You are on page 1of 30

UCG - UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E FISIOTERAPIA


DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

ANÁLISE QUANTITATIVA DOS CASOS DE LOMBALGIA


ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM GOIÂNIA

Karina Alves de Castro


Mayara Araújo Souza

Goiânia
2003
UCG - UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM E FISIOTERAPIA
DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II

ANÁLISE QUANTITATIVA DOS CASOS DE LOMBALGIA


ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA EM GOIÂNIA

Karina Alves de Castro


Mayara Araújo Souza

Trabalho apresentado como


exigência parcial para
aprovação na disciplina:
Trabalho de Conclusão de
Curso II e obtenção do título
de bacharel em Fisioterapia
pela Universidade Católica de
Goiás. Sob a orientação do
Prof. Ms. Renato Alves
Sandoval.

Goiânia
2003
Trabalho de conclusão de curso, apresentado e aprovado em ___/____/____,

pela banca formada por:

______________________ _______________ ___________

nome ass nota

______________________ _______________ ___________

nome ass nota

______________________ _______________ ___________

nome ass nota


AGRADECIMENTOS

Nossos sinceros agradecimentos a Deus


o autor da vida que nos capacitou e nos
abençoou com toda sorte de bênçãos; ao
nosso querido professor, mestre Renato
Alves Sandoval por exercer sua função
com excelência e à fisioterapeuta Dra.
Milena Borges por viabilizar nossa
pesquisa.
SUMÁRIO

RESUMO

1 - INTRODUÇÃO...................................................................... 09

1.2 - JUSTIFICATIVA............................................................ 16

1.3 - OBJETIVO GERAL........................................................ 16

1.4 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS......................................... 16

2 – CASUÍSTICA E MÉTODOS...............................................18

2.1 – CASUÍSTICA................................................................ 18

2.2 - MÉTODOS.................................................................... 18

3 - RESUTADOS ....................................................................... 20

4 - DISCUSSSÃO ....................................................................... 24

5 - CONCLUSÃO .........................................................................27

6 - BIBLIOGRAFIA..................................................................... 28
LISTA DE ABREVIATURAS

EUA: Estados Unidos da América

OMS: Organização Mundial de Saúde

AMB: Associação Médica Brasileira

CFM: Conselho Federal de Medicina


LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição por sexo em números totais.......................... 20

Tabela 2: Distribuição por profissões em números totais.................. 21

Tabela 3: Distribuição por estado civil em números totais................. 22

Tabela 4: Distribuição dos diagnósticos em números totais............... 22


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição do sexo em porcentagem................................. 20

Figura 2 : Distribuição das profissões em porcentagem..................... 21

Figura 3: Distribuição por estado civil em porcentagem...................... 22

Figura 4: Distribuição dos diagnósticos por porcentagem................... 23


RESUMO

Este trabalho buscou averiguar a incidência das lombalgias em um hospital


referência em Goiânia, e demonstrar a tendência em diagnosticar como “lombalgia”
a maioria das dores na região lombar.
Foi realizado um estudo retrospectivo em prontuários do setor de fisioterapia e
posteriormente analisado estatisticamente.
Concluiu-se que o termo “lombalgia” continua sendo exageradamente
empregado como diagnóstico clínico.

Palavras- Chave: lombalgia, fisioterapia, diagnóstico.


1 - INTRODUÇÃO

A dor na parte inferior da coluna ou lombalgia sempre foi uma queixa de

grande significancia para a humanidade. De acordo com levantamento estatístico do

Centro Nacional de Saúde Americano, o número de pessoas incapacitadas com

lombalgia entre os anos de 1970 a 1980 foi quatorze vezes maior que o crescimento

populacional neste mesmo período (MIROUSKY & STABHOLTZ, 2003).

A lombalgia, ou dor lombar, ocupa em todas as clínicas de dor no mundo, o

primeiro lugar em freqüência de queixas referidas pelos pacientes (NUNES, 1989).

