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Josiane Peres Ferreira, Mara Silvia de Souza, Neuza Machado e Patrícia Xavier Gugel
Introdução
O processo de ensino-aprendizagem é bastante complexo e para melhor
compreendê-lo deve-se conhecer as etapas do desenvolvimento humano, as
influências e contribuições de fatores importantes nesse processo. Segundo Arribas,
(2004) a criança inicia a aprendizagem desde o ventre de sua mãe e continua por
toda a vida, porém é a partir do nascimento que o ser humano participa ativamente
de seu desenvolvimento. Para a aprendizagem de conteúdos científicos na escola, a
criança necessita de algumas condições básicas para aprendê-los, condições estas
que dependem da maturação, desenvolvimento, influências do meio, entre outros
fatores, ou seja, são pré-requisitos básicos para compreender novos conteúdos e
assim por diante.
Porém, percebe-se que muitas crianças apresentam dificuldades relacionadas à
aprendizagem principalmente no período da alfabetização, o que pode estar
vinculado a inúmeros fatores, como: estímulos precários, problemas neurológicos,
condições físicas e emocionais, ou seja, faltam as condições básicas. No entanto, o
que muitas vezes acontece é a cobrança exagerada, a exigência na hora de
aprender a ler e escrever mesmo a criança não estando preparada para assimilar
esse tão complexo processo, o que se torna um dos principais fatores, que leva pais
e professores a tratarem o aluno como portador de dificuldade de aprendizagem.
Cada criança tem um momento próprio de aprender e quando há falta de estímulos
ou uma grande cobrança no momento da alfabetização pode causar uma demora no
aprender, o que é confundido com a dificuldade de aprendizagem. É aí, que
podemos perceber claramente a importância e a função da pré-escola, pois é
quando a criança deverá ser estimulada e preparada para a alfabetização,
trabalhando os pré-requisitos nos aspectos: cognitivo, motor e afetivo/social.
Embora tenhamos claro que cada criança é um ser único, muitas vezes trabalhamos
numa sala de aula como se fossem todos iguais, tardando a aquisição de conteúdos
para alguns alunos, e ainda se faz uma comparação entre eles e não se observa os
progressos obtidos por cada um em diferentes momentos da vida escolar,
principalmente durante o processo de alfabetização. Assim, o que pretendemos é
justificar a importância das condições iniciais para a aprendizagem, como a criança
se desenvolve em todos os aspectos e para isto, iremos buscar embasamento nos
principais autores que tratam sobre as teorias de desenvolvimento, com: Freud,
Erickson, Piaget, etc. Mostrando assim, que deve ser respeitado o ritmo de cada
indivíduo, bem como, dar condições mínimas de aprendizagem.
Também apresentamos relatos de uma pesquisa realizada com vinte e oito pais e
vinte e quatro professores de três escolas de Cascavel, juntamente com os
comentários sobre a observação realizada em salas de aula de pré-escola em cada
uma dessas escolas.
Desta forma, procuramos estruturar o presente trabalho da seguinte maneira:
inicialmente buscamos apresentar as principais teorias do desenvolvimento infantil,
após destacamos a importância da maturação para a aprendizagem. Depois
enfocamos a função da educação infantil e qual a sua relação com a alfabetização,
para somente então descrever e analisar a pesquisa realizada, verificando assim,
como a alfabetização deva ser trabalhada e cobrada nos primeiros anos escolares
da criança.
Nesta zona, elas usam os suportes propiciados pelos mais maduros que funcionam
como “andaimes”, permitindo a elas funcionarem e aprenderem novas
competências que são então integradas aos seus repertórios. Portanto, nesta
concepção a aprendizagem leva ao desenvolvimento, em vez de acompanhá-lo.
( SPODEK, 1998, p.77).
