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Nesta parte do curso, há informações básicas e gerais a respeito da biologia e vida das abelhas sem ferrão. Aqui,
abordaremos o tema sem ainda destacar a espécie Tetragonisca angustula (Jataí), que será alvo principal dentro
da parte 2 do curso. Dúvidas, sugestões e criticas serão muito bem vindas. as abelhas indígenas sem ferrão.
Autor: mcmluna@ig.com.br
Entretanto, enganam-se aqueles que desprezam a capacidade de defesa das abelhas sem ferrão. Embora
não se utilizem tais órgãos, defendem suas colônias tanto de forma indireta, construindo seus ninhos em
locais de difícil acesso (no interior de paredes grossas, topo de árvores altas, cavidades profundas,
ninhos de outros animais agressivos), como também de maneira direta, atacando diretamente os inimigos
que insistem em penetrar em seus ninhos. Quando animais maiores (como o homem) são considerados
como elemento invasor, enroscam-se em nossos cabelos e pêlos, beliscam com suas mandíbulas afiadas
e ainda penetram nos ouvidos e narinas, deixando o inimigo sob estado desconfortável, às vezes
insuportável. Existe uma espécie vulgarmente conhecida como “caga-fogo” (Oxytrigona) que lança mão
de um artifício bastante doloroso. Quando em situação de ataque, ocorre liberação de substância cáustica
a partir de suas glândulas mandibulares, resultando em queimaduras graves (Kerr, 1986 apud Campos,
1994).
Zoologicamente falando, as abelhas sem ferrão pertencem à sub-família Meliponinae, e por isso são
denominadas meliponíneos (atividade = meliponicultura ; criador = meliponicultor). Acompanhe a
classificação até chegarmos à superfamília Apoidea, que engloba todos os tipos de abelhas. Entre
parênteses estão algumas características que agrupam os animais dentro da mesma classificação.
Superfamília – Apoidea.
A Superfamília Apoidea já separa as abelhas de outros insetos, muitos
também sociais, como as vespas (Vespoidea) e formigas (Formicoidea).
A grande característica dos Apoidea é basear sua alimentação na coleta
de néctar e pólen, embora ocorram exceções. Possui exatamente onze
famílias: Melittidae, Colletidae, Halictidae, Oxaeidae, Andrenidae,
Megachilidae, Stenotritidae, Ctenoplectridae, Fidellidae, Anthophoridae e
Apidae (pronuncia-se “Ápide”). Dentro desta última família as abelhas
caracterizam-se pela presença de uma estrutura especializada para o
transporte de pólen, a corbícula (veja a foto). Também reúne algumas
espécies de hábitos sociais mais avançados. Existem quatro
subfamílias: Euglossinae (abelhas das orquídeas), Bombinae
(mamangavas), Apinae (ex.: Apis mellifera) e Meliponinae (abelhas sem
ferrão).
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Podemos traçar uma tabela bastante simplificada para realçar algumas características básicas que
permitem distinguir as duas Tribos (veja no capítulo 4). Entretanto, identificar uma espécie de abelha não é
tarefa das mais fáceis, que exige muito conhecimento na área. Portanto para descobrir qual espécie
estamos lidando, normalmente se faz necessário consultar um especialista.
Além do lazer que o manejo proporciona, a atividade pode ainda representar uma renda extra, através da
venda do mel, ou ainda, pela comercialização dos enxames para os interessados em iniciar ou aumentar
uma criação. Uma colônia de Jataí (Tetragonisca angustula) tem sido comercializada por valores que
variam de R$ 20,00 a R$ 50,00, enquanto espécies maiores, como a Mandaçaia, são negociadas por até R$
80,00 (fonte: Jornal Eymba Acuay – dezembro 99).
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As colônias possuem uma rainha, com função exclusiva de reproduzir, várias gerações de operárias, que
fazem as tarefas domésticas, além dos machos, cujo numero vai depender da condição geral da
população. Muitas vezes ocorre surto de produção, ou mesmo a agregação de machos ao redor de uma
caixa. Tal fenômeno em diversas ocasiões reflete a existência de uma rainha virgem prestes a realizar o
seu vôo nupcial. Já tive a oportunidade de observar em Jataí uma aglomeração de machos pousados em
folhas próximas a uma colônia que enxameara dias antes.