Em uma pesquisa nos Estados Unidos da América (EUA), constatou-se que

muitos milhões de dólares são gastos por ano no tratamento dessa patologia e que

centenas de milhares de pacientes estão afastados do trabalho. No Brasil, embora

os dados não sejam exatos, as estatísticas se mostram semelhantes (NUNES,

1989).

Um levantamento realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),

mostrou que mais da metade da população mundial sofre de dores lombares pelo

menos uma vez na vida. Segundo Associação Médica Brasileira (AMB), e o

Conselho Federal de Medicina (CFM), a dor lombar constitui uma causa freqüente

de morbidade e incapacidade sendo sobrepujada apenas pela cefaléia nas escalas

de distúrbio que afetam o homem (SIQUEIRA, 1999; PORTO, 2000; BRAZIL et al.,

2001).

Estima-se que aos cinqüenta anos aproximadamente 90% da população já

apresente uma deteriorização significativa na coluna lombar (BUNCH, 2001).


Outra pesquisa revela que por todo mundo de 60 a 80% das pessoas terão

lombalgia durante a vida, e que 2 a 5% manifestarão esta patologia em qualquer

idade (ROSENTHAL, 1994).

O termo lombalgia é bastante utilizado na definição de diagnóstico de dor

lombar, entretanto, alguns autores desenvolveram conceitos mais específicos .

Siqueira (1999), define lombalgia como sendo dores de intensidade variável

sentidas na região inferior das costas e que persistem até duas ou mais semanas.

Na definição de Mendes (1999), lombalgia é a dor referida na altura da cintura

pélvica.

Segundo I Consenso Brasileiro sobre Lombalgia e Lombociatalgia,

lombalgias são todas as condições de dor com ou sem rigidez, localizadas nas

regiões inferiores do dorso entre o último arco costal e a prega glútea (BRAZIL,

2001).

Um outro conceito abordado por Keiserman (2001), descreve a lombalgia

como doença postural da coluna vertebral.

Grieve (1994), descreve lombalgia como dor nas costas mais especificamente

na região da coluna lombar, seguimento este que suporta a maior carga e grande

parte do peso corporal. O mesmo autor, conceitua lombalgia como toda condição de

dor, dolorimento, rigidez com pouca ou sem dor, localizada na região inferior do

tronco.

As lombalgias são ocasionadas pelos processos inflamatórios, degenerativos,

por alterações mecânicas da coluna vertebral, como má postura, escoliose, má

formações e sobrecargas na musculatura lombar (PORTO, 2000).

A dor lombar pode estar se manifestando devido a doenças sistêmicas como

metástases tumorais, mieloma múltiplo, leucemia, anemia falciforme, espondilite


anquilosante ou até mesmo como uma manifestação clínica de doenças de órgãos

localizados no abdomem, como úlcera péptica, colecistite, pancreatite, apendicite

retrocecal, aneurisma da aorta, inflamações pélvicas, endometriose, doenças da

próstata. Pode estar ocorrendo também devido a doenças da articulação do quadril

e da articulação sacro ilíaca como doenças degenerativas, além, logicamente de

ocorrer devido a doenças da coluna lombar como espondilolistese, artrose,

degeneração discal e fraturas (BARROS FILHO & LECH, 2001).

Comumente a lombalgia é dividida em aguda e crônica:

Lombalgia aguda é a dor que está presente por três meses ou menos. Os

episódios de dor aguda costumam ocorrer em pacientes com idade em torno de 25

anos e que em 90% dos casos desaparecem em 30 dias, com ou sem tratamento

medicamentoso, fisioterápico ou mesmo repouso (MENDES, 1999; ROSENTHAL,

1994);

Lombalgia crônica é a dor persistente durante três meses, no mínimo, o que

corresponde a 10% dos pacientes acometidos por lombalgia aguda recidivante. Esse

tipo de lombagia é mais comum em pacientes de 45 a 50 anos. Os principais fatores

responsáveis pela cronicidade das dores lombares são problemas psicológicos,

baixo nível de escolaridade, trabalho pesado ou em postura sentada, levantar

grandes quantidades de peso, sedentarismo, acidentes de trabalho, dirigir veículos,

horas excessivas de trabalho, gravidez, ferimentos e tabagismo (MENDES, 1999).

