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O OLIGOPÓLIO DA FÉ
O OLIGOPÓLIO DA FÉ
Autorização do aluno
_________________________________________________________________
Local e data
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
À Profa. Mestre Ivana Pereira Goulart, pela atenção e apoio pedagógico na área
de marketing e orientação acerca dos métodos e técnicas para realização de
entrevistas acadêmicas.
Ao Prof. Dr. Carlos Alberto da Cunha Almendra, pela atenção e orientação acerca
dos métodos e técnicas para realização de entrevistas acadêmicas.
v
Aos Profs. Dr. Lineu Carlos Maffezoli e Dra. Nelly Maria Sansigolo de Figueiredo,
pelas aulas indispensáveis para elaboração deste trabalho.
Finalmente, a todos os familiares, amigos e colegas sem os quais este estudo não
seria possível, pela atenção, incentivo e compreensão, sempre presentes nas
inesgotáveis e proveitosas conversas.
vi
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
ANEXO VII – Média de anos de estudo por religião – Brasil – 1991-2000 123
LISTA DE APÊNDICES
GM General Motors
(continua)
xi
(continuação)
IM Igreja Metodista
RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Karl Polanyi. A grande transformação – as origens da nossa época. 5ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000,
349 p.
3
2
As Redes Record de rádio e televisão (terceira maior do país) e Mulher de televisão, por exemplo, são
grupos de emissoras de propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus; ao mesmo tempo, a Igreja
Católica Apostólica Romana do Brasil desenvolve suas três emissoras de TV: Rede Vida, Canção Nova e
Século XXI.
3
José de Alencar, vice-presidente da República durante o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
filiou-se em 2005 ao Partido Municipalista Renovador (PMR), criado pela Igreja Universal do Reino de
Deus, na figura de seu fundador, o bispo Edir Macedo.
4
4
Luciana Farnesi. Um mercado movido pela fé. Revista Exame, 16 Fev. 2005, p. 60-61.
5
A venda de livros religiosos nos EUA representa cerca de 11% de uma indústria cujo faturamento se
aproxima de US$ 14 bilhões, de acordo com Sérgio Dávila. Direita religiosa mostra rosto e lucra nos EUA de
Bush. Folha de São Paulo, Califórnia, 27 Mar 2005, caderno A, p. 15.
6
Sérgio Dávila, op. cit.
5
com a esfera econômica. Neste grupo destacam-se célebres como Max Weber
(1967), Pierre Bourdieu (1974) e Peter Berger (1985); subsidiando os estudos que
se confrontariam com as idéias econômicas de Paolo Sylos-Labini (1986), Joe
Staten Bain (1956; 1963) e tantos outros. Somados a isso, contamos com
dezenas de textos oriundos das mais diversas fontes, dentre as quais se
destacam notícias, matérias e artigos de jornais e revistas da grande e pequena
imprensa; dissertações e um conjunto de dados e informações relevantes,
organizados por institutos de pesquisa como o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e o Centro de Políticas Sociais (CPS) do Instituto Brasileiro de
Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV). Além terem contribuído
grandemente os resultados de entrevistas com representantes de instituições
religiosas ou relacionadas, e as muitas discussões informais com professores e
amigos propiciadas no ambiente acadêmico e pessoal.
O presente assunto que muitas vezes tem sua abordagem polemizada em
decorrência da natureza dos valores que são postos à prova em cada discussão,
centrou-se tão somente em sua proposta acadêmica mais simples, que relaciona
dois conceitos muito próprios através de um estudo imparcial e, portanto,
tecnicamente desprovido de preconceitos que pudessem eventualmente distorcer
tendencialmente seus resultados. Assim, limita-se às fronteiras do método
científico sem invadir o campo das opiniões pessoais.
Desta forma, ao presente trabalho não atribuímos nem tampouco o menor
resquício de pretensão de reduzir o campo da religião tão somente ao aspecto
econômico e de mercado pelo qual o abordamos. Pelo contrário, reconhecemos
seus vieses independentes em absoluto deste padrão de abordagem e o absurdo
que nos parece submeter a grandeza da religião exclusivamente à dinâmica de
concorrência entre os grupos que a compõem. Neste sentido, em hipótese
alguma este trabalho contempla a idéia de que os indivíduos direta e
indiretamente envolvidos nas relações sociais ligadas ao fenômeno religioso o
fazem por motivações de caráter estritamente econômico. A fé e crença das
pessoas são plenamente reconhecidas e respeitadas, independendo, portanto, da
dinâmica de mercado à qual acreditamos que o campo religioso esteja
inevitavelmente submetido; dada a sucessão de transformações sociais que nos
antecedem e permanecem.
7
7
Anotações de aula de Desenvolvimento sócio-econômico, ministrada pelo professor Lineu Carlos
Mafezolli.
8
E. J. Hobsbawm (1978) apontou em Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo como fator de
vantagem da Grã-Bretanha no campo dos transportes e das comunicações o fato de que nenhuma parte do
país achava-se a mais de 112 Km do mar e menos ainda de algum curso de água navegável.
9
9
Anotações de aula de Desenvolvimento sócio-econômico, ministrada pelo professor Lineu Carlos
Mafezolli..
10
Material de apoio às aulas de Desenvolvimento sócio-econômico, ministradas pelo professor Lineu Carlos
Mafezoli, 2º semestre de 2004.
11
Idem.
12
Idem.
13
Márcio Andreolli, A estrutura oligopolista de mercado: a indústria de cerveja como oligopólio
diferenciado. São Paulo: PUC/SP, 1999. O emprego do termo “rivalidade”, em especial quando associado ao
oligopólio, será explicado no próximo tópico (1.2).
10
14
Karl Marx, “A lei geral da acumulação capitalista”. O Capital. Livro I. 2ª ed., Coleção Os economistas.
São Paulo, Ed. Nova Cultural. 1985 (1867), vol. I, Cap. XXIII: p. 196.
11
15
Atualmente a CBA é apontada como proprietária de pelo menos quinze usinas geradoras de energia elétrica
– duas delas ainda em construção –, responsáveis em conjunto por aproximadamente 2,1469% do potencial
energético brasileiro, de acordo com dados do Banco de Informações de Geração da Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL. Disponível em <http://www.aneel.gov.br>. Acessado em 19 Abr. 2005.
16
Material de apoio às aulas de Desenvolvimento sócio-econômico, ministradas pelo professor Lineu Carlos
Mafezoli, 2º semestre de 2004.
12
17
Estas barreiras serão tratadas no item 1.4, de acordo com os estudos de Bain.
18
Oligo também pode significar pequeno ou deficiente, de acordo com o Grande Dicionário da Língua
Portuguesa (NOVO BRASIL, 1987), verbete “oligo”.
19
Dicionário Priberam, disponível em <http://www.priberam.pt>. Consultar verbete “monopólio”.
13
economia, bem como pela participação deste mercado detida por cada um dos
ofertantes.
O oligopólio pode também ser entendido com uma “tendência que reflete a
concentração da propriedade em poucas empresas de grande porte, pela fusão
entre elas, incorporação ou mesmo eliminação (por compra, dupping e outras
práticas restritivas) das pequenas empresas”, como definiu Sandroni (2001)20.
Naturalmente, este número limitado de ofertantes que concentra
significativos montantes de capital nas mãos de poucas empresas, o que lhes
permite conquistar um poder de mercado diferenciado em relação ao existente em
situação de concorrência entre muitos ofertantes (concorrência perfeita ou,
simplesmente, concorrência), exige dos dirigentes das empresas oligopolistas
atenção redobrada às decisões tomadas por suas rivais.