Outro fator que deve ser avaliado é o desenvolvimento afetivo, que é influenciado
pelo ambiente onde a criança está inserida, bem como, depende da maneira como
o emocional é construído, como a família se relaciona entre si e com a criança. As
relações afetivas são globais e complexas, ou seja, atingem o indivíduo na sua
amplitude.
Desde a primeira infância, a criança vai aprendendo a se relacionar com o outro, a
conhecer o que lhe é permitido. O brinquedo é um objeto que pode contribuir nessa
aprendizagem, favorecendo a criação de símbolos para vivenciar, simbolicamente,
sentimentos e emoções. “O desenvolvimento emocional das crianças pequenas é
influenciado pelo seu ambiente. Elas são aquilo que podem fazer, sentir, entender,
imaginar, perceber e escolher.” (SPODEK,1998, p. 80).
Estudiosos e pesquisadores dizem que a presença do brinquedo ativo e espontâneo
na criança é sinal de saúde mental e sua ausência um sintoma de doença física e
mental. O modo como a criança brinca é um indicativo de como a criança está e de
como é. A criança que não brinca não se aventura em algo novo e desconhecido,
pode estar precisando de algum auxílio. Se, ao contrário, é capaz de brincar, de
fantasiar, de sonhar, está revelando ter aceitado o desafio do crescimento, a
possibilidade de errar, de tentar arriscar para progredir e evoluir.
Assim, partindo das teorias dos estudiosos comentadas até aqui, ficou comprovado
que o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e motor se iniciam muito cedo e
que os primeiros anos de vida são importantíssimos no que se refere à estimulação
intelectual.
Além dos pensadores já citados, há muitos outros, os quais não seriam possíveis
mencioná-los todos, que atribuem grande valor á estimulação do desenvolvimento
geral, reconhecendo a influência do meio sobre a criança. Conhecendo a ampla
ligação entre a aprendizagem e a maturação do indivíduo, ou seja, o crescimento
físico, julga-se importante comentar de que forma a maturação interfere na
aprendizagem infantil.
Para compreender o desenvolvimento humano, é importante saber que as
mudanças no comportamento resultam do amadurecimento do organismo e da
aprendizagem. “... As crianças pressionadas a desempenharem além de seu nível
de maturação do momento possa se desenvolver de forma ineficiente e
experimentar um senso de valor e autoconfiança diminuído...” (SPODEK, 1998, p.
66).
No desenvolvimento de alguns órgãos do corpo e de algumas funções psicológicas,
há períodos críticos ou sensíveis, e se o organismo não receber estímulos
adequados de seu ambiente (treino/ aprendizagem) durante determinados períodos
de sua vida, a base física para certas atividades e funções poderá atrofiar-se.
Voltando para o desenvolvimento humano, parece haver períodos de prontidão para
a aprendizagem de várias tarefas, como controlar as excreções, ler, escrever, andar
de bicicleta etc. Antes de o organismo atingir o desenvolvimento apropriado para a
realização de determinada tarefa, não é possível sua aprendizagem. Pode-se
concluir então que tanto o treino quanto à maturação são processos essenciais no
desenvolvimento individual
É então que o trabalho da pré-escola justifica-se por si só, tendo em vista que o
estímulo que a criança recebe nos primeiros anos na escola será determinante para
que o processo de aquisição de conhecimento futuros, principalmente a
alfabetização.
No caso da leitura e da escrita, como nos demais, terá maior sucesso no ensino
dessas habilidades, a criança que for estimulada desde cedo, porém respeitando
seu grau de maturação. De modo geral, entre o 5º e o 8º ano de vida, as crianças
apresentam prontidão, maturidade para ler e escrever. No entanto há diferenças
individuais entre elas, o que deve ser observado e trabalhado sem demasiadas
exigências, porém auxiliar as crianças que necessitem.
É preciso entender que ler é uma forma a mais de comunicação, como falar ou
ouvir. Deve ser integrada à sala de aula como outro aspecto da vida, e não à
margem dela. Por isso é preciso oferecer experiências estimulantes em um
ambiente afetivamente positivo que favoreçam a participação, sugiram hipóteses e
interpretações e motivem o desejo de tirar conseqüências do se leu. (ARRIBAS,
2004, p. 196).