Em relação à prevalência sexual e etária, estudos demonstram que é mais

comum a dor lombar em mulheres que em homens e que esta patologia acomete

geralmente mais indivíduos na idade produtiva em média dos 25 aos 60 anos

(NIEMAN, 1999; TEIXEIRA et al., 2002).


Uma outra abordagem descrita por Lemos (2003), diz que, a lombalgia

aparece geralmente em homens acima de 40 anos e, em mulheres de 50 a 60 anos

de idade.

É sabido que a dor lombar se apresenta de diversas formas. Temos como

tipos de dor lombar, a dor lombar local, a dor somática, a dor por irradiação ou

radicular, a dor isquêmica e a referida (NUNES, 1989).

Na lombalgia a dor não apresenta irradiação importante, a intensidade da dor

é variável, desde uma sensação de desconforto até uma dor lacinante, quase

sempre há transtorno funcional, impedindo o paciente de recostar, trabalhar ou

deitar. Em alguns casos há bloqueio funcional, ficando o paciente em uma posição

rígida, sem condições de exercer qualquer atividade. É comum a presença de rigidez

matinal que melhora com a movimentação. Mudanças de posição, o ato de sentar,

deambulação, tosse, espirros e pequenos esforços provocam dor. Observa-se

limitação da mobilidade da coluna, dor a palpação da região lombar, podendo haver

uma área extremamente sensível (PORTO, 2000).

Uma síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam

coletivamente uma doença em particular ou uma condição anormal. O termo

síndrome, as vezes, é usado para indicar uma alteração para a qual não foi indicada

nenhuma causa patológica específica. Neste caso, ele geralmente se refere a um

grupo específico de sinais e sintomas mais coexistentes que regem favoravelmente

e com alto grau de recuperação ao tratamento que segue determinada orientação.

Portanto, sempre que o diagnóstico invariavelmente da determinação de uma causa

patológica, o uso da palavra “síndrome” pode implicar uma certa indefinição ou

insuficiência de diagnóstico. Dessa forma a expressão “síndrome da dor lombar “

tem uma vasta aplicação (GRIEVE, 1994).


O diagnóstico de dor lombar é de difícil precisão. Isso é comprovado

principalmente na carência de uniformidade das condutas adotadas; porém, nos

EUA são gastos anualmente 100 bilhões de dólares no diagnóstico da lombalgia,

isso mostra que há um excesso de uso de recursos diagnósticos nestes países, o

que leva a uma maior uniformidade nas condutas adotadas (SIQUEIRA, 1999).

Grieve (1994), afirmou que 80% de todos os adultos eram portadores de

lombalgia significativas. Os médicos podem prontamente identificar diagnósticos da

coluna vertebral, tais como fratura, artrite metabólica, tumores, infecções, e outros.

Entretanto, apenas uma porcentagem de problemas lombares se encaixam nessas

categorias de diagnóstico, tão claramente e identificáveis. O diagnóstico da

lombalgia parece ser difícil devido a diversas razões: tecidos doentes ou alterados

nas costas podem causar sintomas variados, os resultados dos exames e testes

disponíveis são freqüentemente normais não contribuem e os testes e exames

normalmente feitos não identificam a maioria dos problemas de tecidos mole na

região lombar.

