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Disciplina de Saúde Pública Integral / 2005 – Vania dos Santos

SAÚDE PÚBLICA
A ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física,
mental e a eficiência através de esforços organizados da comunidade. (Winslow, 1920)

DOENÇA
Desajustamento ou uma falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma
ausência de reação aos estímulos a cuja ação esta exposto (Jenicek & Cleroux, 1982).
Alteração ou desvio do estado de equilíbrio de um indivíduo com o meio
(Ministério da Saúde, 1987).

SAÚDE
Estado de completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
doença (OMS).
Estado de relativo equilíbrio de forma e função do organismo, que resulta de seu
ajustamento dinâmico satisfatório às forças que tendem a perturbá-lo. Não um inter-
relacionamento passivo entre a matéria orgânica e as forças que agem sobre ela, mas
uma resposta ativa do organismo no sentido de reajustamento. (Perkins, 1938)
Bem coletivo que é compartido individualmente por todos os cidadãos. Comporta
duas dimensões essenciais – a dimensão do indivíduo e a dimensão da coletividade.
(Tambellini, 1988).
Direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que vissem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços, para sua promoção, proteção e recuperação
(Art. 196 da Constituição Federal de 1998)
Não podemos falar em Saúde Pública sem pensar, tanto na produção de serviços de
saúde, quanto na situação social e de saúde do conjunto de habitantes do território
examinado.
A avaliação desses dois aspectos passa por sua vez, pela necessária análise das
relações entre Estado, sociedade (capital e trabalho) e o campo da política social
pública. (Adaptado da Profa. Josefina Leuba Salum)

GRÉCIA
Sociedade patriarcal. Economia agrícola e de pecuária. Comércio  Troca de
mercadorias. Todos compartilhavam a propriedade.
Crescimento da população: Falta de terras  Desagregação do sistema.
Classes sociais: Aristocracia (proprietários de grandes extensões de terra); Pequenos
agricultores e os sem nada (sem terra) que eram a maioria da população.
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Processo de Emigração  A expansão favorece o litoral (portos e navios


mercantes). Interior ainda baseado na agricultura.
Concorrência dos produtos importados: Ruína dos pequenos proprietários; aumento
da concentração de terras na aristocracia.

Atenas x Esparta
Povo x Aristocracia
Democracia x Conservadorismo

ASCLÉPIO
Filhas
Panacéia  Ações Curativas. Intervenção sobre o doente (manobras físicas,
encantamentos, preces e medicamentos).
Higieia  Prevenção. Saúde resultante da harmonia dos indivíduos e dos ambientes.
Equilíbrio entre: água, ar, fogo e terra.

Predominância  Medicina mágico-religiosa  Adoecer resultante de


transgressões (individual ou coletivas).
Reatamento com as divindades  Exercício de rituais que assumiam as mais
diversas feições, conforme a cultura local, liderados pelos feiticeiros, sacerdotes ou
xamãs.
Posteriormente  Medicina empírico-racional  Desvio do foco das forças
sobrenaturais para o portador da doença.
EMPÉDOCLES (490 - 430 a .C)  pioneiro na concepção do mundo como sendo
formado pelo somatório dos quatro elementos que existiriam juntos e em termos iguais.
HIPÓCRATES (460-377 a.C)
Teoria dos Humores: Saúde como conseqüência do equilíbrio dos humores. Doença,
resultante do desequilíbrio dos mesmos.
Associação entre: Bile Amarela (Verão); Bile Negra (Outono); Fleugma (Inverno);
Sangue (Primavera).

ALCMEON (Contemporâneo de Pitágoras)

 Contribuição marcante para o conhecimento holístico.


 Reconcilia idéias de Heráclito para quem os opostos podem existir em equilíbrio
dinâmico  Não há um estado duradouro de harmonia, nem um conflito permanente.
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 Desenvolve de forma mais acabada a noção de equilíbrio  implica na interação


de duas ou mais forças ou fatores na etiologia das doenças.
 Concepção de que, tanto quanto o corpo social, o corpo humano requer um
delicado conjunto de controles para mantê-lo dentro dos limites apropriados.
 Medicina era uma vocação itinerante.
 Conceitos de medidas de ação preventiva.
 Modo ideal de vida  equilíbrio entre nutrição, excreção, exercício e descanso.
 Economia escravagista  Higiene Aristocrática  Saúde voltada as camadas
sociais privilegiadas.