Ao ser questionada sobre o que é alfabetização, Emília Ferreiro (2001) define como
um processo, e que alfabetizar é construir conhecimento que tem início muito cedo
e que não termina nunca. Este fato se constata no dia a dia de cada indivíduo, pois
desde cedo convive com as mais numerosas formas de informações produzidas e
interpretadas pelos adultos, nos mais variados contextos, ou seja, vê letreiros em
cartazes, jornais, revistas, televisão, placas, etc. Para que a criança faça relação
com a escrita que tem contato fora da escola e dentro é necessário apresentar todo
tipo de material escrito que for possível para a sala de aula. Como nos afirma Emília
Ferreiro. “Em cada classe de alfabetização deve haver um “canto ou área de leitura”
onde se encontrem não só livros bem editados e bem ilustrados, como qualquer
material que contenha escrita...” (FERREIRO, 2001, p.33)
Assim já vai tendo certas hipóteses a respeito do que seja ler e escrever. Vê-se
então que a criança não espera chegar a idade certa ou que alguém se disponibilize
a ensiná-la, mas vai aos poucos, naturalmente se alfabetizando. Com isso não se
pretende dispensar o professor, mas sim alertá-lo para que antes de iniciar o seu
trabalho conheça a sua turma e o nível que cada um se encontra para assim
desenvolver atividades que ajudem seus alunos a se desenvolverem.
Quando inicia seu processo de escrita a criança segue o mesmo caminho percorrido
pela humanidade, ou seja, desenhos (icônica), traços (garatujas) que para quem os
vê, não dizem nada, mas para ela tudo tem seu significado. Aos poucos, ao
interagir com o meio vai crescendo nos seus estágios cognitivos e a medida que lhe
é dada oportunidades com materiais impressos e de desenho, ela vai avançando
cada vez mais. É importante nesta fase estimular a criança a folhear revistas,
jornal, fotos, levando-a a interpretar gravuras e colocar à sua disposição lápis de
cera, pincel atômico, folhas brancas, para representação gráfica de seu
pensamento. Aos poucos vai aperfeiçoando e dando-se conta de que a escrita
segue um padrão, pois só assim será entendida pelos demais.
Como nos fala Emília Ferreiro, a educação infantil depara-se com duas situações,
que podem ser chamadas de extremas. São elas: educação infantil vista somente
como espaço de recreação ou como local de alfabetização forçada.
A primeira é entendida como espaço de lazer, brinquedo, alimentação, sem
nenhuma preocupação pedagógica, voltada somente para o cuidar. Cuidar as
crianças para que os pais pudessem trabalhar, tendo um local seguro onde
pudessem deixar seus filhos. Já na segunda a educação infantil, principalmente no
período da pré-escola tem como principal objetivo à alfabetização, chamada de
alfabetização forçada onde o aluno deve realizar diversas atividades visando à
alfabetização. Atividades estas, muitas vezes desconectadas da sua vida, mecânica,
onde a criança aprende somente através da memorização de letras e sílabas.
Por outro, lado hoje está se buscando novas concepções que vêem a pré-escola
como um ambiente que deve permitir a criança o seu desenvolvimento integral, ou
seja, físico, social, intelectual e emocional.
A pré-escola não deve ter como única finalidade a leitura e a escrita, mas
considerar a alfabetização como leitura da realidade que a cerca, pois desta forma,
ela pode contribuir para desenvolver a capacidade da criança de ver as coisas,
interpretar uma história, um fato, distinguir cores, formas, tamanhos, através de
símbolos não escritos, como dobraduras, maquetes, desenhos, pinturas,
modelagens, etc.