Em relação ao diagnóstico radiológico; curiosamente, vários estudos relatam

com freqüência não existirem relação em alguns sintomas de lombalgias e achados

radiológicos, assim como alguns achados radiológicos deveriam apresentar a

sintomatologia, que não aparecem. Este é um fato que vem sendo presenciado por

vários fisioterapeutas na prática clínica não havendo explicações concretas. Isso

levou alguns autores a desenvolverem técnicas e métodos práticos e específicos de

diagnóstico (LEMOS, 2003)

Com o alto e crescente índice das dores lombares, várias técnicas diferentes

de tratamento foram criadas. Entre os tratamentos desenvolvidos, destacam-se dois

autores o fisioterapeuta Robin Mckenzie e o ortopedista Paul Williams. O tratamento,


segundo Mckenzie, é desenvolvido em grande parte pela extensão sendo que a

flexão também poderia ser incorporada, de acordo com o mecanismo da lombalgia e

em fases de tratamento mais avançadas. Com outra visão o doutor Paul Williams

utiliza como principio do tratamento, exercícios de flexão da coluna e quadril. Outras

formas comuns de tratamento para a lombalgia são a restrição a atividade física,

antiinflamatórios, analgésicos não esteróides, manipulação e cirurgia (MIROUSKY &

STABHOLTZ, 2003; LEMOS, 2003).

A dor lombar pode aparecer simultaneamente à ciática, denominada

lombociatalgia, ou após intervalos variáveis de dias ou anos (NUNES, 1999).

Lombociatalgia é a dor que se irradia da região lombar, para um ou ambos

membros inferiores (BRAZIL, 2001).

Segundo Kendall (1995), lombociatalgia ou dor ciática é um tipo de dor

neurítica ao longo do curso do nervo ciático. A dor se estende da região posterior da

coxa e parte inferior da perna até a sola do pé e ao longo da face lateral da parte

inferior da perna até o dorso do pé. A dor ciática pode ocorrer em conexão com

várias infecções ou processos de doenças inflamatórias ou pode ser devido a um

fator mecânico de compressão ou tensão.

Em um grande número de pacientes com lombalgia, a dor é relacionada a

herniação de disco ou prolapso do disco pulposo. Mesmo que a etiologia da dor

lombar, seja imprecisa a degeneração do disco tem um importante papel nessa

patologia (STUDER, 2002; NORCROSS, 2003).

Nos casos de lombociatalgia deve-se pensar em primeiro lugar em hérnia de

disco intervertebral (PORTO, 2000).

Hérnia de disco, segundo Gould III (1993), é a protusão aguda do material do

núcleo pulposo, o qual avança sobre as fibras do anel fibroso.


A hérnia de disco é mais frequente na fase de degeneração discal, entre 30 e

50 anos de idade, devido à distribuição de pressões de forma desigual e, após esta

fase, pela maior perda de água o núcleo deixa de transmitir estas pressões,

diminuindo conseqüentemente a chance de ocorrer hérnia (HERBERT et al., 1998).

Kroeber (2002), em seu estudo demonstrou que a degeneração acelerada do

disco intervertebral resulta em alterações de condições mecânicas.

A conseqüência direta da hérnia de disco é a dor discal, que consiste em

uma dor aguda, manifestada quando o peso do corpo se desloca sobre o disco

intervertebral degenerado (RICHARD & SALLÉ, 1996).

Em 1993, Gould III declarou ser comum em pacientes acometidos por hérnia

de disco lombar o aparecimento de dor lombar recorrente e isso foi confirmado por

Nieman (1999), que aponta a lombalgia como manifestação clínica da hérnia de

disco.

Porto (2000), admite que a principal causa da lombalgia é a alteração do

disco intervertebral, que se tornaria incapaz de amortecer as cargas que lhe são

transmitidas, mas sabendo-se que a parte central do disco não possui inervação

sensitiva, acredita-se que a dor só surge quando alterações discais atingem as

lamelas superficiais e o ligamento posterior que são estruturas ricamente inervadas

(GRIEVE, 1994).

1.2 - JUSTIFICATIVA

De acordo com Lemos (2003), a lombalgia é uma patologia que acomete

praticamente todas as pessoas do mundo pelo menos uma vez na vida.