O emprego do termo rival é, em geral, mais apropriado para definir a
relação existente entre as empresas oligopolistas de um setor, como sugere
Ferguson (2003, p. 369) ao afirmar que “no oligopólio, tecnicamente, falta a
concorrência, porém muitas vezes há intensa rivalidade ou concorrência no
sentido popular”.
O mesmo Ferguson (2003, p. 369) afirma “existir oligopólio quando mais de
um vendedor estiver no mercado, porém quando o número não [grifo nosso] for
tão grande a ponto de se poder negligenciar a contribuição de cada um”,
encerrando, portanto, a definição clássica de oligopólio; trata-se de uma estrutura
de mercado caracterizada pela de existência de poucos ofertantes – pelo menos
dois – de modo que as decisões tomadas individualmente por cada firma não só
podem mas, em geral, de fato afetam o comportamento do setor como um todo.
Doravante conceituado, retornamos então à abordagem do oligopólio do
ponto de vista do problema econômico envolvido, o qual transcende o viés
quantitativo da definição do conceito21, diferenciando qualitativamente esta
estrutura de mercado das demais contempladas pela teoria microeconômica.
De acordo com Ferguson (2003, p. 370), “quando existem poucos
vendedores, cada um deve estar consciente das ações de seus rivais e de suas
reações às mudanças em sua política”; por esta mesma razão, Pindyck e
20
Paulo Sandroni, Novíssimo dicionário de economia. 7ª ed. São Paulo: Best Seller, 2001. Ver verbete
Oligopólio.
21
O número de participantes num mercado é o ponto de partida para definir sua estrutura. Ferguson apontou
como “conveniente” a classificação dos mercados segundo essa diferença. Ver FERGUSON, 2003. p. 269.
14
22
Adam Smith já afirmava em A riqueza das nações que “quando o número de empresários é ou tornou-se
reduzido, fica fácil, para eles, estabelecerem um acordo de controle de preços”, apud Labini (1986).
16
23
Inexistência de barreiras.
17
24
A análise destas formas de mercado foi aprofundada por teóricos da concorrência imperfeita e/ou
monopolística, tais como o próprio Piero Sraffa e Joan Violet Robinson (apud LABINI, 1986).
25
Para Labini (1986), na competição entre produtos não homogêneos o conceito de indústria perde seu
significado e para o conceito de mercado deve-se distinguir o mercado “particular” dos produtos de cada
empresa do mercado “geral”, no qual competem todos os produtos relativamente diferenciados, substitutos
mais próximos uns dos outros.
19
mercado. J. Galbraith (1948, p. 107 apud LABINI, 1986) afirma que o “oligopólio é
a maneira mais apropriada para se analisar os mercados industriais dos Estados
Unidos”, baseando-se nas conclusões de vários estudos empíricos da estrutura
da indústria americana26.
Andreolli (1999) atribui a esse alto grau de concentração a ocorrência de
economias técnicas de escala, do elevado montante de capital inicial mínimo, do
controle de tecnologia ou dos insumos e do privilégio dessas unidades produtivas
em relação às condições de financiamento e crédito.
Além do elevado grau de concentração técnica e econômica (i), são
também características do oligopólio concentrado segundo Andreolli (ii) a
existência de barreiras criadas pela técnica em relação aos rivais27; (iii)
homogeneidade de produtos, em que a diferenciação, quando existe, se dá ao
nível da qualidade ou de especificações dos produtos; (iv) liderança de preço de
uma empresa; (v) técnicas importantes de produção, que permitem a coexistência
de empresas de vários tamanhos numa indústria, gerando, por conseqüência,
diferentes níveis de custos de produção.
Os principais setores onde podem ser observadas situações características
de oligopólio concentrado são as indústrias produtoras de insumos básicos como,
por exemplo, ferro, aço, matérias-primas químicas farmacêuticas, eletricidade,
petróleo, cimento, papel e celulose (ANDREOLLI, 1999, p. 27).
26
J. Galbraith, Monopoly and the concentration of economic power. In: Survey of Contemporary Economics.
Coordenado por H. S. Ellis. Philadelphia: Blakiston, 1948, p. 107. (apud LABINI, 1986).
27
Andreolli (1999) não se refere às barreiras ligadas ao produto final, mas ligadas à técnica de produção.
20
28
Márcio Andreolli, op.cit.
29
Idem, ibidem.
30
Idem, ibidem.
21
31
“Las condiciones de entrada como característica estructural de una industria se refieren a las ventajas que
gozam los vendedores ya estabelecidos en la industria sobre los vendedores potenciales que deseen entrar en
ella” (BAIN, 1963. p. 262).
22
32
Baumol (1947) acreditava que, no intuito de prevenirem-se da contestação, as empresas estabelecidas
tenderiam à máxima eficiência. Assim, manter-se-iam num nível de custos que lhes permitissem transacionar
a preços baixos, de modo que os rivais em potencial não se sentiriam motivados a ingressar no mercado.
33
O exemplo do anúncio de jornal distribuído em quarta-feira deve à presunção de que, em geral, às quartas-
feiras vendem-se menos jornais do que aos domingos.
23
34
“[...] unit costs of production of potential entrant firms are generally and more or less at any common scale
of operations, higher than those of established firms” (BAIN, 1956. p. 144).
24
35
“Buyers may have a preference, transitory or permanent, for some or all established products as compared
to new-entrant products, and this may in essence erect some barrier to entry” (BAIN, 1956. p. 114).
26
por uma marca desconhecida. Mesmo com a perda de uma pequena parcela dos
consumidores de seus produtos, às empresas são compensatórias as elevações
de preços. Não obstante, é prática comum, embora não absoluta, a diferenciação
entre produtos de uma mesma empresa, formando linhas de um mesmo produto,
com níveis de preços diversos, visando atender várias classes de consumidores.
A fidelidade dos clientes pelos produtos das empresas estabelecidas
implica esforços de superação desta barreira pela empresa entrante em potencial,
sujeitando-se à prática de preços mais baixos; com incorporação de tecnologia
superior evidente; e, sobretudo, com muito investimento publicitário e promocional
de vendas para demonstrar a superioridade (física ou abstrata) de seu (ou seus,
eventualmente) produto em relação àqueles que os clientes estão habituados a
consumir.
A diferenciação de produtos é, certamente, o mecanismo de autodefesa
mais importante da estrutura oligopolista. Permite às empresas estabelecidas
vantagens de manutenção do preço praticado, concentrando os esforços de
disputa das participações de mercado nas diferenças de qualidade, embalagem,
durabilidade, desenho, reputação, distribuição, serviços aos clientes e,
fundamentalmente, associado a essas, no emprego da propaganda para
fortalecer sua marca.
A escala de produção em geral reduzida da empresa entrante, quando
comparada às das já estabelecidas, em associação aos esforços de superação da
barreira de diferenciação de produtos, pode resultar em dupla desvantagem à
nova empresa. A combinação de custos médios mais elevados, decorrentes da
baixa escala, com preços reduzidos, com intuito de superar as preferências dos
consumidores, compacta a margem de lucro da empresa entrante, a qual, muitas
vezes, é obrigada a operar com prejuízos por tempo indeterminado, até que seu
produto conquiste adesão e, consequentemente, afirme sua participação no
mercado.
competição pouco (ou nada) centrado na disputa de preços. Mesmo nos modelos
mais pragmáticos de abordagem do oligopólio, tal como o de Cournot36 –
excetuando-se o de Edgeworth (FERGUSON, 2003) – o preço era tratado como
estável, “sendo a concorrência para vendas no mercado estabelecida em bases
outras que não a concorrência-preço ativa”, como afirmou Ferguson (2003, p.
