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Para abaixar a pressão siga esta seta

Um programa alimentar feito sob medida para os


hipertensos tem revolucionado o tratamento da doença.

Regina Pereira,

Palavras-chave: hipertensão; alho; alicina; potássio,


magnésio e cálcio; DASH; atividade física diária; atum;
salmão; ômega 3; fibras; pré-eclâmpsia;

Abusar de cereais, frutas, verduras e legumes. Puxar o freio -


só um pouco, diga-se - no caso doleite e queijos magros,
carnes e oleaginosas. E brecar - ou quase - os óleos e doces.
Um cardápio assim empurra a pressão lá para baixo.

"O alho vem sendo festejado por seu efeito na dilatação


dos vasos e agora até o leite de cabra está na mira dos
pesquisadores que investigam seu potencial contra a
hipertensão."

Quando a pressão arterial passa dos limites, a primeira


atitude é cortar o sal do prato, mas os cuidados do cardápio
para nocautear a hipertensão vão além disso. Cada vez mais
os médicos estão incluindo no receituário boas doses de
vegetais e pouca - pouca mesmo - gordura. Os especialistas
americanos são os maiores defensores de um menu assim.
Foi lá que surgiu a DASH - Dietary Approuches to Stop
Hypertension, ou Dieta para Combater a Hipertensão, em
português -, um programa alimentar feito especialmente para
esses pacientes. Em um estudo amplo que envolveu quatro
universidades de peso - Harvard Mecical School, Johns
Hopkins Medical School, Duke University e Pennington
Biomedical Research Center -, além do Instituto Nacional de
Saúde dos Estados Unidos, a DASH conseguiu derrubar de
14 por 9 para 12,9 por 8,5, em média, a pressão de um grupo
de hipertensos. Uma façanha e tanto. "Essa dieta reforçou a
opção pelo tratamento não medicamentoso", opina o
cardiologista Heno Lopes, do Instituto do Coração (Incor), em
São Paulo, que, encantado com esse resultado, resolveu
estudar detalhadamente a tal dieta na Universidade Médica
da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Lopes está entre os
primeiros médicos brasileiros a aprovar a DASH. Segundo
ele, um de seus méritos é reunir um grupo de vegetais de alto
poder antioxidante capaz de melhorar o funcionamento dos
vasos sangüíneos. Outra qualidade é o baixo teor calórico,
que contribui para afastar a obesidade. "O excesso de peso
pode detonar a hipertensão", aponta o cardiologista e
nutrólogo Daniel Magnoni, do Instituto de Metabolismo e
Nutrição, na capital paulista.

Oito semanas foram suficientes para os cientistas americanos


testarem a DASH em 459 hipertensos divididos em três
grupos. Um manteve sua alimentação normal - no caso, com
muita gordura e poucos itens saudáveis, a segunda turma
aumentou a cota de vegetais, mas não aboliu ingredientes
gordurosos, e a terceira seguiu um cardápio controlado - mais
magro e repleto de cereais, frutas, verduras e legumes. Os
grandes beneficiados foram os integrantes do último grupo,
que no final apresentaram uma pressão arterial menor do que
antes: a sistólica - quando o coração bombeia o sangue -
abaixou 1,14 ponto e a diastólica - no momento em que o
músculo cardíaco relaxa -, 0,5 ponto. "É um resultado
surpreendente", elogia o cardiologista e nefrologista Celso
Amodeo, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa em
Cardiologia. Para quem não é expert no assunto, essa
redução pode parecer desprezível, mas os especialistas
garantem que ela basta para minimizar os riscos de males
como derrame e infarto.

A nutricionista Miyoko Nakasako, do Incor, acredita que o


grande trunfo da DASH é o fato dela contemplar nutrientes
importantes. Três deles parecem ser personagens principais
contra o drama da hipertensão, o potássio, o magnésio -
ambos antioxidantes - e o cálcio. Pois regulam o movimento
de dilatação e contração dos vasos para que o sangue flua
sem dificuldades. Em pequenas doses, as gorduras podem
entrar no cardápio, mas desde que sejam as do tipo benéfico
- insaturada e ômega. O excesso de gordura saturada é
definitivamente proibido sob o risco de deixar o endotélio - o
revestimento interno dos vasos - endurecido.

Um estudo coordenado pelo cardiologista Heno Lopes


mostrou ainda que as moléculas de certos ácidos graxos
atuam no sistema nervoso simpático, responsável pela
liberação de substâncias vasoconstritoras. Nesse ponto vale
lembrar um grande inimigo das artérias, o cigarro. Em
qualquer tratamento contra a pressão alta o fumo deve ser
proibido. "E, se o paciente praticar 30 minutos de exercícios
por dia, melhor ainda", indica o nefrologista Décio Mion, chefe
da Liga de Hipertensão do Hospital das Clínicas de São
Paulo.