Por falar em machos, diferente dos zangões de Apis mellifera, os meliponíneos também exercem
pequenos trabalhos dentro da colônia, como a desidratação do néctar, incubação de favos de cria,
manipulação do cerume, defesa do ninho, etc. (Imperatriz-Fonseca, 1973 ; Kerr, 1990). Cappas (1995)
descobriu que alguns machos de Mandaçaia também possuíam corbícula nas patas traseiras, e
carregavam pólen. Entretanto, é importante salientar que sem operárias não há hipótese qualquer de
viabilidade de uma família de abelhas (leia o trecho sobre machos diplóides).
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Assim como nas demais espécies de Apoidea (Superfamília que engloba as espécies de abelhas) e na
maioria dos Hymenopteras (Ordem das formigas, vespas, cupins, abelhas, etc.), as fêmeas são originadas
a partir de ovos fecundados, os quais possuem a totalidade do número de cromossomas da espécie. São
então denominados de ovos diplóides e representados pelo símbolo 2n (1n=macho + 1n=fêmea). Por outro
lado, os ovos não fecundados, que por conseqüência apresentam apenas os cromossomos oriundos da
fêmea (1n), originam os machos da colônia. São, então, denominados de ovos haplóides e simbolizados
pela letra n.
Entretanto, quando a colônia se encontra sob os efeitos de certas condições determinantes, não raro é o
surgimento de machos a partir de ovos fecundados (2n). Mas que condições determinantes são estas ? O
Prof. Paulo Nogueira Neto, em seu livro “A Vida e Criação das Abelhas Indígenas sem Ferrão” (1998)
escreveu que tal fenômeno decorre de uma interação entre certos fatores genéticos, principalmente no
que se refere à consangüinidade, e ambientais, tais como condições adversas do clima e escassez de
alimentos.
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Na já citada obra do Prof. Paulo Nogueira-Neto, existe um capítulo inteiro dedicado ao tema do surgimento
dos machos diplóides. Segundo o Professor, existe uma interação entre os aspectos concordantes com a
Teoria de Whiting (homozigose de certos alelos sexuais) com as condições ambientais hora desfavoráveis
ao desenvolvimento da colônia. Em outras palavras, quando em determinadas situações adversas
(vegetação, clima, mortalidade, etc.) a colônia entra em “estresse”, tornando-se mais vulnerável aos
efeitos de uma eventual condição de consangüinidade.
Alguns pesquisadores afirmam a existência de hormônios influindo na determinação sexual das abelhas,
mais precisamente o papel dos ecdisteróides no desenvolvimento dos ovários em formação (Nogueira-
Neto 1995 ; Rachinsky & Engels 1995 apud Nogueira-Neto 1997). Na hipótese do Prof. Nogueira-Neto, os
ecdisteróides em níveis relativamente baixos em razão de uma situação estressante, acarretariam a
produção de machos diplóides quando os alelos sexuais apresentam-se em homozigose. Por outro lado,
estando a família em franco desenvolvimento, os níveis elevados desta substância inibiriam tal fenômeno,
nascendo fêmeas mesmo em homozigose.
* a resina está para as abelhas sem ferrão assim como está a própolis para Apis
mellifera. Trata-se de um material escuro de alta viscosidade (pegajoso) .
coletado de exudações e feridas de plantas resinosas. figura 2 - visão interna do ninho
Em determinadas situações, é normal encontrar colônia que não se utilizam desta estrutura de proteção,
como em locais onde o ninho apresenta bom isolamento térmico em relação ao ambiente externo. Já tive a
oportunidade de capturar uma colônia de Mirim estabelecida em uma cavidade dentro de uma parede
lateral d uma casa. Não havia na ocasião a presença de invólucro. Meses depois, após ser acondicionada
em uma caixa racional, a colônia construiu uma camada de invólucro bastante espessa, fato que me levou
à conclusão de que as abelhas não encontraram na caixa racional a mesma situação de conforto térmico
semelhante àquela vivida quando do abrigo na grossa parede.
