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DO ATENDIMENTO HOSPITALAR
34 AMBULATORIAL E HOME CARE
Marcelo Velloso
Fisioterapeuta especialista em fisioterapia em unidade de terapia intensiva – FMUSP;Mestre em reabilitação
pela UNIFESP EPM;Doutorando em reabilitação pela UNIFESP –EPM;Coordenador do Curso de Fisioterapia
do Centro Universitário Nove de Julho
Rute Grans
Fisioterapeuta especialista em Fisiologia do exercício e fisioterapia em Pneumologia- UNIFESP-EPM
Fisioterapeuta do Serviço de Medicina Física e Reabilitação do Hospital do Servidor Público Estadual- HSPE
Satiko Shimada
Fisioterapeuta do Serviço de Fisioterapia do Instituto do Coração – HCFMUSP;Supervisora de Estágio de
Especialização Cardiorrespiratória do Instituto do Coração - HCFMUSP
Luiz Gustavo de M. Ghion
Fisioterapeuta Especialista em Cardiorrespiratória -_InCor- HCFMUSP;Diretor Administrativo da Cooperativa
de trabalho de fisioterapeutas- COPERFIT
Segundo a Wolrd Confederation for Physical técnicas empregadas no seu dia-a-dia, com isso as
Therapy, a Fisioterapia é uma profissão e uma ciência técnicas tradicionais sofreram modificações. Foram
que tem por finalidade o tratamento de pacientes utili- introduzidos equipamentos projetados para aumen-
zando diferentes meios físicos, com o objetivo de res- tar a eficácia na eliminação das secreções, na
taurar o máximo da capacidade funcional e indepen- reexpansão pulmonar, assim como o treinamento
dência para o trabalho, no lar e na sociedade, atuando dos pacientes com pneumopatias.
nas áreas neurológica, ortopédica, ginecológica, res- Para que haja sucesso no emprego da fisiote-
piratória, entre outras. rapia respiratória é necessário que o fisioterapeuta
Dentre as diversas áreas de atuação, destaca- tenha conhecimento da fisiologia e da anatomia
se a fisioterapia respiratória, que é uma especialida- humana, bem como dos mecanismos alem dos agen-
de voltada para o tratamento das disfunções tes causadores das doenças pulmonares, para que
torácicas, musculares e pulmonares. Atualmente possa conduzir uma avaliação detalhada e criteriosa
todos os grandes centros de tratamento de saúde das condições do paciente. As informações obtidas
reconhecem a relevância da atuação do fisiotera- na avaliação levarão o fisioterapeuta a traçar os
peuta respiratório, tornando-se presença obrigató- objetivos do tratamento e eleger as manobras e/ou
ria no atendimento hospitalar de todas especialida- técnicas mais adequadas para cada paciente, acom-
des clínicas e cirúrgicas, além de serviços de urgên- panhando o caso com reavaliações freqüentes, ajus-
cia, terapia intensiva, ambulatorial e assistência do- tando a conduta para alcançar o objetivo desejado
miciliar (“home care”) propiciando uma recuperação (24)
mais rápida, diminuindo o tempo de internação e con- Os objetivos de tratamento fisioterapeutico
seqüentemente as complicações decorrentes da hos- estão baseados na melhora da função respiratória,
pitalização, minimizando custos e buscando o retorno promovendo higiene brônquica, melhorando a com-
do pacientes às suas atividades normais em um espa- placência tóraco-pulmonar, buscando o equilíbrio
ço de tempo muito menor que nos métodos outrora tóraco-abdominal; o alívio da dor, a prevenção de
usados. deformidades, a recuperação e manutenção da for-
Na última década, a Fisioterapia apresentou um ça muscular e amplitudes articulares, contribuindo
grande crescimento. Teve início a busca ao para melhorar os aspectos físicos, psicossociais e a
embasamento científico e teórico para respaldar as qualidade de vida dos indivíduos portadores de
Drenagem Postural Brônquica Seletiva É uma técnica de higiene brônquica que visa a
(DPBS) movimentação de secreções já soltas na árvore
brônquica em direção aos brônquios de maior cali-
Esta técnica envolve o uso da gravidade para bre, ficando mais fácil a sua expectoração. Para sua
auxiliar a movimentação da secreção pelo trato res- realização o fisioterapeuta deverá colocar as mãos
piratório dos segmentos e lobos pulmonares distais espalmadas com leve pressão sobre o tórax do paci-
até as grandes vias aéreas, de onde podem ser eli- ente, fazendo uma contração isométrica dos membros
Exercício respiratório com expiração Vem sendo utilizado há muitos anos como te-
abreviada rapia respiratória profilática segura e bem aceita pelo
paciente. O principal objetivo deste aparelho é in-
Este exercício respiratório consiste na realiza- centivar uma inspiração profunda. Existem muitos
ção de ciclos intermitentes de inspiração profunda, aparelhos que proporcionam o incentivo de respi-
onde se intercala pequenas expirações. O exercício rações profundas, entre eles encontram-se os
inicia-se com uma inspiração nasal lenta e profun- incentivadores a volume e a fluxo, sendo o inspirô-
da até a capacidade pulmonar total, em seguida metros a fluxo os mais utilizados devido ao custo.
