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Perguntas freqüentes sobre Plantas de Poder

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Sobre este trabalho: Este texto foi desenvolvido na lista de discussão Terra Mística e objetiva trazer
orientação quanto às plantas de poder e seus usos. O material foi compilado a partir de relatos, perguntas,
dúvidas e experiências dos membros da lista. Não visa ser um documento rígido que contém verdades,
apenas pontos-de-vista e experiências.

Participantes: Jaguar Dourado, Agustin Guzmán, Nelson Neraiel, Raphael Guerreiro Coiote, Tatiana
Meurer(Menkaiká), Gelson(Lama), Gilson Júnior, Julio Gonçalves, Guardião do Portal, Regina Lima, Cláudia
Mello(Morgana), Edgard Piccino.

O que são as plantas de poder?

Plantas de Poder são um caminho, um entre vários caminhos dentro da medicina tradicional. Alguns
chamam-nas de enteógenos, psicoativos ou alucinógenos. Vários povos utilizaram as plantas para diversos
fins, para terem visões devido a seus efeitos psicoativos, para conectarem-se com o plano divino e espiritual,
para trabalho interior, expansão da consciência, para cura de diversas enfermidades físicas, emocionais e
espirituais. Dos siberianos aos celtas, dos astecas, incas, maias, nativos americanos, até os povos indígenas
do extremo sul das Américas, o uso de determinadas plantas às quais são atribuídos poderes de cura e
conexão já vem de tempos remotos. Nas Américas, as plantas mais utilizadas são a Ayahuasca(também
conhecida como Yagé, Caapi, Corda da Morte, Banisteriopsis caapi, entre outros nomes), o cactus
Wachuma(cujo nome católico é San Pedro e científico é Trichocereus Pachanoi, ou Peruvianus), o cactus
Peyote, a Jurema (no Brasil) e certos tipos de cogumelos.

Como exemplo, temos o uso do Wachuma, cujos registros arqueológicos de seu uso remontam há pelo
menos 3000 a.C., na tradição Chavin de Huantar, nos Andes peruanos.

A Ayahuasca é uma planta da selva amazônica, cujos registros arqueológicos também datam de épocas
remotas. Esta planta também é utilizada hoje em algumas doutrinas como o Santo Daime.

No Equador, na península de Santa Elena, há figuras de cerâmica de 4000 a.C. onde aparecem curandeiros
mascando e inalando determinadas plantas.

Algumas plantas de poder são consideradas drogas ilícitas como por exemplo o cogumelo de zebu
(Strophalia Cubensis), Trombeta (Datura) e a mal utilizada Maconha (Canabis Sativa). Já o Daime, ou
Ayahuasca, não é considerado droga e seu uso é aceito em todo o território nacional(no caso do Brasil), em
contexto religioso. Isso varia de país para país.

Outras plantas sagradas das Américas, que não são ordinariamente classificadas como psicoativas, mas que
também fazem parte da medicina tradicional ameríndia são a coca, o ipadu(uma espécie de coca brasileira) e
o tabaco, sendo este largamente utilizado em rituais em toda a América Nativa.

Como as plantas de poder agem na gente?

A planta de poder age expandindo a consciência, aumentando a percepção e a sensibilidade, retira os


"filtros" entre nosso consciente e inconsciente e as barreiras que temos como realidade ordinária,
permitindo-nos explorar outras dimensões do nosso ser e do universo. Desperta as pessoas, fazendo com
que descubram seu poder, e as torna muito mais conscientes para caminhar na vida. Abre a mente para o
autoconhecimento, expulsa do corpo sentimentos de raiva, ódio, depressão, dor, traumas e medos, fazendo
com que as respostas sejam buscadas dentro, já que tudo está dentro de nós.

O princípio ativo da planta, ou da junção de algumas plantas, atua nessa expansão em nosso cérebro, atua
ocupando os receptores de serotonina que é um neurotransmissor associado aos nossos estados de humor e
bem estar. Na Ayahuasca, por exemplo, os princípios ativos são o inibidor da monoamino-oxidasa (IMAO) e a
dimetiltriptamina (DMT). No Peyote e Wachuma, é a mescalina.

Mas isso não é somente químico, pois há o espírito mestre da planta atuando, bem como a energia de quem
prepara a bebida, o que exige cuidado, seriedade e sabedoria.