O importante será a estimulação na criança para essa pré-leitura e pré-escrita. Pois
permitirá a criança aprender, oferecendo-lhe múltiplas oportunidades para interagir
com a língua escrita, permitindo-lhe assistir a atos de leitura e escrita realizada
pelo professor dando-lhe assim a oportunidade de escutar a leitura em voz alta,
despertando o interesse e a curiosidade, para ela também poder ler para o
professor, escrever e desenhar.
Desde muito cedo a criança tem contato com a leitura e a escrita, pois está cercada
de placas, jornais, revistas, dentre outros. Cabe ao professor trazer esta
experiência para a sala de aula e transformá-la numa experiência coletiva. O papel
da pré-escola é o de fazer a criança compreender o que é a escrita e as suas
funções e não apenas fazê-la compreender os escritos, ou seja, codificar e
decodificar.
É preciso também o trabalho com as diversas formas de linguagem, dramatização,
artes, montagem de álbuns, acesso a revistas, confecções de bilhetes, permitindo
que as crianças vivenciem todas as formas de linguagem utilizadas pela sociedade,
permitindo-lhes aprendê-las e usá-las para se expressar.
Outra função muito importante na pré-escola é o brincar, pois a criança necessita
de ação, de movimento. A escola então, deve organizar a energia do aluno de
forma produtiva através das atividades, jogos e brincadeiras que envolvam a um só
tempo, ação, aprendizagem e prazer. É através das brincadeiras que a criança irá
compreender as pessoas, as situações e as experiências, aprendendo a conhecer a
si própria, os outros e o mundo que a cerca. Organizando suas brincadeiras ela irá
interagir com os colegas e disso resultará a aprendizagem.
Mas para que isso possa acontecer precisamos da mediação de um professor crítico
que estabeleça um clima de confiança e diálogo onde o aluno possa participar das
reflexões propostas em sala de aula, respeitando a diversidade cultural, a vivência
de cada um e fazendo com que o aluno reflita sobre a função social da leitura e da
escrita vendo isto como algo importante, parte da sua vida e assim possam
valorizá-la.
Relatos e Análise da Pesquisa de Campo
Procurando investigar as contribuições da educação infantil foi realizada uma
pesquisa qualitativa, com o objetivo de verificar como pais e professores percebem
a importância da educação infantil para o aprendizado escolar de seus filhos e
alunos. Para isto foi realizada uma coleta de dados com uma amostragem de 28
(vinte e oito) pais e 24 (vinte e quatro) professores de 3 (três) escolas de Cascavel
que atendem a Educação Infantil, sendo uma particular, uma ONG e uma pública.
As perguntas eram de cunho prático, interrogando-os se os mesmos freqüentaram
a pré-escola, se perceberam contribuições ou tiveram dificuldade pela falta desta,
bem como, se perceberam a importância da educação infantil para o
desenvolvimento de seus filhos e alunos, e também segundo eles qual seria o
melhor momento para a alfabetização.
Com base no conhecimento teórico até aqui discutido, iremos analisar as respostas
às questões respondidas por pais e professores das três escolas, aqui denominadas
A, B e C. Relataremos um breve histórico de cada instituição para melhor nos
situarmos a realidade vivenciada por elas. A escola A pertence a um bairro situado
a periferia de Cascavel, atendendo atualmente 140 alunos de 2 a 6 anos em
período integral provenientes de famílias de baixa renda. É uma entidade não
governamental (ONG) que desenvolve atividades educativas. Nesta escola foi
entregue um total de 16 questionários, 10 para pais e 6 para professores. Houve
uma devolutiva integral por parte dos professores, porém somente 8 dos pais
responderam e retornaram o questionário.
A escola B está localizada à periferia desta cidade é uma instituição pública que
atende aproximadamente 900 alunos, destes por volta de 600 permanecem na
escola em período integral. A situação socioeconômica da maioria dos residentes no
bairro e dos que freqüentam a escola é de classe baixo-baixíssima. Nesta escola
foram distribuídos 10 questionários para professores, sendo que 5 foram
devolvidos, e 10 foram entregues aos pais, dos quais 7 retornaram.
