
gerador do IHD ocorre de imediato, com o registro do instrumento de doação.
Art.118, CTN – Para se definir legalmente o fato gerador, deve-se desconsiderar a
validade jurídica dos atos praticados pelo sujeito passivo e, também, desconsiderar as
conseqüências destes atos.
Ex.: da prática do ato ilícito contrabando, uma pessoa obteve rendimentos. O fato
gerador do IR é a aquisição de rendimentos, logo, será desconsiderado a validade do
ato praticado (contrabando) e se terá em conta o fato que gera o pagamento do
imposto (aquisição de rendimentos); pouco importará, para efeito de tributação, as
conseqüências deste ato ilícito, se haverá penalidade pecuniária (multa), ou pena
privativa de liberdade.

ESPÉCIES DE FATO GERADOR


Fato gerador instantâneo: se completa em um só momento; a cada vez que surge dá
lugar a uma obrigação autônoma: Ex.: toda vez que há circulação de mercadoria,
nasce a obrigação tributária de pagar ICMS.
Fato gerador complexivo, completivo, de formação sucessiva: constituem-se num
conjunto de fatos, circunstâncias ou acontecimento. Ex. IRPJ – não importam os fatos
ocorridos no período, isoladamente (se houve lucro num mês, prejuízo no outro), pois
no encerramento do exercício – 31/12 - se fará a apuração do resultado e aí estará
definitivamente constituído o fato gerador.
Fato gerador continuado: se completam em determinado período de tempo – exemplo
clássico dos tributos anuais como IPTU/IPVA/ ITR – são considerados ocorridos
anualmente.
ASPECTO QUANTITATIVO DO FATO GERADOR: determinam o montante do tributo.
-base de cálculo: valor que serve de base para o cálculo do montante a pagar e sobre
o qual incidirá a alíquota;
-alíquota: É uma percentagem que incide sobre a b.d.c para determinação do
montante do tributo. Pode ser:
a)ad valorem – que é a mais comumente usada. Um percentual sobre uma grandeza.
Ex.: IPVA. 3% sobre o valor do veículo.;
b)específica – um valor específico aplicado sobre uma b.d.c. é estabelecida em uma
unidade de medida. Ex.: Imposto de Importação: R$40,00 por metro cúbico de óleo.
Ex. § 2.º ao rt.149 CF/88 (EC.33/01 acrescentou)

SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA OU ELEMENTO SUBJETIVO


Art.119 CTN - SUJEITO ATIVO: Pessoa titular da competência para exigir o
cumprimento da obrigação tributária.
Substituição do sujeito ativo: reorganização geográfica / desmembramento - ocorre a
cessão de créditos e demais direitos tributários para a nova pessoa política.
Art.121, CTN - SUJEITO PASSIVO é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou
penalidade e a pessoa compelida às prestações positivas ou negativas. Pode ser:
Sujeito Passivo: (art.121) é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo ou penalidade
e a pessoa compelida às prestações positivas ou negativas. Pode ser:
a) sujeito passivo direto ou contribuinte: tem relação direta e pessoal com o fato
gerador;
b) sujeito passivo indireto ou responsável: outra pessoa à qual a lei impõe a obrigação
de responder pelo tributo/penalidade.
b.1) sujeito passivo por substituição: § 7.º 150 da CF/88 quando a lei determina
que terceira pessoa tome o lugar do contribuinte antes mesmo da ocorrência do
fato gerador, levando-o à condição de responsável pelo crédito tributário.

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b.2) sujeito passivo por transferência: quando a lei prevê uma situação posterior à
ocorrência do fato gerador e transfere para terceira pessoa a obrigação tributária.
Art. 123, CTN - Pacto privado é inoponível ao Fisco. Ex.: um contrato de locação que
determina que o responsável pelo pagamento do IPTU é o laçador. Veja bem, o sujeito
passivo só pode ser eleito pela lei tributária e esta define como contribuinte do IPTU o
proprietário do imóvel. O contrato de locação (privado) não tem o efeito de alterar a lei
tributária. Para o Fisco o IPTU é devido pelo proprietário.
SOLIDARIEDADE
ART.124,CTN e 125: comentados no tópico RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA
ART.126, CTN: Capacidade Tributária Passiva: é a aptidão da pessoa para participar
da relação jurídica tributária na qualidade de sujeito passivo. Independe da capacidade
civil.
INCISO, I -A pessoa natural, ou física ainda que absoluta ou relativamente incapaz de
praticar atos na vida civil pode ser sujeito passivo da obrigação tributária. Basta que
tenha praticado ato ou tenha se colocado na situação prevista em lei como fato
gerador.
C.Civil: art.3.º - Absolutamente incapazes: menores de 16 anos; os que por
enfermidade ou deficiência mental não tiverem discernimento.; os que não puderem
exprimir sua vontade. Relativamente incapazes: maiores de 16 e menores de 18
anos; ébrios habituais, viciados em tóxicos, os deficientes mentais com discernimento
reduzido ou sem desenvolvimento mental completo e os pródigos.
INCISO II - pessoa natural que tenha sofrido privação ou limitação do exercício de
atividades civis, comerciais ou profissionais ou da administração direta dos seus
negócios.
INCISO III – pessoa jurídica não registrada oficialmente, bastando que configure uma
unidade econômica ou profissional.

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO DO SUJEITO PASSIVO


ART.127,CTN DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO: É determinante na competência das
unidades administrativas a que estão vinculados os sujeitos passivos. Regra geral é o
sujeito passivo que elege seu domicílio. Ex: quando o sujeito passivo coloca o
endereço na declaração; elege no contrato social;
INCISO I - para pessoas naturais: residência habitual ou se não tiver, será onde mora
ou onde exerce suas atividades.
INCISO II - para pessoas jurídicas de direito privado: (art.127, II, CTN) o lugar da sede
(matriz) ou o de cada estabelecimento em relação aos fatos que deram origem à
obrigação. (No caso ICMS a legislação não dá essa faculdade para o contribuinte pois
cada estabelecimento é considerado um domicílio);
INCISO III - pessoas jurídicas de direito público: local das repartições existentes no
território da entidade tributante. INSS quando deve alguma taxa p/ Prefeitura.
Qualquer de suas repartições no município pode receber a cobrança.
-§ 1.º - lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram
origem à obrigação. (bens de raiz - ITU/IPTU, ou fato: morte IHD p/ o Estado onde
ocorreu.)
ISS: STJ já decidiu que é o local da prestação do serviço. EC Nº 37/02 - alíquota
mínima é 2% - para evitar “guerra fiscal”..
-Execução Fiscal deve ser proposta no domicílio do Executado; se tiver mais de um
domicílio o Exeqüente pode escolher.
§ 2.º - Eleição fraudulenta do Domicílio: Responsabilidade por infrações o Fisco pode
escolher o local da ocorrência do fato ou da situação do bem.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

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O cumprimento da obrigação tributária pode ser imputado (responsabilidade


tributária) ao sujeito passivo contribuinte ou a um terceiro nas espécies
seguintes:
Responsabilidade solidária (art.124, 125 CTN)
Responsabilidade por substituição (art.128 , CTN)
Responsabilidade por sucessão (art.129 a 133, CTN)
Responsabilidade de Terceiros enumerados pela lei (art.134, CTN)
Responsabilidade Pessoal – desconsideração da pessoa jurídica (art.135, CTN)
Responsabilidade por infrações- Art.136 (mera conduta) e 137 (pessoal do agente)
CTN
Caso de exclusão da responsabilidade: Denúncia espontânea – Art.138, CTN

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA:
Art.124, CTN
INCISO I – solidariedade de fato: as pessoas têm ligação direta com o fato.
Ex.: co-proprietários de um imóvel rural – as pessoas têm em comum uma situação
(propriedade do imóvel rural) que constitui o fato gerado do tributo (no caso ITR); o
fato serem proprietários já define a solidariedade.
INCISO II – solidariedade legal: a lei é que elege as pessoas que serão solidárias.
Ex.: o transportador da mercadoria no caso das operações de circulação tributadas
pelo ICMS.
PARÁGRAFO ÚNICO: A solidariedade e o benefício de ordem são institutos
incompatíveis. Quando se falar em solidariedade não se aplica benefício de ordem. O
Fisco pode exigir o cumprimento da obrigação, pelo responsável, não havendo
obrigatoriedade de fazê-lo primeiro do contribuinte de fato.
ART. 125, CTN: Efeitos da solidariedade
I – o pagamento aproveita aos demais - Ex. dois co-proprietários: um paga o imposto,
extingue a obrigação para o outro.
II – isenção e remissão exoneram todos os obrigados, salvo se concedidas em caráter
individual. Ex: todas as pessoas que recebem até um salário mínimo e que sejam
proprietárias de imóveis urbanos não pagarão IPTU. Dois co-proprietários; um ganha 2
salários mínimos, o outro ganha 4 salários; a isenção atingirá somente o 1.º; o
segundo - não abrangido pela isenção - fica responsável pelo saldo.
III – Prescrição – Perda do direito de ação; perda do prazo para o Fisco executar o
crédito; e por outro lado, perda do prazo do sujeito passivo de requerer restituição de
tributos pagos indevidamente.
Interrupção de prazo: as causas que interrompem o prazo prescricional (apaga-se o
prazo decorrido e reinicia-se a contagem do zero) estão prevista em lei.
-Quando a interrupção beneficia o sujeito passivo: há tributo recolhido
indevidamente; o prazo para pleitear a restituição é de 5 anos; um dos co-
proprietários ajuíza a ação para reaver o tributo; interrompe a prescrição e
reinicia o prazo para o outro também.
-Quando a interrupção prejudica o sujeito passivo: o Fisco tem 5 anos para executar o
sujeito passivo; o prazo está para vencer; cita um dos co-proprietários, interrompe a
prescrição e o prazo para cobrar se reinicia, de igual forma para o outro devedor.

ART.128, CTN: RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO: a CF/88


constitucionalizou a sujeição passiva por substituição no seu §7º. Aqui a relação
jurídica se instaura entre o substituto (3.º que a lei determinar) e o sujeito ativo.
Ressalte-se que o terceiro eleito pela lei, é alguém que não praticou o fato gerador
(contribuinte – substituído) mas que está, de alguma maneira, vinculado ao fato
gerador da obrigação. Neste caso a lei afasta o contribuinte da relação e exige o
cumprimento da obrigação pelo substituo tributário.
Ex.: O fato que gera o nascimento da obrigação de pagar o ISS é a prestação de
serviço. Neste caso o prestador de serviço (contribuinte) deveria pagar o ISS toda vez

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que realizasse o fato gerador. Ocorre que a lei determina que o tomador de serviço
funcione como substituto tributário. Assim, quando for remunerar o prestador de
serviço, deve calcular o valor do ISS e fazer a retenção repassando ao município.
Caso ele não o faça, responde pelo cumprimento da obrigação.