executa-se a expiração de uma pequena quantida-
de de ar. Após isso, realiza-se novamente, uma ins- Respiração com pressão positiva intermitente
piração até a capacidade pulmonar total. Deve-se (RPPI)
repetir esta manobra mais três ou quatro vezes, e,
em seguida, realizar uma expiração completa até Começou a ser utilizada a partir dos anos 50
CRF. Este exercício mostrou-se efetivamente ex- na prevenção e tratamento de atelectasias causadas
pansivo, com melhora da ventilação nas zonas de- por complicações de diversas enfermidades. Está
pendentes em pacientes com bronquite crônica e indicada para pacientes que não cooperam ou estão
pneumonia intersticial (13). impossibilitados de receber a terapia manual. O RPPI
é realizado com o auxílio de ventiladores mecâni-
Exercício respiratório com inspiração máxima cos, que são acoplados a máscaras faciais (18).
Este exercício consiste em uma inspiração Pressão positiva contínua nas vias aéreas
nasal profunda, lenta e uniforme, seguida de uma (CPAP)
apnéia pós-inspiratória para, logo após, realizar a
expiração pela boca, sem que esta atinja o volume Esta técnica consiste em um sistema onde o
residual. O motivo da apnéia pós-inspiratória é para fluxo aéreo é fornecido de forma contínua durante
uma melhor distribuição do ar inspirado, de manei- todo o ciclo respiratório. O paciente respira espon-
ra que isto possa melhorar as trocas gasosas. Esta taneamente utilizando uma mácara facial ou nasal
técnica exige um esforço muito grande dos pacien- que será escolhida pelo fisioterapeuta de acordo com
tes, por isso ela deve ser utilizada somente naque- a avaliação prévia. Durante a expiração, a pressão
les que possam suportá-la. positiva é mantida por uma resistência fornecida pela
válvula de pressão positiva expiratória final (PEEP)
Exercício respiratório com ou por um dispositivo de fluxo. O objetivo desta
inspiração fracionada técnica é de evitar a eliminação completa do ar ins-
pirado, aumentando a capacidade residual funcional,
Neste exercício, a inspiração deve ser via nasal permitindo a estabilização da via aérea, melhora da
suave, porém, curta e interrompida por períodos de relação ventilação/perfusão, como conseqüência, cor-
apnéia pós-inspiratória e programada em até seis tem- rige a hipoxemia, e diminui o trabalho respiratório
pos. As várias inspirações devem ser realizadas den- (29,25).
tro de um mesmo ciclo respiratório e a expiração deve
ser pela boca e atingir níveis próximos ao volume de Pressão positiva nas vias aéreas (EPAP)
reserva expiratória. A realização desta técnica pode
trazer melhora na complacência pulmonar. Esta técnica de reexpansão pulmonar é a mais
Essa manobra consiste na utilização de uma bol- Recrutamento alveolar tem a finalidade de di-
sa de ventilação manual (AMBU) associando-se as minuir o Shunt pulmonar, evitar colapsos alveolares,
manobras de vibro-compressão. Após a administra- desfazer atelectasias e mobilizar secreções
ção de um volume gasoso na via aérea, no momento brônquicas. É realizada em modos ventilatórios que
da expiração aplica-se a manobra. Esta técnica facilita limitam a pressão das vias aéreas, como pressão de
a higiene brônquica, inclusive com o deslocamento de suporte ou pressão controlada. Objetiva: Recrutar
tampões mucosos. Pode-se instilar soro fisiológico na alvéolos por meio do aumento do volume corrente
via aérea artificial em quantidade adequada (2ml) an- pela elevação da pressão de suporte ou pressão
tes da insuflação dos pulmões, isto provoca a tosse e controlada e pelo aumento da capacidade residual
fluidifica as secreções, facilitando ainda mais a funcional com incremento da PEEP; mobilizar se-
higienização das vias aéreas.(8) creções mediante o aumento do fluxo inspiratório e
do expiratório.
Aspiração traqueal A pausa inspiratória de 15 a 30 segundos é
indicada na técnica de recrutamento alveolar para
Pacientes sob ventilação mecânica ou aqueles que possibilitar uma melhor distribuição do volume de
apresentam tosse ineficaz necessitam de aspiração ar nos pulmões. A pausa inspiratória só é possível
traqueal para remoção das secreções brônquicas. As se o paciente estiver sedado. O platô inspiratório