Professores da Escola Secundária de Rio
Tinto, em Rio Tinto, promovem abaixo-
assinado a exigir suspensão da avaliação de
desempenho.
Já são várias as escolas que este ano lectivos estão a avançar com moções a
exigir a suspensão da avaliação, e nalguns casos a avaliação está mesmo
suspensa. Acreditamos que esta dinâmica se pode reproduzir com facilidade e
apelamos aos professores da nossa escola que sigam estes exemplos.
O movimento de resistência interna à avaliação burocrática de
desempenho não pára de alastrar por todo o país. Sem querer ser
exaustivo, apresento uma lista de escolas e agrupamentos que, nos
últimos dias, aprovaram moções ou fizeram circular um abaixo-
assinado a exigirem a suspensão do processo. Agora, é a vez de anunciar
a resistência na nossa Escola.
TOMADAS DE POSIÇÃO PELA SUSPENSÃO
DESTA AVALIAÇÃO
Escola Secundária da Amadora
Agrupamento de Armação de Pêra
Escola Alice Gouveia (Coimbra)
Escola Secundária de Montemor-o-Novo
Escola Secundária [Link] Martins (Setúbal)
Escola Secundária do Monte da Caparica
Agrupamento de Escolas de Maceira
Agrupamento de Escolas D. Carlos I
Escola Secundária/3 Rainha Santa Isabel, Estremoz
Agrupamento de Escolas José Maria dos Santos, Pinhal Novo
Escola Secundária/3 de Barcelinhos
Escola Secundária Augusto Gomes Matosinhos
Agrupamento de Escolas de Ovar
Escola de Eugénio de Castro (Coimbra)
Escola Secundária D. João II (Setúbal)
Professores de Chaves
Agrupamento de Ourique
Agrupamento de Escolas de Aradas (Aveiro)
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima (Aveiro)
Agrupamento de Armação de Pêra
Escola Alice Gouveia (Coimbra)
Escola Secundária da Amadora
Agrupamento Vertical Clara de Resende (Porto)
Escola de Arraiolos
Escola Secundária Dr. Júlio Martins (Chaves)
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
Agrupamento de Escolas de Vouzela
Agrupamento de Escolas do Forte da Casa
Escola Secundária Camilo Castelo Branco (Vila Real)
Escola Secundária da Amora
Escola EB 2,3 Dr. Rui Grácio
Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão
Escola Manuel da Fonseca de Santiago do Cacém
Os professores abaixo assinados declaram o seu mais veemente protesto
e desacordo perante o novo Modelo de Avaliação de Desempenho introduzido
pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008.
Consideram, que a Avaliação de Desempenho constitui assunto sério,
que, como tal, deveria ter sido o resultado de uma ampla e séria discussão
entre todas as partes envolvidas, e não imposto pela tutela.
Neste sentido, recusam um modelo que configura uma lógica
burocrática, normalizadora e economicista, desviando os reais objectivos que
devem presidir ao processo de ensinoaprendizagem e acorrentando os
professores a tarefas burocráticas de elaboração e reformulação de
documentos legais em detrimento das funções didácticas e pedagógicas.
Do mesmo modo, consideram ilegítimo que a avaliação de desempenho
dos professores e a sua progressão na carreira, se subordine a parâmetros
como o sucesso dos alunos e a avaliação atribuída aos seus alunos. Tanto mais
quanto a imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação
dos seus alunos configura a violação grosseira do previsto na legislação em
vigor quanto à decisão da avaliação final do aluno, a qual, como é sabido, é da
competência do Conselho de Turma sob proposta do(s) professor(es) de cada
área curricular disciplinar e não disciplinar.
Rejeitase ainda a penalização do uso de direitos constitucionalmente
protegidos como sejam a maternidade/paternidade, doença, participação em
eventos de reconhecida relevância social ou académica, cumprimento de
obrigações legais e nojo, nos critérios de obtenção de ‘Muito Bom’ ou de
‘Excelente’. Bem como o regime de quotas que impõe uma manipulação dos
resultados da avaliação, gerando nas escolas situações de profunda injustiça e
parcialidade, e que reflecte claramente o objectivo economicista que subjaz a
este Modelo de Avaliação que visa, tãosomente, fabricar um falso sucesso
escolar com fins meramente demagógicos e eleitoralistas.
Assim, advogam um modelo de avaliação que seja consistente, não
burocrático, não formatador mas formador e capaz de valorizar a diversidade
de competências que compõem uma escola só assim capaz de efectivamente
motivar os professores, fomentando a qualidade e o prestígio da escola
pública. Estaremos, deste modo, a construir uma escola, para todos e de cada
um, como preconiza a LBSE e à medida da realidade específica da “Escola”.
Finalmente, porque enquanto todas as limitações, incoerências e
potenciais injustiças que decorrem da regulamentação que nos querem impor e
não forem corrigidas, não se lhe reconhecem quaisquer efeitos positivos sobre
a qualidade da educação e do desempenho profissional dos professores.
Lembramos ainda o alerta dado pelo Conselho em 2008-09-29
para o risco de a avaliação ser "irrelevante"
"O Conselho considera que, a par das oportunidade que se abrem, como é
próprio dos processos de mudança, se corre o risco de a avaliação se constituir
num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos docentes, sem
impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos que conviria evitar desde o
início".
O alerta não consta de um comunicado emitido por um sindicato de professores,
mas dos "Princípios orientadores sobre a organização do processo de avaliação
do desempenho docente", documento produzido pelo Conselho Científico para a
Avaliação de Professores (CCAP), criado e tutelado pelo Ministério da Educação.
O Conselho alerta para os riscos da burocratização excessiva e recomenda às
escolas que organizem "um dispositivo de avaliação congruente com o projecto
educativo e o plano de actividades das escolas".
O problema é que muitas escolas ainda não alteraram os seus projectos
educativos a partir dos quais serão definidos os objectivos individuais dos
docentes, garante João Grancho. "Já perdemos muito tempo no braço de ferro
sobre a aplicação do modelo no ano lectivo anterior", lamenta o presidente da
ANP, considerando que a insistência do Ministério da Educação "em queimar
etapas" só prejudicará avaliadores e avaliados.
O CCAP recomenda às escolas que durante este ano lectivo, aprofundem "os
instrumentos de monitorização das aprendizagens, de forma a consolidar uma
cultura de avaliação e estar em condições de interpretar os indicadores de
resultados escolares".
Deste modo, vem os professores abaixo assinados solicitar ao Conselho
Pedagógico a suspensão de toda e qualquer iniciativa relacionada com a
avaliação por este modelo preconizada, para que o Ministério da Educação
possa dar resposta a um conjunto de dúvidas, as quais, legalmente, impedem a
Escola de continuar a avançar com a aplicação do citado Modelo de
Avaliação.
( E N V I A PA R A M O V I M E N TO E S C O L A P U B L I C A @ G M A I L . C O M )