Estudos demonstram que a dor lombar ocupa o primeiro lugar em freqüência

de queixas referidas pelos pacientes em todo o mundo, e após a cefaléia a


lombalgia é o segundo distúrbio mais comum, sendo superada apenas pelos

resfriados e gripes em relação ao tempo de trabalho perdido ; sabe-se também que

a lombalgia afeta negativamente a qualidade de vida e requer enormes somas de

recursos financeiros (NUNES, 1989; NIEMAN, 1999; GANEY, 2002).

Este trabalho portanto, justifica-se por averiguar a incidência das lombalgias

em um hospital de referência em Goiânia, Goiás, buscando delinear a epidemiologia

desse distúrbio na sociedade goianiense.

1.3 - OBJETIVO GERAL

Analisar estatisticamente a quantidade de pacientes que apresentaram

lombalgia em um hospital de referência em Goiânia, durante o primeiro semestre de

2003.

1.4 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar a idade e o sexo em que predomina a incidência de lombalgia.

Fazer um levantamento das profissões mais relacionadas a queixa de

lombalgia.

Correlacionar estatisticamente a quantidade de diagnóstico de lombalgia em

relação a outras patologias lombares como: hérnia de disco e lombociatalgia.

Investigar o uso exagerado do termo “lombalgia” como diagnóstico clínico.


2 - CASUÍSTICA E MÉTODOS

2.1 - CASUÍSTICA

Foi realizado um levantamento de dados em duzentos e cinqüenta e oito


prontuários de pacientes de um hospital de referência de Goiânia, que
apresentaram no primeiro semestre do ano de 2003, o diagnóstico de
lombalgia.

2.2 - MÉTODOS
No diagnóstico da dor lombar, nada é mais importante que a história do

paciente. As queixas mais freqüentes são: dor, deformidade e incapacidade

funcional. Baseado nesta afirmação procuramos delinear um perfil do paciente

afetado pela lombalgia através da análise de prontuários em um hospital de

referência em Goiânia (BARROS FILHO & LECH, 2001).

Primeiramente entramos em contato, através do setor de fisioterapia, de um

hospital de referência de Goiânia, para obter acesso aos prontuários necessários à

realização do levantamento estatístico. Fomos autorizadas à examinar os

prontuários de todos os pacientes encaminhados a fisioterapia durante o primeiro

semestre de 2003. A autorização foi concedida sem qualquer burocracia ou

restrições internas.

Foram analisados todos os prontuários e elegidos aqueles em que o paciente

apresentasse um histórico de lombalgia, lombociatalgia, lombalgia por hérnia de

disco, e/ou, artrose lombar. Na análise dos prontuários investigamos o sexo, a idade,

a profissão, o estado civil e os diagnósticos de todos os pacientes que apresentaram

as patologias lombares citadas acima, no primeiro semestre de 2003. Como o

Hospital não atende pelo SUS, todos os prontuários eram referentes a pacientes

particulares ou conveniados .

O recolhimento dos dados foi realizado em um período de dois dias, no turno

vespertino. Durante o processo de coleta dos dados não houveram intercorrências,

embora, os prontuários estivessem dispostos em forma de arquivo, escritos à mão e

organizados em ordem alfabética, pelos sobrenomes.

Após o levantamento, os dados foram agrupados em uma planilha para

desenvolvimento da análise estatística.


Os resultados encontrados nos estudos estatísticos foram organizados em

forma de gráficos, para posterior discussão.

3 - RESULTADOS

Os resultados foram obtidos através da análise de 258 (duzentos e


cinqüenta e oito) prontuários, colhidos em um hospital de referência de
Goiânia.
Em relação a idade dos pacientes, estes apresentaram idades variando de 14

(quatorze) a 90 (noventa) anos, compreendendo uma (X = 37,8 ± 23,2) anos.

Quanto ao sexo, 145 (cento e quarenta e cinco) (56,2%) eram do sexo

feminino, enquanto 113 (cento e treze) (43,8%) eram do sexo masculino (Tabela 1;

Figura 1).