402).
Ferguson (2003) fez questão de lembrar que no oligopólio “as guerras de
preços ocasionalmente acontecem”, porém isso não seria indicação de
concorrência-preço, propriamente dita. Segundo o autor, uma guerra de preços
indicaria que “os canais de comunicação (provavelmente implícitos) entre as
firmas no mercado estão temporariamente obstruídos”, e, portanto, é temporária
até que se re-estabeleçam as vias prioritárias de competição.
De acordo com Ferguson (2003) os mecanismos de concorrência extra-
preço são os mais diversos, contudo, dentre eles, destacam-se no oligopólio os
meios que envolvem a diferenciação do produto mais ou menos homogêneo, cuja
importância enquanto meio de imposição de barreiras à entrada de novas rivais
foi tratada anteriormente.
Os graus de diferenciação dos produtos das indústrias, em geral, podem
ser classificados por faixa de intensidade, as quais se associam às técnicas de
concorrência extra-preço comumente utilizadas, que incluem a propaganda, a
qualidade do produto, o desenho, os serviços complementares prestados aos
clientes, etc. Estrategicamente, as empresas compõem um mix destas técnicas,
que neste tópico procuraremos exemplificar.
Este item, de modo geral, visa analisar modestamente os instrumentos
estratégicos adotados pelas empresas oligopolistas diante do mercado, com o fim
de atenderem aos seus objetivos de expansão de suas participações (“atrair
fregueses”37) e obtenção de lucro. Sendo assim, além dos meios de concorrência
extra-preço, estão presentes também nesta discussão as estratégias de redução
da concorrência, alianças na forma de cartéis e lideranças colusivas, que
aumentam a rigidez da indústria e, de acordo com as teorias clássicas, roubam o
excedente dos consumidores.
36
Sobre o modelo de Cournot podem ser consultados PINDYCK & RUBINFELD (2002) e FERGUSON
(2003). O assunto não foi abordado nesta pesquisa devido à inviabilidade de tratamento das variáveis preço e
quantidade para o objeto deste estudo: a concorrência entre as religiões.
37
Expressão utilizado por Ferguson (2003, p. 402).
28
por sua vez, possui os modelos Uno e Palio (populares); Brava e Stilo (médios); e
Marea (executivo). À medida que todas as empresas tendem a adotar a estratégia
de diversificar suas linhas de produção com produtos de diferentes qualidades e
preços, os modelos de uma companhia passam a disputar mercado com os
modelos das demais companhias. Assim os modelos Gol, Corsa e Palio disputam
entre si a liderança na categoria popular; tanto quanto os modelos Ômega, Passat
e Marea. Dessa forma, “no mercado amplo existe não só a concorrência para criar
novas classes de qualidade e obter a superioridade competitiva de ser o primeiro
no mercado, como também a concorrência dentro das classes” (FERGUSON,
2003, p. 403).
É importante lembrar que os diferenciais de qualidade não implicam
necessariamente um avanço tecnológico que promova aumento do bem-estar do
consumidor; podem limitar-se a diferenças estéticas, por exemplo, que não
apresentem a rigor variações de qualidade de uso. Isso nos leva a um terceiro
tipo de concorrência extra-preço: as diferenças de desenho.
Regularmente as fabricantes buscam dar novos designs aos seus
produtos. As gerações do modelo Gol, da Volkswagem, apresentaram evoluções
efetivas na qualidade das peças e do motor, no entanto o que distingue uma
geração de outra é, fundamentalmente o design. Outro exemplo pode ser
encontrado na indústria de eletroeletrônicos, com destaque ao aparelho de
telefonia celular; boa parte dos modelos de uma mesma fabricante possui
basicamente as mesmas funcionalidades, sem diferencial de qualidade,
entretanto são vários os desenhos, que podem custar R$ 300,00 ou R$ 1.500,00.
Ferguson (2003) cita como exemplo o mercado dos clubes de golfe. Os
produtores “mudam os modelos” anualmente para manter a assiduidade dos
freqüentadores. Campos de golfe, mais do que automóveis ou celulares, limitam a
concorrência praticamente somente ao desenho, como afirmou Ferguson (2003,
p. 403).
É certo que propaganda, diferenciais de qualidade e desenho são apenas
três das inúmeras formas de concorrência extra-preço. A estas se associam ainda
a reputação, os serviços prestados aos clientes e, entre outras, os canais de
distribuição.
Baseando-se nos estudos de Bain (1956), Andreolli (1999, p. 37) procurou
classificar algumas indústrias segundo o grau de diferenciação de produtos e
30
traria eficiência aos mercados e, por conseguinte, qualidade de vida dos seus
integrantes.
No Brasil, o órgão federal responsável pelo acompanhamento dessas
condições de mercado é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(CADE). É uma agência judicante transformada em autarquia vinculada ao
Ministério da Justiça que, entre outras atribuições, “zela pela livre concorrência,
difunde a cultura da concorrência por meio de esclarecimentos ao público sobre
as formas de infração à ordem econômica e decide questões relativas às mesmas
infrações. As atribuições da agência estendem-se a todo território nacional”38.
“Os cartéis de conspiração aberta e secreta oferecem os melhores
exemplos de cartéis”. Contudo, de acordo com Ferguson (2003, p. 393),
associações comerciais e órgãos de classe, latu sensu, “realizam muitas funções
normalmente associadas a um cartel”.
Os cartéis são freqüentemente acusados de promoverem acordos que
viabilizem a prática de preços superiores àqueles resultantes da competição entre
os participantes, de modo a maximizarem seus lucros. Podem também acordarem
cláusulas de quotas de mercado que correspondam aos interesses de todos os
integrantes do cartel, dada as estruturas de custo e capacidade produtiva de cada
um.
Um famoso exemplo de cartel é a OPEP. Uma organização dos maiores
países em produção de petróleo, inicialmente fundada por Arábia Saudita, Iraque,
Irã, Kuweit e Venezuela e, posteriormente, integrada por Argélia, Equador,
Gabão, Indonésia, Líbano, Nigéria, Qatar e a União dos Emirados Árabes, que
surgiu com o objetivo de estabelecer uma política comum em relação ao petróleo
e que há vários anos vem “obtendo sucesso na elevação dos preços mundiais do
petróleo bem acima dos níveis competitivos”, como afirmaram Pindyck e
Rubinfeld (2002, p. 450).
Segundo Pindyck e Rubinfeld (2002) há duas condições principais para que
um cartel tenha sucesso. A primeira é que os membros respeitem as cláusulas
negociadas, formando uma organização estável, o que pode se apresentar uma
tarefa mais difícil do que se imagina. Embora a coalizão seja coletivamente
racional, membros do acordo podem se sentir tentados a quebrar o pacto, pois se
38
Conselho Administrativo de Defesa Econômica. O que o é CADE. Disponível em
<http://www.cade.gov.br/apresentacao/cade.asp>. Acessado em 03 Mai. 2005.
32
apropriar da vantagem relativa com preços inferiores aos praticados por todos os
outros membros, mesmo que por um tempo limitado, pode ser individualmente
mais racional. Inicialmente a OPEP, por exemplo, habituou-se a praticar preços
acordados por todos os membros, no entanto, a partir de 1976, um sistema dual
de preços foi introduzido devido à decisão da Arábia Saudita e dos Emirados
Árabes de manutenção de preços mais baixos do que os demais praticados pelos
membros do cartel39.
A segunda condição apontada por Pindyck e Rubinfeld (2002) é a
existência de condições de exercício de poder de monopólio; ou seja, a
elasticidade da demanda é um fator importante para determinação das forças de
imposição de preços por um cartel.
