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PAPER
1º SEMESTRE DE 2008
SÃO PAULO
2008
SUMÁRIO
1.Introdução.............................................................................................................3
2.Julgado..................................................................................................................7
5.Conclusão.............................................................................................................10
6.Referências bibliográficas...................................................................................12
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MITIGAÇÃO DA CULPA NAS AÇÕES DE DIREITO DE FAMÍLIA
1. INTRODUÇÃO
Princípio da igualdade entre filhos: Há que ser idêntico o tratamento e convivência entre
os filhos advindos do casamento ou não bem como, os adotados. – artigo 227, parágrafo 6º
da Constituição Federal de 1988 e art. 1.596 do Código Civil.
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TARTUCE, Flávio e SIMÃO, José Fernando, Direito Civil – Volume 5 – 2ª Edição: Método, 2007, p.23-43.
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Princípio do melhor interesse da criança: Em não havendo acordo entre os separandos, o
Juiz, pode incentiva-los em adotar a guarda compartilhada. Assim, serão compartilhadas
responsabilidades e decisões acerca da vida material, educacional, social e o bem estar dos
filhos. Sendo que, os termos desta, são determinados pelos pais. – artigo 227, caput, da
Constituição Federal de 1988, e artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil.
Há que explanar ainda sobre o conceito de família diante do contexto atual, decorrente das
transformações da sociedade sob o prisma da igualdade e liberdade afastando-se a
concepção conservadora e patriarcal do Código Civil de 1916, conforme o artigo 226 da
Constituição Federal de 1988:
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TARTUCE, Flávio e SIMÃO, José Fernando, Direito Civil – Volume 5 – 2ª Edição: Método, 2007, p.42.
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§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar à comunidade formada por qualquer
dos pais e seus descendentes.
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial
por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais
de dois anos.
Os Mestres Flávio Tartuce e José Fernando Simão em sua obra,3 citam as palavras da
Desembargadora Maria Berenice Dias: Manual de Direito das Famílias, 2005, p. 41,
explanando a transformação do conceito de família em Famílias Plurais que, apesar de não
ínsitas na Carta Magna são reconhecidas pela doutrina e pela jurisprudência:
Família informal: São uniões não fundadas no casamento. A família informal está contida
no artigo 226, parágrafo 3º da Constituição Federal de 1988 qual, reconhece a união estável
há muito tempo realidade na sociedade, reconhecida pela Súmula 380 do STF4.
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TARTUCE, Flávio e SIMÃO, José Fernando, Direito Civil – Volume 5 – 2ª Edição: Método, 2007, p. 44-47.
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Súmula 380 do STF: Comprovada a existência da sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução
judicial, com partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
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Família homoafetiva: União de pessoas de mesmo sexo, com características de união
estável.
Família monoparental: Família reconhecida pela Constituição Federal de 1988 no artigo
226, parágrafo 4º, é a entidade familiar formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Conclui-se, portanto, que o Novo Código Civil é voltado constitucionalmente para a família
alicerçada em princípios éticos buscando-se uma sociedade digna, justa e solidária com
formação moral fundamentada na honra, ética e respeito.
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2. JULGADO:
PROCESSO:
REsp 757411 / MG
RECURSO ESPECIAL
2005/0085464-3
DATA DA PUBLICAÇÃO/FONTE:
DJ 27.03.2006 p. 299
RB vol. 510 p. 20
REVJMG vol. 175 p. 438
RT vol. 849 p. 228
EMENTA:
1. A indenização por dano moral pressupõe a prática de ato ilícito, não rendendo ensejo à
aplicabilidade da norma do art. 159 do Código Civil de 1916 o abandono afetivo, incapaz
de reparação pecuniária.
ACÓRDÃO:
DISCUSSÃO DOUTRINÁRIA:
Buscou o autor da ação atribuir apenas ao pai a responsabilidade pela falta de convivência,
decorrente da separação dos seus genitores como justificativa para as suas frustrações. Os
Nobres Desembargadores apreciaram os fatos trazidos à lide concluindo que: Em havendo a
procedência da ação ocorreria enriquecimento sem causa, pois houve o cumprimento da
prestação quanto à obrigação financeira, porém afeto não há como se impor no seio
familiar.
A legislação vigente é clara quanto à indenização por dano moral qual, pressupõe-se a
prática de ato ilícito e falta de sentimento e carinho não caracterizarem a ilicitude, ou seja,
obrigação de reparação inexiste ao caso em tela.
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4. PONTOS NEGATIVOS DO JULGADO:
A Justiça é o meio hábil de reivindicação dos direitos dos cidadãos. Porém, para a questão
trazida a lume: ABANDONO MORAL - REPARAÇÃO - DANOS MORAIS a decisão não
ostenta a razoabilidade, pois o voto do Senhor Ministro Fernando Gonçalves (Relator)
afasta a possibilidade de indenização e declara a ocorrência de julgamentos quanto ao
abandono material nos Estados Federação, com decisões divergentes ao prolatado na
Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça5.
