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Exmo.

Senhor Presidente do Conselho Geral Transitório


Exmo. Senhor Presidente do Conselho Directivo
Exmo. Senhor Presidente do Conselho Pedagógico
Exmo. Senhor Coordenador do Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Os professores da área disciplinar correspondente ao 10º Grupo B, colocados perante a


circunstância de terem que se pronunciar sobre o primeiro dos elementos destinado a
pôr em marcha o processo de Avaliação de Desempenho, configurado na ficha de
objectivos individuais, embora não questionem a avaliação, enquanto instrumento de
valorização das sua práticas docentes, com carácter formativo, potenciador de reais
benefícios na aprendizagem dos seus alunos, bem como na promoção do seu
desenvolvimento profissional, consideram, por razões que passarão a expor, não
estarem criadas as condições que permitam sequer uma simples reflexão do documento
em apreço.

1. O modelo de Avaliação de Desempenho, com todas as incidências que sobre ele têm
recaído, fundamentalmente as que se relacionam com os órgãos criados e com a
doutrina que os sustenta, semeou já insanável desconfiança, inaceitável arbitrariedade e
incongruências várias que mesmo o recurso a contínuos despachos regulamentadores
não consegue sanar.

2. A artificial divisão da carreira e a criação, por concurso, da figura do professor titular,


considerando apenas o currículo dos últimos sete anos, independentemente de qualquer
avaliação de mérito, transformou o acesso numa autêntica lotaria, em que o critério,
ignorando a ética, depois de ter ludibriado direitos consagrados, gerou inadmissíveis
injustiças.

3. Este modelo de avaliação, por se revelar excessivamente burocrático, sistemático e


permanente, não formativo e desinserido das vertentes de natureza pedagógica e
didáctica, acrescido da sua apressada implementação, tem desviado os professores das
suas reais preocupações consubstanciadas no ensino-aprendizagem.

4. A instabilidade, a insegurança, o clima de medo e os conflitos latentes, gerados por


continuadas práticas de injustiça, patrocinadas pelo ME, tornam a situação inconciliável
com a tranquilidade que as escolas necessitam para o cumprimento das tarefas que lhe
são inerentes.

5. O ensino de qualidade e o sucesso escolar, desígnios nacionais da escola pública, não


encontram compatibilidade com as condições em que os docentes dedicam a maior parte
do seu tempo disponível – muito mais do que as 35 horas previstas – emaranhados em
tarefas burocráticas que em nada contribuem para melhorar a situação do ensino.

6. Não é legítimo, dado que são muitas as variáveis que aí interferem, fazer incidir a
avaliação nos índices de sucesso, abandono e avaliação dos alunos, sem ter em
consideração diferenças consideráveis entre escolas, turmas, tecido social e outras.

7. Também não se nos afigura de todo legítimo e até legal que direitos
constitucionalmente protegidos como obrigações legais, nojo, maternidade/paternidade,
doença, participação em eventos de reconhecida relevância social ou académica, entrem
nos critérios para a obtenção de M. Bom e Excelente.

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8. A imposição de uma avaliação por pares é potencialmente geradora de inevitável
ambiente de conflito podendo ser parcial e perigosa, na medida em que aqueles que vão
avaliar – coordenadores e avaliadores por delegação - não serão, pelo menos por agora,
avaliados pela inspecção. Acresce que em algumas circunstâncias os próprios PCE
podem nem sequer reunir as condições exigíveis aos restantes avaliadores, cabendo-
lhes, no entanto, papel preponderante na avaliação.

9. Acresce a todo este conjunto de circunstâncias a indefinição da avaliação em relação


aos docentes que trabalham com os cursos CEF e EFA, Novas Oportunidades e ensino
profissional, dado que a organização e operacionalização destas ofertas formativas tem
especificidades que não estão previstas nos diplomas e nos inúmeros despachos
regulamentadores.

10. O tempo necessário para alimentar uma estrutura de avaliação megalómana


repartida por reuniões constantes, do CP, Comissões de coordenação, entrevistas com os
avaliados e tanto do que não vale a pena referir, condiciona de modo inevitável todo o
processo, não deixando espaço para o que é essencial na escola: ensinar.

Enquanto todas estas limitações, arbitrariedades e injustiças não forem sanadas e


corrigidas, solicitam a suspensão do modelo de avaliação de desempenho.

Viseu, 28 de Outubro de 2008

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