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Introdução
Reportar é uma façanha. Primeiro, caçamos um bicho fugidio chamado “realidade”. Trata-se de
uma fera arisca, que costuma se esconder ora no cotidiano, ora em documentos, ora ainda nas
bocas e mentes de nossos “batedores”, que são as fontes das matérias – aliás, nem sempre
dispostas a colaborar...
Ainda quando calejados de outras aventuras, sempre descobrimos uma “realidade” arredia:
mesmo os melhores jornalistas dela só conseguem um instante, um fragmento de nossa presa,
que registramos não em potentes equipamentos de laboratório, mas em acanhados blocos,
canetas, microfones e câmeras.
E já que reportar é uma façanha, os desafios continuam. Não basta chegar ao real, mas resta
contá-lo, torná-lo “notícia”, e contá-lo de modo que os outros entendam e, mais até do que
entendam, contá-lo de modo que os outros também gostem, o que torna a façanha ainda um
pouco mais difícil.
A idéia desse guia prático, que é uma coleção de manuais de redação, é mostrar os caminhos
para a produção qualificada de conteúdo jornalístico.
Professor mestre Artur Araujo
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Acabamento – Proceda como se o seu texto seja o definitivo e vá sair tal qual você o
entregar. O processo industrial do jornal nem sempre permite que os copies,
subeditores ou mesmo editores possam fazer uma revisão completa do original.
Assim, depois de pronto, reveja e confira todo o texto, com cuidado. Afinal, é o seu
nome que assina a matéria.
Nunca deixe de ler até o fim um original que vá ser refeito. Mesmo que você tenha
apenas 15 linhas disponíveis para a nota, a linha 50 do texto primitivo poderá conter
informações indispensáveis, de referência obrigatória.
Um assunto muito sugestivo ou importante resiste até a um mau texto. Não há,
porém, assunto mediano ou meramente curioso que atraia a atenção do leitor, se a
notícia se limitar a transcrever burocraticamente e sem maior interesse os dados do
texto.
Em caso de dúvida, não hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e
outros livros de referência. Ou recorrer aos especialistas e aos colegas mais
experientes. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Acabamento 2 - Ler sempre a própria matéria antes de entregá-la, a menos que o
tempo não permita.
Ler a matéria depois de publicada e reparar nas alterações feitas. (Fonte: Manual de
redação do Diário Carioca. 1950 circa).
Acusação - 1 - Nunca atribua um crime a alguém, a menos que a pessoa tenha sido
presa em flagrante (e não haja dúvidas a respeito da sua culpa) ou confessado o ato.
Mesmo que seja a Policia quem faz a acusação, recomenda-se cautela para que o
jornal, involuntariamente, não difunda uma versão que se possa demonstrar
equivocada ou inverídica. Assim, a não ser nos casos notórios, refira-se sempre ao
acusado nestes termos: Fulano de tal, acusado de ser o matador de... Fulano de tal,
acusado de ser o principal receptador de jóias da cidade... Nunca afirme que ele é o
matador ou é o principal receptador, a não ser nas hipóteses já mencionadas.
2 - O Estado não publica insultos ou acusações de irregularidades, crimes e
corrupção em off (sem que o denunciante tenha o nome revelado), como, por
exemplo: Segundo fontes do Planalto, o ministro demitido pelo governo recebia
comissões de empreiteiras; Corre na cidade que fulano já mandou matar mais de dez
adversários políticos; Consta que o deputado João da Silva não honra os
compromissos assumidos. Lembre-se: a responsabilidade por acusações graves
como essas (mas totalmente vagas) passa toda para o jornal.
3 - Isso não significa que você não possa divulgar acusações sem atribuí-Ias a uma
fonte. Se o seu informante é da mais absoluta confiança ou se você tem documentos
que fundamentem a denúncia, deve publicá-la. É direito do editor ou da Direção da
Redação, porém, conhecer a origem das informações para decidir sobre a
conveniência ou não da publicação, uma vez que, também neste caso, a
responsabilidade final cabe sempre ao Estado.
4 - Nos títulos, especialmente, estas instruções deverão ser seguidas à risca. Como
norma, procure sempre mostrar ao leitor que se trata de uma acusação ou denúncia,
e não de um fato provado: Deputado acusa ministro de desvio de verbas; Ministro
acusado de desviar verbas; Empreiteiro denuncia concorrência.
5 - Finalmente, lembre-se de que todo acusado tem o direito de resposta. O ideal é
publicar a denúncia e a explicação ou a réplica do acusado ao mesmo tempo. Se a
simultaneidade for absolutamente impossível (por não se localizar o acusado, por
exemplo), não deixe a resposta passar do dia seguinte. Ouvir o atingido pelas
denúncias é essencial, mesmo que você tenha a certeza da procedência das
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deve estar pronto para modificar tudo o que tiver sido planejado, quando as condições
o exigirem. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Bom senso - "O bom senso é a coisa mais bem-repartida do mundo", escreveu o
filósofo francês René Descartes (1596-1650) no "Discurso do Método". Essa
convicção não o impediu, porém, de sentir-se compelido a redigir as "Regras para a
Direção do Espírito", uma espécie de manual de bom senso.
Mais do que a filosofia, a prática do jornalismo tem grande necessidade desse tipo de
balizas. O "Novo Manual da Redação" apresenta regras para orientar o trabalho na
Folha e dá conta da maioria das dúvidas. Elas não devem, porém, ser aplicadas de
maneira irrefletida, pois nenhuma norma se aplica a todos os casos possíveis. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
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Clareza - Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite
intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo exigir que o
leitor faça complicados exercícios mentais para compreender o texto. (Fonte:
MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo:
SP, 1990).
diante.Quando morre uma atriz conhecida, é importante lembrar filmes em que ela
trabalhou (em um quadro, por exemplo), resumir sua biografia, analisar sua carreira
etc. Muitas informações que podem parecer óbvias para o jornalista não o são para o
leitor.
Não se esqueça de que o universo de leitores do jornal é vasto e heterogêneo. Se um
leitor acha que não precisa ler certas informações de contexto que o jornal publica,
ele simplesmente salta o texto. O leitor que não conhece ou não se lembra dessas
informações vai ficar agradecido.
Veja também “didatismo”
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Convite - Qualquer convite que um jornalista receba como profissional da Folha deve
ser comunicado a seu superior imediato antes de aceito.
O jornal não se compromete a publicar reportagem sobre o assunto do convite
apenas porque o aceitou.
Devem ser previamente submetidos à Direção de Redação convites para viagens,
colaboração com outros meios de comunicação, participação em conferências,
palestras, seminários, cursos, bolsas de estudo, estágios ou encontros com
autoridades públicas. A direção vai definir se a presença do jornalista deve se dar
como representante do jornal ou em caráter particular. A Direção de Redação pode
julgar a presença de um jornalista da Folha em alguns desses eventos incompatível
com sua atividade no jornal. Jornalistas da Folha podem viajar a convite de
instituições, governos ou personalidades.
Se a viagem resultar em texto publicado, o jornal informa com clareza que o jornalista
teve suas despesas pagas pelo patrocinador. Em muitos casos, a presença de um
jornalista pode alterar a rotina de funcionamento de um determinado serviço ou
evento. Ao testar os serviços de um restaurante, por exemplo, é conveniente que o
repórter permaneça no anonimato e pague sua conta. De outro modo, sua avaliação
poderia ficar comprometida por um atendimento especial ao qual seu leitor não teria
acesso. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
data mining Do ing.Inf.Mkt. recurso no CRM, método us. para extrair informações
específicas e acumuladas sobre clientes ou segmentos de clientes em meio a grande
massa de dados, importante na construção de sistemas de data warehouse.
Fonte: Guia Anatec
As editorias e/ou direção também podem oferecer o Direito de Reposta a vítimas que
não o tenham requisitado.
Os autores da peça (não importa se texto, foto ou vídeo) que tenha originado o pedido
de Direito de Reposta devem ser informados da solicitação e devem saber quando,
como e quanto tempo a resposta vai ficar na rede. Esta informação ao funcionário
e/ou colaborador deverá sempre ser registrada por escrito, via e-mail, e
acompanhada de telefonema.
O autor (ou autores) da peça que originou o Direito de Resposta tem o direito de
conhecer a resposta antes de sua publicação, mas não tem o direito de interferir na
mesma nem de impedir sua publicação.
O autor (ou autores) da peça que originou o Direito de Resposta tem o direito de
elaborar tréplica, que subirá na rede seguindo os mesmos procedimentos descritos
acima nos itens 2, 4 e 5.
Se houver pedido de resposta à tréplica então, o iG abrirá a oportunidade ao
originador da polêmica de publicar mais uma reposta, a última e definitiva, ao lado da
resposta à tréplica. Neste sentido, vítima e agressor se despedem da polêmica em
conjunto. (Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006).
direito de resposta 2 - Editoração / edição- Jornalismo faculdade assegurada por lei
(art. 29 e 30, da Lei no. 5.250,de 09.02.1967,Lei de Imprensa) a “toda pessoa natural
ou jurídica, órgão ou entidade pública, que for acusado ou ofendido em publicação
feita com jornal ou periódico ou em transmissão de radiodifusão, ou a cujo respeito os
meios de informação e divulgação veicularem fato inverídico ou errôneo”, devendo a
resposta ou retificação ser veiculada na mesma publicação, no mesmo lugar, em
caracteres tipográficos idênticos, em edições e dias normais, ou na mesma emissora
e no mesmo programa e horário. Fonte: Guia Anatec
Empatia - Processo pelo qual uma pessoa se coloca no lugar de outra e se identifica
com seus sentimentos, desejos, idéias e ações. Nem sempre é voluntário. Pode
constituir empatia a relação entre telespectador e personagem de telenovela ou a de
fã com cantora. O jornalismo deve explorar a relação de empatia entre o leitor e o
personagem da notícia: a reportagem sobre um acidente aéreo deve dar ênfase a
todos os detalhes que permitam ao leitor colocar-se no lugar de uma das vítimas; a
reportagem sobre a excursão de um aventureiro à Antártida deve ser redigida de
modo a fazer com que o leitor se sinta no lugar do personagem. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Encampação - Todo cuidado é pouco para que o jornal evite passar ao leitor, como
suas, opiniões ou conceitos expressos por outras pessoas. Veja os principais casos
em que a notícia ou o título encampa uma opinião ou conceito alheio:
1 - Quando alguém faz uma declaração reproduzida no título sem a indicação do
nome do autor:
Dados da reserva cambial brasileira estão corretos
O Brasil exportará mais este ano
Lucro já não atrai tanto as empresas
Plano vai repor as perdas salariais
A Terra é um organismo vivo
São Paulo precisa parar de crescer
Em todos esses casos, era indispensável revelar quem dava as informações ou
opiniões, para que o jornal não ficasse responsável por elas.
2 - Quando se admite como verdadeira, no título, uma alegação ou justificativa de
alguém:
Duarte não sabia da ação americana
O jogador que se perdeu na madrugada
Treinador inglês só quer aprender
No primeiro caso, Duarte negou saber da ação americana. O título, porém, diz
taxativamente que ele não sabia. No segundo, o jogador alegou ter chegado atrasado
à concentração porque se perdera, e não porque ficara bebendo. No terceiro, o
treinador inglês está fazendo apenas um jogo de palavras. Um recurso para contornar
o pequeno número de sinais do título é usar aspas:
A CIA, também, "não sabia de nada"
O jogador "que se perdeu" na madrugada.
3 - Se o título confirma uma acusação, pode eventualmente deixar de mencionar o
autor da afirmação, desde que se trate de fonte oficial (como no exemplo abaixo, em
que a própria Casa Branca admitiu o fato):
Reagan agiu para ajudar os contras
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kamikazes que vieram morar no Brasil. Conseguiram ligar para cinco deles. Dois se
recusaram a falar logo de cara. Três hesitavam, ora diziam que só falariam se todos
falassem, ora desistiam. Uma semana depois, resolveram que não dariam entrevista.
Apesar da recusa, escrevi uma carta apresentando o programa de treinamento,
explicando qual era o objetivo da reportagem, mandei uma cópia de outros cadernos
que já tínhamos feito. Com isso, dois deles mudaram de idéia. Tempos depois, um
dos kamikazes me disse que, com a carta, conseguiu entender melhor o que
estávamos pedindo para ele.
Rodeie – advogados, conselheiros, amigos, gente da família que o conheça podem
respaldar seu trabalho e reassegurar o entrevistado. Mas Steve Buttry lembra que
não se pode repassar o trabalho para eles e lavar as mãos. Alguns podem só dizer
que vão ajudá-lo, mas não querem se meter em confusão. Tente mais de um
intermediário ao mesmo tempo.
Deixe-o com a iniciativa – se vai tentar chegar ao entrevistado por meio de um
amigo, parente, médico etc., dê a eles seus telefones e peça que entreguem à fonte.
Isso é mais fácil que convencê-los a dar o telefone da fonte.
Compreenda – a fonte pode ter motivos para não confiar em você, principalmente se
não o conhece. Reconheça isso. Marque um encontro num local neutro, apenas para
que ela possa conhecê-lo e, então, decidir.
Não discuta – o entrevistado tem bons motivos para não querer falar com você. Não
discuta, é perda de tempo. Reconheça as razões dele, mas apresente as suas –e
tente convencê-lo de que as suas são melhores.
Não ameace – Andy Alexander, da cadeia Cox, e Reagan Walker, do Atlanta
Constitution, lembram que pessoas relutantes respondem mal à pressão. O melhor é
explicar o que é a matéria e por que é importante ouvi-lo.
Ignore as negativas – Diga “Só esta pergunta, então”, e pergunte. Se ele responder,
faça outra. Siga assim até que não seja mais possível prosseguir.
Mostre interesse – mesmo que precise publicar a reportagem sem uma fonte, mande
para ela a matéria publicada e volte a pedir uma entrevista.
Insista – uma semana depois, um mês depois, um ano depois. Marque na agenda.
Se a entrevista é importante, não desista. Uma hora você consegue.
(Fonte: SOUSA PINTO, Ana Estela de. Blog “Novo em Folha”. Disponível em
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2007-11-25_2007-12-01.html#2007_12-
01_18_53_09-11540919-0 , acessado em novembro/2007).
compreensão do que foi dito. Mas não troque palavras ou modifique o estilo da
linguagem do entrevistado. Se relevantes, eventuais erros ou atos falhos do
entrevistado podem ser destacados com a expressão latina sic entre parênteses.
Restrinja o uso desse recurso.
Recomenda-se ainda preservar a ordem original em que as perguntas foram feitas.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Fato - Entre um fato e uma declaração prefira o primeiro. Descrever um fato com
correção e inteligência exige sensibilidade, informação sobre o assunto e
conhecimento do idioma. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Feature - Gênero jornalístico que vai além do caráter factual e imediato da notícia.
Opõe-se a "hard news", que é o relato objetivo de fatos relevantes para a vida
política, econômica e cotidiana. Um "feature" aprofunda o assunto e busca uma
dimensão mais atemporal. Define-se pela forma, não pelo assunto tratado. Pode ser
um perfil, uma história de interesse humano, uma entrevista. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
seu superior, ainda que não diga respeito direto à sua área de atuação. A Secretaria
de Redação se encarrega de redigir e distribuir os flashes. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Fotografia - Recurso essencial do jornalismo contemporâneo. Uma boa foto pode ser
mais expressiva e memorável que uma excelente reportagem. No jornalismo, o valor
informativo é mais importante que a qualidade técnica de uma foto. São qualidades
essenciais do fotojornalismo o ineditismo, o impacto, a originalidade e a plasticidade.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
b) Reivindicações;
c) Propostas dos empregadores;
d) Inflação acumulada desde o mês do último dissídio;
e) Acordo obtido (quando houver);
f) Número de trabalhadores da categoria profissional em questão;
g) Número de participantes da assembléia que decidiu a greve (e porcentagem do
total da categoria que esse número representa);
h) Número de votos que a proposta de greve recebeu e de votos das outras propostas
submetidas à assembléia. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Habeas corpus - Em latim, que tenhas o teu corpo. Garantia individual estabelecida
na Constituição para quem sofrer ou estiver ameaçado de sofrer, por ilegalidade ou
abuso de poder, restrição em sua liberdade de locomoção. Concede-se habeas
corpus, por exemplo, em caso de prisão ilegal e ação penal instaurada sem justa
causa. Qualquer um pode impetrar habeas corpus em favor de alguém,
independentemente de presença de advogado. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Hard news - Em inglês, tem o sentido de notícia importante. Designa o relato objetivo
de fatos e acontecimentos relevantes para a vida política, econômica e cotidiana.
Opõe-se a "soft news" e "feature", textos mais leves e saborosos que não precisam
ter relação imediata com a descrição de um acontecimento (por exemplo, um perfil).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Hipótese - Toda pauta parte de uma hipótese, ou seja, de uma suposição inicial que
vai ser corroborada ou não pela reportagem. Procure cristalizá-la na forma de uma
sentença, que, se confirmada, pode depois se tornar o título da matéria. Refletir sobre
hipóteses ajuda a organizar melhor o trabalho de reportagem.
Um exemplo: na preparação da cobertura de uma greve geral, repórteres e editores
discutem se é mais provável que ela fracasse ou que tenha sucesso; ou, ainda, se a
iniciativa das centrais sindicais visa unicamente a conquistar benefícios para os
trabalhadores ou a atingir objetivos político-partidários. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Quando a pessoa não quiser informar a idade ou pedir que ela seja omitida, respeite.
Não é necessário dizer no texto que ela se recusou a dizer a idade, embora em
alguns casos isso possa se tornar relevante para a notícia. Os repórteres sempre
devem perguntar a idade das pessoas entrevistadas, mesmo que, à primeira vista,
trate-se de personagem secundário.
Se o personagem aparecer em mais de um texto na mesma página, a idade deve
constar apenas em um deles, de preferência no primeiro. Também não é necessário
que a idade e outras informações de referência (localização, hora) apareçam logo no
lide, congestionando-o. A prioridade é a notícia, o fato. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Investigação jornalística - Tudo o que possa ser notícia merece ser investigado. Em
maior ou menor grau, toda reportagem implica trabalho de investigação. Em vez de
simplesmente colecionar declarações, o repórter deve usar todos os recursos a seu
alcance para revelar aspectos pouco conhecidos do assunto em pauta. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Jornalismo crítico - Princípio editorial da Folha. O jornal não existe para adoçar a
realidade, mas para mostrá-la de um ponto de vista crítico. Mesmo sem opinar,
sempre é possível noticiar de forma crítica. Compare fatos, estabeleça analogias,
identifique atitudes contraditórias e veicule diferentes versões sobre o mesmo
acontecimento.
A Folha pretende exercer um jornalismo crítico em relação a todos os partidos
políticos, governos, grupos, tendências ideológicas e acontecimentos. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
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Leitor - Leitor primário é aquele que compra o jornal. Leitor secundário é aquele que
tem acesso ao jornal, embora não tenha o hábito de comprá-lo.
A Folha procura manter relação transparente com seus leitores. Isso se expressa na
instituição do ombudsman, no reconhecimento de seus erros e omissões e na
disposição para corrigi-los. Expressa-se também na divulgação de seus documentos
internos, como este manual.
Faz parte da filosofia editorial da Folha poupar trabalho a seu leitor. Quanto mais
trabalho tiver o jornalista para elaborar as reportagens, menor trabalho terá o leitor
para entender o que o jornalista pretende comunicar. O jornal deve relatar todas as
hipóteses sobre um fato em vez de esperar que o leitor as imagine. Deve publicar
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cinco últimas em São Paulo, para onde havia sido transferido no dia 26 de março.
Tancredo Neves tinha 75 anos. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Lide 2 – Tenha sempre presente: o espaço hoje é precioso; o tempo do leitor,
também. Despreze as longas descrições e relate o fato no menor número possível de
palavras. E proceda da mesma forma com elas: por que opor veto a em vez de vetar,
apenas?
Procure dispor as informações em ordem decrescente de importância (princípio da
pirâmide invertida), para que, no caso de qualquer necessidade de corte no texto, os
últimos parágrafos possam ser suprimidos, de preferência.
Encadeie o lead (nota do professor: o manual do estadão grafa “lead”, mas
vamos usar em classe “lide) de maneira suave e harmoniosa com os parágrafos
seguintes e faça o mesmo com estes entre si. Nada pior do que um texto em que os
parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem
nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil de acompanhar, como faz a atenção
do leitor se dispersar no meio da notícia.
Por encadeamento de parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios
lingüísticos, como por outro lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não obstante e
outros do gênero. Busque formas menos batidas ou simplesmente as dispense: se a
seqüência do texto estiver correta, esses recursos se tornarão absolutamente
desnecessários. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo;
O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Lide 3 - O Último Segundo adota a desburocratização, ou descongelamento, do lead
proposto pelo americano Rick Zahler. Ele combate o fato de o jornalista pegar
eventos dinâmicos e congelá-los. No jornalismo, em geral, a seqüência do tempo
simplesmente vira “ontem” ou “hoje”. Lugares são apenas a origem da informação,
com data. A idéia é pôr as coisas em movimento. A saber:
O Quem se converte em personagem.
O Que é a história.
O Onde é o cenário da ação.
O Por Que se torna motivação ou causa.
O Como se converte em narrativa, ou a forma como todos os elementos se encaixam.
Neste sentido o lead fica assim:
O Quem é o personagem.
O Que é a história.
O Onde é o lugar da ação.
O Como e o Por Que são o desenrolar da ação.
Pode-se, então, misturar informação e narrativa. As notícias deixam de ser somente
dados e ganham significados. Isso exige maior esforço de reportagem e maior
curiosidade por parte do jornalista.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)
Lide 4 - Ocupar o primeiro parágrafo das notícias com:
a) um resumo conciso das principais e mais recentes informações do texto,
esclarecendo o maior numero das seguintes perguntas relativas ao acontecimento:
quê?, quem?, onde?, como?, e por que?;
ou:
b) um aspecto mais sugestivo e suscetível de interessar o leitor no acontecimento.
Só compor de modo diverso o primeiro parágrafo em casos de matérias muito
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Lobby - Grupo de pressão formado para influenciar pessoas com poder de decisão e
de convencimento, como congressistas e jornalistas. A função é institucionalizada nos
Estados Unidos. No Brasil, não está regulamentada. Em muitos casos, pouco se
diferencia do simples aliciamento. O jornalista deve dispensar ao lobista a mesma
atenção cautelosa que dispensa ao assessor de imprensa, relações-públicas e
divulgador. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Mandato do leitor - Nas sociedades de mercado, cada leitor delega ao jornal que
assina ou adquire nas bancas a tarefa de investigar os fatos, recolher material
jornalístico, editá-lo e publicá-lo. Se o jornal não corresponde a suas exigências, o
leitor suspende esse mandato, rompendo o contrato de assinatura ou interrompendo
a aquisição habitual nas bancas. A força de um jornal repousa na solidez e na
quantidade de mandatos que lhe são delegados. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Memória - 1 - Fatos importantes deverão ser sempre evocados pelo jornal por
ocasião do aniversário deles, desde que se trate de datas redondas, como, em geral,
1, 5, 10, 25, 50, 75, 100, 150, 200, 250, 300, 400 ou 500 anos. Valem para esse
registro ocorrências policiais que marcaram época, nascimento e morte de alguém,
lançamento de um movimento artístico, político ou econômico, edição de livro
histórico, etc. Quando se tratar de acontecimentos relativamente recentes, nunca
deixe de mencionar onde está ou o que faz hoje cada uma das pessoas envolvidas no
noticiário da época. A dimensão da matéria ficará na dependência direta da
importância do evento que se pretenda recordar.