Tabela 1 – Distribuição por sexo


em números totais.
SEXO
Masculino Feminino
113 145

SEXO

masc
44%

fem
56%

Figura 1 – Distribuição do sexo em porcentagem


Com relação as profissões apresentadas nos prontuários, 26 (vinte e seis)

(12%) eram do lar, 20 (vinte) (9%) funcionários públicos, 20 (vinte) (9%)

aposentados, 18 (dezoito) (8%) comerciários, 15 (quinze) (7%) professores, 12

(doze) (6%) motoristas, 10 (dez) (5%) militares, 7 (sete) (3%) estudantes, 6 (seis)

(3%) vendedores e 81 (oitenta e um) ( (38%) compreendiam as demais profissões

(Tabela 2; Figura 2).

Tabela 2 – Distribuição por


profissão em números
totais.
PROFISSÃO
Do Lar 26
Func. Público 20
Aposentado 20
Comerciário 18
Professor 15
Motorista 12
Militar 10
Estudante 7
Vendedor 6
Outros 81
PROFISSÕES
9%
5%
38% 12%

9%
3%
7%
6% 8%
3%

Func.Público Militar
Do Lar Aposentado
Professor Comerciário
Motorista Vendedor
Estudante Outros

Figura 2 – Distribuição das profissões em porcentagem.


Entre os pacientes, 147 (cento e quarenta e sete) (68%) eram casados, 35

(trinta e cinco) (16%) solteiros, 18 (dezoito) (8%) viúvos e 17 (dezessete) (8%)

divorciados (Tabela 3; Figura 3).

Tabela 3 – Distribuição por estado civil em


números totais.
ESTADO CIVIL
Casado(a) Solteiro(a) Viúvo(a) Divorciado(a)
147 35 18 17
ESTADO CIVIL

Divorciado(a)
Viúvo(a) 8%
8%

Solteiro(a)
16%

Casado(a)
68%

Figura 3 – Distribuição por estado civil em porcentagem.

Dos 258 (duzentos e cinqüenta e oito) prontuários analisados, 181 (cento e

oitenta e um) (71%) apresentavam como diagnóstico clínico lombalgia, 52 (cinqüenta

e dois) (20%) lombociatalgia, 16 (dezesseis) (6%) hérnia de disco e 9 (nove) (3%)

artrose lombar (Tabela 4; Figura 4).

Tabela 4 – Distribuição dos diagnósticos em números totais.


DIAGNÓSTICO
Lombalgia Lombociatalgia Hérnia de Disco Artrose Lombar
181 52 16 9
DIAGNÓSTICOS

Artrose Lombar
3%
Hérnia de Disco
6%
Lombociatalgia
20%

Lombalgia
71%

Figura 4 – Distribuição dos diagnósticos por porcentagem.


4 - DISCUSSÃO

Após à análise dos resultados obtidos no levantamento estatístico em 258

prontuários realizado no setor de fisioterapia do Hospital Ortopédico de Goiânia,

houve predomínio de patologias lombares em indivíduos do sexo feminino, este

resultado corrobora e é confirmando pelo estudo de Nieman (1999) e Teixeira et al.,

(2001) , que declaram haver uma incidência maior de dores lombares em mulheres.

Mesmo havendo uma quantidade maior de indivíduos do sexo feminino com

diagnostico de lombalgia, nos surpreendeu o fato de que esta diferença não foi tão

significativa, isso porque a nossa expectativa, baseada nas bibliografias analisadas,

era de que fosse encontrado um número bem superior de mulheres acometidas de

lombalgia em relação aos homens.

Quanto a idade, observou-se uma maior incidência em indivíduos na idade

produtiva, com pico em torno de 38 anos, verificando o que foi descrito por Nieman

(1999) e contradizendo Lemos (2003) que declarou haver uma prevalência da

lombalgia em homens entre 50 e 60 anos e mulheres acima de 40 anos. Os

resultados adquiridos em relação a incidência etária da lombalgia podem se

explicam pelo excesso de atividades, estresse e má postura comuns neste período

de vida, como relatado por Porto (2000).