A escola C, uma instituição particular, localizada num bairro na região central de
Cascavel atende a 75 alunos provenientes de classe média, estes alunos
freqüentam a escola período de quatro horas diárias. Nesta escola foram entregues
8 questionários para professores, os quais foram todos devolvidos, e 10 para os
pais, sendo que 8 foram respondidos e retornaram.
Nesta pesquisa realizada para verificar como professores e pais compreendem e o
que esperam do processo de alfabetização, bem como, de que forma a
alfabetização deva ser estimulada durante a educação infantil, foi realizada
primeiramente uma observação nas três escolas por aproximadamente 20 horas em
salas de aula de pré-escola, verificando como são trabalhados os principais
aspectos do desenvolvimento infantil, o cognitivo, o psicomotor e o afetivo-social.
Os questionários realizados com pais e professores foram entregues em mãos e
posteriormente recolhidos. Foram elaboradas questões de acordo com a observação
realizada, bem como, com o estudo prévio sobre o crescimento infantil e o processo
de aprendizagem da leitura e escrita. Foram elaboradas 5 questões para
professores, sendo 3 objetivas e 2 descritivas. No questionário para pais havia 6
questões, das quais 5 eram objetivas e 1 descritiva. Dentre as perguntas de ambos
os questionários, as 3 primeiras questões são iguais tanto para professores como
para pais. A partir dos dados coletados faremos análise descritiva e através de
gráfico quando percebermos a necessidade de melhor exemplificar.
Dos questionários entregue aos pais, retornaram 23. No qual, a primeira pergunta,
questionou-os quanto à freqüência na educação infantil quando criança. Ao que
verificamos que um percentual de 78% dos pais, não freqüentou a educação
infantil, e apenas 22% freqüentou. Isto pode se dar ao fato que a importância de
cursar a pré-escola vem sendo percebida com maior intensidade nos últimos 20
anos. No entanto, na escola B nenhum pai freqüentou este período escolar, isto
pode se dar por vários fatores como: distância da escola, que até pouco tempo
atrás eram poucas as escolas que ofertavam esta série, por condições financeiras,
por acreditar que não se fazia importante naquele momento esta etapa no estudo
infantil, o que realmente a sociedade ainda não valorizava tanto a iniciação da
alfabetização anterior aos 7 ou 8 anos de idade.
Sabemos também o quanto é fundamental este período, pois a criança está num
estágio pré-operatório, segundo Piaget, e necessita de estímulos para compreender
mais tarde com maior facilidade os conceitos abstratos. Tendo ciência de que a
educação infantil foi reconhecida como importante no desenvolvimento da criança a
pouco tempo, e que depositou-se uma maior atenção neste período infantil a partir
do início do século XX, podemos compreender o fato de muitos pais não terem tido
a oportunidade de freqüentar as séries iniciais anteriores ao período escolar
obrigatório. “Finalmente, no início do século XX, a Escola Nova impulsiona a
educação infantil. Vive-se um clima de renovação e de sensibilidade em relação ás
necessidades das crianças menores, e abrem-se novas perspectivas quanto ao nível
educativo em questão.” (ARRIBAS, 2004, p. 12)
Na segunda questão, os pais deveriam descrever as contribuições da pré-escola e
as dificuldades devido a não terem freqüentado a educação infantil. Algumas
contribuições importantes foram citadas: prepara para enfrentar os obstáculos da
vida e ser um cidadão, facilita o relacionamento em grupo, a coordenação motora,
e uma dificuldade apontada é a não socialização, ou seja, dificuldade em interagir e
falar com os outros. Analisando estas respostas, percebe-se o quanto à necessidade
da pré-escola é reconhecida. A pré-escola tem o papel de estabelecer na criança os
pré-requisitos para a socialização e a alfabetização, seja a nível motor ou cognitivo.