2 - Nem sempre, porém, apenas essas datas justificam matérias. Por exemplo, é
sempre conveniente dar um balanço do primeiro semestre ou ano de um governo
(municipal, estadual ou federal), de um programa oficial (Plano Verão), de uma
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ausência muito sentida (um ano sem Drummond). Em outros casos, datas como 15,
35, 40, 60 ou 80 anos podem ser excelente pretexto para se reviver fato
aparentemente esquecido ou personagem de que se fale pouco ultimamente (revolta
de Aragarças ou Jacareacanga, aniversário da morte de escritores como Otávio de
Faria, 70 anos da Semana de Arte Moderna, 35 anos da 1ª Bienal de São Paulo,
etc.).
3 - Mesmo que, aparentemente, não exista nada de novo a respeito, nunca deixe cair
no esquecimento fatos que tenham sido objeto de intenso noticiário jornalístico meses
ou anos antes, sem, no entanto, se poderem considerar encerrados. Fugas
espetaculares (onde anda quem fugiu?), irregularidades denunciadas e não apuradas
de forma definitiva ou conclusiva, crimes ainda não esclarecidos (afinal, onde estão
os suspeitos, os mandantes, os cúmplices?), obras interrompidas ou muito lentas
(usinas de Angra, Ferrovia do Aço, rede de silos, etc.). O necessário, apenas, é que
se procure um ângulo novo ou menos explorado para justificar a volta ao assunto.
Muitas vezes, no entanto, a própria omissão e desleixo dos responsáveis será razão
suficiente para tanto.
4 - Nunca deixe de consultar o levantamento preparado pelo Arquivo do Estado com a
relação das principais efemérides do mês. Nele você encontrará sempre assuntos
que merecem ser relembrados.
Veja também “pesquisa”, “pauta”, “notícia” e “notícia (importância).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Não é impossível que o avião em que o deputado viaja se atrase ou fique retido em
alguma cidade e que ele não tenha chegado a São Paulo, como dizia a notícia. Outro
exemplo de risco:
O time do Santos, que jogou ontem à noite em Riad, acaba de contratar o
jogador X.
Se a notícia de que houve o jogo ontem à noite figurou no jornal apenas porque o fato
estava previsto, quem pode garantír que algum imprevisto não tenha provocado o
adiamento do jogo? Lembre-se: o improvável não é inviável, nesses casos.
2 - Procure sempre uma forma de não se comprometer nem ao jornal nessas
situações. Por exemplo:
O deputado Antônio de Campos, cuja chegada a São Paulo estava prevista
para a madrugada, disse ontem em tal lugar que...
O Santos, que tinha jogo marcado ontem à noite em Riad (tantas horas do
Brasil), acaba de contratar o jogador tal.
O leitor obviamente sabe que o jornal fecha no fim da noite e não pode prever fatos
do gênero. A orientação vale para qualquer tipo de antecipação. O folclore do
jornalismo está repleto de informações como essas que não se confirmaram. Não
contribua para ampliá-lo.
Veja também “barriga” e “projetos oficiais”.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Trate de forma impessoal o personagem da notícia, por mais popular que ele seja: a
apresentadora Xuxa ou Xuxa, apenas (e nunca a Xuxa), Pelé (e não o Pelé), Piquet
(e não o Piquet), Ruth Cardoso (e não a Ruth Cardoso), etc. (Fonte: MARTINS,
Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Off he record - Em inglês, fora dos registros. Designa informação de fonte que se
mantém anônima. O oposto de "off" é a informação "on", em que a fonte aparece
identificada. No Brasil, a maioria das informações "off the record" são publicadas. A
Folha trabalha com três tipos de informação "off the record":
a) "Off" simples - Obtido pelo jornalista e não cruzado com outras fontes
independentes. Se tiver relevância jornalística, pode ser publicado em coluna de
bastidores, com indicação explícita de que se trata de informação ainda não
confirmada. Eventualmente, um "off" simples de fonte muito confiável pode ser
publicado como notícia sem cruzamento;
b) "Off" checado - Informação "off" cruzada com o outro lado ou com pelo menos duas
outras fontes independentes. Em texto noticioso, o "off" checado deve aparecer sob a
forma A Folha apurou que etc., a ser usada com comedimento. Admite-se que o texto
indique a origem aproximada da informação: A Folha apurou junto a médicos do
manicômio Santa Izildinha que o ministro está internado para tratamento de psicose
maníaco-depressiva;
c) "Off" total - Informação que, a pedido da fonte, não deve ser publicada de modo
algum, mesmo que se mantenha o anonimato de quem passa a informação. O "off"
total serve só para nortear o trabalho jornalístico. Exemplo: um assessor da Prefeitura
diz, em "off" total, que um novo sistema de multas de trânsito será implantado na
cidade e já está em estudos na Secretaria de Transportes. O jornalista não publica a
informação, mas começa a investigar, na secretaria, o teor das mudanças. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Na Folha, onde o cargo existe desde 1989, o ombudsman é nomeado pela Direção de
Redação. Tem mandato de um ano, renovável por mais um, e estabilidade de um ano
na empresa após deixar o cargo. O ombudsman não tem atribuições executivas. Suas
observações e sugestões devem ser absorvidas com serenidade e ser objeto de
reflexão. No entanto, elas não têm caráter deliberativo, cabendo à Direção de
Redação acatá-las ou não.
Cabe ao ombudsman atender os leitores da Folha e encaminhar suas reclamações à
Redação. As providências que se seguem são comunicadas a ele pela Direção de
Redação, que centraliza todos os contatos. Os contatos profissionais entre o
ombudsman e jornalistas da Folha devem ser previamente autorizados pela Direção
de Redação.
Diariamente, o ombudsman redige uma crítica interna que circula para toda a
Redação no início da tarde. Aos domingos, a Folha publica a coluna do ombudsman,
em que ele faz uma crítica dos meios de comunicação.
É facultado a todos os jornalistas da Folha responder às observações feitas pelo
ombudsman tanto na crítica interna quanto na coluna semanal. Quem centraliza o
trâmite desses casos e os arbitra é a Direção de Redação. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Ouvir o outro lado - Todo fato comporta mais de uma versão. Registre sempre todas
as versões para que o leitor tire suas conclusões.
Quando uma informação é ofensiva a uma pessoa ou entidade, ouça o outro lado e
publique as duas versões com destaque proporcional.
Se a versão ofensiva aparece em título, publique-a do outro lado também em título ou
pelo menos em linha-fina. Dar destaque proporcional é, por exemplo, dedicar para o
outro lado um box de uma coluna dentro de um texto de três colunas. A resposta a
uma acusação, crítica ou opinião divergente jamais deve ser ocultada no final de um
texto ou omitida.
Se não for possível ouvir o outro lado no mesmo dia, o texto deve ser submetido à
Direção de Redação, que decidirá sobre a publicação. O texto que não contém o
outro lado exige uma explicação: Inocêncio Afanés, procurado pela Folha para
responder às acusações do investigador do Deic Diogo Dolon, não foi encontrado em
seu escritório entre 14h e 20h. Quanto mais específica puder ser a explicação,
melhor.
Quando decidir publicar um texto sem ouvir o outro lado, a Folha deve tentar ouvi-lo
no dia seguinte. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível
em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Ouvir o outro lado 2 - Nas versões conflitantes, divergentes ou não confirmadas,
mencione quais as fontes responsáveis pelas informações ou pelo menos os setores
dos quais elas partem (no caso de os informantes não poderem ter os nomes
revelados). Toda cautela é pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o
jornal tenha de fazer desmentidos desagradáveis. (Fonte: MARTINS, Eduardo.
Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Ouvir o outro lado 3 – 1 - Os dois ou mais lados envolvidos numa notícia deverão
ser sempre ouvidos, se possível antes da publicação dos fatos ou declarações. Só
quando alguma pessoa não puder ser encontrada é que se deve deixar sua palavra
para o dia seguinte. .A observação vale especialmente para os casos em que haja
acusações a alguém. Lembre-se: o direito de resposta é sagrado.
2 - Em casos excepcionais o jornal poderá deixar para ouvir a parte acusada apenas
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no dia seguinte. Por exemplo, quando não quiser que uma notícia exclusiva chegue
ao conhecimento dos concorrentes antes da sua publicação ou quando alguma outra
razão superior o determinar.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Ouvir o outro lado 4 – Nada se publica sobre alguém sem que o personagem da
notícia, empresa ou entidade seja ouvida antes. Ao preparar um texto jornalístico, a
redação do Último Segundo deve ouvir todas as partes.
Nada publicar contra ninguém sem ouvi-la antes. Se à pessoa acusada dos maiores
crimes é dada, nos tribunais, a oportunidade de defender-se e de apresentar
livremente a sua posição, um jornalista não pode transformar-se em promotor e juiz
ao mesmo tempo; não pode publicar informações e acusações sem antes procurar a
pessoa, empresa ou entidade mencionada para ouvi-la e reproduzir sua versão.
As diferentes versões ou perspectivas de um fato devem ser colocadas de maneira
clara e isenta. Deve haver uma grande preocupação em ser correto com todos os
lados.
Para o Último Segundo, um texto não pode apenas ser “tecnicamente correto”. O
jornalista pode escrever: “Fulano está envolvido num caso de roubo”. Ou “Roubaram
a carteira do Fulano”. O fato é o mesmo e as duas versões podem ser entendidas
como “tecnicamente” corretas. Mas a primeira delas induz ao erro e à idéia de que
Fulano pode ter roubado algo.
A pessoa, entidade ou empresa acusada deve ser ouvida em qualquer lugar.
Telefonar a alguém em seu escritório às 21h e escrever que a “pessoa procurada não
foi encontrada” é agir irresponsavelmente. Ela deve ser procurada em casa, no
celular, na casa de amigos, onde estiver. O jornalismo é uma função pública e
garante ao jornalista o direito de incomodar alguém, mesmo de madrugada, se for
para falar com todas as partes envolvidas numa reportagem.
No caso de um texto produzido de forma precária em função do “tempo real”, a
redação do Último Segundo inclui na reportagem o texto “O Último Segundo
continuará a tentar contato com Fulano para ouvir sua versão” até que a referida parte
seja ouvida.
Na impossibilidade de publicar a versão do acusado – seja por não conseguir
encontrá-lo, ou a seus representantes, em tempo hábil, seja porque o próprio se
recuse a dar esclarecimentos, a informação sobre os motivos da impossibilidade de
ter a sua versão deve ser claramente explicitada no texto.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)
P
Pauta - 1 - Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está
cobrindo para determinada edição do jornal como a série de indicações transmitidas
ao repórter, não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, principalmente, para
orientá-lo sobre os ângulos a explorar na notícia.
2 - A pauta constitui um roteiro mínimo fornecido ao repórter. Se ela for muito
específica e pedir que ele apure apenas alguns aspectos da notícia, o repórter deverá
obedecer a essa orientação, para evitar que suas informações conflitem com as de
outros jornalistas que estejam trabalhando no mesmo caso ou as repitam. .
3 - O pauteiro (preparador da pauta) deverá sempre que possível incluir na pauta os
telefones de pessoas a entrevistar, endereços de locais que deverão ser procurados e
dados semelhantes, que permitirão ganho de tempo. O repórter, no entanto, deverá
ter iniciativa suficiente para encontrar as pessoas ou locais necessários quando esses
dados não estiverem disponíveis ou forem insuficientes.
4 - Pautas óbvias não necessitarão de muito texto. Espera-se, por exemplo, que um
repórter de cidade saiba o que perguntar ao prefeito ou a um secretário, o que apurar
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numa mudança de trânsito, como cobrir uma expulsão de invasores de área pública,
etc.
5 - O repórter deverá também ter bom senso suficiente para mudar a angulação de
uma pauta sempre que um assunto levantado no meio de uma entrevista ou cobertura
se sobrepuser aos demais pedidos pela pauta. Em caso de dúvida, convém que ele
entre em contato com o pauteiro ou editor para saber se a sua decisão é correta.
6 - Evite dispersão desnecessária de esforços ao montar uma pauta. Você não
precisa pedir a toda a rede local e nacional da empresa entrevistas com 30 ou 40
médicos sobre o avanço da Aids, nem depoimentos de 30 ou 40 pacientes a respeito
da doença, quando meia dúzia ou uma dezena deles já darão um quadro satisfatório
da situação.
7 - De qualquer forma, não hesite em tornar uma pauta grande, sempre que o julgar
necessário. Qualquer aspecto específico de um assunto somente poderá ser cobrado
do repórter se tiver sido pedido na pauta. Mais do que isso, porém: o pauteiro, por sua
própria função (tentar cercar todos os ângulos da notícia), pode ter idéias que não
ocorreriam ao repórter e vice-versa: por isso, é igualmente indispensável que o
repórter complemente uma pauta que tenha deixado de lado algum aspecto
importante de um assunto.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Pauta 2 - É o primeiro roteiro para a produção de textos jornalísticos e material
iconográfico. Deve conter sempre uma hipótese a ser confirmada ou refutada, uma
questão principal a ser respondida. Já a partir da pauta é possível prever títulos
prováveis. A pauta não deve ser só uma agenda. Precisa se preocupar em levantar
enfoques diferenciados sobre os temas, buscar ângulos novos de abordagem,
mostrar agilidade na identificação de novas tendências. É recomendável que a pauta
tenha entre seus objetivos prestar um serviço ao leitor, de forma que o produto final
seja útil para a vida prática de quem lê.
Cada editoria faz sua própria pauta e a discute com as outras editorias e com a
Secretaria de Redação na reunião matinal diária. Cada editoria deve ter uma relação
de temas a serem periodicamente acompanhados. Essa lista deve ser definida em
função da estratégia de cada editoria, levando em conta o perfil do leitor e os temas
que são mais importantes no seu cotidiano. A pauta não deve ser genérica, mas
tentar responder a uma questão específica. Nas pautas eminentemente de serviço,
quanto mais dirigida for a abordagem, mais útil será o resultado para o leitor. Repórter
e responsável pela produção devem discutir os seguintes aspectos ligados à pauta:
a) Histórico dos acontecimentos em questão;
b) Roteiro de perguntas essenciais que o texto deve responder;
c) Itens mais relevantes do assunto na perspectiva da linha editorial da Folha;
d) Fontes que devem ser procuradas para o levantamento de informações, de acordo
com critérios que garantam o pluralismo (posições políticas divergentes, concorrentes
no mercado etc.);
e) Previsão de box ou "side" com personagem envolvido no tema da reportagem,
opinião diferente, texto didático, arte que explique o aspecto analisado ou apresente
dicas de serviço para o leitor;
f) Material iconográfico que vai acompanhar o texto, foto, gráfico, tabela, ilustração,
mapa.
Tão importante quanto pautar a linha do texto da reportagem é pautar a foto ou a arte
que acompanharão o texto. Além da pauta do dia-a-dia, cada editoria deve produzir
pautas especiais discutidas uma vez por semana com os outros editores e a
Secretaria de Redação. As editorias devem ter planejamento de longo prazo para
encartes, cadernos especiais etc.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
Pág. 43- 169 páginas
aprovados os orçamentos.
As pesquisas da Folha devem ser planejadas com antecedência, exceto as
provocadas por fatos jornalísticos que exijam repercussão imediata. Toda editoria
deve ter um editor-assistente responsável pelo planejamento das pesquisas,
produção das artes e matérias de apoio. A editoria que solicita a pesquisa e a Editoria
de Arte devem trabalhar juntas no planejamento, produção e edição das pesquisas.
A edição não pode se limitar à publicação dos números da pesquisa. Esses números
devem ser enriquecidos com casos concretos, personagens, memórias, textos de
apoio, contextualização. As artes têm de ser produzidas com cuidado: têm de
destacar os números principais, não podem saturar o leitor com dados secundários,
devem ter títulos, têm de permitir leitura rápida e fácil, precisam ser revistas várias
vezes para que não contenham erros.
Os textos das pesquisas não devem ser longos. O DataFolha deve ser consultado
sempre que houver dúvida na leitura dos números ou na interpretação das tendências
apontadas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Pool - Designa grupo de jornalistas reunido para uma cobertura importante que, pelas
circunstâncias, não comporta a presença de todos nela interessados ou para ela
credenciados. Esses jornalistas são sorteados ou escolhidos, por critérios como
nacionalidade, tempo de profissão, idade. O grupo assume o compromisso de
informar os colegas excluídos da cobertura.
A Folha participa e admite obter informação de "pool" apenas quando não houver
outra forma de fazer a cobertura. Nesse caso, explique como as informações foram
obtidas. A Folha não faz acordo para esconder informação do leitor, boicotar
personagem pública ou combinar estimativa de números. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Press kit - Designa material preparado por assessoria de imprensa para eventual uso
por jornalista. Em geral inclui press releases e fotos a título de divulgação de evento,
instituição ou personalidade. Não use a expressão em texto noticioso. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Privacidade - A vida particular de personagem público que busca essa condição por
vontade própria tem interesse social. Isso é verdade em especial para os governantes
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Projetos oficiais - Noticie sempre com senso crítico, especialmente quando o projeto
for divulgado por governante ou candidato a cargo público. Nunca dê como certo que
o plano vai se realizar. Jamais escreva algo como: O governador Gastão Malaquias
vai construir 100 mil casas em dois dias. Indique que se trata de promessa
praticamente irrealizável.
Sempre questione de onde virão as verbas para os projetos. Consulte especialistas
para checar a viabilidade do projeto.
Veja também “Notícia antecipada” e “barriga”.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Razões de segurança - Em regra, a Folha publica tudo o que sabe. Mas pode decidir
omitir informação cuja divulgação coloque em risco a segurança pública, de pessoa
ou de empresa. Essa decisão deve ser tomada em conjunto pela Direção de Redação
e pela Direção da Empresa Folha da Manhã S/A. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996). (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Repórter - Jornalista que capta informações, apura, checa, confronta e redige. Deve
reunir grande capacidade de registrar e analisar fatos e detalhes a que o leitor não
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tem acesso. Trabalha como uma espécie de intérprete e deve por isso escrever com
correção e clareza, sem ser trivial.
Tradicionalmente, não era tarefa do repórter atuar na edição do material que produz.
Na Folha, ele precisa ter texto final. Cabe também a ele sugerir artes, fotos, sub-
retrancas, títulos e legendas e adequar seu texto ao tamanho determinado pela
diagramação. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível
em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
S
Seqüestro - É um atentado à liberdade individual. O Código Penal define duas
condutas diferentes: o sequestro puro e simples, punido juntamente com o cárcere
privado (artigo 148) e a extorsão mediante sequestro, quando o autor do crime tem
como objetivo o recebimento de resgate (artigo 159). A lei nº 8.072/90 considera a
extorsão mediante sequestro crime hediondo. Não confunda sequestro com rapto. O
rapto é crime contra a liberdade sexual da mulher (artigos 219 a 222). (Fonte: FOLHA
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Serviços
Em qualquer tipo de matéria de serviços editada em São Paulo (shows, espetáculos,
o que funciona, o que fecha, locais de vacinação, locais de exames, galerias,
ginásios), nunca deixe de incluir o endereço, na notícia: ele é um dos principais
serviços que você estará prestando ao leitor.
Em casos extraordinários do noticiário local (espetáculos em áreas especiais ou ao ar
livre, promoções, exames, vacinação e outras atividades do gênero), pode ser
necessário não apenas fazer um mapa do local do acontecimento, como mostrar ao
leitor a maneira de chegar a ele (de carro, ônibus, metrô, trem ou qualquer outro meio
de transporte disponível).
(nota do professor: a recomendação do Estadão vale para os bairros de nossas
três cidades –Hortolândia, Sumaré e Monte Mor).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Sigilo profissional - O jornalista pode negar-se a revelar como, onde, quando e por
meio de quem obteve determinada informação. O direito ao sigilo de fonte é garantido
pela Constituição e deve ser usado sempre que o profissional julgar necessário
resguardar suas fontes. Em juízo, isso não o exime de provar a veracidade daquilo
que escreveu. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível
em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
mesmo número de suicídios por dia. Uns dias da semana têm mais ocorrências do
que outros, e alguns meses do ano também. Dificilmente há ondas, mas há clusters,
termo usado pelos pesquisadores que poderíamos traduzir por agrupações. Também
há evidência de que as mulheres e os jovens são mais suscetíveis ao contágio.
Enfim, o destaque, tamanho e repetição das publicações influenciam o aumento de
suicídios: quanto maior, pior.
O Brasil necessita de diretrizes baseadas na experiência de pesquisadores em países
diferentes, e não em achismo. Infelizmente, o suicídio é bastante comum, e as taxas
estão crescendo em algumas faixas de idade. É realmente notícia que valha a pena
publicar?
Há indicações de que se deva limitar o destaque e o tamanho da notícia, não colocar
fotos, evitar detalhes e, sobretudo, evitar informações sobre o meio e o local.
Considera-se importante não tratar o suicídio como algo que ele não é — o suicídio
não é um ato misterioso em pessoas normais, comuns; nem é um ato heróico,
romântico, ou racional — e enfatizar o que ele é com muita freqüência: o resultado de
problemas mentais que podem ser tratados com sucesso. Muitas pessoas se matam
porque não se tratam. Uma ação construtiva é dar informações sobre onde e como
encontrar tratamento.
Não se trata de ocultar os suicídios, nem de ofensa à liberdade democrática. Todos
os dias, no nosso planeta, acontece uma infinidade de ações humanas, comuns e
correntes, muitas delas felizes. Não são noticiadas, nem poderiam ser. Jornais, rádios
e televisão selecionam e têm que selecionar. Publicam uma parcela ínfima do que
acontece. Ninguém parece achar que não publicar os risos e as alegrias são uma
forma de censura; mas eles raramente são notícia.
A ocultação é um fenômeno diferente: é deixar intencionalmente de publicar algo cuja
existência pode afetar a população, como fez a ditadura militar, ocultando uma
epidemia de meningite.
Existe também ocultação quando a mídia, voluntariamente ou coagida, deixa de
publicar informação para preservar um governo ou até um sentimento de exagerado
patriotismo, como foi e continua sendo o caso da cobertura da guerra contra o Iraque
nos Estados Unidos.
Isso difere, e muito, de evitar a publicação de suicídios ou dar-lhes destaque,
sabendo que a publicação pode causar muito mal. Ignorar diretrizes que evitam
mortes, com um olho nos indicadores de audiência e publicidade, é pior do que
engano e incompetência: é safadeza.
(Fonte: SOARES, Glaucio Ary Dillon. Professor do Iuperj. Publicado em 02/06/2003.
Disponível em http://www.comunique-
se.com.br/conteudo/newsshow.asp?editoria=237&idnot=9641 ; acessado em
1/1/2008).
T
Telefone - Sempre que possível, o trabalho jornalístico deve ser feito por telefone.
Mas entrevistas de maior profundidade exigem o contato direto entre jornalista e
fonte. O telefone deve ser usado com insistência para localizar fontes de informação
de difícil acesso.
Não esqueça que no Brasil os telefones estão sujeitos a escuta clandestina, o que
pode comprometer o sigilo profissional ou levar o interlocutor a uma atitude
reservada. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
e omissões;
b) Editar as cartas de leitores com críticas ao jornal com o mesmo destaque das que
trazem elogios;
c) Colocar seus documentos internos (manual, projeto editorial) à disposição dos
leitores. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Visita à Folha - Quando for de caráter oficial, o jornal deve registrá-la. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Pág. 55- 169 páginas
A algum lugar e não em - Com verbos de movimento, use a e não em: Fui ao teatro (e não no). /
Cheguei à cidade (e não na). / Chamaram-no ao telefone. / Levou os filhos ao circo. / Desceu ao
segundo andar. / Voltou ao Brasil. / Saiu à janela. Igualmente: chegada a, ida a, vinda a.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
A nível de/em nível de - A expressão ao nível de significa na mesma altura de: ao nível do mar. É
errado usar ao nível de significando em termos de ou no plano de: A nível federal, o governo agirá;
isso não está ao nível da nossa amizade.
