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PASTOR ROBERTO McALISTER

AS ALIANÇAS DA FÉ
Este e-book foi digitalizado e enviado por:
Samuel Espindola

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_______________

Este livro foi digitalizado com o


intuito de disponibilizar
literaturas edificantes à todos
aqueles que não tem condições
financeiras ou não tem boas
literaturas ao seu alcance.

Muitos se perdem por falta de


conhecimento como diz a Bíblia,
às vezes por que muitos cobram
muito caro para compartilhar
este conhecimento.

Estou disponibilizando esta


obra na rede para que você
através de um meio de
comunicação tão versátil tenha
acesso ao mesmo.

Espero que esta obra lhe traga


edificação para sua vida
espiritual.

Se você gostar deste livro e for


abençoado por ele, eu lhe
recomendo comprar esta obra
impressa para abençoar o
autor.

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Introdução

Os homens fazem alianças por várias razões: garantir


sua palavra, determinar as condições de uma promessa,
celebrar contrato de compra e venda, ou meramente fixar
um acordo aleatório ao qual as partes se comprometem a
honrar. O motivo e a necessidade destes contratos é que o
homem tem o hábito de mudar de idéia e querer
descumprir o que promete.
Estes estudos têm por finalidade afirmar a fidelidade
das promessas de Deus, as raízes da salvação eterna e
trazer à luz do entendimento as garantias que estão por
traz das alianças eternas.
Poucas pessoas entendem a base da fé Cristã.
Ocupando-se com o lado exterior do Cristianismo, não têm
interesse pelos fatos eternos que garantem a vida eterna.
São crentes superficiais, cujas raízes espirituais têm pouca
profundidade.
Deus quer que O conheçamos como o Deus da Aliança,
compreendendo que a nossa salvação não começou no dia
em que levantamos a mão para "tomar a decisão" de seguir
a Cristo. A fé não depende das boas intenções, mas
exclusivamente das promessas eternas de Deus. A
estabilidade espiritual não depende do nosso caráter fraco,
mas do caráter de Deus. Este livro estuda as alianças
eternas do Senhor para conhecê-LO melhor.

~4~
Índice
Capítulo I
A Razão da Primeira Aliança

Capítulo II
Carne e Espírito

Capítulo III
AS Duas Alianças

Capítulo IV
O Espírito da Aliança

Capítulo V
A Transição Entre as Alianças

Capítulo VI
O Sangue das Alianças

Capítulo VII
Mensageiro, Mediador e Fiador

Capítulo VIII
O Livro da Aliança

Capítulo IX
Obediência na Nova Aliança

Capítulo X
A Aliança da Graça

Capítulo XI
O Sacerdócio Eterno

Capítulo XII
O Ministério da Nova Aliança

Capítulo XIII
A Santa Aliança

Capítulo XIV
Entrando na Aliança
Capítulo I
A Razão da Primeira Aliança

Deus criou o homem à Sua imagem. Êle queria tivesse o


homem uma vida tão igual quanto possível à vida divina, da
qual Adão era a manifestação. O homem tinha que se
submeter e viver na dependência dÊle. O segredo da sua
felicidade era a confiança em Deus e a cooperação com Sua
vontade.
Quando o pecado entrou no coração de Adão, desfêz-se
essa relação íntima. Após desobedecer, ele teve medo de Deus
e dÊle se escondeu. Não mais O conhecia, nem O amava,
nem tinha confiança nEle.
O homem não podia salvar-se do poder do pecado. A
redenção teria que ser obra de Deus. A Bíblia ensina
claramente que o homem, ao pecar, morreu espiritualmente.
O cadáver não pode ajudar-se e produzir a vida eterna; é tão
impossível quanto produzir a própria vida humana. Homem
nenhum é fonte da sua própria vida. Nascemos pela vontade
de outros. Do mesmo modo, é impossível ao homem ser o
autor da sua própria vida espiritual, porque está morto por
causa do seu pecado.
Vendo o homem neste estado, Deus queria restaurá-lo e
salvá-lo. Entretanto era necessário desejar e pedir o perdão
dos seus pecados. E este é o ponto chave do problema.
Deus não podia forçá-lo a aceitar uma salvação contra a sua
vontade. O primeiro trabalho de Deus era convencer o
homem a crer nÊle.
Esta é a razão porque Deus firmou uma aliança. Deus
queria inspirar confiança ao pecador, para que este
pudesse vir e receber o perdão necessário à sua salvação.
Vemos neste ato um passo de condescendência que
transcende nossa compreensão. Deus fêz um contrato,
uma aliança, para garantir Sua palavra, como um
mentiroso que precisasse provar sua fidelidade. Divino ato
de humildade! Deus, cujo caráter impecável é incapaz de
mudar ou mentir, submete-se à fraqueza do homem de-
caído e faz-lhe promessas.
O QUE É A ALIANÇA?
A aliança é a revelação dos propósitos de Deus. É a
segurança e a garantia que Deus dá ao pecador para que
tenha confiança e fé. É a base da esperança para todos os
homens. E a aliança contém as condições que o pecador
precisa cumprir para receber as bênçãos prometidas.

O DEUS FIEL

"Saberás, pois, que o Senhor teu Deus é Deus, o


Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia
até mil gerações aos que O amam e cumprem os Seus
mandamentos." Deuteronômio 7:9

Nos versículos anteriores vemos que Deus havia tirado o


povo de Israel do peso de Faraó, porque amava esse povo e
estava guardando o juramento que fizera aos seus pais.
Deus fêz uma aliança à qual prometeu a proteção Divina.
No versículo nove, Êle afirma que guardará essa aliança e a
misericórdia até mil gerações. Notemos, porém, o con-
dicional, "aos que O amam e cumprem os Seus
mandamentos."

"Porque os montes se retirarão e os outeiros


serão removidos, mas a Minha misericórdia não se
apartará de ti, e a aliança de Minha paz não será
removida, diz o Senhor que se compadece de ti."
Isaías 54:10

Se o Pão de Açúcar se transferisse para Cabo Frio e se


o Corcovado se transportasse para Casca-dura, se tudo que
consideramos permanente fosse destruído, Deus
permaneceria o mesmo e a Sua Palavra não sofreria
modificação.

"Farei com eles aliança eterna, segundo a qual


não deixarei de lhes fazer o bem: e porei o Meu temor
no seu coração, para que nunca se apartem de mim."
Jeremias 32:40

A aliança eterna traz-nos o bem. O Deus da aliança


não deixará de nos fazer o bem. Notemos, entretanto, a
condição, "para que nunca se apartem de Mim."

A NOSSA ESPERANÇA
A nossa esperança não depende das palavras de Roma, da
solidez dos nossos templos, da nossa capacidade de falar línguas
estranhas. A nossa esperança é Deus, o Deus fiel, o Deus que
guarda Sua palavra.
Para se ter uma fé inabalável, é preciso conhecer Deus.
Saber alguma coisa sobre a vida de Jesus não é suficiente. Saber
alguns fatos sobre a História da Igreja, não é base sólida para
ter fé. Quem garante a nossa salvação é o Deus da aliança eter-
na. Conhecer Deus é tornar-se mais semelhante a Ele.
Conhecer Deus é crer totalmente no que Ele promete, e esta fé
nos transformará.
Capítulo II
Carne e Espírito
"Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da
mulher escrava, e outro da livre. Mas o da escrava nasceu
segundo a carne, o da livre, mediante a promessa. Estas
cousas são alegóricas: porque estas mulheres são duas
alianças." Gálatas 4:22-24

As duas alianças, a velha e a nova, são ilustradas pelo


apóstolo Paulo na Epístola aos Gálatas por duas mulheres e
seus dois filhos. Agar, a escrava e seu filho, Ismael, filho da
carne representam a velha aliança. Sara, a livre, e seu filho
Isaque, filho da promessa, representam a nova aliança.
Desta maneira Deus mostra-nos a diferença entre essas
alianças: a primeira, representa a escravidão, a segunda, a
liberdade. A primeira, representa a lei, a segunda, o evangelho. A
primeira, representa a carne, a segunda, o Espírito.

POR QUE DUAS ALIANÇAS?


Religião é intercâmbio entre Deus e o homem. Ambos têm
que determinar sua parte neste assunto. Necessário é fixar
obrigações e responsabilidades, promessas e condições. Deus
entrou em aliança com o povo de Israel justamente a fim de
estabelecer estes pontos.
Na primeira aliança, o homem revelou-se um completo
fracasso. Sua infidelidade se repetiu geração após geração.
Vendo isso, Deus tornou a renovar Suas promessas, para
reafirmar Sua aliança com a geração seguinte, procurando
quem pudesse ser fiel. Durante quatro mil anos que medeiam
entre a vida de Adão e o nascimento de Jesus: o período esse
em que a primeira aliança esteve em vigor, nenhuma geração
obedeceu a Deus. Demonstraram ingratidão até ao ponto de
praticar, abertamente, idolatria especificamente proibida pela
lei.
A velha aliança baseava-se e dependia como condição
principal da obediência do homem. Esta foi a natureza da
aliança: Deus abençoaria e protegeria se Israel obedecesse a lei.
Deus só pedia obediência. Neste ponto chave Israel falhou.
Pergunta-se: por que esta experiência da primeira aliança
durou quatro mil anos? Que adianta gastar tanto tempo apenas
para mostrar a fraqueza do homem? A primeira foi necessária
como preparação para uma aliança melhor. A primeira aliança
foi a promessa, a segunda seria o cumprimento.
Tiramos duas conclusões básicas e vitais dessa primeira
aliança: Primeiro, que o homem é incapaz de salvar-se a si
mesmo. Segundo, que a fidelidade de Deus é fato comprovado
em todas as gerações.
Eis as duas lições da primeira aliança: a infidelidade de
todos os homens e a fidelidade de Deus; a fraqueza do homem e
o perdão divino; a incapacidade da carne, e o poder do Espírito.
A conclusão é evidente: só Deus pode salvar o pecador.

A DIFERENÇA ENTRE AS CONDIÇÕES


Da primeira aliança constava uma série de promessas feitas
por Deus às gerações do povo de Israel; todas sob certas
condições. A segunda aliança foi igual em seu caráter, isto é,
uma série de promessas que Deus faz a Seu povo, a Igreja, todas
elas igualmente contendo certas condições. Há grande diferença,
porém, entre as condições das duas alianças.
A condição para o cumprimento das promessas da primeira
aliança era a obediência do povo. A condição da segunda
aliança é nossa fé em Deus. A primeira foi para convencer o
homem da fidelidade de Deus, e a segunda pede confiança nessa
fidelidade. A primeira aliança manda obedecer; a segunda
aliança manda crer.
Estas alianças representam dois períodos distintos na
educação do homem. Na primeira instância ele esgotou todos os
seus recursos sem êxito nenhum. Desta maneira aprendeu que,
depender de si mesmo, era falhar e morrer. Essa escola, dura e
difícil, durou quatro mil anos. Finalmente, Deus achou por
bem fazer uma nova aliança, baseada nas lições aprendidas
na primeira.

"Porquanto o que fora impossível à lei, no que


estava enferma pela carne, isso fez Deus enenviando o
seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e
no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na
carne o pecado. A fim de que o preceito da lei se
cumprisse em nós que não andamos segundo a carne,
mas segundo o Espírito... porque o pendor da carne dá
para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz."
Romanos 8:3,4,6
O que o homem pecador não podia fazer durante a
primeira aliança, Jesus faz por ele na segunda. O que a, carne
fraca não podia conseguir sob a lei, o Espírito nos dá sob o
Evangelho. Verificamos, então, que a salvação não é do homem
mas de Deus. O homem provou sua incapacidade de se salvar e
a única coisa que lhe dá mérito é crer em Jesus Cristo para
receber o perdão dos seus pecados e plenitude das promessas
da nova aliança.

O MOTIVO DAS ALIANÇAS


Vejamos o que Deus tinha em mente quando firmou a
primeira aliança. Assim saberemos o que Ele está fazendo hoje
por intermédio da nova aliança.
Deus quis restituir o homem decaído à sua posição de
autoridade que tinha antes da sua queda em pecado. Quando
Deus criou Adão, constitui-o soberano de tudo. Não tinha
problemas e as circunstâncias não o oprimiram. Vivia em paz.
Quando o pecado entrou em seu coração, ele caiu dessa posição
e a natureza se rebelou contra ele. De repente, a terra "fechou a
mão" contra Adão e ele teve que suar bastante para ganhar seu
sustento. Ficou sujeito a dores, sofrimento e finalmente à
morte.
A aliança quis mudar tudo isso, e elevar o homem mais
uma vez à sua posição de autoridade e domínio sobre o mundo
em seu redor. Durante os curtos períodos de sua obediência,
Israel reconquistou esta posição de superioridade sobre seus
inimigos e domínio sobre a própria natureza, como quando as
águas do Mar Vermelho se abriram. Naquela hora, todos
obedeciam as leis de Deus; todos os homens eram
circuncidados; o cordeiro pascal sacrificado; sua carne comida e
seu sangue posto nas casas conforme as ordens de Deus. A
aliança operou. Deus libertou o povo quando este obedeceu.
Mas, durante os quatro mil anos dessa primeira aliança,
quando Israel voltou a fazer sua vontade própria, a escolher seu
caminho independentemente de Deus, as bênçãos de Deus
desapareceram. Deus jamais apoia a desobediência.
Outro motivo das alianças foi o desejo de Deus em recriar o
homem à Sua imagem e semelhança. Quando o homem caiu em
pecado, deformou-se. Seu corpo ficou sujeito a doenças e
enfermidades. A sombra de pecado, a mancha da sua rebeldia
desfigurou-lhe a imagem de Deus e tornou-se vil, odioso e
perigoso. Sua personalidade adotou as marcas do seu pecado, e
depois de assassinar, mentir e enganar, não mais era visível a
sua semelhança de Deus. A aliança veio para mudar esta
situação. Deus quer recriar o homem. Ele quer remover as
manchas e as marcas do seu pecado. Ele quer transformar sua
natureza vil e decaída. Quer purificar a mente e o coração do
pecador das obras indignas que este pratica por inclinação, e
traze-lo de volta à semelhança de Deus.
A primeira aliança tentou fazê-lo, mas o homem quebrou-
a. A segunda aliança, promete fazê-lo, e faz! Leia o que Paulo
escreveu:

"E todos nós com o rosto desvendado, contem-


plando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória, na sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito." II Cor. 3:18

NÃO VIVA SOB A PRIMEIRA ALIANÇA!


A primeira aliança mostrou o esforço humano, enquanto a
segunda demonstra a provisão divina. O que a lei não pôde
fazer, o Evangelho faz. O que o homem não pôde fazer, Deus faz.
A salvação não depende da nossa capacidade de obedecer leis,
mas da nossa confiança na provisão completa que Deus nos
oferece pelo Seu Filho, Jesus.
Entristece-nos ver nesta época da segunda aliança, a
época da graça de Deus, tanta gente que vive ainda sob a
primeira aliança da lei. Gente sincera, que não entende o que
Deus fêz, e por isso ainda vive sob o Velho Testamento. Dizem os
nossos amigos sabatistas que é necessário adorar a Deus no
sábado, pois a lei assim o preceitua. Têm razão, a lei diz em
Levítico 19:3: "E guardará os meus sábados. . . " Mas a nova
aliança diz:

"Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e


bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou SÁBADOS: porque
tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir."
Colossenses 2:16,1

Pensam os meus amigos pentecostais que se suas


mulheres usam mangas compridas e deixam o cabelo crescer,
demonstram sua santidade e obediência às leis divinas. Na
realidade, estão vivendo sob a primeira aliança que nada provou
senão a inabilidade do homem para produzir santidade. Esta
gente, mal instruída, não logrou ainda transpor as obrigações
da lei para saber o que é graça de Deus.
Por outro lado, inúmeras pessoas vivem para fazer
caridade e suas vidas são fábricas de boas obras. Deus não é
contra obediência, santidade ou boas obras. Mas saiba o leitor
que estas coisas não operam a salvação. Boas obras não dão
nenhum "crédito" junto a Deus. Se você for salvo dos seus
pecados e ganhar entrada no céu, será pela sua fé em Cristo.
Livre-se da primeira aliança. Aceite a graça de Deus. Viva
com sua confiança exclusivamente no que Cristo lhe dá. Rejeite
a filosofia de legalismo, tão popular em muitas igrejas, e tão
inútil em seus efeitos. Faça suas obras de caridade, mas não
pense que está ganhando favores do céu. Não faça o que fez
Abraão, ao querer "ajudar" Deus a cumprir Sua promessa.

ISAQUE E ISMAEL
O texto citado no início deste capítulo fala sobre Isaque e
Ismael, os símbolos das duas alianças. O leitor, com certeza, se
lembra da história. Em poucas palavras foi isto o que
aconteceu: Em Sua aliança com Abraão, Deus prometeu que
faria dele o pai de muitas nações e que surgiria um povo que
seria um exemplo para todos. Abraão e Sara, sua esposa, já
eram velhos quando lhes foi feita essa promessa. Sara não
podia conceber.
Combinaram que Abraão teria um filho com a escrava
Agar, a única maneira possível (ao seu entender) para tal
promessa cumprir-se. E foi isto o que fizeram. Nasceu Ismael,
filho de Agar, conforme a vontade humana.
O que não sabiam era que quando Deus faz uma
promessa, Ele a cumpre, mesmo por milagre. Sara, até então
estéril, concebeu e deu à luz a Isaque, o filho da promessa.
Surge, então, o problema: que fazer com a escrava e Ismael seu
filho? Que fazer com a carne?
Paulo usou estas duas figuras, os filhos de Abraão, para
descrever com perfeição a diferença entre a primeira e a
segunda aliança. A primeira era carnal e temporária; a
segunda era espiritual e permanente.

"Lança fora a escrava com o seu filho, porque de modo


algum o filho da escrava será herdeiro com o filho da
livre. E assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e, sim,
da livre." Gálatas 4:30,31

É isto, justamente, o que está errado em muitos setores da


Igreja atual. Ainda têm Ismael vivendo dentro delas. A lei ainda
tem que ser obedecida. A escravidão continua.

"ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós


outros... tendo começado no Espírito, estejais agora vos
aperfeiçoando na carne? ... aquele, pois, que vos concede o
Espírito e que opera milagres entre vós, porventura o faz
pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?" Gálatas 3:1,3,5

Acabe, de vez, amigo leitor, de tentar agradar a Deus pelas


obras da carne. Não dependa mais da sua capacidade de
"produzir santidade". Durante quatro mil anos isto foi tentado e
não deu resultado. Não se pode jamais agradar a Deus com sua
tentativa de obedecer à lei. A lei era fraca e todos os que
tentam obedecê-la também são fracos.
Saia, portanto, da primeira aliança e entre na provisão
perfeita da segunda pela graça do Senhor. Aceite a Jesus Cristo
como seu Salvador, sua santificação e única esperança da vida
eterna.
Capítulo III
As Duas Alianças

AS DUAS ALIANÇAS

"Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha


voz, e guardardes a Minha aliança, então sereis a
Minha propriedade peculiar dentre todos os povos."
Êxodo 19:5
"Será, pois, que, se, ouvindo estes juízos, os
guardares e cumprires, o Senhor teu Deus te guardará a
aliança e a misericórdia prometida sob juramento a
teus pais." Deuteronômio 7:12

Durante os quatro mil anos da primeira aliança, período


que medeia entre Adão e Jesus, as duas vontades, a divina e a
humana, estavam determinando o seu lugar no destino do
homem. O homem tinha que dar provas do que podia fazer, e
Deus demonstrou a Sua paciência e Sua fidelidade.
O grande paradoxo da primeira aliança é ter sido ao
mesmo tempo um fracasso e um grande sucesso. O homem
jamais pôde obedecer à lei e aos mandamentos, e Deus sabia
disto desde o princípio.
Em cada geração subseqüente Deus renovou as Suas
promessas condicionais, e cada uma dessas gerações falhou
completamente. Começando com Adão, e continuando com Noé,
Abraão, Moisés e Davi, cada um desses heróis dos tempos
antigos provou sua total incapacidade de obedecer a Deus.
Adão foi o primeiro a rebelar-se contra a vontade de Deus.
Abraão, o pai de nações, mentiu a respeito de sua mulher Sara.
Moisés desobedeceu às ordens de Deus e por isso foi-lhe
vedado entrar na terra prometida. O fracasso de Davi é mancha
permanente no seu caráter. Comprovaram, um após outro,
sua incapacidade de andar no caminho certo e de merecer a
promessa feita por Deus.
Por outro lado, o grande sucesso da primeira aliança foi a
prova constante da paciência que Deus demonstrava em face
da derrota do homem.
DEFINIR O PECADO
Vimos que a primeira aliança, apesar de seu fracasso, foi
necessária como preparação para a segunda. O que os
patriarcas, profetas e sacerdotes provaram foi a definição do
que é pecado. Sem o exemplo desses milhares de anos, e sem
uma conclusão tão convincente, o trabalho de Jesus teria sido
em vão, pois Ele veio buscar e salvar os pecadores. Ele não salva
os "justos" nem os "sábios", nem os "religiosos", e sim, os caídos,
os fracos, os pecadores.
O grande resultado da primeira aliança, foi revelar que
pecado é desobediência. Foi a desobediência que conservou
Israel no estado crônico de derrota; foi a desobediência que
tornou impossível o cumprimento das promessas eternas da
primeira aliança. Foi a desobediência que requeria total reforma
do concerto, levando Deus a estabelecer uma nova aliança: o
evangelho de Jesus Cristo.
A necessidade imperativa do homem conhecer-se a si
mesmo e de reconhecer o seu estado vil e decaído é a lição de
quatro mil anos da sua história. A lei nada fez para
aproximar o homem de Deus. A lei nada fez para levantar o
pecador. A lei nada fez senão prometer aquilo que não podia vir
por intermédio da primeira aliança, pois as condições eram
demasiado pesadas: obediência completa e constante.
Portanto, apóstolo Paulo ensina que só pelo fato de ser
judeu e filho de Abraão nada se obtém.

"Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem?


não, de forma nenhuma, pois já temos demonstrado
(durante o período da primeira aliança) que todos, tanto
judeus, como gregos, estão debaixo do pecado. Como está
escrito: não há justo, nem sequer um, não há quem
entenda, não há quem busque a Deus; todos se
extraviaram, à uma se fizeram inúteis: não há quem faça
o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é
sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de
víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de
maldição e de amargura; são os seus pés velozes para
derramarem sangue, nos seus caminhos há destruição e
miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor
de Deus diante de seus olhos." Romanos 3:9-18

Como é que Paulo chegou a essa conclusão? Pela história


de Israel; pela repetição do círculo vicioso de pecado,
arrependimento, perdão; pecado, arrependimento, perdão.
Finalmente, Deus achou que a lição tinha sido aprendida; o
homem já sabia que não podia por seu próprio esforço ou
santidade chegar a salvar-se. Deus concluiu que era hora de
terminar a velha aliança e celebrar a nova.

DUAS FONTES DO PROBLEMA


Examinemos uma das profecias registradas nos tempos da
primeira aliança:

"Porque esta é a aliança que firmarei com a casa


de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Na mente
lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo.
Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem
cada um. ao seu irmão, dizendo: conhece ao Senhor;
porque todos Me conhecerão, desde o menor até ao maior
deles, diz o Senhor. Pois? perdoarei as suas iniqüidades,
e dos seus pecados jamais me lembrarei." Jeremias
31:33, 34

A razão do fracasso dos homens durante a primeira


aliança foi o afastamento de Deus do coração do povo e a
concentração da mente em desejos mundanos. O coração e a
mente:Os dois lugares comuns do problema. Assim como um
animal é conduzido por seus instintos, o homem é guiado por
seus sentimentos. Reconhece-se a verdade de que o ser
humano não age conforme o que pensa ser certo, mas
conforme sente. Mas, mesmo se fosse o contrário, o problema
seria o mesmo: tanto o coração como a mente do pecador
estão longe de Deus. Ele não pode compreender nem sentir a
necessidade de obedecer a Deus.
Veja o que Deus diz sobre a segunda aliança que faria:
"Depois daqueles dias..." E note que esta promessa está
sendo feita à casa de Israel. É preciso notar que nós, da igreja
de Jesus Cristo, somos a casa de Israel na época atual.

"Porque não é judeu quem, o é apenas exte-


riormente, nem é circuncisão a que é somente na
carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e
circuncisão a que é do coração, no espírito, não
segundo a letra, e cujo louvor não procede dos
homens, mas de Deus." Romanos 2:28,29

Neste sentido somos judeus. Fomos circuncidados


espiritualmente no coração, pelo batismo nas águas, conforme
está registrado em Colossenses 2:11,12. Somos herdeiros das
promessas feitas à casa de Israel. Somos herdeiros da profecia
que fala a respeito de uma outra aliança: o evangelho de Cristo.

MENTE E CORAÇÃO RENOVADOS


Falamos do "fundo do coração" como se fosse um poço, ou o
porão de um edifício. A verdade é que o coração não tem
compartimentos, salas ou andares. Ele é um lugar só. Tem
ura, só trono, e permite uma só lealdade dominante. Assim
como a Bíblia diz não ser possível servir a dois senhores, pois ou
se há de aborrecer um e amar ao outro, ou se há de desprezar
um e querer o outro, concluímos que se o mal reina no
coração, não há lugar para a presença de Deus.
Na segunda aliança, o problema do coração alienado de
Deus, e da mente, ocupada de coisas mundanas, está resolvido
de uma vez para todas. A profecia diz: "Na mente lhes
imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas
inscreverei."
Não mais é necessário viver em conflito de desejos carnais,
lutando contra as ordens de Deus. Não é mais necessário lutar
com uma mente dominada por pensamentos mundanos, contra
uma série de leis exigidas por Deus. Agora, o coração tem um
rei, a mente um mestre. Com a nova aliança c problema será
resolvido. Deus entrará em nossa mente e em nosso coração
para ali gravar uma lei de graça que encherá a vida toda.
Uma das tábuas da lei antiga podia ter sido atirada fora,
mas quando Deus entra no coração do penitente para ali
imprimir os Seus desejos, e ali gravar os Seus pensamentos,
quem vive sob a segunda aliança está livre do conflito antigo,
livre das forças que o derrotam, livre da lei que destrói. Pela
primeira vez na história, um pecador ouve e obedece a vontade
de Deus, por causa dele ser uma nova criatura, renovada no seu
coração e na sua mente.

PROPRIEDADE EXCLUSIVA
Uma das promessas condicionais da primeira aliança, foi
citada no início deste capítulo.
"Se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e
guardardes a Minha aliança, então sereis a Minha
propriedade particular." Êxodo 19:5

A falta de ouvir a voz de Deus e de guardar a aliança,


impossibilitou o cumprimento desta promessa. Outro povo
terá, então, que ser propriedade particular de Deus. Ele
reservou para a segunda "casa de Israel" este privilégio.

"Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo."


Jeremias 31:33

Tais palavras, tão simples, são a expressão mais


elevada da segunda aliança, e a fruição de uma promessa da
primeira. Filhos da promessa, descendentes espirituais de
Abraão, seguidores de Jesus, o mediador da segunda aliança,
somos propriedade exclusiva de Deus.
É uma verdade tão ofuscante que temos que fechar os
olhos e curvar a cabeça em profunda meditação para
compreendermos o seu significado. Somos o povo de Deus. O
Deus da aliança é o nosso Deus.

MUDANÇA DE BASE
Nesta profecia sobre a segunda aliança, verificar se a uma
transformação interior, no coração e na mente, mas a base da
nossa fé será completamente mudada.

"Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem


cada um ao seu irmão." Jeremias 31:34

Na nova aliança, a fé em Deus não se baseia mais em


fatos, regulamentos, cerimônias, tradições ou informação
histórica. Religião, para nós, é muito mais do que um dogma
bem ensinado e bem aprendido. Segundo esta promessa, algo
sobrenatural acontecerá no íntimo do crente, tornando desne-
cessária uma "orientação" antes de poder desfrutar dos
benefícios da aliança. Por isso, a profecia diz, "não ensinará
jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão."
Deus, pelo Espírito da Verdade, nos instruirá.
Uma vez falamos sobre o tema "Deus não tem netos."
Dissemos que Deus só tem filhos, e quem é filho de filho de
Deus não é nada, pois em nenhum lugar da Bíblia está
registrada a frase "os netos de Deus." Quem nasce numa
família recebe os característicos dos seus pais. Por isso, quem
nasce na família de Deus, tem, automaticamente, uma relação
com Ele.

"Todos me conhecerão, desde o menor até ao


maior deles." Jeremias 31:34

O verbo "conhecer" implica bem mais do que apenas ter


informação a respeito. Êle envolve uma compreensão, um
entendimento, uma intimidade que dispensa orientação. Nos
tempos da primeira aliança os pais ensinavam aos seus filhos,
e cada um ao seu próximo, as leis e mandamentos de Deus. Mas
com a nova aliança todos que nascem de Deus são filhos de
Deus, e têm mais compreensão de Deus do que um doutor em
filosofia que não seja filho da aliança.
O povo humilde pode conhecer a Deus. O mais jovem na fé
pode comunicar-se com Deus. O menor entre nós é filho de Deus
com todos os direitos e privilégios. E a nossa entrada nessa
família não é por educação, ou por tradição de família, mas
pela fé nas promessas do evangelho de Cristo, a segunda
aliança.

O MELHOR DE TUDO
Mas isso não é tudo. Além do privilégio de termos as leis
de Deus gravadas em nossos corações e mentes, e além de
sermos propriedade exclusiva de Deus, a profecia inclui uma
promessa ainda mais gloriosa:

"Perdoarei as suas iniqüidades e dos seus


pecados jamais me lembrarei." Jeremias 31:34

Durante a primeira aliança, o perdão dos pecados era


apenas simbolizado através de cerimônias. Levava-se o bode
expiatório ao deserto para ali morrer no lugar dos pecadores,
em favor dos quais o sacrifício era feito. Esta cerimônia se
repetia anualmente pois o povo nunca chegou ao ponto de
receber perdão dos seus pecados.
Somente com o sacrifício de Jesus, o cordeiro de Deus, o
sangue da aliança foi derramado, uma vez para sempre, para
garantir o perdão e a purificação de todos os nossos pecados. O
que não foi possível sob a primeira aliança, fê-lo Deus sob a
segunda: perdão perfeito e completo.
Mas isto ainda não é tudo. Deus disse, "jamais Me lembrarei
dos seus pecados." Os nossos pecados não somente são
apagados, como também esquecidos por Deus. O leitor sabe o
que é amnésia? Digamos que uma pessoa viva vinte anos, e um
dia sofra um choque. Ela perde por completo a memória do pas-
sado, e começa a viver como se fosse pela primeira vez. Do seu
passado nada pode lembrar-se, por causa do trauma que
sofreu. Em linguagem psiquiátrica isto se chama "amnésia" ou
"bloqueio". É isto justamente o que acontece sob a segunda
aliança. Um homem vive em seus pecados durante vinte, trinta,
quarenta anos. Êle mente, engana e faz tudo o que é normal ao
incrédulo. Sua vida acostumada sempre a "dar um jeitinho" e
sua desonestidade não criam grandes problemas, pois todos os
demais estão fazendo a mesma coisa. Esse homem, em sua
ignorância, não compreende que toda mentira é dirigida contra
Deus.
Um dia, esse pecador, ouve a mensagem do Evangelho. Ele
se compenetra de que é pecador de verdade. Chega então a
compreender que sua vida de acomodações não passa de uma
ofensa bem grande perante Deus. Sente necessidade de confes-
sar seu pecado, arrepender-se do que tem feito, e suplicar a
Jesus que seja o seu Salvador pessoal. Nesse momento, algo
traumático acontece. Ocorre uma "amnésia" na mente divina. O
pecador nasce de novo e começa a viver para Cristo daquele
momento em diante. Sua vida do passado é vida de outra pessoa.
Esse novo homem é uma criança espiritual, acaba de nascer.
No dia do julgamento, quando os livros forem abertos e o
anjo ler a história daquele pecador salvo pela graça de Deus,
não há nada nas primeiras páginas; estão limpas e em branco.
Deus apagou ou seus pecados e esqueceu por completo o
passado de seu novo filho.
Portanto, quando o diabo vem atormentar o leitor com a
memória de pecados passados, diga-lhe que essas coisas
aconteceram a outra pessoa, e não a você. Deus esqueceu dos
seus pecados. Não está obrigado a ouvir as acusações de
satanás.
Deus tudo esqueceu e esforçar-nos-emos por fazer o
mesmo.
VIVA COMO UM TRANSFORMADO
Se acreditamos que todos os nossos pecados estão
perdoados, e que Deus jamais se lembrará deles, creiamos
também nas outras declarações incluídas nessa mesma profecia
sobre o Evangelho: as nossas mentes e os nossos corações
estão disciplinados pela graça e presença de Deus.
Por esta razão não é mais necessário permitir que o
pecado reine. Aceitemos a posição que ocupamos sob a segunda
aliança e vivamos vitoriosamente. Não somos obrigados a
lutar sozinhos contra a rebeldia de uma natureza decaída.
Na cruz do Calvário, Deus tomou conta dessa nossa natureza
e deu-nos outra.
A segunda aliança nos liberta da nossa fraqueza como
também das nossas inúteis tentativas de obedecer quando não
temos recursos para fazer. Os meios de que dispomos são
suficientes para nos libertar e para nos salvar de todo o mal.
Vivamos portanto como filhos de deus, propriedade
eclusiva do nosso Deus, como filhos da aliança.

NOVA ALIANÇA

"Dar vos ei coração novo, e porei dentro em vós


espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos
darei coração de carne. Porei dentro em vós o meu
Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos,
guardeis os meus juízos e os observeis... farei com
eles aliança de paz; será aliança perpétua." Ezequiel
36:26, 27; 37:26

Uma aliança depende da fidelidade das partes nela


envolvidas. Uma tem que cumprir as condições e a outra as
promessas. Qualquer delas pode invalidar a aliança por falta
de cumprir sua palavra.
A velha aliança resume-se em poucas palavras:

"Dai ouvidos à minha voz e eu serei o vosso Deus."


Jeremias 7:23

Nestas onze palavras temos o âmago da velha aliança.


Deus exigiu do povo de Israel obediência à Sua voz e em troca
prometeu ser o seu Deus. A história do Velho Testamento
mostra que Israel falhou constantemente em sua parte, e, por
esta razão, invalidou a aliança. Deus perdoou esse povo e
reafirmou muitas e muitas vezes o desejo de ser o seu Deus.
Mas a fraqueza, desobediência e idolatria repetiu-se até que por
fim Deus prometeu, através dos Seus profetas, uma nova
aliança.

COMO ACABAR COM A DESOBEDIÊNCIA?


Antes de estabelecer uma nova aliança, Deus tinha que
eliminar a condição que invalidara primeira. O homem
pecador revelou-se totalmente incapaz de obedecer a Deus
porque o seu coração estava longe dÊle, e sua mente cogitava
apenas das coisas mundanas e carnais. Para garantir o
sucesso da segunda aliança, Deus mudou as condições, e a
capacidade do povo.
Voltemos ao texto deste capítulo para ver, em profecia, o que
fez Deus para que o funcionamento da nova aliança pudesse
ocorrer. São seis as coisas que seriam mudadas:
1) Dar vos ei coração novo.
2)Porei dentro em vós espírito novo.
3)Tirarei o coração de pedra.
4)Darei coração de carne.
5)Porei dentro em vós o meu Espírito.
6)Farei que andes nos meus estatutos.
Nos tempos antigos, o problema da primeira aliança era
a desobediência do povo a Deus. O seu coração estava sempre
longe dÊle. Enquanto Moisés recebia no Monte Sinai as tábuas
da lei, o povo de Israel entregava-se a desenfreada
carnalidade e idolatria e irritou-se muito por exigir ele santi-
dade e obediência ao Deus que chamava Eu Sou. Vez após
vez e geração após geração Israel abandonou as leis e os
estatutos de Deus para viver como as demais nações que não
temiam a Deus nem queriam obedecer os Seus mandamentos.
Israel não sentia necessidade de Deus, nem da proteção que
Ele lhe oferecia, não dando valor à salvação prometida.
Israel voltou-se para Deus e pediu-lhe perdão dos seus
pecados somente em época de doença e adversidade. Pensava em
Deus quando os seus inimigos avançavam e dominavam;
quando as pragas e doenças matavam as suas tribos, então
Israel voltava-se para Deus, não por amor mas por necessidade.
TUDO AGORA É NOVO
Quando Israel desobedecia, Deus o castigava e ele voltava
a obedecer, temporariamente. Mas isto não satisfazia a Deus.
Ele não queria que o povo o obedecesse por medo ou dever. Deus
queria adoração voluntária; obediência sem obrigação; enfim,
uma demonstração de amor. E para isto acontecer, teve Deus
que mudar tudo; teve que transformar o homem.
Hoje, estamos vivendo sob a nova aliança, o evangelho de
Cristo. Hoje, a aliança opera, não por causa do homem, mas por
causa de Deus. Foi Ele quem transformou a Sua aliança,
tornando possível que lhe obedecêssemos. Como? Ele nos deu
um novo coração!
Dentro de nós, há um coração que bate em sintonia com o
coração de Deus. Nós temos, por causa da nova aliança, um
coração sintonizado com a voz de Deus. Não é mais necessário
servir a Deus por obrigação, nós O servimos por amor. Não é
mais preciso que Êle nos castigue para nos fazer lembrar da
aliança; vivemos para O glorificar e agradar porque Ele nos deu
um novo coração.
É isto o que o legalista não pode compreender. Ele ainda
vive sob a lei. Obedece por obrigação.
É como os "insensatos gálatas" que tentavam chegar à
perfeição por meio das obras da carne. Acham que Deus ainda se
agrada da velha forma de sacrifícios e de auto negação. Acham
que a salvação se constitui de proibições e obrigações.
Tudo é diferente sob a nova aliança. Deus mudou as
regras do "jogo". Não podemos nos gloriar em nossa própria
santidade. Quatro mil anos de derrota e fracasso já provaram
não ser isto possível. O homem não regenerado jamais pode
obedecer a Deus. Ele tem um coração de pedra e não sente
necessidade de Deus. Religião para ele é uma obrigação, um
fardo, um dever.
Com o novo coração, o crente ama a Deus es-
pontaneamente. Com este novo coração sentimos Sua presença;
gostamos de fazer o bem. Além disso, Deus nos deu um novo
espírito. O espírito rebelde da natureza velha foi substituído.
Este não é apenas um espírito de bondade ou caridade; é o
Espírito de Deus que habita em nós.
Não estranha, pois, sejam os nossos desejos para agradar
a Deus. É a natureza divina a simpatizar com a natureza divina.
Agora, não há conflito na vida cotidiana entre duas naturezas,
dois espíritos diferentes. É fácil obedecer a Deus porque o nosso
coração assim quer. Deus fez tudo isto possível por intermédio
de transplante duplo: um novo coração e um novo espírito.

FAVORECIDO DA GRAÇA DIVINA


De fato, quando aceitamos Jesus Cristo como Salvador
pessoal, tornamo-nos completamente incapazes para gostar das
coisas que o mundo chama de "prazer" e "divertimento".
O novo coração e o novo espírito nos transformaram em
pessoas novas e diferentes. Isto não quer dizer que não
podemos voltar a praticar o pecado. Deus não nos tirou a
vontade própria. Mas se voltarmos, jamais poderíamos gostar
do pecado e seríamos as pessoas mais miseráveis da terra.
Para satisfazer os desejos do nosso novo coração e espírito, as
coisas deste mundo não são suficientes. A pessoa mais
lamentável na face da terra é aquela que já tendo
experimentado a nova aliança com o seu poder transformador;
que já tendo recebido um novo coração e um novo espírito,
volta a andar de novo no pecado.
A bebida torna se lhe azeda na boca; o cheiro do fumo lhe
é nojento; os poucos momentos de prazer carnais voltam-lhe
para o atormentar como nunca antes. A velha vida de pecados
não lhe é mais a mesma. Com os velhos amigos não tem mais
assunto. Até a linguagem dos colegas dos dias passados lhe é
estranha.
Que aconteceu? Deus lhe deu um novo coração destituído
da capacidade para apreciar e gostar do mal. Deus lhe deu um
espírito que não mais se harmoniza com os incrédulos. O crente
foi feito para comunhão com Deus e com o Seu povo e nada
menos o satisfaz.
Não andamos em piedade por medo, mas por amor. Não
obedecemos às leis por obrigação, mas por prazer. Não
servimos a Deus por dever, mas por gratidão. Não vivemos
santificados por estar alguém nos vigiando, ou por medo de
sermos excluídos da igreja, mas porque o nosso coração quer
agradar a Deus. Não queremos ofender a Deus e por isso
praticamos o bem.

"O Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, para


amares ao Senhor de todo o coração e de toda a tua
alma." Deut. 30:6
DEUS: A CAUSA DA NOSSA OBEDIÊNCIA
Na profecia da segunda aliança, acima citada, disse Deus:
"farei que andeis nos meus estatutos." A fonte da nossa salvação
é Deus. A fonte da nossa obediência também é Deus. E Ele quem
possibilita a nova vida cristã. Ele nos faculta andar conforme as
Suas leis e estatutos.
Ponto final à idéia de piedade perfeita que nos torna
espiritualmente superiores. Quem pensa que se mantém a
vida Cristã por causa da sua própria santidade, nada
entende da lição da primeira aliança, nem da natureza
humana. Somos salvos pela graça de Deus, e sustentados
pela mesma graça !
Deus nos faz andar nos Seus estatutos. Assim diz a
Bíblia. Assim funciona o Evangelho. Assim é a nossa garantia
nesta segunda aliança.

DOIS RESULTADOS GLORIOSOS


Depois de tornar possível que lhe prestemos obediência,
pela implantação em nós de um novo coração e um novo
espírito, Deus pode cumprir Sua grande promessa. Onde a
primeira foi anulada pela desobediência, a segunda vigora
perpetuamente Por causa disto, a profecia está certa: a aliança
é eterna.
Concluímos que tudo quanto Deus promete sob a
primeira aliança e que não pôde cumprir, agora torna-se
possível. As promessas eternas de proteção e paternidade podem
ser cumpridas porque Deus nos deu capacidade para "dar
ouvidos à sua voz." Tudo quanto Ele prometeu, está pronto para
realizar. As promessas ao Israel antigo que foram anuladas,
Deus as reafirma para o Seu novo Israel: a igreja de Cristo.
A frase profética de Ezequiel que descreve este segundo
acordo é: "uma aliança de paz, uma aliança perpétua." (Ez.
37:26). Esta é a aliança que nos promete a vida eterna. Esta é a
aliança que nos redime pelo sangue dum "sacrifício melhor".
Esta é a aliança pela qual seremos julgados nos últimos dias. É
a aliança final entre Deus e o Seu povo.
Capítulo IV
O Espírito da Aliança

"Estando já manifestos como carta de Cristo,


produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta,
mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de
carne, isto é, nos corações. O qual nos habilitou para
sermos ministros de uma nova aliança, não da letra,
mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito
vivifica. E se o ministério da morte, gravado com letras
em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de
Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da
glória do seu rosto, ainda que desvanecente, como não
será de maior glória o ministério do Espírito? Porque se
o ministério da condenação foi glória, em muito maior
proporção será glorioso o ministério da justiça.
Porquanto, na verdade, o que outrora foi glorificado,
neste respeito já não resplandece, diante da atual
sobre excelente glória." II Cor. 3:3, 6-10

Com esta mensagem deixamos as profecias do Velho


Testamento a respeito da Nova Aliança registradas pelos profetas
Moisés, Ezequiel e Jeremias. Eles falaram da promessa do novo
coração, do novo espírito, do perdão perfeito e do esquecer Deus
os nossos delitos: tudo isso na condição de obediência.
Vejamos agora na palavra do apóstolo Paulo, o grande
contraste entre estas duas alianças. Como "ministro de uma
nova aliança", Ele descreve nesses versículos a superioridade em
todos os aspectos dessa nova aliança, ou seja, o Evangelho de
Jesus Cristo.
Um dos pontos fracos da velha aliança era que foi
escrita nas tábuas da lei. Paulo afirma que "a letra mata", e à
primeira aliança chama "o ministério da morte", porque jamais
salvou ninguém. Ele continua neste mesmo sentido dizendo que
a lei era "um ministério da condenação". E tinha toda razão; foi
uma descrição precisa. A primeira aliança condenou o povo de
Israel pois provou, em todos os pontos, sua fraqueza e
infidelidade.
O grande problema era que a primeira aliança tentou
resolver um problema por dentro, com recursos de fora,
enquanto a glória da segunda aliança é que ela começa de
dentro e produz fruto na vida exterior.

A GLÓRIA DA PRIMEIRA
Não devemos esquecer, entretanto, que a glória de Deus
resplandeceu na primeira aliança. Seria errado atacar essas
primeiras promessas feitas por Deus, insinuando serem elas
meramente palavras vazias. Não. Deus foi sincero quando
prometeu ser o Deus de Israel. E se Israel tivesse guardado aos
Seus mandamentos, não teria havido necessidade da segunda
aliança.
Quando Moisés deixou a presença de Deus no monte Sinai,
e desceu com as tábuas da lei, ele teve de cobrir c rosto
porque este resplandecia com a glória de Deus. Esta foi a
marca do seu encontro com o Onipotente e a prova de que Deus
na verdade tinha entrado em contato com o homem.
Sem dúvida nenhuma esta primeira aliança estava
revestida da glória de Deus. O Apóstolo, porém, explica que se
a glória da primeira foi grande, sendo ela apenas um ministério
da condenação, tanto maior será a glória da segunda que é o
ministério do Espírito!

O OBJETIVO DA SALVAÇÃO
Neste texto, o Apóstolo se vale do mesmo símbolo empregado
pelo profeta Ezequiel para descrever o funcionamento da
segunda aliança. Êle diz que Deus usa o coração renovado do
homem no qual inscreve a nova aliança.
Nós, evangélicos, usamos linguagem que, às vezes, parece
um código secreto aos estranhos. Somos culpados de falar em
frases bem conhecidas nossas e, por isso, presumimos que
todo o mundo deve, automaticamente entender o que estamos
dizendo. Por exemplo, na hora do apelo, diz o pregador: "meu
amigo, dê a Deus o seu coração."
Ao ouvir que deve dar o coração a Deus, o ouvinte não afeito
à expressão fica sem saber o que deva fazer, pois o coração não é
objeto que se possa entregar na mão de outrem.
Atrás deste apelo, tão comum para nós, e tão estranho
para outros, há uma das grandes verdades do Evangelho. O
objetivo da salvação é o coração humano. Deus quer o seu
coração, pois se Ele o tem, então Ele tem tudo.
O coração do homem é a vida real. Com o coração ele ama.
Com o coração ele toma decisões. Parece estranho, mas a
Bíblia diz que o homem crê com o coração e não com a mente.
Nós agimos conforme os desejos do nosso coração. Somos pes-
soas controladas e guiadas pelos sentimentos do coração e não
pelas conclusões da lógica.
Esta a razão do apelo do pregador: "meu amigo, Deus quer
o seu coração." Na tábuas da carne Ele quer escrever as Suas
leis e os Seus mandamentos. No seu coração Ele quer imprimir
a Sua vontade para que você possa obedecê-lo. Se Deus receber o
seu coração, amigo leitor, você O obedecerá, não por obrigação
mas por amor.

O ESPÍRITO
Encontramos, no início, nova frase que não descobrimos
nas profecias do Velho Testamento. Paulo diz que a nova
aliança está sendo escrita pelo Espírito do Deus vivente.
Depois ele diz que o Evangelho é um ministério do Espírito". O
agente da segunda Aliança é o Espírito de Deus.
O grande dom da aliança é o Espírito do Senhor. Sua
presença no ato transformador da salvação é prova de que
Jesus, o mediador da aliança, está no trono no céu. Jesus disse
que quando chegasse à destra de Deus enviaria o Espírito. A
glória da primeira aliança era exterior; resplandeceu no rosto de
Moisés. A glória da segunda aliança é a presença permanente do
Espírito do Senhor, que toma sua residência no coração hu-
mano, fazendo do nosso corpo o templo de Deus. É Ele que nos
guia em toda a verdade, revelando nos as profundidades e os
matizes da nova vida em Jesus Cristo. Ao ler a palavra de Deus
com o novo coração e com o Espírito do Senhor, conhecemos o
que Deus nos deu, e o que Ele nos dá para nossa abundância
O Espírito Santo, o dom da segunda aliança, é o espírito
da fé. Traz-nos arrependimento. Convence-nos do pecado e da
justiça. Leva-nos a crer em Jesus Cristo como nosso único
Salvador.
O Espírito do Senhor é o comunicador da aliança.
Conhecemos a Deus por Seu intermédio. Ele traz a presença de
Deus para dentro do nosso coração novo.
A igreja de Jesus Cristo no dia de hoje não dá ao
Espírito Santo o seu devido lugar. Despreza os Seus dons e
limita a Sua liberdade. Em muitas igrejas a letra é m,ais
importante do que o espírito. Mas Paulo nos adverte, e há o
exemplo de quatro mil anos para comprovar esta verdade, que a
letra mata e só o espírito dá vida.
Se convidamos o Espírito Santo de Deus a entrar em
nossas igrejas e em nossas vidas; se o deixarmos em liberdade
para Se manifestar como quer; se buscarmos a Sua plenitude
de dons e frutos, somente então veremos e experimentaremos a
sobre excelente glória da nova aliança.
Capítulo V
A Transição Entre as Alianças

"Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os


mortos a Jesus nosso Senhor, o grande Pastor das
ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe
em todo bem, para cumprirdes a sua vontade,
operando em vós o que é agradável diante dele, por
Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo e sempre.
Amém." Hebreus 13:20,21

A transição entre a velha e a nova aliança não foi


gradual; não aconteceu durante um período longo, mas em
poucas horas e por meio de tremenda crise. A morte de Jesus
terminou os quatro mil anos da velha aliança e a Sua ressur-
reição inaugurou a nova.

O FIM DA VELHA ALIANÇA


Duas coisas a morte de Jesus Cristo operou em
referência à primeira aliança. Primeiro, revêlou a natureza da
lei que nada produziu senão demonstrar a fraqueza do homem
levando-o à condenação. Paulo em II Coríntios 3:7 disse que a
velha aliança foi um "ministério da morte" pois jamais salvou
ninguém.
Por outro lado, a morte de Jesus foi necessária para
validar o Seu testamento. Disse o Apóstolo Paulo em Hebreus
9:16 "porque onde há testamento é necessário que intervenha a
morte do testados." Portanto, para legitimar as eternas pro-
messas da primeira aliança, a morte do "testador", Jesus, foi
inevitável.
É significativo que o ministério da morte terminasse com a
morte de Jesus. Aquilo que a ninguém jamais justificou foi
anulado pelo sacrifício prometido desde os primeiros tempos, e
tornou possível entrar em vigor' todas as promessas frustradas
pela desobediência de Israel.
O INÍCIO DA NOVA ALIANÇA
A segunda, ou a nova aliança, começou com a ressurreição
de Jesus. Esta é a aliança da vida e teve início com a nova vida
da ressurreição. A velha nos deu a promessa mas a nova nos
traz poder.
Cristo, que é o Mediador da nova aliança, fecha o período
da lei e abre o da graça. Ele destrói a morte e nos mostra por
Sua ressurreição o que a nova aliança nos dará.
Tudo seguiu perfeitamente o plano de Deus. O texto deste
capítulo diz que Deus tornou a trazer Jesus dentre os mortos,
pelo sangue da eterna aliança. A velha aliança não funcionou
porque não ocorrera ainda a morte do testador, não funcionou
porque nela não havia poder, apenas promessas, não
funcionou porque suas condições eram impossíveis de cumprir.
Mas, Deus tinha declarado que a aliança era eterna. Em vez de
ignorar e obliterar tudo que dissera, deu-nos Deus uma aliança
melhor, inaugurando-a com o ato indicativo de tudo que ela
iria representar: a nova vida pelo milagre da ressurreição do
Seu filho, Jesus.

ENTRAMOS PELO MESMO CAMINHO


A nossa transição do "império das trevas" para o reino de
Deus segue o mesmo caminho: morte e ressurreição. A nossa
entrada na vida Cristã tem que obedecer ao plano traçado por
Jesus Cristo ao estabelecer Ele a nova aliança.
Cristianismo é nova vida. A Bíblia descreve a nossa
conversão como "um novo nascimento". Isto confundiu o sábio
Nicodemos levando-o a indagar: "Como posso eu nascer de novo?"
A resposta é que temos primeiro que morrer para depois nascer
pela ressurreição.

"Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer,


fica ele só, mas se morrer, produz muito fruto." João
12:24

Não há outra maneira de se ganhar a vida eterna; não há


outro caminho para se receberem as promessas da nova
aliança senão o de morrer e ser ressuscitado. Morrer como?
Outra vez o apóstolo Paulo nos dá a resposta,

"Considerai-vos mortos para o pecado." Romanos 6:11


Está aí o segredo. E também o problema. O obstáculo a
receberem-se as promessas de Deus e a vida eterna é o nosso
pecado. Foi o pecado que levou todos os que viviam sob a
primeira aliança a rebelarem-se contra Deus e a viverem
constantemente em estado de derrota. Foi o pecado que
destruiu a possibilidade de cumprir Deus Suas promessas a
Israel. Foi o pecado que exigiu o sacrifício supremo da morte de
Jesus na cruz. É o pecado que impossibilita a Deus ser o Pai de
todos os homens. Só morrendo para o nosso pecado ser nos á
possível entrar na nova vida que Cristo nos oferece.
Todos gostam das promessas. Todos querem a nova vida,
a vida eterna. Todos ficam emocionados com a provisão e a
proteção que Deus descreve nas Escrituras. Mas nem todos
querem pagar o preço que o grão de trigo precisa pagar para
nascer de novo: ter que morrer.
Antes de haver ressurreição, tem que haver morte. Antes
de viver com Cristo você tem que morrer para o pecado. Se você
não morrer, nunca viverá!

O QUE SEGUE À RESSURREIÇÃO?


Voltemos a examinar o texto desta mensagem para
descobrir o que Deus já fez e o que Ele quer fazer para nós.
Primeiro "o Deus de paz, que tornou a trazer dentre os mortos a
Jesus nosso Senhor, pelo sangue da eterna aliança", continua
a fazer com que: "vos aperfeiçoe em todo bem, para cumprirdes
a sua vontade."
O mesmo Deus que começou em Jesus, continua o seu
trabalho em nós. Ele já trouxe Jesus dentre os mortos, e agora
passa a nos aperfeiçoar, "operando em nós o que é agradável
diante dele." Isto quer dizer que a força que opera em nós é
muito maior do que as nossas boas intenções, ou nossa
vontade. O que realmente acontece é que Deus opera em nós;
que Deus nos torna possível fazer a Sua vontade. O legalista
acha que ele mesmo é o responsável por seu próprio progresso
ao passo que a verdade é que a nossa santificação depende do
que Deus faz por nós.
Entristece-nos essa gente que está sempre querendo ser
santa, como se fosse ela a única responsável por esse milagre. A
verdade é bem outra. Por causa do sangue da eterna aliança,
Deus está operando em nós. Não vivemos mais sob a velha
aliança na qual temos que tentar observar a lei em todos os
seus mínimos detalhes para não sofrer o castigo que sempre
acompanha a desobediência. Somos filhos da graça de Deus.
Vivemos pela graça de Deus. Somos aperfeiçoados pela graça de
Deus. Estamos sendo transformados de glória em glória pelo
Senhor, o Espírito.

A TRANSIÇÃO EM NÓS
A transição entre as duas alianças foi abrupta. Mas nem
sempre é assim a nossa transição, ou seja, a nossa
transformação da morte para a vida.
Por que será que alguns mudam a sua vida da noite para
o dia e de repente se tornam crentes fervorosos, seguindo a
Cristo com dedicação e fidelidade? Por outro lado, há gente fraca
que ouve a mensagem do Evangelho; que gostaria de ser salva,
mas parece não ter forças para tanto. Ainda outros levam muito
tempo para morrer para o pecado. A luta contra a carne e a
libertação duma natureza pecaminosa é demorada. Em certos
casos, essas pessoas chegam finalmente ao ponto de largarem
os seus vícios e de se entregarem completamente a Cristo,
mas o caminho é longo e doloroso.
Parece-me que há dois fatores que influenciam essa
transição necessária para se ganhar a vida eterna: primeiro a
revelação de Cristo e depois a determinação da própria pessoa de
"fixar sua mente" em Cristo e andar com Êle, custe o que
custar.
Há pouco tempo uma senhora nos disse que tinha entrado
em uma reunião de quarta-feira, sobrecarregada de problemas e
confusão. Andara procurando paz de espírito em vários lugares
sem sucesso. Na primeira noite em que ouviu o Evangelho de
Cristo, aceitou a Jesus como seu único Salvador e desde então
sua vida se transformou completamente. Ela recebeu a
revelação do poder de Cristo para libertar o oprimido, para
aliviar o sobrecarregado. Ela se arrependeu dos seus pecados e
na mesma noite se tornou membro da família de Deus.
Isto é possível em todos os casos dos que buscam a paz e a
verdade. Muitos têm dificuldades de "fechar o contrato" ou,
em outras palavras, de se converterem para andar com Cristo.
Vejamos alguns conselhos que irão facilitar a entrada no reino
de Deus:
Primeiro, confesse o seu pecado e creia que Jesus morreu
em seu lugar, pagando o preço da sua salvação eterna. Creia
só nele como seu Salvador.
Segundo, morra com respeito aos seus vícios e pecados.
Ponha para trás todas as atividades e amizades que não se
harmonizem com a vida
Terceiro, manifeste sua ressurreição e nova vida pelo
batismo nas águas, pois Jesus disse, "Quem crer e fôr
batizado será salvo."
Quarto, fixe o seu coração em Deus e determine viver
para Êle, custe o que custar.
Quinto, leia a Bíblia e descubra nela as promessas da
nova aliança que são suas.
Se você seguir fielmente estes conselhos deixará de ser um
desses buscadores crônicos da verdade, e passará a ser uma
pessoa salva pelo sangue eterno de Jesus Cristo; uma pessoa
com um novo coração; uma pessoa satisfeita e transformada
pelo poder de Deus.
Capítulo VI
O Sangue das Alianças

"Então tomou Moisés aquele sangue e o asper-giu


sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o
Senhor fêz conosco a respeito de todas estas palavras."
Êxodo 24:8
"Este cálice é a nova aliança do meu sangue."-I Cor.
11:25

Sangue é o centro das duas alianças, e especialmente da


nova. A diferença entre ambas é a mesma que existe entre o
sangue de animais e o do Cordeiro de Deus.
Do sangue da nova aliança depende a sua paz com Deus, o
poder sobre o pecado e a sua libertação do mundo. É
necessário, portanto, compreender o valor e o poder do sangue
da aliança.

A VIDA ESTÁ NO SANGUE


A primeira aliança foi garantida pelo sangue.

"Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo


tenho dado sobre o altar, para fazer ex-piação pelas
vossas almas, porquanto é o sangue que fará expiação
em virtude da vida." Lev. 17:11

Não podia haver qualquer contato entre o Deus puro e o


homem pecador, sem o sacrifício. Sacrifício implica
derramamento de sangue.
No início Deus matou um animal para com sua pele
cobrir a nudez de Adão e Eva que haviam perdido a glória da
primeira criação e estavam nus.
Este princípio continuou quando Deus aceitou o sacrifício
de Abel e recusou as ofertas de Caim. Abel agradou a Deus
porque fêz sacrifício de ani-n>ais, no qual havia o
derramamento de sangue. Deus estabeleceu com Abraão este
conceito quando ordenou que êle matasse a seu filho Isaque.
Lem-bramo-nos que, no momento crítico, Deus proveu um
substituto (a figura de Cristo) e o sacrifício foi feito através
de um cordeiro.
No tabernáculo do Velho Testamento o móvel central era o
altar onde os sacrifícios eram oferecidos fora do santuário, e o
sangue depois levado para dentro e aspergido no santo dos
santos.
Deus declarou que aceitaria o sangue sobre o altar por
expiação dos pecados, profetizando o sacrifício melhor que viria
após. Paulo declarou em Hebreus 9:12 que aquele sangue
cobria apenas os pecados porém os não obliterava, dizendo,
"Por que é impossível que sangue de touros e de bodes
remova pecados."
Eis então o problema: o sangue de animais foi
insuficiente para purificar o pecador. A lei estabelecia, porém,
que sem sangue, não podia haver perdão. Restava, duas
soluções: ou cada pecador teria que morrer para pagar o preço
do seu próprio pecado, ou teria que haver um substituto
para todos.

A SALVAÇÃO SOB A VELHA ALIANÇA

"Muito mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito


eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus,
purificará a nossa consciência de obras mortas para
servirmos ao Deus vivo! Por isso mesmo, ele é o
Mediador da nova aliança a fim de que, intervindo a
morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna
herança aqueles que têm sido chamados." Hebreus
9:14,15

Deus proveu um substituto: Jesus. Êle morreu em nosso


lugar e derramou Seu sangue para nos purificar. Na cruz, Êle
nos redimiu dos nossos pecados pelo poder desse sangue. Mas,
antes disto, o sangue de Cristo já havia salvo a todos os que
aceitaram a primeira aliança e morreram com fé nas suas
promessas.
Paulo declara em Hebreus 9 que a morte de Jesus redimiu
das transgressões a todos quantos foram chamados sob a
primeira aliança. Quando o corpo de Jesus estava no túmulo,
Êle desceu para anunciar as boas novas de libertação a esse
grupo.
"Pois também Cristo morreu, uma única vez... no
qual também foi e pregou aos espíritos em prisão." I
Pedro 3:18,19

É importante saber que as promessas de Deus são


eternas. Quando Êle falou ao povo de Israel e prometeu-lhe a
vida eterna, esse povo teve de aceitar essa mensagem pela fé e
morrer sem ver a concretização da promessa. Como descobrimos
no capítulo anterior, um testamento entra em vigor somente
pela morte do testador.
Todas as promessas da primeira aliança dependiam do
sacrifício de Jesus Cristo e do derramamento do Seu sangue. O
sangue de animais prefigurava apenas o sacrifício do Cordeiro
de Deus e profetizava aquilo que viria. Finalmente, a morte
ocorreu; o sangue foi derramado e Cristo desceu à prisão e ali
anunciou liberdade aos cativos.
Êle anunciou a Adão, a Abraão, a Moisés, a Davi e a
todos os que morreram na fé, que o sacrifício estava
consumado; que o poder da morte fora destruído; que o poder
do pecado quebrado de uma vez por todas. Eles então
receberam a promessa da eterna herança.

COMPRADOS PELO SANGUE


Todos os crentes sabem que pertencem a Deus, mas nem
todos sabem que isto aconteceu por meio de uma transação
legal. O sangue de Jesus Cristo foi o preço que Êle pagou para
nos comprar, e hoje somos propriedade exclusiva de Deus,
conforme a promessa da aliança eterna.

"Sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis,


como prata ou ouro, que fôstes resgatados do vosso fútü
procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo
precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo." I Pedro 1:18

As palavras "resgatados" e "redimidos" significam


"comprados de volta". Se você tem uma jóia empenhada na
Caixa Econômica e depois de arranjar o dinheiro lá comparece
com a cautela, você não compra sua jóia, você a resgata, ou
seja, adquire-a de volta.
Em qualquer contrato a transferência de propriedade é
completa e final após ato de pagamento.
Somos resgatados pelo sangue de Jesus Cristo.
Pertencíamos ao diabo porque a êle servíamos em pecado. A
Bíblia diz que pertencemos a quem servimos. Sendo então filhos
da ira, escravos do pecado e cidadãos do império das trevas,
uma transação legal deveria mudar o nosso estado.
Essa transação legal foi a morte de Jesus Cristo e o
derramamento do Seu sangue. Nessa hora abriu-se a fonte de
redenção: nessa hora a possibilidade de salvação do pecador
tornou-se realidade; nessa hora todas as promessas da vida
eterna da velha aliança cumpriram-se. Agora somos livres do
pecado.

"Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos


libertou dos nossos pecados." Apocalipse 1:5

Somos libertos dos nossos pecados, assim como são


"resgatados" todos os que morreram na fé durante a velha
aliança. Somos livres também da lei e da escravidão das
ordenanças do Velho Testamento. Cristo, por Seu sangue,
nos libertou e vivemos na época da graça de Deus.

O SANGUE NOS GARANTE A VIDA

"Se, porém, andarmos na luz, como êle está na luz,


mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de
Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado." I João 1:7

Já descobrimos que o sangue de Cristo muda a nossa


situação legal. Pertencemos a Deus pela fé no sacrifício de
Jesus e no Seu sangue. Há porém outros benefícios que nos
advêm por causa deste sangue, e entre eles a purificação
constante dos nossos pecados.
Esta, como todas as demais promessas, é condicional.
Deus pede que nós andemos com Jesus, que andemos na luz.
Então duas coisas nos acontecem: temos o grande privilégio
de comunhão com outros membros da família de Deus, e o
sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.
Nem todos sabem que garantia de vida é o sangue de
Jesus. Àquelas pessoas que dependem da sua reputação de
espiritualidade ou do serviço que prestam a Deus, ou da sua
fidelidade aos cultos, não compreendem o valor ou o poder do
sangue da aliança. A nossa parte, o nosso dever é andar com
Jesus Cristo na luz do Evangelho e se fizermos isto, temos a
garantia de que o sangue de Jesus nos purifica de todos os
pecados.
Será que depois da nossa conversão e arrependimento,
jamais precisaremos desta purificação? A evidência, tanto da
Bíblia como da prática, é que necessitamos sempre deste
milagre: o perdão pelo sangue. E a promessa da aliança é que
este sangue tem sido aplicado interiormente em nosso coração
renovado.
Capítulo VII
Mensageiro, Mediador e Fiador

"Eis que eu envio o meu mensageiro qus preparará o


caminho diante de mim; de repente virá ao seu templo o
Senhor, a quem vós bus-cais, o Anjo da aliança a quem vós
desejais; eis que êle vem, diz o Senhor dos Exércitos."
Malaquias 3:1
"Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto
mais excelente, quanto é êle também mediador de superior
aliança instituída com base em superiores promessas."
Hebreus 8:6 "Por isso mesmo Jesus se tem tornado fiador
de superior aliança." Hebreus 7:22

O centro da nova aliança é o Senhor Jesus Cristo. Como


mensageiro da aliança, Jesus anunciou as boas novas do
Evangelho. Como mediador da nova aliança realizou a
reconciliação entre Deus e o homem. Como fiador da nova
aliança, garante tanto as promessas de Deus como também a
fidelidade do crente. Jesus Cristo anunciou, trouxe e garante
as promessas divinas da aliança.
Seria impossível enumerar todos os benefícios da graça de
Deus que Jesus nos traz através da Sua vida, morte e
ressurreição. Podemos, entretanto, salientar a promessa
principal da nova aliança: o coração enganador do pecador
será renovado e desta maneira o homem poderá viver em paz
com Deus.

PECADO
Vejamos os quatro aspectos deste "transplante de coração"
que estabelece a diferença entre a lei e a graça; entre a velha
e a nova aliança; entre a morte e a vida. Primeiro, através do
Evangelho de Cristo nós compreendemos o que é básico para
se receber a nova vida de Cristo, isto é, o conhecimento do
pecado. Tal compreensão é o que falta na vida de todo o
mundo e essa lacuna impossibilita o impulso que leva o
pecador a procurar a salvação. Deus não tem que obrigar o
homem a ser pecador para que o possa depois salvar. O que é
necessário é sentir êle a convicção de que é pecador e sem este
senso da sua condição perdida, jamais vai querer ser salvo.
Era justamente isto o que faltava nos tempos antigos
quando o povo tentava obedecer a Deus por obrigação e não
por causa de sentir sua necessidade espiritual.
Quando Jesus veio como o mensageiro da nova aliança, nos
trouxe a Sua definição do pecado. Dela os religiosos não
gostaram. Não sabiam eles que sua hipocrisia era pior do que o
adultério cometido pela pobre mulher que estava sendo jul-
gada. Antes de querer alguém salvar-se é necessário perceber
primeiro a sua necessidade, e isto é justamente o que falta. Paulo
descreve o problema da seguinte maneira:

"Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos


dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do
evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus."
II Cor. 4:4

DESEJO
Além de nos fazer compreender a nossa necessidade de
perdão, Jesus infunde-nos um grande desejo de viver para
Deus. É este um dos benefícios da nova vida de Cristo. O
coração natural do homem sente é desejo de se satisfazer;
desejo de obedecer a todos os impulsos carnais e sensuais do
corpo; desejo de manter o controle do seu próprio destino sem a
intervenção de quem quer que seja.
A Bíblia diz que o coração do homem natural é insensato,
obscurecido e enganador. Êle não obedece a Deus porque não
quer. Não disciplina os seus apetites porque não quer. Não
agrada a Deus porque não acha necessário fazê-lo.
O filho da nova aliança é diferente, e por isso, não é
compreendido por seu amigo não crente. O salvo quer agradar a
Deus. Quer disciplinar o seu corpo. Quer obedecer a Deus. E o
que é incompreensível ao descrente é o fato de que o filho de
Deus não faz isso por obrigação nem por senso de fanatismo
religioso. O crente obedece a Deus porque quer. O próprio
coração renovado deste filho da nova aliança bate em ritmo
com o coração de Deus e afastar-se dos pecados não lhe é duro
nem grande sacrifício.

VÍCIOS
Outro aspecto dos benefícios dum coração novo é que o
crente fica apto a deixar os hábitos maus, os vícios
pecaminosos e os alvos egoístas que outrora dominaram os
seus pensamentos e suas atividades. A transformação dessa
personalidade é algo inexplicável ao psiquiatra. Depois de se
arraigarem os hábitos, dificilmente o homem muda. Assimilado
um vício é muito rara a pessoa que tenha força de vontade
suficiente para eliminá-lo da sua vida. Mas nisto também
vemos a grandeza do milagre da salvação.
O homem faz, por prazer, aquilo que não queria, nem
podia fazer antes da sua salvação. O bêbado torna-se pessoa
sóbria. O mentiroso deixa de mentir. O infiel volta a viver
honestamente. Pensa-se que isto requer muita força de
vontade, mas na realidade o que exige é a decisão de aceitar o
pecador a Jesus Cristo como Salvador, e começar a obedecer os
impulsos dum coração novo.

PODER
Disse o Apóstolo Paulo: "pois não me envergonho do
evangelho, porque é o poder de Deus..." (Romanos 1:16). Esse
poder que se recebe no momento de aceitar a Jesus, o
mediador da nova aliança, é o poder moral necessário para
fazer o homem a vontade de Deus na vida cotidiana. Esse poder
é poder moral para viver êle satisfeito sem os prazeres carnais
que a Bíblia condena e que destroem o corpo, alma e espírito do
pecador. Esse poder do evangelho é poder moral para que bus-
quemos, em primeiro lugar, o reino de Deus e deixemos que
Deus tome conta das nossas necessidades.
Temos certeza de que para o leitor que ainda não recebeu
esse novo coração através da sua fé em Jesus Cristo, estas
palavras parecem estranhas. Para o leitor crente, porém, elas
descrevem perfeitamente o que já tem acontecido e despertam
nele mais uma vez, uma exclamação de louvor pelo milagre da
salvação.
Talvez o leitor nos pergunte: Como é que alcançamos tal
vitória sobre os nossos pecados e vícios? Somente através de
Jesus Cristo nosso Salvador, o mediador da nova aliança entre
Deus e o homem.

O FIADOR
Além de anunciar as promessas de Deus, como mensageiro
da aliança, e depois de nos trazer os benefícios do coração
novo, a Bíblia diz que Jesus é o fiador da aliança. Cremos que
este é um dos aspectos mais belos do Evangelho. É Jesus quem
garante a aliança; é o fiador do contrato.
Procuramos descobrir na Bíblia se Jesus é o NOSSO
fiador, que garante a nossa fidelidade, ou se é o fiador de Deus
para garantir as promessas.
Para nossa alegria, constatamos que Êle é tudo isso.
Diz a Bíblia que Jesus se nos tornou da parte de Deus
sabedoria, e justiça e santificação e redenção. (I Cor. 1:30). Por
outro lado, sendo o Filho Ünigênito de Deus e a segunda pessoa
da Trindade, Êle representa Deus. Jesus assinou o contrato da
aliança com seu próprio sangue. Êle representa o Pai e nos
oferece perdão e paz eterna. Mas Jesus é o fiador nosso
porque, depois de haver morrido, Êle entrou na presença de
Deus e lhe ofereceu Seu sangue como preço da nossa redenção.
Nessa ocasião Jesus representou-nos, e por causa dÊle podemos,
entrar no santo dos santos e ter comunhão pessoal com Deus
Pai.
Capítulo VIII
O Livro da Aliança

"E tomou o livro da aliança, e o leu ao povo; e eles


disseram: Tudo o que falou o Senhor, faremos, e
obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue e o
aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da
aliança que o Senhor fez convosco a respeito de todas
estas palavras." Êxodo 24:7-8

Antes de aspergir o sangue da aliança sobre o povo para


garantir a fidelidade de Deus sobre as Suas promessas, Moisés
abriu o livro da aliança e o leu ao povo. Por causa desta
leitura a respeito das leis e obrigações, Israel respondeu: "tudo
o que falou o Senhor, faremos e obedeceremos."
O que mais podia se esperar? O povo prometeu obediência
mas faltava elementos essenciais que faziam deste voto uma
coisa impossível.
Faltava compreensão. Israel não sabia o que era pecado,
senão que Deus ordenou que não fizesse certas coisas. A razão
desta proibição foi ignorada. Israel não compreendia o
significado dos sacrifícios: apesar de ser informado que em
certos dias do ano, um animal tinha de ser morto "pelos
pecados do povo". A cerimônia foi realizada mas o valor e
propósito dela continuava um mistério. Outro elemento que
faltava para que funcionasse a primeira aliança foi um
entendimento da natureza humana. O livro da aliança disse:
faça isso, ou faça aquilo. O povo respondeu: faremos. Mas
nada sabia da sua incapacidade de obedecer. Por mais bem
intencionado que o homem seja, o seu coração é impuro, os
seus impulsos são carnais e a sua vontade nunca concorda
com a vontade de Deus.
Israel disse: obedeceremos em tudo, como se fosse
suficiente fazer voto para, automaticamente, receber forças
morais para cumpri-lo. Inúmeras pessoas nos dias que
correm caem no mesmo erro. Dizem eles: basta ler a Bíblia,
estudar os seus preceitos elevados e fazer o melhor possível,
sem ter a mínima noção do que envolve esta obediência. A
educação religiosa é justamente o que recebeu o povo de
Israel durante os tempos da primeira aliança. Esta
educação falhava naqueles dias e falha hoje. Ler o livro não
resolve o problema espiritual. Suas boas intenções e seus votos
para "fazer melhor" são destinados a falhar porque uma vida
Cristã depende de algo muito mais do que informação do que
está escrito no livro de Deus.

O FRACASSO DA EDUCAÇÃO RELIGIOSA


Quando Moisés desceu do Monte Sinai, com as leis escritas
nas tábuas, o povo não queria ouvir a voz de Deus.

"Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos;


porém não fale Deus conosco, para que não morramos."
Êxodo 20:19

Israel estava disposto a ser uma "experiência religiosa" mas


não queria nada com a voz ou a presença de Deus. Sabia que um
pouco de educação religiosa não faz mal a ninguém, mas
enfrentar a justiça e santidade Divina é uma outra coisa.
Que retrato dos religiosos nos dias atuais! Gostam de
ouvir a leitura do livro, mas não querem conhecer o Autor.
Têm prazer na instrução de homens mas têm medo da mão de
Deus. Esses são instruídos na letra e longe do Espírito.

"O qual nos habilitou para sermos ministros de


uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque
a letra mata, mas o espírito vivifica." II Cor. 3:6

QUE É A LEI CRISTÃ


Seis mil anos após a primeira aliança entre Dgus e um
homem, e depois desses séculos de prova e de erro, o homem
carnal ainda tenta obedecer a Deus, por ler um livro e prometer
fidelidade. Mas isto continua até hoje coisa impossível.
Há quem pense que o livro da aliança é um sistema de leis
e proibições; acham que lhes basta ler e estudar essas "leis
cristãs" e fazer o melhor que podem para que se tornem
santificados. Eles substituem por uma educação evangélica e
Bíblica, uma experiência pessoal na nova aliança.
O livro da aliança, por mais influente e completo que seja,
é insuficiente para transformar o pecador num filho de Deus.
Ler e estudar a Bíblia torna possível ao descrente vir a ser um
descrente instruído. A própria Bíblia diz que a letra mata. O
Novo Testamento não foi escrito para substituir a lei mosaica
por outra lei. A frase "lei cristã" é uma contradição de termos.
É como "pecado espiritual". Não existe tal coisa! Não é pela lei,
nem pelo livro da lei que o pecador é salvo.
Quando Moisés desceu do Monte Sinai o povo disse, "Que
Deus não fale conosco; para não morrermos. Fala tu conosco e
ouviremos." O povo não queria um contato pessoal com Deus. É
muito mais fácil receber instruções dum homem do que en-
frentar a Deus e morrer para o pecado. É difícil entrar na
presença de Deus e sofrer o impacto da Sua santidade. O
pecador pode ficar muito con-fortàvelmente ouvindo uma
palestra a respeito de Deus, mas uma vez que êle entre na
presença de Deus e sinta o peso dos seus pecados esse pecador
jamais pode livrar-se da convicção deles.
O que ocorre hoje, em muitas igrejas, é a substituição de
uma experiência pessoal com Deus, por uma educação
espiritual. Nós adoramos a Bíblia, o livro da lei. Temos dias
especiais para honrar este livro. Fazemos propaganda dele.
Distribuímos a Bíblia, lemos a Bíblia e estudamos a Bíblia. Mas
em muitos casos, acontece o mesmo que acontecia nos tempos
da velha aliança, quando o livro da lei era aberto e lido: e o povo
dizia: "tudo o que falou o Senhor faremos e obedeceremos." Não é
possível porém cumprir esta promessa porque falta algo
essencial; o Espírito da aliança. "A letra mata, mas o Espírito
vivifica." (II Cor.3:6)

O LIVRO + O ESPÍRITO = COMPREENSÃO


Não pense o amigo leitor que desprezamos as Escrituras
Sagradas. Dependemos delas como a revelação de Deus. A Bíblia
é o livro da aliança e sem ela não saberíamos das promessas
eternas e gloriosas. O que afirmamos é que o livro em si não é
suficiente para nos conduzir ao reino de Deus. É necessário
ler o livro da aliança no Espírito da aliança. A lei não pode ser
apenas um ensinamento exterior, como nos tempos antigos,
mas tem que ser gravada nos nossos novos corações através do
Espírito de Deus. É isto o que faltava nos tempos antigos e é isto
o que hoje ainda falta em muitas igrejas que se dizem cristãs!

"Quando vier, porém, o Espírito da verdade, êle


vos guiará a toda a verdade." João 16:13

É assim que descobrimos e compreendemos a verdade; não


s'ó pela letra da lei, mas pela letra ungida e vivificada pelo
Espírito da Verdade. A Bíblia só pode ser compreendida com a
ajuda do Espírito Santo. Nada adianta ao pecador ler e estudar
as Escrituras Sagradas e esperar tornar-se espiritual ou sábio.
A única coisa que êle descobrirá são fatos históricos. O
dinamismo e a dinâmica dessas palavras vão escapar ao leitor
que não ler a Bíblia com a ajuda do Espírito Santo. E Deus dá o
Seu Espírito apenas aos que estão na nova aliança. Portanto,
para o não crente, a Bíblia é um livro hermético e
incompreensível. As suas narrativas serão sempre fábulas
apenas; os seus milagres apenas alegoria; as suas promessas
apenas literatura. A força da Bíblia está oculta por completo
da pessoa que a lê sem o Espírito Santo de Deus.
Meu caro irmão, não permita que os seus estudos bíblicos,
os seus excelentes livros ou ou seus bons professores tomem o
lugar do Espírito Santo em sua vida. São muitos os educados
religiosos deste mundo em cujos corações, porém, o poder da
Palavra jamais penetrou. Há muitos crentes que têm
conhecimento intelectual sem o conhecimento experimental da
verdade. Não seja como o povo dos dias de Moisés que queira
apenas ouvir o que o livro dizia sem um contato pessoal com o
Autor do livro. Busque o Espírito Santo como o guia de toda a
verdade e descobrirá que a Bíblia tornar-se-á em livro
completamente novo.

O LIVRO DA NOVA ALIANÇA


O que faz a diferença entre a letra do velho livro, e a letra
do novo livro é o Espírito. O Novo Testamento não é apenas
ensinamento exterior; não apenas um texto de leis e
proibições. Ela é espírito e vida.

"O espírito é o queivivifica; a carne para nada


aproveita; as palavras que eu vos tenho dito, são
espírito e são vida." João 6:63

A leitura do livro da nova aliança de nada aproveita se não


fôr lido com a iluminação do Espírito Santo. Prova é que
milhões de incrédulos lêem a Bíblia, achando-a uma literatura
interessante e saudável, sem a mínima transformação
espiritual. A letra só de nada vale. Portanto ao abrir o Novo
Testamento, peça ao Espírito Santo o esclarecimento sobre os
mistérios de santidade ali escondidos. Quem tem ouvidos, ouvirá
o que o Espírito diz!
UMA NOVA PROMESSA
Quando Jesus falou aos discípulos sobre a vinda do
Espírito Santo, êle o chamou "o Espírito da Verdade que vos
guiará a toda a verdade." (João 16:13). Isto não foi o privilégio
do povo de Israel sobre a velha aliança. Êle prometeu obediência
sem o esclarecimento necessário para garantir sucesso.
Nós, os filhos da nova aliança somos privilegiados pelo fato
de ter,um professor maior do que Moisés. Quem nos ensina é o
Espírito da Verdade. Por esta razão, o livro vive. As suas
promessas passam a ser convicções. A letra, vivifiçada pelo
Espírito produz em nós uma capacidade para cumprir nossos
votos.
O livro da nova aliança, ungido pelo Espírito, revela Cristo
ao leitor. Jesus sai das páginas da Bíblia para viver em nossos
corações. Êle torna-se o nosso Salvador porque pelo livro, Deus
nos dá esta certeza. O médico Divino anda em nosso meio porque
o Espírito nos diz que êle é o mesmo ontem, hoje e eternamente.
O livro nos fala estas verdades e o Espírito nos convence da
realidade destas coisas.
Amigo leitor, leia o livro da aliança. Estude os seus
preceitos. Freqüente as aulas dos mestres e pastores que
ensinam a doutrina sã. Mas acima de tudo, confie no Espírito
da Verdade para ilumi nar a página e escrever estas verdades
nas tábuas do seu coração. Não permita que a educação reli-
giosa seja o substituto do ensinamento pelo Espírito Santo.

OS ENSINAMENTOS DO LIVRO
O que este livro da nova aliança diz nos transforma em
filhos de Deus. Êle diz que somos pecadores, perdidos e inimigos
de Deus, mas salvos e perdoados pela graça de Deus. O livro
diz que pelo batismo nas águas passamos pelo despoja-mento
do corpo da carne para depois, andar em novidade de vida. O
livro diz que o Espírito Santo vem para tomar sua residência em
nossos corpos, fazendo possível um "andar no Espírito" que
agrada a Deus.
O livro diz que podemos viver vitoriosamente e não
dominados pelo pecado. O livro diz que pela fé podemos agradar
a Deus. O livro diz que Jesus é o fiador da nossa salvação e que
Êle nos sustenta pelas orações perante o Pai.
Estas não são letras apenas: são verdades. O Espírito
confirma-as no fundo do coração. As promessas deste livro
sustentam na hora de crise ou confusão. O poder deste livro
guarda na hora de tentação e fraqueza.
Capítulo IX
Obediência na Nova Aliança

"O Senhor teu Deus circiinddará o teu coração, e o


coração de tua descendência, para amares ao Senhor
teu Deus de todo o coração e de toda a tua alma, para
que vivas. De novo, pois, darás ouvidos à voz do Senhor;
cumprirás todos os seus mandamentos que hoje te orde-
no." Deuteronômio 30:6,8

A primeira aliança mostrou o caminho para santidade. Ela


falhou em não dar poder para viver santificado. Todas as
promessas do Velho Testamento dependiam da obediência do
povo de Israel. Deus disse,

"Se diligentemente ouvirdes a minha voz, e (se)


guarãardes a minha aliança, então sereis a minha
propriedade." Êxodo 19:5

Notemos a grande diferença entre este versículo e a


linguagem do texto deste capítulo: o que antigamente era uma
exigência fundamental agora se torna em uma conseqüência
natural da circun-cisão do coração. O grande obstáculo durante
os tempos da primeira aliança, e a única razão do seu fracasso
era a impossibilidade do homem obedecer a Deus.

O GRANDE PERIGO
Aprendendo esta lição, a incapacidade de o homem
natural obedecer a Deus, somos tentados em pensar que a
obediênciia é impossível e que na nova aliança foi removida
como condição de bênçãos. De modo algum! Na primeira aliança,
obediência às leis era a condição única de receber as
promessas do Senhor. No dia de hoje a condição é: fé em Jesus
Cristo como o Mediador da aliança. Antes de aceitar Jesus
Cristo como seu salvador, o pecador permanece incapaz de
obedecer os mandamentos de Deus. É somente depois de se
tornar uma nova criatura que êle está em condições de obedecer.
Mas que este fato fique bem claro: Deus ainda exige obediência.
Obedecer a Deus é a base do Cristianismo, o âmago da nossa
esperança e a única maneira de agradar a Deus.
Para compreender a nova aliança e dela receber a
plenitude de bênçãos, o amigo leitor precisa compreender alguns
fatos sobre a obediência nos moldes do Novo Testamento, ou
seja, da nova aliança. Considere, portanto, quatro fatos:

OBEDIÊNCIA É ESSENCIAL

"Porque, como pela desobediência de um só homem


muitos se tornaram pecadores, assim também por meio
da obediência de um só muitos se tornarão justos."
Romanos 5:19

A desobediência destruiu o homem, arrancan-do-lhe a


imortalidade e tornando-o súdito do império das trevas. Através
da desobediência de Adão o pecado entrou no mundo, e pelo
pecado a morte que passou a todos os homens. A sentença da
m,orte foi removida e o poder do pecado foi destruído através da
obediência de Jesus Cristo. O preço da nossa salvação eterna
era a obediência de Jesus. A base da nossa esperança na vida
eterna é a obediência de Jesus. O Cristianismo começou com
um ato de obediência.
O nosso andar com Cristo também depende de
obediência.

"Ora nós somos testemunhas destes fatos, e bem


assim o Espírito Santo que Deus outorgou aos que lhe
obedecem." Atos 5:32

Evidentemente o batismo no Espírito Santo, embora que


seja um dom, leva a condição de obediência. Quem não obedece
é um rebelde. Obedecer a Deus é caminho único para receber
todas as "bênçãos de Deus.
Esta obediência tem que começar quando o pecador
reconhecer sua necessidade de confessar o seu pecado e aceitar
Jesus Cristo como seu Salvador. Arrependimento é o passo de
obediência que traz para o pecador a transformação da sua
vida.
Depois de experimentar o perdão o novo crente dá as
costas à vida antiga e começa a andar com Cristo em, novidade
de vida.
Saiba o leitor que para ser salvo, você precisa obedecer a
Deus, confessar a sua necessidade de um Salvador e
determinar a viver afastado dos seus pecados. Para receber a
bênção do batismo no Espírito Santo o crente precisa obedecer
a Deus e viver conforme o Evangelho.
Obediência é essencial a uma vida Cristã. Qual é a
garantia que o crente não cairá outra vez em pecado e
desobedecer os mandamentos de Deus como antigamente? A
resposta desta pergunta é a esperança do crente: Deus nos dá
poder suficiente para obedecê-lo.

"Pois não me envergonho do Evangelho, porque é o


poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê."
Romanos 1:16

OBEDIÊNCIA É POSSÍVEL
É possível ao homem obedecer a Deus pela primeira vez na
história do mundo. Antigamente o homem estava sempre
amarrado por suas fraquezas e derrotado por sua natureza
malvada. Hoje, através do Fiador da aliança, temos a capa-
cidade de obedecer ao que Deus manda.
A possibilidade de obedecer a Deus reconhece, porém, certos
fatos que não mudaram desde os primeiros tempos da fraqueza
humana. O homem salvo e renovado ainda está na carne,
sujeito a todos os seus apetites e inclinações. Estando cercado
por tentações, influenciado pelos seus desejos carnais e pelas
recordações dos prazeres do pecado, esse novo crente precisa,
ainda, de ajuda para obedecer a Deus. Sozinho êle cai.
Depender da sua "força de vontade" não basta. Confiar em
suas boas intenções é insuficiente. Por mais santo que seja o
homem êle ainda permanece na carne com todos os seus
defeitos.
Juntamente com o perdão dos seus pecados, o novo
crente recebe uma energia espiritual; um poder moral; uma
capacidade de obedecer a Deus que transforma uma exigência
em um prazer. Antigamente êle tentava obedecer a Deus porque
sabia que os seus pecados eram ofensas contra Deus. Depois
da sua conversão, Êle descobre que obediência é uma
conseqüência natural da fé em Deus; o Espírito de Cristo que
domina o seu coração faz possível o que antigamente pareceria
um fardo pesado.

"Nas suas mentes imprimirei as minhas leis,


também sobre os seus corações as inscreverei." Hebreus
8:10

As condições da aliança nova não estão escritas no livro,


mas estão gravadas no coração do crente. Êle quer obedecer. O
desejo básico da sua vida é agradar a Deus. Agora obediência
não é uma exigência impossível, mas é um prazer e uma fonte
de inúmeras bênçãos.
OBEDIÊNCIA: SÓ PELA FÉ

"Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu,"


Hebreus 11:8

Esta ainda é a única maneira de obedecer a Deus: Se


depender da sua força moral, o leitor falhará. Se depender da
sua capacidade, cairá em pecado.
Não é possível seguir os sentimentos neste assunto. Muitas
vezes, por causa da pressão de circunstâncias, e vicissitudes da
vida não nos sentimos salvos. Alguém nos critica; ficamos
cansados com o trabalho; não dormimos bem e perguntamo-nos
se vale a pena ser crente. O inimigo vem com a sugestão que
pôs na mente da esposa de Jó: amaldiçoar a Deus e morrer. O
amigo leitor, por certo, conhece este estado. Há dias quando
tudo vai mal e a nossa crença passa pela dura prova. O que
fazer nesse dia se não tivéssemos fé em Deus? Justamente
nesse dia muitos fracos dependem das suas próprias forças e
caem para andar outra vez no caminho mais fácil de pecado.
O homem, entretanto, que conhece os seus privilégios na
nova aliança reconhece adversidade como uma oportunidade de
obedecer a Deus através da sua fé. Êle não tem fé em si
próprio mas nas promessas de Deus que lhe garante sucesso na
vida Cristã. Êle depende de Cristo para ser sua santificação e
justiça, porque assim promete a Bíblia. Para esse homem, Jesus
é mais do que um personagem histórico; Êle é um defensor, um
companheiro, e um guia. Através do seu contato com a
presença de Cristo em sua vida, o crente vive abundantemente e
obedece a Deus como conseqüência natural da vida de Cristo
que lhe garante vitória.

OBEDIÊNCIA É BEM-AVENTURANÇA
Algumas pessoas acham que obediência é a condição dura
que leva o crente ao ponto de começar a receber as bênçãos de
Deus. Discordamos desta idéia. Obedecer não é um fardo.
Obedecer não é o preço que se paga para receber a graça de
Deus. Obediência em si já é bem-aventurança!
O amigo leitor já pensou no privilégio de ser orientado pela
voz de Deus? Já imaginou que o criador do universo se
interessa em nossa vida ao ponto de ter comunicação conosco?
Obediência a Deus é inspirada pela orientação que o crente re-
cebe pela voz de Deus que ouve no seu coração. Isto é bem-
aventurança.
Outro dia dissemos a uma audiência que se não
houvesse o céu nem a eternidade, valeria a pena ser crente só
por causa do prazer de ser guiado pelo Espírito Santo. O leitor
entende o que é ter um guia? Alguns "guias" levam a pessoa a
lugares excusos onde está obrigada a praticar coisas que
deixam o sistema nervoso totalmente destruído. Centenas de
milhares de brasileiros estão sendo controlados por "guias" que
estão destruindo suas vidas física, emocional e moralmente
falando.
O povo da nova aliança tem por Guia o Espírito Santo do
Deus verdadeiro! Se isto não é bem-aventurança então eu não a
reconheço! Meu amigo leitor, obedecer a Deus não é obrigação
desgostosa: é conseqüência de submeter sua vida ao Espírito
Santo e ser guiado por Êle.
A Bíblia diz que Jesus está à dextra de Deus orando por
nós. Este fato nos enche de esperança. Êle nos inspira com a
possibilidade de sucesso nesta vida Cristã. Com Jesus, o nosso
advogado, intercedendo por nós, sentimo-nos fortificados e
preparados para levar uma vida digna e disciplinada.
Meu amigo leitor, obedecer não é árduo. Não é um fardo; é
uma bênção. Não é obrigação; é bem-aventurança.
Este é um dos frutos da nova aliança: ela muda o verbo
"precisar" para o verbo "poder". Ela muda uma promessa em
uma possessão. Ela transforma um sonho em oima realidade.
Por causa da nossa obediência, Deus diz,

"E eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo."


Hebreus 8:10
Capítulo X
A Aliança da Graça

"Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois


não estais debaixo da lei, e, sim da graça." Romanos 6:14

A frase, "a aliança da graça" não aparece nas Escrituras,


embora seja a expressão mais correta com respeito da nossa
salvação. A característica maior da nova aliança é a graça de
Deus.

"Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas


onde abundou o pecado, super abundou a graça."
Romanos 5:20

A palavra "graça" tem dois sentidos. Primeiro é a


disposição divina de nos amar sem qualquer mérito da nossa
parte; amor demonstrado pelo sacrifício de Jesus por nós.
Segundo, a graça de Deus significa o poder do Espírito Santo
que opera em nós, tornando-nos crentes dignos da nossa
chamada.
Verificamos, mais uma vez, o contraste entre as duas
alianças: o que a lei exigiu a graça realiza; o que a velha
prometeu, a nova produz; onde sobrou pecado na velha aliança,
a graça caracteriza a nova. Vejamos a extensão da graça de
Deus:

"Sendo justificados gratuitamente, por sua graça."


Romanos 3:24
"Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés;
a graça e a verdade vieram por meio de Jesus
Cristo." João 1:17
"E se é pela graça, já não é pelas obras; do con-
trário, a graça já não é graça." Romanos 11:6
"E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu
vida juntamente com Cristo — . . . porque pela graça
sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus." Efésios 2:5, 8
"Que nos salvou e nos chamou com santa vo-
cação; não segundo as nossas obras, mas conforme a
sua própria determinação e graça que nos foi dada
em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" II Timóteo
1:9

O que é a graça de Deus? É poder e força espiritual; é algo


que nos foi dado por sermos incapazes de produzir por conta
própria. A graça de Deus é salvação, justificação, sustento,
perdão. Somos salvos dos nossos pecados pela graça de Deus
que opera em nós por Cristo Jesus.

AS TRÊS POSSIBILIDADES
Se a nova aliança se baseia na velha e a graça de Deus é
conseqüência das promessas, da lei, restam três possibilidades
para quem deseja seguir as recomendações Bíblicas: viver sob a
lei como o povo de Israel, abandonar a escravidão da lei para
viver inteiramente sob a graça de Deus, ou misturar uma com
a outra e tentar tirar "o melhor" das duas alianças.
O apóstolo Paulo teve o problema constante de orientar
os novos crentes a respeito da morte da lei e a liberdade da
nova aliança. Os "mensageiros de Satanás" que o seguiram
queriam escra-visar outra vez os que saíram da velha aliança e
nas suas cartas Paulo afirmou que se entra na segunda
aliança pela fé e pela graça de Deus.

"ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós


outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como
crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes
o Espírito pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?"
Gaiatas 3:1, 2

A tentação de misturar a lei com a graça ainda existe.


Há quem queira nos enganar com filosofias engenhosas sobre
um dia especial para adoração, ou proibição quanto à comida
de carne, ou leis externas sobre a santidade. Estes regula-
mentos nada servem senão para destruir o poder da graça de
Deus.
Não se pode misturar água com óleo, nem o leste com o
oeste, nem a lei com a graça. A frase, "a lei Cristã" faz tanto
sentido quanto a frase; "pecado espiritual". Tal coisa não
existe. A salvação não vem pela obediência à lei, mas inteira-
mente pela graça.
"Sois assim insensatos que, tendo começado no
Espírito, estejais agora vos aperfeiçoando na carne?"
Gaiatas 3:3

A graça que nos perdoa, nos santifica. A graça de Deus vive


em contraste eterno com as obras da carne. Não pode haver
mistura dos dois.

E se é pela graça, já não é pelas obras; do


contrário, a graça já não é graça." Romanos 11:6

Supliquemos que Deus abra os nossos olhos. Em a nova


aliança, a graça de Deus é tudo; o sacrifício de Jesus é
suficiente; a nossa parte é aceitar a provisão divina e obedecer
a Deus pela fé.

"Graça e paz nos sejam multiplicadas." I Pedro 1


Capítulo XI
O Sacerdócio Eterno

"Para que a minha aliança continue com Levi, diz o


Senhor dos Exércitos. Minha aliança com êle foi de vida
e de paz, ambas lhe dei eu para que temesse; com
efeito ele me temeu, e tremeu por causa do meu nome. A
verdadeira instrução esteve na sua boca, e a injustiça
não se achou nos seus lábios: andou comigo em paz e
em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos."
Malaquias 2:4-6

Israel foi escolhido por Deus para ser uma nação de


sacerdotes, o instrumento pelo qual o mundo receberia
conhecimento e bênçãos divinas. Escolheu Deus uma tribo que
se devotaria exclusivamente ao "ministério" das leis. Levi era
a tribo escolhida para estabelecer um sacerdócio eterno.

O SACERDÓCIO ATUAL

"Vós porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação


santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das
trevas para a sua maravilhosa luz." I Pedro 2:9

Sob a nova aliança, todo o povo de Deus é sacerdócio real,


tendo os seguintes privilégios: Primeiro, acesso direto para
Deus; segundo, o dever de interceder pelos outros e finalmente
servir de instrumento de bênçãos para os que precisam de ter
contato com Deus. São estes os direitos de todos os crentes,
participantes do sacerdócio real da nova aliança.
Por fraqueza ou ignorância, poucos são os crentes que
são instrumentos de bênçãos para o mundo; são impotentes em
exercer a função sacer-dotal de transmitir a graça de Deus ao
povo.
Emjbora seja isso estado triste dos crentes atuais, Deus
ainda convida os redimidos a oferecer suas vidas ao ministério
de reconciliação. O ministério Levítico era, "uma aliança de vida
e de paz." Este é o ministério que Deus oferece a quem deseje
servi-lo como membro ativo do Seu corpo. Podemos transmitir a
nova vida de Jesus Cristo aos outros através do nosso
testemunho, e desta maneira seremos instrumentos da Sua paz
para os que vivem na intranqüilidade de pecado. Este ministério
de representar Deus ao homem e representar o homem a Deus
não é vocação exclusiva dos clérigos: todos os crentes são
sacerdotes; todos temos o dever de testemunhar de Cristo; todos
temos o privilégio de repartir com os mortos espirituais, a
nova vida que Deus nos dá.

NÃO ABUSE DESTA CHAMADA


Desde os primeiros tempos os sacerdotes têm abusado a
sua vocação, para buscar o suprimento das suas própaias;
necessidades antes de servir a Deus. Em os dias da nova
aliança esta tentação de buscar alegria pessoal através das
bênçãos de Deus, em vez de ser um instrumento de vida e
paz, continua a ser uma mancha no sacerdócio.
O mundo carece de pessoas que podem pensar, falar e agir
em, o poder do Espírito Santo, representando a verdade perante
uma sociedade comprometida com mentira, imoralidade e
violência.
Parte deste ministério eterno do sacerdócio é interceder pelo
povo: o trabalho de oração. O sacerdote de outrora mantinha
aceso o insenso e orava constantemente para que o povo não
fosse destruído por causa dos seus pecados. Deus procura
pessoas que sabem amar, trabalhar e orar e crer em prol dos
que nada sabem a respeito da Sua graça. Este é um ministério
ingrato, despercebido, silencioso. O sacerdote atual não é quem
se apresenta ao povo com vestimentas coloridas, realizando
cerimônias religiosas, e sendo honrado com beija-mão. A nova
aliança constituiu um novo sacerdócio, não se corrompeu com
tradições e orgulho humano, coisas que nada tem a ver com o
trabalho da obra de Deus pela nova aliança.

O NOVO SACERDOTE
Quando na tarde da crucificação, o véu do templo foi
rasgado de cima para baixo, abrindo o caminho direto para
que o povo entrasse na presença do Onipotente, a vocação do
sacerdote se transformou para jamais voltar a ser propriedade
de uma tribo, ou de uma classe de clérigos, ou de umi grupo de
privilegiados!.
A única vez que o Novo Testamento fala a respeito do
sacerdote é em termos coletivos, e nunca a respeito de um
homem. Os dons ministeriais de apóstolo, profeta, evangelista,
pastor e mestre não têm no meio o "sacerdote" pela simples, razão
de que TODOS OS CRENTES EM CRISTO JESUS têm esta
vocação. Somos sacerdotes, todos nós que recebemos o perdão
dos nossos pecados pela graça de Deus e através da nossa fé em
Cristo JesuS! O que nos falta para cumprir este ofício é o fogo
de amor Divino que consome os desejos egoístas para nos
transformar em pessoas dedicadas a servir a Deus em oração, e
servir o mundo com o nosso testemunho da graça salvadora
de Deus.
Devemos aceitar a glória da nova aliança que é ser parte
do sacerdócio eterno que traz para o pecador a mensagem de
salvação eterna.
Capítulo XII
O Ministério da Nova Aliança

"Vós sois a nossa caria, escrita em nossos corações,


conhecida e lida por todos os homens, estando já
manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso
ministério escrita não com tinta, mas pelo Espírito do
Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas
de carne, isto é, nos corações. E é por intermédio de
Cristo que temos tal confiança em Deus; não que por
nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa,
como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus, o qual nos habilitou para
sermos ministros de uma nova aliança, não da letra,
mas do espírito, porque a letra mata, mas o espírito vivi-
fica." II Cor. 3:2-6

A nova aliança é um ministério do Espírito Santo,


manifestação da glória de Deus. Moisés recebeu essa glória que
resplandeceu no seu rosto, mas foi necessário cobri-lo porque
Israel era incapaz de encarar o brilho da presença Divina. Esse
véu cobriu também o coração de Israel. Podia ter recebido de
Moisés o conhecimento, pensamento e poder do Espírito de Deus,
mas tudo isto foi reservado para outros: os participantes da
nova aliança.

O MINISTÉRIO DO ESPÍRITO
"Produzida pelo nosso ministério, pelo Espírito do Deus
vivente."
Ocupando os púlpitos deste mundo estão centenas de
milhares de homens chamados "ministros do evangelho."
Imagine, o leitor, o que aconteceria se esses homens todos
fossem "ministros do Espírito." Examinemos o que significa ser
um ministro do Espírito.
Quem ministra a nova aliança pelo Espírito Santo de
Deus tem que ser possuído inteiramente do Espírito Santo. O
trabalho do Espírito no dia de hoje tem dois aspectos: Êle traz
o poder moral que faz possível uma vida santificada, e dá poder
suficiente para realizar a obra de Deus. Não é suficiente que o
ministro da nova aliança apenas seja nascido pelo Espírito,
êle precisa saber o que é andar com o Espírito, ser guiado pelo
Espírito e falar com a inspiração do Espírito.
Quem gostaria de estudar uma língua com quem mal a
conhece? Quem tem interesse em estudar as coisas de Deus
com quem não conhece por experiência própria o que é viver
no Espírito? O ministro da nova aliança deve ser a prova pessoal
e testemunha viva do cumprimento de todas as promessas da
nova aliança.
Além desta necessidade do ministro do Espírito ser um
homem possuído totalmente pelo Espírito Santo de Deus, êle
deve exercer a sua vocação no poder do Espírito. Quando Deus
escolhe um homem para realizar uma obra sobrenatural, como
o trabalho da Igreja de Jesus Cristo, Êle o reveste com um
poder celestial. A chamada do ministro da nova aliança é,
"pregar o evangelho pelo Espírito Santo derramado do céu."

"E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu


estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação
não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria,
mas em demonstração do Espírito e de poder." I Cor.
2:3,4

Para ser um ministro verdadeiro desta gloriosa aliança, é


necessário ser disciplinado, inspirado e dirigido pelo Espírito
Santo. Quer seja no ensinamento, na pregação da Palavra, na
oração ou na administração, o ministro do Espírito precisa da
energia do Espírito Santo para ser a sua suficiência.
De não menos valor, o ministro tem que ter a
capacidade de guiar outros ao ministério do Espírito. O
ministro não deve se constituir a única fonte de autoridade e
bênção. O povo jamais deve considerá-lo como a "voz de Deus". O
ministro do Espírito zela para apresentar a verdade de tal modo
que o povo chega cada vez mais perto de Jesus Cristo. Êle
prepara outros também para transmitir as verdades eternas
aos que nada sabem da vida eterna.
O ministro do Espírito dirige a atenção do povo para Cristo,
e jamais atrai atenção para si. João
Batista que era um homem cheio do Espírito desviou a
atenção do povo para Jesus, sabendo que somente desta
maneira Cristo teria a

A CARÊNCIA ATUAL
O Espírito da nova aliança que deve ser representado pelos
ministros e honrado pelo povo de Deus é geralmente esquecido
e ignorado pela maioria das igrejas atuais. E toda a fraqueza,
formalidade e mundanismo é sempre resultante da ignorância
geral a respeito do Espírito Santo, a fonte de todas as vidas
santifiçadas e dedicadas.
A igreja atual precisa do Espírito Santo vivendo e dirigindo
as vidas do povo de Deus. Isto acontecerá quando, na igreja,
apareçam "ministros do Espírito" que vivam constantemente no
poder do Espírito e saibam transmitir esta energia aos fracos e
famintos deste alimento.
A nova aliança é um ministério do Espírito Santo.
Literatura religiosa, eloqüência nos púlpitos, estudos Bíblicos
são todos destinados a contribuir a uma organização
moribunda, porque a palavra de Deus diz,

"A letra inata, vias o Espírito vivifica." II Coríntios


3:6
Capítulo XIII
A Santa Aliança

"Para usar de misericórdia com os nossos pais e


lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que jêz
ao nosso pai Abraão, de conceder-nos que, livres da mão
do inimigo o adorássemos sem temor, em santidade e
justiça perante ele, todos os nossos dias." Lucas 1:72,75

Quando Zacarias, cheio do Espírito Santo, profetizou a


respeito do povo de Deus e a "santa aliança", usou palavras
jamais usadas; falou em revelação sob a inspiração do Espírito.
Basta reler a frase, "o adorássemos sem temor, em santidade e
justiça" para compreender que Zacarias não falava mais sobre
a velha aliança mas sobre a nova, na qual a santidade e a
justiça seriam preva-lecentes.

SANTIDADE
O mais difícil de definir entre os atributos divinos. O
lugar mais sagrado do tabernáculo nos tempos antigos foi
chamado, "o santo dos santos." A palavra "santuário" tem esta
origem: o lugar onde "O Santo" é adorado. Santificação, êsite
estado de graça tão necessário e tão difícil de achar também
abrange esta concepção divina. Mecanicamente, o povo da velha
aliança entrou por intermédio do seu representante, o Sumo
Sacerdote, no santo dos santos para adorar a Deus; esse povo
prometeu uma vida santificada perante Deus e sua história é
um círculo constante de fracasso e derrota. Por mais que
quisessem a santificação era impossível.
São Lucas, em seu evangelho, recorda a profecia do ancião
Zacarias que disse, "... livres da mão de inimigos o
adorássemos sem temor, EM SANTIDADE e justiça perante Êle."
Se, durante quatro mil anos esse desejo jamais chegou a se
realizar, como seria que agora é possível? Vemos nesta profecia
a glória da nova aliança: somos co-participantes da natureza
divina, e da santidade divina.
Foi esta a grande bênção que o Fiador da Nova Aliança nos
trouxe:

"À igreja de Deus que está em Corinto, aos


santificados em Cristo Jesus, chamados para ser
santos..." I Cor. 1:2
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos
tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção." I Cor. 1:30
Nós somos santificados em Cristo...

Quando cremos nas promessas da Nova Aliança; quando


aceitamos que estas promessas são para nós; quando
submetemo-nos a Jesus Cristo como o Senhor das nossas
vidas, andando com Êle, a nossa conduta e desejos tornam-se
regulados por Seu Espírito que vive em nós. Findou a luta
contra o impossível; quem vive em nós é santifiçado. Terminou
o círculo vicioso de promessas e fracasso; o Fiador da Nova
Aliança nos santifica.

"Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus,


por vós, irmãos amados pelo Senhor, por isso que Deus
vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela
santificação do Espírito e fé na verdade." II Tess. 2:13

A nossa confiança, portanto, não reside em nossa "força


de vontade" ou em de tentar evitar a carnalidade e
mundanismo: depende do Espírito Santo que nos guarda do
mal.
"Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o
realizar, conforme a Sua boa vontade." Filipensies 2:13

SANTIFICAÇÃO: NOSSO DIREITO NA ALIANÇA


A nossa santificação pelo Espírito é o direito de todos os
que estão na Nova Aliança. Assim como Deus prometeu, Êle fará
possível que nós O sirvamos, sem medo, em santidade e
justiça perante Êle todos os dias das nossas vidas.
Vejamos um exemplo. A primeira epístola de Paulo foi
escrita aos crentes na cidade de Tessa-lonica onde, meses
antes, todos os crentes adoravam ídolos. Para fazer "santos" de
tais pessoas, seria necessário anos de estudos e "provas" ou um
milagre que causaria a transformação de obliterar o passado e
fazer delas novas criaturas. Examinemos o que Paulo disse:

" A fim de que sejam os vossos corações confirmados


em santidade, isentos de culpa, na presença de nosso
Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus com todos os
seus santos." I Tess. 3:13

As duas cartas aos membros da igreja em Tessalonica são


um hino de louvor ao Espírito da aliança que faria o impossível:
transformar idó-latrasi em santos, filhos de satanás em filhos
de Deus, implantar na vida do crente um desejo novo de servir
o Deus vivo. (I Tess. 1:9)
Ao terminar sua primeira carta a esta igreja, o apóstolo
Paulo, em oração, volta a afirmar a plenitude desta santificação
na vida de quem serve a Deus com um coração honesto:

"O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e


o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo." I Tess. 5:23.

OS DETALHES DESTA ALIANÇA


Voltemos à profecia de Zacarias, citada no início deste
capítuüo para observar o significado de todas essas frases, e
verificar os detalhes da nova aliança:

1) "DE CONCEDER-NOS"
A salvação é um dom de Deus. Ninguém a compra nem
merece. A nova aliança é um dom de Deus. Êle disse a respeito:
"Nem. uma só palavra falhou de todas as suas boas promessas."
I Reis 8:56

2) "LIVRES DA MÃO DE INIMIGOS"


No versículo 71 do primeiro capítulo de Lucas, Zacarias
disse, "Para nos libertar dos nossos inimigos e da mão de todos
os que nos odeiam." Quem pode servir a Deus é um povo livre
dos seus inimigos; livre dos "regulamentos*" que são realmente
a substituição da lei que Jesus anulou por Sua morte; livre da
força de pecado que dominava sua vida; livre do medo dos
espíritos estranhos que tanto influenciaram nos tempos da
ignorância espiritual; livres, enfim, de tudo que impede uma
nova vida. Tenha coragem, amigo leitor, ae você está nesta nova
aliança, está livre. Condenação do seu passado é uma mentira;
Deus já o perdoou. Medo das conseqüências da sua saída dos
lugares escuros de espiritismo não faz sentido, porque, "Se, pois,
o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." João 8:36
3) "O ADORÁSSEMOS"
A adoração em espírito e em verdade é muito mais
importante do que cantar hinos e orar. Adorar a Deus, de
verdade, significa um envolvimento na obra que Êle está fazendo
no mundo. Aos Tes-salonicenses, Paulo descreveu este fato da
seguinte maneira:

"E como, deixando os ídolos, vos convertestes a


Deus, para servirdes a Deus vivo e verdadeiro, e para
aguardarães dos céus o seu filho." I Tess. 1:9,10

A nova aliança nos liberta para adorar e servir a Deus.


Fazemos o trabalho que Jesus começou: levar ao mundo a
mensagem redentora de salvação pela fé. O1 propósito da sua
salvação, amigo leitor, é adorar a Deus com palavras e com
"obras dignas de arrependimento." Somos salvos para servir.

4) "SEM TEMOR"
O temor das trevas é tão real quanto do perigo real. O
pavor inutiliza qualquer pessoa. Muitos crentes têm medo de
falar de Cristo aos amigos. Outros crentes têm medo dos
"espíritos" que deixaram nos terreiros e da chantagem desses
"votos" feitos antes da sua salvação, votos esses que são
completamente anulados pelo sangue de Jesus Cristo.
Quantas pessoas têm medo de encarar os seus parentes com
uma afirmação da sua nova fé em Jesus Cristo?
Tais temores são desnecessários. Em a nova aliança
servimos e adoramos a Deus SEM TEMOR. É uma das
promessas da nova vida em Cristo. Não é preciso ter medo do
exú, ou do marido incrédulo. Se está em Cristo, o leitor está
livre. O amor de Cristo liberta do medo.

5) "PERANTE ÊLE"
A diferença entre religião e a nova aliança é que a
primeira se faz de vez em quando, como ir à igreja, acender
uma vela, repetir uma prece, enquanto Cristianismo verdadeiro
é viver constantemente na presença de Deus.
A promessa de Deus aos seus discípulos ainda está em
vigor, "E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
do século." Mateus 28:20. Não estamos "perante Êle" somente
quando entramos; no templo para orar, nem quando sentimos
que chegou a hora de ser religioso e pagar alguns dos nossos
pecados, mas todos os momentos de nossos dias. A nova
aliança é uma nova vida. É viver na presença de Deus; é ser
guiado pelo Espírito do Senhor; é deitar e acordar na
atmosfera de um outro mundo, o mundo espiritual.

6) "TODOS OS NOSSOS DIAS"


Esta frase é a prova que a eternidade entrou no tempo.
Davi disse em seu salmo pastoral, "E habitarei na casa do
Senhor para todo o sempre." Salmo 23:6. Para o povo de Deus,
os que entraram na nova aliança, a eternidade já começou;
começamos a viver perante Deus e em Sua santa presença
todos os nossos dias.
Se este fato não é agradável ao leitor, é prova de que não
está em condições de agüentar esta "fiscalização" da sua vida
cotidiana por Deus. Algo está errado. Talvez você prefira visitar a
Deus na igreja aos domingos, mas não quer que Êle o acompanhe
todos os seus dias. Para o crente, a presença divina serve como
um baluarte contra os ataques do inimigo; uma defesa segura e
constante contra todos os ventos contrários; uma âncora para
nossa alma e sossego para nosso espírito. Deus está conosco e
vivemos em paz, livres do nosso inimigo, portanto, gloriíicamos e
servimos a Deus, sem medo, e de todo o coração.
Capítulo XIV
Entrando na Aliança

"Dar-íhes-ei coração para que me conheçam, que eu


sou o Senhor; eles serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus, porque se voltarão para mim, de todo o seu
coração." Jeremias 24:7
"Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não
deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no
seu coração, para que nunca se apartem de mim.
Alegrar-me-ei por causa deles, e lhes farei bem; plantá-
los-ei firmemente nesta terra, de todo o meu coração e
de toda a minha alma." Jeremias 32:40,41

Neste último capítulo desejamos enfatizar dois pontos:


primeiro, a única maneira de entrar em a nova aliança é "de
todo o nosso coração" e segundo, se fizermos isto, Deus
cumprirá todas as Suas promessas "de todo o Seu coração e de
toda a Sua alma." Esta frase é a base da aliança. Determina
os limites das condições e das promessas. Dela depende nossa
capacidade de entrar na aliança e o desejo de Deus em nos
abençoar. Este é o segredo de participar da nova aliança: de
todo o coração.

OS DOIS LADOS DA QUESTÃO


O leitor certamente notou o sentido em que a nova aliança
funciona. Primeiro, Deus promete fazer por nós e para nós
algo que não somos capazes de fazer. Dá-nos um novo espírito e
um novo coração. Possibilita a nossa fidelidade e conforme a
profecia, faz tudo isto "de todo o Seu coração." Deus cumpre
Suas promessas sem restrição uma vez que as condições
sejam cumpridas.
O outro aspecto que verificamos nos capítulos anteriores é
o fato de que nós temos uma parte ativa na realização das
promessas de Deus: temos que entrar na nova aliança "de todo
o nosso coração." Esta é a condição essencial da comunhão
com Deus: tem que ser com todo o coração para obtermos paz e
a vida eterna.
O SEGREDO EM RECEBER
Quanta gente, lendo as promessas Bíblicas, diz "São boas
demais para ser a verdade!" Isto é prova de que as coisas do
espírito são aprendidas de modo espiritual, e semente quem
abre o seu coração a Deus entende a grandeza do seu
oferecimento.
CONCLUSÕES FINAIS
1) Se o leitor não abrir o seu coração para Deus, não
pode receber as Suas bênçãos. Deus não nos força a sermos
espirituais. Êle nos abençoa na medida da nossa fé. O leitor
precisa expor-se às verdades Bíblicas antes de sentir o seu
impacto. Considerar, intelectualmente, os fatos da nova
aliança, de nada adiante para receber os seus benefícios.
Concordar com estas verdades também é insuficiente; você
precisa aceitá-las com "todo o seu coração."
2) As bênçãos da nova aliança são contínuas. Se
déssemos um presente, o leitor poderia aceitá-lo e desaparecer
para sempre. Mas dons espirituais podem funcionar apenas
quando quem recebe, permanece em contato com o doador.
O novo coração que recebemos quando entramos na nova
aliança depende do nosso contato permanente com Deus.
Somos totalmente dependentes de Deus para o nosso sustento,
como o ramo depende da árvore, Apenas através de contato
diário será possível manter vida espiritual e atingir a
maturidade.
3) As bênçãos da nova aliança têm que integrar a nossa
personalidade. O que adianta possuir amor, mansidão ou
ousadia espiritual para depois esconder estas virtudes? Deus
nos dá estas bênçãos para enriquecer as nossas vidas e para
que O sirvamos, demonstrando ao mundo poder, constância e
a paz que desafia entendimento.
4) Não se pode comparar com os demais crentes para
determinar o nível de espiritualidade aceitável. Os "mornos"
entre nós estão na maioria. Os que adoram a Deus por
conveniência ou porque acham ser um "bom negócio" jamais
recebem a plenitude da graça divina que é derramada sobre a
pessoa que adora a Deus de "todo o seu coração."
Os que vivem comprometidos com este mundo e seus
prazeres e deleites não são os filhos da aliança aos quais Deus
abençoa de "todo o Seu coração." Não descanse, amigo leitor, até
entrar no reino glorioso da nova aliança por intermédio do
Senhor Jesus Cristo.
O AUTOR

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menos a dignidade de manter os créditos.
Grato!

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