Durante o trabalho com as plantas, ou seja, durante o período em que dura o seu efeito, podem haver
momentos maravilhosos e momentos simplesmente aterradores. Muitas vezes juramos que não sairemos
vivos ou que jamais retomaremos o estado mental normal de novo.
A planta provoca de alguma forma uma limpeza geral a nível físico e emocional, seja através de visões,
sonhos, ou manifestações físicas de catárse como o riso, o choro, vômitos ou diarréias. Dependendo da
planta utilizada, estas sensações podem ocorrer separadas ou ao mesmo tempo. A ocorrência em algum
grau de acontecimentos desagradáveis são comumente chamados de peia ou purga. A combinação entre o
uso de plantas de poder e uma disciplina que conduza ao silêncio interior é uma combinação poderosa para
provocar estados alterados de consciência com controle e sobriedade.

As plantas de poder buscam na origem a cura de nossas enfermidades, pois acredita-se que uma
manifestação física de uma doença tem fundo emocional, psicológico ou espiritual, sendo, então, que o que
se faz é tratar a origem, e não somente o sintoma ou manifestação.

Quem pode usar plantas de poder, existe alguma contra indicação?

A princípio não existe contra-indicação e dependerá da planta a ser utilizada e também de quem ministrará a
medicina. Não é restrita a iniciados e qualquer pessoa pode buscar este caminho de cura, mas é
extremamente aconselhável que seja tomada com o acompanhamento de alguém que conheça bem a
medicina, como por exemplo, um médico tradicional, um curandeiro. Alguns acreditam que não é adequado
ingerir plantas quando se faz uso de determinados medicamentos que atuam no cérebro, como os anti-
depressivos, tipo fluoxetina ou prozac. Também diabéticos não devem fazer uso de planta porque aumenta o
nível de glicose, ou que também não é aconselhável a toma por pessoas que tenham algum distúrbio como
psicoses, transtornos, esquizofrenia, ou similares. Há casos de pessoas com problemas de desquilíbrio
mental que foram curadas. Logo, tudo isto dependerá de quem ministra a medicina e de que planta será
ingerida. Normalmente há uma dieta antes da toma da medicina, um jejum, ou a supressão de
determinados alimentos como a carne. Alguns utilizam a abstinência sexual durante algum tempo que
precede os trabalhos.

Há uma espécie de "chamado" da planta, quando sentimos que estamos prontos, ou quando sentimos que
há necessidade de fazer o trabalho tomando a medicina, ou não. Deve-se sentir no íntimo se deseja
comungar com o espírito da planta e entregar-se ao desafio de conhecer e curar a si mesmo. Os efeitos a
nível espiritual e emocional da planta ingerida nos traz a ampliação da percepção, que não ocorre somente
durante a toma, mas são coisas com as quais a pessoa tem que aprender a lidar depois, já que uma vez que
se entra em um outro nível de percepção, muita coisa muda a sua volta. Novas possibilidades e desafios se
descortinam, e é sempre bom alguém que tenha muito conhecimento na área para que possa orientar no
processo, pois ele não é somente naquele momento. Geralmente se fica mais perceptivo e mais
introspectivo, criativo, enfim, o processo é muito pessoal, é um processo de descoberta de si mesmo.

Planta de poder não é droga? Pode causar dependência química?

Droga é um termo que assumiu uma conotação pejorativa no decorrer do tempo, mas é um termo
farmacológico que se aplica a vários tipos de medicamento, inclusive à mais simples aspirina que se compra
em uma farmácia. No sentido pejorativo, planta de poder não é droga e nem causa dependência química.
Muito pelo contrário, é uma medicina, sendo, inclusive, usada para a cura de dependência de adições como
álcool e outras substâncias químicas que realmente causam dependência e degeneração do indivíduo. Um
exemplo é o centro Takiwasi no Peru, que desenvolve esse tipo de trabalho. Mas toda planta, todo ser vivo,
tem em si o veneno e o antídoto, deve ser manipulada com sabedoria e conhecimento, existe dosagem
certa, e como já foi mencionado, deve ser preparada por alguém que entenda e tenha conexão com o
espírito mestre da planta. Estudos realizados com a mescalina e com a Ayahusaca (publicados em Uso Ritual
da Ayahuasca, Ed. Mercado de Letras) confirmam que não causam dependência química.

Qual a real necessidade da utilização de uma planta de poder? O seu uso não pode ser substituído
por exercícios ou outras práticas?

