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A NARRAÇÃO
Texto motivador:
A Cabra e Francisco
Madrugada. O hospital, como o Rio de Janeiro, dorme.
O porteiro vê diante de si uma cabrinha malhada, e pensa que
está sonhando.
- Bom palpite. Veio mesmo na hora. Ando com tanta
prestação atrasada, meu Deus.
A cabra olha-o fixamente.
- Está bem, filhinha. Agora pode ir passear. Depois você
volta, sim?
Ela não se mexe, séria.
4
- Vai cabrinha, vai. Seja camarada. Preciso sonhar
outras coisas. É a única hora em que sou dono de tudo,
entende?
O animal chega-se mais perto dele, roça-lhe o braço.
Sentindo-lhe o cheiro, o homem percebe que é de verdade e
recua.
Aiaiai! Bonito. Desculpe, mas a senhora tem de sair
com urgência, isto aqui é um estabelecimento público.
( Achando pouco convincente a razão. ) Bem, se é público
devia ser para todos, mas você compreende... ( Empurra-a
docemente para fora, e volta à cadeira.)
- O quê? Voltou? Mas isso é hora de me visitar, filha?
Está sem sono? Que é que é que há? Gosto muito de criação,
mas aqui no hospital, antes do dia clarear... ( Acaricia-lhe o
pescoço. ) Que é isso! Você está molhada? Essa coisa
pegajosa... O quê: sangue?! Por que não me disse logo,
cabrinha de Deus? Por que ficou me olhando assim feito
boba? Tem razão: eu é que não entendi, devia ter morado logo.
E como vai ser? Os doutores aqui são um estouro, mas cabra é
diferente, não sei se eles topam. Sabe de uma coisa? Eu mesmo
vou te operar!
Corre à sala de cirurgia, toma um bisturi, uma pinça; à
farmácia, pega mercúrio-cromo, sulfa e gaze; e num canto do
hospital, assistido por dois serventes, enquanto o dia vai
nascendo, extrai do pescoço da cabra uma bala de calibre 22,
ali cravada quando o bichinho, ignorando os costumes
cariocas da noite, passara perto de uns homens que
conversavam à porta de um bar.
O animal deixa-se operar com a maior serenidade. Seus
olhos envolvem o porteiro numa carícia agradecida.
- Marcolina. Dou-lhe este nome em lembrança de uma
cabra que tive quando garoto, no Icó. Está satisfeita,
Marcolina?
- Muito, Francisco.
Sem reparar que a cabra aceitara o diálogo, e sabia o
seu nome, Francisco continuou:
- Como foi que você teve idéia de vir ao Miguel Couto?
O Hospital Veterinário é na Lapa.
5
- Eu sei, Francisco. Mas você não trabalha na Lapa,
trabalha no Miguel Couto.
- E daí?
- Daí, preferi ficar por aqui mesmo e me entregar a seus
cuidados.
- Você me conhecia?
- Não posso explicar mais do que isso, Francisco. As
cabras não sabem muito sobre essas coisas. Sei que estou bem
a seu lado, que você me salvou. Obrigada, Francisco.
E lambendo-lhe afetuosamente a mão, cerrou os olhos
para dormir; bem que precisava.
Aí Francisco levou um susto, saltou para o lado:
- Que negócio é esse: cabra falando?! Nunca vi coisa
igual na minha vida. E logo comigo, meu pai do céu!
A cabra descerrou um olho sonolento, e por cima das
barbas parecia esboçar um sorriso:
- Mas você não se chama Francisco, não tem o nome do
santo que mais gostava de animais neste mundo? Que tem isso,
trocar umas palavrinhas com você? Olhe, amanhã vou pedir
ao Ariano Suassuna que escreva um auto da cabra, em que
você vai para o céu, ouviu?
( Carlos Drummond de Andrade )
Explorando o texto:
Exercício 1:
Exercício 2:
6
1. Quando se dá a apresentação?
2. Qual a complicação?
3. Quando ocorre o clímax, o ponto culminante?
4. Qual o seu desfecho?
A DESCRIÇÃO
DESCRIÇÃO ESTÁTICA
Nela, o elemento descrito encontra-se imóvel e é
objeto de análise cuidadosa e pormenorizada: a descrição de
uma casa, por exemplo.
DESCRIÇÃO DINÂMICA
Nela, o elemento descrito encontra-se em movimento,
e é merecedor de muita observação, do poder de síntese do
narrador: como exemplo, poderíamos citar a descrição da
passagem de uma Escola de Samba na passarela, durante o
Carnaval.
Texto motivador:
De Minha Varanda
7
De minha varanda, avisto um chalé.