ROMA

Monarquia
Organização Social  Patriarcal e Conservadora.
 Organização Política: Rei (com poderes infinitos), Assembléia e Senado.
Senado x Rei  República.

República
 Aristocracia (Patrícios); Nobreza (Comerciantes mais ricos); Povo (Plebeus).
Crescimento populacional - Novos territórios a serem conquistados.
Aumento do numero de escravos; da população pobre; da riqueza na classe
aristocrática. Desaparecimento dos pequenos lavradores.

Império
Soberano com infinitos poderes.
 Combate aos cristãos.
 Estagnação cultural.
 Divisão do império - Império Bizantino - Constantiplona.
 Assumiu o legado da cultura grega aceitando seus preceitos quanto a saúde.
Característica marcante  Engenheiros e administradores  Construtores de
sistemas de águas e esgotos.
 Rudimentos dos conhecimentos da relação entre ocupações e doenças.
 Medicina na mão dos sacerdotes.
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Médicos Gregos  alto valor monetário  Coorte, exército e famílias nobres.


Posteriormente - migração dos médicos gregos para Roma.
 Saúde voltada para a classe social privilegiada. Aos pobres restava à medicina
folclórica popular e os deuses.
 Organização de serviço público rudimentar.
 Assistência médica organizada  primórdio do hospital.
 Muitos fármacos e poucos pacientes  Influência de Galeno.

GALENO (122-199 d.C.)


Predominância de 14 séculos (perdura na Idade Média).
Idéia central  Fluxo permanente dos humores, na dependência das influências
ambientais, do calor inato e, em grande medida, da ingestão alimentar em sua justa
proporção.
Causas mórbidas podiam ser internas (ligadas à constituição e predisposição
individual), externas (excessos alimentares, sexuais ou de exercícios físicos) ou
conjuntas.
Grande importância à natureza (vis medicatrix naturae).
Referencias ao potencial curativo, mas também, venenoso, dos medicamentos.
Enfatizava o uso dos fitoterápicos.

IDADE MÉDIA

Crise do império - Aristocracia retorna ao campo.


Invasões bárbaras - mundo Grego/ Romano desarticulado.
Escravidão substituída pelo regime servil.
Enfraquecimento ou ausência dos estados nacionais.
Classes Sociais: nobres, servos da gleba, cavaleiros e vassalos  estáticas e
demarcadas  mobilidade nula.
Forte atuação da Igreja Católica.
Problemas de saúde enfrentados em termos mágicos e religiosos  possessão
pelo diabo e feitiçaria.
Cristianismo  Conexão entre doença e pecado.

Medicina para os pobres - Religiosos


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Aristocracia - Médicos Privados

 Serviços voltados para a administração comunitária - rudimentares.


 Surgimento de medidas de isolamento e quarentena.
 Final do período - médicos leigos

ORIENTE - AVICENA E AVERRÓES


Grandes Avanços tecnológicos e da visão coletiva da medicina
Adotaram o modelo hipocrático e fundamentaram uma prática precursora de Saúde
Pública.  Alto grau de organização social e Registro de informações demográficas.
A cultura mantida no Oriente, permitiu que durante o renascimento houvesse a
revalorização da tradição racionalista Grega.

ABSOLUTISMO / MERCANTILISMO

Burguesia (final da idade média) - riqueza mercantil - comércio.


 Centralização do poder - ESTADO
 Disputa entre Estados.
 Acúmulo de riquezas.
 Tecnologia  poder  riqueza.
 Lançamento das bases da medicina ocupacional (1700) - Grupos alvos: mineiros
e metalúrgicos.
 Bem estar da sociedade = bem estar do Estado.

POPULAÇÃO
Necessário grande número.
Cuidada no sentido material.
Controlada para utilização segundo os interesses da política pública.
Trabalho  produção  geração de riqueza
Doença  problemas econômicos

ILUMINISMO (1750 - 1830)


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Revolução Francesa
Revolução Industrial

Grande migração da população da zona rural para a zona urbana.


Mudanças nos modos de produção.
Problemas de saúde pública.

A partir daqui uma discussão menos cronológica e mais voltada a interação e


desenvolvimento da: clinica, do social e da estatística.