A existência de um cartel não está condicionada à participação de todas as
empresas atuantes em um mercado. Basta que as integrantes do acordo,
conjuntamente, possuam poder de mercado suficiente para impor suas cláusulas
às demais através do próprio mercado. Os cartéis podem ser constituídos
também por um grupo seleto de integrantes que objetivem “aniquilar” um
concorrente comum dentro da indústria.
Além desta conivência organizada entre as empresas oligopólicas na
determinação das variáveis de mercado – preço e quantidade, por exemplo –, são
também uma espécie de aliança as lideranças não organizadas, nas quais
tacitamente algumas empresas decidem seguir as diretrizes escolhidas por uma
empresa líder.
Em geral este tipo de acordo não organizado, principalmente no que se
refere à determinação do preço, pode se dar pelo (i) domínio do mercado por uma
empresa líder, ou seja, quando uma firma detém pelo menos metade do total das
indústrias e as outras não são grandes o bastante para contrapor sua liderança;
(ii) quando, simplesmente, as empresas reconhecem o interesse comum tendo
um comportamento cooperativo, ou seja, sobrepõem os interesses coletivos aos
individuais (liderança colusiva); e, finalmente, (iii) quando uma empresa assume a
liderança por desempenhar bem o papel de “barômetro” das condições de
mercado, medindo suas pressões (liderança barométrica).
39
Paulo Sandroni, Novíssimo dicionário de economia. 7ª ed. São Paulo: Best Seller, 2001. Ver verbete OPEP
– Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
33
40
Filósofo, orador, escritor, advogado e político romano (106 a.C.- 43 a.C.), juntamente com Demóstenes é
considerado o melhor expoente da oratória clássica.
41
Enciclopédia eletrônica Wikipédia – A enciclopédia livre, verbete “religião”, disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o>
42
Esta similaridade traduzir-se-á, em termos econômicos, no grau de substitutibilidade dos serviços prestados
pelas instituições religiosas.
43
Michaelis – Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, disponível em
<http://www2.uol.com.br/michaelis/>, verbete “religião”.
37
44
BÍBLIA, Português. Bíblia Sagrada. Tradução: Ivo Storniolo & Euclides Martins Balancin. Edição
Pastoral. São Paulo: Paulus, 1990.
45
Idem.
38
47
O Mestre Antonio Miguel Kater Filho é idealizador e 2º vice-presidente do Instituto Brasileiro de
Marketing Católico – IBMC, consultor em marketing, escritor e professor universitário com mestrado pela
USP.
48
Entrevista concedida aos 27 de setembro de 2005, das 17h às 18h, na sede do IBMC, na Av. João Erbolato,
50 – sala 20 – Castelo – Campinas (SP).
49
Pierre Bourdieu. A economia das trocas simbólicas. Cap. 2 – Gênese e estrutura do campo religioso.. São
Paulo: Perspectiva, 1974. p. 48.
40
50
Abimael Etz Rodrigues é pastor da Igreja Presbiteriana já há 45 anos, formado em teologia pelo Seminário
Presbiteriano de Campinas, em 1959. Concedeu entrevista para este trabalho aos 29 de agosto de 2005.
51
A analogia da necessidade da estrutura óssea para o corpo humano com a organização estrutural da igreja
para o funcionamento de suas atividades foi utilizada por Sua Eminência Reverendíssima, o Arcebispo
Metropolitano de Campinas, Dom Bruno Gamberini, em entrevista concedida aos 25 de agosto de 2005, na
Cúria Metropolitana de Campinas.
41
52
Estatuto Social da Igreja de Deus no Brasil. Goiânia: Igreja de Deus no Brasil – IDB. Disponível em
<http://www.idbcampinas.com.br/estatutosocial.htm>. Acesso em 20 Set 2005.
53
Disponível em <www.cnae.ibge.gov.br>.
42
54
São Paulo, Editora Perspectiva, 1974.
43
55
Em referência aos sentidos de “ignorantes da religião” e “estranhos ao sagrado e ao corpo de
administradores do sagrado”. Pierre Bourdieu. A economia das trocas simbólicas. Cap. 2 – Gênese e
estrutura do campo religioso.. São Paulo: Perspectiva, 1974.
44
56
Peter Berger. O dossel sagrado – elementos para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Paulinas,
1985. 194 p.
57
Idem.
58
Lemuel Dourado Guerra Sobrinho. Mercado religioso no Brasil: competição, demanda e a dinâmica da
esfera da religião. João Pessoa: Idéia, 2003. 198 p.
46
62
Idem, p. 145.
63
Peter Berger discute a existência de monopólios de tradições religiosas em várias partes do mundo
ocidental e oriental, que, cedo ou tarde, em maior ou menor intensidade, foram submetidos à perda de
legitimação do poder de determinação da ordem social como um todo com o advento da secularização
associada à industrialização.
48
64
Campos (1997, p. 213) manifesta sua insatisfação quanto à expressão “comodidades de consumo”,
empregada pelo tradutor de The sacred canopy (O dossel sagrado), de Peter Berger, para língua portuguesa
(1985). Segundo ele a sentença original “[...] the religious institutions become marketing agencies and the
religious traditions become consumer commodities […]” fora melhor traduzida em sua versão espanhola:
“[…] las instituciones religiosas se convierten en agencias comerciales y las tradiciones religiosas en
mercanderias para el consumidor […]”.
49
65
Ivone Lima Ferreira Botelho, diretora acadêmica do seminário evangélico Faculdade Latino-Americana de
Teologia Integral, lembra que, na “Idade Média, por exemplo, o fiel não tinha alternativa senão adaptar-se à
religião. [...] Hoje o que vale é a flexibilidade, tudo é relativo, Você escolhe a igreja que quiser”. Ricardo
Westin. Evangélicos criam igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005, Caderno A,
p. 24.
50
por todo o território nacional. Hoje, religiões oriundas das mais diversas partes do
globo possuem adeptos no país.
De acordo com o estudo Retratos das Religiões no Brasil66, realizado com
base nos microdados do Censo Demográfico de 2000 (IBGE), pelo Centro de
Políticas Sociais (CPS) vinculado ao Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV) no Rio de Janeiro, as 10 denominações
religiosas mais representativas na população nacional num grupo de 140 eram,
no período analisado: a Católica Apostólica Romana (73,55%), o grupo dos
chamados Sem religião (7,35%), a Igreja Evangélica Assembléia de Deus
(4,89%), Igreja Evangélica Batista (1,73%), Igreja Congregacional Cristã do Brasil
(1,46%), Espírita Kardecista (1,32%), Igreja Universal do Reino de Deus (1,24%),
Outras Evangélicas Pentecostais (0,89%), Igreja Evangelho Quadrangular
(0,77%) e Igreja Evangélica Adventista do Sétimo Dia (0,67%). Dentre as cinco
classificações menos representativas apareceram a Neoxamânica, Declaração
Múltipla de Católico/Candomblé, Outras Islamismo, Outras de Missão Episcopal
Anglicana, Outras de Origem Pentecostal Universal do Reino de Deus; todas com
população inferior a 100 adeptos.
No ranking agregado das religiões, o estudo apresentou liderança católica
com 73,89% na soma das 8 denominações que constituem o grupo67, mantendo-
nos na posição de maior nação católica do mundo (cerca de 126 milhões de
adeptos), sucedida pelo conjunto das denominações evangélicas (16,22% da
população nacional)68, dos Sem religião (7,35%), Outras religiões (1,99%) e
Espiritualistas (1,35%).