Um chalé de telhas vermelhas,
cercado de árvores copadas:
duas palmeiras –anãs
- guardiãs da entrada principal -
uma amendoeira de sombras amigas
e uma mangueira
de dar manga em pé.
Um carro passa.
A monotonia, em minha varanda, é quebrada.
O ronco rouco da máquina humana
desvia-me a atenção.
Um carteiro chega.
De minha varanda, observo.
Será portador de boas ou más notícias?
Seria tão bom
se o mundo se restringisse
ao que avisto de minha varanda!
Ouço o barulho de um prato partindo.
Longe... bem muito longe.
O suficiente para macular o silêncio
que reina em minha varanda.
Um beija-flor
beija
e deflora
a flor.
Imóvel,
no ar, parado.
De minha varanda,
tenho a mais precisa sensação
de que o mundo é perfeito;
de que cada coisa foi,
9
meticulosamente,
planejada e arranjada
em seu mais digno lugar.
Falta você
em minha varanda.
Explorando o texto:
Exercício 3:
A DISSERTAÇÃO
10
“É um gênero de organização textual em que se discute
um determinado assunto – de natureza filosófica, social, moral
ou científica.”
A dissertação, normalmente, apresenta três fases
distintas: apresentação, desenvolvimento e conclusão:
Na apresentação, destaca-se o assunto que será
discutido – o tema, a matéria. Basta um parágrafo.
O desenvolvimento é o que se poderia dizer tratar-se do
próprio trabalho. Nele, consideramos idéias, fatos, exemplos
com que o autor pretende demonstrar seus argumentos.
Favoráveis, contrários... Normalmente, usam-se três
parágrafos nesse sentido.
A conclusão será sempre uma síntese, uma volta à
apresentação.
Texto motivador:
Explorando o texto:
Exercício 4:
Observação final:
12
“Quem lê escreve melhor.”
OS DIVERSOS TIPOS DE
DISCURSO
O DISCURSO DIRETO
Ocorre quando são as personagens que falam. Quem
escreve, interrompe a narrativa e torna as palavras vivas
para o ouvinte. Normalmente é marcado pela presença de
verbos do tipo afirmar, dizer, perguntar, indagar, responder,
concluir, prosseguir e sinônimos.
O DISCURSO INDIRETO
É o processo de relatar enunciados. O narrador
torna-se intérprete das palavras ditas pelas personagens,
numa oração subordinada substantiva.
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-Que horas são? Perguntou João Carlos.
( discurso direto )
João Carlos perguntou que horas eram.
( discurso indireto )
TRANSPOSIÇÃO
DO DISCURSO DIRETO
PARA O DISCURSO INDIRETO
a) Discurso direto:
Enunciado em 1ª. ou em 2ª. pessoa:
O artista respondeu-lhe baixinho: - Eu atuei.
- Falaste com teu pai? – perguntou Sílvia.
Discurso indireto:
Enunciado em 3ª. pessoa:
O artista respondeu-lhe baixinho que ele atuara.
Sílvia perguntou se ele havia falado com seu pai.
b) Discurso direto:
Verbo enunciado no presente:
- Estou no escritório, ele disse ao telefone.
Discurso indireto:
Verbo enunciado no imperfeito:
Ao telefone, ele disse que estava no escritório.
c) Discurso direto:
Verbo enunciado no pretérito perfeito:
Antônio explicou a todos: - Chamei pelo padrinho.
Discurso indireto:
Verbo enunciado no pretérito mais-que-perfeito:
Antônio explicou a todos que chamara pelo padrinho.
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d) Discurso direto:
Verbo enunciado no futuro do presente:
- Regressarei breve – ela disse.
Discurso indireto:
Verbo enunciado no futuro do pretérito:
Ela disse que regressaria breve.
e) Discurso direto:
Verbo enunciado no modo imperativo:
- Pare com a brincadeira, ordenou a mãe.
Discurso indireto:
Verbo no modo subjuntivo:
A mãe ordenou que parasse com a brincadeira.
f) Discurso direto:
Enunciado em forma interrogativa direta:
Ele perguntou: - como vai a família?
Discurso indireto:
Enunciado em forma interrogativa indireta:
Ele perguntou como ia a família.
g) Discurso direto:
Pronome demonstrativo de 1ª. ou de 2ª. pessoa:
Bateu na mesa e disse: - Isto é dinheiro.
Essas artigos são de segunda qualidade, ele afirmou.
Discurso indireto:
Pronome demonstrativo de 3ª. pessoa:
Bateu na mesa e disse que aquilo era dinheiro.
