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ESCOLA SECUNDÁRIA DR.

FRANCISCO FERNANDES LOPES - OLHÃO


Exmos. Srs.

Presidente do Conselho Geral Transitório


Presidente do Conselho Executivo
Presidente do Conselho Pedagógico
Os professores abaixo assinados, docentes da Escola Secundária Dr.
Francisco Fernandes Lopes, em defesa da qualidade do ensino e do prestígio
da escola pública vêm, por este meio, exigir a suspensão da aplicação do
novo Modelo de Avaliação de Desempenho pelas razões que, a seguir se
enumeram:

- Continuação da existência de arbitrariedades, desconfianças, incertezas,


dualidade de critérios, relativamente a todo o processo.

- Inexistência de um amplo debate nacional entre professores, actores


políticos e tutela, que possa ser gerador de consensos que ajudem a
ultrapassar a conflitualidade que permanece nas escolas e que ajude a
fomentar a verdadeira qualidade de ensino.

- Este Modelo de Avaliação de Desempenho continua a colidir com


normativos legais, do Código de Procedimento Administrativo.

- Não execução das recomendações do CCAP.

- Imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos


seus alunos, cuja progressão e níveis classificatórios entram com um peso
específico de 6,5% na sua avaliação de desempenho, o que configura uma
violação grosseira do Despacho Normativo que regula a avaliação no ensino
secundário e estabelece, no nº 35º do Capítulo II, que ” a decisão final
quanto à classificação a atribuir é da competência do Conselho de Turma,
que, para o efeito, aprecia a proposta apresentada por cada professor,
juntamente com as informações justificativas da mesma e a situação global
do aluno.”

- A burocracia, que continua a existir com o actual Modelo de Avaliação de


Desempenho, é insustentável, insuportável, pois lesa quotidianamente todo
o processo de ensino-aprendizagem e mina, a todo o instante, as relações
entre pares; convém nunca esquecer as situações em que existem
professores avaliadores com formação científico-pedagógica e académica
de nível inferior à dos avaliados e que docentes, oriundos de grupos
disciplinares muito díspares, estão a avaliar outros sem estarem habilitados
com formação adequada em supervisão e avaliação pedagógica e científica.
Torna-se, portanto, anti-pedagógico e contraproducente impor a autoridade
por decreto.
- Onde se encontra alterada, por decreto, a parte em que se refere que a
Avaliação de Desempenho dos Professores e a sua progressão na carreira se
devem ao sucesso dos alunos e à redução do abandono escolar?

- Aliás, não nos podemos esquecer que alguns docentes são avaliados
tomando em consideração os resultados das provas de avaliação externa e
outros não o são, pela inexistência das mesmas.

- Em última análise, há que ter em conta que os resultados dos alunos


visam avaliar, tão-só, os próprios alunos, a partir de uma diversidade de
critérios, que integram competências/conhecimentos adquiridos, empenho,
assiduidade, atitudes e valores, os quais variam na definição e na
percentagem atribuídas por cada escola.

-Não podemos também esquecer as desiguais condições das escolas, tanto


ao nível da qualidade e disponibilidade dos equipamentos, como da
distribuição de alunos, dos problemas e dificuldades acrescidas, de distintas
resistências à disciplina e à aprendizagem, bem como ao nível dos suportes
de acompanhamento psicopedagógico dos casos mais difíceis.

-Os parâmetros de avaliação compelem à utilização de recursos inovadores,


que muitas escolas poderão não estar em condições de assegurar.

- Qual a lógica de um Modelo de Avaliação Docente que impõe quotas à


atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito Bom, de acordo
com o despacho 20131/2008, condicionando, à partida, os resultados da
avaliação e comprometendo a sua imparcialidade?

- Qual a justiça de um Modelo de Avaliação de Desempenho que obriga os


professores a despenderem inúmeras horas, para além das 35 consagradas
nos seus horários, em tarefas burocráticas ou extracurriculares, umas, de
formação e investigação, outras, que não são contabilizadas, ou sequer
pagas?

- Numa altura em que o Modelo de Avaliação de Desempenho do pessoal


docente está a ser posto em prática à revelia de toda uma classe, não
porque os profissionais rejeitem ser avaliados, mas porque exigem uma
avaliação construtiva, não burocrática, que não perca de vista o objectivo
principal da acção educativa – os alunos e as suas aprendizagens – e que
não transfira para os profissionais do sistema o ónus das fraquezas desse
mesmo sistema, urge PARAR PARA REFLECTIR.
- Uma explicação para o decréscimo de todas as escolas públicas no ranking
das escolas nacionais que pode ser:
1. Excesso de burocracia imposta às escolas públicas por efeito do novo
modelo de avaliação de desempenho.
2. Redução da motivação dos professores por efeito do agravamento das
condições e horários de trabalho dos professores.
3. Ataque público aos melhores professores, obrigando muitos à reforma
antecipada.
4. Defesa do facilitismo e das progressões automáticas por parte do ME

- Enquanto as limitações, as arbitrariedades e as injustiças anteriormente


referidas não forem corrigidas, os docentes da Escola Secundária Dr.
Francisco Fernandes Lopes consideram que deve ser suspenso a sua
participação neste Modelo de Avaliação de Desempenho.

Os docentes da Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes, abaixo


assinados, advogam o direito de divulgar publicamente esta tomada de
posição, para que outras escolas assumam também a responsabilidade de
contribuir para a defesa da qualidade do ensino, do prestígio da escola
pública e da função docente.

A ordem das assinaturas não tem qualquer significado, senão o facto de os


signatários não poderem assinar em simultâneo.

Olhão, 30 de Outubro de 2008

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