You are on page 1of 4
A homeopatia como ferramenta de controle de helmintos gastrintestinais em caprinos criados em sistema extensivo caprinos. AS atuais limitagdes impostas a0 uso de subs- ‘fincias farmacologicamente ativas em animais produ- tores de alimentos para consumo humano tem desper- tado crescente interesse pela homeopatia. O objetivo deste estudo foi o de avaliar a eficiéncia de medica- ‘mentos homeopiticos (Fator verme®, Arenales) no controle de helmintos gastrintestinais em caprinos. 0 estudo foi realizado no Sudoeste da Bahia por um pe- riodo de trés meses. Foram utlizadas 40 cabras SRD ‘adultas, mantidas sob sistema extensivo de eriagao. A utilizagdo sistemética do produto homeopitico, du- rante 84 dias, mostrou-se eficaz para o controle do niimero de OPG de helmintos gastrintestinais em I.F.CRUZ!,A.E.S, VIANA',D-F. OLIVEIRA',R.C.N, FERRAZ',M. P. MAGALHAES',D. D. SANTOS',R. S. \Jurandir Ferreira da Cruz, jferue@uesb.be, Médico-Veteri hrio, DSc, Professor Adjunto do Departamento de Fitotecaia ¢ Zoseeia, Universidase Eade: INTRODUCAO a do Sudoeste da Bahia, Vita MATERIAL EMETODOS ca ae BA, uae RESULTADOS EDISCUSSAO nselmo Eloy Silveira Viana, Eng. Agronomo, D.Sc., Professor ‘CONCLUSAO ‘Adjuto do DF2, UESB, Viera dda Conquista, BA, BRASIL. ine Fernandes Oliveira ¢ Z Rita de Cassia Nunes Ferraz, INTRODUCAO GGreuagan em Zootecia, UESB, Itapetinga, BA, BRASIL. "Monica Pinheiro Magalhaes, “Médica-Veterinsra, Especalista, UESB, Vitoria da Conquista, BA, BRASIL, Nos iiltimos anos, os setores responsé- veis pela sade animal ém experimentado cres- Cente interesse pela homeopatia. As razGes que justificam esse fato esti sustentadas em dois relevantes aspectos. Primeiro, as atuais limita- ‘¢5es impostas quanto ao uso de substincias farmacologicamente ativas em animais produ- tores de alimento para consumo humano. Ou- ‘ro fator importante € a resistencia dos endo- parasitas gastrintestinais aos anti-helminticos disponiveis no mercado. Estes dois aspectos 1ém motivado 0 estudo de métodos alterati- vos para o controle das afecgdes que acome- tem os animais, Na caprinocultura 0s helmintos repre- sentam um dos principais problemas sanitari- Santos, Médi Expecialista UESB, Vitoria da Conquista, BA. BRASIL, "Ricardo Santos Cruz, Bolsiss de Tniciagdo Cientfica da FAPESB, ‘UESB, Vitra da Conquista, BA, BRASIL. Aline Dantas Cruz, Académica de Medicina Veterinéria, Centro Universitrio de Vila Velha, ES, BRASIL, Farouk Zacharias, Médico Ve- terinirio, MSc. Empresa Balana de desenvolvimento Agricola ~ Salvador, BA, BRASIL. A Hora Veterinria — Ano 26, 1° 154, novembro(dezembro/2006 CRUZ!,A.D.CRUZ?,F. ZACHARIAS? 6s, causando danos a sade dos animaise pre- juizos econdmicos aos proprietirios. Esta afecedo, quando nao causa a morte, reduz a taxa crescimento e comprometea produ © controle dessa enfermidade, especialmente na espécie caprina, tem sido dificultado, entre outros fatore, pela acelerada eapacidade dos endoparasitas desenvolverem resistencia 20s principios ativos uilizados (Ridinger, 2002). (Os produtos homeopaticos, se eficazes, poderao contribuir para a melhoria da sauide animal, bem como proporcionar produtos li- ‘wes de residuos quimicos. (0s prinespios da homeopatia veterindria so basicamente os mesmos da medicina ho- ‘meopatica (Hahnemann, 1996). A homeo patia trata oindividuo como um todo, compre endendo a manifestagao da doenga como con- seqiiéncia do desequilibrio energético do or- ‘ganismo, A medicaco homeopstca tem origem « partir de vegetais, mineras e animaise, esses produtos sio preparados através de sucessi- ‘vas diluigdese dinamizagbes (Teixeira, 2003), (0 objetivo deste estudo foi obter infor- ‘mages acerca da eficiéncia de medicamentos 3 homeopaticos (Fator vermes®, Arenales) no controle de hhelmintos gastrintestinais em caprinos criados extensivamen- te, através dos pardmetros parasitolégicos e escore corporal MATERIALE METODOS Local do experimento eanimais (0 estudo foi realizado em uma propriedade rural no su- doeste da Bahia (15°3153”S; 40°54’ 34”O), no perfodo de ju- Iho a setembro, Foram utilizadas para.o estudo 40 cabras SRD ‘adultas, com idade média de 48,0 + 5.4 meses ¢ escore corporal médio de 