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O texto apresenta resultados parciais do sub-projeto de pesquisa Arendt:
educação e política que conta com o apoio do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. Período 08/2006 – 7/2007.
*
Acadêmica do Curso de Filosofia da Unijuí. Bolsista do PIBIC/CNPq, integrante
do Projeto de Pesquisa Educação e Política alocado no Programa de Pós-
Graduação em Educação nas Ciências, Mestrado, da UNIJUÍ.
*
Co-autor e Professor Orientador. UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO
NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. / End: AV: São Luis, 2270,
Bairro Getúlio Vargas, Ijuí – RS, Cep 98700-000 / Telefones: (55) 8405-0424 ou
(55) 3332-5775.
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Caso exemplar para Arendt, teria sido Sócrates, pois seu pensar estava
livre de qualquer tentativa de dar a ele uma utilidade. Seu pensamento
teria sido guiado pelo simples desejo de compreender e manifestar o
sentido das coisas, sem estar aprisionado a um fundamento anterior ou
obrigação na obtenção de resultados. Além de que segundo Aguiar,
“[...] para Platão era evidente – que o conhecimento puro diz respeito às
coisas que “são sempre as mesmas, sem mudança nem mistura, ou, pelo
menos, as que mais se aproximam delas” [...]”. (ARENDT, 2002a, p. 106).
Isso quer dizer que até o final da era moderna os assuntos humanos
estavam excluídos do pensamento filosófico já que por dizerem respeito
às ações humanas estavam sujeitos a modificações e transformações, não
servindo para a ocupação filosófica.
Arendt destaca, também, como forma de descrever a posição do
espectador, a palavra imparcialidade que para ela é uma tentativa de dar
voz aos acontecimentos sem impor, necessariamente, um valor. Seria
como a prática de Tucídides, Homero e Heródoto que contavam as glórias
e os feitos da história a partir das diferentes versões narradas e vividas
por diferentes pessoas. “Uma coisa é querer impor um valor ou interesse
a um acontecimento, outra muito deferente é, apesar dos próprios
valores, tentar dar voz às vozes presentes nos acontecimentos.”(AGUIAR,
2001, p. 196). Além do mais, Arendt vai dizer que
Diante dessa história Platão teria dito que “Qualquer pessoa que dedique
sua vida à filosofia está vulnerável a esse tipo de escárnio ... Toda ralé se
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juntará à camponesa rindo dele, ... pois em seu desamparo, ele parece
um tolo.” (ARENDT, 2002a, p. 65). Mas para Arendt, já que o filósofo é
dotado também de senso comum este evitará que outros possam rir dele
antecipando a informação de sua palermice.
Os gregos, para Arendt, viram uma superioridade da atividade
contemplativa sobre o praticar, pois essa teria sido uma forma deles
aproximarem-se dos deuses imortais, tornando-se deuses mortais. Os
deuses, porém, não padeciam de algumas necessidades, característica dos
mortais, e dentre as suas ocupações divinas estava o lugar de espectador
que eles ocupavam, entretendo-se com o espetáculo dos atores mortais.
O pensamento não tem uma função na sociedade, não cria valores e não
seria o responsável por descobrir as grandes verdades, além de ser ele
mesmo o elemento de dissenso na afirmação de normas de
comportamento e é por isso que Arendt vai dizer que o pensamento é
marginalizado socialmente. Porém ele seria tido como necessário somente
nos momentos de crise em que “[...] “as coisas se despedaçam; o centro
não se sustenta;/ A mera anarquia está à solta no mundo”, momentos em
que “Aos melhores falta de todo a convicção, ao passo que os piores/
Enchem-se de uma intensidade passional”. (ARENDT, 2002b, p. 167).
Seria exatamente nesse momento que o pensamento deixaria de ser
marginal nas questões políticas, ou seja,
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