Algumas culturas usam as plantas de poder para fazerem suas conexões, iniciações e, principalmente, para
conhecerem e desenvolverem o potencial que todo o ser humano é capaz de ter, sendo a chave o
autoconhecimento através das visões e do contato com os planos mais íntimos e mais longínquos, ou
encontrando a origem de muitas enfermidades. Embora muitos relatos se pareçam, as visões, mirações,
sensações, a experiência é extremamente pessoal. É um dos caminhos da medicina tradicional, mas não é o
único. Existem outras práticas que permitem a expansão da consciência. Em outros casos, técnicas de cura e
meditação, aliadas ao uso de plantas de poder aceleram o processo.

Por que algumas pessoas afirmam que mulheres não precisam utilizar as plantas de poder para
atingir determinado nível de percepção?

Essa afirmação deriva em parte da obra de Carlos Castaneda, pois ele afirma que por possuírem o útero as
mulheres têm maior facilidade para atingir certos níveis de percepção. Mais isso não acontece à toa, são
necessárias práticas adequadas. Por outro lado, homem ou mulher, vai usar a planta se sentir que tem que
usar, se tiver necessidade de conexão utilizando as plantas. Homens e mulheres sentem a energia
diferentemente, trabalham com a energia de forma diferente. Isso não quer dizer que um seja superior ao
outro, são apenas diferentes.

Quais são as plantas de poder utilizadas atualmente em rituais e quais as suas origens e usos
específicos?

Os usos são variados, sendo os principais a cura de enfermidades, a expansão da consciência,


autoconhecimento, conexão e equilíbrio. Algumas atuam energeticamente diferente. O trabalho com as
plantas não necessariamente precisa estar relacionado a alguma doutrina. Há milhares de anos nossos
ancestrais usam as plantas para os seus mais diversos fins, sem estarem atreladas a determinados dogmas
ou doutrinas. No Brasil, há doutrinas que mesclam elementos afros e indígenas, em outros países da
América Latina isso seria inconcebível. Varia de cultura para cultura. Mas essa questão também é particular
de cada um. Alguns trabalham dentro de doutrinas, como o Santo Daime, outros trabalham individualmente,
ou em pequenos grupos, sempre, e preferencialmente, auxiliados por um alguém iniciado que tenha
conhecimento profundo do trabalho e grande conexão com o espírito mestre da planta. As plantas mais
utilizadas são a Ayahuasca (Yagé, Daime, etc, usadas em lugares como o Brasil e Peru, originárias da selva),
Wachuma (San Pedro, utilizada nos Andes), Peyote (no México), Jurema (no Brasil). Mas existem outras
como a Sálvia Divinorum, cogumelos, etc.

Com que freqüência devo usá-las?

Isto depende muito da orientação e do tipo de trabalho que se está fazendo. Antropólogos fizeram estudos e
sugerem o uso em intervalos de 15 dias. Também depende da prontidão da pessoa em querer usar, se sente
que tem que usar com mais ou menos freqüência. O importante é ter orientação de pessoa responsável pelo
trabalho. Cada pessoa vai funcionar de uma forma, alguns precisam tomar poucas vezes, outros com mais
frequência, outros nem tomam... Cada um tem uma visão do processo. A toma deve ser feita quando se
sentir necessidade.

Seu uso pode desencadear desequilíbrio mental?

Se a pessoa não tem nenhum dos problemas que seriam "desaconselháveis" para a toma, conforme
colocado antes, não há porque desequilíbrio mental. O que pode ocorrer é a pessoa se meter com alguém
que não sabe lidar com a planta e depois não ter a orientação adequada para lidar com as mudanças e
expansões perceptivas. Algumas pessoas acreditam que se há algum desequilíbrio mental, ele pode se
manifestar, outros acreditam que tais desequilíbrios podem ser curados com o uso da medicina. O
importante é saber que o uso da medicina busca justamente o equilíbrio do ser em todos os níveis, é cura.

O uso das plantas de poder é restrito a iniciados?

Depende da cultura. As plantas estão aí para quem busca este caminho de cura e conexão. Geralmente não
está restrito a iniciados, mas devem ser ministradas por iniciados ou profundos conhecedores da medicina.

Como e onde usar as plantas de poder?

Seja em grupo, trabalho individual, ou em alguma doutrina, é importante sempre observar a energia do local
e, principalmente, da pessoa que vai ministrar a planta. Muito cuidado com isto. Como é um processo
individual, é importante estar em um local tranquilo que proporcione a introspecção.

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Terra Mística - lista de estudos e debates sobre xamanismo e medicina tradicional

br.groups.yahoo.com/group/terramistica - www.terramistica.com.br

Nota: (Ao reproduzir este material, solicite autorização prévia e cite a fonte.)

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