ART.129 a 133, CTN RESPONSABILIDADE DE SUCESSORES: um evento


determinará a transferência da responsabilidade a um terceiro que não praticou o fato,
mas sucede na obrigação:
I-Sucessão por negociação imobiliária e mobiliária
II-Sucessão causa mortis
III-Sucessão por negociação societária (fusão, incorporação, transformação,
cisão)
IV-Sucessão por extinção de pessoa jurídica
V-Sucessão por alienação societária

I - Sucessão por negociação imobiliária e Mobiliária:


Art.130, CTN - Sucessão imobiliária: Responsabilidade do adquirente
-sem prova de certidão: o adquirente é responsável por tributo agregados ao imóvel
se adquirir sem a prova de certidão.
-com prova de certidão: o adquirente não é responsável quando adquirir o imóvel e da
data da aquisição constar a quitação. Presunção de validade, boa-fé, legitimidade e
eficiência dos atos da administração pública que informou a situação tributária do
imóvel.
Aqui é importante destacar o fato de que é regra a anotação, pela administração
pública, de que a expedição da certidão não impossibilita cobrança que posteriormente
vier ocorrer. Neste caso, surgindo débito anterior à data da aquisição fica o adquirente
exonerado do cumprimento da obrigação já que realizou o negócio com base na
certidão expedida pela administração.
Parágrafo Único - Responsabilidade do Arrematante: o arrematante não sucede nas
obrigações tributárias já que o ônus é transferido só sobre o preço da arrematação, ou
seja o valor do tributo será deduzido do preço pago pelo arrematante.
STJ - AgRg no REsp 849025 / RS - “Consoante o art. 130 do Código Tributário Nacional,
parágrafo único, há sub-rogação do crédito tributário sobre o preço pelo qual arrematado o
bem em hasta pública. O adquirente recebe o imóvel desonerado dos ônus tributários devidos
até a data da realização da praça”.
Art.131, CTN - RESPONSABILIDADE PESSOAL: diz expressamente quem é a
pessoa responsável.
INCISO, I: Bens “em geral” (móveis e imóveis) Responsabilidade do adquirente ou
remitente: será responsabilizado pouco importando se adquiriu com prova de certidão.
Remição é instituto previsto no art. 787, CPC, onde ocorre o resgate de bem, pelo
cônjuge, ascendente ou descendente do devedor, através do pagamento do preço.
Em observância ao disposto no art. 130, conclui-se que a regra é para aquisição e
remição de móveis e remição de imóveis.
INCISO II e III- Sucessão “causa mortis”: (Art. 129 e 131, II e III, CTN) os herdeiros só
recebem após a quitação dos débitos trabalhistas, tributários e civis.
Respondem por créditos constituídos, em curso ou constituídos posteriormente.
Veja que o CTN vai dispor que a responsabilidade é pessoal e será definida de acordo
com o estágio da sucessão. Logo:
- Seriam responsabilidades do espólio as dívidas deixadas pelo de cujus até a data da
abertura da sucessão, ou do falecimento;
-Sucessores a qualquer título respondem pessoalmente no caso de tributos devido,
antes da morte e não quitados até partilha;
-Inventariante responde solidariamente com o espólio quando foi aberta a sucessão, o
inventário está em curso, mas sem a efetivação da partilha e trata-se de tributo devido
após a abertura da sucessão de conformidade com o art. 134, IV do CTN.

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Enquanto não for feita a partilha, quem responde pelas obrigações do de cujus é o
espólio. – Após a partilha respondem os sucessores, cada qual na proporção do
patrimônio que sucedeu.
Crédito constituído: Se o Fisco tem um crédito já constituído é transferido para o
espólio enquanto não efetuada a partilha;
Crédito em curso: Se tiver algum processo em curso quando houver decisão definitiva
se desfavorável será rateado conforme o quinhão de cada sucessor e a meação;
Crédito constituído posteriormente: a responsabilidade é transferida para os
sucessores. Contribuinte morreu em 2003; abriu-se a sucessão, efetuou-se a partilha;
o Fisco examinado declaração constatou irregularidade na Declaração de 2002; faz o
lançamento, constituiu o crédito em 2004; os sucessores respondem.

Após a partilha respondem os sucessores a qualquer título.

ART,132.- Sucessão por negociações societárias:


a) Responsabilidade por fusão, incorporação, transformação e cisão: (Art. 132, CTN).
Pessoa jurídica de direito privado é responsável pelos tributos devidos até a data da:
-fusão - duas ou mais se unem p/ formar uma sociedade nova;
-incorporação - uma ou mais são absorvidas por outra;
-transformação - uma empresa altera a forma jurídica - muda de S.A. para Ltda.
-cisão: uma sociedade anônima transfere parcela de seu patrimônio para uma ou mais
sociedades; estas sucedem a cindida na proporção dos patrimônios transferidos.
ATENÇÃO: O STJ tem precedente atribuindo ao sucesso a responsabilidade pela multa,
apesar do CTM empregar o vocábulo “tributo”:
REsp 670224 / RJ: “ Os arts. 132 e 133 do CTN impõem ao sucessor a responsabilidade
integral, tanto pelos eventuais tributos devidos quanto pela multa decorrente, seja ela de
caráter moratório ou punitivo. A multa aplicada antes da sucessão se incorpora ao patrimônio
do contribuinte, podendo ser exigida do sucessor, sendo que, em qualquer hipótese, o sucedido
permanece como responsável. É devida, pois, a multa, sem se fazer distinção se é de caráter
moratório ou punitivo; é ela imposição decorrente do não-pagamento do tributo na época do
vencimento.
Parágrafo único do 132, CTN: Responsabilidade extinção de pessoa jurídica –
Presunção legal de sucessão: se algum sócio de sociedade primitiva extinta der
continuidade à respectiva atividade sob a mesma ou outra razão social, responderá
pessoalmente pelos tributos da extinta.
Art. 133, CTN – Responsabilidade de sucessores por alienação societária:
Venda: a regra é que o adquirente responde pelo pagamento de tributos quando
adquire fundo de comércio (conjunto de bens incorpóreos: ponto, clientela,
denominação), ou estabelecimento (bens corpóreos) comercial, industrial, ou
profissional sendo:
INCISO I - integralmente: a responsabilidade do adquirente é, na realidade, solidária
com o alienante (contribuinte) se este cessa a exploração industrial, comercial ou a
atividade profissional, por seis meses; o Fisco pode exigir de qualquer um.
INCISO II - subsidiariamente: se o alienante (contribuinte) prosseguir na exploração da
respectiva atividade ou iniciar dentro de seis meses outra atividade, comercial,
industrial ou profissional o responsável responde subsidiariamente: equivale dizer que
primeiro o Fisco exige do contribuinte, depois do adquirente (responsável), aplicando-
se o “benefício de ordem”..
ATENÇÃO:
STF 82754/SP “O STF sustenta o entendimento de que o sucessor é responsável pelo tributos
pertinentes ao fundo, ou estabelecimento adquirido, não, porém, pela multa que, mesmo de
natureza tributária, tem o caráter punitivo”.
ATENÇÃO: modificação introduzida pela Lei Complementar 118/05 – com efeitos
a partir de 09/06/05
-Art.133 – introduzidos §§ 1.º ao 3º: dispõe que o adquirente (sucessores por
alienação societária) responde pelo pagamento de tributos quando adquire fundo de

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comércio (conjunto de bens corpóreos e incorpóreos)ou estabelecimento comercial


industrial.
A nova lei determina que a dívida tributária não seja mais assumida pelo adquirente
de empresa em processo de recuperação judicial ou processo de falência. A medida
visa estimular provável interessado na aquisição de empresas nessa situação.
Ressalte-se, porém, que o § 2.º exclui dessa vantagem caso em que o adquirente for
sócio, parente, agente do falido ou do devedor em recuperação. Já o § 3. º determina
que o produto da alienação judicial da empresa falida deverá permanecer por 1 (um)
ano à disposição do juízo de falência ressalvado o pagamento de créditos
extraconcursais (aí incluídos os tributários decorrentes de fato gerador ocorrido no
curso do processo de falência) e pagamento de créditos que preferem os tributários.
ART.134, CTN - RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS: esta pessoa integra a
responsabilidade por determinação legal devido à sua relação com o
contribuinte. O dispositivo trata de responsabilidade de terceiro pelo cumprimento
da obrigação principal que inclui tributos e penalidades e ele só será
responsabilizado com a presença de dois requisitos:
1.º. no caso de impossibilidade de exigir do contribuinte o cumprimento da
obrigação pelo contribuinte; Atente que o artigo fala em solidariedade e neste
caso não comporta benefício de ordem, porém ocorreu uma impropriedade
técnica pois o legislador tratou no dispositivo de responsabilidade subsidiária; só
na impossibilidade do contribuinte é que o responsável responderá pela
obrigação.
2.º.não basta que seja o responsável eleito legalmente; só será legítima se tiver
participação (ativa ou omissiva) do terceiro que desencadeou o descumprimento
da obrigação.
Ex. o síndico que está administrando a massa falida não pode ser
responsabilizado por fato que ocorreu na administração de outro síndico; o pai
que sequer sabe do paradeiro do filho; o inventariante é terceiro responsável
pelo pagamento de tributos decorrentes de alienação de bens do espólio que
administra;
Parágrafo único do 134, CTN - .Responsabilidade de terceiros pelas multas: Só
responde pelas multas de caráter moratório, já que ele é o agente que deu causa
à infração por ação ou omissão.
Art.135, CTN - Responsabilidade pessoal do terceiro: o representado é excluído,
é substituído, logo, exonerado da obrigação principal, porque se presume que o
terceiro representante praticou o ato doloso que prejudica o próprio
representado.
-Quando age de má-fé o terceiro:
I.relacionado no art. 134;
II.os mandatários, prepostos, empregados,
-Inciso III do 135 - Como regra geral os patrimônio de pessoas físicas e jurídicas
não se comunicam, ou seja, a sociedade não se confunde com o sócio. O 135,
traz a teoria da desconsideração da pessoa jurídica ou superação da pessoa
jurídica. Quando o diretor, ou gerente, contribuiu dolosamente para o não
pagamento do tributo, o Fisco pode atingir o patrimônio pessoal porque ele é
pessoalmente responsável; pode ir direto ao seu patrimônio e desconsiderar o
da p.jurídica.
Requisitos da responsabilização pessoal:
-tem que ter poder de gestão não basta ser um dos enumerados legalmente;
-tem que participar– sua participação é essencial para o resultado e;
-tem que estar configurado o dolo :
Ex: - acionista controlador no caso da S/A (manipula estatuto p/ enganar
acionista minoritário)
.Sócio-gerente no caso da limitada que insere informações errôneas na
declaração para sonegar tributos;

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.Preposto da pessoa jurídica que recolhe tributos a menor e apropria-se da


diferença.
*À parte: o fisco costumeiramente chama todos a responder, porque o
contribuinte (representado) pode estar de comum acordo com a prática ilegal do
terceiro. Neste caso a responsabilidade é solidária.

RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES


A responsabilidade por infrações pode ter natureza diversa:
-objetiva: refere-se aos considerados como infração ocorridas sem intenção do
agente;
-Subjetiva: na modalidade culposa, onde não houve má-fé por parte do agente,
mas por omissão, negligência, imprudência ou imperícia do agente a infração foi
praticada; e a modalidade dolosa, a qual se confere a prática do ilícito tributário
com a conotação criminosa.
A partir dessa explanação passa-se à disposição do CTN relativamente à
modalidade da infração à legislação tributária:
Art.136, CTN – a regra é que o ilícito é de mera conduta => a responsabilidade
por infrações independe do resultado. Tentou praticar o ilícito, mas não alcançou
efetivamente o resultado, pouco importa; até para praticar ilícito tem que ter
competência. Trata-se aqui de responsabilidade objetiva – não precisa da
intenção do agente e o ônus da prova é do contribuinte. Tem que provar que não
houve dolo, que a infração foi praticada por razões extraordinárias.
Art.137, CTN - Responsabilidade pessoal do agente: é só de quem pratica
efetivamente o ato ou infração: a regra é do dolo especifico do agente. Ex.: o
agente será punido pessoal mente pela infração se comprovado que agiu
irregularmente contra o representado e causou prejuízo à Fazenda.
Atenção: Exercício regular de profissão é excludente de ilicitude.
Art. 138, CTN - DENÚNCIA ESPONTÂNEA:
Espontânea: o requisito para caracterizar a espontaneidade é que o sujeito
passivo, denuncie a infração cometida antes de qualquer procedimento
administrativo fiscal relativo à infração. Veja-se que a responsabilidade é
excluída com base no princípio da lealdade e boa-fé.
A LC 104/01 acrescentou o art. 155-A dispondo que o parcelamento não exclui
a incidência de multas (qualquer natureza).Referido dispositivo foi acrescentado
em razão da decisão do STJ que favoreceu os contribuintes no sentido de que,
o que caracteriza a espontaneidade é a ação preventiva do sujeito passivo,
independentemente do pagamento do tributo ser à vista ou parcelado.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Obrigação e Crédito tributário: O nosso sistema adotou a teoria dualista segundo o


qual a obrigação decorre do fato gerador e o crédito decorre do lançamento.
Art.139, CTN: Crédito e obrigação têm a mesma natureza – a de levar dinheiro ao
Estado; arrecadatória.
Art. 140, CTN: fixação da teoria dualista: uma vez que crédito e obrigação não são a
mesma coisa, e originam de circunstâncias diferentes, o crédito pode ser alterado sem
afetar a obrigação, ou seja, pode subsistir a obrigação sem que haja o crédito.
Ex.: suponhamos que a autoridade administrativa fez um lançamento constituindo um
crédito e que este procedimento foi efetuado com vicio de forma. O crédito será
insubsistente porque o lançamento era inválido, porém, a obrigação continua existindo.
Art.141, CTN: Após o lançamento ou constituição do crédito tributário só será possível
modificação (145, CTN) extinção (art.156), suspensão (151, CTN), exclusão (175,
CTN), nos casos previstos no CTN. A concessão de qualquer benesse fiscal, que não
seja por estas hipóteses previstas no CTN é ilícita e acarreta pena de
responsabilidade funcional administrativa (demissão); civil (reparação de danos ao