No país, o estado do Piauí apareceu como o mais católico (90,03% da
população total). Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão sucederam a
lista das 5 maiores participações católicas na população total, com,
respectivamente, 86,70%, 84,94%, 83,77% e 82,60%. Os 5 estados menos
católicos são: Rio de Janeiro (56,19%), Rondônia (57,61%), Espírito Santo
(63,23%), Distrito Federal (66,62%) e Roraima (66,78%).
66
Disponível em <http://www.fgv.br/cps/religioes/inicio.htm>. Acesso em: 21 Abr. 2005.
67
Católica Apostólica Romana; Católica Carismática, Católica Pentecostal; Católica Armênia; Católica
Ucraniana; Católica Apostólica Brasileira; Católica Ortodoxa; Ortodoxa Cristã; Outras Ortodoxas Cristãs; e
Outras Católicas.
68
Dentre o conjunto dos evangélicos estão presentes os subconjuntos das protestantes tradicionais ou de
origem de missão (4,09%) e as protestantes pentecostais ou de origem pentecostal (12,1%).
51
69
O termo aglomerado subnormal é geralmente empregado para designar assentamentos informais, como por
exemplo, favela, mocambo, alagado, barranco de rio, etc.
52
70
Última etapa de divulgação do Censo 2000 traz os resultados definitivos, com informações sobre os 5.507
municípios brasileiros. Censo Demográfico 2000. IBGE. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/20122002censo.shtm>. Acesso em 2 Nov. 2005.
55
familiar per capita de evangélicos e sem religião são 6,9% e 6%, respectivamente,
inferiores aos dos católicos. Similarmente os diferenciais da renda do trabalho
principal são 2,6% e 1% menores”71.
Para o IBGE, nos resultados do Censo Demográfico de 2000, os espíritas
foram os adeptos que apresentaram os melhores indicadores entre as religiões
mais numerosas, tanto em termos de escolaridade (98,1% são pessoas de 15
anos ou mais de idade alfabetizadas), como em termos de rendimento: “8,4%
deles ganhavam mais de 20 salários mínimos, enquanto para o total da
população, apenas 2,7% tinham esse rendimento. Entre aqueles que ganhavam
até 1 salário mínimo, os espíritas tinham a menor proporção (7,9%) e os católicos
apostólicos romanos e os evangélicos, as maiores (26,3% e 23,5%,
respectivamente)”72.
O rendimento mediano mensal dos espíritas, segundo o IBGE73, era quase
três vezes mais do que o dos evangélicos pentecostais (R$ 700,00 contra R$
260,00), enquanto que os católicos e os sem religião tinham o mesmo rendimento
(R$ 300,00).
Na comparação entre algumas características de católicos e evangélicos
das metrópoles brasileiras, o estudo do CPS nos permitiu observar que, no
período analisado, os católicos eram, em geral, mais sindicalizados e pertenciam
mais a órgãos de classe profissional; percebiam mais a incorporação regular de
novos equipamentos no trabalho; eram mais bem pagos74; estavam mais
satisfeitos quanto à ocupação assumida; atribuíam mais importância do trabalho
como perspectiva de ascensão social75; no entanto, participavam menos de
associações comunitárias. 17,26% dos evangélicos em média participavam de
pelo menos uma reunião por ano de associações comunitárias; apesar disso, os
71
Marcelo Neri. A ética pentecostal e o declínio católico. Conjuntura econômica. Maio de 2005. Disponível
em <http://www.fgv.br/cps/religioes/Apresenta%E7%E3o/CPS.FGV-A%20%E9tica%20pentecostal-
Conjuntura%20Economica-maio%202005.pdf>. Acesso em 21 Abr. 2005.
72
Notas sobre o Censo Demográfico de 2000. IBGE. Disponível em
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/27062003censo.shtm>. Acesso em 02 Nov. 2005.
73
Idem.
74
Apesar disso, católicos e evangélicos num nível de agregação das religiões em 7 grupos, possuíam os dois
menores percentuais de fiéis classificados em situação de mais bem pagos da ocupação. Contrariamente, os
judeus lideravam a participação de adeptos classificados como bem pagos (55% deles), além de também
serem os mais sindicalizados.
75
81,55% dos judeus atribuíam importância do trabalho como perspectiva de ascensão social, superando os
espíritas kardecistas, segundo lugar da pesquisa, em praticamente 25 pontos percentuais. A participação de
católicos e evangélicos que responderam positivamente era de 53,84% e 50,43%, respectivamente.
56
Para o real propósito deste estudo, mais do que uma noção do panorama
do campo religioso brasileiro, se faz necessária uma análise da concorrência
religiosa em termos de concentração do mercado e tendências de acirramento da
competitividade. Para tanto, recorremos à aplicação do método de mensuração
do grau de concentração industrial de Herfindahl-Hirschman, popularmente
conhecido como Índice HH ou, simplesmente, IHH, controlado pela variável
quantidade de fiéis por denominação religiosa; analisado em termos históricos
com base nas publicações de tendências demográficas do IBGE. Além deste, a
concentração industrial e a desigualdade entre os agentes do campo religioso
brasileiro também foram analisadas pela aplicação do método de Gini (Coeficiente
de Gini).
A relação de concentração (C) e o IHH – este último representado pela
soma dos quadrados das participações de mercado (market shares) das
empresas atuantes em uma determinada indústria e podendo variam entre 0 e
10000 pontos - foram aplicados ao caso das denominações religiosas, tendo sido
as participações destas no mercado calculadas com base no total de fiéis que
possuíam de acordo com o Censo Demográfico de 2000.
A primeira análise foi aplicada para o total da população brasileira no
conjunto das denominações religiosas desagregado em 138 classificações; sendo
135 religiosidades propriamente ditas, mais 3 classificações (SEM RELIGIÃO,
SEM DECLARAÇÃO e NÃO DETERMINADA / MAL DEFINIDA). Tomando como
base a classificação adotada pelo IBGE no Censo de 2000 (vide tabela no Anexo
IV), apenas 5 denominações religiosas foram excluídas do estudo76; dada a nula
representatividade delas nos números publicados. Estiveram presentes também
as classificações de declaração de múltipla religiosidade.
76
Outras DE ORIGEM PENTECOSTAL CADEIA DA PRECE, Outras IGREJA DE JESUS CRISTO DOS
SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS, Budismo Theravada, Discipulos Oshoo e A Barquinha.
59
77
THE HERFINDAHL-HIRSCHMAN INDEX. United States Department of Justice. Disponível em
<http://www.usdoj.gov/atr/public/testimony/hhi.htm>. Acesso em 28 Nov. 2005.
78
Paulo Sandroni, Novíssimo dicionário de economia. 7ª ed. São Paulo: Best Seller, 2001. Ver verbete
Coeficiente de Gini.
60
79
A limitação do número de classificações de religiosidade a um total de 97 deve-se a exclusão de todas as
agregações do tipo “outras religiosidades”, adotadas pelo IBGE para cada grupo de denominações. Pelo
método de cálculo do Coeficiente de Gini, a não exclusão dessas classificações implicaria na distorção do
índice, reduzindo artificialmente o grau de concentração e desigualdade entre os agentes do campo religioso,
podendo ser aceita somente no caso de a agregação significar algum impacto real para o mercado; ou seja, se
a agregação representasse uma coalizão de interesses sobre o campo.
61
anos 1980, com variação de 12,19% medida em 1991. Desde então até o último
Censo, a taxa de variação do IHH medida anteriormente é multiplicada por 1,5,
reduzindo o índice nos anos 1990 em 18,32%, suavizando desta forma, neste
último período, a tendência abrupta de redução geométrica da taxa de
concentração80.