Ele afirmou que aqueles artigos eram de segunda qualidade.
h) Discurso direto:
Pronome possessivo ou pessoal de 1ª. pessoa:
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Ele quis saber de mim: - Por que minha proposta não lhe
interessa?
Discurso indireto:
Ele quis saber de mim ( Ele me perguntou ) por que sua
proposta não me interessava.
i) Discurso direto:
Advérbio de lugar “aqui”:
- Aqui ficava a loja do seu Manuel, relembrei.
Discurso indireto:
Advérbio de lugar “ali”:
Relembrei que ali ficara a loja do seu Manuel.
Observações:
Exercício 5:
17
( Vilem Flusser )
SIGNIFICAÇÃO LITERAL
E CONTEXTUAL DE
VOCÁBULOS
A DENOTAÇÃO E A
CONOTAÇÃO
DENOTAÇÃO
É a palavra empregada em seu sentido real, próprio,
dicionarizado.
CONOTAÇÃO
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Sentido subentendido, às vezes de teor subjetivo, que
uma palavra ou expressão pode apresentar paralelamente ao
sentido em que é empregada.
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25. ( ) Havia várias pedras no caminho acidentado.
26. ( ) A chuva atrapalhou o Carnaval.
27. ( ) O rapaz deitou a dizer bobagens.
28. ( ) Esse menino é um foguete.
29. ( ) Havia várias pedras em meu caminho, mas venci.
30. ( ) Os EEUU lançaram mais um foguete ao espaço.
31. ( ) Se seu chefe percebesse, capava-te.
32. ( ) Há pessoas que se desenroscam na hora exata.
1. SUBSTANTIVOS:
a) Nem sempre aumentativos e diminutivos nos dão idéia de
tamanho. Podem exprimir carinho, ternura, afetividade,
desprezo, depreciação, intensidade.
Exemplos: narigão, livreco, filhinho, amarelão, supermercado,
minicalculadora.
b) Outras formas aumentativas e diminutivas, com o tempo,
adquiriram significados especiais, dissociados das palavras de
origem.
Exemplos: cartão, portão, folhinha ( calendário ), lingüeta.
2. ARTIGOS:
a) O artigo definido pode ser usado com força distributiva.
Exemplo: A carne já está custando dez reais o quilo. ( = cada )
b) O artigo definido, anteposto a nome de pessoas, apresenta
um tom de afetividade ou de familiaridade.
Exemplo: Compare:
Antônio faltou à reunião. / O Antônio faltou à reunião.
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( no segundo exemplo, o sujeito goza de certa intimidade junto
ao emissor )
c) Há profunda modificação de sentido na frase quando a
artigo definido antecede a palavra “todo”.
Exemplo: Compare:
Todo prédio deve ser vistoriado. ( todos, em geral )
Todo o prédio deve ser vistoriado. ( um prédio específico )
d) Há modificação significativa quando o artigo definido
vem anteposto a um pronome substantivo possessivo.
Exemplo: Compare:
Este é meu livro. ( idéia de posse )
Este é o meu livro. ( idéia de distinção de outros de mesma
espécie. Dentre outros, este é o meu. )
e) Os artigos indefinidos “uns”, “umas” antepostos a
numerais indicam aproximação numérica.
Exemplo: Ela devia ter uns vinte anos.
f) Os artigos indefinidos antes de nomes próprios indicam
semelhança, elemento pertencente a determinada família;
podem, ainda, designar obras de um artista.
Exemplos:
Provou ser um Judas. ( = traidor )
Ele era um verdadeiro Silva.
Trata-se de um Picasso.
3. ADJETIVOS:
a) Algumas formas aumentativas e diminutivas equivalem a
superlativos.
Exemplos:
Menina branquinha = muito branca.
Doce gostosão = gostosíssimo.
b) Outras formas de obtenção de superlativos de um modo
não convencional:
. O café é extrafino.
( através da prefixação )
. As pernas da menina eram brancas, brancas.
( através da repetição do adjetivo )
. Ele é forte como um touro.
( através de uma comparação )
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. O dono da escola é podre de rico.
( através de uma expressão idiomática )
. Ele não é apenas uma cantora, é a cantora.
( através da repetição do artigo e do substantivo, dando-se
ênfase ao artigo )
3. PRONOMES:
Os pronomes possessivos podem indicar afetividade,
carinho.
Os pronomes possessivos podem indicar afetividade,
carinho.
Compare:
Esta é a minha casa. ( posse )
Minha filha, disse o professor, você melhora a cada dia.
( afetividade )
4. NUMERAIS:
Indicam também superlativação:
Exemplo: Já assisti a este filme mais de mil vezes.