2,8 + 0,3, mantidas sob sistema extensive de criagao. Procedimentos experimentais No inicio do experimento foram colhidas amostras de fezes dos animais para o exame parasitol6gico quantitative © qualitativo, ou seja, a contagem de ovos por grama de fezes (PG) larvocultura. Os 40 animais, apés a primeira bateria de exames (OPG,), foram distribuidos em quatro grupos de 10 ‘animais cada, constituindo-se assim, os quatro tratamentos: , -Este grupoapresentando média de 1.860 OPG reecbeu, via oral, vermffugo alopitico, & base de moxidectina a 0.2% na dose de 0,2 mg/kg de PV ou 1 ml para cada 10 Keg de peso vivo: ‘T, — Este grupo apresentando média de 2.080 OPG rece bu, diariamente, suplemento mineral comercial ad libinumn, ‘com composigio apresentada no rGtulo, send para cada 1,000 g:10lgde Ca, 73g de P, 105 mg de Co, 270mg de oxitetraciclina €7.720 mg de febendazole, além de alho como fonte de niacina, niboflavinae tiamina, T,—Este grupo apresentando média de 1.990 OPG rece- beu, misturado ao sal mineral, 0 produto homeopstico (Fator Vermes®, Arenales), ad libitum, conforme recomendagio do fabricante, 1,6 gramas/cabeca/dia do produto; ‘T, — Este grupo apresentando média de 240 OPG, assim como o grupo T3, recebeu misturado ao sal mineral, o mesmo produto homeopatico e na mesma dosagem, ressaltando-se que a diferenga entre estes dois grupos foi o nivel de infestagao, parasitria Nos tratamentos T3 e T4, a ingestio almejada de 1,6 g/ cabidia do produto homeopatico foi assegurada através da :istura com 23,4 kg de sal mineral para caprinos, admitindo-se ‘uma ingestio média de 25 gramas de sal mineral/cabega/dia. (© monitoramento do nivel de infestacio foi realizado a intervalos de 14 dias durante trés meses, por meio de conta- ‘gem de ovos por grama de fezes (D0, D4, D28, D42, D56,D70 e D84) c larvocultura (D0, DI4e D84), As 40 amostras foram avaliadas individualmente, através de OPG e, coletivamente, através de exame de cultura de larvas (uma amostra composta por tratamento). Como parametro auxiliar, no momento das coletas, foi feita uma avaliagdo da condigiio corporal - BCC (escala de 0-5) dos animais, Esta avaliagao, apesar de subjetiva, foi realizada sempre pela mesma pessoa, Anélise estatistica ‘O delineamento estatstico foi inteiramente casualizado, ‘em parcelas subdivididas, tendo os tratamentos como parce- las prineipais eo ntimero de OPG como subparcelas. Os dados 38 foram transformados para raiz(aiz(x-+0,5)).O estudodas médi- as dos tratamentos foi feito usando o teste Tukey e a andlise de regressio (P<0.05). RESULTADOS E DISCUSSAO (Os exames realizados no DO revelaram que 75% (30/40) dos animais apresentaram significativo grau de parasitismo, com uma média de 1.976 = 152.OPG. Ainda que seja questio- nivel a definigdo de um patamar referencial parao OPG, quan do considerado de forma isolada, devido& grande variabilida- dede respostas (Albers eral., 1987), 0 valor encontrado suge ria necessidade de controle parasitiio. NoD14,0T! foi significativamente superior aos demais tratamentos para redugdo do OPG (P<0,05). Este watamento manteve o OPG baixo por eerea de 60 dias, no D70 apresentou média de 944 OPG e, no D84 sugeria necessidade de nova intervenci (1.931 OPG). ‘0 tratamento T2 apresentou discreta redugdo do OPG. ros primeiros 30dias, estabilizou entre o D28 e056, € partic deste momento apresentou progressiva elevagao até aleangar 3.419 0G no D84. ( tratamento 73 apresentou um perfil oscilante entre 0 14 e 0 D70, mas em média superior ao patamar referencial liza (800 OPG). No entanto, as 84 das 0 OPG foi inferior aos demas dias de contagem (P<0,05). O OPG do T3 foi infer or também aos tratamentos TI € T2 no D84 (515 vs 3419 € 1.931, respectivamente) (© tratamento T4 apresentou progressiva elevagi0 do PG até oD70, mantendo-seabaixo do patamar referencia aé 0 D42, No periodo entre D56.e D70 apresentou valores signi- ficativamente superiores 20s iniciais,aleangando valor seme- Iante ao'T3 no D70, Mas, da mesma forma que 0 T3, no D84 (0 OPG eaiu para valor semelhante ao inicial (244 €485, respec- tivamente), apresentando também, OPG significativamente inferior (P0.05) sos ratamentosT €T2 (Tabela D Os ECCs médios apresentados, no