trado por OIANCARLO PARIKl - ME, empresa individual qualificada nos autos, contra ato do SECRETARIO DE FINANÇAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA (cf. determinação de fls. 79). Esclareceu, de proêmio, que, explorando o ramo de "bar com salão para festas {danceteria)", obteve, junto à Municipalidade, a concessão do competente "alvará de funcionamento1' * Prosseguiu dizendo que, em diversas ocasiões, foi autuado e notificado para encerrar suas ativida- des, pela utilização de música ao vivo ou mecanizada e suposta infração à Lei Municipal nQ 4.913/95 (lei do silêncio). Disse, na seqüência, que, tendo contra- tado serviço especializado de medição, constatou que o nível de ruído produzido do lado de fora do estabelecimento não se en- quadrava como perturbador do sossego noturno, ficando inclusive abaixo do ruído produzido pelos veículos que transitavam peio local. Alegou, ainda, que não teria v:< der as exigências previstas na Lei Municipal, que não quer sido regulamentada. Citou jurisprudência. P roce aso nQ 986/2004 - 3» Vara Cível Comarca de Sorocaba
Tecendo, assim, as considerações que :f
entendeu pertinentes ao tema, concluiu requerendo a conceasão de liminar e, ao depois» da segurança, tudo com vista a impedir a autoridade coatora de interditar o estabelecimento dela, im- petrante, por conta da utilização de música ao vivo ou mecanizada. Representação processual a fls. Otí,
Documentos .1 fls. 09/68*
Deferida a liminar (Tis* 75 e verso).
Informações do SECRETARIO OB FINANÇAS DA
PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA a fls, 85/100. Aduzindo ter» a impetrante, decaído do direito de fazer uso do mandado de segurança, prosseguiu dizendo que a impetrante, tendo obtido autorização para a instalação de "bar com salão de festas1'* acabou desvirtuando o ramo de atividade comercial declarada ao Município, instalando no loca] uma danceteria, com funciona- mento apôs às 24h00 e com a utilização de som ao vivo ou mecâ- nico,
Teceu, na seqüência, considerações so-
bre os limites existentes ao livre exercício de atividade eco- nômica e sobre o poder de polícia da Administração, para con- cluir que o particular não pode, simplesmente, exercer a ativi- dade comercial que pretende.
Prosseguiu dizendo ser do Município a
competência para a concessão de licença de localização, insta lação e funcionamento de estabelecimentos industriais, comer ciais e de serviços, citando doutrina.
Disse, mais, que a Lei Municipal n2
4.913/95, referida na inicial» é clara, objetiva e precisa, não necessitando ser regulamentada. Citou doutrina*
Finalizou concluindo pela ò\enegaçab^ da
segurança.
Procuração a fls. 102. Documentos
fls, 103/155. Processo nO 986/2004 - 3fl Vara Cível <s Comarca de Sorocaba ^ V
A Tis. 156 foi admitido o MUNICÍPIO DE
SOltOCABA no pólo passivo da lide. Parecer do parque t local a fls. 157/162» pelo afastamento da decadência e pela denegação da ordem. É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTO E DECIDO.
De se afastar, por primeiro, a alegação
da ocorrência de decadência. O objeto do presente- mandamus é evitar a interdição do estabelecimento da impetrante. Mandado de segurança, portanto, nitidamente preventivo, hipótese em que, à evidência, não se cogita da ocorrência de decadência: "não se opera a decadência em writ preventivo, pois que a lesão temida está sempre presente, em um renovar constante" (Superior Tribunal de Justiça, íâ Turma, REsp nQ 46.174-0-R5, Rei. Min. CÉSAR ROCHA, j. 23.05.94).
Ao mérito, propriamente dito*
De se denegar a segurança.
A uma, por não possuir, o impetrante,
autorização para que possa exercer atividade que envolva a uti- lização de música ao vivo ou mecanizada. A licença conferida à impetrante limita-se à exploração de atividade de w bar com salão de festas" (fls. 12).