6. PREPOSIÇÕES:
Deve-se estudar o valor semântico que uma preposição
apresenta.
Exemplos:
Ele foi a São Paulo. ( destino, direção )
22
Ele veio de São Paulo. ( procedência )
Ele saiu a seu pai. ( semelhança )
Este é um anel de ouro. ( matéria )
Fui ao cinema com ela. ( companhia )
Fiz o trabalho a caneta. ( instrumento )
Voltaremos a qualquer momento. ( tempo )
Ele morria de fome. ( causa )
Compras só em dinheiro. ( condição )
Exercício 7:
Exercício 8:
Exercício 9:
Exercício 10:
1. Ir à festa. / Chover.
2. Ser aprovado. / Estudar.
3. Ganhar o prêmio. / Ser merecedor.
4. Precisar de dinheiro. / Estar falido.
Exercício 11:
Exercício 12:
Exercício 13:
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“O estudo das línguas bem-feitas
talvez fosse a melhor das lógicas.”
( Turgot )
PROCESSOS COESIVOS
DE REFERÊNCIA
a) PESSOAL:
Encontraram todos os livros. Ei-los.
Marcaram-se as provas. Elas serão realizadas sexta-feira.
O professor, fomos buscá-lo em sua casa.
b) POSSESSIVO:
O professor e seus alunos compareceram ao debate.
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c) DEMONSTRATIVO:
Ao comparar Amazonas com os diversos rios do mundo, des-
tacava a importância daquele em relação a estes.
d) RELATIVO:
Este é o livro. /
Eu comprei o livro.
Este é o livro que eu comprei.
A coesão referencial poderá, também, ser obtida através
de um advérbio, um numeral, ou da colocação de um simples
sinônimo:
Exercício 14:
Substitua os termos em evidência por uma palavra anafórica,
tornando as frases mais elegantes.
FIGURAS DE LINGUAGEM
1. Figuras de palavras.
2. Figuras de construção ( ou de sintaxe ).
3. Figuras de pensamento.
FIGURAS DE PALAVRAS
METÁFORA
Figura em que a significação normal de uma palavra
é substituída por outra com que apresenta relação de
semelhança. ( Aurélio )
METONÍMIA
Figura que consiste em designar um objeto por
palavra designativa doutro objeto que tem com o primeiro
uma relação de causa e efeito ( trabalho, por obra ), de
continente e conteúdo ( copo, xícara, por bebida ), a parte
pelo todo ( asa, por avião ), etc. ( Aurélio )
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8. O singular pelo plural:
O homem é mortal. ( homem = homens )
PERÍFRASE
Figura que determina os seres, substituindo-os por
um de seus atributos.
SINESTESIA
Figura que transfere percepções de um sentido para o
de outro. Fusão de impressões sensoriais.
Exercício 15:
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
As principais são:
ELIPSE
Omissão de um termo na oração.
PLEONASMO
Redundância de termos, que, em certos casos, é
legítima, por conferir à expressão mais vigor, ou clareza.
( Aurélio )
POLISSÍNDETO
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Intencionalidade na repetição do conectivo
coordenativo.
INVERSÃO
Alteração na ordem natural dos termos ou orações,
com a finalidade de lhes dar ênfase.
ANACOLUTO
Repetição parcial de um termo na frase. Interrompe
o fio da expressão.
SILEPSE
Concordância ideológica.
a) de gênero:
Vossa Excelência está equivocada.
( concordância rígida )
Vossa Excelência está equivocado.
( Vossa Excelência = homem )
b) de pessoa:
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Aqui, todos são brasileiros.
( concordância rígida )
Aqui, todos somos brasileiros.
( todos + eu = nós )
c) de número:
O povo se reuniu. Estava agitado. ( concordância rígida )
O povo se reuniu. Estavam agitados.
( Estavam = o número de indivíduos que compõem o povo )
ONOMATOPÉIA
Emprego de palavras cuja pronúncia imita o som.
Recurso melódico.
REPETIÇÃO
Repetição de palavras com a finalidade de enfatizar,
intensificar a ação.
Exercício 16:
FIGURAS DE PENSAMENTO
As principais são:
ANTÍTESE
Emprego de palavras ou expressões de sentido oposto.
EUFEMISMO
Consiste em abrandar uma idéia.
GRADAÇÃO
Ocorrência de uma seqüência de idéias ( ascendentes
ou descendentes ).
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HIPÉRBOLE
É uma afirmação exagerada.
PERSONIFICAÇÃO
Consiste na atribuição de qualidades humanas a
seres inanimados. Prosopopéia.
Exercício 17:
Exercício 18:
Questões de concursos:
1. Nos trechos:
“...nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de
oitenta pra lá faltava nas estantes do major.”
e
“... o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e
deseja.”
