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VITÓRIA
2007
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VITÓRIA
2007
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COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________
Profª Msª Tânia Maria Bigossi do Prado
Escola Superior de Ciências da Santa Casa de
Misericórdia- EMESCAM
Orientadora
_____________________________________
Profª Msª Soraya Gama de Ataide
Escola Superior de Ciências da Santa Casa de
Misericórdia- EMESCAM
_____________________________________
Cleilson Teolbaldo dos Reis
Gerente de Proteção à Pessoa Idosa e Deficiente
Prefeitura Municipal de Vitória
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Agradecimentos
A ti ó Deus, toda a honra e glória e louvor por mais essa conquista, por ter me
sustentado e me dado forças pra eu persistir lutando para alcançar a vitória.
À professora e doutora Alacir Ramos Silva, minha gratidão, pois foi ela que me
incentivou e me ajudou a ingressar na faculdade, muito obrigada!
RESUMO
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO............................................................................ 06
1.2 O PROCESSO DA PESQUISA........................................................ 06
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
3. O ENVELHECIMENTO E A QUESTÃO DO ASILAMENTO........... 13
3.1 MARCO LEGAL DE PROTEÇÃO À PESSOA IDOSA..................... 14
CAPÍTULO III
4 HISTÓRICO DO ASILO MONTE BELO......................................... 20
CAPÍTULO IV
5 RESULTADOS DA PESQUISA....................................................... 25
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................. 34
7 REFERÊNCIAS............................................................................... 36
1. APRESENTAÇÃO
O “locus” da pesquisa foi o Asilo Monte Belo, tendo em vista que essa é uma
instituição reconhecida e consolidada no município de Vitória. A amostra da
pesquisa foi intencional, devido a necessidade de entrevistarmos idosos
lúcidos. Delimitamos uma amostra de 11 idosos do universo de 90, no entanto
entrevistamos somente 8 pois após o primeiro contado um foi transferido, um
adoeceu e outro faleceu, quanto aos familiares a dificuldade encontrada foi
muito grande, alguns não quiseram ser entrevistados e a grande maioria dos
familiares não apareceram para visitas de janeiro à agosto de 2007, período
em que foi feito a pesquisa de campo.
A análise dos documentos foi feita numa abordagem qualitativa, visto que esta
modalidade fornece uma compreensão mais profunda dos fenômenos sociais,
e a ação do pesquisador é marcada pela interpretação e busca de significados
da realidade que investiga, pois o que se pretende mostrar está relacionado em
quadros gerais de significação (MINAYO, 2000).
A pesquisa aponta que a população idosa brasileira urbana (60 anos ou mais)
é mais feminina, declara-se mais da cor branca, é mais católica e sobre tudo
menos escolarizada – metade é atingida pelo analfabetismo funcional. A renda
familiar mensal de 39% é menos que 2 salários mínimos e somente 6% ganha
mais do que 10 salários mínimos.
lhe dá mais atenção. Entre as idosas prevalecem as viúvas, a maioria vive com
um filho ou filha, de quem recebe mais atenção. Quase toda a população idosa
tem alguma fonte própria de renda – sobretudo a aposentadoria – e contribui
para as despesas da casa.
Além do que,
Para Goffman, (1996, p.11), uma instituição total pode ser definida como, “local
de residência ou trabalho onde um grande número de indivíduos em situação
semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de
tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada”.
A Lei 8.842/94, que dispõem sobre a Política Nacional do Idoso deixa explícito
que as instituições asilares não apresentam o perfil de estabelecimento de
assistência à saúde, e em seu artigo terceiro define a modalidade asilar como a
que se caracteriza como regime de internato ao idoso sem vínculo familiar ou
sem condições de prover a própria subsistência de modo a satisfazer suas
necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social. Versa,
ainda que, também como uma das diretrizes dessa política é a “priorização do
atendimento ao idoso através de suas próprias famílias, em detrimento do
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atendimento asilar, à exceção dos idoso que não possua condições que
garantam a sua própria sobrevivência” (Artigo 3º e 4º, Inciso III).
O asilo, que muitas vezes se apresenta como única solução para a família,
sociedade e Estado, que não se encontram preparados para as demandas dos
idosos, não se apresenta como a solução ideal para o idoso. Na visão de
Netto(1986, p. 23), “a instituição para idosos é uma espécie de hospital onde
os pacientes não têm perspectivas de alta. É prisão sem grades; campo de
prisioneiros sem cercas, quartel sem sentinelas; claustro sem fé e nem
esperança”. Ainda com um agravante que observa-se nos asilos: a falta de
visita de familiares o que aprofunda ainda mais a solidão, a perda de identidade
e da auto-estima dos idosos residentes.