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Estado) e criminal (reparação criminal podendo até ser enquadrado no art. 3.º , Lei
8.137/90, dos crimes contra a ordem tributária com pena de reclusão de 3 a 8 anos).
Art.142 CTN: Lançamento: ato administrativo vinculado e obrigatório mediante o qual
crédito tributário está constituído. Como ato administrativo tem presunção de
legitimidade; porém, é presunção relativa que pode ser ilidida pelo contribuinte via do
contraditório administrativo ou judicial.
Finalidade do lançamento: é um processo de liquidação através do qual o agente da
administração tributária verifica a extensão do fato gerador, ou seja, apura qualitativa e
quantitativamente – qual é o tributo; o quantum devido, inclusive para garantir a ampla
defesa e o contraditório, porque ele é procedimento contencioso.
Natureza do lançamento: é declaratória, enquanto limita-se a certificar, a declarar o
que já existe, não cria nada; e constitutiva, enquanto o CTN expressamente declara
que a partir dele constitui-se o crédito.
Art. 143, CTN: diz respeito ao câmbio - tributo tem que ser lançado em moeda
nacional; se estiver em moeda estrangeira far-se-á a conversão ao câmbio do dia da
ocorrência do fato gerador.
Art.144, CTN: Todo lançamento deverá ser feito observando-se a legislação aplicável
à data da ocorrência do fato gerador, mesmo que esta legislação tenha sido
posteriormente revogada ou modificada, seja para beneficiar ou agravar a situação do
sujeito passivo. A lei tributária material não retroage. Ver art.106, CTN.
O teor do § 1.º parece desmentir o caput já que fala da retroação. Porém ressalte-se
que se trata de direito tributário processual. Refere-se à legislação que modificou
procedimento do agente da administração conferindo-lhe maiores poderes de
investigação ou quando outorgue maiores garantias ou privilégio ao crédito tributário.
Não pode, porém, esta norma servir para atribuir responsabilidade a terceiro que não
era responsável de acordo com a lei anterior, porque se trata de direito tributário
material.
§2º - Tributo periódico: neste caso a lei é que determinará quando realmente deverá
ser considerado exteriorizado o fato gerador do tributo. Ex. é o do fato gerador do IR,
onde apesar de haver durante um período a ocorrência do fato gerador, a lei que o
institui considera sua ocorrência efetiva, após apuração e diversos fatores em
determinado período de tempo com apuração em 31/12 de cada exercício.
Art.145. Imutabilidade do lançamento: enquanto o agente da administração estiver
apurando os fatos na (fase oficiosa) ele próprio pode corrigir eventuais distorções.
Depois de notificado o sujeito passivo, do lançamento, este não pode ser mais
alterado pela própria autoridade que o efetuou.
A sua alteração somente ocorrerá através de:
-Impugnação do sujeito passivo: marca o processo administrativo tributário
contencioso; ela pode mudar o lançamento, porque o órgão julgador singular ou
colegiado pode decidir.
-recurso de ofício: no processo administrativo, quando a autoridade administrativa de
1.º grau decide favoravelmente ao contribuinte, o órgão recorre, de ofício, de sua
própria decisão remetendo o processo à apreciação das autoridades julgadores de 2.ª
grau e;
-iniciativa de ofício: casos previstos no art.149, CTN.
ESPÉCIES DE LANÇAMENTO
Art.147, CTN: lançamentos por declaração ou misto: o contribuinte fornece mediante
declaração as informações para o Fisco. É também denominado lançamento misto já
que o contribuinte declara os fatos econômicos relevantes e o Fisco verificando as
informações fornecidas efetua o lançamento.
§ 1.º - após a notificação do sujeito passivo, a declaração não pode mais ser
retificada; somente mediante defesa administrativa ou judicialmente.
§ 2.º - trata-se de retificação pela autoridade administrativa de erros identificáveis à
simples leitura da declaração – Ex.: equívoco na transcrição de rendimentos, erros

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escusáveis que não promovam alterações elementares, principalmente que não


interfiram no montante do tributo.
Art. 148, CTN A boa-fé deve sempre presumida. Porém, quando a administração tiver
elementos e razões para não presumi-la, poderá arbitrar base de cálculo, mediante
processo regular, ressalvado o direito ao contraditório.
Art.149, CTN: lançamento de ofício ou direto: conforme se deduz da expressão “de
ofício” é de iniciativa de a autoridade proceder ao lançamento sem que para isso tenha
que aguardar manifestação ou ato do sujeito passivo já que detém em seu banco de
dados as informações necessárias; daí ser denominado também “lançamento direto”.
O CTN prevê os casos seguintes:
I-quando a lei determinar - Ex.: IPTU, IPVA, mediante envio de carnê – corporativa -
OAB/ IPVA boleto p/ pagamento.,
II - declaração apresentada fora do prazo ou em desacordo com a legislação.
III - omissão de pedido de esclarecimento acerca da declaração apresentada: trata-se
a chamada malha fina que acontece quando a autoridade notifica o sujeito passivo a
prestar esclarecimentos sobre determinado fato.
IV - omissão de elemento ou informação que deveria constar da declaração.
V - tributo por homologação. Quando o sujeito passivo deixa de efetuar pagamento ou
efetua em desacordo com o valor realmente devido.
VI- omissão que dê lugar a pena pecuniária: qualquer omissão em que o sujeito
passivo incorra que caracterize ofensa à legislação tributária. Ex: deixar de emitir o
documento fiscal nas operações de compra e venda.
VII - dolo, fraude ou simulação: a prática de atos ou omissão de fato que ocorra com a
intenção de lesar o poder público;
VIII - quando o Fisco apreciar fato desconhecido por ocasião do lançamento anterior:
aqui ocorre a constatação de fato que à época do lançamento anterior deveria ser
informado e não foi dando lugar a lançamento suplementar.
IX - ação dolosa ou falta funcional: acontece quando um agente da administração no
exercício da atividade de fiscalização constatar que outro agente, anteriormente,
deveria ter observado fato que dá ensejo a lançamento e não o fez agindo
dolosamente contra o Fisco; importa em revisão de lançamento.
Parágrafo único: O direito não socorre a quem dorme. As relações jurídicas não se
perpetuam no tempo. Equivale dizer que o sujeito ativo tem um tempo legal pra
estabelecer o vínculo patrimonial entre ele e o sujeito passivo através do lançamento,
tornando líquida a obrigação e fazendo nascer o crédito tributário. Esse lapso temporal
refere-se à decadência. É o prazo que o Fisco tem para efetuar o lançamento.
Equivale dizer que o lançamento só pode ser efetuado enquanto não ocorrer
decadência. Ver “extinção do crédito tributário”.
Art. 150, CTN -lançamento por homologação: impropriamente chamado de
autolançamento, pois da simples leitura do art.142, verifica-se que lançamento é ato
privativo da autoridade administrativa e não do sujeito passivo. Atribui ao sujeito
passivo o dever efetuar o prévio pagamento sem o prévio exame da autoridade
administrativa. Melhor dizendo, a lei quando cria um tributo estabelece que o sujeito
passivo assim que verificar a ocorrência do fato gerador deve efetuar os cálculos e
recolher antecipadamente o tributo, sem aguardar qualquer notificação do sujeito ativo.
(Ex.: COFINS/PIS, ICMS, IPI, IRRF, contribuições dos empregados e empregadores p/
Seguridade Social etc.); o simples ato de o sujeito passivo promover o pagamento não
implica na extinção do crédito, pois está condicionado à ulterior homologação pelo
Fisco. O lançamento acontece quando a autoridade fiscal verificar os elementos e
concordando com o valor oferecido à tributação e pago, homologá-lo expressamente.
Pode ocorrer de a autoridade não comparecer dentro do prazo legal (decadencial de
05 anos a contar da ocorrência do fato gerador) o que acarretará homologação tácita.
(art.150, § 4.º)
§ 1.º - o pagamento antecipado do tributo não tem a força de, por si só, extinguir o
crédito. Com dito anteriormente, a autoridade fiscal fará a verificação e registrará

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oficialmente homologando o pagamento (lançamento). Se, no entanto, considerá-lo


insuficiente poderá lançar de ofício a diferença – lançamento suplementar.
§ 2.º e 3.º - os atos praticados pelo sujeito passivo antes da homologação não influem
na obrigação – ela continua a existir mesmo que tenha havido irregularidade para
efeito do pagamento do tributo, a obrigação continua a existir e será feito o lançamento
suplementar. No entanto, esses atos serão considerados para efeito da graduação da
penalidade (maior ou menor gravidade).
§ 4.º - no caso de tributo com lançamento por homologação a decadência se opera a
partir da data do recolhimento do tributo; se não houver recolhimento, não há o que
homologar aí a regra aplicada é a dos tributos lançados de ofício (173, I, CTN)
contando-se 05 anos a partir do 1.º dia útil do exercício seguinte ao da ocorrência do
fato gerador. O parágrafo ressalva desta contagem de prazo a práticas do sujeito
passivo que influenciaram no seu dever legal, resultantes de dolo, fraude, simulação.
Existem correntes doutrinárias no sentido de que, só se inicia a contagem do prazo
decadencial nesses casos a partir do momento que o Fisco tomou ciência da prática
eivada de má-fé.
ATENÇÃO: A LC 118/05, em vigor desde 09/06/05, dispôs que o sujeito passivo tem
o prazo prescricional de 05(cinco) anos a contar da data do pagamento antecipado
para reaver, mediante restituição ou compensação, as importâncias pagas
indevidamente ou a maior os casos dos tributos sujeitos ao lançamento por
homologação.
A LC tornou sem efeito, a partir de sua vigência, a decisão do STJ no sentido de que,
no caso de homologação tácita, o lançamento só seria considerado efetuado após o
decurso de 05 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador. Aí constituído o
crédito, inicia-se o prazo prescricional – que é de 05 (cinco) anos a contar da
constituição definitiva do crédito – Logo, o sujeito passivo, teria 05 anos a partir do fato
gerador, somados a mais 05 anos a contar da constituição do crédito - totalizando 10
anos - para reaver as importâncias recolhidas indevidamente ou a maior.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – MODALIDADES DE SUPENSÃO.
Art. 151, CTN : Eram previstas apenas quatro modalidades de suspensão do crédito
tributário – ou seja – moratória, , depósito do montante integral, reclamações e
recursos administrativos, concessão de liminar em mandado de segurança. A LC
104/01 acrescentou o inciso V, da concessão de liminar ou tutela antecipada, em
outras espécies de ação judicial e o inciso VI, do parcelamento. São taxativas as
modalidades enumeradas pelo CTN.
Aqui já verificamos a constituição do crédito pelo lançamento. Porém, enquanto
tiverem efeito as hipóteses previstas, o crédito não poderá ser exigido e o contribuinte
não será considerado inadimplente, tendo direito à Certidão Positiva com efeito
Negativo, contratação com o poder público, não pode constar de cadastro de
inadimplentes, e tem a Execução Fiscal trancada.
O CTN prevê duas hipóteses que indicam que o sujeito passivo quer pagar, mas tem
um favor fiscal que prorroga o prazo do pagamento (moratória) ou decompõe o
pagamento em parcelas (parcelamento). As outras hipóteses são utilizadas pelo
sujeito passivo que tem contra si um crédito constituído e quer discuti-lo (depósito do
montante integral, reclamações e recursos administrativos, liminar em MS e outras
ações e tutela antecipada).
Art. 151, I - Moratória – e modalidade de suspensão abordada detidamente pelo CTN,
assim como o parcelamento. Isso porque as outras modalidades são, na realidade,
normas procedimentais – referentes ao processo administrativo e judicial.
Moratória: é a prorrogação do prazo para pagamento da dívida.
Parcelamento: é o pagamento em prestações de dívida vencida, em prestações. A
doutrina entende que ambos, tecnicamente, são a mesma coisa.
Art.152 – Concessão da moratória:
I-Caráter geral: a lei concede a moratória sem exigir o cumprimento de requisitos
especícifcos:

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a)adiamento de prazo somente em decorrência da lei e lei instituída pelo ente político
competente – só quem tem competência para instituir é que tem competência para
conceder vantagem tributária lícita, a exemplo da moratória.
b)Dispositivo não recepcionado pela CF/88 por ofensa ao Princípio da repartição das
competência e ao Pacto federativo. A União não pode conceder moratória de tributo
que não é de sua competência.
II -Caráter individual: neste caso a lei concessiva do favor irá determinar a autoridade
administrativa que, analisando caso a caso, verificará se o contribuinte atende os
requisitos e condições estabelecidos para ter o benefício. Estando de acordo com a
disposição legal, despachará afirmativamente.
Art.153 – Requisitos previstos na lei que concede (geral) ou autoriza a concessão
(individual) conterá:
I-prazo:
II -condições p/ concessão da moratória individual
III- se for o caso:
a)tributo a que se aplica
b)prestações: por exemplo a concessão pelo prazo de 1 ano e com pagamento em 6
prestações
c)garantias: poderão ser exigidas no caso de moratória individual.
Art.154 – a moratória somente alcança:
-créditos já definitivamente constituídos: no caso de moratória geral os já constituídos
na data da lei e no caso de moratória individual os já constituídos na data do despacho
da autoridade administrativa autorizada por lei.
-créditos cujo lançamento já foi iniciado e o sujeito passivo notificado: casos em que o
sujeito passivo já foi notificado e está procedendo à impugnação ou recurso do
mesmo.
Parágrafo único: moratória não é aplicada aos casos de dolo, fraude e simulação.
Art.155- Nenhuma vantagem tributária, concedida em caráter individual, gera direito
adquirido.
-Se o sujeito passivo descumprir condição terá a moratória revogada de ofício; a
administração pode rever seus próprios atos.
-Quando o sujeito passivo não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições: caso
em que a moratória foi concedida sem que ele na realidade se enquadrasse.
I-Se for o caso de dolo, fraude ou simulação será responsável pelo pagamento do
crédito com devidamente atualizado, com juros de mora, multa de mora e punitiva.
-Cumpria ou deixou de cumprir os requisitos: suponhamos que a administração exigiu
a garantia real do sujeito passivo para ter o favor fiscal. Ele oferece um imóvel sendo
que este já era objeto de contrato de compra e venda que não tinha sido registrado,
mas que dá direito à posse ao adquirente. A garantia é inválida e a moratória pode ser
revogada.
II -nos demais casos responde pelo crédito devidamente corrigido e juros moratórios
sem penalidade. Ex. moratória foi concedida sem que o contribuinte se enquadrasse,
por motivo que não tem conotação da má-fé do sujeito passivo.
Parágrafo único (norma pró-contribuinte):
-No caso do 155, I – dolo, fraude ou simulação – durante o tempo de concessão da
moratória e sua revogação, não flui prescrição; aqui há imposição dos encargos e
multa punitiva.
-No caso do 155, II – corre o prazo prescricional durante a moratória, equivalendo
dizer que a revogação da moratória só pode ocorrer antes de prescrito o direito de
cobrança do crédito.
Ex.: o credito foi constituído em abr/01; o prazo prescricional (de cobrança) esgota-se
em abr/06; nesse intervalo - em jun/05, é concedida a moratória. Esta só pode ser
revogada até abr/06, passado este prazo é irrevogável, porque o crédito está prescrito.
Equivale dizer que a moratória suspende o crédito, mas não suspende a contagem do
prazo prescricional.

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Art.151, II - Depósito do montante integral: é faculdade do contribuinte que pretende


contestar o crédito tributário. Não depende de autorização e pode ser feito em sede de
processo administrativo ou judicial. O crédito só é suspenso mediante depósito do
valor integral (refere-se ao montante que o Fisco está cobrando e deve ser feito em
espécie) - cf. Súmula 112/STJ . Se o sujeito passivo depositar o que ele entende
devido, não há suspensão do crédito.
Art.151, III – Reclamações e Recursos Administrativos: o Fisco não pode exigir o
crédito uma vez impugnado ou com recurso, até que seja proferida decisão
administrativa irrecorrível.
ATENÇÃO: A lei do Processo Administrativo Fiscal -Decreto 70235/72 – em seu art.
33, § 3.º, condiciona o seguimento do recurso ao arrolamento de bens pelo sujeito
passivo no valor equivalente a 30% do montante devido. Essa alternativa oferecida
nos termos da Lei 10.522/02 regulamentada pelo decreto 4.523/02l. A exigência de
depósito recursal na via administrativa é objeto de contestação e o STF vem
entendendo que não há garantia constitucional ao segundo grau administrativo (ADI
1922-MC/DF – Rel. Min. Moreira Alves; AI 382191-AgR/RJ – Rel. Min. Ellen Gracie;
RE 359801 Agr/SP – Rel. Min. Maurício Corrêa; AI-AgR 521439 – Rel.Min. Carlos
Velloso).
As pessoas jurídicas de direito público estão dispensadas do referido depósito.
Art.151, IV – Liminar em MS: ofensa a direito líquido e certo do sujeito passivo,
comprovada, de plano, através da relevância da fundamentação (fumaça do bom
direito) e constatação do perigo na demora do julgamento, sob pena de ineficácia da
medida, resultando irreparáveis prejuízos.
Art.151, V – liminar ou tutela antecipada em outras ações: Em 1966, não havia nem o
poder geral de cautela (medida cautelar) nem o instituto da tutela antecipada. Uma vez
que as causas de suspensão são taxativas, o inciso foi inserido para encerrar
controvérsias.
Art.151, VI – Parcelamento: equivale ao pagamento de dívida vencida, em prestações.
Art.155-A: esse dispositivo foi acrescentado pela LC 104/01. Veja que o STJ proferiu
decisão entendendo que a denúncia espontânea da infração acompanhada do
pagamento, mesmo que parcelado, excluía a responsabilidade. Equivale dizer que o
sujeito passivo não pagaria o valor imputado a título de multa. O CTN foi alterado e
acrescentou-se o dispositivo, em questão, inibindo a eficácia da decisão favorável ao
sujeito passivo, impondo então norma nova que implica no fato de que, mesmo se
denunciando espontaneamente, se o pagamento não for à vista, a multa permanece.
Parágrafo único: em todas os casos de suspensão do crédito, as obrigações
acessórias não são dispensadas. Ex. o sujeito passivo tem liminar para não recolher
ICMS com determinada alíquota – suspende o recolhimento, mas o contribuinte não
pode deixar de emitir NF.
ATENÇÃO: A lei 10.522/02 – federal – dispôs que o pedido de parcelamento constitui
confissão irretratável de dívida. Só se admite a discussão do valor.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO – MODALIDADES DE EXTINÇÃO.


Art.156, CTN – As modalidades de extinção, segundo entendimento doutrinário
majoritário, são exemplificativas, principalmente porque o art. 111 do CTN, que trata da
interpretação literal somente ressalvou como tal, as modalidades de exclusão e
suspensão. O CTN traz 11 incisos e 12 hipóteses de extinção do crédito.
Arts.156, I e 157, CTN: Pagamento: forma, por excelência de extinção.
I-o pagamento da multa não substitui o pagamento do tributo. Ex.: se o contribuinte
tem constituído em seu desfavor uma multa de 300%, o pagamento desse percentual
a título de sanção não o exime de pagar o valor referente a tributo.
Art.158, CTN:
Inciso I- crédito parcelado: o pagamento de uma parcela não implica em presunção de
pagamento de outras – anteriores ou posteriores. Para cada prestação o sujeito
passivo deverá apresentar o comprovante equivalente.

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Inciso II- crédito em parcela única, não implica em pagamento de outros tributos ou de
parcelas relativas a outros períodos.
Art.159, CTN – Salvo disposição em contrário da legislação, o contribuinte vai ao
Fisco (dívida portable) O dispositivo perdeu parte de sua eficácia com o cometimento a
agências bancárias para receber os tributos.
Art.160, CTN – Tempo de pagamento: quando a legislação não fixar é de 30 dias
após a notificação (casos de lançamento de ofício).
Atenção: Não se aplica os tributos cujo lançamento se dá por homologação porque
neste caso a lei estipulará qual é o prazo para que o sujeito passivo efetue o prévio
pagamento diante do fato gerador ocorrido; não precisa de notificação do Fisco.
Parágrafo único: a legislação pode oferecer desconto por antecipação – Ex. Os
municípios, normalmente, concedem desconto para pagamento antecipado de IPTU.
Art.161, caput e §1.º, CTN - Vencido o tributo a mora é automática – independe de
notificação – a cobrança de juros não prejudica a da multa moratória – juros têm
natureza indenizatória; diferentemente a multa é meio de reprimir a inadimplência.
Juros incidem à razão de 1%, mais penalidades - salvo se a lei dispuser de modo
diverso. A lei 9250/96 estabeleceu a cobrança de juros à taxa SELIC que contabiliza
correção monetária e os juros moratórios. O STJ pacificou o entendimento pela
plausibilidade da aplicação da taxa (AgRgREsp 506750/RS – Rel.Min Eliana Calmon).
§ 2.º- A consulta é procedimento preventivo para evitar litígio, por isso o contribuinte
não está em mora enquanto não respondia a consulta, desde que a tenha formulado
dentro do prazo para pagamento do tributo. . Ex.: consulta formulada em 02/04; tributo
vence 30/04. Após esta data se a consulta não foi solucionada o contribuinte não é
considerado em mora.
Art.162, CTN: forma de pagamento:
I - em moeda corrente (forma por excelência), cheque ou vale postal.
II - nos casos previstos em lei através de estampilhas (imposto do selo – caiu,
praticamente em desuso), em papel selado (empregado em certidões) ou por processo
mecânico.
§ 1.º-pode determinar garantias para pagamento em cheque ou papel selado, mas não
pode onerar.
§2.º -pagamento em cheque só considera quitado depois de compensado. Com
insuficiência de fundos não promove quitação devido ao caráter pro solvendo deste
documento.
§ 3.º-O contribuinte adquire a estampilha na repartição fazendária, implicando em
dizer que o pagamento é feito por antecipação à ocorrência do fato gerador, já que
este se dá com a utilização da mesma. É o caso das bebidas destiladas que trazem
selos q serão inutilizados assim que os recipientes forem abertos para o consumo.
Art. 163, CTN: A imputação de pagamento implica no direito de o devedor indicar
como serão satisfeitas as suas dívidas. No D. Tributário descabe a aplicação desse
instituo por tratar-se de matéria de D.Público. Sendo assim, aqui incumbe ao Fisco
cabe a imputação do pagamento. Porém, a autoridade administrativa não vai agir
discricionariamente; deverá seguir a regra hierárquica disposta do CTN:
I-obrigação enquanto contribuintes, depois enquanto responsável.
II-contribuições de melhoria, taxas, contribuições sociais, impostos;
III-ordem de prescrição
IV-ordem decrescente de montante
Art.165 c/c 168 e 169 CTN: Pagamento indevido: restituição (evitar enriquecimento
sem causa) independentemente de protesto; apresenta documento fiscal que
comprova que foi indevido ou maior.
I-Natureza do direito ou fato: achou que deveria recolher sobre receita bruta e era
sobre receita líquida (r.b. – despesas); achou que devida IR sobre a verba do PDV;
recolheu e não deveria, pois é indenização.
II-erro na identificação do suj.passivo: recolhimento por parte de quem não era
devedor do tributo: IR de sobre PJ com atividade de impressão de livros.