O certo seria: em nível federal; no nível da nossa amizade. Apesar de aceitável, evite a expressão,
já desgastada pelo uso abusivo.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
À toa / à-toa (modos de usar) - E "à toa", é com hífen ou sem hífen? "À toa" ou "à-toa"? Vejamos
o trecho da letra de "Tão seu", canção gravada pelo grupo mineiro Skank:
...Não diga que não vem me ver:
de noite eu quero descansar,
ir ao cinema com você,
um filme à-toa no Pathé...
Não diga que você não volta:
eu não vou conseguir dormir,
à noite eu quero descansar,
sair à toa por aí.
A expressão aparece grafada das duas formas, com hífen e sem hífen, e com sentidos
completamente diferentes.
filme à-toa = filme qualquer
Neste caso, "à-toa", que se escreve com hífen e acento indicador de crase no "a", funciona como
uma expressão de valor adjetivo. No segundo caso, sem hífen, a expressão adquire outro
significado:
sair à toa = sair sem rumo, sair a esmo
De todo modo, quando for ao dicionário tirar a dúvida sobre o uso do hífen em determinadas
palavras, esteja atento. Muitos termos aparecem sob as duas formas e com significados distintos
para uma e outra.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
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http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/ortografia/hifen-atoa.htm ; acessado em
30/12/2007).
a/há - Quando se refere a tempo, a preposição a indica geralmente o futuro: O presidente viaja
daqui a uma semana. O verbo haver, quando se refere a tempo, indica o passado e pode sempre
ser substituído por faz: O presidente viajou há uma semana.
Mas cuidado: a preposição a indica qualquer distanciamento no tempo, seja futuro ou passado: A
um ano da morte de Tancredo Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória;
As eleições vão acontecer daqui a dois anos. Experimente substituir o a dessas duas frases por faz
(o que equivaleria a há) e veja que a oração perde o sentido.
Outra situação em que se utiliza o verbo haver é no sentido de existir: Há muita gente na sala.
Neste caso, não há por que confundi-lo com a preposição a. Veja também crase . (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Abreviatura - Nunca invente abreviaturas. As mais comuns são: endereços (al., av., pça., r., tel.,
apto.); valores de grandeza (bi, mi, tri) em títulos e apenas para dinheiro; unidades de medida (g, m,
kg, Hz, w, s); designação de ano ou século em relação à era cristã (a.C., d.C.); na expressão et
cetera (veja etc .); meses do ano em crédito de foto ou arte (jan., fev., mar., abr., mai., jun., jul.,
ago., set., out., nov., dez.); designações comerciais (Cia., Ltda., S/A, S/C ).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Acerca de / cerca de, há cerca de –1 - Acerca de. Equivale a sobre, a respeito de:
Falou acerca da nomeação, do autor, do governo.
Explique-me tudo acerca do PIS.
2 - A cerca de ou cerca de. Corresponde a perto de, aproximadamente:
Os jogadores ficaram a cerca de 20 metros uns dos outros.
Cerca de 100 pessoas estavam ali.
Dizia isso a cerca de 50 alunos.
O exército ficou reduzido a cerca de duas dezenas de homens.
Encontrei-o a cerca de dois quilômetros da casa.
3 - Há cerca de. Usa-se no lugar de faz aproximadamente, desde mais ou menos:
Há cerca de dois anos o governo baixou essas medidas.
Partiu há cerca de 15 minutos.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Adjetivação - O texto noticioso deve limitar-se aos adjetivos que definam um fato (noticioso,
pessoal, vizinho, próximo, sulino, etc.), evitando aqueles que envolvam avaliação ou encerrem
carga elevada de subjetividade (evidente, imponderável, belo, bom, ótimo, inteligente, infinito, etc.).
Mesmo nas matérias opinativas, em que o autor tem maior necessidade de recorrer aos adjetivos, a
parcimônia é boa conselheira. O jornalista pode sempre mostrar que um temporal foi devastador e
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um incêndio foi violento. Ou que uma peça constitui retumbante fracasso. Tudo isso sem poluir seu
texto com dezenas de qualificativos.
Em qualquer tipo de texto, porém, tome cuidado com os “adjetivos fortes”: eles seguramente
surpreenderão o leitor, no mau sentido, ou lhe darão a idéia de que alguém tenta impingir-Ihe
opiniões definitivas sobre algo ou alguém: borbulhante cemitério, nudez estonteante, exuberante
modelo, cidade esfuziante, movimento frenético, sucesso reluzente, idéia fantástica, espetáculo
maravilhoso, cenário deslumbrante, iluminação feérica, participação brilhante, artista genial,
monumental inteligência, êxito retumbante, atuação irrepreensível, desempenho perfeito. (Fonte:
MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Adjetivação 2 - Evite usar em textos noticiosos adjetivos que impliquem juízo de valor e são,
portanto, duvidosos: bonito/feio; verdadeiro/falso; certo/errado. Utilize o que torna mais preciso o
sentido do substantivo: amarelo/azul; redondo/quadrado; barroco/clássico. Em vez de o artista
trabalha com telas grandes, escreva o artista trabalha com telas de três metros por dois.
Nos editoriais, comentários, críticas e artigos, há maior liberdade para o uso do adjetivo. Mesmo
assim, recomenda-se usá-lo com sobriedade. A opinião sustentada em fatos é mais forte do que a
apenas adjetivada.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Admitir - Não use como sinônimo de dizer, declarar ou afirmar. Significa aceitar ou reconhecer fato
em geral negativo: O candidato Odurmeu da Cruz admitiu a derrota depois de abertas as primeiras
urnas. Evite sobretudo introduzir com o verbo admitir respostas insinuadas na própria pergunta do
jornalista: O ministro admite que a inflação pode voltar (ele respondeu "talvez" à pergunta).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Água benta / água-benta (modos de usar) - A famosa "água benta" nada mais é do que a água
abençoada pelo celebrante de algum culto religioso. E que ninguém confunda "água benta" com
"água-benta" (esta, com hífen, é a mardita, a marvada pinga, a cachaça).
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2104200507.htm ; acessado em 30/12/2007)
Ambigüidade - Duplicidade de sentido de uma palavra ou expressão. Deve ser evitada no texto
jornalístico. São causas frequentes de ambiguidade:
a) Ausência de vírgulas - A Prefeitura tem procurado aproveitar os espaços públicos como ruas,
estacionamentos... (a falta de vírgula depois de públicos pode levar a entender que a Prefeitura vai
transformar os espaços públicos em ruas ou estacionamentos) (veja vírgula);
b) Posição inadequada do adjunto adverbial - Legenda de foto: Jânio e sua mulher, Eloá, que
morreu há um mês, na sacada da casa (a colocação de na sacada da casa no final da frase mesmo
com vírgula pode dar a entender ao leitor apressado que Eloá morreu na sacada da casa); pode-se
evitar escrevendo: Na sacada de sua casa, Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês;
c) Sucessão inadequada de termos, orações ou frases - Um protesto contra a impunidade e a
lentidão da Justiça (a colocação de impunidade antes de lentidão da Justiça pode dar a entender
que houve um protesto contra a impunidade da Justiça); é melhor escrever um protesto contra a
lentidão da Justiça e a impunidade;
d) Colocação do que em outra posição que não logo depois do nome que substitui - Paulo esqueceu
o código do cartão, que ele já cancelou (Paulo cancelou o código ou o cartão?); a dúvida só pode
ser resolvida com paráfrases como Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelada ou
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Aonde - Não é sinônimo de onde. Use apenas com verbos de movimento, regidos pela preposição
a, como ir e chegar: Ele vai aonde quer e nunca Estava em São Paulo, aonde jogou uma partida.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Aspas / Itálico (sentido figurado) - Os sinais de pontuação não são enfeites, lenteloujas (ou
lantejoulas, tanto faz), miçangas etc. Têm e cumprem seu papel, muitas vezes bem definido.
No caso das aspas, um dos seus papéis é realçar o sentido figurado com que se empregou
determinada palavra ou expressão. Se um matreiro felídeo (isto é, um gato, sem aspas, como o é o
gordo, guloso e preguiçoso Garfield, por exemplo) perambula pela fiação de determinado lugar e
causa um curto-circuito, a culpa é do gato. Se humanos desastrados fazem ligações elétricas
clandestinas e isso causa curtos-circuitos, a culpa é do "gato".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Gato matreiro, sensual, incendiário. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0301200804.htm; acessado em 3/1/2008).
(Nota do professor: o itálico também pode ser usado com o mesmo sentido)
Através de / por meio de - No seu sentido correto, esta locução equivale a por dentro de, de um
lado a outro, ao longo de, no decurso de. Exemplos: andou através de campos e matas; velejou
através de todo o mar; observava através da janela; foi sempre o mesmo cidadão através dos anos.
A sugestão indicada por eles é que se evite recorrer a através de como sinônimo de por meio de,
por intermédio de ou por [ou mesmo mediante], uma vez que a maior parte dos dicionários não
registraria a locução com este sentido. Assim sendo, expressões como ...através do telefone,
...através deste, ...através de um comunicado, ...através do botão, ...através do rádio, estariam
incorretas.
Acontece, porém, que o novo Dicionário Aurélio Século XXI (1999) já registra esta locução com o
sentido de por intermédio de. Noto que em jornais, revistas, manuais, TV ou outros meios de
comunicação, quer na fala, quer na escrita, as pessoas dificilmente utilizam por meio de ou por
intermédio de, preferindo a forma através de. Esta forma, de tão generalizada, acabou se
consagrando na língua?
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz . Senhor doutor - Através de. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=22&rv=Gramatica. Acessado em 19/1/2008).
Bagatela (modos de usar) - A palavra “bagatela” tem sido usada por alguns jornalistas
equivocadamente como sinônimo de “exorbitância”, no sentido de “preço muito alto, excessivo” ou
ainda “o que vai além da medida justa, do esperado; excesso”. Na verdade, quando se diz “A
bagatela de 1 bilhão de dólares”, o sentido é irônico.
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Bem-educado / bem educado (modos de usar) - Com hífen, tem-se um sinônimo de "que tem
bons modos" etc. Sem hífen, julga-se o modo como as pessoas são educadas. "Mais bem
educados" significa "educados de modo mais eficiente"; "mais bem-educados" significa "mais
gentis".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2511200715.htm ; acessado em 30/12/2007.)
clichês recentes, difundidos principalmente pela televisão e pelo rádio e adotados inadvertidamente
pelos jornais. Veja os tipos mais usuais de lugares-comuns e algumas dezenas deles. Considere-os
exemplos de outros que deverão igualmente ser expurgados do noticiário:
1- As frases e locuções. Entre os chavões mais freqüentes, estão as locuções e combinações
invariáveis de palavras (sempre as mesmas, na mesma ordem) que também comprometem o texto.
Neste caso se enquadram ainda as frases feitas que, embora originárias da linguagem popular (dar
a volta por cima, por exemplo), terminam por se repetir à exaustão, produzindo o mesmo efeito do
lugar-comum. Eis os principais exemplos:
abertura de contagem
abrir com chave de ouro
acertar os ponteiros,
a duras penas
agarrar-se à certeza de
agradar a gregos e troianos
alto e bom som
ao apagar das luzes
aparar as arestas
apertar os cintos
à saciedade
às escâncaras
a sete chaves
atear fogo às vestes
atingir em cheio
a toque de caixa
baixar a guarda
banco dos réus
bater em retirada
cair como uma bomba
cair como uma luva
cantar vitória
carro-chefe
causar espécie
cavalo de batalha
chegar a um denominador comum
chover a cântaros
chover no molhado
chumbo grosso
colhido pelo ônibus
colocar um ponto final
com a rapidez de um raio
comédia de erros
como um raio
conjugar esforços
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consternou profundamente
coroado de êxito
correr por fora
cortina de fumaça
crivar de balas
dar com os burros n’água
dar mão forte a
dar o último adeus
debelar as chamas
de cabo de esquadra
deitar raízes
deixar a desejar
de mão beijada
depois de um longo e tenebroso inverno
desbaratada a quadrilha
de vento em popa
dirimir dúvidas
discorrer sobre o tema
dispensa apresentações
dizer cobras e lagartos
divisor de águas
do Oiapoque ao Chuí
em compasso de espera
empanar o brilho
em ponto de bala
em sã consciência
encerrar com chave ou com fecho de ouro
ensaiar os primeiros passos
entreouvido em...
esgoto a céu aberto
estourar ou explodir como uma bomba
faca de dois gumes
fazer as pazes com a vitória
fazer das tripas coração
fechar as cortinas
fechar com chave de ouro
fez o que pôde
ficar à deriva
fincar o pé
fugir da raia
hora da verdade
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inserido no contexto
jogar a pá de cal
jogar as últimas esperanças
jogo de vida ou morte
lavrar um tento
leque de opções ou de alternativas
levar às barras dos tribunais
literalmente lotado ou tomado
lugar ao sol
mão de ferro
morrer de amores
morto prematuramente
na ordem do dia
nau sem rumo
página virada
palavra de ordem
parece que foi ontem
passar em brancas nuvens ou em branco
perder o bonde da história
perdeu um ponto precioso
perdidamente apaixonado
petição de miséria
poder de fogo
pomo da discórdia
pôr a casa em ordem
pôr a mão na massa
pôr as barbas de molho
pôr as cartas na mesa
preencher uma lacuna
prendas domésticas
procurar chifre em cabeça de cavalo
propriamente dito
reencontrar o seu futebol
requintes de crueldade
respirar aliviado
reta final
sagrar-se campeão
saraivada de golpes
sentar-se no banco dos réus
tábua de salvação
tecer comentários ou considerações
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ilustre professor
ilustre visitante
impiedosa goleada
infausto acontecimento
inflação galopante
inteiro dispor
intriga soez
jogador voluntarioso
laços indissolúveis
lamentável equívoco
lance duvidoso
lauto banquete
manobra audaciosa
mera coincidência
obra faraônica
pai extremoso
parcos conhecimentos
pavoroso incêndio ou desastre
perda irreparável
pertinaz doença
pista escorregadia
poeta inspirado
prestigioso órgão
profundas raízes
profundo silêncio
rápidas pinceladas
recônditos rincões
relevantes serviços
rigoroso inquérito
semblante carregado
silêncio sepulcral ou tumular
singela homenagem
Sol escaldante
sólidas tradições
sólidos conhecimentos
sonho dourado
subida íngreme
suculenta feijoada
tarefa hercúlea
tradicionais estirpes
trágica ocorrência
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tumulto generalizado
último adeus
vaias estrepitosas
valoroso soldado
vetusto casarão
violento incêndio
viúva inconsolável
3 - As imagens. As pessoas cidades e coisas têm nomes: Criar imagens, apelidos ou definições que
os substituam só contribui para a disseminação de uma série de lugares-comuns que o jornal, por
sobriedade e bom senso, tem a obrigação e o dever de evitar. Jamais os utilize como opção para as
palavras que estão entre parênteses:
Garoto do Parque (Rivelino)
Galinho de Quintino (Zico)
Cidade Luz (Paris)
Cidade Maravilhosa (Rio)
esporte bretão ou esporte das multidões (futebol)
tríduo de Momo (carnaval)
precioso líquido (água)
astro-rei (Sol)
rainha da noite (Lua)
soldado do fogo (bombeiro)
próprio da Municipalidade (Pacaembu)
o maior estádio do mundo (Maracanã)
enlace matrimonial (casamento)
data magna da Cristandade (Natal)
tapete verde (gramado)
balão de couro (bola)
instrumento de trabalho (bandeirinha)
tiro de quina (escanteio)
profissional do volante (motorista)
4 - As idéias. Não são apenas as palavras, frases, construções ou duplas que se reproduzem ao
infinito nos textos, mas também as idéias ou formas de abrir as matérias. por isso, desconfie sempre
de imagens “diferentes” que surjam prontas na sua cabeça e tente lembrar-se se não passam de
recordações de outras que você já leu antes. A seguir algumas dessas fórmulas prontas que
aparecem com freqüência nas matérias de jornais e revistas especialmente:
a) Sonho-Pesadelo. A oposição sonho-pesadelo é uma delas e veja exemplos reais de como ela já
foi empregada em todo tipo de reportagem ou notícia, principalmente nos títulos e leads:
Casa própria, o sonho que vira pesadelo
Sonho de carro vira pesadelo nos consórcios
Classe média: acaba o sonho e começa mais um longo pesadelo
Aposentadoria o sonho que vira pesadelo a cada fim de mês
Ser o próprio patrão, outro sonho que virou pesadelo
Sonho brasileiro do tetra vira pesadelo
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Com você / Consigo (modos de usar) - O pronome "si" sempre tem valor reflexivo, isto é, retoma
o sujeito da oração. Assim: "Foi o advogado de si próprio". Nessa frase, seria incorreto o uso do
pronome "ele" ("dele próprio") no lugar de "si", construção, aliás, corriqueira.
Como o pronome "si" é reflexivo (pelo menos, no português do Brasil), não cabe a ele remeter ao
interlocutor numa frase como "Quero falar consigo amanhã". Nesse caso, a forma "consigo" foi
incorretamente empregada no lugar de "com você", "com o senhor", "com Vossa Excelência" ou
mesmo "contigo". "Consigo" é correto no sentido de "consigo próprio".
(Fonte: CAMARGO, Thaís Nicoleti de. O emprego dos pronomes pessoais. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u28.shtml ; acessado em
4/1/2008)
Comparações – Por transmitirem freqüentemente uma imagem afetada, quando não artificial, as
comparações devem ser usadas com extremo rigor ou evitadas, o que é sempre mais prudente.
Mesmo na linguagem coloquial, recomenda-se cautela. Atente para alguns maus exemplos (reais)
do recurso às comparações:
Para sua substituição, há tantas possibilidades quanto estrelas no universo.
A cidade no Natal volta a ficar movimentada como um formigueiro.
Ele reclamou feito um louco.
Estava apanhando mais do que Judas em sábado de Aleluia.
Soltava fogo pelo nariz como um dragão.
Uma vez aberto o pacote, as promessas vão para o lixo, como o papel dos embrulhos.
As bandas de rock surgem e somem como cogumelos ou definham tão celeremente quanto
libélulas.
Ficou perdido como um náufrago.
Embora não constituam propriamente comparações, existem imagens de reforço da frase que têm
quase a mesma função e incorrem em idêntico tipo de risco:
Uma avalanche de fotógrafos cercou o artista.
Havia na sala um clima de velório.
Esperava-se um calor de rachar catedrais.
Devem ser evitadas a todo custo, em benefício da objetividade. (Veja também “clichê”, “óbvio” e
“impropriedade”)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Concordância -
concordância nominal - Preste atenção ao cortar e reescrever textos. É deste trabalho que surgem
os piores erros de concordância nominal:
A medida foi criticados
Aparelhagem de microscopia mal regulado
Esse tipo de erro ocorre quando o redator troca um substantivo por outro de gênero ou número
diferentes -decretos por medida, aparelho por aparelhagem- e não adapta o adjetivo. Redobre a
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As expressões um e outro e nem um nem outro podem ser usadas tanto com plural como com
singular, indistintamente: um e outro é bom ou um e outro são bons. Prefira o plural se a expressão
vier acompanhada de um substantivo: um e outro homem são bons.
Também costumam apresentar dificuldade os seguintes tópicos:
a) Ou - Use o singular se ou introduzir idéia de exclusividade:
Nicodemo ou Aristarco será eleito presidente (apenas um deles será eleito)
Se os dois agentes puderem realizar a ação, o verbo vai para o plural:
Nicodemo ou Aristarco devem chegar nos próximos minutos
b) Nem - Pode levar o verbo para o plural ou o singular, indistintamente.
Nem Ulisses nem Eneas será eleito presidente
Nem Ulisses nem Eneas serão eleitos presidente;
c) Com - Se a relação for de igualdade, o verbo vai para o plural:
O general com seus oficiais tomaram o quartel
Se os elementos não têm a mesma participação, o verbo vai para o singular:
Bush com seus aliados venceu o Iraque
Esse tipo de concordância também vale para expressões como não só... mas também, tanto...
como, assim... como. Esse tipo de construção é precioso demais para textos noticiosos;
d) Verbo antes do sujeito composto - Nestes casos, o verbo pode concordar com o elemento mais
próximo ou com o conjunto:
Estréia o filme e a peça
ou
Estréiam o filme e a peça
Use o plural se o sujeito composto for uma sucessão de nomes próprios ou se a ação for de
reciprocidade:
Adoeceram Maria, Carla e Paula
Enfrentam-se Corinthians e Palmeiras
Essas construções também são preciosas demais para ser usadas em textos noticiosos;
e) Gradação/resumo - Sujeitos compostos devem ser conjugados com o verbo no singular se
constituírem uma gradação:
Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o joão-ninguém, agora é cédula de Cr$
500,00! (Carlos Drummond de Andrade).
O singular também vale para sujeitos compostos resumidos por palavras como tudo, nada,
ninguém, nenhum, cada um:
Jogo, bebida, sexo e drogas, nada pôde satisfazê-lo
f) Pronomes - Eu e tu somos, tu e ele sois, eu e ele somos. A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª, que
prevalece sobre a 3ª. Essas construções são raras no jornalismo.
Se o pronome pessoal vier antecedido de interrogativos ou indefinidos como quais, quantos, alguns,
poucos, muitos, na norma culta, o verbo concorda com o pronome pessoal:
Poucos de nós conhecemos a gramática
Admite-se também a concordância mais coloquial com o indefinido ou interrogativo
Poucos de nós conhecem a gramática
g) Quem/que - Sou um homem que pensa ou sou um homem que penso, mas sou eu quem fala.
Com quem o verbo vai sempre para a 3ª pessoa;
h) Pronomes de tratamento - O verbo e o pronome possessivo ficam sempre na 3ª pessoa
Vossa santidade deseja sua Bíblia?
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Consigo / com você (modos de usar) – Consulte Com você / Consigo (modos de usar)
Crase - Contração do artigo definido feminino a com a preposição a. Em vez de se grafar aa, grafa-
se à. A pronúncia correta é a. Só se usa crase quando uma palavra (substantivo ou adjetivo) exigir a
preposição a e houver um substantivo feminino que admita o artigo a ou as:
Vou à escola
Assim, é erro grave colocar crase antes de nomes masculinos ou verbos ou pronomes, pois esses
termos (salvo em raras exceções) não admitem artigo feminino. Estão erradas as construções: Vou
à pé, ele está à sair, entrega à domicílio, venda à prazo, direi à ela, não contou à ninguém. Também
não se usa crase quando a preposição a estiver seguida de palavra no plural: discursou a
autoridades, presta socorro a vítimas. O mesmo vale para expressões em que já houver uma
preposição antes da preposição a: foram até a praça, ficaram até as 19h.
Há uma regra geral que dá conta da maioria dos casos: troque a palavra feminina por outra
masculina. Se na substituição for usada a contração ao, haverá crase. Caso contrário, não:
estar à janela porque se diz estar ao portão
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Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de usar) – "Outra dúvida e que está
caindo direto em concursos é quanto à contração da preposição com o artigo antes de um
substantivo, como no exemplo: Corrente de peso tem defendido a possibilidade de a União
conceder isenções de quaisquer tributos no âmbito do Direito Internacional."
"Há um erro que volta e meia encontro em jornais e revistas. Veja este exemplo: Apesar dos
políticos serem corruptos, o Brasil progride. Como ‘os políticos’ é o sujeito do verbo ser, não pode
contrair-se com a preposição ‘de’. E a frase correta é: Apesar de os políticos serem corruptos, o
Brasil progride. [...]