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As espécies da tribo Trigonini, como a Jataí, constroem com cerume também
suas entradas, geralmente no formato de canudo (foto 7). Esta entrada mantém
ligação direta com o interior da área de cria. Através desta ligação a família
desvia o excesso de calor produzido principalmente pelas abelhas mais jovens
através da ventilação de suas asas. Não existe evidência de resfriamento
evaporativo por meio da água transportada até a colônia (Roubik & Peralta,
1983).
Trigonini Meliponini
tipo de entrada de cerume de barro
número médio
maior menor
de abelhas
Jataí; Mirim; Mandaçaia;
exemplos
Borá Guaraipo; Jandaíra
foto 10 - favos em forma de cachos
fonte : (Luna & Lorenzon, 1999)
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foto 14 - três ocelos (1); dois olhos compostos (2); duas antenas e seus
artículos (3) cabeça de Oxitrigona (foto do banco de dados da USP)
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As glândulas encontradas na cabeça das abelhas fêmeas são as
seguintes: intramandibular / mandibular / hipofaringeana / salivar da
cabeça. Destaque para a mandibular, responsável pela produção de
feromonas que, na rainha (Feromona Mandibular Real - FMR), controla
diversas funções de acordo com o estágio de vida desta, tais como o
vôo nupcial e o ritual de postura. O feromona mandibular nas operárias
é atuante na comunicação e nos trabalhos realizados na colônia. Em
algumas espécies, serve para outros fins, como visto em Oxytrigona
tataira (caga-fogo) na qual produz-se substância cáustica utilizada
como eficiente arma de defesa. Nos machos é usado na comunicação,
na coordenação de aglomerações na eminência de rainhas virgens e
nos trabalhos, quando estes os executam (Pedro Cappas; via e-mail).
figura 3 - glândulas do corpo da Vale lembrar que, diferentemente das Apis, os machos das abelhas sem
abelha ferrão executam certos serviços dentro da colônia, sendo que alguns
chegam a possuir corbícula em suas patas traseiras.
No tórax não são encontradas muitas glândulas, salvo algumas ramificações das salivares existentes
também na cabeça. Já no abdômen localizam-se diversas outras glândulas importantes, tais como as
glândulas de Dufour e de Koshevnikow mais as glândulas de cera (localizadas no dorso em meliponíneos)
e as tergais. As glândulas tergais são responsáveis pelas chamadas "estradas de cheiro" que são
marcações com feromona corporal (FC) utilizadas pelas forrageadoras ao longo do trecho que identifica a
localização de recursos florais. Vale lembrar que, em abelhas sem ferrão, não existe observação de dança
das operárias para recrutar outras abelhas para o local com presença de flores, como acontece em Apis.
Glândulas localizadas nas patas, mais precisamente as tarsais, também são esponsáveis por este tipo de
comunicação.
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Hoje existem cerca de 400 espécies de abelhas sem ferrão, distribuídas em
aproximadamente 50 gêneros, sendo que mais de 300 são encontradas nas
Américas, 60 no sudeste asiático, 50 na África, 4 na Ilha de Madagascar e 10 na
Austrália. Nas Américas, encontramos desde gêneros considerados mais
primitivos, como Plebeia (mirim), aos mais evoluídos, tais como Scaptotrigona
(canudo - foto 15) e Melipona (uruçu, mandaçaia, jandaíra). Para maiores
esclarecimentos, recomendamos a leitura de trabalhos de grande
pesquisadores como Prof. Michener, J.M.F.Camargo e S.F.Sagakami. Em sua
recente obra, Paulo Nogueira Neto (1997) ressaltou que nas Américas, os
meliponíneos são encontrados desde a região central da Argentina até
próximo da fronteira entre México e Estados Unidos.
modelo baiano
modelo Kerr
modelo PNN
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Diferentemente dos modelos propostos na criação de Apis mellifera, como o Langstroth, não existe
qualquer rigidez em termos de dimensionamento do espaço interno da caixa. Em Jataí, não encontramos
diferença marcante na largura dos discos de favos construídos na natureza. Porém em relação à altura do
ninho, existe variação mais significativa, fato que determinou a necessidade da criação de expansões, que
são as gavetas já mencionadas. Os orifícios de entrada das caixas também variam de acordo com a
espécie. Para Jataís, utilizamos 1,5 a 2,0cm de diâmetro.