CLINICA

INGLATERRA
Thomas Sydenham (1624-1689)
Ø Fundador da Clinica Moderna e precursor da ciência epidemiológica.
Ø Responsável por meticulosas observações antecipadoras da chamada medicina
cientifica.
Ø Elaboração do conceito de História Natural da Doença.

FRANÇA
ØCaso veterinário é o primórdio da clinica moderna.
ØInvestigação de uma epizootia que dizimava as ovelhas  Prejuízo para a
indústria têxtil.
ØContagem de enfermos (animais) em busca da eliminação da doença.
ØMédicos passam a assumir os hospitais  possível examinar muitos pacientes
com as mesmas enfermidades.

3 FASES

1. Não há distinção clara entre a dimensão individual e a coletiva.


2. Reforço do “unitário”  do caso.
3. Emergência da Fisiologia Moderna  Patologia e Microbiologia.
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ESTATISTICA
Raiz Política
Pré-Renascimento  Estado moderno  Conceitos de governo, nação e povo.
Povo  Principal riqueza da nação = produção.
Exércitos  Poder Político = beligerância
Necessário contar William Petty / John Graunt
1825  Pierre-Charles Alexandre Louis
Estudo estatístico de 1960 casos de tuberculose.
Precursor da avaliação da eficácia dos tratamentos clínicos.

1839  William Far  Cria o registro anual de mortalidade e morbidade para a


Inglaterra e País de Gales.

INTEGRAÇÃO ENTRE A CLÍNICA E A ESTATÍSTICA

SOCIAL

INGLATERRA  Assistencialismo precede a medicina da força de trabalho


(Revolução Industrial).
1850  Fundação da London Epidemiological Society.
1855  John Snow - Com estudos sobre a cólera em Londres, descreve o método
epidemiológico para controle das doenças das populações.
CLÍNICA + ESTATÍSTICA + SOCIAL
FRANÇA  Medicina Urbana - Saneamento do espaço, ventilação das ruas,
isolamento dos ares “miasmáticos”.
Firma-se o conceito de saúde x sociedade  Problemas de saúde e de doença
como fenômenos sociais com grande relação com o bem estar da sociedade.
Guerin (1938)  propõe o termo medicina social, o qual tem servido para designar
de uma forma genérica, modos de tomar coletivamente a questão da saúde.
ALEMANHA  Política Médica - Medidas compulsórias de controle e vigilância
das enfermidades – Regras de Higiene Individual
Estado intervencionista.
 Medicina estatizada ao máximo.
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ALEMANHA
Virchow (1821-1902)  Identifica que uma epidemia de tifo tinha como causas
fundamentais: as sociais e políticas.
Liderou o movimento médico social  apos um exílio interno, torna-se o mais
importante nome da patologia moderna.
ERA BACTERIOLÓGICA
Luis Pasteur / Robert Koch

Desaparece a Vertente Social e Política da Saúde


 Monopólio do conhecimento sobre as doenças transmissíveis  direção do
conhecimento epidemiológico é voltado para a transmissão e controle dessas
doenças.
 A Saúde Pública passa a ter um intenso pragmatismo e uma subordinação as
ciências básicas  Parasitologia e Microbiologia.

I GUERRA MUNDIAL
CRISE DE 29  Crise do Capitalismo
Incapacidade de prover condições mínimas de vida e de saúde para a população.
Redescobrimento do Caráter Social e Cultural das doenças e da Medicina
EPIDEMIOLOGIA  Resgaste do coletivo e intervenções alem das doenças
transmissíveis.

SÉCULO XX
Grande desenvolvimento industrial
Fordismo  Grandes esquemas de produção. Preservação da força de trabalho.
Exclusão dos que não contribuem para a produção.

NOVAS TECNOLOGIAS
AUMENTO CUSTOS

Recursos tecnológicos.
Produção de máquinas cujo consumo refere-se a um mercado particular.
Aumento da exigência na formação do recurso humano.
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 Conteúdo da prática terapêutica determinada pela necessidade da utilização das


novas tecnologias.
 Superação da clínica como meio de trabalho  Reorganização da prática 
Grupos de assistência a saúde.
 Diluição do controle do ato médico com fragmentação entre ações curativas e
preventivas.

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