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Nos casos dos incisos I e II o prazo para pleitear a restituição é de cinco anos a contar
da data do pagamento indevido ou a maior do tributo.
III- decisão que julgou devido o tributo e posteriormente foi reformada: por exemplo
caso de uma decisão do STF que declarou inconstitucional o tributo (v.EResp
437.513/MG)
Nos casos de controle concentrado: o prazo para pleitear a restituição é de 05 anos a
contar da data da publicação do acórdão; o prazo para pleitear a restituição é de 05
anos a contar da data da publicação da Resolução do Senado Federal suspendendo a
execução da norma, conforme art.52 da CF/88.
Quando houver pedido de restituição na esfera administrativa, sendo este denegado, o
art. 169, CTN dispõe que o sujeito passivo tem o prazo de 02(dois) anos, a contar da
notificação da decisão, para ajuizar a ação anulatória dessa decisão administrativa.
O parágrafo único deste dispositivo é inócuo . Veja que este estabelece regra de
interrupção da prescrição que não comporta aplicação atualmente. Sabe-se que a
interrupção implica em desconsideração do prazo anterior e o reinício da contagem do
zero.
Melhor explicando, quando o sujeito passivo ajuíza ação a anulatória o prazo é
interrompido, ou seja, recomeça a contagem do zero tendo dois anos para reaver ter a
importância. Só que o dispositivo diz que a recontagem se inicia da data que o
representante da Fazenda Nacional foi citado da ação, pela metade somente. Quer
dizer que a partir da citação o sujeito passivo tem um ano (1/2) pra receber o indébito.
É caso de prescrição intercorrente – aquela cujo prazo é contado com o processo em
curso.
Este dispositivo perde a eficácia uma vez que hoje não processo julgado num lapso
temporal tão curto, sequer os de rito sumário. Ademais o sujeito passivo não pode ser
prejudicado sem ter dado causa à mora judicial.
Art. 166, CTN- Casos típicos de tributos indiretos, onde existe a dualidade de sujeitos
passivos – o contribuinte de direito (determinado na lei) e o contribuinte de fato (que
não é eleito pela lei, mas na prática sofrerá o ônus tributário). Neste caso, a lei exige
que o sujeito passivo – contribuinte de direito – só pode reaver o indébito se
comprovar que sofreu o ônus. Ex.: IPI e ICMS: são devidos pelos sujeitos passivos,
mas o ônus financeiro é suportado pelos adquirentes dos produtos, porque o valor do
imposto é considerado na composição do preço. Caso tenha havido a transferência, o
3.º - adquirente do bem (contribuinte de fato) tem que autoriza, expressamente, o
contribuinte de direito a receber em nome dele.
Atenção
ATENÇÃO-Súmula 71/STF (sem efeito): “ Embora pago indevidamente, não cabe restituição
de tributo indireto” , em razão da edição da Súmula 546/STF – só se o contribuinte de direito
não transferiu o ônus para o contribuinte de fato.
Art.167, CTN – Serão restituídos, no caso de pagamento indevido, os valores
recolhidos indevidamente a título do tributo e seus acréscimos na mesma proporção:
juros e penalidades materiais; multa formal não dá direito à restituição. Ex.: Declarou
IR fora do prazo e pagou IR a maior. Terá a restituição do IR pago a maior com os
juros e multas que pagou, mas não terá direito à restituição pela multa paga em virtude
do descumprimento de obrigação acessória (multa formal pela entrega da DIR no
prazo legal).
Parágrafo único: o pagamento dos juros na restituição só é devido após o trânsito em
julgado da decisão (decisão administrativa irreformável reconheceu o indébito –
começa a correr juros; decisão judicial transitou em julgado – começa a correr juros)
de 1%.
Obs.: o contribuinte está em mora desde o vencimento, o Fisco só após a decisão
judicial passada em julgado.
Atenção: Correção monetária incide a partir da data do pagamento indevido. Súmula
162/STJ

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Art.164, CTN: Consignação em Pagamento: Difere do depósito pelo fato de que este
tem o condão de suspender o crédito, enquanto pendente de discussão; já a
consignação tem o objetivo de extinguir o crédito. Ademais a consignação somente
procede na esfera judicial. O sujeito passivo tem o direito de consignar o crédito nos
casos seguintes:
Inciso I – quando a autoridade administrativa condiciona o pagamento do crédito ao
pagamento de outro tributo, ou de multa, ou ao cumprimento de obrigação acessória;
ex.: o sujeito passivo quer recolher o IPVA, mas quer discutir a multa; a autoridade
recusa o recebimento só do IPVA. O sujeito passivo pode consignar o valor que
entende devido.
Inciso II - quando condiciona o recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal.
Inciso III – quando mais de um sujeito passivo vem exigindo tributo idêntico sobre o
mesmo fato gerador. Ex.: municípios limítrofes que exigem concomitantemente o IPTU
de imóveis situados nas zonas de divisa.
§ 2.º - quando julgada procedente a consignação extingue o crédito; senão, é exigido
do sujeito passivo o crédito com juros e multa.
ATENÇÃO-STJ /1.ª T-REsp nº 505.460/RS: “1. O depósito em consignação é modo de extinção
da obrigação, com força de pagamento, e a correspondente ação consignatória tem por
finalidade ver atendido o direito - material - do devedor de liberar-se da obrigação e de obter
quitação. Trata-se de ação eminentemente declaratória: declara-se que o depósito oferecido
liberou o autor da respectiva obrigação.
... omissis
4. Não há qualquer vedação legal a que o contribuinte lance mão da ação consignatória para
ver satisfeito o seu direito de pagar corretamente o tributo quando entende que o fisco está
exigindo prestação maior que a devida. É possibilidade prevista no art. 164 do Código
Tributário Nacional. Ao mencionar que "a consignação só pode versar sobre o crédito que o
consignante se propõe a pagar", o § 1º daquele artigo deixa evidenciada a possibilidade de
ação consignatória nos casos em que o contribuinte se propõe a pagar valor inferior ao exigido
pelo fisco. Com efeito, exigir valor maior equivale a recusar o recebimento do tributo por valor
menor.”
Art.170, CTN - Da Compensação:
a)traz norma hipotética, ou seja, “a lei específica (federal, municipal, estadual)é que
irá estabelecer as normas de compensação
b)sujeito passivo tem que ter crédito líquido e certo
c)sujeito ativo tem que ter crédito tributário
d)tem que ser tributos da mesma espécie: assim entendido aqueles que têm a mesma
destinação constitucional.
Parágrafo único: Para créditos vincendos do sujeito passivo a redução não poderá ser
a 1% ao mês.
Ex.: Vai compensar em 30/ago/06 um crédito que só iria vencer em 30/nov /06. Para
fazer o encontro de contas é necessário traze o valor de novembro à realidade de
agosto. O que a lei determina é que esta redução não seja superior a 1% ao mês. No
caso exemplificado o valor seria reduzido em 3%(1% ao mês).
Art.170-A, CTN - só é permitido o aproveitamento do crédito após o trânsito em
julgado de decisão favorável ao sujeito passivo, conforme Súmula 212/STJ. Implica
em impedir a compensação por liminar ou tutela antecipada. A disposição é contrária à
doutrina majoritária uma vez que não óbices na concessão por não se tratar de
medida satisfativa ou irreversível.
A Súmula 213/STJ define que Mandado de Segurança é ação adequada para
declarar o direito à compensação de créditos.
Art. 171 e parágrafo único c/c Art. 156, III , CTN -Transação: lavra-se acordo,
autorizado por LEI, entre Fisco e devedores somente com objetivo de terminar com
litígios (processo contencioso de natureza judicial) e extinguir crédito, mediante
renúncia das partes relativamente a seus eventuais direitos tributários. Trata-se de
hipótese onde perdure dúvida sobre o valor, por parte da Fazenda Pública. Ex.: O

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Fisco exclui parte do crédito tributário e concorda em parcelar o remanescente e por


outro lado, o devedor desiste dos Embargos à Execução Fiscal.
Art. 172 c/c 156, IV, CTN - Remissão: é caso de extinção do crédito tributário
regularmente constituído; tem eficácia retroativa já que se constitui do perdão do
tributo e acréscimos. Crédito tributário é indisponível e somente será excepcionado por
lei em decorrência de situações específicas e objetivas. Somente pode ser concedida
nas situações expressas nos incisos seguintes:
I-quando o sujeito passivo não apresentar condições econômicas de cumprir com a
obrigação tributária;
II-quando o crédito se originou de erro de fato do sujeito passivo;
III-quando o crédito representar um valor irrisório que não compense a movimentação
da máquina administrativa para sua cobrança;
IV-quando necessário o benefício com o fim de exercer a tributação para promoção de
justiça;
V-quando determinada região tiver que ser atendida em razão de situação excepcional
de graves crises de natureza diversas como calamidades, endemias etc.

Parágrafo único: Não gera direito adquirido, pode ser revogada caso o sujeito passivo
descumpra os requisitos ou condições ou, reste comprovado que à época da
concessão do favor, sequer os preenchia.
Art. 156, VI , CTN: Conversão do depósito em renda. Em caso de decisão
desfavorável ao contribuinte que, em sede de processo, efetuou depósito
suspendendo o crédito, o montante será convertido em renda para o sujeito ativo e, de
conseqüência, extinto o crédito.
Art. 156, VII, CTN: o prévio pagamento determinado no caso dos tributos cujo
lançamento se dá por homologação; neste caso o pagamento só caracteriza extinção
após a homologação expressa do Fisco ou homologação por decurso de prazo –
homologação tácita.
Art. 156, IX e X, CTN Decisão administrativa, irreformável, entendendo que não é
devido o crédito e judicial passada em julgado em igual sentido.
Art.156, XI - Dação em pagamento: acrescentado pela LC 104/01 - fixação em lei dos
critérios e requisitos, sendo que a simples previsão não permite à Fazenda Pública
utilizar a dação como forma de pagamento; são requisitos: débito vencido, animus
solvendi(vontade do credor de entregar o bem com o objetivo de quitar a dívida) e
anuência do Fisco.
No Estado de Goiás a LEI Nº 14.481/2003 alterou o CTE (Lei 11.651/91)
acrescentando os art. 183-A – 183-F instituindo a dação em pagamento como forma
de extinção de créditos tributários estaduais.

CONTINUAÇÃO - CRÉDITO TRIBUTÁRIO - EXTINÇÃO


Art.156, V c/c 173, CTN - DECADÊNCIA: É a perda do direito da Fazenda Pública
em efetuar o lançamento tributário em decorrência da omissão de seu exercício, no
prazo estipulado em lei. É forma de extinção do crédito tributário porque retira da
Fazenda o direito de efetuar o lançamento. Sem lançamento, sem crédito constituído.
Art.173 CTN, I: Regra geral (tributos com lançamento por declaração, de ofício ou por
homologação sem pagamento que se converterá em lançamento de ofício) conta-se o
prazo de 05 anos a contar do primeiro 1.º dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado. Não se pode esquecer que, no nosso país, o
exercício financeiro coincide com o ano civil, implicando em deduzir que conta-se o
prazo a partir de 1.º de janeiro.
a)lançamento por declaração:
-Imposto de Renda referente a fatos geradores de 1994; declaração apresentada em
1995 – somente a partir das informações é que e o Fisco pode efetuar lançamento;
-início do prazo decadencial: 1.º de janeiro de 1996; término do prazo decadencial: o