Dentre as profissões analisadas observou-se um alto índice de lombalgia em

profissionais do lar, isto pode ser explicado, principalmente devido a má postura


adotada durante a realização das atividades domésticas. Os funcionários públicos e

aposentados também apresentaram altos níveis de lombalgia. Estes dados entre os

funcionários públicos possivelmente justificam-se pela longa e inadequada

permanência na postura sentada; pelo mesmo motivo observou-se uma grande

soma de estudantes e motoristas que sofrem desse distúrbio, isto confirma o que foi

dito por Mendes (1999), quando este relaciona a lombalgia com a permanência

prolongada de indivíduos na posição sentada.

Já os comerciários, vendedores e professores; adotam uma postura

ortostática por tempo prolongado desencadeando sobrecarga na musculatura

lombar, o que explica a existência considerável da lombalgia nestes profissionais.

Curiosamente não foi encontrado, nos prontuários analisados, nenhum profissional

da área de fisioterapia, sabendo-se que estes adotam posturas inadequadas em sua

profissão (GRANDI, 2000).

Estes resultados referentes as profissões mais acometidas pela lombalgia por

um lado confirmaram e atestaram o fato já conhecido de que o caráter postural

exerce grande influência sobre a incidência de lombalgia, mas por outro lado foi

surpreendente encontrar entre estes profissionais um número tão insignificante de

trabalhadores que exercem trabalho pesado, como por exemplo, pedreiro, chapista

entre outros. Talvez isso se justifique pela classe social dos pacientes da instituição

hospitalar tida como amostra, que presta apenas atendimentos particulares ou por

convenio.

Com relação ao estado civil dos pacientes observamos que a grande maioria

são casados, seguidos dos solteiros, viúvos e divorciados. Isso se justifica pelo fato

de que entre os indivíduos na faixa etária mais atingida pela lombalgia a maioria da

população encontra-se casada.


Na análise dos diagnósticos apresentados averiguamos a inespecificidade

destes, sendo que a maioria dos pacientes foram diagnosticados como tendo

simplesmente lombalgia, como já descrito por Grieve (1994) confirmando uma

tendência em avaliar a lombalgia sem especificar a causa, devido a dificuldade em

diagnosticá-la. Devido a esta tão comum generalização do termo lombalgia, é difícil

afirmar que não haveriam mais pacientes com hérnia de disco, lombociatalgia ou

artrose lombar do que revelaram os dados dos prontuários.

Este trabalho se mostrou eficaz em testificar junto as principias literaturas

sobre o tema que, assim como em todo o mundo, na cidade de Goiânia a lombalgia

é uma doença que afeta mais indivíduos do sexo feminino, tem pico de incidência na

idade produtiva e entre profissionais que adotam hábitos posturais inadequados e de

longa permanência no trabalho. Verificamos também, como já esperado, que a

incidência desta patologia entre os Goianienses é grande e supera

consideravelmente todas as outras patologias lombares. Mas em meio a todos os

achados estatísticos e bibliográficos, evidenciou-se um questionamento vital:

Estamos cientes que a lombalgia é um dos distúrbios de maior epidemiologia no

mundo estando relacionada até mesmo a dinâmica de trabalho, stress e

comportamento da sociedade moderna, mas até que ponto podemos considerar

verídicos estes números mundiais tão “estrondosos” a respeito da lombalgia sendo

que, é sabido e foi comprovado no presente estudo, que há uma tendência e, por

que não dizer, uma acomodação por parte dos profissionais ao diagnosticar

qualquer dor na região lombar como sendo lombalgia, a resposta para essa questão

só será respondida quando houver uma conscientização profissional no sentido de

mais exames, mais testes, mais avaliações e reavaliações serem feitas antes de

fechar um diagnóstico.
5 - CONCLUSÃO

Constatou-se que grande maioria dos pacientes com patologias lombares

apresentaram lombalgia.

Averiguou-se uma maior incidência de lombalgia em pacientes na faixa etária

produtiva, em torno dos 38 anos, do sexo feminino que exerciam funções do lar.