Em termos de relação de concentração (coeficiente C), este
comportamento também pôde ser observado, contudo, de modo mais suave. O
corte na participação dos três principais grupos religiosos na década de 1960
(Católicos apostólicos romanos, Evangélicos e Espíritas) atribuía 98,49% da
população declarada associada a uma dessas três classificações. Em 1970, esta
participação decresce para 98,21%. Em 1980, os espíritas tiveram sua
participação aumentada levemente de 1,27% para 1,29%, mas ainda assim foram
superados no ranking das 6 agregações pelo grupo dos Sem religião e o corte
dos três maiores passaria a representar 97,22% da população brasileira. Com
esta mesma composição de liderança, a participação de católicos, evangélicos e
sem-religião se reduziria para 96,68% e 96,34%, respectivamente, nos resultados
apresentados pelos censos de 1991 e 2000.
No período todo, de 1960 a 2000, a queda acumulada em pontos do IHH
foi de 2979 (34,28%) e de 2,18 a variação em pontos percentuais na participação
dos três maiores grupos religiosos do país, sofrendo uma mudança na
composição somente nos anos 1970. Esta observação nos permite antecipar a
conclusão de que, ao longo dos últimos 40 anos que antecederam o Censo
Demográfico de 2000, a grande desconcentração do campo religioso brasileiro,
de trajetória sempre crescente mesmo que levemente suavizada a partir dos anos
1990), se deu principalmente dentre os principais grupos (católicos, evangélicos e
sem-religião). Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais do IBRE/FGV,
afirmou em maio de 2005 que “se fôssemos traçar um retrato atual, ou filmar a
história recente das religiões brasileiras, os personagens principais seriam os
católicos, os sem-religião e os evangélicos, com especial destaque às seitas
pentecostais”81.
80
Tanto a linha de tendência do IHH quanto a sua taxa de redução a cada década no período 1960-2000 estão
representadas graficamente no Apêndice B.
81
Marcelo Neri. A ética pentecostal e o declínio católico. Conjuntura econômica. Maio de 2005. Disponível
em <http://www.fgv.br/cps/religioes/Apresenta%E7%E3o/CPS.FGV-A%20%E9tica%20pentecostal-
Conjuntura%20Economica-maio%202005.pdf>. Acesso em 21 Abr. 2005.
62
82
“Naquele país [EUA], atribui-se o termo ‘neopentecostalismo’ a pessoas com mentalidade pentecostal, mas
que se consideram adeptas de uma ‘renovação espiritual’ dentro dos próprios quadros denominacionais a que
63
cuja força foi ganha no mundo religioso norte-americano nos anos 1970, invadiu
também a América Latina nesta época, provocando o surgimento de novas
igrejas, seitas e denominações. Em acompanhamento, registraram-se inúmeras
cisões nas principais denominações protestantes brasileiras, entre elas,
Metodista, Batista, Presbiteriana, Congregacional e outras. (CAMPOS, 1997, p.
50)
De simplesmente evangélicos, passaram a “evangélicos de origem de
missão” e “evangélicos de origem pentecostal”. No sub-campo religioso
pentecostal, a segmentação em várias denominações permitiu, inclusive, a
criação de várias propostas de tipologias, das mais objetivas às mais extensas e
abstratas83. Ao “pentecostalismo clássico” são relacionadas a Igreja Assembléia
de Deus e a Congregação Cristã do Brasil; Paul Freston (1993 apud CAMPOS,
1997, p. 51) – que separa o surgimento dos neopentecostais em “ondas”
associadas ao ciclo de início, expansão e reversão dos movimentos religiosos no
decorrer do tempo –, fala em uma “segunda onda” que incluiria as Igrejas “O
Brasil para Cristo”, “Deus é Amor” e “Evangelho Quadrangular”84. A “terceira
onda” ou “pentecostalismo autônomo” ou, simplesmente, “neopentecostalismo”
(MENDONÇA, 1994 e MARIANO, 1995 apud CAMPOS, 1997, p. 51) inclui as
denominações como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da
Graça de Deus, Comunidade Sara Nossa Terra, Igreja Renascer em Cristo e
Igreja Nacional Palavra da Fé. (CAMPOS, 1997, p. 51)
Para o Professor Mário Sérgio Cortella, do Departamento de Teologia e
Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
o crescimento das denominações evangélicas é explicado por três motivos: a
urbanização do Brasil (“nas cidades há garantia de anonimato e liberdade de
culto, menor controle social”), a democratização do país (“antes, para abrir uma
pertencem. De uma maneira geral, esse ‘neopentecostalismo’ enfatiza o exorcismo, cura divina, dons
espirituais, continuidade da revelação divina através de líderes carismáticos, e uma parte dele aceita a
‘teologia da prosperidade’”. Leonildo Silveira Campos. Teatro, templo e mercado – Organização e
marketing de um empreendimento neopentecostal. Petrópolis: Vozes, 1997.
83
Apesar das tipologias propostas, devido à dificuldade de distinção entre as características assumidas pelas
denominações da segunda e terceira onda que dividiriam o sub-campo pentecostal no Brasil, adotaremos a
terminologia mais simples, empregando pentecostais em referência às denominações mais clássicas, e
neopentecostais para as demais.
84
Este grupo de denominações pentecostais também é tratado por pentecostais “de cura divina”.
(MENDONÇA, 1989 apud CAMPOS, 1997, p. 51)
64
85
Ricardo Westin. Evangélicos eram 3% do País em 1950. Hoje são 15%. Folha de São Paulo, São Paulo, 26
Jun. 2005, Caderno A, p. 24.
86
Luciana Farnesi. Um mercado movido pela fé. Revista Exame, 16 Fev. 2005, p. 60-61.
87
A respeito das cisões em denominações religiosas, Campos (1997, p. 50) afirmou que ocorrem em sua
maioria “mais por questões administrativas e organizacionais do que teológicas”.
88
Em entrevista concedida aos 27 de setembro de 2005, das 17h às 18h, na sede do Instituto Brasileiro de
Marketing Católico – IBMC, na Av. João Erbolato, 50 – sala 20 – Castelo – Campinas (SP).
65
89
Luciana Farnesi. Um mercado movido pela fé. Revista Exame, 16 Fev. 2005, p. 60-61.
90
De acordo com o próprio site da empresa (www.weril.com.br), presente em mais de 40 países além do
Brasil, é uma das cinco maiores empresas de instrumentos musicais de sopro do mundo, e líder do segmento
de instrumentos de sopro no país.
66
91
Para o Professor Antônio Miguel Kater Filho, do IBMC, a Renovação Católica Carismática (RCC) foi um
“despertar” de parte da Igreja Católica às práticas adotadas pelos pentecostais, de comunicação através do
“Espírito Santo” e, apesar de reconhecer a existência de opiniões contrárias, ele atribui ao movimento o
mérito de ter realizado para a Igreja Católica um “trabalho fantástico”.
68
Assim, hoje, no campo religioso, visto pela sua ótica de mercado, podem
ser observadas iniciativas, com maior ou menor intensidade de planejamento
deliberado, no sentido de criar condições de proteção contra o surgimento de
novas competidoras; levantando barreiras à entrada, que se estendem do capital
69
92
Max Weber. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1967, p. 122.
71
93
Ricardo Westin. Evangélicos criam igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005,
Caderno A, p. 24.
94
Idem.
72
95
Ricardo Mariano. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola,
1999.
96
Ricardo Mariano citado por Ricardo Westin. Evangélicos criam igrejas sob medida. O Estado de São
Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005, Caderno A, p. 24.
97
Ricardo Westin. Evangélicos criam igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005,
Caderno A, p. 24.
98
Idem.
99
Bispo Rodovalho, fundador da Igreja Sara Nossa Terra, citado por Ricardo Westin. Evangélicos criam
igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005, Caderno A, p. 24.
100
Idem.
101
Ricardo Westin. Evangélicos criam igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005,
Caderno A, p. 24.
102
Idem.
73
103
Pastor Robson Pereira, da Igreja Cristã Evangélica do Brasil, citado por Ricardo Westin. Evangélicos
criam igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005, Caderno A, p. 24.
104
Ricardo Westin. Evangélicos criam igrejas sob medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005,
Caderno A, p. 24.
74
105
Professor Antônio Flávio Pierucci (USP) citado por Ricardo Westin. Evangélicos criam igrejas sob
medida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 26 Jun. 2005, Caderno A, p. 24.
106
As reuniões in: Templo Maior – Igreja Universal do Reino de Deus. Disponível em
<http://www.catedralmundial.com.br/reuniao.php>. Acesso em 03 Dez. 2005.
75
107
Leonildo Silveira Campos. Teatro, templo e mercado – Organização e marketing de um empreendimento
neopentecostal. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 224.
77
108
No Apêndice D procuramos desenvolver graficamente as vantagens estratégicas de diferenciação dos
serviços no que tange à possibilidade de se assegurar a escala de fiéis, tomando o caso da religião católica
como exemplo.
78
Lemos Filho (1996) procura demonstrar em seu estudo, por meio de uma
análise do catolicismo na cidade de Itapita (SP), a existência de vários
catolicismos brasileiros conflitantes entre si, apesar da aparente homogeneidade
ideológica; decorrentes da passagem do monopólio absoluto da religião católica
para uma situação de concorrência com outros grupos religiosos ou mesmo entre
os diversos grupos internos da própria igreja. Para efeito de análise, o autor
construiu uma classificação a partir de depoimentos no intuito de evidenciar as
divergentes atuações da igreja católica da cidade, quanto aos princípios básicos,
a ênfase pastoral, as relações da igreja com a sociedade e com os fiéis
propriamente e a relação dos padres entre si, observados em cada uma das
quatro paróquias.
A coexistência de características específicas de cada paróquia quanto aos
indicadores citados assegurou, no caso de Itapira, uma maior identificação de
cada grupo social da cidade com as estas particularidades. Desta forma, os
setores mais conservadores da sociedade local mantiveram-se associados à
paróquia que reservou maior grau de tradicionalismo; enquanto que os grupos
ligados às classes subalternas se identificavam mais com a paróquia que
incorporou maiores alterações popularizantes nos discursos e ritos, nos moldes
propostos pela Teologia da Libertação (LEMOS FILHO, 1996, p. 128-133).
Embora, houvesse forte relação de conflito entre as quatro paróquias de Itapira,
enquanto a estrutura organizacional fosse capaz de sustentar a unidade
denominacional, estaria assegurada a fatia de mercado da Igreja Católica e, neste
contexto, comprovada a eficácia estratégica da internalização da diferenciação de
serviços religioso por uma denominação.
109
Idealizador e 2º vice-presidente do Instituto Brasileiro de Marketing Católico – IBMC, consultor em
marketing, escritor e professor universitário com mestrado pela USP, em entrevista concedida aos 27 de
setembro de 2005, das 17h às 18h, na sede do IBMC, na Av. João Erbolato, 50 – sala 20 – Castelo –
Campinas (SP).
110
Idem.
80
111
Em entrevista citada.
82
112
KATER FILHO, Antônio Miguel. Marketing Aplicado a Igreja Católica. São Paulo: USP, 1994. Resumo
disponível em <http://www6.ufrgs.br/infotec/teses92-96/html/usp94.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
83
113
Citado pelo site Católica Net, disponível em
<http://www.catolicanet.com.br/interatividade/enquetes/enquetes.asp?cod=4>. Acesso em 07 Set 2005.
114
Antonio Miguel Kater Filho, citado por Marcelo Marthe e Ricardo Valladares. Os católicos contra-atacam.
Mater Ecclesiae. Disponível em <http://www.mrp.com.br/mater/contra-ataque.htm>. Acesso em 07 Set
2005.
115
Luiza Villaméa. Nas mãos do Espírito Santo. Isto é – Especial João Paulo II, 13 Abr 2005. Disponível em
<http://www.terra.com.br/istoe/1852/especial_joao_paulo/1852_nas_maos_do_espirito_santo.htm>. Acesso
em 07 Set 2005.
116
Neste trabalho nos abstivemos de qualquer análise à respeito do preço dos produtos religiosos por
pressupormos sua irrelevância nos processos decisórios de compra e venda de bens simbólicos no mercado
religioso. Apesar das possibilidades teóricas de associação deste componente ao dízimo ou a outros
84
elementos mais subjetivos como o tempo do fiel, compreendemos que a escolha da religiosidade menos se
determina pelo fator preço do que pelos demais componentes aqui tratados em termos de composto de
marketing.
85
117
Luciana Farnesi. Um mercado movido pela fé. Revista Exame, 16 Fev. 2005, p. 60-61.
118
Citado por Daniel Liidtke. Católicos versus evangélicos: ao vencedor, as ovelhas. Canal da Imprensa.
Disponível em <http://www.canaldaimprensa.com.br/debate/vint2/debate1.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
86
119
Leonildo Silveira Campos. Teatro, templo e mercado – Organização e marketing de um empreendimento
neopentecostal. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 239.
120
Daniel Liidtke. Católicos versus evangélicos: ao vencedor, as ovelhas. Canal da Imprensa. Disponível em
<http://www.canaldaimprensa.com.br/debate/vint2/debate1.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
121
Marcelo Marthe e Ricardo Valladares. Os católicos contra-atacam. Mater Ecclesiae. Disponível em
<http://www.mrp.com.br/mater/contra-ataque.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
122
Daniel Liidtke. Católicos versus evangélicos: ao vencedor, as ovelhas. Canal da Imprensa. Disponível em
<http://www.canaldaimprensa.com.br/debate/vint2/debate1.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
123
Nos Estados Unidos, registra-se cerca de 250 emissoras de TV exclusivamente cristãs e 1600 estações de
rádio nas mesmas condições. Sérgio Dávila. Direita religiosa mostra rosto e lucra nos EUA de Bush. Folha
de São Paulo, Califórnia, 27 Mar 2005, caderno A, p. 15.
87
124
Idem.
125
Citado por Daniel Liidtke, op. cit.
126
Ator e produtor de cinema conhecido também pelo seu fervor católico-tradicionalista; rejeita muitas das
diretrizes expedidas pelo Concílio Vaticano II, nos anos 60, por considerá-las excessivamente liberalizantes.
Seu filme, A Paixão de Cristo, rendeu cerca de 370 milhões de dólares, uma das maiores bilheterias
domésticas de todos os tempos, de acordo com o jornal Folha de São Paulo. Sérgio Dávila. Direita religiosa
mostra rosto e lucra nos EUA de Bush. Folha de São Paulo, Califórnia, 27 Mar 2005, caderno A, p. 15.
127
Marcelo Marthe e Ricardo Valladares. Os católicos contra-atacam. Mater Ecclesiae. Disponível em
<http://www.mrp.com.br/mater/contra-ataque.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
128
Sílvia Regina Alves Fernandes. "Ver para crer" as novas investidas do catolicismo no Brasil através do
Padre Marcelo Rossi. In: CESNUR 2000 – INTERNATION CONFERENCE, 29-31 Aug 2000, Riga, Latvia:
CESNUR – Center for Studies on New Religions, 2000.
88
129
Marcelo Marthe e Ricardo Valladares. Os católicos contra-atacam. Mater Ecclesiae. Disponível em
<http://www.mrp.com.br/mater/contra-ataque.htm>. Acesso em 07 Set 2005.
130
Antonio Miguel Kater Filho em comentário à revista Veja, citado pelo site Católica Net, disponível em
<http://www.catolicanet.com.br/interatividade/enquetes/enquetes.asp?cod=4>. Acesso em 07 Set 2005.
131
Sílvia Regina Alves Fernandes, Padres cantores e o catolicismo – as interfaces do espetáculo e da fé.
CERIS, 2005. Disponível em <http://www.ceris.org.br/textos/_busca.asp?codDoc=152>. Acesso em 25 Out
2005.
89
134
Milton Schwantes. Solidariedade e paz à luz da teologia. In: SEMINÁRIO DE ORIENTAÇÃO DA
ESTRATÉGIA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2005 – ECUMÊNICA, 20 Nov 2004. São Paulo:
CONIC, 2004.
92
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Cigarros Propaganda
Automobilística Propaganda, desenho, reputação
9191-0/00 ARQUIDIOCESE
9191-0/00 CASA DE BENÇÃO
9191-0/00 CASA DE ORAÇÃO
9191-0/00 CASA MAÇÔNICA
9191-0/00 CENTRO DE UMBANDA
9191-0/00 CENTRO ESPÍRITA
9191-0/00 CONGREGAÇÃO RELIGIOSA
9191-0/00 CONVENTO
9191-0/00 CULTO RELIGIOSO; CELEBRAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
9191-0/00 EXÉRCITO DA SALVAÇÃO; ASSOCIAÇÃO DO
9191-0/00 IGREJA
9191-0/00 INSTITUIÇÃO RELIGIOSA
9191-0/00 IRMANDADE RELIGIOSA
9191-0/00 MESQUITA
9191-0/00 MISSÃO RELIGIOSA
9191-0/00 MOSTEIRO
9191-0/00 ORGANIZAÇÃO FILOSÓFICA
9191-0/00 ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA
9191-0/00 SINAGOGA
9191-0/00 TEMPLO
9191-0/00 TEMPLO RELIGIOSO
9191-0/00 TENDA ESPÍRITA
9191-0/00 TERREIRO DE CANDOMBLÉ
9191-0/00 TERREIRO DE MACUMBA
9191-0/00 TERREIRO DE UMBANDA
13 CATÓLICA ORTODOXA
130 Católica Ortodoxa
14 ORTODOXA CRISTÃ
140 Ortodoxa Cristão
149 Outras
19 OUTRAS CATÓLICAS
199 Outras Católicas
(continua)
115
(continuação)
30 EXÉRCITO DA SALVAÇÃO
300 Exército da Salvação
(continua)
116
(continuação)
(continua)
117
(continuação)
59 ESPIRITUALISTA
590 Espiritualista
599 Outras
(continua)
118
(continuação)
61 ESPÍRITA
610 Espírita, Kardecista
619 Outras
62 UMBANDA
620 Umbanda
629 Outras
63 CANDOMBLÉ
630 Candomblé
639 Outras
71 JUDAÍSMO
710 Judaísmo
719 Outras
74 HINDUÍSMO
740 Hinduísmo
741 Ioga
749 Outras
75 BUDISMO
750 Budismo
751 Nitiren
752 Budismo Theravada
753 Zen Budismo
754 Budismo Tibetano
755 Soka Gakkai
759 Outras
(continua)
119
(continuação)
81 ISLAMISMO
810 Islamismo
819 Outras
82 TRADIÇÕES ESOTÉRICAS
820 Esotérica
821 Racionalismo Cristão
829 Outras
83 TRADIÇÕES INDÍGENAS
830 Tradições Indígenas
831 Santo Daime
832 União do Vegetal
833 A Barquinha
834 Neoxamânica
839 Outras
89 NÃO DETERMINADA
890 Religiosidade Não Determinada /Mal Definida
891 Declaração Múltipla de Religiosidade Católica / Outras Religiosidades
892 Declaração Múltipla de Religiosidade Evangélica / Outras
Religiosidades
893 Declaração Múltipla de Religiosidade Católica/ Espírita
894 Declaração Múltipla de Religiosidade Católica/Umbanda
895 Declaração Múltipla de Religiosidade Católica/Candomblé
896 Declaração Múltipla de Religiosidade Católica/Kardecista
Fonte: IBGE
120
Católica apostólica romana 124 980 132 61 901 888 63 078 244
Católica apostólica brasileira 500 582 250 201 250 380
Católica ortodoxa 38 060 19 495 18 565
Evangélicas 26 184 941 11 444 063 14 740 878
Evangélicas de missão 6 939 765 3 062 194 3 877 571
Igreja evangélica luterana 1 062 145 523 994 538 152
Igreja evangélica presbiteriana 981 064 427 458 553 606
Igreja evangélica metodista 340 963 146 236 194 727
(continua)
121
(continuação)
SEM
ANO CATÓLICOS EVANGÉLICOS ESPÍRITAS OUTRAS
RELIGIÃO
Fonte: Censo Demográfico (1872, 1890, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000) apud CORREIA, 2003
123
PORCENTAGEM PORCENTAGEM
ANO DE DE PESSOAS
URBANIZAÇÃO SEM RELIGIÃO
Fonte: Censo Demográfico (1872, 1890, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000) apud CORREIA, 2003
135
Dado não localizado pelo autor.
125
136 137
CIRCUNSCRIÇÕES ÁREA POPULAÇÃO PAROQUIAS PRESBITEROS
138
DP IRMÃOS IRMÃS
ECLESIÁSTICAS
Km² total hab/km² total hab/par total hab/presb
(continua)
136
IBGE, Estimativa da população
137
Incluídas as Quase-Paróquias
138
Diáconos Permanentes
126
(continuação)
139 140
CIRCUNSCRIÇÕES ÁREA POPULAÇÃO PAROQUIAS PRESBITEROS 141
DP IRMÃOS IRMÃS
ECLESIÁSTICAS
Km² total hab/km² total hab/par total hab/presb
REGIONAL 248176,3 35816740 144,3 1892 18930,6 3591 9974,0 257 810 6887
139
IBGE, Estimativa da população
140
Incluídas as Quase-Paróquias
141
Diáconos Permanentes
127
Fonte: Censo Demográfico (1872, 1890, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991,
2000) apud CORREIA, 2003
132
142
Evidentemente, a segmentação dos fiéis em dois grupos atende caráter meramente hipotético, servindo
exclusivamente para fins de análise teórica. Na prática, reconhecemos a existência de n perfis passíveis de
uma construção tipológica e, portanto, a maior complexidade em se tratar a estratégia de segmentação nos
termos aqui propostos, ainda que viável.
133
satisfação dos fiéis de cada um dos dois perfis aqui teoricamente analisados
(mais tradicionais ou mais carismáticos, respectivamente), indicado no eixo
vertical ( S ), em função do grau de tradicionalismo ou carisma da composição de
serviços eclesiais adotada pela denominação. Consideraremos ainda que, à
esquerda da origem, a denominação é dita tradicional; assim como à direita, é
considerada carismática. Desta forma, o elemento θ corresponde ao grau de
tolerância máximo de cada um dos grupos à adoção de serviços religiosos cujo
gênero (tradicional ou carismático) difere da opção prioritária. Ou seja, θ c é o grau