Encontramos, respectivamente, as seguintes figuras:
a) personificação e hipérbole;
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b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e personificação.
2. Nos trechos:
“O pavão é um arco-íris de plumas.” e
“...de tudo que ele suscita e esplende e delira...”
enquanto procedimento estilístico, temos, respectivamente:
a) metáfora e polissíndeto;
b) comparação e repetição;
c) metonímia e metáfora;
d) hipérbole e anacoluto;
e) anáfora e metáfora.
3. Observe a oração:
“O tique-taque do relógio nos perturbava.”
Qual a figura de linguagem da expressão destacada?
5. Nos versos:
“O vento voa
a noite toda se atordoa.”
aparece a mesma figura:
a) metáfora;
b) metonímia;
c) hipérbole;
d) personificação;
e) antítese.
6. Aponte a alternativa em que não haja uma comparação.
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a) “Rio como um regato que soa fresco numa pedra.”
b) “É mais estranho do que todas as estranhezas que as
cousas sejam realmente o que parecem ser.”
c) “Qual um filósofo, o poeta vive a procurar o mistério
oculto das cousas.”
d) “Os pensamentos das árvores a respeito do mistério
das cousas são tão estranhos quanto os dos rios.”
e) “Os meus sentidos estavam tão aguçados, que aprende-
ram sozinhos o mistério das cousas.”
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10. Em “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins
públicos.”, há:
a) pleonasmo;
b) hipérbato de pessoa;
c) silepse de gênero;
d) silepse de pessoa;
e) silepse de número.
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“Vales por tantos homens
quantas línguas falas.”
( Carlos V )
A SÍNTESE E O RESUMO
SÍNTESE
Resumo dos tópicos principais ou da essência de algo;
sumário ( aquela frase foi a síntese perfeita do que estávamos
sentindo. ) ( Houaiss )
RESUMO
Recapitulação breve, sucinta ( o livro apresentava um
pequeno resumo ao final de cada capítulo; em poucas palavras;
resumidamente.) ( Houaiss )
Exemplo de síntese:
Exemplos de resumo:
Resumo do que ocorreu na novela “O Clone” , Tv Globo, em 18
de fevereiro de 2002:
“Lobato disse a Carol que era dependente químico, e ela
prometeu que ia ficar cuidando dele. Leo se sentiu excluído da
vida de Albieri. Abdum mandou que Jade ficasse em casa.
Lucas não quer raptar Khadija, pois é crime. Xande foi
despedido.”
A PERÍFRASE E A
PARÁFRASE
41
Há dois tipos de perífrase: a virtuosa e a viciosa. A
virtuosa preenche a definição acima é concede elegância à
frase, podendo, ainda, funcionar como palavra anafórica.
Exemplos:
Exemplo:
_____________________________________________________
“Todos,
só porque falam,
crêem poder
falar
da língua também.”
( Goethe )
42
“A linguagem
é a única demonstração
autêntica
da alma
nacional.”
( José Geraldo Nogueira Moutinho )
OS VÍCIOS DE LINGUAGEM
ESTRANGEIRISMO:
Emprego de palavra ou expressão de origem
estrangeira, quando há termo correspondente em nossa
língua. Exemplos: whisky (uísque), shampoo (xampu), off
(desconto), sale (liquidação), know how (experiência,
conhecimento).
HIATO:
Som desagradável, em função do encontro de várias
vogais: “ Chama a Ana.”, “ Lea irá hoje ao escritório.”
CACOFONIA:
43
Som desagradável, produzido através do encontro de
sílabas ou palavras que ferem nossos ouvidos.
“Não chora não.” , “Beijei a boca dela.”, “Uma prima
minha...”.
Em muitos casos, a cacofonia é obscena.
ECO:
Repetição dos mesmos sons no fim das palavras:
“ Filhinho, a mãezinha vai preparar sua comidinha
agorinha.”
PLEONASMO:
Presença de palavras desnecessárias.
“sair para fora”, “entrar para dentro”, “subir para cima”.
“descer para baixo”. “há dez anos atrás”.
Cumpre observar que os exemplos apresentados são
pleonasmos viciosos. Não confundi-los com pleonasmos
permitidos, do tipo: “Dívidas, convém saldá-las.”.
SOLECISMO:
Qualquer violação das regras de gramática. Os mais
comuns são os de concordância, colocação e regência.
AMBIGÜIDADE:
Duplo sentido apresentado pela frase: “Vi o cachorro
do seu irmão.”, “ Como era boa a nossa empregada!”, “O
Botafogo o Vasco venceu.”