A família no Brasil continua a ser a fonte mais direta de apoio informal para a
população idosa, aponta inúmeras pesquisas. Por outro lado também observa-
se que a violência contra a pessoa idosa familiar é a mais freqüente forma de
abuso contra a pessoa idosa. Há uma tendência de idealizar a família, mas não
se pode falar de família, sim de famílias para contemplar as diversidades de
relações que convivem na sociedade. Neste aspecto deve ser considerado as
condições de vulnerabilidade das famílias brasileiras, e consequentemente a
falta de condições para a sustentação e manutenção dos vínculos.
Há uma questão que está posta onde não é possível simplificar ou determinar
que o apartamento do idoso ocorra tão somente pelo fato de que as famílias
não estão dando conta de cumprir com suas obrigações ditadas culturalmente.
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É uma sociedade civil, beneficente, sem fins lucrativos. A sociedade tem por
objetivo principal “tomar a seu cargo, na medida do possível, a proteção e a
assistência moral e material à velhice necessitada, socorrendo-a, asilando-a e
promovendo recursos indispensáveis a seu bem estar” (Artigo 2º do Estatuto).
O Asilo conta ainda com 05 voluntários, que prestam seus serviços sem fim
lucrativo, de acordo com uma escala pré-estabelecida. Eles conversam com os
idosos, informando-se de suas necessidades, e proporcionam a eles alguns
tipos de brincadeiras e atividades ocupacionais, ajudam no bazar afim de
arrecadar fundos.
Há uma sala onde fazem as refeições e também onde fica um aparelho de TV,
e um outro cômodo com uma pia, onde os utensílios utilizados durante as
refeições são lavados.
A maioria dos idosos não soube informar sua situação sócio econômica e
afirmaram não ter acesso a nenhuma quantia de dinheiro em espécie. O grau
de escolaridade é muito baixo entre os internos.
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Grau II: Idoso com dependência em até três atividades de auto cuidado para a vida diária, tais como:
alimentação, mobilidade, higiene, sem comprometimento cognitivo ou com alteração cognitiva
controlada. GRAU I: Idoso com dependência em uma ou duas atividades de auto cuidado para a vida
diária.
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5. RESULTADOS DA PESQUISA
A partir da análise das falas dos entrevistados quanto à sua última moradia é
possível pontuar que a internação dos idosos aparece como a alternativa mais
adequada sendo determinada, conflitos intergeracionais, fragilização dos
vínculos familiares e falta de estrutura física e de preparo para o enfrentamento
dessa realidade que é o processo de envelhecimento.
Sou viúva, tenho filhos, mas não posso morar com eles,
pois não combino com minhas noras, meus filhos as
vezes me visitam e querem que eu passe o final de
semana com eles, mas não gosto. (....) não vou por
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(...) morei uns treze anos com uma mulher, tive um casal
de filhos (...) mas sempre gostei de beber e minha mulher
não gostava nado do que eu fazia (...) mas eu não queria
nem saber (...) então um dia sai para beber, quando
voltei para casa não tinha ninguém só um bilhete em
cima da mesa. (...) nunca mais vi meus filhos e minha
mulher, acho que eles nem sabe que eu estou aqui
(Entrevistado 03)
Para Beauvoir, (1970, p. 337) “viver os últimos vinte anos da vida em bom
estado físico, mas sem nenhuma atividade útil, é, psicológica e
sociologicamente, impossível. É preciso dar a esses sobreviventes motivos
para viver: a ‘sobrevivência bruta’ é pior que a morte”.
A instituição não tem estratégias que visem a aproximação dos internos com a
família, mesmo reconhecendo que somente 5% recebem visitas.
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O relato dos três homens entrevistados nos leva a uma reflexão acerca da
fragilização dos vínculos familiares como conseqüência do excesso da ingestão
de bebidas alcoólicas, as históricas se repetiram: homens que abandonam
mulher e filhos e não tem com quem contar quando a velhice traz a diminuição
de sua capacidade funcional, então o asilamento surge como única alternativa
de suporte.
Das cinco mulheres entrevistadas, quatro são viúvas e uma solteira, trazendo a
confirmação da perda do cônjuge como um dos fatores de risco do asilamento,
Quanto às questões dos vínculos, foi possível entender que não foram
construído, ao longo de toda a vida, laços fortes entre os idosos entrevistados e
as famílias. No primeiro momento há uma afirmação de que o convívio familiar
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foi bom, logo após aparece nos relatos indicações de conflitos, intolerância e
abandono. Esta negação inicial pode indicar a tendência de negar a condição
de sofrimento por ser velho, a dor de ser sozinho e a solidão.
7. REFERÊNCIAS
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2002.
IBGE (Brasil). Censo 2000. Disponível em: < http:// www.ibge.gov.b> Acesso
em 31 mar. 2005.
NERI, A.L. Qualidade de Vida e Vida Madura. São Paulo: Papirus, 1993.