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Fisco só poderá efetuar o lançamento, relativo aos fatos econômicos de 1994 até
31/dez/2000;
b)lançamento de ofício: tributo sem recolhimento referente a fato gerador de 1995:
-início do prazo decadencial: 1.º de janeiro de 1996; término do prazo decadencial: o
Fisco só poderá efetuar o lançamento até 31/dez/2000.
c)lançamento se dá por homologação: (150, § 4.º, CTN) Não podemos esquecer que
lançamento é procedimento administrativo vinculado, ou seja é próprio da ação da
Fazendo e não do contribuinte. Não se trata de auto-lançamento porque o sujeito
passivo não pratica esse ato. O que ocorre é que a lei determina que o próprio sujeito
passivo facão os cálculos e antecipe o pagamento; posteriormente a autoridade
administrativa é que atuará homologando os valores e, este ato caracteriza a
ocorrência procedimento administrativo denominado lançamento.
A regra específica de decadência p/ tributos cujo lançamento se dá por homologação
e com pagamento é a do art. (art.150, § 4.º): conta-se da data da ocorrência do fato
gerador e não do exercício seguinte.
*empresa obteve faturamento referente a MAR/95; fato gerador da COFINS tributo
cuja lançamento se dá por homologação;
1.º- Efetuou o prévio pagamento, conforme determina a lei; começa em MAR/95 o
prazo de 05 anos p/ a Fazenda efetuar o lançamento, antecipando o prazo
privilegiando o contribuinte adimplente. Se até MAR/00 a Fazenda não se manifestou,
considera-se homologado o lançamento – homologação tácita - ou seja, a Fazenda
não pode mais efetuar o lançamento e de conseqüência constituir o crédito
suplementar.
2.º-tributo cujo lançamento se dá por homologação porém sem o pagamento do sujeito
passivo: caso em que o lançamento por homologação se converte em lançamento de
ofício:
*empresa obteve faturamento referente a MAR/95;
1.º não efetuou o prévio pagamento; não há o que homologar. O lançamento converte-
se em lançamento de ofício, já que o Fisco verificando a infração vai proceder à
autuação; o prazo para se iniciar a decadência não será até MAR/95, mas sim do 1.º
dia do exercício seguinte, ou seja 1º/JAN/96.
Art.173, II –Não há interrupção de prazo decadencial o direito civil. Porém, em matéria
tributária existe a previsão no CTN. O dispositivo traz a expressão “decisão“ definitiva:
tanto a Administração quanto o Judiciário podem anular o crédito, logo, o inciso trata
de decisão administrativa ou judicial.
Vício formal: aqui a interrupção só opera quanto ao vício de forma, não material. Ex.:
falta de intimação com cerceamento de defesa; não identificou a autoridade
competente etc.
Ex.: IR declarado em 1995. Início do prazo decadencial: 1.º dia do exercício seguinte
que é 1.º de janeiro de 1996; término do prazo decadencial: 31/dez/2000.
-Em 1997 houve autuação. (1.ª impropriedade técnica, pois se houve lançamento não
há que se falar mais em decadência). Só que deste auto o contribuinte impugnou
pedindo anulação por vício formal (faltou indicar a autoridade competente). Três anos
depois, em 2000 é proferida decisão administrativa que reconhece o vício e anula o
lançamento. Ora, se anulou significa que o lançamento não ocorreu, logo o prazo
decadencial que era de JAN/1996 a 31/dez//2000, continuaria sendo este, implica em
dizer que a Fazenda só tem mais um ano para efetuar novo lançamento .
Porém o que este inciso prevê é que enquanto você está tentando anular um
lançamento “por vício formal” ou seja, por imperícia, negligência ou omissão da
Fazenda, o prazo é interrompido (apaga o prazo e recomeça a contagem), ou seja, da
decisão que anula, a Fazenda tem mais cinco anos p/ lançar .
Art. 173 - Parágrafo único: Para evitar a perpetuação dos processo administrativos o
legislador estipulou que o Fisco tem o direito de efetuar o lançamento (constituir o
crédito) em cinco anos a contar da data em que iniciou qualquer procedimento
administrativo (notificação do contribuinte p/ prestar informação, solicitação de medida

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preparatória que seja indispensável ao lançamento com apresentação de livros onde


se registram operações tributáveis).
Concluindo: Decadência é a perda do prazo para efetuar o lançamento é, de
conseqüência, a perda do direito de constituir o crédito. De conseqüência pode-se
afirmar que o nascimento da obrigação não implica necessariamente no nascimento
do crédito.

Fisco perde o prazo Fazenda perde o prazo


para constituir o crédito para cobrar o crédito constituído.
------------------------------------I -------------------------------------
Decadência lançamento Prescrição

Art. 156, V e 174, CTN - PRESCRIÇÃO: Se o credito estiver constituído não há


que se falar em decadência e sim prescrição.
Art.174 do CTN: a todo direito corresponde um ação que o assegura. A prescrição é a
perda do prazo da Fazenda para a cobrança do crédito tributário que se dá mediante
ação própria - Execução Fiscal (Lei 6830/80). O Fisco tem cinco anos, da data da
constituição definitiva do crédito para cobrar judicialmente a dívida tributária. (art.174).
Quando o crédito se constitui definitivamente? Anote que o STF já decidiu que se
considera o crédito definitivamente constituído com a notificação do sujeito passivo do
lançamento; o próprio CTN dispõe, em seu art. 142, que, “constitui o crédito tributário
pelo lançamento”.
Observe-se, no entanto que essa regra sofre variações:
1.º - S.P. notificado => vencido o prazo p/ pagamento => não paga e não oferece
impugnação ao lançamento => inicia-se a contagem do prazo prescricional
2.º - S.P. notificado => oferece impugnação administrativa => após a notificação da
decisão administrativa irreformável => inicia-se o prazo prescricional. Essa contagem
justifica-se em razão do fato de que somente após a decisão é que a Fazenda Pública
passa a ter condição de reclamar a satisfação de seus créditos judicialmente.
Regra geral: Ex.: O contribuinte autuado em MAR/95; o Fisco perde o direito de
executar o crédito em MAR/00.
ATENÇÃO- STJ/REsp. 616.348 (30/8/07):”Contribuição previdenciária. Natureza jurídica.
Tributo. Prescrição. 5 anos. lei 8.212/91, art. 45, I e II. Prescrição decenal.
Inconstitucionalidade.
A Corte Especial do STJ julgou inconstitucional o artigo de lei que autorizava o INSS a apurar e
constituir créditos pelo prazo de 10 anos. Trata-se dos incs. I e II do art. 45 da Lei 8.212/91,
que dispõe sobre a seguridade social. De acordo com o relator do recurso especial em que
houve a argüição de inconstitucionalidade, Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, as contribuições
sociais destinadas a financiar a seguridade social têm natureza tributária. Por isso, caberia a
uma lei complementar, e não ordinária, dispor sobre normas gerais de prescrição e decadência
tributárias, tal qual estabelece o art. 146, III, «b», da CF/88. O entendimento foi seguido, por
unanimidade, pelos membros da Corte Especial num julgamento que se iniciou em 07/12/2005.
Com a decisão, a retroatividade das cobranças do INSS fica limitada em cinco anos, de acordo
com o estabelecido no CTN”.
Hipótese de Interrupção da Prescrição: Art. 174, Parágrafo único: e seus incisos.
Apaga-se o prazo recomeçando o curso. O CTN prevê três hipóteses judiciais e uma
extrajudicial.
Inciso I: ATENÇÂO: LC 118/05 – Altera o art.174, CTN :
Antes de 09.06.05 – a interrupção da prescrição somente ocorre a partir da efetiva e
pessoal citação do executado.
Após 09/06/05 – a interrupção é antecipada já que o inciso I , do parágrafo único foi
alterado dispondo que a interrupção se inicia com o mero despacho do juiz ordenando
a citação em execução fiscal, conforme expresso na LEF (Lei 6.830/80). Salvo melhor

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juízo, acreditamos em grande incoerência já que na realidade o processo de Execução


não tem existência no mundo jurídico sem a citação
Comentário: Veja-se que na prática, o prazo entre o despacho e a efetiva citação,
devido ao acúmulo de Execuções, é moroso. Enquanto isso o prazo prescricional
continua correndo. Com a nova disposição o contribuinte tem contra si a antecipação
do prazo de interrupção (despacho ordenando a citação) evitando que esta ocorra em
seu favor.
Inciso II - Protesto judicial: quando a exigibilidade está suspensa a Fazenda não pode
executar. Para garantir a cobrança do crédito ajuíza uma cautelar inominada
protestando judicialmente e garantindo a interrupção do prazo prescricional.
Inciso III – ato judicial que constitua em mora o devedor: o STJ entendeu que esses
atos hão de ser do credor e não do devedor para que ocorra a interrupção; ver Resp
72.689-SP, DJU –I de 15/05/98. Assim qualquer notificação, interpelação que
demonstre ao sujeito passivo a intenção da Fazenda Pública em receber o crédito é
causa interruptiva da prescrição.
Inciso IV – ato que importe em reconhecimento do débito – é o caso que pode ser
considerada hipótese extrajudicial, a exemplo da confissão de dívida, do
parcelamento, pedido de compensação, formulário de declaração de dívida.
ATENÇÃO: Sum. 248/TFR – O prazo da prescrição interrompido pela confissão e
parcelamento de dívida fiscal começa a fluir no dia em que o devedor deixa de cumprir o
acordo celebrado.
Art.155, parágrafo único: o prazo entre a concessão de moratória e sua revogação
não se computa para efeito de prescrição, no caso de dolo ou simulação do
beneficiado.
II-Suspensão da prescrição:
Art 151 e seus incisos, CTN: alguns doutrinadores entendem que os casos de
suspensão do crédito tributário implicam em suspensão também da prescrição.
Lei 6830/80 (Lei de Execução Fiscal) prevê hipótese de suspensão:
Art. 2.º, § 3.º a inscrição na Dívida Ativa, suspende o prazo prescricional por 180 dias.
Ex.: o crédito ficou definitivamente constituído com a notificação em MAR/95. Em
MAR/00 iria prescrever o direito da Fazenda de executar o crédito. Só que em FEV/00
a Procuradoria inscreveu o débito na Dívida Ativa. O que a LEF fala é que, apesar do
CTN dispor que o direito de execução da Fazenda Nacional estaria prescrito em
MAR/00, isto não ocorrerá, porque a Procuradoria suspendeu esse prazo, com a
inscrição na Dívida Ativa em FEV/00, por mais 180 dias, equivale dizer que não
prescreverá mais em MAR/00, e sim, em AGO/00.
Veja-se que a doutrina entende que a LEF é ordinária e está estendendo um prazo
previsto no CTN e que é deve ser tratado por Lei Complementar (art.146, III, CF/88 –
crédito tributário), mas o Supremo entendeu permissiva a disposição da lei ordinária.
O STJ RESp 194.296, de 01/08/00 e RESp 446.994 – decidiu pela observância do
CTN e não da Lei 6.830/80.
LEI 11.101/05 – Lei de Falências: Art.6.º - decretação de falência ou deferimento de
processo da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações
de execução em face do devedor.
§ 2.º do art. 40: Prescrição intercorrente – aquela que ocorre mesmo depois de
ajuizada a ação; ocorre no curso do processo. Este instituto funda-se no combate à
incerteza jurídica do cidadão que não pode ser indefinidamente executado em ação
de natureza perpétua. Implica na extinção do direito da Fazenda Pública de continuar
exigindo o crédito tributário, mesmo já tendo sido ajuizada a Execução Fiscal. Veja que
se ajuizada a Execução, do despacho do juiz ordenando a citação a lei prevê o prazo
máximo de 01 ano para que seja encontrado o Executado ou seus bens; caso
contrário o juiz determina o arquivamento dos autos em cartório (sem baixa definitiva).
Após o transcurso de cinco anos a contar dessa decisão, se a Fazenda Pública
deixar de movimentar o processo, de modo injustificável (sem qualquer diligência
concreta que demonstre a atuação eficaz do Exeqüente) por prazo superior a cinco

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anos. Ocorre, então, a extinção do processo pelo decurso do tempo. Admite-se, nesses
casos a ocorrência da prescrição intercorrente.
Relativamente à questão da decretação da prescrição intercorrente, com a entrada em
vigor da Lei 11.280, de 16/02/06 (vigência a partir de 17/05/06) que deu nova redação
ao CPC (art. 219, § 5º) o STJ manifestou-se no seguinte sentido:
REsp 83557/RS:”...omissis 7.Por ser matéria de ordem pública, a prescrição há ser decretada
de imediato, mesmo que não tenha sido debatida nas instâncias ordinárias. In casu, tem-se
direito superveniente que não se prende a direito substancial, devendo-se aplicar,
imediatamente, a nova lei processual.8. “Tratando-se de norma de natureza processual, tem
aplicação imediata, alcançando inclusive os processos em curso, cabendo ao juiz da execução
decidir a respeito da sua incidência, por analogia, à hipótese dos autos” (REsp nº 814696/RS,
1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 10/04/2006).9. Execução fiscal paralisada há
mais de 5 (cinco) anos. Prescrição intercorrente declarada.”
“Resp 820245/RS: “TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE A PARTIR
DA LEI 11.051/2004.
1. A jurisprudência do STJ, no período anterior à Lei 11.051/2004, sempre foi no sentido de que
a prescrição intercorrente em matéria tributária não podia ser declarada de ofício.
2. O atual parágrafo 4º do art. 40 da LEF (Lei 6.830/80),acrescentado pela Lei 11.051, de
30.12.2004 (art. 6º), viabiliza a decretação da prescrição intercorrente por iniciativa judicial,
com a única condição de ser previamente ouvida a Fazenda Pública, permitindo-lhe argüir
eventuais causas suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional. Tratando-se de norma
de natureza processual, tem aplicação imediata, alcançando inclusive os processos em curso.
Precedentes: REsp 605184, Primeira Seção, Min. Peçanha Martins, DJ de 29.08.2005; Resp
745195, Segunda Turma, Min. Castro Meira, DJ de 15.08.2005; Resp 510292 /PE,
Segunda Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 15.08.2005.”

EXCLUSÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO


O crédito é excluído por duas hipóteses legais: isenção e anistia.
Art.176, CTN ISENÇÃO:
-Pela Teoria Clássica: é a dispensa legal do pagamento do tributo
O fato gerador ocorre => a obrigação existe => a lei dispensa
-Pela Teoria Moderna: é a exclusão, pela lei, de determinado fato gerador.
A lei exclui => o fato gerador não existe
A isenção é sempre concedida no interesse público; decorre da lei específica (art.150,
§ 6.º, CF/88) e esta prevê condições, requisitos, tributos a que se aplica e poderá
prever prazo.
Art.176. Parágrafo único: isenção restrita a determinado território - não ofende o
princípio da universalidade dos tributos inserto no art. 151, I da CF/88 desde que
hajam razões relevantes para concessão. Ex.: isenção como incentivos em regiões de
extrema pobreza; em regiões com estado de calamidade pública decretado em razão
de enchentes etc.
Art.177, CTN:
Inciso I -isenção não é extensiva às taxas e contribuições de melhoria – isso não quer
dizer que não há possibilidade de previsão desse benefício relativamente à taxa esses
tributos. O que a lei pretende é definir que se a lei concede isenção de impostos, não
pode ser o benefício extensivo às outras espécies tributárias como taxa ou
contribuição de melhoria. A interpretação da lei isentiva é literal.
Inciso II – o nosso sistema não permite a chamada “isenção em branco”, ou seja, a lei
não pode prever isenção para tributo que não existe, tributo não instituído. Ex.: não se
pode conceder isenção para Imposto de Guerra que ainda não foi instituído.
Art.178, CTN – Regra geral é a revogabilidade da isenção qualquer tempo., exceto:
-isenção concedida por prazo certo e por determinadas condições – trata-se de
“isenção onerosa”.
ATENÇÃO-Súmula 544 STF: isenções tributárias concedidas sob condição onerosa não pode
ser livremente suprimida.

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Ex.: o governo do Estado concede isenção de ICMS por 5 anos para que um grande
indústria se instale em determinada região, o que trará grande benefício gerando
empregos e desenvolvimento. A indústria faz investimentos instala-se na região atraída
pela vantagem tributária. Logo, a isenção não pode ser revogada antes do prazo
estabelecido.
Observado o disposto no art.104, III: entram em vigor no 1.º dia do exercício seguinte,
dispositivo de lei referente a “impostos sobre o patrimônio e a renda “ (IR, ITR, IPTU,
IPVA).
Obs.art. 104, III, menciona “salvo se a lei dispuser de modo mais favorável ao
contribuinte” .
Art.179, CTN – Isenção geral: concedida pela lei sem requisitos ou condições
específicas que devam ser comprovadas pelos beneficiários.
Ex. isenção de IPI de carro novo.
Isenção individual: a lei autoriza a autoridade administrativa a conceder, mediante
despacho, caso a caso, desde que comprovado que o contribuinte preencha os
requisitos e condições
Ex.: todos os produtores de leite da região nordeste de Goiás que produzam até 20
litros por dia. Este beneficiário deverá se dirigir á administração e comprovar que
preenche os requisitos e aí a autoridade administrativa verificando os fatos, despacha
caso a caso, concedendo o benefício.
§ 1.º, do art.179: tributo com fato gerador periódico: a isenção concedida tem que ser
renovada a cada novo período.
Ex.: tenho isenção de IR exercício 2004; em 2005 ela não se renova
automaticamente,; o beneficiário deve, antes do término do prazo requerer a
renovação.
§ 2.º do Art.179 CTN: isenção em caráter individual não gera direito adquirido, pode
ser revogada pela autoridade administrativa se o contribuinte deixou de atende os
requisitos ou se não atendia quando concedida.
Art. 180, CTN - ANISTIA:– perdão legal da multa tributária concedido aos
contribuintes em atraso com tributos ou sujeitos a multas por infrações fiscais; é
sempre relativo à infração que já ocorreu.
I e II-Não se aplica anistia:
-a atos de grande lesividade qualificados como crime ou “contravenção”- que não
existe em matéria tributária e a anistia não beneficia a má-fé.
II-de forma, inócua, o dispositivo prevê a possibilidade de se anistiar os atos
caracterizados como conluio. Ora, conluio é a reunião de duas ou mais pessoas como
o fim de lesar uma outra. É ato que tem a presença da má-fé. Contrapõem-se ao
previsto no inciso anterior.
Art.181, CTN:
I-Caráter geral
II-limitada
a)a determinado tributo; Ex.: anistia para pagar ICMS sem multa
b)a determinado montante; Ex.: para ICMS com redução de multa para dívidas até
R$50.000,00.
c)a determinada região; Atenção: Art. 14 da LRF prevê que o ente político quando for
conceder benefícios tem que provar que a medida não vai gerar déficit e de onde vai
sair a receita para compensá-lo. O Informativo STF n.º297/03 traz a confirmação da
constitucionalidade do art. 14. d LC 101/00.
d)limitada à condição de pagamento de tributo; Ex.: se pagar parcela do IPTU em
atraso até dia 30/4 não pagará multa.
Art.182, CTN e parágrafo único.: Anistia geral e individual – idem às outras
vantagens tributárias lícitas.
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Para atendimento das finalidades públicas, é indiscutível a importância das receitas
tributárias. Daí a inquestionável afirmação de que o crédito tributário é de interesse

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público. Surge a partir destas constatações a necessidade de meios para garantia e


privilégio do crédito tributário relativamente a outros de diferente ordem.
Garantia: meio de assegurar o direito do Estado de receber a prestação do tributo
Privilégio: preferência que goza o crédito tributário em relação aos demais.
Art.183, CTN – enumera as garantias sem exclui outras que a lei possa prever.
Equivale dizer que o legislador federal, estadual ou municipal pode prever outras
garantias além das previstas pelo CTN.
Parágrafo único: Ex: o fato da garantia oferecida ter sido em forma de garantia
hipotecária, não transforma o crédito tributário em crédito hipotecário.
Art.184, CTN – privilégio geral: o legislador visa cercar o crédito tributário de maior
número de garantias possíveis. No entanto existem bens que não estão sujeitos à
execução (art.649, CPC – anel nupcial, provisões de alimentos e combustível
necessário à manutenção do devedor e sua família por um mês instrumentos úteis ao
exercício de profissão, subsídios de magistrados, vencimentos professores, pensões
recebidas da previdência, , materiais necessários para obras em andamento etc.). A
própria Lei 6.830/89 dispôs que a penhora não poderá recair sobre bens que a lei
declara absolutamente impenhoráveis.
Impenhorabilidade do bem de família A lei 8.009/90 – trata da matéria - imóvel
residencial único próprio da entidade familiar utilizado para sua moradia permanente.
Obs.: este perde a impenhorabilidade quando o débito for oriundo de IPTU, taxas e
contribuições de melhoria devida em função do imóvel. Princípio que norteia o
dispositivo é o da capacidade contributiva, pois se o contribuinte teve recursos para
adquirir o bem tem recursos para pagar os tributos sobre ele incidentes.
Art.185, CTN – Presunção de fraude: A inscrição na Dívida Ativa goza de presunção
de certeza e liquidez. O devedor regularmente inscrito não pode desviar seus bens
visando a evasão tributária. Eles são a garantia do Poder Público do recebimento do
crédito.
LC.118/05 – Alterou o CTN excluindo da parte final do 185 a expressão “ em fase de
execução”, basta que o crédito esteja inscrito na Dívida Ativa para que a alienação ou
oneração possa ser considerada fraudulenta.
Cláusulas inoponíveis ao Fisco: Como a Procuradoria não notifica a todos os
contribuintes da inscrição, é razoável não se considerar fraudulenta a alienação feita
antes da citação da Execução. Dessa forma, depois de distribuída a petição inicial
(Execução Fiscal), caso o devedor haja procedido a alienação (venda, doação,
permuta) ou oneração (hipoteca, penhor) de bens, a Fazenda poderá ajuizar a “Ação
Revocatória” objetivando anular a alienação ou oneração do bem (cláusulas
inoponíveis ao Fisco).
Reserva de bem: quando da alienação ou oneração o sujeito passivo reservar bem
suficiente ao adimplemento do crédito tributário, não será considerada uma operação
fraudulenta, Ex. vendeu o imóvel, mas deixou o dinheiro no banco.

CRÉDITO TRIBUTÁRIO - PREFERÊNCIAS


Art.186, CTN - quando ocorrer do sujeito passivo encontrar-se obrigado ao
pagamento de créditos de natureza diversa (civil, comercial, trabalhista, tributário) o
crédito tributário prefere a qualquer outro (supremacia do interesse público),
ressalvados os de natureza trabalhista.
Alteração da LC 118/05 (com efeitos desde 09/06/05) no caso de processo de falência
houve alteração na ordem de preferência, sendo quitados primeiro os trabalhistas até
150 salários mínimos por credor, em segundo os créditos de garantia real (via de regra
os credores aqui são as instituições financeiras) e em terceiro lugar os crédito
tributários (interesse público foi considerado menos importante que o interesse dos
particulares, a exemplo dos bancos)
Art., 187, CTN – Concurso de credores: A Fazenda não concorre com nenhum dos
outros credores e nem está obriga a postular seus créditos para aguardar rateio.

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Parágrafo único: Concurso de preferência entre pessoa políticas: primeiro a União,


Estados e DF, depois os Municípios e os entes da administração indireta (autarquias).
A Súmula 563/STF, considerou o parágrafo, em comento, compatível com o art.9.º, I,
da CF/69 que dispunha sobre a vedação da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios de criar distinções entre brasileiros ou preferências em favor de uns contra
outros Estados ou Municípios;
A doutrina majoritária entende pela revogação do dispositivo diante da disposição da
CF/88 sobre a forma federativa do Estado Brasileiro segundo a qual todos os entes
políticos são isônomos, não havendo justificativa a prestigiar um, em detrimento dos
outros. Logo não recepcionado pelo novo ordenamento constitucional.
"Ora, que o parágrafo único do artigo 187, do CTN, institui preferência entre os
créditos fiscais pertencentes as pessoas integrantes do pacto federativo é indiscutível.
Estas preferências foram tidas como compatíveis com a Constituição anterior, porque,
então, estavam atreladas ao requisito do privilégio ou do dano, o que não mais ocorre.
Portanto, as bases sobre as quais se fundou o entendimento manifestado pelo
Supremo Tribunal Federal já não mais existem, eis que a discussão agora se põe,
como salientado, apenas em razão da existência da pré-falada preferência, o que dá
ao problema contornos bastante peculiares. E, neste passo, parece-nos que o
principio da federação, tal como contemplado pela Constituição de 1988, não abriga a
subsistência da discriminação em causa. É sobremodo fluente a dúvida quanto ao fato
do parágrafo único do artigo 187, do CTN, haver sido recepcionado pela Constituição
de 1988." (Eduardo D. Botallo, Reflexões sobre o processo de execução fiscal na
Constituição de 1988, em Revista de Direito Tributário nº. 66 Ed. Malheiros, p. 138.)
Art.188, CTN: Falência (caracterizada pela prática de atos prejudiciais aos interesses
dos credores; carência ou ausência de numerário para atender o pagamento de dívida
vencida): os créditos tributários são encargos preferenciais, caso haja contestação do
crédito, o juiz designará a garantia de instancia pela massa; caso não possa garantir
determinará a reserva de bens suficientes à extinção do crédito.
Art.189 c/c Art.192, CTN: Inventário e Arrolamento: créditos tributários são encargos
preferenciais; caso haja contestação do crédito, o juiz designará a garantia de
instancia; se não for possível determinará a reserva de bens suficientes à extinção do
crédito.
Não se profere sentença de partilha ou adjudicação de bens enquanto não for
apresentada a certidão de quitação com as Fazendas.
Ex.: ITCD e IR devido pelo espólio ou pelo de cujus.
Art. 190, CTN: Liquidação judicial ou voluntária: idem.
Art.191-A – LC 118/05 concessão da recuperação judicial depende de juntada ao
processo as certidões negativas de débitos tributários relativas ao débitos mercantis.
ATENÇÃO-STJ. REsp. 303.261(24/8/07): “Empresa. Concordata. Desistência. Prejuízo de
terceiros ou da Fazenda Pública. Inexistência. Possibilidade.
Empresas podem desistir do favor legal da concordata se não prejudicarem os credores e
também não precisam quitar todos os seus débitos fiscais com a Fazenda Pública para fazê-lo.
Esse foi o entendimento do Min. ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, da 4ª Turma do STJ, no voto
proferido em um recurso especial da Fazenda Pública de São Paulo contra decisão do TJSP.
Segundo a conclusão unânime da Turma, a desistência só não seria admitida diante da
evidente intenção de prejudicar credores ou a Fazenda, o que não foi mostrado no processo.
Com isso, o recurso da Fazenda restou rejeitado”.
Art.193, CTN: ninguém poderá contratar com o Poder Público sem fazer prova de
quitação com a Fazenda Pública interessada – participar de licitação (Lei 8.666/93 –
art.27, IV – requisito de regularidade fiscal / art.195, § 3. º, CF/88 – débitos
previdenciário), tomar créditos, financiamentos etc. Importante ressaltar que se o
crédito estiver suspenso (art. 151, CTN) a certidão não pode ser recusada.