Para começo de conversa, devemos observar a presença imprescindível do verbo no infinitivo [p.
ex. conceder, ser] nesse tipo de estrutura frasal. A mencionada contração pode ocorrer na seguinte
seqüência: preposição DE + artigo o,a + substantivo + INFINITIVO. Ou então DE + ele/ela +
INFINITIVO. Isso porque na fala há uma natural contração do DE com a vogal seguinte, ficando
DA, DO, DELE, DELA. Entretanto, pela gramática normativa, não se deve fazer isso na escrita
porquanto "não existe sujeito preposicionado".
Assim, quando se diz, por exemplo, "Está na hora da onça beber água", a onça, sujeito do infinitivo
‘beber’, fica precedida por uma preposição "atentatória" às normas gramaticais. Só que em alguns
casos realmente não soa bem a separação da preposição, especialmente neste em que temos uma
frase-feita. Dizer "Está na hora de a onça beber água" descaracterizaria a expressão. Mas num
texto formal (e nos concursos!) se trocaria a frase Está na hora do governo intervir no câmbio por
Está na hora de o governo intervir no câmbio.
O bom redator deve conhecer a matéria e ter critério no seu uso, começando por perceber que a
maior parte dessas construções acontece com as expressões o/pelo fato de, apesar de, antes de,
depois de, a possibilidade/o direito de. A confirmar:
Outro ponto delicado é o fato de a droga ser injetável, gerando discussão sobre o manuseio
e descarte das seringas infectadas pelo sangue do usuário com o HIV.
Apesar de a Sars se mostrar altamente contagiosa, não se sabe ainda a velocidade de
expansão da epidemia.
Mágoas, ele tem algumas, especialmente depois de a Justiça não ter levado em conta sua
vida antes do crime.
Há rumores sobre a possibilidade de o grupo negociar sua rendição.
Essa ação não elide o direito de o credor ver cumprida a liminar.
Nas frases em que está presente um substantivo tal como direito ou possibilidade é possível deixar
a contração, porém repetindo a prep. DE: "Essa ação não elide o direito do credor de ver cumprida
a liminar".
Embora malvista em situação formal, devo dizer que essa contração se encontra até em bons
textos, e no correr da leitura poucos reparam na sua "impropriedade":
Apesar do artigo 10 vedar...
Apesar da ação ter transcorrido...
Pelo fato do filho do autor ser menor de idade...
Antes da chuva cair...
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz . O fato de o português ser assim. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=152&rv=Gramatica. Acessado em 2/1/2008).
usar)
“o centro da cidade ficará limpo até o final do mês”, porque “o compromisso do PT é com a
população de São Paulo” e não apenas “com os que votaram nos candidatos do partido”.
4 - Nunca deixe de colocar entre aspas as palavras e expressões contundentes, redundantes ou
óbvias que, pela estrutura da frase, possam ser atribuídas pelo leitor ao jornal, quando na verdade
são do entrevistado:
O time entrará em campo amanhã, “a menos que seja novamente burlado em seus direitos”,
advertiu o presidente.
Para o economista, o orçamento municipal é simplesmente “irresponsável”.
O assaltante disse estar arrependido do crime, embora saiba que isso "não traz a menina de
volta".
5 - Não recorra às declarações textuais apenas como forma de contornar as dificuldades que você
esteja tendo para traduzir as informações ou opiniões do entrevistado. Mesmo que este diga, por
exemplo, que o vulto era de difícil visualização, você, com maior propriedade, escreva
simplesmente: Segundo o entrevistado, a pessoa (ou figura ou vulto) era difícil de identificar (ou
distinguir ou ver).
6 - Embora as declarações entre aspas devam transcrever com fidelidade as palavras do
entrevistado, adapte o texto às normas gramaticais, acerte as concordâncias, elimine as repetições
muito freqüentes e contorne os vícios de linguagem, A menos, claro, que haja alguma razão para se
manter literalmente o texto.
7 - A adaptação do texto às normas lingüísticas não deve, porém, permitir que ele assuma caráter
artificial. Uma jovem cantora, por exemplo, dificilmente diria frases como estas que lhe foram
atribuídas:
“Tudo entre nós sempre foi resolvido no seio da família”
ou
“Meu pai não pôde aceitar ver-me posar nua para uma revista”.
A expressão “seio da família” e a forma “não pôde aceitar ver-me posar” soam falsas no contexto.
8 - Pode haver casos em que convenha ressaltar os erros ou as formas estranhas das declarações
textuais, Nesse caso, nunca deixe de acrescentar um sic, entre parênteses, logo após o erro ou a
afirmação.
9 - Declarações textuais só devem abrir matéria quando forem realmente de grande importância:
“O Brasil voltará a honrar seus compromissos.” Com esta declaração, o ministro X pôs fim
ontem à moratória que o Brasil havia decretado um ano antes.
10 - Não permita que a declaração entre aspas mude o sujeito da oração, transformando o discurso
indireto em direto:
O prefeito garantiu que “eu não permitirei esse descalabro”.
O sujeito estava na terceira pessoa (garantiu) e passou para a primeira (permitirei), quebrando o
ritmo e a estrutura do texto. Casos semelhantes podem ser contornados por construções como:
“Não permitirei esse descalabro”, garantiu o prefeito.
O prefeito garantiu: "Não permitirei esse descalabro”.
O prefeito garantiu que não permitirá "esse descalabro".
outros exemplos igualmente inaceitáveis:
O presidente disse que "chegou ao meu conhecimento que...”
O diretor da TV informou que, "se nós tivéssemos obtido a liminar...”
O maestro afirmou que "podemos muito bem fazer um hino...”
A modelo acha que tem um lado sensual “do qual muito me orgulho”.
O ditador reservava seu tempo livre “para aprofundar-me em assuntos como história e
economia”.
11 - Mesmo que não altere a pessoa do verbo, o uso de pronomes possessivos (nosso, seu, sua,
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Dia-a-dia / dia a dia (modos de usar) - A expressão "dia a dia" é com hífen?
Se você consultar um dicionário, terá como resposta "dia-a-dia". Exatamente assim, com hífen.
Mas... não se dê por satisfeito, não. O uso do hífen depende do caso. Veja o texto deste anúncio, de
um shopping center de São Paulo, veiculado em outdoors:
O dia-a-dia das mães é aqui.
No anúncio, "dia-a-dia" é sinônimo de "cotidiano". A expressão está substantivada e grafa-se com
hífen.
Dia-a-dia = cotidiano
"Dia a dia" pode ser escrita sem hífen também, como na canção "Pacato cidadão", gravada pelo
Skank:
Pacato cidadão, te chamei a atenção
não foi à toa, não
C’est fini la utopia mas a guerra todo dia
dia a dia, não
Tracei a vida inteira planos tão incríveis
Tramo a luz do sol
Apoiado em poesia e em tecnologia
Agora a luz do sol
Nesse caso, "dia a dia" não tem o sentido de "cotidiano". Quer dizer antes "diariamente", "todo dia".
Trata-se de um advérbio. Nesse caso, o hífen está dispensado.
dia a dia = dia após dia, diariamente
Veja outros exemplos de "dia a dia" sem hífen:
Ela melhora dia a dia.
Ela melhora dia após dia.
Ela melhora diariamente.
A expressão "dia-a-dia", portanto, só é grafada com hífen quando é substantivada, quando aparece
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Discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre - O português, como outras línguas,
apresenta normas textuais para nos referirmos, no enunciado, às palavras ou pensamentos de
responsabilidade do nosso interlocutor, mediante os chamados discurso direto, discurso indireto e
discurso indireto livre.
No discurso direto reproduzimos ou supomos reproduzir fiel e textualmente as nossas palavras e as
do nosso interlocutor, em diálogo, conforme vimos nos exemplos nas orações ou períodos
intercalados de citação, com a ajuda explícita ou não de verbos como disse, respondeu, perguntou,
retrucou ou sinônimos (os chamados verbos dicendi). Às vezes, usam-se outros verbos de intenção
mais descritiva, como gaguejar (do exemplo, a seguir, de Graciliano Ramos), balbuciar, berrar, etc.
São os sentiendi, que exprimem reação psicológica do personagem (nota do professor: os verbos
sentiendi costumam ser evitados no jornalismo tradicional). No diálogo a sucessão da fala dos
personagens é indicada por travessão (outras vezes, pelos nomes dos intervenientes):
Uma vez em que me extenuava na desgraçada tarefa percebi um murmúrio:
- Lavou as orelhas hoje?
- Lavei o rosto, gaguejei atarantado
- Perguntei se lavou as orelhas.
- Então? Se lavei o rosto, devo ter lavado as orelhas.
No discurso indireto os verbos dicendi se inserem na oração principal de uma oração complexa
tendo por subordinada as porções do enunciado que reproduzem as palavras próprias ou do nosso
interlocutor, Introduzem-se pelo transpositor que, pela dubitativa se e pelos pronomes e advérbios
de natureza pronominal quem, qual, onde, como, por que, quando, etc., já vistos antes:
Perguntei se lavou as orelhas.
O discurso direto em:
José Dias recusou, dizendo: É justo levar a saúde à casa de sapé do pobre.
passa a discurso indireto, em que se transpõe o presente e o discurso direto para o pretérito
imperfeito do indireto:
José Dias recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre.
O discurso indireto livre consiste em, conservando os enunciados próprios do interlocutor, não fazer-
lhe referência direta (nota do professor: não se usa discurso indireto livre no jornalismo).
Como ensina Mattoso Câmara, mediante o estilo indireto livre reproduz-se a fala dos personagens -
inclusive do narrador – sem “qualquer elo subordinativo com um verbo introdutor dicendi”. Se
tomássemos o exemplo acima de Dom Casmurro, bastaria suprimir a forma verbal dizendo e
construir dois períodos independentes com as duas partes restantes:
José Dias recusou. Era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre.
Uma particularidade do estilo indireto livre é a permanência das interrogações e exclamações da
forma oracional originária, ao contrário do caráter declarativo do estilo indireto. Mattoso Câmara cita
um trecho de Dom Casmurro em que D. Glória tenta demover Pádua da idéia de suicídio (por lhe ter
mudado a vida financeira de repente, mediante um enunciado em estilo indireto livre a partir do
segundo período):
Minha mãe foi achá-la à beira do poço, e intimou-lhe que vivesse. Que maluquice era aquela
de parecer que ia ficar desgraçado, por causa de uma gratificação menos, e perder um
emprego interino? Não, senhor, devia ser homem, pai de família, imitar a mulher e a filha...
Em suma, o discurso indireto livre "estabelece um elo psíquico entre o narrador e o personagem que
fala (...): o narrador associa-se ao seu personagem, transpõe-se para junto dele e fala em uníssono
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com ele".
(Fonte: Excerto do texto: BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de
Janeiro : Lucerna, 2001, p. 353-354).
Dizer (verbo dicendi) - Em princípio, os verbos mais recomendáveis para textos que envolvam
declarações são os insubstituíveis dizer, afirmar, declarar, garantir, prometer e poucos mais.
No seu lugar, podem ser usados outros, desde que com muito critério, entre os quais acreditar,
achar, julgar, admitir, esclarecer, explicar, concluir, prosseguir, etc.
O que não é viável é o uso indiscriminado de pretensos substitutos que na verdade não se prestam
a textos declaratórios ou não têm o sentido que às vezes lhes é atribuído. Veja exemplos
inaceitáveis, todos reais:
“O senhor é de direita ou de esquerda?”, inaugurou fulano (era um repórter dando inicio a
uma entrevista coletiva).
“A polícia é como um corpo tomado 80% pelo câncer”, dispara friamente o delegado.
“O que o candidato de vocês acha da chapa Quércia-Arraes?”, perguntou. “Nada”, cortou
Braz (ele não estava cortando nada).
“Eu gosto é de fazer gol aos 46 minutos do segundo tempo", festejou Milton Reis (repare que
o Milton Reis não está festejando nada).
“A caverna foi formada pelo trabalho das águas que, há muitos anos, pressionaram a rocha e
conseguiram um buraco deste tamanho”, exibe, abrindo os braços (exibe por declara).
“Tenho maioria dos votos do Norte e Nordeste do País e não terei dificuldade de vencer o
prefeito”, comemora (ele está prevendo ou garantindo, mas não comemorando).
“Os professores ganham mal, e estamos com eles nesta batalha, mas as aulas também
andam bem ruins", polemiza a presidente (ela estava dando entrevista e “polemizando”
sozinha).
“Concordo: a sociedade não quer pornografia”, saudou Sandra Cavalcanti (o que ela está
saudando?).
“Acho esse índice de mortalidade muito elevado”, espanta-se, fulano (que na verdade está
opinando, e não se espantando).
Essa prática encerra três riscos:
a) Editorialização. O texto tende a ser opinativo, porque o repórter ou copy atribui juízos de valor às
declarações do entrevistado. E a norma do Estado é deixar a opinião para os editoriais.
b) Artificialidade. Alguém usa palavras como sentencia, sustenta, confidencia, enfatiza, embasa,
notifica e outras semelhantes?
c) “Originalidade”. Inconscientemente, o jornalista participa de uma competição de originalidade que
todos sabem onde começa, mas nunca onde vai terminar.
Veja alguns verbos que você pode usar, desde que expressem com precisão as declarações a
reproduzir: acentuar, achar, aconselhar, acreditar, acrescentar, acusar, adiantar, admitir, advertir,
advogar, afirmar, alarmar-se, alegar, alegrar-se, alertar, ameaçar, analisar, antecipar, anunciar,
apontar, apregoar, aprovar, argumentar, assegurar, atestar, avaliar, avisar, brincar, calcular, citar,
cobrar, comentar, complementar, completar, conceituar, conciliar, conclamar, concluir, concordar,
condenar, confirmar, considerar, constatar, contar, corrigir, cortar, decidir, defender, definir,
demonstrar, denunciar, depor, desafiar, descrever, desculpar-se, desmentir, destacar, duvidar,
entusiasmar-se, esclarecer, exemplificar, explicar, finalizar, frisar, fundamentar, garantir, gracejar,
ilustrar, imaginar, indagar, informar, insinuar, insistir, ironizar, julgar, justificar, lamentar, lembrar,
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manifestar, narrar, notar, objetar, observar, opinar, perguntar, pregar, presumir, prevenir, proclamar,
prometer, propor, prosseguir, protestar, provocar, reafirmar, reagir, rebater, reconhecer,
reconsiderar, recordar, reforçar, refutar, reprovar, retrucar, ressaltar, ressalvar, resumir, revelar,
salientar, sugerir, surpreender-se, vaticinar, etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Duplo sentido - Evite as frases ou palavras que possam dar falsa idéia do que se escreveu, mesmo
que essa impressão seja momentânea e se desfaça com a leitura mais atenta do texto. Na maior
parte das vezes - lembre-se - o leitor passa pela notícia, apenas, e não se detém nela. Veja alguns
exemplos de dubiedade:
O deputado conversou com o presidente da Câmara na sua sala (de qual deles?).
X não aceita Y; quer o irmão (o próprio ou o de Y?).
De 200 denúncias a Sunab só pune 15 (denúncias ou infratores? - no caso, eram infratores).
Ela aparecerá brevemente (no caso, pretendeu-se dizer rapidamente e não em breve) num
seriado.
Prefeito reassume pedindo aumento de salário (não era para ele, mas para os
trabalhadores).
Elevado o prejuízo das lojas (está elevado ou foi elevado?).
Não existe nenhuma possibilidade que seja reformulada (não era a possibilidade, mas o que
se disse antes que seria reformulado).
Ladrão de carro tem pena (foi punido, e não ficou com pena) até o ano 2000.
A mulher do amigo que se acidentou chegou ontem (a mulher ou o amigo?).
Mais alguns casos:
Centro vai funcionar até agosto (isto é, até agosto começa a funcionar e não funcionará
apenas até agosto).
Mesa-redonda debate saída para crises em São Paulo (debate em São Paulo ou as crises é
que são em São Paulo? - no caso, debate em São Paulo).
A loucura de João, que contagiou a mulher (quis-se falar de João, que havia contagiado a
mulher com Aids antes de ficar louco).
Uma promoção especial para você, que está nos últimos dias (a promoção ou você está nos
últimos dias?).
Artista nu impede que jornal circule (não foi um homem nu que impediu, mas a publicação de
uma foto sua, nu, levou à suspensão da circulação do jornal).
Mutirão contra a violência do governo completa um ano (o mutirão é que é do governo, não a
violência, como o texto insinua erroneamente).
Preso acusado de crime (trata-se de um preso que foi acusado de crime ou da prisão do
acusado de um crime?).
Há uma situação especial, digna da maior atenção, em que se termina por afirmar o contrário do
que se pretende:
Sem concurso público, como manda a lei, o governador nomeou o procurador.
Deixando de consultar o Congresso, como determina a Constituição, o presidente nomeou o
embaixador.
Nos dois casos, a lei manda realizar concurso público e consultar o Congresso, embora a rigor a
notícia afirme exatamente o oposto (sem concurso, de acordo com a lei, ou deixando de consultar o
Congresso, de acordo com a Constituição).
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(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Esse / Este– Em português existem três pronomes demonstrativos com suas formas variáveis em
gênero e número e invariáveis [isto, isso, aquilo]. Eles assinalam a posição do objeto designado
relativamente às pessoas do discurso (falante/ouvinte) e ao assunto do discurso (o ser de que se
fala). Há uma estreita relação entre os pronomes pessoais, os possessivos e os demonstrativos:
1ª pessoa - meu - este, esta, isto
2ª pessoa - teu - esse, essa, isso
3ª pessoa - seu - aquele, aquela, aquilo
Apesar de existirem regras para os pronomes demonstrativos, não se constata muita rigidez no seu
uso, principalmente na fala – quando se observa uma assimilação do t pelo s (parece que tudo é
isso, essa, esse) – e sobretudo no tocante ao seu emprego para lembrar ao leitor ou ouvinte o que
já foi mencionado ou se vai mencionar. Vejamos então um esquema de bom emprego dos
pronomes demonstrativos:
Em relação ao lugar:
lugar onde estou: este
lugar onde você está: esse
lugar distante do falante e do ouvinte: aquele
Há neste ponto uma natural correlação com os advérbios de lugar: isto aqui – isso aí - aquilo ali / lá
[jamais de diz * aquilo aqui; pode-se até ouvir *isso aqui, mas por causa da assimilação da letra t , já
mencionada].
Exemplos corretos:
Neste capítulo [o capítulo que V. está descrevendo] apresentamos os objetivos.
Veja (aqui) esta borboleta, que linda!
Que país é este ? perguntam-se os brasileiros. [referindo-se ao Brasil e no Brasil]
Pegue aqui: relacione todos os nomes citados neste livrete.
Em atenção a pedido dessa instituição, estamos remetendo a V. Sa. o boletim ECO.
Traga-me esses livros que estão com você.
Logo que puder, despacharei os pacotes para essa cidade.
Emprego em relação ao tempo:
tempo presente: este
passado ou futuro próximo: esse
passado distante: aquele
Exemplos:
Neste ano [trata-se de hoje] pouco se fez em favor dos sem-teto.
Não há ocorrência de acidentes nesta data. [hoje]
O avião a jato, a televisão e o computador são as maiores invenções deste século.
Nestes últimos vinte anos a mulher tem ocupado mais espaços.
A década de 20 marcou a conquista do voto pela mulher. Nesses dez anos ela travou
grandes lutas pela liberdade.
Marina vai estar na cidade por esses dias...
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Quando éramos crianças brincávamos mais, pois naquela época não havia pré-escola, nem
aulas de natação, de balé, de inglês... Bons tempos aqueles! - diz vovó, nostálgica.
Emprego em relação ao discurso:
O que vai ser mencionado: este
É isto que eu digo sempre: cultura é fundamental. [o pronome está antes dos dois-pontos]
Nosso vizinho vive repetindo este provérbio: "Casa de ferreiro, espeto de pau".
o que se mencionou antes: esse
- A segunda parte do trabalho dispõe sobre a marginalidade social. É nesse capítulo / nessa
parte / nesse ponto que se discutem os desvios verificados nas instituições pesquisadas.
- É possível comer manga e tomar leite junto? Melancia com vinho faz mal? Disso tratam os
autores no final do artigo.
Emprego dos pronomes demonstrativos em relação ao discurso:
entre dois ou três fatos citados:
o primeiro que foi citado: aquele
o do meio: esse
o último citado: este
Exemplos:
Houve uma guerra no mar entre corsários de França e Inglaterra: estes [desnecessário dizer
que são os corsários ingleses] venceram aqueles.
Música de câmara e ópera são as suas preferidas: esta, porque mexe com seus
sentimentos; aquela, pelos efeitos relaxantes.
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Este, Esse ou Aquele. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=28&rv=Gramatica ; acessado em 6/1/2008).
Estrangeirismos - 1- A palavra estrangeira, na sua forma original, só deverá ser usada quando for
absolutamente indispensável. O excesso de termos de outra lingua torna o texto pretensioso e
pedante. E não se esqueça de explicitar sempre, entre parênteses o significado dos estrangeirismos
menos conhecidos.
2 - Se a palavra ou expressão não tiver correspondente em português, porém, ou se este for pouco
usado, recorra então ao termo estrangeiro, que vai no mesmo corpo do texto – não mais em negrito:
stand by
hardware
entourage
apartheid
smoking
zoom
slide
holding
shopping center
marketing
joint venture
outdoor
funk
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3 - Não empregue no idioma original palavra que já esteja aportuguesada. Assim uísque e não
whisky; conhaque e não cognac; recorde e não record; chique (ou elegante) e não chic; caratê e
não karatê; cachê e não cachet; tarô e não tarot; videopôquer e não videopoker, etc.
4 - Sempre que houver equivalente em português, prefira-o ao estrangeirismo: cardápio e não
menu; pré-estréia e não avant-premiére; adeus e não ciao; escanteio e não corner; pesquisa e não
enquête; cavalheiro e não gentleman; freqüentador e não habitué; senhora e não lady ou madame;
encontro e não meeting; senhor e não mister; impedimento e não off-side; primeiro-ministro e não
premier ; assalto e não round; padrão e não standard; fim de semana e não week-end; desempenho
e não performance.
5 - Mesmo que você as julgue muito conhecidas, traduza sempre as citações em língua estrangeira:
"Aprés moi le déluge." ("Depois de mim, o dilúvio.") "Alea jacta est. ("A sorte está lançada.") "To be
or not to be: that is the question." ("Ser ou não ser, eis a questão.") Neste caso, use aspas.
6 - A não ser em matérias especiais, e mesmo assim com parcimônia, evite ao máximo o uso de
expressões estrangeiras (a exemplo das palavras de outras línguas), limitando-se apenas aos casos
mais comuns: in memoriam (nota do professor: em lembrança de uma pessoa morta), sine die
(nota do professor: sem data marcada), sine qua non (nota do professor: indispensável,
essencial), causa mortis (nota do professor: causa determinante da morte de alguém), grand
monde (nota do professor: a alta sociedade, a alta-roda), tour de force (nota do professor:
exercício que exige força; grande esforço; proeza, façanha/ Derivação: por extensão de
sentido: ação difícil consumada com notável habilidade), sui generis (nota do professor: em
semelhança com nenhum outro, único no seu gênero; original, peculiar, singular), honoris
causa (nota do professor: a título honorífico [É título laudatório e homenageante, conferido a
pessoa sem que esta tenha passado por quaisquer exames ou concursos.]).
