Chocolates superamargos são um refresco para o coração
11-07-2007
SAÚDE – NUTRIÇÃO – ALIMENTOS – CACAU – CHOCOLATE
AMARGO – CORAÇÃO –
Chocolates superamargos são um refresco para o coração
Anna Paula Buchalla,
No fim dos anos 90, descobriu-se que o chocolate amargo ajudava
a proteger a saúde cardiovascular. Essa qualidade foi reforçada na semana passada, com a publicação de um estudo na revista da Associação Médica Americana. De acordo com pesquisadores da Universidade de Colônia, na Alemanha, 6 gramas diários de chocolate amargo são suficientes para reduzir a pressão arterial. Seis gramas equivalem a um quinto de uma barra pequena e têm apenas 30 calorias. Ou seja, não é preciso entupir-se da guloseima para ter benefícios. Ao longo de dezoito semanas, foram avaliados os efeitos desse tipo de chocolate em 44 homens e mulheres com hipertensão leve. Os participantes registraram, ao término do trabalho, uma queda média de 2,9 pontos na pressão máxima (sistólica) e de quase 2 pontos na mínima (diastólica). Aparentemente modestas, essa redução teve repercussões clínicas importantes. A prevalência de hipertensão baixou de 86% para 68%.
Atribuir propriedades medicinais ao chocolate é algo que se busca
desde que o seu consumo de disseminou na Europa. Quando foi produzida a primeira barra de chocolate, em 1847, pela fábrica inglesa Fry&Sons, a guloseima era frequentemente receitada para tratar os mais diversos males – de pulmões fracos a escorbuto. Na segunda metade do século XX, por causa das altas taxas de açúcar e de gordura saturada, o chocolate transformou-se em vilão da boa saúde. Há menos de dez anos, o chocolate foi reabilitado – em sua forma amarga. Rico em antioxidantes, sobretudo polifenóis e flavonóides, ele auxilia no combate aos radicais livres, as moléculas tóxicas que comprometem o bom funcionamento do organismo, danificam o músculo cardíaco e causam o envelhecimento das células. Se consumido com moderação, até a sua gordura saturada pode ser boa. Os últimos estudos concluíram que, uma vez ingerida, ela se converte em ácido oléico no fígado. Encontrado também no azeite de oliva, o ácido oléico funciona como uma vassoura nas artérias, limpando-as do acúmulo de colesterol.
Quanto maior a concentração de cacau, maior é a quantidade de
compostos antioxidantes presente no chocolate – e, conseqüentemente, mais saudável ele é (veja a tabela). Diante da comprovação de tantos benefícios, a indústria passou a investir pesado no segmento dos amargos. Foram colocados no mercado chocolates com altíssimo teor de cacau – os superamargos. Neses, a concentração de cacau varia entre 56% e 99%. “E um produto que agrada tanto àquela parcela da população preocupada com a saúde quanto a outra, mais específica, composta de apreciadores de chocolate fino e puro”, diz a pesquisadora Priscilla Efraim, do Instituto de Tecnologia de Alimentos.
QUANTO MAIS, MELHOR
Os benefícios do chocolate são proporcionais à quantidade de cacau em cada barra
Numa barra de CONCENTRAÇÃO CALORIAS QUANTIDADE DE
100 gramas DE CACAU ANTIOXIDANTES* (em miligramas) Ao leite 20% a 25% 550 70 Meio amargo 40% a 45% 500 170 Alto teor de 56% a 99% 560 250 a 450 cacau
*Esses valores podem variar de acordo com a marca e o tipo de
fabricação do chocolate
Fontes: Priscilla Efraim, pesquisadora de alimentos, e Tânia
Rodrigues, nutricionista da RG Nutri
Fonte: Revista Veja – Edição 2016, ano 40, N.27 – 11 de julho de 2007 – página 104 – SAÚDE