Na narrativa o autor busca reparação pecuniária pela negativa de amparo afetivo do seu
genitor qual, o impossibilitou conviver com a meia-irmã, lhe ensejando extremo sofrimento
e humilhação. Tal reparação é possível com fulcro na Constituição Federal - artigo 5º,
incisos V e X e Capítulo II – Dos Direitos da Personalidade - artigos 11 a 21.
A garantia constitucional assegurada pela Carta Magna e legislação ordinária, não foram
aplicadas pelo Juiz Monocrático da 19ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte e pela
Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, pois decidiram aquém da necessidade social
não protegendo quem buscou o Judiciário a fim de proteger-se da lesão sofrida.
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2003, o Juiz de Direito Mario Romano Maggioni, da 2ª Vara da Comarca de Capão da Canoa no Rio Grande do Sul,
condenou um pai a pagar 200 salários mínimos à filha, que alegou abandono material (alimentos) e psicológico (afeto,
carinho, amor). O pai foi condenado à revelia.
2004, o Juiz de Direito Luís Fernando Cirillo, da 31ª Vara Cível do Foro Central da Capital de São Paulo, condenou um
pai a pagar à filha indenização no valor de R$ 50 mil para reparação de dano moral e custeio do tratamento psicológico.
Por meio de uma perícia técnica, foi constatado que a jovem apresenta conflitos, entre os quais de identidade, deflagrados
pela rejeição do pai. Ela deixou de conviver com ele ainda com poucos meses de vida, quando o pai separou-se da mãe.
Ele constituiu nova família e teve três filhos. O pai apelou ao TJ de São Paulo, onde o recurso aguarda julgamento.
Fonte IBDFAM: STJ julga caso inédito sobre responsabilidade civil do pai por abandono afetivo do pai – 16/11/2005.
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5. CONCLUSÃO:
A indenização pelo abandono afetivo visa “condenar” o pai cumpridor dos deveres
materiais. Amor, carinho, convivência não são palpáveis, não são mensuráveis. O
menosprezo advém daquele que muitas vezes se exime do afeto por fatores alheios aos
DD. Julgadores, portanto, há que se afastar a reparação de danos decorrente do abandono
afetivo.
O autor da ação busca a monetarização do amor a fim de punir o pai “faltoso” no que
tange aos deveres afetivos da paternidade, visto a prestação material haver sido cumprida
ao contento.
“Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-
lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
judiciais.”
A obrigação de sustento guarda e educação dos filhos menores são obrigações quais, os pais
não podem eximir-se, de acordo com a legislação.
Imperioso se torna encontrar solução que venha atender aos interesses das famílias
degradadas pelas relações tortuosas traçadas na juventude sem qualquer prevenção a
gravidez indesejada quais, ensejam enxurradas de Ações de Investigação de Paternidade,
Alimentos e, a aqui comentada Ação de Danos Morais por Falta de Afeto.
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(...)“Desta feita, como escapa ao arbítrio do Judiciário obrigar alguém a amar, ou manter
um relacionamento afetivo, nenhuma finalidade positiva seria alcançada com a
indenização pleiteada.
O direito a visitas está disposto no artigo 1.589 do Código Civil, in verbis:
Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá vistá- los e tê-los
em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz,
bem como fiscalizar sua manutenção e educação.
(grifos nossos)
Ao se analisarmos o referido artigo, concluise que as visitas dos pais aos filhos, é facultado
por lei quando assevera “poderá visitálos”. Ressalta-se que não é reconhecido o abandono
no presente julgado. Ao caso em tela, a obrigação poder/dever ínsita no poder familiar é
cumprida ante a obrigação pecuniária dos alimentos devidos. O direito de visitas é
concebido como “um poder acontecer” e não como imposição, pois, em nossa legislação
não há obrigação para o pai visitar o filho, mas ao contrário, existe sim o direito de visita à
aquele que não está com o filho.
Vale mencionar ainda, que o Ministério Público tem intervindo em alguns feitos
manifestando-se contrário à concessão da indenização, conforme a promotora De Carli dos
Santos:
"não cabe ao Judiciário condenar alguém ao pagamento de indenização por desamor."
Deste modo, concluo que o direito subjetivo constitucional à dignidade da pessoa humana,
solidariedade familiar, igualdade entre filhos, igualdade entre cônjuges e companheiros,
igualdade na chefia familiar, não-intervenção ou da liberdade, melhor interesse da criança,
afetividade, função social da família há que ser aplicado pelo Magistrado como instrumento
de pacificação no conflito familiar para que seja alcançada a função social da família e não
como patrocinador de litígios aos que buscam indenizações pecuniárias como reparador da
falta de convivência, amparo afetivo e moral na relação paterno-filial.
“Um bom casamento exige que o homem seja surdo e a mulher cega.”
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Sácrates 470 a.c - 399 a.c.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, Maria Berenice, Manual de Direito das Famílias – 4ª Edição: RT, 2007.
BOLETIM AASP – Associação dos Advogados de São Paulo – Boletim n.º 2571 –
EMENTÁRIO - Direito de Família – pág. 1507.
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