Observou-se a relação entre a lombalgia e outras doenças lombares como:

lombociatalgia, hérnia de disco, artrose lombar.

Verificou-se que em vários pacientes, depois da lombalgia, a lombociatalgia

foi a principal causa dos desconfortos lombares, seguida pela hérnia de disco e de

poucos casos de artrose lombar.

Confirmou-se a tendência em generalizar o termo lombalgia aplicando-o

indiscriminadamente, sem exames ou testes subsidiários.


6 - REFERÊNCIAS

BARROS FILHO, E. P.; BASILI, R. Coluna Vertebral diagnóstico e tratamento


das principais patologias. São Paulo: Sarvier, 1997.

BARROS FILHO E, P.; LECH O. Exame Físico em Ortopedia. São Paulo: Sarvier,
2001.

BUNCH, R.W. J Bone Surg. 83-A (S):666-73. 2001.

BRAZIL, A. V. et.al Diagnóstico e Tratamento das Lombalgias e


Lombociatalgias. Consenso Médico Brasileiro. Projeto Diretrizes. 2001.

GANEY, T. M.; MEISEL, H. J. A potential role for cell-based therapeutics in the


tretment of intervertebral disc herniation. Eur Spine J; 11 Suppl 2:S206. 2002.

GOULD III, J.A. Fisioterapia na Ortopedia e na Medicina do Esporte. 2 ed. São


Paulo: Manole, 1993.

GRANDI, C. R.; SANDOVAL R. A. O uso de posturas inadequadas pelo


fisioterapeuta em neurologia em sua atividade profissional. Trabalho de
conclusão de curso em Fisioterapia. UEG – Universidade Estadual de Goiás, 124 p.
2000.

GRIEVE, G. P. Moderna terapia manual da coluna vertebral. São Paulo:


Panamericana, 1994.

HERBERT, S. et.al. Ortopedia e Traumatologia. Porto Alegre. Artmed. 2 ed. 1998.

KEISERMAN, M. W. ABC da Saúde. p 163. 2001.

KENDALL, F. P.; McCREARY, E. K.;PROVANCE, P. G. Músculo Provas e


Funções. São Paulo: Manole. 1995.

KROEBER, M. W.; et.al. New in vivo animal model to create intervertebral disc
degeneration and to investigate the effects of therapeutic strategies to
stimulate disc regeneration. Spine. 27(23):2684-90. 2002.
LEMOS, T.V. Fisioterapia Brasil. v 4. n 1.p 67-71. 2003.

MENDES, R. Patologia do Trabalho. Rio de Janeiro. Atheneu. 1999.

MIROUSKY, Y.; STABHOLTZ, L..Wizair- Artigos. 2003.

NIEMAN, C. D . Exercício e Saúde como se prevenir as doenças usando o


exercício com seu medicamento. São Paulo. Manole. 1999.

NORCROSS, J. P. et al. An in vivo model of degenerative disc disease. J Orthop


Res. 21(1), p 183 –8, jan, 2003.

NUNES, C. V. Lombalgia e Lombociatalgia diagnóstico e tratamento. Rio de


Janeiro. Médica e Científca Ltda. 1989.

PORTO, C. C. Exame Clínico- bases para a prática médica. Goiânia. Guanabara


Koogan. 4 ed. 2000.

RICHARD, F; SALLÉ, I. J.Tratado de Osteopatia Teórico e Prático. São Paulo:


Robe. 1996.

ROSENTHAL,M. Agency for Health Care Policy & Research. AHCPR Publication.
n . 95-0642.1994.

SIQUEIRA, A . Dor Lombar- Jornal da Paulista .a. 12. n. 133. 1999.

STUDER, A. Nucleus Prosthesis: a new concept. Eur Spine J. 11 Suppl: S 154-6.


2002.

TEIXEIRA, M . J.; et.al. Epidemiologia Clínica da Dor Músculo-Esquelética.


Revista méd. São Paulo. 80 (ed. esp. pt.1):1-21. 2002.

You might also like