44
COLISÃO:
Som desagradável, produzido por sucessão de
consoantes iguais ou semelhantes: “Viaje já”; “Aqui cabe
mais uma pessoa”.
Exercício 19:
45
ser eloqüente na sua própria
exige a metade da vida.”
( Voltaire )
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
46
REFERENCIAL: também chamada de denotativa ou
cognitiva: ocorre quando o objetivo do emissor é,
fundamentalmente, informar de forma objetiva, sem interferir
com opiniões subjetivas. Conta-se apenas o fato, como uma
fotografia.
Exemplo:
Uma nova geração de trens ultra-rápidos está
revolucionando um meio de transporte que parecia condenado: a
ferrovia, que começa a ressurgir como alternativa às
congestionadas rotas aéreas. Na Alemanha, França e no Japão
já estão sendo construídos protótipos que poderão alcançar até
500 quilômetros horários deslizando sobre os trilhos de suas
ferrovias.
49
pessoa, é esta segunda pessoa que ficará em evidência, porque é
dela que esperamos o cumprimento de alguma tarefa. Assim,
todas as vezes que não nós, mas “o outro” for o elemento
visado, teremos a função apelativa como predominante.
Exemplos:
Exercício 20:
50
Identifique a função da linguagem predominante em:
1. Diário de adolescente.
2. Ato de se confessar ao padre.
3. A campainha do telefone.
4. Interjeições de susto.
5. Interjeições de dor.
6. Interjeições de chamamento.
7. Discursos políticos.
8. Conotação.
9. Denotação.
10. Linguagem figurada.
11. Receita médica.
12. Vocativos.
13. Apostos.
14. Música do Jornal Nacional.
15. Dicionário.
16. Informações.
17. Comemoração de um gol.
18. Classificados.
19. Interrogações.
20. Interrogações retóricas.
21. Desabafos.
51
se perde na outra...
Como dizia Shaw:
‘Nenhum homem realmente capaz
em sua própria língua
se interessa em dominar outra’.”
( Millôr Fernandes )
O EMPREGO ABUSIVO
DA PALAVRA “QUE”
MODELO 1:
MODELO 2:
52
A pessoa fumante perde o fôlego.
MODELO 3:
MODELO 4:
Exercício 21:
53
6. Precisei que todos me compreendessem.
7. Ele garantiu que solucionaria o problema.
8. Considero que seu pedido é justo.
9. Julgo que são boas as condições do tempo.
10. Acho que teus esforços são inúteis.
11. Necessitei de que todos me ajudassem
12. Comuniquei-lhe que chegaria à noite.
13. Garanti que estaria a seu lado.
14. Acreditei que precisaria de teus conselhos.
15. Entendo que as mudanças são inevitáveis,
16. Creio que as soluções são viáveis.
17. Percebo que as oportunidades são excelentes.
18. Tenho um irmão que estuda engenharia.
19. Ele tomou uma decisão que comoveu.
20. Esta é uma pausa que refresca.
A REDAÇÃO:
ALGUNS CONSELHOS
Observação:
Estes conselhos são apenas os principais. Outros poderão ser
acrescentados à presente relação.
______________________________________________________
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
EM CONCURSOS
Trombada
56
Lula e Meneguelli divergem sobre o pacto. Concordam em
negociar, mas Lula só aprova um acordo se o governo retirar a
medida provisória dos salários, suspender os vetos às leis da
Previdência e repor perdas salariais.
( Folha de São Paulo, 21/9/90 )
57
Nesse mesmo dia e no mesmo jornal, lê-se o seguinte:
É exatamente essa grande maioria que chamamos,
abstratamente, de povo. São os cidadãos humildes, que vivem
de pequenos serviços na periferia das grandes cidades. (...) São
para esses cidadãos anônimos, que ganharam personalidade
dia 15 de novembro, que o novo governo deverá estar voltado.
16. Observe que, nos trechos abaixo, a ordem que foi dada às
palavras, nos enunciados, provoca efeitos semânticos
“estranhos”.
“Fazendo sucesso com a sua nova clínica, a psicóloga Iracema
Leite Ferreira Duarte, localizada na rua Campo Grande, 159.”
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“Achados recentes da arqueoastronomia, disciplina de que vem
se falando muito ultimamente, mostram que os homens de
épocas remotas conheciam melhor o céu que a população
urbana de hoje. Fato esse que, aliás, não surpreende, já que a
poluição das grandes cidades mal permite que se vislumbre um
céu claro.”