Pense, no entanto, que nem todos saberão o significado de locuções como: à clef (nota do
professor: que fornece a chave para a compreensão do sentido sugerido pelo autor,
permitindo ao leitor identificar personagens e acontecimentos imaginários com pessoas e
eventos reais –diz-se de romance, de obra literária), à outrance(nota do professor: excessivo),
ad hoc(nota do professor: destinado a essa finalidade), nec plus ultra (nota do professor: o
que há de melhor), urbi et orbis (nota do professor: à cidade e ao mundo; a todo o universo),
struggle for life (nota do professor: luta pela vida), in partibus (nota do professor: nas
localidades ocupadas pelos infiéis (expressão com que a Igreja católica indica o caráter
meramente honorífico e não efetivo do título de um bispo encarregado de missão especial) -
Derivação: por extensão de sentido –uso: jocoso– sem função –diz-se de funcionário
público, ministro, embaixador etc.–), et pour cause (nota do professor: devido), rempli de soi-
même (nota do professor: imbuído de si mesmo; convencido), off the records (nota do
professor: dito sem medidas acauteladoras, mas não para ser divulgado. Confidencial,
sigiloso, secreto; em off), honni soit qui mal y pense (nota do professor: execrado seja quem
nisto vê malícia [Divisa da Ordem da Jarreteira, criada na Inglaterra ao tempo de Eduardo III ,
que passou à linguagem corrente, no sentido de censura, aviso, e empregada quase sempre
com intenção irônica.]).
7 - Nas palavras derivadas de nomes estrangeiros, mantém-se a estrutura original do vocábulo e
acrescenta-se o sufixo (ou o prefixo) vernáculo: byroniano, shakespeariano, Bachianas, hobbesiano,
behaviorista, kartódromo, taylorismo, marxista, pós-kantismo, pós-weberniano, warrantagem,
windsurfista. Uma exceção: lobista (o Aurélio aportuguesou a forma).
8 - Nas palavras oriundas do francês, mantenha o e original, não o transformando em a ou o nos
casos seguintes (ninguém escreve manicura, mas manicure, por exemplo): avalanche, cabine,
caminhonete, carroceria, champanhe, coquete, croquete, gabardine, lavanderia, limusine, magazine,
manchete, manicure, maquete, marquise, marionete, nuance, omelete, pastiche, pelenne, plaquete
(livro), popeline, raquete, toalete, tricoline,trompete, vagonete, valise, vedete e vitrine. Use, porém,
como estas palavras: clicheria, etiqueta, guilhotina, hachura, jeremiada, madama, mansarda,
percalina, ravina, turbina, usina e vermina.
9 - No aportuguesamento das palavras estrangeiras, o sh em geral se transforma em x, o n das
terminações torna-se m ou ão e as consoantes fortes finais recebem e ou ue: xampu (shampoo),
xelim (shilling) , gueixa (gueisha), raiom (rayon), gim (gin), cupom ou cupão (coupon), panteão
(panthéon), orfeão (orphéon), batom (bâton), jetom (jeton), clipe (clip), grogue (grog), turfe (turf),
clube (club), chique (chie), críquete (crickett), I gangue (gang), golfe (golf), lorde (lord), ringue (ring),
surfe (surf).
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(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Eufemismo - É o uso de uma palavra branda no lugar de outra. Exemplo: dizer que alguém é
esquecido, para não chamá-lo de omisso. Só deve ser usado para evitar palavrões ou termos que
possam chocar o leitor. Tenha cuidado para não encampar um tipo de eufemismo de que o governo
lança mão regularmente a fim de se promover ou disfarçar iniciativas antipáticas. Exemplo: as
autoridades econômicas usam o eufemismo realinhamento para substituir o aumento de preços que
se consideram desatualizados. Da mesma forma, no governo Geisel falou-se muito em
aperfeiçoamento democrático quando não havia uma democracia que correspondesse plenamente
a essa classificação. Também já se usou a palavra eutanásia para definir a mera retirada de órgãos
de corpos ainda não clinicamente mortos em Taubaté. Fique alerta especialmente com relação aos
termos aperfeiçoamento, melhoria, recuperação e outros que freqüentemente ocultam intenções em
vez de exprimir realidades. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Ex - O prefixo indica que pessoa ou coisa não têm mais o cargo ou condição que um dia tiveram.
Não use no caso de pessoas mortas. Luís 14 não é ex-rei da França, assim como John Kennedy
não é ex-presidente dos Estados Unidos: O presidente norte-americano John Kennedy foi
assassinado em 1963. Em alguns poucos casos cabe a expressão então ex-: Em 1914, o então ex-
presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1858-1919) participou de uma expedição ao rio da
Dúvida, na Amazônia (não era mais presidente).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Exagero - Evite as afirmações definitivas, categóricas, que tentem impor a todos uma verdade no
mínimo passível de discussões. Como nestes exemplos:
O mundo do espetáculo no Brasil se divide, a partir de agora, em antes e depois de Tina
Turner no Maracanã.
Antes de Guimarães Rosa, o que havia no Brasil não poderia ser chamado de literatura.
Foi necessário que o deputado Carlos de Sousa se elegesse para que a casa readquirisse a
dignidade perdida.
Ninguém, a não ser Paulo Macedo, poderia tocar Beethoven de maneira tão sublime.
Este foi o maior presidente que o Brasil – e possivelmente qualquer outro país do mundo– já
teve.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Frase (Ritmo) - 1 - Toda oração, a não ser em casos especiais, tem um núcleo básico, constituído
de sujeito, predicado e complementos. Para que o leitor não tenha sua atenção interrompida por
frases e adjuntos intercalados, procure seguir essa ordem natural. O texto terá maior fIuência e
será mais linear, dispensando o leitor de esforços adicionais para apreender rapidamente o sentido
da frase. Em outros casos, elementos da oração podem ser deslocados para dar-lhe maior clareza
ou para eliminar ambigüidades. E, ainda, para garantir melhor ritmo à frase.
Sinta, nesta extensa relação de exemplos, todos reais, como as formas entre parênteses são muito
mais diretas, explícitas e objetivas que as originais:
A pior chuva da década paralisa há cinco dias Curitiba (paralisa Curitiba há cinco dias).
Ministro promete tratar com rigor funcionalismo (tratar funcionalismo com rigor).
Café eleva a USS 2 bilhões saldo comercial (eleva saldo comercial a USS 2 bilhões).
Arraes considera discussão sobre mandato irrelevante (irrelevante discussão sobre
mandato).
Vigias matam no ABC seis menores a tiros e facadas (matam seis menores a tiros e facadas
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no ABC).
Os brasileiros assistirão aos Jogos Pan-Americanos pela televisão, que serão abertos..
(assistirão pela televisão aos Jogos Pan-Americanos, que serão abertos...)
Mulher é quase linchada por matar o filho (quase é linchada...).
Ele sabe preparar como ninguém peixes (sabe preparar peixes como ninguém).
Altos salários pagarão em 91 mais impostos (pagarão mais impostos em 91).
Brasil tenta mostrar que é o melhor do mundo contra URSS (Brasil tenta mostrar contra
URSS que é o melhor do mundo).
Aluguel caro põe em fuga inquilinos (põe inquilinos em fuga).
Já está pronto o novo livro sobre o Brasil de Thomas Skidmore (o novo livro de Thomas
Skidmore sobre o Brasil).
Não será surpresa se o ano começar com uma visita ao Brasil do papa (visita do papa ao
Brasil).
A lesão do cavalo pode condená-Io a parar de correr irremediavelmente (pode condená-lo
irremediavelmente a parar de correr).
A quadrilha, chefiada por João dos Santos, em menos de um ano, assaltou... (chefiada por
João dos Santos, assaltou, em menos de um ano,...)
Refrigerantes estão mais caros 40% (40% mais caros).
A campanha de combate aos ratos da Prefeitura recebeu... (A campanha da Prefeitura de
combate aos ratos recebeu...).
2 - Quando uma oração se desdobrar em outra, coloque a circunstância de lugar no fim da primeira,
para poder encadear as proposições:
Esteve em 1977 no Brasil, onde deu uma série de conferências (e não esteve no Brasil em
1977, onde deu...).
3 - A colocação do adjetivo ao lado do substantivo pode também tornar as frases mais fluentes: fita
americana de ação (e não fita de ação americana), seleção feminina de voleibol do Brasil (e não
seleção de voleibol feminina do Brasil), etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Art. 2º - Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA.
Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 28 de setembro de 2007.
119º da República e 48º de Brasília
JOSÉ ROBERTO ARRUDA"
Fora eu o "Gerúndio" (o caro leitor notou que, no decreto, o dito-cujo virou substantivo próprio?),
entraria com uma ação na Justiça do Trabalho. "Que história é essa de me demitir?", perguntaria o
Gerúndio aos advogados do governo do DF.
A assessoria do governador explica que, quando ele cobrava a conclusão de projetos, recebia
respostas como "Vou estar terminando", "Vou estar lhe informando", "Vou estar concluindo". De
fato, frases como essas transmitem a sensação de que nada acontecerá. Isso é herança maldita do
ultramegachato uso de bobagens como "Ele tem que estar enviando um fax", "Vou estar
transferindo a ligação", "Você tem que estar pegando uma senha", "Não pude estar comparecendo"
etc.
Nessas insuportabilíssimas frases, emprega-se a estrutura "estar + gerúndio" para indicar processos
que não são durativos ("Estava tomando banho"; "Nessa hora vou estar almoçando com ela") nem
simultâneos ("Quando você estiver falando com ele, estarei terminando o relatório").
Pois o nó da questão é justamente o mau uso do gerúndio, ou melhor, da estrutura "estar +
gerúndio" (que recebeu o nome de "gerundismo").
O governador tem pleno direito de enfurecer-se com seus assessores enrolões, mas nenhum direito
de tentar legislar sobre o uso da língua, sobretudo quando essa tentativa esbarra em
impropriedades técnicas.
Viva o gerúndio! Abaixo o decreto do governador do DF! Abaixo o mau uso de "estar + gerúndio"! E,
sobretudo, abaixo todos os enrolões (da administração pública, do Senado, da Câmara Federal, das
empresas de telefonia fixa, móvel etc., etc., etc.)!
Gerundismo 1a – Nota do professor: o uso do verbo estar + gerúndio não é de todo desabonado na
forma culta. Mas o convencional é mediante ação durativa no presente, como pode ser visto a
seguir na gramática de Celso Cunha.
“Estar”, seguido de gerúndio, indica uma ação durativa num momento rigoroso:
“O mundo está mudando a sua fisionomia, a vida está adquirindo novas formas e novo
colorido.”
(Fonte: CUNHA, Celso. Gramática da língua portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro : MEC, 1975, p. 429-
465)
Nota do professor: Do modo como Celso Cunha redigiu, presume-se que seria possível também em
outros tempos verbais, o que legitimaria o gerundismo.
O pretérito imperfeito do verbo no indicativo, por exemplo, é aceito:
“Estava telefonando para ela quando você chegou”
O pretérito perfeito do verbo no indicativo, por exemplo, é aceito:
“Estive telefonando para ela durante a semana, mas não a achei”
Como o assunto é polêmico, adote apenas a forma abonada, que é a forma usada pelo lingüista em
sua gramática.
Ficam, portanto, descartados, para evitar polêmicas gramaticais, modos como:
Futuro do pretérito do verbo no indicativo
[A1] Comentário: Poríamos
o “Estaria comemorando o aniversário de fulano no domingo se não tivesse de estudar” aí o “comemoraríamos”
Futuro do verbo no indicativo
[A2] Comentário: Poríamos
o “Estarei comemorando o aniversário de fulano no domingo” aí o “comemorarei”
Pág. 87- 169 páginas
Gíria - Evite as palavras de gíria. Quando fizerem parte de uma declaração, use-as em negrito. Se
forem muito especificas (jargão policial, por exemplo), coloque em seguida, entre parênteses, o seu
significado: "Peguei um bagulho (objeto qualquer), fumei um baseado (cigarro de maconha) e
depois mandei (roubei) o carro." A linguagem coloquial e os termos de giria de uso comum
dispensam as aspas, mas devem ser empregados apenas em casos especiais, nos textos mais
leves, opinativos ou irônicos que realmente os justifiquem.
Veja também "Tempos verbais (efeitos de sentido)” e infinitivo (concordância)"
Haver 1 - O verbo haver é uma fonte permanente de erros nas páginas do jornal. Tome cuidado
com os seguintes casos:
a) No sentido de existir ou para designar tempo passado, o verbo tem construção impessoal na
terceira pessoa do singular: Há três reuniões marcadas para hoje; Houve vários casos de dengue
hemorrágica em São Paulo; Há muitos anos não chove;
b) Na forma composta, quando haver é o verbo principal, o auxiliar se torna também impessoal:
Pág. 88- 169 páginas
19 Uso: formal.
ser um dos genitores (esp. o pai) de (criança que nasce) não é impessoal
Ex.: houve (da amante) dois filhos
pronominal
20 proceder socialmente; conduzir-se não é impessoal
Ex.: <como h.-se em tal situação?> <elas se houveram com elegância na discussão> <El Cid
houve-se com justiça e altivez com os mouros>
pronominal
21 dar conta de; lidar com, sair-se não é impessoal
Ex.: os alunos houveram-se muito bem nas provas
pronominal
22 andar às voltas com; arcar não é impessoal
Ex.: quem entra naquela repartição começa a se h. com as complicações da burocracia
pronominal
23 ter trato com; lidar não é impessoal
Ex.: é melhor haver-nos com a secretária e não com o ministro
pronominal
24 prestar contas a; avir-se não é impessoal
Ex.: quem não for já para a cama vai h.-se comigo depois
n substantivo masculino (1030 cf. JM3)
Rubrica: contabilidade.
25 a parte de uma conta ou de uma escrituração comercial que indica o que se tem a receber;
crédito
25.1 menos us. que haveres ('conjunto de bens; dinheiro')
Ex.: <o módico haver de um cura de aldeia> <da algibeira sacou escassa porção do seu haver>
ª haveres
n substantivo masculino plural
26 bens, posses, fazenda, fortuna
Ex.: os muitos haveres de uma rica viúva
[A4] Comentário: Nesses
26.1 conjunto de bens mobiliários e imobiliários casos, “haver” não é verbo,
mas sim substantivo
(Fonte: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio
Houaiss. Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)
Hífen -
ante - Use hífen apenas antes de h, r, s: antecâmara, antediluviano, anteface, ante-histórico,
anteontem, anteprojeto, ante-sala, antevéspera. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado
em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
anti - Use hífen apenas antes de h, r, s: antiaéreo, antiamericano, antibacteriano, anticlerical,
anticlímax, anticoncepcional, Anticristo, anticonstitucional, anticorpo, antiderrapante, antidistônico,
anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário, antiimperialista, antiinflacionário, antiinflamatório,
antimatéria, antimíssil, antioxidante, anti-rábico, anti-semita, anti-séptico, anti-social, anti-submarino,
antitérmico, antitetânico, antivariólico. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
auto - Use hífen apenas antes de vogal, h, r, s: auto-afirmação, auto-análise, autobiografia,
Pág. 91- 169 páginas
pan-psiquismo, etc.
d) Com circum-, quando o segundo elemento começa por vogal ou h-: circum-adjacência, circum-
hospitalar.
g) Com com-, quando o segundo elemento começa por vogal: com-aluno, com-irmão.
h) Com co- (= a par), quando o segundo elemento tem vida autônoma na língua: co-autor, co-
educação, co-eleitor, co-herdar, co-opositor, co-redator, co-réu, etc.
OBSERVAÇÃO:
—o PVOLP (Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) apresenta incoerência com
este prefixo, pois registra coadquirente, coaquisição, coabitar, contrariando os exemplos dados
acima.
i) Com além-, aquém-, nuper-, recém-, sem-, sota-, soto-, vice-, vizo, ex- (=cessaçãou estado
anterior), pós-, pré-, pró-, são sempre separados por hífen do segundo elemento: além-eras, além-
fronteiras, além-mar, aquém-oceano o nuper-falecido, recém-aberto, recém-chegado, sem-
cerimônia, sem-terra, sota-piloto, soto-ministro, vice-reitor, vizo-rei, ex-diretor, pós-meridiano, pré-
escolar, pré-determinante, pró-britânico, etc.
OBSERVAÇÕES
* Os homônimos inacentuados, pos-, pre-, pro-, se aglutinam com o segundo elemento: pospor,
preanunciar, procônsul, prooração, pósdeterminante, etc.
* Faz exceção Alentejo e derivados: alentejanos, etc.
j) Com entre-, quando o segundo elemento começa por h: entre-hostil.
2.°) Nas formações com elementos não autônomos de origem grega e latina:
a) Aglutinam-se com o segundo elemento: aero-, agro-, bio-, eletro-, maxi-, mini-, multi-, te/e-:
aerobarco, aeroelástico, agroaçucareiro, agrogeologia, biobibliografia, bioecologia, eletroclínico,
eletroencefalograma, maxilobular, minibiblioteca, minicurso, minifúndio, multiarticular, multicelular,
telearquia, telepsiquia, etc.
b) Separam-se por hífen quando o segundo elemento começa por h-: geo-, hidro-, macro-, micro-:
geo-hidrografia, hidro-hematonefrose, macro-história, micro-habitat, etc. Assim, sem hífen:
geomaritimo, geossauro, hidroálcool, hidrobiologia, macrogastria, microtrauma, microssomo,
microonda.
3.°) Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos
de origem tupi-guarani, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal
acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:
amoré-guaçu.anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.
17. Do hífen na ênclise, na mesóclise e com o verbo haver
1 °) Emprega-se o hífen na ênclise e na mesóclise: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-Ihe, amá-lo-ei,
enviar-Ihe-emos.
OBSERVAÇÃO
* Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-
lo) e ainda nas combinações dos pronomes nos, vos com a, a, os, as; no-lo(s), no-la(s), vo-lo(s), vo-
la(s) e ainda nas combinações dos pronomes se me, te, se lhe, se nos, se vos, etc. quando
enclíticos: afigura-se-me, afigurar-se-nos, etc.
(Fonte: Excerto do texto: BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de
Janeiro : Lucerna, 2001, p. 613-617).
Hífen 4 - * Escrevem-se com hífen o cargo de primeiro-ministro; a posição de primeira-dama; os
cargos que têm o adjetivo “geral” (secretáriogeral, procurador-geral); e os postos e graduações da
hierarquia militar e da diplomacia. O prefixo ex sempre precede o hífen: o ex-vice-presidente.
Os cargos das Mesas do Senado e da Câmara serão escritos com numerais e palavras (1º
secretário e 2º vice-presidente).
* Na identificação de senadores e deputados, em seguida ao nome, usar entre parênteses a sigla
partidária ligada por hífen à sigla do estado quando da primeira vez em que forem citados: Ulysses
Pág. 99- 169 páginas
Geo – geossocial
Hemi – hemialgia
Hetero – heterossexual
Hidro(**) – hidroavião - Deve-se respeitar o prefixo e o radical das palavras: hidroavião,
hidroelétrica, radioamador; em vez de hidrelétrica, radiamador etc.
Hipo – hipossexualidade
Homo – homossexual
Intro – introvertido
Iso – isoenergético
Labio – labiodental
Linguo – linguodental
Macro – macroeconomia
Maxi – maxissaia - Deve ser acentuado quando não estiver sendo utilizado como prefixo.
Magneto – magnetocalórico
Medio – mediodorsal
Meta – metajurídico
Micro – microeconomia
Mini – minissaia- Deve ser acentuado quando não estiver sendo utilizado como prefixo.
Morfo – morfossintaxe
Moto – motosserra
Multi – multiinfecção
Neuro – neurossensitivo
Novi – novissilábico
Oculo – oculofacial
Organo – organoalumínio
Oto – otoencefalite
Para – parassexual
Penta – pentacampeão
PIuri – plurissecular
PoIi – poliinfecção
Preter – preterdoloso
Psico – psicossocial
Radio – radioamador
Re – reabastecer
Retro – retroagir
Socio – socioeconômico
TeIe – telecomando
Termo – termorreceptor
Tetra – tetracampeão
Trans – transoceânico
Tri – tricampeão
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Turbo – turboélice
(Fonte: Manual de redação da Agência Senado)
Hífen 5- * Hífen em substantivos compostos?
Deve-se empregar hífen em palavras compostas como diretor geral, Procurador Geral, diretor
administrativo, diretor adjunto, auxiliar técnico, Secretaria Executiva, secretária executiva, gerente
financeiro, Gerência Financeira, etc?
Há duas situações a considerar.
1. Com a seqüência substantivo + adjetivo
Nessa seqüência, se o adjetivo perder seu sentido original, passando os dois termos a transmitir um
novo conceito, configurar-se-á uma nova palavra, composta, que deverá ser grafada com hífen.
Dois exemplos esclarecem o caso: cachorro quente (que significa uma coisa) X cachorro-quente
(que transmite um novo conceito, em que quente perde seu sentido original); o mesmo acontece
com mesa redonda X mesa-redonda.
Quando o adjetivo não transmitir idéia diferente, não se usará hífen. Vejam-se os exemplos: diretor
administrativo, diretor adjunto, auxiliar técnico, Secretaria Executiva, secretária executiva, gerente
financeiro, Gerência Financeira, consultor jurídico, Assessoria Jurídica, professor horista, etc.
O adjetivo geral entraria nesse caso, uma vez que continuaria significando geral, global em palavras
como Procurador Geral, Diretor Geral.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa não registra Procuradoria Geral, Procurador Geral, mas
registra diretor-geral e cônsul-geral.
Por outro lado, o Manual de Redação da Presidência da República (1991) estabelece a regra,
prescrevendo o hífen nesse caso, regra que adotamos em nosso Manual de Redação, constante
também em outros manuais de cultura idiomática.
2. Com a seqüência substantivo + substantivo
Nesse caso, tomam-se dois substantivos para formar uma palavra composta. Assim, o hífen é de
rigor. Vejam-se exemplos: sócio-gerente, diretor-presidente, redator-chefe, secretária-chefe, salário-
educação, salário-família, salário-maternidade, salário-hora, etc.
No entanto, observe-se, salário mínimo, sem hífen; porque mínimo é adjetivo, e não muda de
significado. Mínimo quer dizer pequeno. O salário é pequeno, muito pequeno mesmo, o menor
salário.
(Fonte: Manual de redação da PUC-RS. Disponível em http://www.pucrs.br/manualred/ ; acessado
em 1/1/2008).
Impessoalidade - A notícia deve ser redigida de forma impessoal, sem que o jornalista se inclua
nela ou adote a primeira pessoa do plural em frases que a dispensam. Veja os exemplos:
Este é um índice pequeno “se levarmos” em conta o volume de negócios.
No Brasil “temos” hoje 140 milhões de habitantes.
Há vírus que causam uma infecção latente: nunca mais “nos livramos” dela.
No primeiro caso, bastaria substituir levarmos por “se se levar”; no segundo, a frase seria: O Brasil
tem hoje...; no terceiro, escreva simplesmente: nunca mais a pessoa se livra dela.
Não confunda essa restrição com os casos, legítimos, de editoriais, artigos, anúncios, comentários e
outros em que a primeira pessoa do plural pode ser usada sem maiores problemas. (nota do
professor: poderemos, em alguns casos, ignorar o princípio da impessoalidade, mas tais
casos serão exceções, não a regra dos procedimentos jornalísticos)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Impropriedades - 1 - Não acredite em sinônimos perfeitos: quase sempre existe uma única palavra
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para exprimir com exatidão o que você quer dizer. E muitas vezes há termos ou expressões
absolutamente inadequados para a situação que você pretende descrever ou substituíveis com
vantagens por outros mais apropriados ou mais conhecidos dos leitores. Leia os exemplos
seguintes (reais) e veja entre parênteses a forma jornalisticamente mais indicada em cada caso:
Foto mostra quem prendeu bombeiro sumido (desaparecido) na Bahia.
O próximo contato (contato seguinte) de Antônio foi com Pedro, no descampado.
Achada (encontrada) célula capaz de matar vírus da Aids.
À espera de um futuro cada vez mais enigmático (incerto, duvidoso) ele queria...
O corpo, sob uma violenta (muito forte) luz elétrica...
Deputado ganha (recebe) críticas.