decorrer do experi- mento, variaram de 2.7 a3,5;2,742,3;2.7 03,5 ede28a355, para I, 72, T3e74,respectivamente. Ao final do experimento (D84), 0s ECCs foram de 3,2;2,3; 3,5 e3,5, namesma ordem, Figura 1. Médias aritméticas de nimero de ovos por grama de fezes (OPG) em caprinos SRD criados extensivamente © submetidos a iratamentos com moxidectin (T1), sal organofés (T2)¢ Fator vermes® (T3 ¢ T4), durante 84 dias no perfodo de julho a setembro, no Sudoeste da Bahia. A Hora Veterindria ~ Ano 26, n° 154, novembro/decembro/2006 Em trabalhos anteriores foram verificados resultados po- sitivos no controle dos danos causados pelas endoparasitoses. ‘As medicagbes homeopiticas Ferrum phosphoricum ¢ ‘Arsenicum album, usadas de forma altemada pot sete dias, fo- rameficazes em 92,9% parao controle da hemoncose em cabras leiteiras (Zacharias et al,2003). A utilizagao da Artemisa cina, ‘ainda que nao tenha baixado significativamente © mimero de (OPG foi efieaz para reduziraocomréncia de patologias causadas pelos helmintos na especie ovina (Cabaret, 1996). Em relagio ao tempo de ago do produto homeopatico (73 ¢ T), os resultados obtidos no presente estudo sugerem ue, independentemente do nfvel de infestagao parasitéria ini- cial, o tempo demandado para 0 controle do OPG parece ser semelhante. Esses resultados reforgam a idéia de que, diferen- temente do prinefpio alopstico, a ago dos produtos homeopé- ticos ocorre de mancira lenta e progressiva, restabelecendo 0 cequilibrio do organismo e nfo a cura imediata da enfermidade. Nos exames de larvocultura realizados no DO, foram en- contrados os géneros Haemonchus sp, Trichostrongylus sp, Nematodirus sp, Strongyloides sp e Ostertagia sp; nos exa- mes nos dits D14.e D84, & excegtio do Nematodirus sp, todos ‘08 outros gneros foram encontrados. Ressalta-se que na ‘cultura do TI no D14, nio foi verificada presenga de larvas de hhelmintos pastrintestinais. Nos tratamentos T3 ¢ T4 verificou- se redugio relativa do género Haemonchus sp entre os dis DO e Did e posterior elevagio até 0 D84, enquanto que © ‘género Trichostrongylus sp apresentou um comportamento inversono mesmo periodo (Quadro 1). CONCLUSAO Auutilizagao sistemitica e por perfodo de 84 dias do pro- duto homeopético (Fator vermes®) mostrou-se eficaz para o controle do nimero de OPG de helmintos gastrintestinais em ‘caprinos criados extensivamente, Por outro lado, o acompa- hamento da condigo corporal dos animais, revelou que 0 ‘exame de OPG niio deve se constituir em pardmetro tinico para avaliar a eficacia de produtos homeopiaticos. ‘Tabela 1, Ntimero médio de ovos por grama de fezes (OPG) em caprinos SRD criados extensivamente « submetidos a tratamentos com moxidectin (T1),s sl organofés (T2)¢ fator vermes® (T3 e TA), zo periodo de julho a setembro, no sudoeste da Bahia ‘Tratamento Do Dis Dis Da Dso Dw Daw Ty 1860" ioe 205° 225 36 7h gaye meoa T, 2133 = 141781156" 1260 1243 1756 3419" Ts 1990" 25st 1715“ 1435*8* 2040" 1910s 515 Ts 24g 35s ssot 4s 1110" 1715! Wip.4g5t* Quadro 1. Géneros de parastas gastrintestinais encontrados em exames de larvocultura, em eaprinos SRD submetidos a tratamento com moxidectin (T1), sal organof6s (T2)e fator vermes® (T3 € T4), no perfodo de julho a setembro, no Sudoeste da Bahia Do D-14 D-84 ] T, (moxidectin) 30% | Haemonchus sp Hacmonchus sp 31% | Trichostrongylus sp 12% | Trichostrongylus sp ‘Trichostrongylus sp 19% _| Hacmonchus sp 7% _[ Nematodirus sp ‘Nematodirus sp 0% | Nematodirus sp_ % | Strongyloides sp Strongyloides sp (0% _| Strongyloides sp Ty (sal organofos) 77h | Haemonchus sp Haemonchus sp ‘84% _] Haemonchus sp 22% | Trichostrongylus sp Trichostrongylus sp 12% | Trichostrongylus sp 1% _[Songyloides sp_ Strongyloides sp_ 4% _| Nematodirus sp T (homeopatia*) 87% | Haemonchus sp 0% _| Haemonchus sp 88% | Haemonchus sp 7%_| Trichostrongylus sp__ 100% _| Trichostrongylus sp 12%_| Trichostrongylus sp 0% | Ostertagia sy 0% | Ostertagia sp 0% _| Strongyloides sp (0% _| Strongyloides sp Ty atia®*) ‘Haemonchus sp 9294 [Hacmonchus sp Trichostrongylus sp 5% | Trichostrongylus sp Strongyloides sp 3% _| Strongyloides sp A Hora Veterindria ~Ano 26, n° 154, novembro/dezembre/2006

You might also like