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MEMORANDO

PROCESSO DE AQUISIÇÃO DO TERRENO DA QUINTA DE S. FRANCISCO


PARA INSTALAÇÃO DO ATERRO SANITÁRIO DO OESTE

Em 1992 a Associação de Municípios do Oeste (AMO) delibera adjudicar à


empresa GITAP o Plano Director de Resíduos Sólidos Urbanos da Sub-Região Oeste
(PDRSU). Este Plano apresenta várias alternativas para o tratamento dos RSU na
região Oeste as quais contemplam sempre a construção de um Aterro Sanitário no
concelho de Torres Vedras, tendo este município incluído a sua localização no PDM,
na área da Quinta da Bogalheira, em 1995.
Para dar cumprimento às recomendações efectuadas pela Direcção Regional
do Ambiente e Recursos Naturais de Lisboa e Vale do Tejo (DRARNLVT) foi
elaborada, pela GITAP, uma adenda ao Plano Director de Resíduos Sólidos Urbanos
da Sub-Região Oeste (PDRSU). Nas conclusões dessa Adenda é referido que “A
Solução da Unidade de Compostagem (B), no caso de cofinanciamento do
investimento inicial, poderá ser a escolha mais adequada, independentemente do
critério financeiro.”
As Câmaras Municipais de Torres Vedras e Lourinhã encomendam à empresa
PROCESL (actualmente pertencente ao grupo SOMAGUE) um estudo de
macrolocalização para instalação de um aterro sanitário na área da Quinta da
Bogalheira, concelho de Torres Vedras, que conclui que “Pedras Negras” é o local que
reúne melhores condições para a instalação do aterro sanitário.
Na análise de investimento, deste estudo, a PROCESL, atribui ao custo do
terreno um preço de 100$00/m2, preço corrente na região para propriedades com as
características do terreno considerado.
Posteriormente, é efectuada, pela empresa GITAP, uma Adenda ao Relatório
Síntese do Plano Director de Resíduos Sólidos Urbanos da Sub-Região Oeste
(PDRSU), e é definida uma nova solução para o tratamento dos RSU na região Oeste
– Solução D – constituída pela construção de um único aterro na confluência dos
concelhos de Alenquer, Cadaval e Torres Vedras, sem se especificar uma localização
concreta.
A AMO inicia a negociação com os proprietários da Quinta de S. Francisco, os
sócios da Cerâmica Torrense, que não se mostram interessados, pelo que são
ameaçados de expropriação. Perante esta ameaça concordam em permutar o terreno
da Quinta de S. Francisco por outro terreno próximo e de características semelhantes.
Assim, a 27 de Fevereiro de 1997, a Assembleia Intermunicipal da AMO
“delibera por unanimidade apoiar as demarches para aquisição do terreno.” Mais
uma vez, não é feita qualquer especificação do terreno a adquirir. A 18 de Março, o
Conselho de Administração da Associação de Municípios do Oeste delibera, por
unanimidade, fazer proposta por escrito à CELBI, para aquisição de 150 hectares de
terreno (Pressupõe-se que esse terreno fique situado na Quinta da Bogalheira e teria
por fim a permuta com o terreno da Quinta de S. Francisco).
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Morada: Edifício da Junta de Freguesia do Vilar, Largo 16 de Dezembro, n.º 2 2550-069 VILAR CDV

Tel. / Fax: (+351) 262 771 060 – E-mail: mpicambiente@gmail.com – Web: http://mpica.info
Ao pedido de parecer da AMO relativo à possibilidade de instalação de um
aterro na Quinta de S. Francisco, a Directora Regional do Ambiente de Lisboa e Vale
do Tejo, Dr.ª Madalena Presumido, emite, um parecer, a 26 de Maio de 1997,
declarando que o terreno da Quinta de S. Francisco é apto para a instalação de um
aterro sanitário (apenas com base numa visita ao local e numa planta de localização à
escala 1/25 000!). A 4 de Junho, com vista à obtenção de financiamento Comunitário
para a construção do aterro, a mesma Directora Regional, emite a Declaração 9/97 –
declarando que o projecto “… não se situa nem é adjacente a uma zona sensível do
ponto de vista do ambiente e não terá efeitos negativos significativos sobre as
pessoas, a água, o ar, o solo, a paisagem, a flora e o património cultural”.
A 11 de Julho de 1997, o Concelho de Administração da AMO delibera, por
unanimidade, integrar o Sistema Multimunicipal de Resíduos Sólidos Urbanos do
Oeste, bem como integrar a sociedade concessionária, e, ainda, contratar técnicos,
para avaliação do terreno para o aterro sanitário.
A 24 de Setembro de 1997, é entregue à AMO o relatório da Avaliação de
Terreno. A avaliação efectuada, tendo em conta a hipótese de exploração de argilas,
foi de 350$00/m2. Esta avaliação foi muito generosa, porque não se poderiam
explorar argilas pelo facto do terreno pertencer à Reserva Ecológica Nacional.
Numa reunião do Conselho de Administração da AMO, realizada a 30 de
Outubro de 1997, o Dr. João Fidalgo, Administrador da Empresa Geral de Fomento,
informa que existem restrições orçamentais para a aquisição do terreno do aterro, cujo
custo não deverá ultrapassar 10% do investimento global, que será da ordem dos 4,4
milhões de contos, segundo a candidatura apresentada em Bruxelas, ao Fundo de
Coesão. Na sequência desta informação, o Conselho de Administração da A.M.O.
deliberou, por unanimidade, enviar ao Presidente do Conselho de Administração da
CELBI uma proposta de aquisição de um terreno com 127 hectares ao preço de
450$00/m2 “… de forma a que se possa encontrar um justo equilíbrio entre ambas as
partes, dentro dos parâmetros que permita a sua aceitação em Bruxelas (…).”
Contudo, a CELBI não aceita este valor e contra-propõe o valor de 500$00/
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m.
A 27 de Janeiro de 1999 é efectuada no Cartório Notarial de Bombarral, a
Escritura de Permuta, Compra e Venda, simultânea, do terreno “Outeiro Sobreiro”, na
Quinta da Bogalheira e do terreno da Quinta de S. Francisco. De acordo com essa
escritura a CELBI cede à Cerâmica Torreense os 127 hectares do terreno “Outeiro
Sobreiro” na Quinta da Bogalheira e recebe em troca os 97,3 hectares do terreno da
Quinta de S. Francisco, para os vender em seguida à RESIOESTE por 635 mil
contos.
Se descontarmos a este valor, 50 mil contos (50 000 000$00) dos eucaliptos
(estamos a ser generosos, pois a avaliação dos eucaliptos em 1997 foi de 28.
721.700$00) verificamos que o terreno foi adquirido por cerca de 600$00/m2.
A 21 de Janeiro de 2000, é apresentado à Assembleia Municipal de Cadaval,
que o tinha solicitado, o Estudo de Localização do Aterro Sanitário do Oeste, estudo
de macro-localização que compara dez locais para a instalação do Aterro Sanitário do
Oeste.
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A 3 de Março de 2000, o Instituto para a Conservação Rodoviária (ICOR)
remete propostas de aquisição de terrenos, confinantes com o terreno adquirido pela
Resioeste e com características semelhantes, a 350$00/m2.
Em Agosto de 2000, a Resioeste inicia as obras de construção do Aterro.

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