Há alimentos que, embora não sejam detectados na DASH,


são obrigatórios no cardápio dos hipertensos. O alho é um
deles, de acordo com a professora de nutrição Jocelem
Mastrodi Salgado, da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz, em Piracicaba, interior paulista. "Ele contém alicina,
uma molécula capaz de dilatar os vasos", justifica. Leite de
cabra também parece oferecer ação hipotensora. "Uma
proteína contida nele mostrou bons efeitos", diz o
farmacêutico Antonio Silvio do Egito, da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, em Sobral, no Ceará, que
começou a estudar o lácteo na Universidade Henri Poncaré,
na França.

Peixes de água fria, como o atum e o salmão, não agem


diretamente contra a hipertensão, mas não deixam de ser
bastante recomendados nesses casos por regularem o
colesterol. "Eles fornecem boa quantidade de ômega 3, que
elimina essa má gordura das artérias", indica a bioquímica
Rebeca Angelis, da Universidade de São Paulo. As fibras -
que a DASH tem de sobra - também ajudam a varrer o
colesterol.

Se a pressão explodiu.
Em caso de hipertensão grave o tratamento à base
unicamente de bons hábitos e dieta costuma não surtir efeito
desejado e medicamentos precisam ser incluídos no dia-a-dia
do paciente. Por isso, ainda que os alimentos dêem uma
grande força, nunca desista dos remédios sem o aval de seu
médico. Do contrário, não só o sistema cardiovascular corre
perigo. Os rins também podem se dar mal. "A hipertensão é a
primeira causa de entrada em hemodiálise", destaca o
nefrologista Agostinho Tavares, da Universidade Federal de
São Paulo.

Uma salada incrementada com queijos e carnes derruba


a pressão.

O menu DASH da entrada à sobremesa:

Grãos e cereais - Arroz integral, aveia e cereais integrais. A


indicação é de 8 porções de 1/2 xícara de chá por dia.

Frutas - Morango, maçã, uva, tangerina, banana e melancia,


por exemplo. A dica é comer 4 porções ou beber 720 mililitros
de seu suco ao longo do dia.

Legumes e verduras - Espinafre, cenoura, mandioquinha,


brócolis, entre outros, não devem ficar de fora. A DASH
sugere diariamente de 4 a 5 porções, que equivalem a 1
xícara de chá de vegetal cru ou 1/2 xícara dele cozido.

Produtos lácteos - 1xícara de chá de iogurte ou de leite


desnatado ou 1 fatia de queijo magro duas a três vezes ao
dia é a sugestão.

Carnes - aqui entra o peito de franco, a bovina magra e o filé


de peixe. Leve ao prato 2 bifes pequenos por dia, no máximo.

Oleaginosas e leguminosas - nozes, castanhas, feijões e


ervilhas. Consuma 1/3 de xícara de chá de oleaginosas e 1/2
xícara de leguminosas quatro vezes por semana.
Óleos - Margarina light, azeite e óleo de canola e de milho
são os mais recomendados. Utiliza apenas 3 colheres de chá
por dia.

Doces - Geléias, gelatinas e até sorvetes - só os de baixo


teor calórico, claro - são as guloseimas sugeridas. Mas vale
no máximo 1 colher de sopa, cinco vezes por semana.

Mais vitamina na gestação.

Não é raro a pressão subir durante a gravidez - um distúrbio


chamado pré-eclâmpsia.
Preocupados com as futuras mamães, pesquisadores da
Universidade de Washington, nos Estados Unidos,
resolveram estudar a ação de alimentos contra o mal. Eles
verificaram que as gestantes que consumiam boas doses de
vitamina C - mais do que 85 miligramas diários -
apresentavam um risco duas vezes menor de ter o problema.
"Uma goiaba vermelha, uma laranja-pêra ou 1/3 de pimentão
vermelho cru garantem a proteção", revela Késia Quintaes,
nutricionista da Universidade Estadual de Campinas, em São
Paulo.

Pressão em alta.

O sal é disparado o ítem mais arriscado para a hipertensão.


O pior é que o brasileiro abusa dele. "As pessoas usam até
13 gramas de sal por dia", entrega a nutricionista Márcia
Fidelix, do Hospital das Clínicas de São Paulo. A
recomendação é ingerir até 6 gramas do tempero.

(fonte: Revista Saúde n. 227, pág. 18-22).

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