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Um formão (Fig. 10) é usado para a abertura das caixas, como também, na
raspagem e retirada dos excessos de resina coletada e batume. Sua ponta
não necessita ser larga quando se trata de abelhas pequenas como as
Jataís. Tal ferramenta pode ser improvisada com outros materiais como
figura 10 - formão de apicultor chaves de fenda maiores. Aliás, por falar em improviso, esta é uma
característica marcante da criação de abelhas sem ferrão. O que vale é a
criatividade do meliponicultor !
Se a proteção é contra os predadores rasteiros (ex.: formigas), as caixas devem ser colocadas
sobre cavaletes individuais ou coletivos, não esquecendo da colocação dos isoladores
(Fig. 8).
No encerramento das atividades, as caixas devem, sempre que possível, ser fechadas e
lacradas com fita adesiva na tentativa de minimizar os riscos de ataques de predadores da
natureza como as formigas. Já presenciei a perda de duas colônias de Jataí devido a ataques
noturnos de formigas Camponotus sp. em caixas que se encontravam envelhecidas e com
fendas sem vedação. O uso de fita adesiva se faz ainda mais recomendável após a colocação
de alimentadores internos, responsáveis pela atração destes e de outros inimigos. Nestas
ocasiões, na falta de fita adesiva, o criador pode mesmo improvisar a vedação das frestas com
figura 9
barro.
espátula
Em criações que envolvem espécies mais agressivas, como a borá (Tetragona clavipes), é necessário o
uso do véu de apicultor. Na lida com Jataís, o criador deve apenas proteger os ouvidos contra uma
eventual entrada de abelhas no interior do ouvido, fato que causa enorme desconforto e até mesmo
desespero. Para tal, podemos simplesmente tampa-los com bolotas feitas com papel ou folhas
amassadas.
Na tarefa de coleta do mel, é importante ter em mãos seringa e peneira, entre outros materiais,
dependendo do método utilizado (mais informações em “colheita e manuseio do mel”) -
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d) Predadores rasteiros – Conforme já exposto, formigas doceiras ou carnívoras podem eliminar uma
família inteira. Devemos descartar locais de intensa ocorrência de formigueiros e lançar mão do uso de
isoladores (Fig. 8 / Cap.VIII) na tentativa de barrar a subida destes inimigos nos cavaletes e caixas. No
meliponário da UFRRJ utilizei isoladores contendo talco em seu interior, com bons resultados. Nas
formigas e demais insetos, a simples impregnação de qualquer substância aderente em suas antenas
causam total perda de controle e direção.
e) Predadores voadores - Infelizmente, não existe método capaz de garantir isolamento contra os
problemas causados por marimbondos, vespas, abelhas ladras, forídeos, etc. O criador deve sempre
manter o local próximo às suas caixas limpos de ninhos destes predadores. Já mencionamos
anteriormente que existem espécies de abelhas sem ferrão que não possuem corbícula, são ladras, pois
vivem apenas da pilhagem de outros ninhos (ex.: Lestrimelitta limao). Quanto aos forídeos, mosquinhas
brancas que utilizam o pólen como substrato para o desenvolvimento de seus inúmeros ovos, estes
merecem um capítulo especial, tendo em vista a voracidade de suas larvas, que podem exterminar uma
família em pouco tempo de infestação.
f) Poluentes – As abelhas não devem ser criadas em locais de intenso lançamento de poluentes. Especiais
cuidados devem ter com o uso dos pesticidas químicos, um dos responsáveis pela extinção de várias
espécies de insetos. Segurança – Cuidados na prevenção de furtos no meliponário devem ser tomados
pelo criador. É muito mais fácil roubar caixas destas espécies que enxames de abelhas melíferas.