62
“(...) Ele, o namorado,1 e Eloísa foram ao escritório às 4h,
encontraram a porta destrancada e o corpo. Chocados, não
deporam ontem na 1ª, DP ( Praça Mauá ) e serão ouvidos na
próxima semana.” O que deve ser modificado na mensagem
para que ela obedeça ao padrão culto do idioma?
a) Jorge intrometeu-se.
b) O ancião faleceu.
c) A conferência prosseguia.
64
43. “A lembrança de meu pai me emocionou.”
A frase acima apresenta duplo sentido. Aponte-os.
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48. Transforme o texto abaixo em um período único, com
auxílio de conectivos que evidenciem as relações semânticas
entre as sentenças. Você poderá fazer alterações que se
mostrem necessárias:
“O pescador agitava-se em movimentos curtos e potentes. A
vela tinha que ser içada logo. O barco não cederia à insistência
das ondas.”
GABARITOS
Exercício 1:
1. A cabra e o porteiro.
2. Em certa madrugada.
3. Em um hospital, no Rio de janeiro.
4. Uma cabra, ferida, procurando socorro.
5. Operando-a
6. O porteiro considerou que. por se tratar de uma cabra,
o animal não poderia ser tratado pelos médicos.
Exercício 2:
1. Com o surgimento da cabra.
2. Ela não pode ser atendida, embora o hospital fosse público.
3. Quando o porteiro resolve operar a cabra.
4. O diálogo entre a cabra e Francisco. O agradecimento da
cabra.
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Exercício 3:
1. Os da primeira estrofe, por exemplo.
2. A passagem do carro, a chegada do correio, do beija-flor.
3. Nas duas últimas estrofes.
4. Em função da linguagem poética, de sua construção ( celeste
de azul, em vez de azul-celeste, por exemplo; a anteposição do
adjetivo...
Exercício 4:
1. Apresentação: primeiro parágrafo;
Desenvolvimento: segundo, terceiro e quarto parágrafos.
Conclusão: quinto parágrafo.
2. No quarto parágrafo.
3. Resposta pessoal.
4. Resposta pessoal. Sugerimos o penúltimo parágrafo.
Exercício 5:
1. O repórter me perguntou se eu nunca viera à São Paulo.
2. Ele me pediu ( aconselhou ) que não ligasse para aquelas
notícias.
3. Eu lhe disse que, se pudesse, iria vê-la no dia seguinte.
4. Paulo me disse que fora ao cinema no dia anterior.
5. A menina me disse que estaria vindo a meu encontro.
6. O professor ordenou-me que saísse de sala.
7. O menino ameaçou que aquilo não ficaria assim.
8. Confessei que gostava de comidas pesadas.
9. Prometi à artista que apreciaria a sua obra.
10. Ordenei ao menino que não fizesse aquilo.
Exercício 6:
D: 1, 2, 3, 9, 10, 11, 12, 15, 16, 21, 22, 23, 25, 26, 30.
C: 4, 5, 6, 7, 8, 13, 14, 17, 18, 19, 20, 24, 27, 28, 29, 31, 32.
Exercício 7:
1. Substantivo no grau diminutivo.
2. Substantivo usado em tom depreciativo.
3. Substantivo usado em tom depreciativo.
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4. Substantivo usado, indicando elogio.
5. Substantivo usado, indicando carinho.
6. Substantivo usado , indicando intensidade.
7. Substantivo usado, indicando carinho.
8. Substantivo usado, indicando depreciação.
9. Substantivo que perdeu seu significado inicial.
10. Substantivo que perdeu seu significado inicial.
Exercício 8:
1. Qualquer morro.
Um morro específico.
2. A segunda frase, diferentemente da primeira; indica grau de
amizade, conhecimento.
3. Na primeira frase, o vocábulo indica posse.
Na segunda, “dentre outras, esta é a minha.”
4. Na primeira frase, há a idéia de posse.
Na segunda, o vocábulo indica “aproximadamente”.
5. Na primeira, posse; na segunda, “aproximadamente”.
Exercício 9:
1. Superlativação, através da prefixação.
2. Superlativação, através da repetição de adjetivo.
3. Superlativação, através de uma comparação.
4. Superlativação, através de uma expressão idiomática.
5. Superlativação, através da repetição do artigo e do
substantivo.
Exercício 10:
1. ... pois ele me abraçou com tal ímpeto.
2. ... portanto, não se preocupe.
3. ... conseqüentemente, não posso ajudá-lo.
4. ... embora insista em sair sozinho.
5. ... apesar de ser bem cuidado.
6. ... se fossem considerados os resultados.
7. ... portanto, não fiquem ansiosos.
8. ... quando ( assim que ) o professor chegou.
9. ... mas contratou uma empresa.
10. ... apesar de o professor ser experiente.
