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Escola Secundária com 3.

º Ciclo do Entroncamento
A Sua Excelência a Ministra da Educação
Considerando que os professores da Escola Secundária com 3º Ciclo
do Entroncamento, por esmagadora maioria, se manifestaram, num
abaixo-assinado, no sentido da suspensão de todos os procedimentos
em curso relacionados com o modelo de avaliação do desempenho
imposto pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008 de 10 de Janeiro e que,
nesse sentido, se dirigiram ao Conselho Pedagógico e à Comissão
Executiva Provisória a fim de que a Escola Secundária com 3º Ciclo do
Entroncamento tome, formal e institucionalmente, posição sobre aquele
modelo de avaliação;
O Conselho Pedagógico da Escola Secundária com 3.º Ciclo do
Entroncamento, reunido extraordinariamente no dia 5 de Novembro de
2008:
1. Analisou o manifesto apresentado pelos professores e discutiu os
argumentos que o sustentavam.
2. Reconheceu que a aplicação do modelo de avaliação se tem
revelado morosa e inconsequente por ser um processo inexequível,
sendo inviável aplicá-lo com rigor e objectividade, imparcialidade e
justiça a todos os professores.
Pelo contrário, a aplicação deste modelo de avaliação tem gerado na
escola um clima de surda instabilidade, pelo tempo que consome aos
avaliados e aos avaliadores em tarefas frustrantes e inúteis e pelo
desperdício de recursos que deviam estar a ser investidos como
tempos de aprendizagem para os nossos alunos.
3. Manifestou a sua discordância e a sua incompreensão em relação à
imposição de quotas para as classificações de Excelente e de Muito
bom, considerando que tal configuração compromete e desqualifica
uma avaliação que se pretende justa e transparente.
4. Discordou da parametrização dos referenciais da avaliação interna e
externa dos alunos, dado que nem todos os anos e disciplinas têm
avaliação externa, não sendo por isso possível ancorar aí um modelo
justo e equitativo, assente nos princípios da igualdade e da
universalidade. A própria consideração das classificações dos alunos
como determinante do processo de avaliação dos docentes é passível
de gerar grandes equívocos e enormes desigualdades e injustiças, não
apenas na avaliação dos professores, mas, sobretudo, no desvirtuar
dos processos de avaliação dos alunos.
5. Contestou, de igual forma, a inclusão do abandono escolar como
referencial para a avaliação dos docentes. Para além da natureza
equívoca do conceito, considerou que o abandono dos alunos, pela
diversidade dos factores que implica, transcende a esfera de
intervenção dos professores.
6. Discordou da operacionalização de um modelo de avaliação
realizada pelos pares que, em simultâneo, constituem parte interessada
na disputa das classificações e das quotas de progressão daí
resultantes. Também se não compreende a possibilidade de um
docente poder ser avaliado por outro com um perfil de formação
científica distinta da do avaliado.
7. Dado que a natureza subjectiva decorrente da operacionalização dos
parâmetros impostos pelo decreto regulamentar será passível de
recurso por parte dos avaliados, nomeadamente através do foro
judicial, questiona os limites objectivos da responsabilidade dos
avaliadores em tais circunstâncias.
8. Considerou que é indispensável existir um modelo de avaliação e que
os professores exigem ser avaliados. Contudo, a complexidade da
profissão docente não é compatível com este modelo burocrático que
pretende formatar e reduzir a avaliação dos professores a um mero
exercício de grelhas e números.
9. Por tudo isto, deliberou por unanimidade, solicitar a Sua Excelência a
Ministra da Educação a suspensão dos procedimentos relacionados
com o modelo de avaliação do desempenho imposto pelo Decreto
Regulamentar 2/2008 de 10 de Janeiro.
10. Deliberou também solicitar à tutela a reformulação do modelo, no
sentido das críticas construtivas que assumiu, e de outras que têm sido
trazidas a público por outras instituições, a fim de que se possa
implementar um verdadeiro modelo de avaliação de professores.
11. Deliberou transmitir esta tomada de posição à direcção executiva e a
todos os professores da nossa escola, à Associação de Pais e
Encarregados de Educação, ao Presidente da República, aos
presidentes dos Grupos Parlamentares da Assembleia da República,
aos sindicatos e movimentos de professores.
Entroncamento, 5 de Novembro de 2008

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