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ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Encontra-se inserida dentro da Administração Pública do Poder Executivo de cada
esfera (federal, estadual e municipal) referente à atividade financeira pertinente à
obtenção de receita tributária.
EC 42/03 Art.37, XXII: estabeleceu que as administrações tributárias como atividade
essencial para o funcionamento do Estado devem ser exercidas por servidores de
carreiras específicas, com recursos prioritários para realização de suas atividades e
que estas ocorrerão de forma integrada entre os entes políticos mediante lei ou
convênio.
O CTN trata das normas gerais do procedimento fiscalizatório, da Dívida Ativa da
Fazenda Pública e da expedição de Certidões pelo Poder Público.
FISCALIZAÇÃO: mecanismo consistente em averiguar se as obrigações tributárias
vêm sendo cumpridas. É atividade discricionária à medida que fica “a juízo da
autoridade administrativa” (art.149, III, CTN – lançamento de ofício) o pedido de
esclarecimentos às pessoa legalmente obrigadas (sujeito passivo).
ATENÇÃO: Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão da administração direta subordinado
ao Ministro da Fazenda. Além das competências definidas pela atual legislação, ao novo
organismo caberá planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação,
fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais (...) e das
contribuições instituídas a título de substituição. Trata-se de evidente avanço a unificação da
ação fiscal da Receita Federal e do INSS, desburocratizando a relação entre os órgãos da
fiscalização e os contribuintes. Também cria a carreira de Auditoria da Receita Federal do
Brasil, sendo uma das atribuições «examinar a contabilidade de sociedades empresariais,
empresários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes aplicando as
restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código Civil e observado o disposto no art.
1.193 do mesmo diploma legal.
Art.194, CTN: a atividade de fiscalização é regulada pela legislação tributária que
estabelecerá a competência e poderes das autoridades administrativas.
Parágrafo único: as pessoas naturais e jurídicas estão sujeitas à fiscalização,
inclusive as pessoas imunes e isentas.
Art.195, CTN: o direito da autoridade administrativa de proceder ao exame de livros,
mercadorias, arquivos, papéis, para efeito de fiscalização é absoluto, não tendo
submissão às disposições contrárias. O sujeito passivo, em contrapartida tem a
obrigação tributária acessória positiva - apresentar os documentos requisitados - e de
tolerar a fiscalização.
Parágrafo único: é obrigatória a conservação dos livros especificamente necessários
à observância do cumprimento das obrigações tributárias (escrituração fiscal e
comercial) até que ocorra a prescrição dos créditos tributários.
Art.196, CTN: Quando do exercício da fiscalização a autoridade competente deverá
proceder lavrando termo de início de fiscalização e fixando o prazo para conclusão do
procedimento, já que a fiscalização não pode perdurar indefinidamente.
Parágrafo único: lavra-se o termo no livro fiscal exibido ou, se em separado, em
documento cuja cópia será entregue ao sujeito fiscalizado.
Art.197, CTN: Dever de informação: desde que regularmente notificadas, a lei
enumera pessoas que, em função do cargo, ofício, função, ministério, atividade ou
profissão e entidades, estão obrigadas a prestar informações a respeito de bens,
negócios ou atividades de terceiros.
SIGILO BANCÁRIO: LC 105/01 dispõe sobre os procedimentos para a quebra do sigilo
que somente em caso extraordinário.
ATENÇÃO:
STJ / REsp 152.455-SP, 2.T STJ; DJU 15/12/97: “Sigilo bancário. Direito à privacidade do
cidadão. Quebra de sigilo. Requisitos legais. Rigorosa observância. A ordem jurídica autoriza a
quebra do sigilo bancário em situações excepcionais. Implicando, entretanto, na restrição do
direito à privacidade do cidadão, garantida pelo princípio constitucional, é imprescindível

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demonstrar a necessidade das informações solicitadas, com o estrito cumprimento das


condições legais autorizadas.”
Por se tratar de questão polêmica que contrapõe, de um lado o direito do cidadão à
intimidade, privacidade e sigilo de dados, de outro o interesse público na tributação
justa e combate aos crimes contra a ordem tributária, a quebra do sigilo só pode ser
decretada para apuração de ocorrência de ilícito em fase de inquérito ou processo
judicial.
Parágrafo único: sigilo profissional: o dever de informação não abrange os que tem o
dever do sigilo profissional (CC/02 – Art.229 – Ninguém pode ser obrigado a depor
sobre fato a cujo respeito: I-por estado ou profissão deva guardar segredo.”). Ex.:
Advogado (Lei8.906/94, art.7.º, XIX, 34, VII e 36,I; jornalista ou radialista (Lei 5.250/67,
art.71) e o militar (Dec.lei 1029/69, art.34).
Art.198, CTN: Sigilo da Fiscal: é a regra relativamente às matérias fiscais já que em
razão da função exercida, fiscais, procuradores, técnicos, detém conhecimento
constantes dos CNPJ e do CPF, que compõem o banco de dados das PJ e PF, sendo
a revelação externa proibida e caso ocorra o agente pode ser apenado.
LC 104/01 acrescentou §§
§1.º: requisição do judiciário; inovação para a possibilidade da quebra a pedido da
autoridade administrativa, desde que haja processo regular instaurado investigando o
sujeito passivo.
§2.º: A Administração Pública realizará o intercâmbio de informações sigilosas, desde
que exista processo regular instaurado e observado o fato de que as informações
somente podem ser repassadas, pessoalmente, à autoridade solicitante, mediante
recibo que exigirá a preservação do sigilo.
§3.ºAs informações sigilosas também serão fornecidas relativamente à
representações fiscais para fins penais (crimes contra a ordem tributária), inscrição da
Dívida Ativa e parcelamento ou moratória.
Art.199, CTN: Com o objetivo de combater a evasão fiscal e apurar infrações as
Administrações (federais, estaduais e municipais) promovem os chamados
cruzamento de dados, ou intercâmbio de informações, na forma da lei ou convênio.
Parágrafo único (LC 104/01): foi acrescentado prevendo a troca de informações entre
a União e Estados estrangeiros, na forma de acordos, tratados internacionais.
Art.200, CTN: Para requisição de força pública, basta que o sujeito passivo
obstacularize o exercício da função de fiscalização, não sendo necessária a requisição
ao Judiciário.
DÍVIDA ATIVA: trata-se de crédito da Fazenda Pública vencido e não adimplido.
Art.201, CTN: Depois de esgotado o prazo para o pagamento, estabelecido pela lei ou
por decisão em processo regular, a dívida decorrente de crédito tributário (tributo e
multa por descumprimento da legislação tributária) é inscrita na repartição competente
e torna-se apta a ser cobrada judicialmente, via processo de Execução Fiscal,
patrocinado pelas Procuradorias (da União, do Estado e Municipal).
Parágrafo único: Mesmo depois de inscrito o crédito os juros de mora continuam a
fluir; [e uma forma de compensar, de manter o valor do crédito.
Art.202, e 203, CTN:.A falta de qualquer um dos termos essenciais para inscrição na
Dívida Ativa pode ocasionar a nulidade da inscrição sendo eles: nome do devedor ou
co-responsável; se possível o domicílio ou residência de um ou outro; o valor devido e
os juros de mora; a origem do crédito e sua fundamentação; a data da inscrição; n.º do
processo administrativo que originou a dívida. A falta pode ser sanada até julgamento
em 1.º grau sendo aberto prazo para o Executado se manifestar somente no tocante à
parte modificada.
Parágrafo único: A certidão da Dívida Ativa conterá, também o n.º do livro e da folha.
Art.204, CTN e Parágrafo único: A CDA goza de presunção de certeza e liquidez
(iuris tantum), logo, pode ser contestada por contraprova. Aqui, o ônus da prova é
invertido uma vez que o cumpre ao Executado a produção de prova de que a

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Execução não procede mediante ajuizamento de Ação de Exceção de Pré-


Executividade ou nos Embargos à Execução.
Art.205, CTN: CERTIDÃO NEGATIVA - a lei prevê casos em que é obrigatória a
apresentação de certidão negativa, ou seja, certidão que comprove a situação regular
da pessoa juntamente com a Fazendas federal, estadual e municipal.
Parágrafo Único: a CND será expedida no prazo de 10 dias da data do protocolo do
pedido.
ATENÇÃO: STJ / EREsp nº 202.830/RS, DJU 02/04/2001decidiu que em se tratando
de tributos sujeito a lançamento por homologação, inexistente o lançamento, não há
que se falar em crédito constituído e vencido, o que torna ilegítima a recusa da
Fazenda em expedir a CND.
Art.206 CTN: No caso de tributos não vencidos, cuja exigibilidade esteja suspensas
(art.151, CTN) ou débito garantido por penhora em processo de Execução, a Fazenda
Pública expedirá a Certidão Positiva com efeito Negativo.
Art.207,CTN será dispensada a apresentação da CND em caso de urgência, ou seja,
no caso de evitar a caducidade do direito (atos ou negócios que demandam
realização e não podem aguardar), ficando, no entanto, todos participantes
(contribuinte/responsável) responsáveis pelos tributos, juros e penalidades, exceto
aquelas cuja responsabilidade seja pessoal do infrator (art.137, CTN).
Art.208, CTN e parágrafo único: O funcionário público que expedir a CND com dolo
ou fraude será responsabilizado pelo crédito tributário, pelos juros de mora, não
excluindo a responsabilidade funcional e criminal.

BIBLIOGRAFIA:
Básica:
Constituição da República Federativa do Brasil
Código Tributário Nacional
Doutrinas:
ALEXANDRINO, Marcelo e Paulo Vicente. Manual de Direito Tributário 4ª ed. Rio de
Janeiro: Impetus, 2007.
AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007.
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. São Paulo:
Maleiros Editores, 2005.
CASSONE, Vittório. Direito Tributário. São Paulo: Atlas, 2005.
CHIMENTI, Ricardo Cunha. São Paulo:Saraiva, 2007.
DIFINI, Luiz Felipe Silveira. Manual de Direito Tributário. São Paulo:Saraiva, 2005.
HARADA, Kioshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Ed. Atlas, 2007.
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. Rio de Janeiro: Malheiros
Editora, 2006
MELO, José Eduardo Soares de. Curso de Direito Tributário. São Paulo: Dialética,
2005.
SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. São Paulo: Prima Cursos
Preparatórios: 2005
VELOSO, Andrei Pitten.Constituição Tributária Interpretada.São Paulo: Atlas, 2007

CTN comentado:
Hugo de Brito / Atlas
José Jayme de Macedo / Saraiva
Láudio Fabretti / Atlas
Vladimir Passos / Revista dos Tribunais
CTN / ANOTADO
Hugo de Brito Segundo / Atlas

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