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Exercício 11:
Sugestão de resposta:
1. Não fui à festa, pois chovia.
Irei à festa se não chover.
Irei à festa embora chova.
2. Ele foi aprovado, já que estudou.
Ele será aprovado caso estude.
Ele não foi aprovado, ainda que estudasse.
3. Ele ganhou o prêmio, uma vez que foi merecedor.
Ele ganhará o prêmio, desde que seja merecedor.
Ele ganhou o prêmio, mesmo não sendo merecedor.
4. Como estivesse falido, ele precisou de dinheiro.
Ele não precisará de dinheiro, a não ser que venha a falir.
Ele não precisou de dinheiro, apesar de falir.
Exercício 12:
Resposta pessoal do aluno.
Exercício 13:
1. modo. 2. lugar, destino. 3. condição. 4. origem.
5. causa. 6. meio. 7. finalidade. 8. finalidade. 9. causa.
10. condição.
Exercício 14:
1. Estas – aquele.
2. buscá-lo.
3. O time está fraco / Ela está fraca.
4. A música que ele cantava era bonita.
5. Aquela é a garota de cujos olhos eu gosto.
6. e seus cúmplices.
7. Aquele – este.
8. evitá-lo.
9. A casa pode receber / Ela pode receber.
10. Ela.
Exercício 15:
1. metáfora. 2. comparação. 3. metonímia. 4. metonímia.
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5. metonímia. 6. prosopopéia. 7. sinestesia. 8. perífrase.
9. metáfora. 10. metonímia.
Exercício 16:
1. onomatopéia. 2. repetição. 3. silepse de gênero.
4. silepse de número. 5. silepse de pessoa. 6. pleonasmo.
7. polissíndeto. 8. elipse. 9. inversão. 10. elipse.
11. pleonasmo. 12. onomatopéia.
Exercício 17:
1. antítese. 2. eufemismo. 3. gradação. 4. hipérbole.
5. personificação.
Exercício 18:
1. e; 2. a; 3. onomatopéia; 4. a; 5. d; 6. e; 7. d; 8. d;
9. b; 10. d; 11b; 12. metonímia. / “Minha mãe e eu ficamos
cercados de mulheres.”
Exercício 19:
1. cacófato. 2. solecismo. 3. eco. 4. ambigüidade.
5. colisão. 6. pleonasmo. 7. estrangeirismo. 8. ambigüidade.
9. eco. 10. ambigüidade.
Exercício 20:
1. emotiva. 2. emotiva. 3. fática. 4. emotiva. 5. emotiva.
6. fática. 7. conativa. 8. poética. 9. referencial. 10. poética.
11. referencial ( conativa ). 12. conativa. 13. metalingüística.
14. fática. 15. metalingüística. 16. referencial. 17. emotiva.
18. referencial. 19. conativa. 20. emotiva. 21. emotiva.
Exercício 21:
Sugestões de respostas:
1. O normal é o comparecimento das pessoas.
2. Meu medo é a sua insistência no erro.
3. Não me causa espanto tua vinda com desculpas.
4. Espero teu telefonema.
5. Aguardo sua resposta aos apelos.
6. Precisei da compreensão de todos.
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7. Ele garantiu solucionar o problema.
8. Considero justo o seu pedido.
9. Julgo boas as condições do tempo.
10. Acho inúteis teus esforços.
11. Necessitei da ajuda de todos.
12. Comuniquei-lhe chegar à noite.
13. Garanti estar a seu lado.
14. Acreditei precisar de teus conselhos.
15. Entendo serem inevitáveis as mudanças.
16. Creio serem viáveis as soluções.
17. Percebo serem excelentes as oportunidades.
18. Tenho um irmão estudante de engenharia.
19. Ele tomou uma decisão comovente.
20. Esta é uma pausa refrescante.
5. e.
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c) A portaria proíbe ainda a menores irem a motéis e a
comparecer a rodeios, desacompanhados ou sem a autorização
dos pais.
8. d.
17. e.
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19. a) Uso de expressões vulgares e de estrangeirismos.
b) A princesa Diane já passou por situações
desagradáveis, quando, por exemplo, seu ex-marido Charles
revê um caso de amor com a senhora Camille, fato que foi do
conhecimento de todos.
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27. Anteontem, uma usuária ouviu com riqueza de detalhes a
discussão de um homem, casado, com sua amante, grávida de
sete meses.
39. Adversativo.
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40. Na primeira, ele foi e deverá voltar logo (se já não voltou);
na segunda, ele deverá permanecer algum tempo considerável
em São Paulo.
Dúvidas:
palavrasdehonra@bol.com.br
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