Quando questionados sobre o momento de iniciação do processo de alfabetização,
os pais tiveram as seguintes respostas:
Do total de pais, 65% afirmam que o filho deva ser estimulado, dado condições
para facilitar o processo de construção da alfabetização sem demasiadas
exigências. E 35%, um número bastante significativo, aponta que o filho deva ser
alfabetizado e para isso a criança recebe estímulos, porém muito mais cobranças.
Assim, observamos que se reconhece a importância da pré-escola, no entanto nem
todos têm a mesma compreensão sobre a função da educação infantil, que é
trabalhar os aspectos motor, cognitivo e afetivo/social, para a estimulação da
aprendizagem.
Nesta questão, os pais tiveram a liberdade de escolher mais de uma opção, desta
forma verificamos que as opções tiveram praticamente a mesma porcentagem de
escolha, o que demonstra que na visão dos pais todos os itens são igualmente
importantes. Podemos observar que os pais instintivamente, ou não, praticam o
que os estudiosos afirmam ser fundamental para o desenvolvimento infantil, que é
a realização de atividades lúdicas e o acompanhamento dos pais nas atividades
escolares. Duas das opções que podemos ressaltar a importância é o fato de
adquirir livros e contar histórias, pois isto revela a criança formas de vivenciar os
conflitos inconscientemente e contribuirá para tornar-se um leitor assíduo
futuramente.
O livro ouvido, tocado, visto, compartilhado, a induzirá mais tarde ao desejo de lê-
lo sozinha, recordando o lugar exato onde começam as seqüências, a entonação
com que as percebeu, o esclarecimento dado pelo adulto sobre o que não
compreendeu... E tantas outras coisas mais! (ARRIBAS, 2004, p. 188).
Analisando as respostas, percebemos que a maioria dos pais confia seus filhos a
creches ou escolas acreditando ser importante para a aprendizagem escolar e
porque estão sendo assistidos por profissionais responsáveis. A escola dá suporte
aos pais na educação dos filhos em vários aspectos, sendo um deles a socialização
fator importante para a vivência futura quando já estiver adulta. Assim,
percebemos que a educação infantil está cada vez mais sendo compreendida como
imprescindível ao processo de ensino-aprendizagem dando condições básicas para o
início da alfabetização.
O questionário que foi entregue aos professores é composto por 3 questões
objetivas e 2 descritivas. Na primeira questão, os professores foram interrogados
sobre se freqüentaram a pré-escola quando criança, ao que um percentual de 60%
dos professores não fez a pré-escola e 40% deles cursou, o que podemos verificar
que quando criança uma considerável parcela de educadores teve contato com a
pré-escola, tendo assim, a oportunidade de receber estímulos com um maior
direcionamento facilitando a aprendizagem. Percebemos também que a diferença
entre pais e professores que freqüentaram a educação infantil é de 18% a mais
para os professores, o que certamente deva ter influenciado na vida escolar desses
profissionais.
Nos momentos de observação realizado nas três escolas podemos perceber que na
escola B, uma escola pública, o que foi possível perceber é que a estimulação em
relação à alfabetização é um pouco limitada, embora exista um trabalho diário
direcionado a esta questão. No entanto não se percebeu o mesmo em relação à
escola A, pois nesta a rotina de trabalho enfoca tanto a coordenação motora, um
fator essencial, como a iniciação com o processo de aprendizagem da leitura e
escrita. Já na escola C, uma escola particular a alfabetização na pré-escola é mais
dirigida e focaliza o aprendizado ainda na educação infantil da leitura e escrita.
A questão de número 4, também descritiva, no entanto, os professores
responderam que a proposta pedagógica da escola onde trabalham é adequada ao
desenvolvimento infantil, mostrando que praticamente a totalidade acredita na
forma como é encaminhado o processo ensino-aprendizagem. E a minoria de 10%
acredita que é necessário rever a metodologia utilizada pela escola onde atua.
Assim, verificamos o gráfico: