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Direito Processual Civil III

Acção Executiva

Plano

 Pressupostos da acção executiva.


 Títulos executivos.
 Competências dos tribunais.
 Legitimidade das partes.
 Marcha do processo executivo.
 Penhor e venda do bem.

CONCEITO E FINS DA ACÇÃO EXECUTIVA


A acção executiva é o prosseguir da acção declarativa.
Se o réu não cumpre livremente a decisão da acção declarativa.

Delimitação.
Existem, no esquema do direito processual civil, duas espécies fundamentais de acções:
a acção declarativa e a acção executiva (artigo 4.º n.º 1 do Código de Processo Civil).

A primeira pode ainda ser de simples apreciação, de condenação ou constitutiva.

Na acção de simples apreciação, é pedido ao tribunal que declare a existência ou


inexistência dum direito ou dum facto jurídico.

Na acção de condenação, vai-se mais longe: sem prejuízo de o tribunal dever ainda
emitir aquele juízo declarativo, dele se pretende também (e fundamentalmente) que, em
sua consequência, condene o réu na prestação duma coisa ou dum facto.

Na acção constitutiva, o juízo do tribunal já não é limitado, como nas duas subespécies
anteriores, pela situação se direito ou de facto pré-existente. Pela sentença, o juiz,
perante o exercício judicial dum direito potestativo, cria novas situações jurídicas entre
as partes, constituindo, impedindo, modificando ou extinguindo direitos e deveres que,
embora fundados em situações jurídicas anteriores, só nascem com a própria sentença.

Diferentemente da acção declarativa, a acção executiva tem por finalidade a reparação


efectiva dum direito violado. Não se trata já de declarar direitos, pré-existentes ou a
constituir. Trata-se, sim, de providenciar pela reparação material coactiva do direito do
exequente. Com ela passa-se da declaração concreta da norma jurídica para a sua
actuação prática, mediante o desencadear do mecanismo da garantia.

Tipos.
Resulta do artigo 45.º n.º 2 do Código de Processo Civil, a existência de três tios de
acção executiva: para pagamento de quantia certa, para entrega de coisa certa, para
prestação de facto.

Na acção executiva para pagamento de quantia certa, um credor (o exequente)


pretende obter o cumprimento duma obrigação pecuniária através da execução do
património do devedor (executado) – (artigo 817.º Código Civil).

Para tanto, apreendidos pelo tribunal os bens deste que forem considerados suficientes
para cobrir a importância da dívida e das custas, tem lugar, normalmente, a venda
desses bens a fim de, com o preço obtido, se proceder ao pagamento. O exequente

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obtém assim o mesmo resultado que com a realização da prestação que, segundo o
título executivo, lhe é devida.

Na acção executiva para entrega de coisa certa, o exequente, titular do direito à


prestação duma coisa determinada, pretende que o tribunal apreenda essa coisa ao
devedor (executado) e seguidamente lha entregue (artigo 827.º Código Civil).

Pode, porém, acontecer que a coisa não seja encontrada e, neste caso, o exequente
procederá à liquidação do seu valor e do prejuízo resultante da falta de entrega,
penhorando-se e vendendo-se bens do executado para pagamento de quantia liquidada
(artigo 931.º Código Processo Civil).

Na acção executiva para prestação de facto, se este for fungível, o exequente poderá
requerer que ele seja prestado por outrem à custa do devedor (artigo 828.º Código
Civil), sendo então apreendidos e vendidos os bens deste que forem necessários ao
pagamento do custo da prestação.

Mas se o facto for infungível, o exequente já só poderá pretender a apreensão e venda


de bens do devedor suficientes para o indemnizar do dano sofrido com o incumprimento
(artigo 933.º código de Processo Civil).

Função.
1. – A acção executiva pressupõe sempre o dever de realização duma prestação. Esta
prestação constituirá normalmente o conteúdo duma relação jurídica obrigacional,
primária ou de indemnização.

2. – Diversamente da acção declarativa, a acção executiva não pode ter lugar perante a
simples previsão da violação dum direito. Através dela, o exequente visa reparar um
direito violado (artigo 4.º n.º 3 Código Processo Civil).

3. – Através da acção executiva, o exequente pode obter resultado idêntico ao da


realização da própria prestação que, segundo o título executivo, lhe é devida (execução
específica), quer por meio directo (apreensão e entrega da causa ou quantia devida;
prestação do facto devido do terceiro), quer por meio indirecto (apreensão e venda de
bens do devedor e subsequente pagamento), ou, em sua substituição, um valor
equivalente do património do devedor (execução por equivalente).

4.- O tipo de acção executiva é sempre determinado em face do título executivo:


consoante deste conste uma obrigação de prestação de facto, assim se utiliza um ou
outro dos três tipos de acção, ainda que por esta se vise obter, não a prestação mas o seu
equivalente.

5.- A satisfação do credor na acção executiva é conseguida mediante a substituição do


tribunal ao devedor.

O Acertamento e a Execução.
A declaração ou acertamento (de um direito ou de outra situação jurídica; dum facto),
que é o ponto de partida da acção declarativa, constitui, n acção executiva, o ponto de
partida. Esta constatação leva a concluir que o processo executivo, embora sempre
estruturalmente autónomo, se coordena com o processo declarativo no ponto de vista

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funcional, sempre que por ele é precedido; nem sempre, porém, assim sucede e, quando
o título executivo não é uma sentença, cessa esta coordenação funcional dos dois tipos
de processo.

Mas, em qualquer caso, no processo executivo enquanto tal, que visa a satisfação do
direito duma das partes contra a outra, os princípios da igualdade das armas (artigo 3.º -
A do Código de Processo Civil) e do contraditório (artigo 3.º n.º 3 e 4) não têm o
mesmo alcance que no processo declarativo.

O princípio da igualdade de armas, exigindo o equilíbrio entre as partes na apresentação


das respectivas teses na perspectiva dos meios processuais de que para o efeito dispõem,
implica a identidade de direitos processuais das partes e a sua sujeição a ónus e
cominações idênticos, sempre que a sua posição no processo é equiparável, e um jogo
de compensações gerador do equilíbrio global do processo, quando a desigualdade
objectiva intrínseca de certas posições processuais, não permitindo a identidade formal
absoluta dos meios processuais, leve a atribuir a uma parte meios processuais
particulares não atribuíveis à outra.

O princípio do contraditório, que não se confunde com o direito de defesa (artigo 3.º n.º
1 Código Processo Civil), implica não só que o mesmo jogo de ataque e resposta em
que consistem a acção e a defesa deve ser observado ao longo de todo o processo, de tal
modo que qualquer posição tomada por uma parte deve ser comunicada à contraparte
para que esta possa responder, mas também que às partes deve ser fornecida, ao longo
do processo, a possibilidade de influírem em todos os elementos que se encontrem em
efectiva ligação com o objecto da causa e que em qualquer fase do processo se
pressintam como potencialmente relevantes para a decisão.

Mas a circunstância de no processo executivo estar apenas em causa a actuação da


garantia dum direito subjectivo pré-definido leva a que o executado não goze de
paridade de posição com o exequente, a que a sua participação no processo se
circunscreva no âmbito de nomeação de bens à penhora, da escolha da modalidade de
venda e do controlo de regularidade ou legalidade dos actos do processo, e a que o seu
direito à contradição seja fundamentalmente assegurado ex post, através da
possibilidade de oposição aos actos executivos (maxime a penhora) já praticados ou
através de embargos é execução, que constituem uma acção declarativa estruturalmente
autónoma relativamente ao processo executivo.

PRESSUPOSTOS DA ACÇÃO EXECUTIVA

Pressupostos específicos.
Para que possa ter lugar a realização coactiva duma prestação devida (ou do seu
equivalente), há que satisfazer dois tipos de condição, dos quais depende a
exequibilidade do direito à prestação:

a) O dever de prestar deve constar dum título: o título executivo.

Trata-se dum pressuposto de carácter formal, que extrinsecamente condiciona a


exequibilidade do direito, na medida em que lhe confere o grau de certeza que o sistema
reputa suficiente para a admissibilidade da acção executiva.

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b) A prestação deve mostrar-se certa, exigível e líquida.

Certeza, exigibilidade e liquidez são pressupostos de carácter material, que


intrinsecamente condicionam a exequibilidade do direito, na medida em que sem eles
não é admissível a satisfação coactiva da pretensão.

Pressupostos gerais.
Além dos pressupostos específicos da acção executiva, têm nela de se verificar os
pressupostos gerais do processo civil: a competência do tribunal, a personalidade e a
capacidade judiciária das partes, a sua representação ou assistência quando incapazes, o
patrocínio judiciário quando obrigatório, a legitimidade das partes.

Porque, relativamente aos restantes, têm aplicação, sem adaptações, as normas gerais
conhecidas do processo declarativo, limitar-nos-emos a analisar aqueles que apresentam
especialidades na acção executiva, ou sejam:

- A competência do tribunal.
- A legitimidade das partes.
- O patrocínio judiciário.
- Os pressupostos no caso de pluralidade de sujeitos da acção.
- Os pressupostos no caso de cumulação de pedidos.

O TÍTULO EXCUTIVO

Noção.
Vimos como o acertamento é o ponto de partida da acção executiva, pois a realização
coactiva da prestação pressupõe a anterior definição dos elementos (subjectivos e
objectivos) da relação jurídica de que ela é objecto. O título executivo contém esse
acertamento; daí que se diga que constitui a base da execução, por ele se determinando
«o fim e os limites da acção executiva» (artigo 45.º n.º 1 do Código de Processo Civil),
isto é, o tipo de acção e o seu objecto, assim como a legitimidade activa e passiva para
ela (artigo 55.º n.º 1), e, sem prejuízo de poder ter que ser complementado (artigos 803.º
a 809.º), em face dele se verificando se a obrigação é certa, líquida e exigível (artigo
802.º).

Espécies.
O artigo 46.º enumera, nas suas alíneas, quatro espécies de título executivo: a sentença
condenatória o documento exarado ou autêntico por notário, o escrito particular
assinado pelo devedor, o título executivo por força de disposição especial. Embora não
corresponda a um critério doutrinário rigoroso (bastará atender ao carácter residual da
alínea d).

Sentença Condenatória.

Conceito.
Ao utilizar a expressão sentença condenatória, quis o legislador de 1962 (embora por
fórmula não muito feliz) demarcar o conceito do de sentença de condenação, expressão
utilizada no CPC de 1939 e considerada susceptível de ser tomada como equivalente a
sentença proferida em acção declarativa de condenação.

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È que, em qualquer tipo de acção (não apenas de condenação, mas também de mera
apreciação, constitutiva ou até de execução), tem, em princípio, lugar a condenação em
custas e a decisão que a profere constitui título executivo para o efeito da sua cobrança
coerciva. O mesmo se diga quanto à condenação da parte em multa ou em indemnização
como litigante de má fé.

Por outro lado, discute-se se a sentença de mérito favorável proferida em acção


declarativa constitutiva é, enquanto tal, susceptível de ser executada.

O trânsito em julgado.
Para que a sentença seja exequível, é necessário que tenha transitado em julgado, isto é,
que seja já insusceptível de recurso ordinário ou de reclamação (artigo 677.º), salvo se
contra ela tiver sido interposto recurso com efeito meramente devolutivo (artigo 47.º n.º
1).

A atribuição a um recurso de efeito meramente devolutivo significa que é possível


executar a decisão recorrida na pendência do recurso. È em certas formas de processo
automática (como exemplo o artigo 792.º) e noutras dependente de requerimento do
recorrido (artigo 692.º n.º 2).

Ora, se tiver sido instaurada execução na pendência de recurso com efeito


meramente devolutivo, essa execução, por natureza provisória, sofrerá as
consequências da decisão que a causa venha a ter nas instâncias superiores.

Assim, quando a causa vier a ser definitivamente julgada, a decisão proferida terá
efeito:
- De extinguir a execução, se for totalmente revogatória da decisão exequenda,
absolvendo o réu (executado);
- De a modificar, se apenas em parte revogar a decisão exequenda, mantendo
uma condenação parcial do réu.

Se pelo tribunal de recurso vier a ser proferida decisão que, por sua vez, seja objecto de
recurso para um tribunal superior, a execução:
- Suspender-se-á ou modificar-se-á, consoante a decisão da 2.ª instância for
total ou parcialmente revogatória da anterior, se ao novo recurso for também
atribuído efeito meramente devolutivo.
- Prosseguirá tal como foi instaurada e só poderá ser extinta ou modificada com
a decisão definitiva, se, pelo contrário, for atribuído ao recurso efeito
suspensivo, o qual se traduz em suspender a execução da decisão intermédia
proferida (artigo 47.º n.º 2).

A acção executiva proposta na pendência do recurso pode também ser suspensa a


pedido do executado que preste caução, destinada a garantir o dano que, no caso de
confirmação da decisão recorrida, o exequente sofra em consequência da demora da
execução. È o que hoje dispõe o artigo 47.º n.º 4, em expressa equiparação desta
situação à do executado que tenha embargado a execução.

Processo 35/03 (declarativo).


Recurso devolutivo – 2.º Instância
Sentença condenatória - confirma a sentença execução
1.º Instância prossegue
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- Modifica (revoga parcialmente). *

- Extingue (revoga totalmente a sentença


da 1.ª instância) * *
Recurso devolutivo - 3.ª instância
* A decisão prossegue modificada

Recurso suspensivo
** A execução prossegue nos termos da decisão da 1.ª
instância.

Recurso devolutivo
Suspende-se a execução.

Despachos judiciais e decisões arbitrais.


Às sentenças a que se refere a alínea a) do artigo 46.º são equiparados os despachos e
outras decisões ou actos de autoridade que condenem no cumprimento duma
obrigação, assim como as decisões dos tribunais arbitrais (artigo 48.º).

Como exemplo de despachos condenatórios exequíveis, temos os que imponham multas


às partes ou a testemunhas, condenem em indemnizações ou fixem honorários de
peritos, depositários ou liquidatários judiciais.

A sentença homologatória.
Na categoria das sentenças condenatórias, tal como ela foi definida, cabem as sentenças
homologatórias, das quais são exemplo a sentença homologatória de transacção ou
confissão do pedido (artigo 300.º n.º 3) e a sentença homologatória de partilha (artigo
1382.º n.º 1).

Em confronto com as sentenças em que o juiz decide o litígio entre as partes, mediante a
aplicação do direito (substantivo) ao caso que lhe é presente, as sentenças
homologatórias caracterizam-se por o juiz se limitar a sancionar a composição dos
interesses em litígio pelas próprias partes.

Por esta razão, têm tais sentenças sido, por vezes, classificadas como títulos executivos
parajudiciais ou títulos judiciais impróprios, em oposição às sentenças propriamente
ditas (títulos executivos judiciais, ou judiciais próprios).

É assim que ANSELMO DE CASTRO define os títulos executivos parajudiciais como


aqueles «que, formando-se num processo (portanto, de carácter formalmente judicial),
não procedem, todavia, de uma decisão judicial, mas de um acto de confissão expressa
ou tácita das partes (tendo, assim, carácter substancialmente extrajudicial)».

Á distinção destes dois tipos de título executivo corresponderiam, pelo menos, ainda
segundo ANSELMO DE CASTRO, duas especialidades de regime:

- Por um lado, a oposição à execução da sentença homologatória de conciliação,


confissão ou transacção é possível com maior amplitude do que a oposição à

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sentença judicial propriamente dita, pois nela se pode invocar qualquer causa
de nulidade ou anulabilidade desses actos (artigo 815.º n.º 2).
- Por outro lado, a sentença homologatória proveniente de tribunal estrangeiro
não teria de ser objecto de revisão e confirmação por um tribunal português,
devendo ser equiparado aos títulos estrangeiros extrajudiciais, que delas não
carecem.

Documento Exarado ou Autenticado por Notário.

Conceito.
Os documentos exarados ou autenticados por notário são, tal como os documentos a que
se refere a alínea c), títulos extrajudiciais, visto não se produzirem em juízo, ou
negociais, porque emergentes dum negócio jurídico celebrado extrajudicialmente.

São exarados por notário (documentos autênticos), entre outros, o testamento público e
a escritura pública.

São documentos autenticados por notário aqueles que, por ele não exarados, lhe são
posteriormente levados para que, na presença das partes, certifique a conformidade da
sua vontade com o respectivo conteúdo.

Na categoria dos documentos autenticados inclui-se, porque aprovado por notário


(artigo 2206 n.º 4 do Código Civil), o testamento cerrado.

Evidentemente que o testamento, acto de disposição de bens por morte, não pode
constituir título executivo enquanto nele radica a transmissão dos bens do testador.

Mas já o será, por nos situarmos então no campo das obrigações, quando o testador nele
confessa uma dívida sua ou constitui uma dívida que impõe a um sucessor.

Em ambos os casos, terá de se verificar a posterior aceitação da herança pelo sucessor, a


qual constitui no primeiro caso condição da transmissão da dívida, e portanto,
fundamento da legitimidade passiva do sucessor para a execução, e no segundo
condição suspensiva da própria obrigação.

Por isso, a aceitação tem de ser alegada e, pelo menos no segundo caso, provada pelo
exequente (artigos 56.º n.º 1 e 804.º n.º 1, respectivamente), mas o título executivo é
sempre o testamento e não, contrariamente ao que, para o segundo caso já se defendeu,
o acto de aceitação da herança.

Documento recognitivo.
Os documentos autênticos e autenticados não constituem título executivo apenas
quando formalizem o acto de constituição duma obrigação.

Também o são quando deles conste o reconhecimento, pelo devedor, duma obrigação
pré-existente: confissão do acto (ou mero facto) que a constituiu (artigos 352.º; 358.º n.º
2 e 364.º todos do Código Civil); reconhecimento de dívida (artigo 458.º Código Civil).
É o que hoje consta expressamente do artigo 46.ºalínea b) e anteriormente resultava do
(suprimido) artigo 50.º n.º 1 (prova da existência de uma obrigação).

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A prova da obrigação tanto pode ser feita através do documento original como através
duma sua certidão ou fotocópia autêntica (artigos 383.º, 384.º, 386.ºº e 387.º todos do
Código Civil).

A promessa de contrato real e a previsão de obrigação futura.


Artigo 50.º n.º 2, vem indicar uma sub categoria onde se prevêem dois tipos de situação:
a convenção de prestações futuras e a previsão da constituição de obrigações futuras.

No primeiro caso, exige-se a prova de que «alguma prestação foi realizada para a
conclusão do negócio»; no segundo, a de que «alguma obrigação foi constituída na
sequência da previsão das partes».

Correspondendo a primeira formulação à do direito anterior, a substituição da expressão


«incumprimento do negócio» pela expressão «para conclusão do negócio» abona a ideia
de que se quis exigir a prova complementar da realização da prestação constitutiva dum
contrato real prometido por documento autêntico ou autenticado, assim consagrando
nesta parte, embora em termos que podiam ser mais claros, a interpretação mais racional
do preceito revogado.

Quanto á segunda previsão, procura abranger casos em que as partes não se tenham
vinculado, bilateral ou unilateralmente, à celebração dum negócio jurídico, mas se
tenham limitado a prever, em documento autêntico ou autenticado, a possibilidade dessa
celebração.

Em ambos os casos é necessário prova complementar com força probatória plena.

Este artigo pretende contemplar:


- Contratos de abertura de crédito. (o titulo é executivo se alguma prestação dor
apresentada por parte do banco).
- Fornecimento.
- Empreitada.
- Outros em que fossem convencionadas prestações futuras a efectuar por aquele
que se queria prevalecer do título executivo.

Também dentro dos contratos de prestações futuras temos a promessa de contrato real.

Neste caso a prestação futura será o próprio contrato prometido.

O Escrito Particular Assinado Pelo Devedor.

Requisitos.
O artigo 46.º, na sua alínea c), confere exequibilidade aos documentos particulares,
assinados pelo devedor, constitutivos ou recognitivos de obrigações.

Para que os documentos particulares, não autenticados, constituam título executivo, é


imposto:
- Um requisito de fundo: que deles conste a obrigação de pagamento de quantia
determinada ou determinável por simples cálculo aritmético, de entrega de
coisa móvel ou de prestação de facto (artigo 46.º alínea c)). – (artigo 805.º).

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- Um requisito de forma: que, se se tratar de documento assinado a rogo, a


assinatura do regado esteja reconhecida por notário (artigo 51.º).

Requisito de fundo.
O primeiro requisito impede a exequibilidade dos documentos particulares dos quais
conste a obrigação de pagamento de quantia ilíquida não liquidável por simples cálculo
aritmético ou de entrega de coisa imóvel.

A revisão do código deixou claro que a determinação exigida era quantitativa (


«obrigação pecuniária cujo montante seja determinado» ), mas admitiu a liquidação por
simples cálculo aritmético na acção executiva baseada em título particular. Quando
porém, a liquidação da obrigação exigiria o incidente dos artigos 806.º, 807.º ou do
artigo 809.º, a acção não é admitida, por falta de título. (Redacção antiga do CPC).

Requisito de forma.
O reconhecimento, por notário, da assinatura do devedor não constitui, no código
revisto, requisito de exequibilidade do documento particular, embora conserve utilidade
para obstar ao pedido de suspensão da acção executiva pelo executado que, em
embargos, alegue a não genuinidade da assinatura.

Mas o documento particular assinado a rogo do devedor carece do termo de


reconhecimento (presencial) da assinatura do rogado, o qual deve conter a menção de
que o rogante declarou não saber ou não poder assinar o documento, de que este lhe foi
lido e de que o rogo foi dado ou confirmado perante o notário (artigos 373.º n.º 4 do
Código Civil, 154.º Código Notarial, 155.º n.º 4 Código Notarial e 51.º CPC).

A prescrição do direito constante de título de crédito.


Prescrita a obrigação cartular constante de uma letra, livrança ou cheque, poderá o
título de crédito continuar a valer como título executivo, desta vez enquanto escrito
particular consubstanciando a obrigação subjacente?

Assim tem sido entendido, embora com vozes discordantes.

Quando o título de crédito mencione a causa da relação jurídica subjacente, não se


justifica nunca o estabelecimento de qualquer distinção entre o título prescrito e outro
documento particular, enquanto ambos se reportem à relação jurídica subjacente.

Quando aos títulos de crédito prescritos dos quais não conste a causa da obrigação, tal
como quanto a qualquer outro documento particular nas mesmas condições, há que
distinguir consoante a obrigação a que se reportem emerja ou não dum negócio jurídico
formal. No primeiro caso, uma vez que a causa do negócio jurídico é um elemento
essencial deste, o documento não poderá constituir título executivo (artigos 221.º n.º 1
CC e 223.º n.º 1 CC).

No segundo caso, porém, a autonomia doo título executivo em face da obrigação


exequenda e a consideração do regime do reconhecimento de dívida (artigo 458.º n.º 1
CC) leva a admiti-lo como título executivo, sem prejuízo de a causa da obrigação dever
ser invocada no requerimento inicial da execução e poder ser impugnada pelo
executado; mas, se o exequente não a invocar, ainda que a título subsidiário, no
requerimento inicial, não será possível fazê-lo na pendência do processo, após a

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verificação da prescrição da obrigação cartular e sem o acordo do executado (artigo


272.º), por tal implicar alteração da causa de pedir.

O Título Executivo Por Força de Disposição Especial.


Títulos judiciais impróprios.
Alguns dos títulos cuja força executiva resulta de disposição especial da lei formam-se
no decurso dum processo.

Assim, no processo de prestação de contas, quando o réu as apresente e delas resulte


um saldo a favor do autor, pode este requerer que o réu seja notificado para pagar a
importância do saldo, sob pena de lhe ser instaurado processo executivo (artigo 1016.º
n.º 4). Aqui, o título executivo são as próprias contas apresentadas pelo réu.

Assim também, nos termos do DL 269/98, de 1 de Setembro, que regula o processo de


injunção, o titular de direito de crédito pecuniário, decorrente de contrato, cujo valor
não exceda a alçada do tribunal da 1.ª instância, pode requerer, na secretaria do tribunal
do lugar do cumprimento da obrigação ou do domicílio do devedor, a injunção deste
para o cumprimento da obrigação (artigo 1.º do DL 269/98 e artigo 8.º n.º 1 do regime
anexo).

Títulos administrativos.
Outros exemplos de títulos executivos especiais: títulos de cobrança de contribuições,
impostos, taxas e outros créditos do Estado, etc.

A este tipo de títulos, emitidos por repartições do Estado ou de determinadas pessoas


colectivas públicas e tendo por conteúdo créditos próprios, tem sido dada a designação
de títulos administrativos ou de formação administrativa.

Títulos particulares.
Também documentos particulares podem constituir título executivo por disposição
especial de lei.

Deles constituem exemplo a acta de reunião da assembleia de condóminos, por


contribuições ou despesas de vidas ao condomínio (artigo 6.º n.º 1 do DL 268/94, de 25
de Outubro), e o contrato de arrendamento urbano de duração limitada, acompanhado
da certidão de notificação judicial avulsa de denúncia requerida pelo senhorio (artigos
98.º RAU, 100.º n.º 2 RAU e 101.º n.º 1 RAU).

Natureza e Função do Título Executivo.


O título é um documento.
Quer os títulos criados pelas alíneas b) e c), quer aqueles a que se reporta a alínea d) do
artigo 46.º constituem, inequivocamente, documentos escritos.

No caso dos títulos extrajudiciais ou judiciais impróprios tudo leva a querer que sejam
documentos.

Os mesmos têm natureza documental e é o próprio documento que constitui prova legal.

O título é o próprio documento – pela razão probatória, pela definição do objecto e o


sentido da acção executiva.

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No caso, porém, da sentença condenatória, o aspecto dinâmico da injunção ao réu para


que realize uma prestação devida sobressai sobre o aspecto estático do documento em
que ela se materializa. Se a tomarmos como paradigma do título executivo, este
parecerá constituir um acto jurídico e não tanto um documento – acto jurídico esse que,
aplicando e concretizando o direito, torna possível, graças à sua estrutura de comando, a
subsequente actuação prática da sanção se a ordem judicial não for cumprida.

O título executivo é, pois, um documento; e, no caso da sentença, constituem título


executivo as próprias folhas do processo em que é exarada, as quais não e confundem
com o acto da condenação que lhe constitui o conteúdo.

O título como condição da acção.


No título executivo é frequente dizer-se que é condição necessária e suficiente da
acção executiva.

A primeira afirmação não oferece dificuldade de maior. O título é condição necessária


da acção executiva porque não há execução sem título, o qual tem, em termos que
estudaremos, de acompanhar o requerimento inicial ou, nos casos excepcionais de
processos mistos de declaração e de execução, de se formar dentro do próprio processo,
antes que tenha lugar qualquer diligência de ordem executiva.

Maior dificuldade levanta a configuração do título como condição suficiente da acção


executiva. Não porque isso brigue com a existência de outros pressupostos da acção
executiva, uma vez que a afirmação não tem outro alcance que não seja o de dispensar
«qualquer indagação prévia sobre a real existência ou subsistência do direito a que se
refere», de onde decorrerá que o juiz não pode conhecer oficiosamente da questão da
conformidade ou desconformidade entre o título e o direito que se pretende executar.
Mas, mesmo com este alcance, a afirmação não tem valor absoluto.

A desconformidade entre o título e a obrigação exequenda pode resultar de vício formal


ou substancial da declaração de vontade ou ciência que lhe constitui o conteúdo ou do
acto jurídico a que a declaração de ciência reporte ou ainda de causa que afecte a
ulterior subsistência da obrigação.

No plano da validade formal, é óbvio que, quando a lei substantiva exija certo tipo de
documento para a sua constituição ou prova, não se poderá admitir execução fundada
em documento de menor valor probatório para o efeito de cumprimento de obrigações
correspondentes ao tipo de negócio ou acto em causa. Não pode, por exemplo, ser
admitida execução para entrega de um andar com base em documento particular de
compra e venda.

Do mesmo modo, o juiz não pode admitir a execução pretendida se tiver sido
convencionada pelas partes certa forma voluntária e dado conhecimento ao tribunal
desta estipulação, que não tenha sido respeitada no acto de contracção da obrigação
exequenda.

Paralelamente, devem, no campo da validade substancial, ser conhecidas todas as


causas de nulidade do negócio ou acto que o título formaliza ou prova, desde que sejam
de conhecimento oficioso e o juiz se possa servir dos factos de que decorrem, nos
termos dos artigos 664.º e 264.º.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Direito Processual Civil III
Acção Executiva

O título e a causa de pedir.


Próxima da afirmação da suficiência do título executivo, por este dispensar a indagação
do direito que pressupõe, é a configuração do título como causa de pedir na acção
executiva, de acordo com a qual a causa de pedir deixaria, na acção executiva, de ser o
facto jurídico de que resulta a pretensão do exequente (artigo 498.º n.º 4) para passar a
ser o próprio título executivo (que, dela constitui prova ou acertamento).

Não constituindo o título executivo um acto ou facto jurídico, esta construção não se
harmoniza com o conceito de causa de pedir.

Consequências da Falta de Apresentação do Título Executivo.


Pressuposto formal da acção executiva, o título (ou uma sua cópia autêntica) deve, em
regra, acompanhar o requerimento inicial de execução.

Só não é assim no caso de execução de sentença, visto que o processo corre então por
apenso àquele onde a decisão foi proferida (artigo 90.º n.º 3), constando o título do
processo principal.

Mas como proceder se, fora do caso excepcional referido, der entrada no tribunal um
requerimento executivo desacompanhado do título que lhe serve de base ou
acompanhado dum título que nada tem a ver com a execução instaurada?

Mais correcta, porque respeitadora do princípio processual, é, a solução do despacho de


aperfeiçoamento.

Ela resulta hoje claramente do artigo 812.º. Só quando seja manifesta a falta ou
insuficiência do título tem lugar o indeferimento; não o sendo, o juiz deve convidar o
exequente a suprir a irregularidade, juntando o título em falta ou corrigindo o
requerimento inicial.

No caso de se pedir mais do que o constante do título (por exemplo, 2.500.00 €,


quando do título constam apenas 1.500.00 €). Aplica-se neste caso a norma do artigo
812.º n.º 3, ou seja, é admitido indeferimento parcial.

Já no caso de se formularem vários pedidos e nem todos constarem do título, o juiz


deve convidar o exequente a suprir as irregularidades do requerimento executivo, bem
como a sanar a falta de pressupostos (artigo 812.º n.º 4). Não sendo o vício suprido ou a
falta corrigida dentro do prazo marcado, é indeferido o requerimento executivo. (artigo
812.º n.º 5).

Estando o processo em condições de prosseguir e, no caso do artigo 804.º n.º 2, o


devedor deva ser ouvido, o juiz profere despacho de citação do executado para no prazo
de 20 dias, pagar ou opor-se à execução. (artigo 812.º n.º 6).

Se o juiz mandar citar o executado, quando devia indeferir ou mandar aperfeiçoar, pode
o executado deduzir oposição, nos termos do artigo 813.º n.º 1.

A CERTEZA, A EXEGIBILIDADE E A LIQUIDEZ DA OBRIGAÇÃO.


Conceito.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Direito Processual Civil III
Acção Executiva

Introdução.
Como verificamos ao tratar de articulação entre o título e a obrigação exequenda, a
existência desta não é pressuposto da execução: presumida pelo título executivo, dela
não há necessidade de fazer prova.

Vimos também dentro de que limites o juiz pode, em face do título, julgar
oficiosamente da validade formal e substancial, bem como da subsistência, da obrigação
exequenda. Ao exequente mais não compete, relativamente à existência desta obrigação,
do que exibir em tribunal o título (executivo) pelo qual ela é constituída ou reconhecida.

Vimos por outro lado, que a acção executiva pressupõe o incumprimento da obrigação.
Ora o incumprimento não resulta do próprio título quando a prestação é, perante este,
incerta, inexigível ou, em certos casos, ilíquida. Há então que a tornar certa, exigível ou
líquida, sem o que a execução não pode prosseguir (artigo 802.º).

A certeza.
É certa a obrigação cuja prestação se encontra qualitativamente determinada (ainda
que esteja por liquidar ou por individualizar).

Não é certa aquela em que a determinação (ou escolha) da prestação, entre uma
pluralidade, está por fazer (artigo 400.º Código Civil).

Tal acontece nos casos de obrigação alternativa (em que o devedor está obrigado a
efectuar uma de duas ou mais prestações, segundo escolha a efectuar: artigo 543.º
Código Civil) e nos de obrigação genérica de objecto qualitativamente indeterminado
(o devedor está obrigado a prestar determinada quantidade dum género que contém duas
ou mais espécies diferentes: artigo 539.º Código Civil).

A certeza da obrigação não é requisito da acção declarativa de condenação (artigo


468.º).

A exigibilidade.
A prestação é exigível quando a obrigação se encontra vencida ou o seu vencimento
depende, de acordo com estipulação expressa ou com a norma geral supletiva do artigo
777 n.º 1 do Código Civil, de simples interpelação ao devedor, por parte do credor.

Não é exigível quando, não tendo ocorrido o vencimento, este não está dependente de
mera interpelação. É este o caso quando:

- Tratando-se duma obrigação de prazo certo, este ainda não decorreu (artigo
779.º Código Civil).
- O prazo é incerto e a fixar pelo tribunal (artigo 777.º n.º 2 Código Civil).
- A constituição da obrigação foi sujeita a condição suspensiva, que ainda não
se verificou (artigo 270.º Código Civil).
- Em caso de sinalagma, o credor não satisfaz a contraprestação (artigo 428.º
Código Civil).

A liquidez.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

No seu conceito rigoroso de direito das obrigações, é obrigação ilíquida aquela que tem
por objecto uma prestação cujo quantitativo não está ainda apurado.

A obrigação ilíquida distingue-se assim da obrigação genérica, que é aquela cujo


objecto é referido a um género que o contém. A obrigação genérica pode ter objecto
qualitativamente indeterminado ou determinado (ex. são devidas 200 toneladas de
mármore de certa qualidade) e, neste último caso, a concretização do objecto depende
dum simples acto de individualização das unidades que serão prestadas (para o processo
de execução para entrega de coisa certa – artigo 930.º n.º 2).

Normalmente, a obrigação genérica é uma obrigação líquida, a menos que também


quantitativamente o seu objecto se apresente indeterminado (deve-se uma quantidade de
toneladas de mármore que está ainda por determinar).

Regime: Certeza e Exigibilidade.


Obrigações alternativas.
Nas obrigações alternativas, a escolha ou determinação da prestação a efectuar, entre a
pluralidade de prestações que constitui o seu objecto, pode incumbir ao credor, ao
devedor ou a terceiro (artigos 543.º n.º 2 Código Civil e 549.º Código Civil).

Se a escolha pertencer ao credor e este não a tiver ainda feito, fá-la-á no requerimento
inicial da execução. Assim, quando este der entrada no tribunal (primeiro acto do
processo executivo), a obrigação é já certa. – Artigo 802.º.

Se a escolha pertencer ao devedor; «este será notificado para, no prazo de 10 dias, se


outro não tiver sido fixado pelas partes, declarar por qual das prestações opta – artigo
803.º n.º 1. Na falta de declaração, a execução segue quanto é prestação que o credor
escolha. – Artigo 803.º n.º 3.

Se o prazo de escolha estiver fixado no título executivo, basta, sem prejuízo de o credor
poder preferir a notificação judicial avulsa do devedor (artigo 261.º), que este seja
convidado, no acto da citação, a escolher a prestação. Neste caso não é notificação
prévia.

Se o prazo de escolha não estiver fixado, é notificado previamente, para no prazo de 10


dias escolher e após isso é citado – artigo 803.º n.º 2.

Sendo vários os devedores e não sendo possível formar maioria quanto à escolha, cabe
esta ao tribunal, a requerimento do exequente e nos termos aplicáveis do artigo 1429.º.
(artigo 803.º n.º 3).

Se a escolha couber a terceiro, é este notificado para a efectuar, na falta de escolha por
terceiro (artigo 803.º n.º 3), a escolha cabe também a tribunal.

Obrigações a prazo.
Se a obrigação tiver prazo certo, só decorrido este a execução é possível, pois até ao
dia do vencimento a prestação é inexigível.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

No caso de obrigação dependente de prazo a fixar pelo tribunal, terá o credor, na fase
liminar da acção executiva, de promover a fixação judicial do prazo, nos termos
aplicáveis dos artigos 1456.º e 1457.º.

Obrigações sob condição suspensiva.


A prestação de obrigação sob condição suspensiva só é exigível depois de a condição se
verificar, pois até lá todos os efeitos do respectivo negócio constitutivo ficam suspensos
(artigo 270.º Código Civil).

Daí que o artigo 804.º n.º 1 exija ao credor exequente a prova documental da verificação
da condição, para que a execução se torne possível.

Obrigações sinalagmáticas.
Estando o credor obrigado para com o devedor a uma contraprestação a efectuar
simultaneamente, para o que basta não se terem estipulado diferentes prazos de
cumprimento (artigo 428.º Código Civil), incumbe-lhe, independentemente da
invocação, pelo devedor, da excepção de não cumprimento, provar documentalmente
que a efectuou (artigo 804.º n.º 1), sob pena de não poder promover a execução.

Consequências da falta de certeza ou exigibilidade.


Proposta execução baseada em título de que resulte a incerteza da obrigação ou a
inexigibilidade da prestação, se não for imediatamente oferecida e efectuada prova
complementar do título nem se requererem as diligências destinadas a tornar a
obrigação certa ou a prestação exigível, o juiz deverá proferir despacho de
indeferimento liminar ou despacho de aperfeiçoamento – artigos 812.º n.º 4 e n.º 5.

Regime: A Liquidez.
Os meios de liquidação.
Como já foi dito, a liquidação (conversão da obrigação em líquida) tem também lugar
na fase liminar do processo executivo.
....
Liquidação por simples cálculo aritmético.
Quando a liquidação dependa de simples cálculo aritmético, o exequente deverá fixar o
seu quantitativo no requerimento inicial da execução – artigo 805.º n.º 1.

Liquidação não depende de simples cálculo aritmético.


Quando, a liquidação não dependa de simples cálculo aritmético (e não sendo o titulo
executivo uma sentença), o executado é logo citado para a contestar, em oposição é
execução. – Artigo 805.º n.º 4.

Se contesta – aplicam-se os n.º 3 e n.º 4 do artigo 380.º. – Seguem-se os termos do


processo declarativo de liquidação – incidente de declaração.

Se não contesta – dá-se como confirmado o pedido do exequente.

Incidente de Liquidação
2 Tipos de liquidação.
(...)
- Quando o título for uma sentença -

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Acção Executiva

Liquidação por árbitros – (artigos 805.º n.º 5 e artigo 380.º-A). É sempre feita
previamente á apresentação do título executivo.

A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL.
Competência em razão da Matéria
Tal como na acção declarativa, a competência dos tribunais judiciais para a acção
executiva determina-se por um duplo critério: um critério de atribuição positiva e um
critério de competência residual.

De acordo com o primeiro critério, cabem na competência dos tribunais judiciais todas
as acções executivas baseadas na não realização duma prestação devida segundo normas
do direito privado.

De acordo com o segundo, os tribunais judiciais são também competentes para as


acções executivas que não caibam no âmbito da competência atribuída aos tribunais de
outra ordem judicial (artigo 18.º n.º 1 LOFTJ) e, dentro dos tribunais judiciais, os
tribunais de competência genérica e os juízos de competência especializada cível são
competentes para as acções executivas cuja competência não seja atribuída a outro
tribunal (artigos 18.º n.º 2 LOFTJ – conjugar com o 77.º n.º 1 alínea a) LOFTJ e artigo
103.º da LOFTJ para completar a ideia).

Competência em razão da Hierarquia.


Apenas os tribunais de 1.ª instância têm competência executiva (artigos 90.º n.º 1 e 91.º
n.º 1 Código Processo Civil).

Competência em razão do Valor.


A execução de decisão proferida por um tribunal de competência específica tem lugar
no tribunal em que tenha corrido a acção declarativa (artigo 103.º LOFTJ).

Quando a execução se baseie em decisão de tribunal não judicial, incluindo o tribunal


arbitral, ou em título que não constitua uma decisão, competem às varas cíveis as acções
executivas de valor superior á alçada dos tribunais da relação (artigo 97.º n.º 1 alínea b)
LOFTJ) e aos juízos cíveis as restantes acções executivas (artigo 99.º LOFTJ).

Competência em razão do Território.


Sem prejuízo da aplicação subsidiária das disposições reguladoras do processo
declarativo (artigos 73.º a 89.º CPC), a competência para a acção executiva em razão do
território é estabelecida nos artigos 90.º a 95.º.

A decisão do tribunal judicial.


Baseando-se a execução em sentença condenatória proferida por um tribunal judicial
(português), há ainda que distinguir os casos em que a acção declarativa tenha sido
proposta num tribunal de 1.ª instância e aqueles em que tenha funcionado um tribunal
superior (Relação ou Supremo).

- No caso de a acção em que foi proferida a decisão exequenda ter sido proposta
num tribunal de 1.ª instância, é competente para a execução o tribunal em que
a causa foi julgada em 1.ª instância (artigo 90.º n.º 1).

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

- No caso de a acção em que foi proferida a decisão exequenda ter sido proposta
na Relação ou no Supremo, a execução será promovida no tribunal de 1.ª
instância do domicílio do executado (artigo 91.º n.º 1).

A decisão de tribunal arbitral.


Para a execução das sentenças proferidas por árbitros é competente o tribunal do lugar
do funcionamento da arbitragem (artigo 90.º n.º 2).

Outros títulos.
Baseando-se a execução em título que não seja decisão dum tribunal judicial ou dum
tribunal arbitral, há que distinguir:

- Se a acção for para entrega de coisa certa ou por dívida com garantia real, é
competente o tribunal do lugar em que a coisa se encontre ou situe (artigo 94.º
n.º 2).

- Nos restantes casos (execução por dívida pecuniária ou de prestação de facto,


sem garantia real) é competente o tribunal do lugar onde a obrigação devia ter
sido cumprida (artigo 94.º n.º 1).

Hipótese1:
Edite dispõe de sentença da 1.ª vara cível do tribunal de Lisboa contra Carlos e Daniel,
na qual estes foram condenados a pagar os prejuízos pessoais resultantes de acidente
de automóvel que envolveu a camioneta destes e o automóvel da autora.

Para tanto, apresentou na secretaria da 1.ª vara cível do tribunal de Lisboa um


requerimento inicial de execução de quantia certa.

Neste, após juntar os valores que considerava necessários para a liquidação, concluiu
num pedido de 25.000.00€ contra Carlos e Daniel.

Questões:
1- Verifique se a exequente apresentou o título executivo e se a obrigação exequenda
é certa, líquida e exigível.

Considera-se título executivo judicial – artigo 46.º n.º 1 a) – sentença condenatória.

Explicar o que é. (polémica – sentença de condenação / sentença condenatória).

Artigo 47.º
A sentença é exigível – está qualitativamente determinada. Logo é certa (prestação
pecuniária).
E é líquida – 25.000.00€ - o seu apuramento depende de simples cálculo (ou nem
isso) aritmético.

2- Aprecie a correcção da proposição da acção executiva junto da 1.ª vara cível.


a) Em caso de incompetência que regime se seguirá?

A sentença é de juízo civil e a acção esta intentada na 1ª vara cível. Segundo o artigo
103º LOFT o tribunal competente é o tribunal que profere a sentença, a acção deveria ter sido

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

intentada quer em razão do valor, quer em razão da competência residual, quer em razão da
matéria quer em razão do território (artigo 90º/1), ou seja o tribunal do lugar em que a causa
tenha sido julgada. Estamos perante um caso de incompetência relativa nos termos do artigo
108º, na oposição à execução pode ser um fundamento cumulativo, ou ser apresentado
individualmente. Nos termos do artigo 110º/1/a, o tribunal deve ter conhecimento da
incompetência.

3- Podem os executados contestar o valor indicado no requerimento inicial?

Podem – artigo 813.º - podem depois de citados contestar a liquidação


Quando é sentença – 814.º c)
Artigo 805.º se não contestar quando não e sentença.
Em princípio seria antes da penhora

4- Quid Iuris se Carlos e Daniel pretendem opor-se á liquidação e também


apresentam outros argumentos de oposição é penhora.

Poderia ser apresentada oposição à execução com base num dos fundamentos do artigo
814º, individualmente ou cumulativamente. Por exemplo poderia ser feita a oposição à
execução com base na iliquidez da obrigação e na incompetência relativa de que este caso
padece.

Hipótese 2
Em Agosto de 2002 por testamento feito na sua casa em Lisboa assinado a rogo pela
sua secretaria, Fernando que não sabia ler nem escrever, deixou vários bens ao seu único
sobrinho Gonçalo de Santarém e reconhecia ser devedor de 15000 euros a Humberto
morador em Cascais, divida essa garantida por hipoteca sobre a casa que no mesmo
testamento era deixada à sua secretaria. Falecido em Abril de 2003 aceitou depois Gonçalo
a herança em Julho desse ano. Nesse mesmo mês propõe acção executiva contra Gonçalo
exigindo os 15000 euros. O juiz rejeita o requerimento por invalidade formal do título e
ilegitimidade do Gonçalo.

1) Em que tribunal deveria ser interposta a acção?


Uma vez que o título é do tipo extra judicial aplica-se o artigo 97º LOFT, se fosse um
título judicial seria aplicável o artigo 103º LOFT.
Quanto à competência em razão da matéria trata-se de competência genérica (artigo 18º
e 77º LOFT).
Em razão da hierarquia são competentes os tribunais judiciais segundo o artigo 90º/1
CP, em razão do valor são competentes as varas cíveis segundo o artigo 97º LOFT, dado que
o valor é superior ao valor da alçada da relação.
Por fim em razão do território é aplicável o artigo 94º/2 CP dado existir uma garantia
real e os bens onerados em causa estão em Lisboa, logo é este o tribunal competente.

2) Qual a forma de processo executivo?


Actualmente segue a forma comum pois é a única que existe após a reforma com base
no artigo 465º CPC.

3) Verifique se o exequente apresenta título executivo?


Segundo o artigo 46º CPC, são considerados títulos executivos, os documentos
particulares autenticados pelo notário.

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Acção Executiva

Segundo o artigo 2206º Código Civil o testamento carece de ser autenticado pelo
notário o que na verdade não aconteceu, pondo em causa a validade formal do documento.
Neste sentido o testamento não constitui título executivo, uma vez que é considerado
nulo pela lei civil.
Por outro lado o artigo 2208º vem reforçar esta ideia, referindo este artigo o facto de os
que não sabem ler nem escrever, que era o caso de Fernando, não podem fazer testamento.

4) Concorda com o despacho do juiz?


Sim, o título não foi reconhecido pelo notário. Em termos de ilegalidade rege o artigo
56º/1 CPC, e por outro lado em termos de invalidade do documento rege o artigo 2208º
Código Civil.

Hipótese 3
Pedro viticultor acordou vender o preço de 50.000 euros à sucursal do Cartaxo da
Sociedade de Vinhos Lda. _ sediada em Santarém _ 1000 pipas de produção de vinho que
viesse a ter nesse ano, ou em alternativa, 1000 pipas de aguardente do ano do ano anterior,
Pedro nada entregou até ao fim de 2002, termo limite. Em Janeiro seguinte a Sociedade de
Vinhos Lda. propôs acção executiva contra Pedro pedindo a entrega das 1000 pipas de
vinho, acompanhada por Sandra ex- mulher de Pedro, a qual vem pedir a entrega da
televisão e da aparelhagem de som que lhe couberam na partilha feita por escrito numa
folha A4 assinada por ambos.

1) É possível a Sociedade e Sandra demandarem juntos Pedro? Qual a forma de


processo?

A forma de processo é comum com base no artigo 465º CPC

2) Qual o tribunal competente?


Quanto à competência em razão da hierarquia compete ao tribunal de 1ª Instancia julgar
a causa (artigo 90º/1), compete em razão do valor julgar a causa às varas cíveis (artigo 97º/1
LOFT), sendo o valor da acção superior à alçada da relação, em razão do território rege o
artigo 94º/2 ou seja o lugar onde o bem se encontra (artigo 94º/2 CPC) tendo em conta que se
presume que é em Santarém.

3) Aprecie a existência de título executivo e obrigações exequíveis e respectivas


implicações no processo.
Segundo o artigo 46º c), são considerados os documentos particulares, títulos
executivos, o que seria o caso em existindo um contrato de compra e venda, que é o caso.
Não poderia aqui existir um contrato-promessa, uma vez que a hipótese nos diz que
Pedro “acordou vender”, o que nos leva a concluir que se trata de um contrato definitivo com
prestações alternativas. Verificam-se os seguintes requisitos de exequibilidade: o decurso do
prazo (final do ano de 2002), o que torna o titulo exigível; estando perante obrigações
alternativas (artigo 543º/2 Código Civil) pode o devedor eximir-se de uma de duas prestações
pela simples citação do devedor para escolher qual a obrigação a cumprir, sendo a escolha
feita a obrigação torna-se certa; quanto à liquidez essa consta do contrato correspondendo a
1000 pipas. A obrigação não seria exigível (artigo 804ºCPC) enquanto não decorre-se o
prazo. O credor deveria demonstrar junto do tribunal que a condição se teria realizado, e teria
de entregar até ao final de 2002 o vinho. Neste caso a obrigação é exequível.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

3) Pode Pedro alegar que a assinatura não é feita por ele?

PLURALIDADE DE SUJEITOS E PLURALIDADE DE PEDIDOS

O Litisconsórcio.
Litisconsórcio inicial.
O conceito e o regime do litisconsórcio são, na acção executiva, os mesmos que na
acção declarativa.

Há pois, litisconsórcio voluntário sempre que, podendo o pedido ser formulado apenas
por um autor ou apenas contra um réu, tenha sido deduzido por vários autores ou contra
vários réus.

Convirá ter presente que tanto a obrigação conjunta (artigo 27.º n.º 1) como a solidária
(artigo 517.º Código Civil) e a garantia por bens de terceiro (artigos 641.º n.º 1 Código
Civil, 667.º n.º 2 CC e 717.º CC), podem configurar casos de litisconsórcio voluntário.

Haverá por outro lado, litisconsórcio necessário quando a lei, o negócio jurídico ou a
própria natureza da prestação a efectuar imponha a intervenção de todos os interessados
na relação controvertida.

Os casos em que esta imposição surge são na acção executiva muito mais raros que na
acção declarativa, no entanto, verificam-se alguns quando:

1- ...na execução para entrega de coisa certa, esta pertença a vários.


2- ...na execução para prestação de facto, a obrigação incumba a vários também.
3- ...na execução para pagamento de quantia certa, pode o negócio jurídico ou a
lei exigir a intervenção de todos os interessados.

Litisconsórcio sucessivo
Na acção declarativa, verifica-se a figura do litisconsórcio sucessivo quando, em
consequência da dedução dum incidente de intervenção de terceiro, este fique a ocupar
na acção proposta a posição de autor ou de réu, ao lado da parte primitiva.

Artigos 320.º e seguintes.


Na acção executiva o problema só se põe em relação à intervenção principal
(baseada na admissibilidade do litisconsórcio ou da coligação), pois, quanto aos
restantes incidentes só se verificam na acção declarativa.
A sua admissibilidade só é defensável quanto a pessoas com legitimidade para a
acção executiva.
Só se as partes figurem no título executivo.

Um caso há logo em que se impõe a admissibilidade do incidente em processo


executivo: quando o exequente careça de chamar a intervir determinada pessoa para
assegurar a legitimidade duma parte, nos termos do artigo 209.º.

É sempre requerida pelo exequente que vem chamar á demanda alguém que figure
no título executivo.
Ao invés, a intervenção principal provocada pelo executado não é admitida.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

A Coligação.
Por força do artigo 58.º, a coligação é admitida em processo executivo quando,
cumulativamente, se verifiquem os seguintes pressupostos:

a) A espécie de acção executiva decorrente de cada um dos pedidos deve ser a


mesma: pagamento de quantia certa, entrega de coisa certa ou prestação de facto (artigo
53.º n.º 1 b)).

b) Tendo a execução por fim o pagamento de quantia certa, as várias obrigações


devem ser líquidas ou liquidáveis por simples cálculo aritmético;

c) O tribunal deve ser competente internacionalmente e em razão da matéria e da


hierarquia para a apreciação de todos os pedidos, ainda que não o seja em razão do valor
ou do território (artigo 53.º n.º 1 a)).

d) Cada um dos pedidos, individualmente considerado deve ter de ser apreciado


no mesmo processo executivo especial que caberia a apreciação dos outros pedidos.
(artigo 53.º n.º 1 c)).

e) Tratando-se de coligação passiva, é ainda necessário que a execução tenha por


base, quanto a todos os pedidos, o mesmo título.

Por virtude da remissão do artigo 58.º n.º 3 para o n.ºs 2, 3, 4 do artigo 53.º,
observam-se na coligação, quanto à competência em razão de valor e do território, as
seguintes regras:

- Se todos os pedidos se fundarem em decisões judiciais, a acção executiva será


promovida por apenso ao processo declarativo de valor mais elevado. (artigo
53.º n.º 2).

- Se houver pedidos fundados em decisão judicial e outros em título


extrajudicial, a acção executiva correrá por apenso à acção declarativa em que
a primeira tenha sido proferida (artigo 53.º n.º 3).

- Se todos os pedidos se fundarem em título extrajudicial, a competência


determina-se nos termos do n.º 2 e n.º 3 do artigo 87.º com as determinadas
adaptações (artigo 53.º n.º 4).

Consequências da Falta de Litisconsórcio, quando Necessário, e da Coligação


Ilegal.
Havendo lugar a litisconsórcio necessário, a falta de qualquer dos litisconsortes é
fundamento de ilegitimidade da parte (artigo 28.º n.º 1).

Constatada esta falta há 2 opções.

1.- Aperfeiçoamento – nos termos do artigo 811.º n.º 1 a) – a secretaria recusa


receber o requerimento quando... – remete para o artigo 810.º n.º 3 – que nos diz que o
requerimento deve conter os seguintes elementos – que por sua vez remete para o artigo
806.º n.º 1 alínea c) – ou seja, a identificação das partes.
O aperfeiçoamento está previsto no n.º 3 do artigo 811.º.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Direito Processual Civil III
Acção Executiva

2.- O exequente pode também apresentar reclamação para o juiz nos termos do
n.º 2 do artigo 811.º -

Se o juiz decidir através do despacho irrecorrível do artigo 811.º n.º 2, e a decisão


for a meu desfavor, e eu deixar passar os 10 dias para o aperfeiçoamento. O que posso
fazer?

- O vício pode ser suprido pelo exequente – artigo 269.º n.º 2.??????????
Supondo que a secretaria deixa passar o vício e o executado vê isso, pode opor-se
nos termos do artigo 814.º alínea c).

No caso da coligação ilegal.

Artigos 31.º apresentam-se-nos os obstáculos á coligação


Na acção executiva, os pressupostos encontram-se nos artigos 53.º e 58.º.

Se faltarem os pressupostos (p. ex. formulação de pedidos ilegais), então temos de


ir ao artigo 811.º. comulação de pedidos que não podem ser comulados

O artigo 811.º n.º 1 alínea a) remete-nos para o artigo 810.º n.º 3, que por sua vez
nos remete para o 467.º alínea e) – formular o pedido.

Seguidamente, após a recusa por parte da secretaria, o exequente pode:

1- Proceder ao aperfeiçoamento, nos termos do artigo 811.º n.º 3

Só tem 10 dias para aperfeiçoar se não reclamar para o juiz.

Pode também reclamar para o juiz. Qual o prazo que terá para fazer a reclamação?
- Neste caso como a norma do 811.º nada nos diz vamos ao artigo 153.º
relativamente á regra geral sobre o prazo, onde se estabelece um prazo de 10 dias, a
partir da notificação.

2- Se os erros não forem corrigidos, dá-se a absolvição da instância (total ou


parcial mediante a natureza dos pedidos.

A LEGITIMIDADE DAS PARTES

A legitimidade das partes determina-se, na acção executiva, com muito maior


simplicidade do que na acção declarativa.
Na acção executiva a indagação a fazer resolve-se no confronto entre as partes e o
título executivo: têm legitimidade como exequente e executado, respectivamente, quem
no título figura como credor e como devedor. – Artigo 55.º. – regra geral.

Excepções ao regime-regra.

A regra geral da legitimidade para a acção executiva carece de ser adaptada nos
casos de sucessão e de título ao portador.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

A. – Quando, entre o momento da formação do título e o da propositura da acção


executiva, tiver ocorrido sucessão, singular ou universal, na titularidade da obrigação,
quer do lado activo, quer do lado passivo desta, a execução deve ser promovida por ou
contra os sucessores da pessoa que, como credor ou devedor, figura no título, pelo que
exequente deverá, no próprio requerimento para a execução, alegar os factos
constitutivos da sucessão (artigo 56.º n.º 1).

B. – Fundando-se a execução em título ao portador, de que o cheque é um


exemplo, a regra geral tem, obviamente, de ser adaptada no que se refere à legitimidade
activa. Não constando o nome do credor no título executivo, a execução será promovida
pelo portador (artigo 55.º n.º 2).

O terceiro proprietário ou possuidor do bem onerado.

Pode acontecer que a garantia real dum crédito incida sobre bens de terceiro, ou
porque já assim tenha sido constituída, ou porque, constituída embora sobre bens do
devedor, este os tenha posteriormente alienado, em data anterior à propositura da acção
executiva.
Dado não ser possível a penhora de bens pertencentes a pessoa que não tenha a
posição de executado, a acção executiva terá, na medida em que se quiser actuar a
garantia prestada, de ser proposta contra o proprietário do bem.

Ora, o artigo 56.º nos seus números 2 e 3, estabelece que, quando os bens dados
em garantia pertençam a terceiro, o exequente que queira fazer valer a garantia na
execução tem opção entre:

- A propositura da execução contra o terceiro e, mais tarde, se os bens forem


insuficientes, o chamamento do devedor; - 56.º n.º 2.
Ou
- A propositura da execução, desde logo, contra o terceiro e o devedor; 56.º n.º 3

Pode ainda acontecer que, sendo o devedor o proprietário pleno dos bens dados
em garantia, estes estejam na posse de terceiro. Neste caso, o credor pode livremente
escolher entre a propositura da execução só contra o devedor ou contra este e o
possuidor, visto que em qualquer dos casos a penhora dos bens é possível - artigo 56.º
n.º 4.

Terceiros abrangidos pelo caso julgado.

Quando o título executivo é uma sentença, a legitimidade passiva para a acção


executiva é alargada às pessoas que, não tendo sido por ela condenadas, são porém
abrangidas pelo caso julgado (artigo 57.º), pois o âmbito subjectivo da eficácia
executiva do título coincide, no caso da sentença, com o âmbito da eficácia subjectiva
do caso julgado.
Esta extensão da eficácia subjectiva do caso julgado, de carácter, também ela,
excepcional, dá-se nos seguintes casos:

a) Transmissão da situação jurídica do réu, por acto entre vivos, sem subsequente
intervenção do adquirente no processo.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

b) Chamamento à intervenção principal de terceiro titular de situação susceptível


de gerar litisconsórcio passivo que não intervém na causa.

Consequências da ilegitimidade das partes.

A ilegitimidade constitui uma excepção dilatória de conhecimento oficioso


(artigos 494.º alínea e) e 495.º).
Consequentemente, cabe ao juiz:

Se for insanável – indeferir liminarmente despacho de não recebimento.


A instância termina ou cabe reclamação para o juiz
Sendo sanável – cabe-lhe proferir despacho de aperfeiçoamento, nos termos do
artigo 811.º n.º 3.
Possui então 10 dias para o aperfeiçoamento.

Hipótese 4:

Em julho de 2002, Alberto, comerciante de Braga, celebrou com o BCP, com


sede no Porto, um contrato de concessão de crédito até 100.000.00€ para realização
de obras numa cadeia de supermercados.
Em Setembro do mesmo ano, Alberto levantou naquele banco 20.000.00€ e
subscreve a favor deste uma livrança no mesmo montante a vencer em Outubro de
2003.
Carlos constitui-se como avalista dessa livrança.
Na data do vencimento, Alberto não liquida a quantia, pelo que o BCP intenta
acção executiva contra Alberto e Carlos com base no contrato de abertura de crédito.
Alberto opõe-se á execução alegando a incompetência do tribunal, a sua
ilegitimidade e a falta de título executivo.
1- Aprecie a admissibilidade e procedência da oposição deduzida por Alberto.
2- Pode o banco aproveitar para executar Alberto por um outro crédito que tem
sobre ele no montante de 10.000.00€?
Se a resposta for negativa, como poderá devidamente executar?

Resolução:
1- Primeiro que tudo o executado tem de ser citado e só após a citação poderá
opor-se á execução. – Artigo 813.º.

O título executivo é a livrança – logo aplicamos o artigo 816.º - fundamentos de


oposição á execução baseada noutro título, que por sua vez nos remete para o artigo
814.º alínea c).

Quanto á competência do tribunal:


Em razão do território é competente o tribunal do lugar onde a obrigação deva ser
cumprida (artigo 94.º n.º 1 CPC). Ou seja em princípio no Porto.
Em razão do valor, competia às varas cíveis do tribunal de comarca do Porto –
artigo 97.º n.º 1 b) LOFTJ.
Em razão da hierarquia, é competente o tribunal de 1.º instância. – Artigo 90.º n.º
1 CPC.

Relativamente á legitimidade das partes:

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Acção Executiva

- Artigo 55.º n.º 1 – António tem legitimidade como parte.

Carlos também tem legitimidade como avalista. – Litisconsórcio inicial voluntário


– artigo 27.º n.º 2 CPC, em conjugação com o 517.º e 519.º Código Civil.
Responde solidariamente.

E, estamos ou não perante um título executivo?


- Estamos perante um título executivo – artigo 46.º alínea c)

Senão houvesse título – artigo 814.º alínea a)

Se, se tratasse de um contrato de abertura de crédito?


- Então aplicava-se o artigo 50.º - tinha de ser autenticado pelo notário. Conjugar
com o artigo 46.º alínea d).

2- Não podia. – Artigo 53.º - neste caso tinhamos devedores diferentes. Na


primeira acção tinha-mos o Alberto e o Carlos (avalista) e na segunda apenas o Alberto.

Hipótese 5:
Rui, morador em Bragança, dispõe de um documento assinado por Carlos, seu
irmão, morador em Mirandela, no qual este declara dever-lhe 5.000.00€ relativos a
uma dívida de jogo.
Rui tem ainda uma sentença condenatória do tribunal da comarca de Mirandela
contra o mesmo irmão pela compra de 10 cabeças de gado no valor de 10.000.00€,
sem entrega do preço.
Em Outubro de 2003, Rui intentou naquele tribunal acção executiva contra
Carlos para pagamento das dívidas, acrescido dos juros de mora vencidos e
vincendos.
No requerimento de execução não indicou o valor da acção.
Carlos opõe-se alegando que:

a) A dívida de 5.000.00€ não é exigível além de que não exige título executivo.

b) A dívida de 10.000.00€ é compensada com um crédito que detém sobre Rui,


no valor de 6.000.00€ vencida na pendência da acção declarativa.

1- Podem ser comulados os 2 pedidos?

2- Relativamente á falta de indicação do valor da acção


a) Que deveria o tribunal fazer?
b) Que pode o executado fazer?

3- Aprecie a admissibilidade e procedência da oposição á execução.

Resolução:
1- É possível, de acordo com o artigo 53.º n.º 1.
Os títulos são diferentes mas ambos para pagamento de quantia certa. (o fim é
igual).
Seguidamente verifica-se a aplicação do n.º 3 do mesmo artigo 53.º.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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2- A secretaria deveria recusar nos termos do artigo 811.º.

a) O juiz deveria convidar ao aperfeiçoamento nos termos do n.º 4 do artigo 812.º.


Se a parte não aperfeiçoasse nos termos do n.º 5 do mesmo artigo, o juiz indeferia
o requerimento executivo.

b) O executado poderia opor-se á execução nos termos do 814.º alínea e), por
remissão do 816.º.

3- As dívidas de jogo são obrigações naturais – artigo 1245.º Código Civil.


Trata-se de um documento particular e pode ou não constituir título executivo.

Do ponto de vista formal temos um documento.


Se esse documento evidenciar a relação subjacente (a razão da dívida) é natural
que ao ser apreciado em tribunal não seja reconhecido como título executivo.
A relação subjacente é contrária á lei.

(...) falta competências e falar na alegação

PARTE II

PROCESSO DE EXECUÇÃO COMUM PARA PAGAMENTO DE QUANTIA


CERTA

Inicia-se com o requerimento executivo.

È necessário a constituição de advogado.

A execução inicia-se com a entrega do requerimento executivo na secretaria do


tribunal competente para a execução. (secretaria passa a assumir competências que
estavam cometidas ao juiz).

Artigo 810.º -
N.º 2 – O requerimento executivo deve constar de modelo aprovado por decreto-
lei.

N.º 3 – O requerimento executivo deve conter os seguintes elementos, além dos


referidos nas alíneas b), c), e) e f) do n.º 1 do 467.º, bem como na alínea c) do n.º 1 do
806.º:

Alínea a) - indicação do fim da execução.

Alínea b) – Exposição dos factos que fundamentam o pedido, quando estes não
constem do título executivo.

Alínea c) – Liquidação da obrigação, nos termos do n.º 1 do artigo 805.º, e escolha


da prestação, quando ela caiba ao credor.

Alínea d) – Indicação, sempre que possível, do empregador do executado,...

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Acção Executiva

Alínea e) – Designação do solicitador da execução, nos termos do n.º 2 do


artigo808.º.

Alínea f) - Pedido de dispensa da citação prévia do executado, nos termos do n.º 2


do artigo 812.º- B.

N.º 4 – Apresentação do original título executivo.

A intervenção da secretaria. A recusa do requerimento executivo:

Artigo 811.º - Recusa do requerimento.

Nos termos do artigo 811.º n.º 1, a secretaria recusará o recebimento do


requerimento executivo se:

Alínea a) – Ele não conste de modelo aprovado, ou se nele se omitir a indicação de


algum dos elementos impostos pelo artigo 810.º n.º 3.

Alínea b) – Não for apresentado título executivo ou seja manifesta a insuficiência


do título apresentado.

Alínea c) – Se verifique a omissão prevista nas alíneas f), g), e h) do n.º 1 do


artigo 474.º.

N.º 2 – Do acto de recusa cabe reclamação para o juiz.

Se a decisão do juiz for irrecorrível:

N.º 3 – o exequente pode apresentar novo requerimento.

_____________________

Artigo 812.º - Despacho liminar e citação prévia.

Temos 2 situações:

Despacho liminar antes da citação: - o juiz vai tomar conhecimento do


requerimento executivo antes da citação.

- Despacho de indeferimento total – artigo 812.º n.º 2.


- Despacho de indeferimento parcial – artigo 812.º n.º 3.
- Despacho de aperfeiçoamento – artigo 812.º n.º 4. (fora dos casos previstos no
n.º 2); o próprio juiz convida a parte a aperfeiçoar.
- Despacho de citação - artigo 812.º n.º 6.

Citação prévia – imediata, sem despacho liminar – artigo 812.º n.º 7 e 812.º - A

- Artigo 812.º n.º 7 alínea a) – demanda do devedor subsidiário. Estamos na


presença do devedor subsidiário não do executado.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

Em alternativa temos o 812.º-A n.º 2 alínea a) - (nos casos de penhora de bens do


devedor subsidiário).

Artigo 828.º - Penhorabilidade subsidiária.

- Artigo 812.º n.º 7 alínea b) – No caso do n.º 4 do artigo 805.º, ou seja, o título
executivo não é sentença e a liquidação não depende de simples cálculo aritmético.

- Artigo 812.º n.º 7 alínea c) – Nas execuções fundadas em título extrajudicial de


empréstimo contraído para aquisição de habitação própria hipotecada em garantia.
-----
Artigo 812.º-A – Dispensa do despacho liminar.

Nas execuções baseadas em:

- Artigo 812.º-A n.º 1 alínea a) – Decisões judiciais ou arbitrais.


- Artigo 812.º-A n.º 1 alínea b) – No domínio do processo de injunção.
- Artigo 812.º-A n.º1 alínea c) – Documento exarado ou autenticado por notário,
ou documento particular com reconhecimento presencial da assinatura do devedor.
Ter em atenção se o montante da dívida não excede ou excede a alçada do tribunal
da relação.

- Artigo 812.º-A n.º1 alínea d) – Qualquer título de obrigação pecuniária vencida


de montante não superior à alçada do tribunal da relação, desde que a penhora não
recaia sobre bem imóvel, estabelecimento comercial, direito real menor que sobre eles
incida ou quinhão em património que os inclua.

Notificação judicial avulsa – é a possibilidade (através da secretaria judicial), de


alguém notificar outrem de que vai fazer valer um seu direito.

Qual a vantagem da citação prévia?

- Faz prevalecer os interesses do executado.


Permite organizar a sua vida e antecipar a oposição á execução e nomear ele
próprio os bens à penhora.

Ao contrário da penhora prévia, onde se acautelam os interesses do exequente.


O mesmo estabelece a relação de bens á penhora através de investigação e assim
tenta impedir a fuga do património do executado.

Regras gerais sobre a citação do executado (posterior ao despacho liminar).


Artigo 864.º - Citações.

- Artigo 864.º n.º 1 – A citação do executado, do cônjuge e dos credores é


efectuada nos termos gerais (artigo 238.º - processo declarativo); mas só a do executado
pode ter lugar editalmente.
No caso da citação promovida pela secretaria judicial aplicam-se as regras dos
artigos 236.º e 239.º.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

- Artigo 864.º n.º 2 – Nos casos em que a citação é feita simultaneamente com a
penhora.
- Artigo 864.º n.º 7 – Nos casos em que houve citação prévia e só depois de dá a
penhora. A citação é então substituída pela notificação.

Oposição á execução ≠ oposição é penhora.

Notificar – dar conhecimento de determinado acto.


È posterior á entrada formal do executado no processo.

Antes da citação o executado não intervém no processo.

A notificação judicial avulsa não obriga a nada, ao contrário da citação.

Dispensa da citação prévia. (Enquanto acto prévio á penhora)

Artigo 812.º-B

Artigo 812.º-B n.º 1- Encontramos aqui o princípio da coincidência. – Há


dispensa de despacho liminar sempre que ocorre a dispensa da citação prévia

Em que casos não há despacho liminar nem citação prévia e se procede á penhora?
- Nos casos do artigo 812.º-A alíneas a) a d).

Pretende-se prevalecer os interesses do exequente.


O executado é citado com a penhora ou posteriormente para se opor á execução.

Artigo 812.º-B n.º 2 – Admite-se o despacho liminar mas o exequente tem medo
que o património do executado se dissipe.
O exequente tem então de alegar o receio sustentado, da perda da garantia do
património. (confrontar com o artigo 810.º n.º 3 alínea f)). Nos termos deste mesmo
artigo vou dizer ao juiz que tenho esse receio.

Oposição á execução e á penhora.


Artigo 813.º
Invertendo a prioridade da citação em relação á penhora quais as consequências?

- O código permite que se cumulem as oposições.


Sempre que haja antecipação da penhora.

Artigo 813.º n.º 1 – O executado pode opor-se à execução no prazo de 20 dias a


contar da citação, seja esta efectuada antes ou depois da penhora. (neste caso não há
cumulação).

Artigo 813.º n.º 2 – Com a oposição á execução cumula-se a oposição á penhora


que o executado, que antes dela não tenha sido citado, pretenda deduzir, nos termos do
artigo 863.º-A.

Fundamentos de oposição à execução.


Artigo 814.º - ...baseada em sentença.

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Artigo 815.º - ...baseada em decisão arbitral.


Artigo 816.º - ...baseada noutro título judicial.

Termos da oposição á execução.


Trata-se de um incidente autónomo de natureza declarativa mas enxertado no
processo declarativo.
As partes voltam a estar em igualdade (princípio do contraditório).

Artigo 817.º n.º 1 – corre por apenso. É o mesmo juízo a decidir.


È indeferida liminarmente quando:
Alíneas a) a c).
Artigo 817.º n.º 2 – Se for recebida a oposição o exequente é notificado para
contestar, dentro do prazo de 20 dias, seguindo-se, sem mais articulados, os termos do
processo sumário de declaração.

Artigo 817.º n.º 3 – À falta de contestação é aplicável o disposto no n.º 1 do artigo


484.º (efeitos da revelia) e no artigo 485.º.
Contudo não se consideram confessados os factos que estiverem em oposição com
os expressamente alegados pelo exequente no requerimento executivo.

Artigo 817.º n.º 4 - A procedência da oposição à execução extingue a execução, no


todo ou em parte.

Efeitos da oposição.
Artigo 818.º n.º 1 – Havendo lugar à citação prévia do executado, só suspende o
processo de execução quando o opoente preste caução...

Artigo 818.º n.º 2 – Não havendo lugar à citação prévia, o recebimento da


oposição suspende o processo de execução.

O juiz primeiro irá decidir o incidente de oposição e só depois se retoma a


execução.

Despacho de rejeição e aperfeiçoamento – Artigo 820.º


Independentemente do despacho liminar de indeferimento, aperfeiçoamento ou
aceitação, o juiz pode ainda, até aos primeiros actos de efectivação da penhora, tomar
uma posição sobre o processo, independentemente de ter siso deduzida oposição á
execução

Responsabilidade do exequente – artigo 819.º - pelos danos provocados ao executado.


Ex.: A simula, litiga de má-fé um processo executivo, no caso de já ter havido
pagamento, se o executado teve prejuízos ele pode executar o exequente.

Artigo 819º - princípio da coincidência entre o despacho liminar e a execução


prévia.
Torna o exequente muito mais responsável por qualquer acto que dolosamente
tenha praticado e que prejudique o executado. Responsabiliza o exequente que ataca o
património do executado utilizando manobras dolosas, com o intuito de prejudicar o
executado.
Culpa - em termos de direito civil e não em termos de direito penal.

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

Ex.: quando o exequente já foi pago, extinção da obrigação por liquidação, ou


quando tem créditos que são invocados por compensação.
Parecida com a litigância de má fé- lida dolosa/ arrastada.

Quando a execução deva prosseguir passa-se então á fase da penhora.

Penhora – Artigo 811.º e ss.


O que é a penhora? Traduz-se numa apreensão judicial dos bens do executado que
devam responder pela própria execução, pelo pedido vertido na execução. Tem como
objectivo o pagamento.
São bens do executado directamente conexionados com o que é pedido, com o
objecto daquela execução, não qualquer bem do executado.
Ex.: execução para prestação de coisa certa há penhora daquilo que é pedido.
O executado pode nomear bens à penhora, ex.: casa de Sines e não da Costa da
Caparica.
Existem bens que por razões objectivas ou subjectivas são insusceptíveis de serem
penhorados.
Ex.: os canos de uma casa têm um certo valor, mas não podem ser caracterizado
para paga/ de uma dívida. Ninguém os compra.
Ex.: eu tenho o livro “A acção executiva” do Professor Lebre de Freitas assinado,
mas ele até pode valer menos do que o que está no mercado.
Ex.: os cavalos podem ser penhorados e os cães de raça também.

Há um princípio da proporcionalidade introduzido pela nova reforma, novas


regras, daí que é possível introduzir novas regras incluindo esta nova regra que vem no
artigo 821º CPC.

1º Princípio (regra geral) - todos os bens que constituem património do devedor,


principal ou subsidiário, podem constituir objecto da penhora, à excepção dos
inalienáveis e dos que a própria lei que em certo momento considere impenhoráveis
(estes são os bens do executado).

2º Princípio - bens de 3º, só podem ser objecto de execução quando tenha sido
constituído sobre eles garantia real especialmente afecta á obrigação exequenda.
Ex.: A tem uma dívida e convence B a constituir uma garantia real (ex.: hipoteca
de apartamento no Montijo) como garante da minha dívida (garantia real a favor da
dívida de A). Tem que nomear os bens à penhora, que está como garantia, senão não
oferecesse. Ofereceu como garantia a penhora. A não paga.
- Situação em que existe impugnação pauliana (é feita uma alienação a terceiros
dolosamente com o intuito de defraudar o credor, de forma a que o devedor dissipe os
seus bens e o credor não possa ir buscar os bens do devedor.
Quando este existe há obrigação de restituição dos bens ao devedor e estes
tornam-se susceptíveis de penhora.
3º Princípio - nunca poderão ser penhorados senão bens do executado seja este o
devedor principal, o devedor subsidiário (ex.: caso das responsabilidades solidárias, ex.:
um avalista) ou um 3º. O próprio 3º é considerado executado e segundo o Professor
Lebre de Freitas esta regra não tem excepções. Os bens têm que ser de um executado.

4º Princípio (novo) - princípio da proporcionalidade artigo 821.º n.º 3.


As garantias e as cauções são em valor superior ao valor quantificado, da acção

António Manuel de Albuquerque Pereira – 2400030


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Acção Executiva

exequenda.
Não devem ser penhorados bens que excedam largamente o valor da obrigação
exequenda causando um prejuízo ao executado.
Ex.: para pagamento de uma dívida de €5000 eu tenho um património (carro,
andar, quadros). É proporcional que a penhora ou incida sobre o carro, ou sobre um ou
dois quadros. Basta penhorar 2 quadros para cobrir a dívida.

Penhora e disponibilidade substantiva


Indisponibilidade objectiva.
Uma vez que a penhora consiste na apreensão dum bem com vista a uma ulterior
transmissão, seria inútil admiti-la quando, segundo a lei substantiva, o bem apreendido é
objectivamente indisponível.
Em consequência, são impenhoráveis os bens do domínio público (artigo 822.º
alínea b)).

São-no também os bens inalienáveis do domínio privado (artigo 822.º alínea b)).

Não podem, por isso penhorar-se, entre outros, o direito a alimentos (artigo 2008.º
n.º 1 do Código Civil), o direito de uso e habitação (artigo 1488.º C.C.), o direito á
sucessão de pessoa viva (artigo 2028.º), etc..

Indisponibilidade subjectiva.
Também os regimes de indisponibilidade subjectiva geram, em regra, regimes de
impenhorabilidade.

As normas de indisponibilidade subjectiva actuam eliminando ou restringindo os


poderes de disposição do sujeito sobre bens próprios.

No primeiro caso, o poder de disposição é atribuído a um não titular do direito,


quer para o exercício dum direito próprio da pessoa a quem é atribuído, com fim de
garantia, quer para a realização do interesse do respectivo titular, incapaz de o exercer.

No segundo caso, a limitação do poder de disposição traduz-se na necessidade de


o titular do direito obter, para dispor, uma autorização ou consentimento alheio,
também quer por consideração do seu próprio interesse, quer por consideração do
interesse da pessoa que terá de autorizar ou consentir o acto dispositivo.

(...)
Impenhorabilidade convencional.
No âmbito da disponibilidade das partes, podem estas, por negócio jurídico,
estipular a impenhorabilidade específica de determinados bens por dívidas também
determinadas. Isso é permitido, entre outros, pelos seguintes preceitos da lei civil:

- Artigo 602.º Código Civil – permite que, por convenção entre credor e
devedor, se limite a responsabilidade do devedor a alguns dos seus bens e, por
maioria de razão, que determinados bens do devedor sejam excluídos da
sujeição à execução pela dívida contraída.

- Artigo 603.º Código Civil – Permite que, por doação ou testamento, se


convencione que os bens transmitidos não responderão pelas dívidas do

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Direito Processual Civil III
Acção Executiva

beneficiário já existentes à data, salvo se a natureza dos bens obrigar a registo


e a penhora for registada antes do registo da cláusula.

- Artigo 833.º Código Civil – o artigo 831.º prevê a cessão de bens aos credores
para estes os alienarem e, com o produto da alienação, satisfazerem os seus
créditos. Os credores que não participarem na cessão poderão penhorar os bens
cedidos, enquanto a alienação não tiver lugar. Mas, relativamente aos credores
cessionários e aos posteriores à cessão, já assim não é e os bens cedidos são
por eles impenhoráveis.

Impenhorabilidade directamente resultante da lei.


A impenhorabilidade não resulta apenas da indisponibilidade) objectiva ou subjectiva)
de certos bens ou de convenções negociais que especificamente a estipulem.

Resulta também da consideração de certos interesses gerais, de interesses vitais do


executado ou de interesses de terceiro que o sistema jurídico entende deverem-se
sobrepor aos do credor exequente.

Esta impenhorabilidade é, em alguns casos, absoluta e total (os bens não podem, na sua
totalidade, ser penhorados, seja qual for a dívida exequenda), enquanto que, noutros
casos, é relativa (os bens podem ser penhorados apenas em determinadas circunstâncias
ou para pagamento de certas dívidas) ou parcial (os bens só podem ser penhorados em
certa parte).

São impenhoráveis, por razões de interesse geral:

- Artigo 822.º alíneas c); d) e e) - absoluta ou totalmente impenhoráveis.

Impenhoráveis por estarem em causa interesses vitais do executado:

- Artigo 822.º alínea f) – absoluta ou totalmente penhoráveis.


- Artigo 822.º alínea g)
- Artigo 823.º n.º 1 e n.º 2 – relativamente penhoráveis.
- Artigo 824.º n.º 1 alíneas a) e b) – parcialmente penhoráveis.

Impenhoráveis por consideração de interesses de terceiro:


- Artigo 1184.º Código Civil –

A satisfação do direito a alimentos.


Põe-se a questão de saber se a regra da impenhorabilidade parcial dos direitos de
crédito a que se refere o artigo 824.º (vencimentos, salários, pensões, etc.) se mantém no
caso da execução por alimentos.

Dada a natureza e os fins da obrigação alimentícia, a resposta negativa parece


impor-se, embora com o limite do que for indispensável à sobrevivência do próprio
devedor de alimentos, ao qual deve ficar garantido um rendimento, desta ou doutra
proveniência, equivalente à pensão mínima nacional, sem prejuízo de 1/3 do seu
vencimento ou pensão ser sempre penhorável.

Penhorabilidade subsidiária.

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Direito Processual Civil III
Acção Executiva

Para além dos casos de impenhorabilidade, há que considerar aqueles em que


determinados determinados bens, ou todo o património, só podem ser penhorados
depois de outros bens, ou outro património, se terem revelado insuficientes para a
realização do fim da execução.

Responsabilidade comum e responsabilidade própria dos cônjuges.


A. No regime ....

Artigo 1695.º Código Civil


Artigo 1696.º Código Civil.

B. O artigo 825.º n.º 1 do CPC aplica-se à «execução movida contra um só dos


cônjuges» e nela admite, em consonância com o artigo 1696.º do Código Civil, a
penhora de bens comuns do casal.

Artigo 825.º n.º 1 – Operada a penhora, cita-se o cônjuge do executado para no


prazo de 20 dias (artigo 813.º n.º 1), deduzir oposição.

Artigo 825.º n.º 2 – O exequente invoca comunicabilidade da dívida. – Tratando-


se de título diverso de sentença.
Trata-se de uma dívida comum aos 2 cônjuges.
O cônjuge deve provar que não há comunicabilidade da dívida.

Artigo 825.º n.º 3 – A dívida é considerada comum.


Responde em 1.ª linha os bens comuns e só depois os bens próprios de cada um
deles subsidiariamente.

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