A empresa já apresentou (manifestou) sua intenção de participar da concorrência.
O técnico preocupava-se em dar vivência (experiência) aos jogadores mais novos.
Com base na listagem (relação) dos vencimentos de janeiro...
Políticos pedem Plano para a (contra a) crise.
Fábrica trabalha até nos sábados para botar (pôr) a produção em dia.
O motorista acidentado foi mandado (encaminhado) para o HC.
O grupo está acertando os detalhes para a implementação (construção) de uma fábrica na
Argentina.
Já foi ventilado (sugerido) um novo projeto para o segundo semestre.
Cargo do procurador não deverá ser ocupado (preenchido).
A comparação pode ser demasiada (exagerada).
Surpresa e raiva (irritação) na Casa Branca.
Sugestões se amontoam (acumulam) na mesa do relator.
Vendas no Dia das Mães nunca foram tão poucas (pequenas\ baixas).
A Prefeitura implantou (instalou) na praça 35 cadeiras de engraxate.
O zagueiro garante que deverá reunir (ter) condições de jogo.
O bandido depositou a quantia repentinamente (inesperadamente) na sua conta.
Tento apresentar (entregar) o cargo ao novo diretor.
2 - A impropriedade, em outros casos, caracteriza-se não apenas pelas palavras mal usadas, mas
pelas construções imperfeitas, de mau estilo:
A assinatura de minguados convênios (minguados - palavra antijornalística - não os
recursos, convênios)...
Na sessão de hoje, a Câmara deverá aprovar (votar, simplesmente) ou não o projeto.
Os negros, os índios, os deficientes e outras minorias conseguiram aprovar (fazer constar) o
projeto na comissão.
O Palmeiras ainda não pôde regularizar os jogadores (regulariza-se a situação dos
jogadores ou a documentação deles).
A selva incrustada (no meio) nas montanhas..
A Portuguesa ameaça dispensas (ameaça fazer).
3 - Finalmente, há impropriedades que decorrem de formas viciadas de expressão, quando não
empoladas ou de mau gosto jornalístico:
A reforma que está sendo gerada no ventre do governo...
Empresariado acredita que inflação será acirrada...
Ele pode opinar sobre o uso de uma campanha...
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Infinitivo (concordância) - Não há regras inequívocas. Pode-se escrever deixe as crianças sair ou
deixe as crianças saírem. Confie no ouvido. O que importa são harmonia, clareza e eufonia. Na
dúvida, não flexione o infinitivo.
A própria noção de infinitivo conjugado é contraditória. Infinitivo é o modo da ação verbal pura,
indeterminada, sem idéias de tempo, número ou pessoa. Quando conjugado (flexionado), ganha as
noções de número e pessoa. Surgiu em português provavelmente para que não se confundissem os
diversos agentes da ação verbal.
Apesar de não haver regra, é possível indicar ocasiões em que o infinitivo é geralmente flexionado
ou não deve absolutamente sê-lo.
Em primeiro lugar, é preciso não confundir as formas pessoais do infinitivo (para eu ir, para nós
irmos) com o futuro do subjuntivo (quando eu for, quando nós formos). Nos verbos regulares, as
duas formas são iguais: para eu amar, quando eu amar.
A seguir, uma série de critérios para o uso da forma flexionada, de acordo com a tendência mais
moderna da língua:
a) Sujeito próprio - Pode-se usar a forma conjugada quando o infinitivo tiver sujeito próprio e
diferente do da oração principal:
O delegado deu ordem para os policiais prenderem todos os manifestantes
Abriu o portão para as ambulâncias entrarem
Não te perdôo teres feito o que fizeste
Não flexione se o sujeito do infinitivo for pronome oblíquo (se funcionar como objeto do verbo
principal e sujeito da oração infinitiva ao mesmo tempo):
Não nos deixeis cair em tentação
Mande-as esperar
Senti-os aproximar-se
No caso de um substantivo ou adjetivo funcionar como sujeito do infinitivo e objeto da oração
principal, convém evitar a flexão: ação do BC faz os preços cair é melhor do que ação do BC faz os
preços caírem;
b) Preposição - Pode-se usar a forma conjugada se o infinitivo vier regido por preposição,
principalmente se esta preceder a oração principal:
Ao descobrirem a fraude, vão ficar pasmos
Precisamos apenas pensar para acertarmos
c) Verbo passivo, reflexivo ou pronominal - Se a oração infinitiva for passiva ou possuir verbo
reflexivo (nota do professor: verbo reflexivo são aqueles podemos acrescentar, conforme a
pessoa, as expressões “a mim mesmo”, “a ti mesmo”, “a si mesmo”) ou pronominal (nota do
professor: verbo pronominal, aquele que não se conjuga sem o pronome: suicidar-se,
queixar-se, arrepender-se), pode-se usar o infinitivo flexionado:
Saiu sem o comparsa dizendo que não convinha serem vistos juntos
Viviam juntos sem se conhecerem
Estão dispostos a se reconciliarem
Atenção: jamais flexione o infinito se ele fizer parte de locução verbal:
Os soldados começaram a matar-se (nota do professor: e não Os soldados começaram a
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matarem-se)
d) Uso literário - Em literatura encontra-se o infinitivo flexionado nas mais diversas situações.
Algumas delas podem soar estranhas. Não imite: "É preciso aprendermos a nos esquecer de nós
mesmos" (Ciro dos Anjos).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Veja também "Tempos verbais (efeitos de sentido)” e “gerundismo”
Intenção - Nunca atribua intenções a animais que ajam movidos exclusivamente pelo instinto. Por
isso, não têm sentido textos como:
Tubarões mal-intencionados cercavam o náufrago
Os cães impiedosos atacaram o menino.
Todos os gatos são mal-agradecidos.
E só escreva que um macaco ciumento agrediu o menino se algum veterinário ou especialista
confirmar a existência desse tipo de sentimento no animal. Da mesma forma, há condições que as
coisas inanimadas não podem apresentar:
Na segunda explosão, a laje não teve escapatória e rebentou.
Só pessoas podem ter escapatória.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Legendas - A não ser em casos muito especiais, toda legenda do Estado tem uma linha de texto.
2 - Não existe ponto-final na legenda, mesmo que haja um ponto intermediário:
Aureliano ouve Maciel, mas não discute sucessão
A defesa considerou o capitão “corajoso”. A Justiça decidiu que ele é “indigno da farda”.
3 - As legendas, no Estado devem, sempre que possível, cumprir duas funções, simultaneamente:
descrever a foto com verbo, de preferência no presente, e também dar uma informação sobre o
acontecimento. O uso de dois-pontos é recomendável - e até facilitador -, mas não obrigatório:
Arinos responde a Saulo: críticas contra críticas
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fatos seguindo rigorosamente a ordem em que aparecem na página: da esquerda para a direita.
10 - Duas ou mais fotos publicadas em coluna poderão ter uma legenda única, igualmente, na mais
inferior delas, ou legendas individuais, em que pode ser usado o recurso das reticências para indicar
que a ação continua na foto de baixo:
O assaltante prepara-se para atirar...
... enquanto os companheiros tomam posição...
... sem perceber o policial oculto no banco.
11 - Ilustrações, tabelas, mapas, gráficos, etc., podem ou não ter legenda, dependendo de
esgotarem a informação ou necessitarem de explicações adicionais.
12 - Finalmente, evite descrições óbvias:
Fulano fala ao telefone com beltrano
O deputado deixa o recinto da Câmara
O São Paulo entra em campo.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Lide (redação) – (nota do professor: o manual do estadão grafa “lead”, mas vamos usar em
classe “lide) O lead é a abertura da matéria. Nos textos noticiosos, deve incluir, em duas ou três
frases, as informações essenciais que transmitam ao leitor um resumo completo do fato. Precisa
sempre responder às questões fundamentais do jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por
quê. Uma ou outra dessas perguntas pode ser esclarecida no sublead, se as demais exigirem
praticamente todo o espaço da abertura. Graficamente, recomenda-se que o lead tenha de quatro a
sete linhas da lauda padrão do Estado. Nada impede, porém, que ocupe uma ou duas linhas,
apenas, em casos excepcionais ou quando se tratar de informações de impacto. Mais que nas
demais partes do texto, o lead deve ser objetivo, completo e simples e, de preferência, redigido na
ordem direta.
Todas as demais recomendações feitas a respeito do texto jornalístico valem especificamente para
o lead (as palavras estranhas ou desconhecidas deverão ser sempre explicadas; rebuscamentos
não têm vez na abertura; o fato que constitui o lead deve ser novo; use frases curtas: procure dar
um ritmo adequado à frase e, principalmente, jamais construa leads de um único período).
1 - Objetividade
Veja exemplos de leads objetivos e diretos:
O fogo destruiu na noite de ontem em menos de três horas todo o prédio de 18 andares do
Cesp, no Center 3, e atingiu dois outros edifícios na Avenida paulista, esquina com Augusta.
Um milagre: apenas cinco pessoas ficaram fendas levemente. Na inicia da madrugada de
hoje, a Polícia Federal e a Secretaria da Segurança receberam a informação de que o
incêndio pode ter sido criminosa, "para a queima de arquivos".
Técnicos e engenheiros de Furnas fizeram a denúncia ontem: alguns dos equipamentos da
usina de Angra 1 são usados e vieram de outra usina nuclear, também fabricada pela
empresa norte-americana Westinghouse e montada em Porto Rico. A usina porto-riquenha
não pôde funcionar por causa do local em que foi construída, sujeito a terremotos. O diretor
de Furnas, Márcio Costa, admitiu que parte dos equipamentos veia de Porto Rico, mas se
recusou a definir esse material como “sucata”.
Com os astronautas Steven A. Hawley e Kathryn Sullivan a bordo, o ônibus espacial
Discovery foi lançado ontem em Cabo Cañaveral às 10h34 (hora de Brasília). Uma pequena
falha fez a nave subir cerca de dois minutos depois do horário previsto. Sua principal missão
será colocar em órbita hoje, a 600 km de altitude, o telescópio espacial Hubble, um tesouro
científico de US$ 2 bilhões. O vôo deverá durar cinco dias.
Nos três casos, todas as informações importantes constam da abertura e qualquer pessoa que
tivesse lido apenas essas linhas já estaria razoavelmente informada sobre o assunto.
2 - Repercussões e suítes
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Nas repercussões ou suítes do noticiário, você deve abrir a notícia sempre com o fato mais
importante e não apenas dizer que houve repercussão ou que o fato prosseguiu. Nunca escreva,
por exemplo:
A denúncia publicada ontem pelo Estado, de que parte do equipamento de Angra 1 veio de
uma usina desmontada em Porto Rico, repercutiu amplamente na sessão da Constituinte. O
deputado Del Bosco Amaral chegou a propor o bloqueio dos bens e a prisão administrativa
dos responsáveis por sua construção.
Veja como montar o lead da repercussão:
O deputado Del Bosco Amaral propôs ontem o bloqueio dos bens e a prisão administrativa
dos responsáveis pela construção da usina nuclear de Angra 1. O parlamentar tomou a
decisão como conseqüência das denúncias do Estado, publicadas ontem, de que parte do
equipamento de Angra 1 veio de uma usina desmontada em Porto Rico.
Eis um mau exemplo da suíte de um noticiário:
Durante quase seis horas, oito testemunhas prestaram depoimento ontem no 15º Distrito
Policial, no inquérito que apura o caso do economista Alberto de Almeida, acusado de ter
matado com um pontapé o frentista Marcos Rogério dos Santos, no posto Rocar Iguatemi,
sábado passado. O delegado Luis Alberto de Souza Perreira, que preside o inquérito, e o
promotor Mário Pedro Paes, designado especialmente para o caso, ouviram os relatos e
fizeram muitas perguntas às testemunhas.
O lead termina e o leitor sabe apenas que oito testemunhas depuseram. Quem lesse a notícia até o
fim, porém, teria imediatamente à disposição o verdadeiro lead: dos oito depoimentos, apenas o da
noiva do economista tentava isentá-lo de culpa. Todos os demais o acusavam pela morte do
funcionário do posto. Era isto que a abertura deveria afirmar.
Ao contrário, leia um lead sobre a repercussão de um fato abrangente no qual o leitor tem uma idéia
global de como as fontes consultadas receberam a notícia:
Empresários e líderes sindicais de São Paulo, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte dividiram
ontem suas opiniões a respeito do novo pacote fiscal: alguns o consideraram “razoável”, mas
houve quem o qualificasse de “caça-níqueis”, como o presidente do Sindicato X, João de
Almeida.
3 - Falta de informações
Há leads que não apenas deixam de tratar o fato de forma direta, como pecam por omitir
informações essenciais. Veja o exemplo:
Ontem à noite, depois de uma reunião de quatro horas, a direção do Sindicato dos
Trabalhadores em Hotéis de Foz do Iguaçu aceitou uma contraproposta do sindicato dos
empresários que poderá evitar a greve da categoria que paralisaria a cidade que, nesta
época do ano, recebe milhares de turistas.
O texto já começa mal, com complementos que poderiam estar depois da frase principal, e não diz
simplesmente, nas linhas iniciais, em que consiste a contra proposta que pode evitar a greve.
4 - "Humanos"
A abertura das matérias ditas "humanas" está entre as mais difíceis de redigir. Exige criatividade e
muito cuidado para que o texto não tangencie o pieguismo. Estes são dois bons exemplos de leads
“humanos”:
Carlos Ramalho beijou a poça de água em que pisou assim que desceu do ônibus, na
plataforma 75 do Terminal Rodoviário do Tietê. “Quer melhor chegada para um baiano que
está fugindo da seca? Ô paulistada, aqui é o céu! A agüinha santa cai que nem bênção na
cabeça gorda aqui!”. Ele ficou surpreso na manhã de ontem quando chegou a São Paulo.
Chovia e fazia muito frio, “coisa rara na terrinha”. Antes de saber para que lado ia, preferiu
andar um pouco descalço, pisando nas poças de água.
Aos 35 anos de idade, o jornalista Haroldo de Faria Castro já viajou cerca de 1 milhão de
quilômetros, visitou 74 paises, rodou as Américas a bordo de uma velha Kombi e acabou
batendo o recorde de Júlio Verne: deu a volta ao mundo em 79 dias, carregando a tocha
olímpica da paz.
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5 - Interpretados
Em casos excepcionais e quando a matéria realmente o justifique. Uma abertura pode deixar de
lado os princípios da isenção e objetividade e admitir algum grau de interpretação, como no
exemplo seguinte:
A mais significativa vitória de um lobby articulado na atual Constituinte não foi de empresas
especializadas e organizadas para esse fim ou os financiados pelas poderosas
multinacionais. Foi a do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que
conseguiu a inclusão, no projeto da Comissão de Sistematização, de 38 reivindicações de 9
confederações de trabalhadores, 9 federações de funcionários públicos de nível nacional, 3
centrais sindIcais e mais de 300 sindicatos.
6 - Intercalações
Se no meio do texto as intercalações exageradas já são condenáveis e desviam a atenção do leitor,
no lead tornam-se mais graves, porque podem simplesmente afastá-lo de toda a matéria. Veja dois
casos em que os períodos deveriam ter sido quebrados em frases menores:
Quando o ministro-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), tenente-brigadeiro
Paulo Roberto Camarinha, deixou claro na reunião do Conselho de Desenvolvimento
Econômico (CDE) , no Palácio da Alvorada, que os militares não aceitariam qualquer
redução na Unidade de Referência de Preços (URP) que não atingisse igualmente os
Poderes Legislativo e Judiciário, o setor econômico do governo federal entendeu que tinha
pela frente um problema mais sério do que imaginava.
Os dois seqüestradores de Thabata Larissa Eroles Aragão, de dois meses e meio, que a
mantiveram como refém durante oito horas, na quarta-feira passada, e a esfaquearam
quando a polícia iniciava o seu resgate, eram ex-estudantes do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos, Eijii Ishizaki, de 26 anos, quartanista de
Engenharia Mecânica, e Paschoal Ichii, aluno de Engenharia Aeronáutica.
7 - Não-noticiosos
Aberturas não-noticiosas também exigem habilidade, a exemplo das "humanas", porque o redator
não está lidando com fatos, nos quais a hierarquia da informação já se estabelece de maneira mais
ou menos automática. Por isso, é preciso sempre levar ao leitor o ponto central da informação de
maneira atraente e de forma que ele perceba que não está diante de uma notícia propriamente dita.
Veja exemplos:
Não se sabe a que horas acordam, quantos maços de cigarros fumam, se bebem antes,
durante e depois. Mas os romances que produzem cheiram a dinheiro, quase dispensam
publicidade e invariavelmente encabeçam as listas dos mais vendidos. Nesta página, três
exemplos desses escritores-vendedores e seus novos lances: Georges Simenon, Johanna
Kingsley e Sydney Sheldon.
Provar a honestidade. Este é o desafio permanente dos homônimos, vítimas da burocracia
da Justiça, das listas telefônicas e até dos computadores do Serviço de Proteção ao Crédito.
Quando precisam assinar contratos, logo surgem os fantasmas dos xarás, que não pagam
suas dívidas e acabam dificultando os negócios.
Entregadores domiciliares de pizzas transformaram-se no alvo preferido de grupos
organizados de jovens delinqüentes da classe média, cuja ousadia já preocupa os donos das
pizzarias. Os jovens cercam os entregadores e levam as pizzas, o dinheiro e, muitas vezes,
também a moto ou a bicicleta. Alguns dos comerciantes sabem quem são os ladrões, mas
nada podem fazer contra eles.
8 - O óbvio ou lugar-comum
Fuja da abertura óbvia ou lugar-comum, que pode tanto ser aquela que se repete sempre nas
mesmas épocas ou circunstâncias como aquela que já foi usada tanto que o bom senso recomenda
evitar.
Veja alguns exemplos:
Se estivesse vivo, o compositor tal estaria completando hoje 90 anos de idade.
Indiscutivelmente, Xuxa é hoje a coqueluche nacional. Mas poucos sabem que, por trás
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Linchar - Assassinato de pessoa, acusada ou não de crime, promovido por multidão ou grupo que
pretende estar fazendo justiça. Não escreva que alguém quase morreu em um linchamento. Só há
linchamento quando a vítima morre. Caso contrário, use tentativa de linchamento.
A palavra vem do inglês lynch, provavelmente derivada de Charles Lynch, fazendeiro e juiz de paz
da Virgínia (EUA) morto em 1796. Lynch dirigia um tribunal não-legalizado através do qual suprimia
seus opositores políticos. A "lei de Lynch", como ficou conhecida, passou a designar assassinato
cometido por grupo que alega estar fazendo justiça.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
M
Mal / mau (modos de usar) - Numa de suas provas, a Fuvest, que faz o vestibular da USP,
Universidade de São Paulo, pediu aos alunos que escrevessem três frases com a palavra "mal".
Mas era necessário usar os três valores gramaticais da palavra "mal".
Todo mundo se lembra imediatamente de dois desses valores. "Mal" pode ser advérbio, como
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ocorre na frase:
Aquele jogador joga mal
em que "mal" designa o modo como alguém joga.
"Mal" também pode ser substantivo:
Nunca pratique o mal; pratique sempre o bem.
E o terceiro valor gramatical da palavra "mal"? É o de conjunção indicativa de tempo e equivalendo
a "logo que", "assim que", "imediatamente depois que":
Assim que você saiu
Logo que você saiu
Mal você saiu, ela chegou
Esse "mal" se escreve com "l" e é conjunção.
Outra dúvida em relação a essa palavrinha diz respeito a sua grafia. Isso ocorre porque também
existe "mau", com "u". Para resolver essa questão, há uma dica muito útil: "mau" com "u" se opõe a
"bom"; "mal" com "l" se opõe a "bem".
Fulano joga bem.
Fulano joga mal.
Fulano é bom jogador.
Fulano é mau jogador.
Caso você esqueça quem é o contrário de quem, coloque em ordem alfabética: "mal" vem antes de
"mau" e "bem" vem antes de "bom". Pronto: está resolvido o assunto.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/problemasgerais/bem-bom-mal-mau.htm ;
acessado em 3/1/2008).
Malcriado / mal criado (modos de usar) - Outra pedrinha é a palavra "mal". Uma consulta rápida
é o caminho para o equívoco. Encontra-se, por exemplo, a palavra "malcriado", sem hífen, ou seja,
"tudo junto", como se costuma dizer.
O que vem a ser um indivíduo "malcriado"? É um indivíduo descortês, indelicado, grosseiro, mal-
educado.
Será que sempre se escreve "malcriado"? Veja este exemplo, tirado da canção "Geração Perdida",
interpretada por Daniela Mercury: "As crianças mal criadas, nascidas com a televisão". É
exatamente assim que está na letra impressa no encarte do disco.
Associe o título da música à expressão citada no parágrafo anterior, levando em conta as palavras
"mal" e "criadas", separadas. Faz sentido, não?
O que são crianças "mal criadas"? Afirma-se que quem as cria não executa competentemente a
tarefa. O advérbio "mal" está modificando a forma verbal "criadas".
É por isso que as palavras não se juntam. Cada uma preserva sua autonomia, sua identidade. No
caso do adjetivo "malcriado", as palavras se juntaram justamente porque perderam sua autonomia.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0908200105.htm ; acessado em 30/12/2007.)
infinitivo. Usa-se, então, o pronome pessoal do caso reto. Assim: "Traga os números para eu fazer
os cálculos", "Trarei os números para tu fazeres os cálculos", Trarão os números para nós fazermos
os cálculos".
"Entre mim e ti..."
Essas construções não se confundem com aquelas em que os pronomes exercem função de
complemento. Nesses casos, eles são oblíquos tônicos e sempre vêm depois de uma preposição:
"para mim", "de ti", "por ele", "entre nós", "contra elas" etc. Assim: "Faça isso para mim", "Estou com
saudade de ti", "Nada houve entre mim e ele" (ou "entre ele e mim") etc..
(Fonte: CAMARGO, Thaís Nicoleti de. O emprego dos pronomes pessoais. Publicado em
20/09/2005. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u28.shtml . Acessado em
2/1/2008)
Não (o uso do “não” – Procure, na noticia, explicar sempre o que aconteceu e não o que não
aconteceu. Haverá sempre uma forma positiva – basta procurá-la – de você transmitir a informação
ao leitor, seja no lead, seja no titulo. Veja alguns exemplos de lead negativo:
O novo pedido de licença do cargo feito pelo prefeito Jânio Quadros não foi votado ontem
pela Câmara Municipal.
O presidente José Sarney não irá mais ao Pará amanhã, como estava programado, para
assistir ao reinício das obras de construção da eclusa de Tucuruí.
O Conselho Nacional de Trânsito não decidiu ontem sobre o aumento da velocidade máxima
nas estradas para cem quilômetros por hora.
A dívida contraída pela Eletropaulo continua sem explicações.
Não houve nenhuma novidade ontem nas investigações feitas pela policia de São Paulo para
localizar o “maníaco do estilete”.
Em todos esses casos, a abertura recomendável teria obrigatoriamente de revelar a causa de nada
disso ter acontecido. Veja uma solução:
Por causa do escândalo na concorrência de construção da Ferrovia Norte-Sul, o presidente
José Sarney decidiu adiar sine die a viagem que faria ontem a Tucuruí.
Só na próxima semana a Câmara Municipal decidirá sobre o pedido de licença do prefeito
Jânio Quadros que, por falta de quórum, deixou de ser votado ontem.
Proceda da mesma forma nos títulos, fugindo das formas pouco elucidativas como:
Sobrevivente não presta depoimento.
Exames do deputado não terminaram.
Sarney não vai ao Pará.
Nada decidido sobre velocidade.