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Qualquer tentativa de trazer colônias de regiões diferentes da sua é desaconselhada. Existe risco das
abelhas não se acostumarem ao novo local e até morrerem. Muitas espécies são adaptadas a um limite
estreito de umidade e temperatura. Devemos respeitar estas condições que garantem sua sobrevivência.
Na literatura, diversos são os danos citados quando são introduzidas colônias de meliponíneos e outros
Apoidea em um novo ambiente, principalmente quando esta transferência envolve regiões de climas
diferentes. São exemplos de efeitos deletérios a inibição da postura na rainha, ocorrência de posturas
inférteis, ausência de realeiras, ausência de machos, inexistência de vôos núpcias, problemas ligados a
termorregulação da colônia, até a queda na eficiência defensiva com conseqüente morte por predação
(Kresàk, 1970; Gurr, 1972; Tasei, 1975; Pacheco & Kerr, 1989; Ribeiro, 1989; Sharma et al., 1990; Nogueira-
Neto, 1997; Luna & Lorenzon, 1999).
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Em seguida, deverá ser
feita a transferência dos
potes de alimento que
estiverem fechados,
guardando os potes
rompidos ou abertos para
retornarem vazios no
futuro. Potes abertos, com
o alimento exposto,
atraem formigas, outras
abelhas, moscas, forídeos
foto 20 - rainha de Jataí sobre os favos e outros inimigos (foto 21). foto21 - detalhes dos potes e pólen rompidos
Por último, as caixas deverão ser fechadas e lacradas com fita adesiva, podendo-se usar até barro na falta
deste material. Se possível espere o anoitecer para levar a caixa para o meliponário, para que retorne o
máximo de abelhas, que por hora estavam coletando alimento e materiais no campo (forrageando).
Junto ao processo de captura, o criador pode aumentar o número de caixas do seu meliponário através da
divisão de colônias.
II - Divisão de colônias
A divisão de colônias só é recomendada em colônias fortes e em épocas de florada expressiva. Lembre-
se: “Mais vale uma colônia forte que duas medianas”. A forma de divisão vai depender de qual grupo
(Melipona ou Trigona) pertence à espécie de abelha. Falaremos primeiro da divisão em Trigonas, já que
estamos destacando a criação de Jataís.
b) Transferir o disco com realeira para uma nova caixa e mais 2 a 3 discos de
outras colônias de coloração mais clara e de fundo escuro (favos de cria
nascente). Arrumar estes discos, procurando estabelecer um pequeno espaço
entre eles – o espaço abelha – basta colocar uma bolinha de cerume entre eles.
Revestir todo o ninho com invólucro de cerume ou, caso não disponha, com
lâmina de cera alveolada das abelhas melíferas;
d) Levar a colônia-mãe, que ficou com a rainha velha, para um local distante de
3 a 6 metros da colônia-filha e colocar a nova colônia em seu lugar. Desta
forma, reforçamos a nova caixa com a chegada das campeiras que estavam
trabalhando no campo.
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Mário de Luna 15
II / B - Divisão em Meliponas (Uruçu, Mandaçaia, Jandaíra):
Este grupo segue os mesmos passos que das Trigonas. A diferença está apenas nas realeiras, que este
grupo não constrói. A diferenciação em rainha parece estar ligada a fatores genéticos, enquanto que em
Trigonas também esteja relacionado com a questão alimentar das realeiras. Sendo assim, para obter
uma nova rainha basta transferir discos de cria nascente para a caixa-filha, organizando um ninho com
uns 3 discos. Desta maneira, certamente será possível dividir artificialmente a colônia deste grupo de
abelhas.
A divisão pode ser factível ao fracasso. Antes de aventurar-se em fazer, o meliponicultor deve procurar ter
boa prática no manejo de suas colônias além de conhecer sua biologia e organização social.
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