A duas, por não constar, dos autos, que
a impetrante tenha se submetido às exigências e restrições pre- vistas nos artigos 29, 39, 4Q e 5Q da Lei Municipal nQ 4.913/95.
A três, na medida em que a legislação
municipal em comento, pese a recomendação constanttf™aos artigo 12, é daquelas que não dependem de regulamentação. I \
Nesse último tópico, impende considerar
que: \ \ Proceaao nQ 986/2004 - 311 Vara Cível Comarca de Sorocaba
- na ausência de norma municipal e,
eventualmente, de norma estadual a regular a matéria, prevalece a norinatizaçao federal, especificada na Resolução CONAMA nQ 01/90 que, por sua vez, faz remissão à NBR 10151 da ABNT, se gundo se extrai do artigo 29 da Lei Municipal nQ 4.913/95, por aí se concluindo que a regulamentação reclamada pela impetrante não é> sob esse prisma, necessária*
- não há necessidade de a Municipali
dade elaborar cadastro especial de profissionais e empresas ha bilitadas a elaborar o laudo técnico previsto no artigo 4Q, in ciso VI, da Lei Municipal nQ 4.913/95. O que se exige, apenas, é que o profissional que subscreva o trabalho seja habilitado e regularmente inscrito no cadastro do ISS do Município (artigo 5Q, inciso I e § 1Q).
De se concluir, assim, quanto à questão
âa regulamentação da Lei Municipal nQ 4.913/95, com o ilustre Promotor de Justiça oficiante, Dr, ORLANDO BASTOS, que a fls. 161 escreveu;
"A regulamentação, como se verifica do artigo 2Q
da lei, poderá ser feita para tornar a norma mais ri~ gorosa do que a legislação estadual e federal, mas, na sua aw~ sência, aproveitam-se os dispositivos estaduais e federais ati~ nentes à matéria" * No mesmo sentido, por fim, o entendi- mento constante do v. acórdão proferido na Apelação Cível nQ 191•345.5/2-00, da 3§ Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, Rei. Des. VISEU JÚNIOR, j. 08.06.2004, do qual se extrai a seguinte passagem: U A Lei MuniçjLgal n2.A*.í>J.3/95, que exige o çn-ti ficado de uso, é auto-executâvel eT ao dispor sobre o controle e fiscalização das atividades que geram nora, determinou ao Poder Público o dever de cient tabelecimentos que estivessem em perfeito funcion o prazo de 180 dias para a devida adequação (...) lecimento funciona de modo irregular, em conflito Processo nQ 986/2004 - 3B Vara Cível Comarca de Sorucaba
lação sobre poluição sonora, é coerente a determinação de en-
cerramento da atividade ou fechamento administrativo" (grifei).
Com esses fundamentos, afastada a ale-
gação de ocorrência de decadência e forte na ausência de neces- sidade de regulamentação da Lei Municipal nQ 4.913/95, DENEGO a segurança pleiteada no presente mandamus impetrado por GIAN- CARLO PARI NI - ME contra ato do SECRETARIO DE FINANÇAS DA PRE- FEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA, revogando a liminar concedida a fls. 75 e verso, assim como seus efeitos.
Responderá a impetrante pelo pagamento
das custas e despesas processuais, não se cogitando de ho- norários advocatícios (súmulas nQ 512 do STF e nQ 105 do STJ).
Denegada a segurança, não há que se co-
gitar de recurso de oficio (artigo 12, §, da Lei nQ 1.533/51}*
Considerando-se que "a decisão dene-gatória
da segurança ou cassatória da liminar produz efeito li-beratôrio imediato do ato impugnado, ficando o impetrado livre para praticâ-Io ou prosseguir na sua efetivação desde o momento em que for proferida" (HELY LOPES MEIRELLES, "Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública, Mandado de Injunção, Habeas Data"9 Malheiros Editores, 14ã edição, 1990, página 70), oficie-se, illftfiíliaiajflfôlltó, ao SECRETARIO DE FINANÇAS DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SOROCABA, comunicando a cassação da liminar e denegação da segurança, devendo o ofício ser instruído com cópia desta sentença (grifei),