Seria indispensável nesses títulos dizer, por exemplo:
Médicos impedem depoimento do sobrevivente
Deputado fará exames por mais três dias
Sarney cancela visita ao Pará
Adiada a decisão sobre velocidade
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Nariz-de-cera - É uma introdução vaga e desnecessária que toda notícia dispensa. Use lead e
nunca nariz-de-cera, a não ser em casos excepcionais, como o de apresentar íntegras: É a seguinte
a íntegra do discurso pronunciado ontem pelo presidente da República na Cidade do México. Um
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exemplo de nariz-de-cera:
São muitos os problemas do trânsito em São Paulo. Alguns deles arrastam-se por anos e
anos sem que ninguém tente resolvê-los. Um exemplo desse descaso das autoridades é o
estacionamento sobre as calçadas. Mais uma vez, porém, a Prefeitura promete adotar
medidas para que os abusos não se repitam.
Depois dessa introdução, viria a notícia de que o estacionamento sobre a calçada estava, a partir do
momento, sujeito a multas elevadas.
Entre direto no fato:
A partir de hoje, quem estacionar seu carro sobre a calçada pagará X mil cruzeiros de multa.
E a Prefeitura promete ser rigorosa na fiscalização.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
repetir palavras: Estavam ali de 40 mil a 50 mil pessoas. / A cidade tem entre 3 milhões e 4 milhões
de habitantes. / De 20 reais a 50 mil, qualquer quantia era aceita. / Falava tanto para 50 pessoas
como para 50 mil, sem se perturbar. / A inflação deste mês ficará entre 1% e 2%.
8 - Estão vetadas as reduções "mi", "bi" e "tri" para milhão, bilhão e trilhão. Estas formas (por
extenso) são as únicas admitidas pelo Estado.
9 - Com números quebrados, use algarismos: O senador obteve 3.127.809 votos. / A cidade tem
3.456 bancas de jornais.
10 - Nos títulos, olhos, janelas, chamadas da Primeira Página e legendas, por economia de espaço,
os números abaixo de 11 podem ser escritos em algarismos: O Congresso aprova 8 projetos. /
Emenda rejeitada pela 3.ª vez. / Os 5 refugiados chegam aos EUA. A recíproca, porém, não se
recomenda, como recurso para aumentar o texto: Comício atrai apenas trezentas pessoas (use 300
em algarismos).
11 - Nunca use 0 antes de número inteiro, a não ser para indicar dezenas de loteria, números de
referência, prefixos telefônicos e dígitos de computador. Para datas, número de páginas, horas, etc.,
adote sempre o número simples: 2/1/96 (e nunca 02/01/96); às 8 horas (e nunca às 08 horas); às
9h16 (e nunca às 09h16); chegará dia 9 (e nunca dia 09); na página 5 (e nunca na página 05).
12 - Prefira usar por extenso os números fracionários: um terço, dois quintos, sete quartos, etc. Em
títulos, olhos, legendas e chamadas, admite-se, porém, a forma numérica: 1/3 das pessoas, 3/5 da
população, etc.
b) Por extenso
1 - Use o número por extenso nos nomes de cidades, em palavras compostas, nas expressões
populares ou quando o número estiver substantivado: Três Lagoas, Santa Rita do Passa Quatro,
três-estrelinhas, quatro-olhos, segundo-tenente, dos oito aos oitenta, dos seiscentos diabos, cortar
um doze, pintar um sete, fazer um quatro, o dois de ouros, desenhar um cinco, etc. Exceção: o
nome dos dias da semana, apenas em títulos e mantendo o hífen. Exemplos: 5.ª -feira, 2.ª -feira,
etc. Também por extenso: Primeiro Mundo, Terceiro Mundo, segunda intenção, primeiro plano, etc.
2 - Na transcrição de documentos: "Aos dezoito dias do mês de março do ano de mil novecentos e
noventa e seis..."
3 - Para definir períodos históricos: o Setecentos (século 18), o Oitocentos (século 19).
c) Em algarismos
Como critério genérico, deverão ser empregados algarismos sempre que um número expressar
valor, grandeza ou medida (e não apenas mera soma, como dois amigos, três pessoas, cinco
emendas). De maneira mais específica, use algarismos em:
1 - Tabelas, relatórios econômicos, princípios matemáticos, quadros estatísticos, tabelas de
horários, etc.
2 - Horas, minutos e segundos: Ele partirá às 4 horas. / A reunião irá das 7 às 9 horas. / O foguete
foi lançado às 8h5min15s. Exceção: quando horas designa período de tempo. Exemplos: A reunião
demorou oito horas. / A comitiva esperou três horas pelo deputado. / Faltam dois minutos.
3 - Dias, meses (em algarismos), décadas, séculos: O presidente chega dia 3. / A Câmara votará a
emenda dia 9. / 3/9/94. / Tinha saudades da década de 10. / O século 1.º, o século 4.º, o século
10.º, o século 11. Exceção: quando se quer exprimir um período de tempo. Exemplos: O cantor se
apresentará durante cinco dias em São Paulo. / Sua pesquisa abrange quatro décadas. / Passaram-
se três séculos.
4 - Datas em geral, incluindo-se as que se tornaram nomes de locais públicos: São Paulo, 3/3/1993.
/ Rio de Janeiro, 2 de abril de 1995. / Avenida 9 de Julho (e não Nove de Julho). / Rua 7 de Abril. /
Rua 15 de Novembro. Exceção: quando se quer dar ênfase a uma data histórica. Exemplos: O Sete
de Setembro. / O Nove de Julho.
5 - Idades: Ele tem 3 anos. / Uma criança de 2 anos, 8 meses e 5 dias. Exceção: quando anos
designa período de tempo. Exemplos: Ele esperou quatro anos. / Ela parece ter envelhecido dez
anos.
6 - Dinheiro: 8 reais, 5 centavos, 2 dólares, 3 libras, 8 marcos, R$ 3 milhões, US$ 5 milhões.
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ordem e outra: 142.387 = cento e quarenta e dois mil trezentos e oitenta e sete; 856.672.549 =
oitocentos e cinqüenta e seis milhões, seiscentos e setenta e dois mil quinhentos e quarenta e nove;
765.432.854.987 = setecentos e sessenta e cinco bilhões, quatrocentos e trinta e dois milhões,
oitocentos e cinqüenta e quatro mil novecentos e oitenta e sete.
b) Ordinais
1 - Não existe hífen nos números ordinais: décimo terceiro (e não "décimo-terceiro"), vigésimo
quinto, octogésimo nono.
2 - Alguns exemplos de números ordinais por extenso - ver quais são no verbete números ordinais:
134.º - centésimo trigésimo quarto; 267.º - ducentésimo sexagésimo sétimo; 543.º qüingentésimo
quadragésimo terceiro; 652.º - sexcentésimo qüinquagésimo segundo; 879.º - octingentésimo
septuagésimo nono; 985.º - noningentésimo octogésimo quinto. Os números variam no feminino:
389.ª trecentésima octogésima nona.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Números 3 – Números romanos.
a) Uso
1 - Use algarismos romanos apenas para designar reis e papas, nomes oficiais de clubes ou
associações, os antigos Exércitos brasileiros e os atuais Comandos Aéreos Regionais (Comar): Luís
XV, Henrique VIII, d. João VI, d. Pedro II, João Paulo II, Paulo VI, João XXIII, Pio XI, Clube XV, XV
de Jaú, XV de Piracicaba, I Exército, IV Exército, VII Comar. 2 - Mantenha os algarismos romanos
na transcrição de leis ou documentos oficiais: "Parágrafo 4.º ... IV - A inelegibilidade de que trata
este parágrafo..." 3 - Use algarismos arábicos para todos os demais casos que indiquem seriação,
entre eles séculos, capítulos, guerras, governos, planos, projetos, usinas, naves espaciais, zonas,
distritos, regiões, festas, feiras, congressos, conferências, simpósios, competições esportivas, etc.:
século 5.º, século 10.º, século 18 (e não século XVIII), século 20, 1.ª Guerra Mundial (e não I Guerra
Mundial), 3.ª Guerra Mundial, 5.ª República, 3.º Reich, Plano Cruzado 2 (e não Plano Cruzado II),
Angra 2, Gemini 5, Soyuz 8, Zona 4, 6.º Distrito Naval, 4.ª Região Militar, 3.ª Festa da Uva, 23.º
Congresso de Cardiologia, 2.º Simpósio de Informática, 15.ª Feira do Automóvel, 6.º Enduro da
Independência, Fórmula 1, Fórmula 3, 5.º Rali das Águas, etc.
b) Como escrevê-los
1 - São sete as letras básicas: I = 1; V = 5; X = 10; L = 50; C = 100; D = 500 e M = 1.000. 2 - Se uma
letra se repete, repete-se o valor: XX = 20; CCC = 300. 3 - As letras I, X, C e M podem ser repetidas
no máximo três vezes em seguida; as letras V, L e D não se repetem. 4 - Se um valor maior precede
outro menor, ambos se somam: LX = 60; CV = 105. 5 - Se um valor menor precede outro maior, ele
é deduzido do segundo: XC = 90 (100 - 10); CD = 400 (500 -100). 6 - Uma barra sobre a letra
aumenta mil vezes o seu valor: V = 5.000; M = 1.000.000.
Eis alguns exemplos:
I-1
II - 2
III - 3
IV - 4
V-5
VI - 6
VII - 7
VIII - 8
IX - 9
X - 10
XI - 11
XIV - 14
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XIX - 19
XX - 20
XXIX - 29
XXX - 30
XXXIX - 39
XL - 40
L - 50
LIX - 59
LX - 60
LXX - 70
LXXX - 80
XC - 90
XCIX - 99
C - 100
CC - 200
CCXCVII - 297
CCCXXVI - 326
CDXCIX - 499
D - 500
DCVIII - 608
DCCXIX - 719
DCCCLXXIV - 874
CMI - 901
CMXCIX - 999
M - 1.000
MCDLXXXVI - 1.486
MD - 1.500
MCMLXXXVIII - 1.988
MCMXC - 1.990
MM - 2.000
MMM - 3.000
IV - 4.000
IVDCCLXXIX - 4.779
V - 5.000
X - 10.000
C - 100.000
M - 1.000.000
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Óbvio - Existem frases e títulos que nada mais expressam senão o óbvio, mesmo que à primeira
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Opinião - 1 - O jornal, como um todo, tem opiniões sobre os assuntos que publica e as expressa em
editoriais. O noticiário, por isso, deve ser essencialmente informativo, evitando o repórter ou redator
interpretar os fatos segundo sua ótica pessoal. Por interpretar os fatos entenda: se também a
distorção ou condução do noticiário. Exemplos: ao tratar dos trabalhos de remoção de favelados de
um local, o repórter entra em considerações sobre as injustiças sociais e os desfavorecidos da sorte
ou, ao tratar de um assalto, coloca a miséria como fator determinante da formação do criminoso.
Deixe esse gênero de ilação a cargo dos especialistas ou editorialistas e apenas descreva os
acontecimentos.
2 - Para oferecer ao leitor maior diversidade de opinião, o jornal tem críticos, comentaristas,
analistas, articulistas, correspondentes e outros que, em matérias assinadas, poderão expor suas
opiniões, nem sempre coincidentes com as do Estado. Em casos excepcionais, reportagens mais
amplas ou delicadas, se permitirá algum tipo de interpretação. É obrigatório, porém, que sejam
submetidas à Direção da Redação.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
P
Palavras dispensáveis - O texto deve evitar palavras supérfluas ou dispensáveis. Veja alguns
casos: em fevereiro (em vez de no mês de fevereiro), em 1990 (em vez de no ano de 1990), no
Paraná (em vez de no Estado do Paraná), em Campinas (em vez de na cidade de Campinas), a
Prefeitura (em vez de a Prefeitura Municipal), o Senado (em vez de o Senado Federal), o
Congresso (em vez de o Congresso Nacional), a Câmara de São Paulo (em vez de a Câmara
Municipal de São Paulo), o Nordeste (em vez de a Região Nordeste), o Sudeste (em vez de a
Região Sudeste). Em alguns casos, a expressão entre parênteses pode até ser necessária. Na
maior parte das vezes, porém, prefira a forma simplificada.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Palavras inexistentes - Certifique-se sempre de que a palavra que você quer usar existe no
idioma. Assim, por exemplo, os dicionários não registram gemeção, mas gemedeira, nem
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reconciliamento, mas reconciliação e outras como essas. Além disso, evite antecipar-se ao
dicionário e partir para a criação indiscriminada de vocábulos, o que resulta em formas como
adesivação, cartelização, agudizar, desfavelização, culpabilizar, fisicultor, literatizante,
descupinização, urgencializar, contraculturalismo, pretensiosidade, elencado e dezenas de formas
semelhantes.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
ganhar grátis
general do Exército
goteira no teto
há ... atrás (use há tantos anos ou tantos anos atrás)
hábitat natural
já ... mais (use já não há e nunca já não há mais)
manter o mesmo (pode-se manter outro?)
manter o seu
monopólio exclusivo países do mundo
permanece ainda
planos para o futuro
Prefeitura Municipal
regra geral
relações bilaterais entre os dois paises
repetir de novo (a menos que se repita pela segunda vez)
sair fora ou para fora
sorriso nos lábios
sua autobiografia
subir para cima
surpresa inesperada
todos foram unânimes
vereadores da Câmara Municipal
viúva do falecido
2 - De idéia
Há pleonasmos velados menos graves, mas igualmente evitáveis, como nas frases:
Campinas restaura velho casarão
Recuperação do velho Parque D. Pedro começa este mês
Zico volta ao futebol
A palavra “velho”, nas duas primeiras frases, é supérflua: para serem restaurados, ou recuperados,
nem o casarão nem o parque podem ser novos. E, finalmente, Zico voltaria a que esporte senão ao
futebol? (Opções: Zico volta a jogar, Zico volta à atividade ou Zico volta ao Maracanã).
3 - Estilístico
É o pleonasmo literário para dar força ou ênfase à expressão:
Rir um riso amarelo
Sonhar um sonho
Ver com os próprios olhos
Andar com as próprias pernas
Só deve ser usado em textos especiais
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Preconceitos - Pense que o jornal tem leitores de todas as tendências, raças, credos e religiões.
Por isso, procure sempre ser isento no noticiário especialmente naquele que envolva questões
delicadas, e evite utilizar frases, alusões ou conceitos que possam melindrar as pessoas.
Lembre-se de que muitos leitores de 50, 60 ou 70 anos podem considerar ofensivos termos que não
causariam surpresa aos mais jovens. Esse equilíbrio de linguagem é fundamental para que o jornal
continue a gozar do conceito de órgão respeitável e respeitoso para com os seus assinantes e
compradores habituais.
1 - Jornais e revistas. Sempre que fizer referência à notícia publicada em outro jornal ou revista,
escreva claramente qual foi o órgão que a divulgou. Eufemismos como revista semanal paulista ou
jornal carioca não se justificam. O leitor tem o direito de saber qual é a publicação mencionada, até
mesmo para procurar, na própria fonte, a notícia em questão.
2 - Palavrões e vulgaridades. Por princípio e em respeito ao leitor, o Estado não publica palavrões
nem vulgaridades. Assim, todo texto que, mesmo em transcrições, contiver expressões como essas
deve ser submetido à Direção da Redação. Por vulgaridades entendam-se termos ou locuções
como: de saco cheio, encher o saco, puxa-saco, bicha, veado, veadagem, cafetão, porrada,
esculhambar, avacalhação, tesão, pentelho, sapatão, vaca (não o animal), saco, mijar, sacanagem,
fresco (pejorativo), frescura, babaca, partir para o tapa, quebrar a cara, etc.
3 - Palavras ofensivas. Além dos palavrões, há uma série de palavras que ofendem aqueles a
quem se dirigem nem todo gordo aceita ser chamado dessa forma, muito menos de balofo. Se a
pessoa tiver orelhas de abano, para que deverá o jornal agravar esse complexo? E em que a
notícia ajudará uma pessoa muito feia se lembrar essa condição a todo momento? O mesmo vale
para as rugas ou a celulite das atrizes, para operações plásticas tratadas de forma depreciativa, etc.
Se as pessoas são vaidosas, por que agredir esse aspecto da sua personalidade? Proceda da
mesma forma com termos como baixinho, narigudo, beiçudo, careca, barrigudo e outros do gênero.
4 - Deficiências físicas. Trate com dignidade os deficientes físicos e use a palavra técnica, e não
termos populares e ofensivos, para designá-los. Assim, por exemplo, estrábico e não vesgo,
impotente e não broxa, Outros termos a evitar: caolho, maneta, perneta, manco, zarolho, etc.
5 - Negro e mulato. Se necessário, use a forma negro (e nunca preto, colored, pessoa de cor,
crioulo, pardo, etc.). Mulato e mulata são aceitáveis quando se justificar a especificação, na notícia,
da cor da pele da pessoa. No noticiário policial, só faça referência a negro quando se tratar de
pessoa procurada: A polícia procura dois homens negros e um branco, acusados de... Nos demais
casos, raramente há necessidade de falar em brancos, negros ou mulatos. No noticiário geral, a
palavra só em sentido se a própria pessoa se referir a ela ou se houver uma denúncia de
discriminação racial. Por isso não descreva um jogador, artista ou personalidade como fulano de tal,
tantos anos, negro (a menos que o personagem proclame a sua negritude). A única exceção seria
para casos muito incomuns (o primeiro presidente negro de um país, o primeiro cardeal negro, etc.).
O Estado não compactua com casos de racismo e os denuncia sempre.
6 - Velho. Na maior parte dos casos, a palavra tem conotação preconceituosa. Se necessário,
revele a idade da pessoa que ficará clara essa condição.
7 - Homossexual. É outro termo que só deve aparecer no noticiário se tiver relação com o fato
descrito. Por exemplo: um homossexual foi morto por alguém presumivelmente ligado a uma
quadrilha especializada em assassinar esse tipo de pessoas. Outro exemplo: um artista
assumidamente homossexual admite que essa condição influenciou o seu trabalho. A exceção de
casos como esses, não há razão para menções a respeito.
8 - Menores. Por força de lei, menores envolvidos em crimes não poderão ter os nomes publicados
no jornal (identifique-os apenas pelas iniciais), nem suas fotos divulgadas. Lembre-se, porém, de
que a inclusão do nome dos pais na notícia imediatamente revelará quem é o menor. O Código de
Menores é claro a respeito, quando proíbe "expressamente a identificação de menor em notícia que
se publique a seu respeito em divulgação em geral, especialmente na imprensa escrita e televisada,
seja pelo nome, fotografia, filiação e apelido". O Estado procede da mesma forma com relação a
menores vítimas de atos que lhes possam trazer problemas de caráter social ou lhes acarretar
discriminações (estupro, por exemplo).
9 - Correção. Toda informação errada que o Estado publicar deverá ser retificada na edição
seguinte, na mesma seção que a divulgou, sob o título Correção, ressalvados os casos
excepcionais, que exijam maior destaque. Justificam uma correção, dessa forma, erros graves de
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data, nomes errados, fatos atribuídos a pessoas que não os praticaram e outros do gênero. Erros
gráficos que dêem margem a interpretação dúbia quanto às reais intenções do jornal devem ser
igualmente corrigidos. Assim, se por uma falha se escreve o sujeito fulano de tal, em vez de o
prefeito fulano de tal, não se deve deixar de, logo em seguida, esclarecer ao leitor que houve um
engano no texto da notícia. Uma correção sumária pode ser, por exemplo: A notícia publicada
ontem na página 5 do Estado, sob o título ..., apresenta uma incorreção. Quem comandava o então
11º Exército em ..., ano em que fulano de tal foi cassado, era o general X e não o general Y.
10 - Doenças. O jornal deve informar claramente do que uma pessoa sofre, foi operada ou morreu.
Não há sentido em esconder que alguém tem câncer, por exemplo, ou mesmo Aids. Caso não
revele essa informação, a notícia estará sendo desleal com o leitor e ocultando-lhe um fato que ele
merece conhecer. Apenas, trate a doença com naturalidade, sem alarde.
11 - Suicídios. Se uma pessoa se suicidou, a notícia deve revelá-lo ao leitor, também para que este
não receba a informação pela metade. Em qualquer relato de morte, o mínimo que se quer saber é
de que maneira ou em que circunstâncias ela ocorreu: Doença? Acidente? Suicídio? Por mais
doloroso que seja o fato, evite disfarçá-lo. (observação do professor: veja verbete “suicídio” em
“Normas editorias de apuração, procedimento e foco”.
12 - Raças e nacionalidades. Nunca recorra a palavras que agridam raças, nacionalidades ou
tendências políticas, como carcamano, comuna, china (por chinês), turco (por árabe), polaco, japa,
gringo, galego, português ou lusitano (no mau sentido), pau-de-arara, cabeça-chata, baiano (para
qualquer nordestino), judeu (no mau sentido), judiar, judiação, amarelo (por oriental), vermelho (por
comunista), etc.
13 - Qualificativos. Designe a pessoa sempre pela sua ocupação principal e não por outra,
acessória (ou por um qualificativo), que tenha por objetivo apenas rebaixá-la perante o leitor. Se um
astrólogo for nomeado ministro, ele será ministro no noticiário, e não astrólogo. Idem um sindicalista
que se eleja deputado. Ou um chacareiro que atinja posição política de destaque.
14 - Iniciais. Além do caso dos menores, iniciais poderão também ser utilizadas, a critério da
Direção da Redação, para designar autores de denúncias que possam causar-lhes problemas ou
risco de vida e mulheres adultas vítimas de estupro cuja identidade o jornal admita preservar.
15 - Desempregado (técnico). Elimine um vício do noticiário esportivo: o de se referir a todo técnico
de futebol dispensado por um clube como “mais um desempregado”. Diga apenas que ele foi
demitido ou dispensado. Trata-se de um trabalhador como outro qualquer e o desempregado, no
caso, dá sempre à notícia um sentido depreciativo que pode perfeitamente ser evitado.
16 - Vender e comprar (jogador). Fale sempre em compra venda do passe e não do atleta, que é
um ser humano e não mercadoria em transação.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
portanto antes de sua publicação, era de que o etc. deve ser desconsiderado valendo como
exceção apenas as explicitamente mencionadas (acima). Todas as outras, portanto, manteriam o
hífen: para-lama, para-brisa, lero-lero, marcapasso, tira-teima, cata-vento, passa-tempo etc.
• Já vigentes na prática, são agora definidos como regras:
a) Nos topônimos (nomes de lugares geográficos) usa-se hífen com os prefixos Grão- e Grã-, em
nomes cujo primeiro elemento é verbal e quando os elementos estão ligados por artigos: Grão-Pará,
Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Trás-os-Montes, Todos-os-Santos
b) Têm hífen palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, erva-
doce, andorinha-do-mar, bem-te-vi, leão-marinho
• Usa-se hífen (e não travessão) entre elementos que formam não uma palavra, mas um
encadeamento vocabular:
ponte Rio-Niterói, Alsácia-Lorena, Liberdade-Igualdade-Fraternidade
• Não se usa hífen em locuções (alguns exemplos):
substantivas: café da manhã, fim de semana, cão de guarda
adjetivas: cor de açafrão, cor de vinho
pronominais: cada um, ele mesmo, quem quer que seja
adverbiais: à vontade, à parte, depois de amanhã
prepositivas: a fim de, acerca de, por meio de, a par de
conjuncionais: contanto que, no entanto, logo que
Exceções consagradas pelo uso: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que perfeito,
pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
Comentário: Também é um tanto vaga a noção de ‘consagrada pelo uso’, o que implica que só com
a publicação do V.O. estarão definidas todas as locuções em que se usa (ou não) hífen., como,
p.ex., água que passarinho não bebe, arco da aliança, água de cheiro etc. Pressupõe-se que, na
lógica de só serem válidas as exceções explicitamente mencionadas no Acordo, todas deverão
perder o hífen, desconsiderando-se o ‘etc.’
* Geralmente, a não ser nas exceções que serão estabelecidas na regras seguintes, em palavras
compostas com prefixos ou falsos prefixos (radicais gregos ou latinos que ganharam o significado
das palavras das quais faziam parte, como aero, radio, tele etc.) usa-se hífen se o segundo
elemento começa por h anti-histórico, super-homem, multi-horário, mini-habitação, co-herdeiro
Atenção: quando se usam os prefixos des- e in- (e tb. com an e dis) caem o h e o hífen: desumano,
inabitável, desonra, inábil, anistórico, disidria. Também com os prefixos co- e re- eliminam-se o h e o
hífen: coerdar, coabitar, reabilitar, reabitar
• Passa-se a usar hífen entre o prefixo e o segundo elemento quando o prefixo termina na mesma
vogal pela qual começa o segundo elemento:
antiinflacionário passa a ser anti-inflacionário
teleeducação passa a ser tele-educação
neoortodoxia passa a ser neo-ortodoxia
Obs.: nos prefixos terminados em a, já era o uso vigente, agora consolidado pela regra: contra-
almirante, extra-articular, ultra-alto
Exceção: o prefixo co- se aglutina com segundo elemento começado por o: cooptar, coobrigação re-
se aglutina com palavras começadas por e: reeleição, reestudar, reerguer.
* Usa-se hífen com circum- e pan- quando seguidos de elemento que começa por vogal, m e n,
além do já citado h:
cirumnavegação passa a ser circum-navegação
circumediterrâneo passa a ser circum-mediterrâneo
circumeridiano passa a ser circum-meridiano
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Obs.: já era uso vigente para pan- e alguns usos de circum-, agora ratificados como regra.
* Usa-se hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em consoante e o segundo elemento
começa pela mesma consoante ou por r ou h.
Obs.: São casos desta regra, e também de regra específica do Acordo, o uso de hífen com os
prefixos hiper-, inter-, super, ciber- e nuper- quando o segundo elemento começa por r ou h (hiper-
requintado, interresistente, super-radical, inter-hospitalar); não se usa hífen em outros casos nos
quais o prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa por vogal ou consoante
diferente de h ou r: subseqüência, sublinear, subaquático (mas sub-reptício, sub-rogar), interativo,
hiperativo, superabundante, hiperacidez, interlocução. O uso de hífen com sub-r... é omitido no
Acordo.
* Quando o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s não
se usa mais o hífen e a consoante r ou s é duplicada:
ultra-som passa a ser ultrassom
anti-semita passa a ser antissemita
micro-sistema passa a ser microssistema
mini-saia passa a ser minissaia
maxi-resultado passa a ser maxirresultado
contra-regra passa a ser contrarregra
co-seno passa a ser cosseno
semi-reta passa a ser semirreta
* Não se usa hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento
começa por vogal diferente ou consoante (se esta for r ou s, como visto acima, se duplica):
auto-escola passa a ser autoescola
extra-escolar passa a ser extraescolar
co-piloto passa a ser copiloto
supra-escrito passa a ser supraescrito
auto-imune passa a ser autoimune
contra-ordem passa a ser contraordem
Obs.: Alguns desses usos (antiaéreo, plurianual, prefixo seguido de consoante etc.) já eram
vigentes, outros não (exemplos acima), agora todos estão submetidos à regra
• Alguns casos que não mudam, mas convém lembrar:
Com os prefixos ou falsos prefixos ex-, sota-, soto-, vice- vizo-, pré-, pró- e pós- sempre se usa
hífen.
Usa-se hífen antes dos sufixos de função adjetiva de origem tupi-guarani -açu,-guaçu e –mirim,
quando o primeiro elemento acaba em vogal tônica (cajá-mirim, cipó-guaçu) ou quando se necessita
separar a pronúncia da vogal final da do sufixo (anda-açu).
Usa-se hífen nas formas verbais com pronomes átonos (diga-me, vestir-se, vingá-lo, dizer-lhes)
Se a quebra de linha ocorre onde há um hífen gramatical, deve-se repetir o hífen no início da linha
seguinte
LOCUÇÕES
* Não se usa hífen em locuções de qualquer tipo (nominais, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas, conjuncionais), com as seguintes exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-
rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
Assim:
nominais: água-de-coco, café-da-manhã passam a ser água de coco, café da manhã etc.
adjetivas: cor-de-abóbora, cor-de-açafrão passam a ser cor de abóbora, cor de açafrão etc.
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Regência - O GRANDE AUGUSTO DE CAMPOS dedica seu belíssimo livro "Balanço da Bossa e
Outras Bossas" (de 1974) ao avô, Américo de Campos, "que me ensinou a gostar de poesia e a
passar a vida inteira lutando por causa perdida".
Muitas vezes, sinto-me exatamente como Augusto. Quando vejo, por exemplo, certos títulos
jornalísticos, acho que perco o meu latim (é bom saber que a expressão "gastar/ perder o seu latim"
significa "trabalhar ou esforçar-se inutilmente").
Veja este título, posto na primeira página de um site, na semana passada: "Selton Mello responde
ao manifesto contra a nudez de Pedro Cardoso". Eu estava fora da pátria amada, acompanhando a
distância o que se sucedia por aqui. Não sabia que Cardoso se manifestara contra a nudez gratuita
no cinema e no teatro.
Minha primeira reação foi supor que Cardoso ficara nu e que isso causara escândalos, revoltas,
manifestos etc., e que, solidário, Selton Mello saíra em defesa de Cardoso.
Resolvi deixar o título de lado e ler a notícia toda. Nada de Cardoso nu, nada de manifesto contra a
nudez dele, nada de apoio de Selton a Cardoso. O problema estava no (horroroso) título que eu
lera, cujas peças estavam fora de lugar. O que se queria informar exigia que as palavras fossem
dispostas nesta ordem: "Selton Mello responde ao manifesto de Pedro Cardoso contra a nudez".
Pela enésima vez, caro leitor, lembro que as palavras devem ser dispostas nas frases com critério,
com nexo. Muitas vezes, a ordem dos fatores altera -e muito!- o produto. A parte dos estudos
lingüísticos que se ocupa das relações entre as palavras e as orações é a regência.
Basta que duas palavras se relacionem para que se estabeleça um mecanismo de regência. Em
"mulher bonita", por exemplo, o termo regente é "mulher"; o regido é "bonita". E por quê? Porque
nesse par o substantivo (que não por acaso se chama substantivo -é a substância) é feminino, o
que exige que o adjetivo ("bonita") assuma a forma feminina, em sintonia com "mulher".
Pois no título relativo à nudez de Cardoso, digo, ao manifesto de Cardoso contra a nudez gratuita no
teatro e no cinema, a expressão "de Pedro Cardoso" é regida pelo substantivo "manifesto" e não
pelo também substantivo "nudez". O nome "manifesto" rege ainda a expressão "contra a nudez". É
fundamental que a ordem dos termos seja tal que impeça interpretação diferente da que se
pretende, diferente daquela que espelha com veracidade os fatos.
Mas a coisa não parou no embate entre Mello e Cardoso. Veja esta outra pérola, perpetrada por um
jornal (em letras graúdas): "Mãe de Eloá diz que perdoa Lindemberg durante velório". O perdão se
encerra quando acaba o velório? E depois? Ou será que a mãe daria o perdão durante o velório?
Mas Lindemberg estava preso, isto é, não poderia ir ao velório.
Há um mês, a pérola da vez foi esta: "Democratas e republicanos atribuem impasse em plano de
socorro a McCain". Que significa isso? Que há um impasse num plano que visa a socorrer o pobre
McCain? É o que parece. A expressão "a McCain" não é regida pelo substantivo "socorro", mas pela
forma verbal "atribuem". A ordem que melhor traduziria o sentido pretendido é esta: "Democratas e
republicanos atribuem a McCain impasse em plano de socorro".
Mais uma vez, pergunto: é difícil? Não creio. Basta ler, reler, ler -e com muita atenção. Do
contrário... É isso.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2310200810.htm ; acessado em 07/11/2008).
de verbos ou partículas cujo emprego abusivo chega, por vezes, a comprometer a matéria:
1- Que. Talvez o caso mais comum, pelo fato de o que exercer diversas funções na frase. Nem por
isso, porém, se justificam periodos como:
Bakker é o lider da organização PTL, que tem 500 mil seguidores que, religiosamente,
contribuem com 15 dólares todos os meses, o que dá uma renda mensal de 7,5 milhões de
dólares; ele teve de admitir nos últimos dias que realmente teve um envolvimento sexual em
1980 com uma secretária de sua igreja e que foi extorquido em 11 mil dólares para que o
escândalo não fosse revelado.
Não existe um só acontecimento histórico que se possa supor que seja conhecido de todos.
A refém disse que foi puxada do carro e que conseguiu arrancar a filha.
O proprietário da casa alegou que não violou a lei e que só quis construir um jardim.
A represália que todos temem que o país possa sofrer por parte dos credores...
2 - Ser. Outro campeão de repetições, especialmente nas flexões é, são, era, eram, foi, foram, será,
serão, seria e seriam:
Para a torcida que foi ao Morumbi domingo, o resultado foi considerado bom, uma vez que,
numa situação normal, o empate poderia ter sido ruim, mas seria impossível exigir mais do
time naquelas condições.
Eles serão os primeiros a ser avisados
Fulana, que é irmã de Y, é uma boa atriz e é muito eficiente no espetáculo que está sendo
apresentado no Teatro Paiol
3-Ter e estar. Mais dois verbos usados com pouca moderação:
Ele teve de admitir nos últimos dias que realmente teve...
O mandato do presidente já está definido e é uma questão que deveria estar encerrada.
4 - Já,
Os dois países já destacaram funcionários para cuidar da agenda do encontro, já que um
dos temas já definidos é...
5 - Vai, vão.
A carne bovina vai fazer parte da tabela que a Sunab vai divulgar até o fim da semana, mas
não vai subir mais de 10%, segundo...
6 – Para.
No caminho para o elevador, pararam para ver...
Para disfarçar, às vezes usam crianças para ganhar confiança...
O compositor recebeu 3 milhões para ceder sua música para o comercial e mais 300 mil
para aparecer na TV.
7 - Um, uma, seu, sua e cujo. São outros termos que se repetem com freqüência muito superior ao
admissível.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Há algumas instruções fundamentais que todos os repórteres podem seguir para que suas
reportagens atendam às expectativas do leitor:
1 - Escolha uma abertura atraente que prenda o leitor.
2 - Mesmo que a reportagem seja sobre assunto já conhecido, procure iniciar o texto com algum
fato novo ou que tenha passado despercebido.
3 - Se sua reportagem tiver começo, meio e fim, será muito maior a possibilidade de que o leitor
consiga acompanhá-la sem esforço e sem largá-la no meio.
4 - Ordene os fatos. Eles são muitos numa reportagem e, por isso, deverão ser agrupados em
blocos que guardem relação entre si.
5 - Não confie na memória: anote tudo que vir ou ouvir. Na hora de escrever o texto final, será
sempre preferível ter material em excesso a faltarem informações para completar a reportagem.
6 - Seja rigoroso na apuração dos fatos e na seleção dos dados. Confira e verifique todos os
detalhes. Em caso de dúvida, faça consultas posteriores com especialistas, vá ao Arquivo. Tudo se
justifica para que a reportagem não contenha nenhum erro ou informação incompleta.
7 - Informações de ambiente, quando relacionadas com os fatos descritos na reportagem,
contribuem para enriquecê-la e torná-la mais viva e completa.
8 - Sempre que possível, procure saber o máximo sobre o assunto que você vai transformar em
reportagem. Você se sentirá muito mais seguro dessa forma.
9 - Trace um roteiro para as grandes reportagens; caso contrário, você poderá perder-se na coleta
dos dados.
10 - Faça o mesmo para redigir a reportagem: se ela for de pequena extensão, pode ser ordenada
mentalmente, o que se consegue com a experiência. Reportagens muito longas, porém, de uma
página ou mais, devem ser antecipadamente divididas em retrancas estanques, para que o trabalho
se torne mais fácil.
11 - Considere a pauta da reportagem apenas um roteiro ou indicação (a menos que você tenha
instruções terminantes para não se desviar do assunto); sua sensibilidade dirá quando você pode
dirigir a reportagem para caminhos jornalisticamente mais compensadores.
12 - Colha todas as versões que puder para o mesmo fato, confronte-as e, a partir dai, selecione as
mais verossímeis. Se for absolutamente impossível optar por algumas delas, registre-as e mostre ao
leitor os contrastes.
13 - Confie especialmente no que você viu. Informações obtidas de outras pessoas devem ser
incluídas com cautela e critério na matéria, mencionando-se sempre a fonte. Caso esta não possa
aparecer, tente conferir a informação com outra fonte. Lembre-se: a distância entre o furo e a
barriga é muito pequena.
14 - Selecione, se possível, mais de um especialista ou entrevistado que você conte incluir na
reportagem; nem sempre você vai conseguir falar com aquele que quer.
15 - Finalmente, pense sempre que os assuntos são cíclicos no noticiário. Por isso, uma consulta ao
Arquivo antes de você começar a preparar a reportagem o ajudará a buscar ângulos novos e a não
repetir aquilo que o jornal já explorou anteriormente.
Nota do professor: a diferenciação entre notícia e reportagem não é “unanimidade” entre os
estudiosos de jornalismo. A Folha, mesmo, não separa uma da outra.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Reportagem 2 - O jornalismo trabalha com o transitório. A menos que o veículo para o qual você
escreva quebre, sempre haverá uma edição posterior. No caso dos sites noticiosos, o fechamento
acontece a toda hora, a todo minuto. Quando um jornalista morre, não deixa obras. Deixa apenas
boas matérias e reportagens. Portanto, não é necessário escrever como Tom Wolfe ou Honoré de
Balzac.
Um jornalista escreve bem quando suas matérias chamam a atenção do leitor. Quando elas são
capazes de prendê-lo até o final do texto e surpreendê-lo. O maior pecado que um jornalista pode
cometer é fazer com que o leitor leia 2 ou 3 vezes o mesmo parágrafo para entender o que aquele
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Risco de Morte / Risco de Vida- A paradoxal construção "risco de vida", já imposta pelo uso,
resulta também do cruzamento com formas como "risco de perder a vida", "arriscar a vida", "pôr a
vida em risco". Em linguagem escrita formal culta, no entanto, parece mais aconselhável empregar
"risco de morte".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
Pág. 130- 169 páginas
Salário-mínimo / salário mínimo (modos de usar) - Você está com uma pressa danada e quer
saber se "salário mínimo" é grafado com hífen ou sem ele. Numa consulta ao dicionário, você
rapidamente vê "salário-mínimo" com hífen e se dá por satisfeito: vai usar a expressão com o hífen.
Cuidado! Numa consulta mais atenta, você verá que "salário-mínimo", com hífen, tem um significado
diferente do que você está imaginando. A expressão não significa o valor mínimo que o trabalhador
brasileiro deve receber como salário. Nesse caso, devemos grafar sem o hífen: "salário mínimo".
"Salário-mínimo" é uma expressão popular que possui outro sentido:
Esse time é salário-mínimo
Isto é, trata-se de um time muito fraco, que não vale nada.
Quando queremos nos referir à remuneração mínima dos assalariados, utilizamos as palavras
"salário" e "mínimo" no sentido básico delas, o que não acontece na expressão com hífen, que é
usada para qualificar alguma coisa.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/ortografia/hifen-atoa.htm ; acessado em
30/12/2007).
São / santo - Use são antes de nomes que comecem com consoante: são Francisco, são Paulo
(exceções mais comuns: santo Tomás de Aquino e Santo Graal). Escreva santo antes de prenomes
que comecem com vogal: santo André, santo Inácio de Loyola. O plural é, nos dois casos, santos.
Para o feminino, não há forma reduzida. Use sempre santa.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Seja / Sejam – Nota do professor: o termo “sejam” só existe quando se trata do verbo ser na 3ª
pessoa do plural, no presente do subjuntivo. “Seja” pode ser também uma conjunção coordenativa
alternativa, ou uma interjeição. Em qualquer um dos dois casos citados na frase anterior, a palavra
não flexiona para o plural. Veja o que diz o Houaiss:
conjunção
1 conjunção coordenativa
serve para ligar palavras ou orações, indicando:
1.1 conjunção alternativa
ênfase antes de cada termo ou frase da alternativa; ou, quer
Ex.: seja hoje, seja amanhã, irei visitá-lo
interjeição
2 denota consentimento, aquiescência; vá, vá lá, faça-se, de acordo
Ex.: Seja! aceito a proposta
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Seu / seo – Além de pronome possessivo, a palavra “seu” significa também senhor ('tratamento
respeitoso'). Não costuma ser utilizado na redação jornalística, exceto por meio de discurso direto:
“Seu fulano prometeu resolver o caso”, disse o jardineiro Beltrano.
O termo “seo” é um neologismo adotado em jornais de Campinas e região, para diferenciar o
pronome possessivo da forma de tratamento. Não costuma ser utilizado na redação jornalística,
exceto por meio de discurso direto. (Fonte:professor Artur Araujo).
Siglas - Em geral, criam dificuldades para o leitor, porque exigem ser decifradas. A regra é evitar,
principalmente em títulos, exceto em casos consagrados como Aids, Bradesco, Embratel, ONU,
OLP, USP.
Na Folha, observe a seguinte padronização:
a) Não use pontos: ONU e não O.N.U.;
b) Escreva por extenso seu significado de preferência logo após a primeira menção: O filme vai ser
exibido no MIS (Museu da Imagem e do Som), exceto quando a sigla for muito consagrada, como
Aids, Bradesco, ONU;
c) Use apenas letras maiúsculas para sigla com até três letras: UD, CIA, ONU. Mas atenção: alguns
nomes, como Efe (a agência de notícias espanhola) e Fed (o banco central norte-americano),
parecem siglas mas não são;
d) Use maiúscula apenas na primeira letra de siglas com mais de três letras que podem ser lidas
sem dificuldade como uma palavra: Unesco, Banespa, Petrobrás, Sudene, Sesc.
e) Use apenas letras maiúsculas para sigla que exija leitura letra por letra: FGTS, SBPC, DNDDC,
DNER;
f) Há algumas exceções consagradas como CNPq, UnB;
g) Se precisar formar plural, acrescente s minúsculo: TVs, BTNs.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
necrópole, despiciendo, conquanto, porquanto, posto que, isto posto, de sorte que, assaz, deveras,
castrense, chiste, bazófia, cobro, escrínio, sodalício, aduzir, prolatar, protrair, etc.
3 - A mais simples. Na primeira referência, utilize sempre a palavra mais comum.
Lembre-se: existe um termo, e um só, que define melhor uma coisa ou situação. Apele para um
sinônimo ou equivalente apenas na segunda menção, e assim mesmo como último recurso: voltar é
sempre melhor que regressar ou retornar; votar é sempre melhor que sufragar; tribunal é sempre
melhor que corte; passageiro é sempre melhor que usuário.
Por isso, os termos que estão fora dos parênteses são melhores jornalisticamente que os que se
encontram dentro deles: último (derradeiro), casa (moradia, residência ou habitação), eleição
(pleito), vigorar (viger), raiva (hidrofobia), avião (aeronave), procura (demanda), futuro (porvir),
professor (docente), pesca (captura), juiz (magistrado), projeto (proposição), carro (veículo ou
viatura), militar (castrense), pressa (açodamento), fugir (evadir-se), afligir (fustigar), relaxamento
(lassidão), entrar (ingressar), seca (estiagem), recusar (declinar de), observar (perscrutar), imposto
(tributo), esclarecer (deslindar), cidade (urbe), importância (relevância), quantia (cifra), demora
(delonga), etc.
4 - Termos técnicos. Se alguns são necessários, e deverão aparecer no texto acompanhados da
explicação, outros podem ser dispensados e substituídos até pelo seu próprio significado, com
inegáveis vantagens para o leitor.
Por exemplo, no Congresso dá-se o nome de apoiamento ao compromisso de apoio de um
parlamentar à iniciativa de outro. Em vez de usar apoiamento, então, que exigiria explicação a
seguir, fale apenas em compromisso de apoio ou algo equivalente.
Atente especialmente para casos como os dos exemplos abaixo, em que se mesclam termos
técnicos dispensáveis e construções que poderiam ter sido redigidas de maneira menos enigmática:
Um modelo capaz de permitir maiores áreas de insolação e ventilação.
Uma tabela regressiva de alíquotas deverá reger a tributação de aplicações em títulos
privados nominativos, se for aprovada a nova sistemática fiscal para o mercado financeiro.
A tais ponderações provenientes do Poder Público, assiste presunção de veracidade.
O DER quer recuperar a malha rodoviária brasileira.
Atenção: ônibus no contrafluxo.
5 - Redação viciosa. Mesmo sem recorrer a termos técnicos, existem frases desnecessariamente
complicadas, nas quais se volta à questão do pedantismo. Eis algumas:
Os vestibulares em vários estados brasileiros apresentaram menor índice de procura,
fenômeno que passa por interpretações diferentes.
Ontem à tarde, este curto desabafo do ex-presidente flutuou em um quarto de hospital.
Na maior parte dos casos, as frases são facilmente substituíveis por outras mais simples e mais
próximas do universo do leitor:
A polícia decidiu proteger as frotas da CMTC e das empresas permissionárias (por que não
particulares?).
Usuários (passageiros) queixam-se do estado dos ônibus.
Ônibus ficam sem poder operar (ônibus não puderam funcionar).
O texto está vazado no seguinte teor (o texto é o seguinte).
Já há uma carga muito elevada de veículos na Avenida Paulista (o trânsito está intenso na
Avenida Paulista).
A faixa de rolamento da esquerda (a pista da esquerda).
6 - Palavra que vale uma expressão. Não diga em duas palavras o que você puder exprimir em
uma. Votar, por exemplo, é melhor que comparecer ou ir às urnas; mencionar substitui com
vantagem fazer referência a. Que dizer então de governador como chefe do Executivo estadual? Ou
de idade como anos de vida? Ou de presidente como primeiro mandatário da Nação? E no próximo
mês de março é em março, simplesmente.
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(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Tempos verbais (efeitos de sentido) - Vimos que modo é a propriedade que tem o verbo de
indicar a atitude de certeza, de dúvida, de suposição, de mando, etc. da pessoa que fala em relação
ao fato que enuncia; e a de localizar o processo verbal no momento de sua ocorrência, referindo-o
seja à pessoa que fala, seja a outro fato em causa.
Modo indicativo
Com o modo indicativo exprime-se, em geral, uma ação ou um estado considerados na sua
realidade ou na sua certeza, quer em referência ao presente, quer ao passado ou ao futuro. É
fundamentalmente, o modo da
oração principal.
O presente do indicativo emprega-se:
1.°) para enunciar um fato atual isto é, que ocorre no momento em que se fala (presente
momentâneo ):
Escrevo estas linhas em Paris.
- Tia Marina, eu estou com medo!
A noite paira suspensa...
2.°) para indicar ações e estados permanentes ou assim considerados, como seja uma verdade
científica, um dogma, um artigo de lei (presente durativo):
Os corpos caem no vácuo com igual velocidade.
A Santíssima Trindade é o mesmo Deus. Nela há três pessoas distintas e um só Deus
verdadeiro.
“O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da
mulher, no interesse comum do casal e dos filhos." (Código Civil Brasileiro, art. 2331).
3.°) para expressar uma ação habitual ou uma faculdade do sujeito, ainda que não estejam sendo
exercidos no momento em que se fala (presente habitual ou freqüentativo):
Acordo cedo, tomo uma xícara de café, pequena, faço a barba, vou ao banho.
Gosto muito de valsa, disse ela.
4.°) para dar vivacidade a fatos ocorridos no passado (presente histórico ou narrativo), como neste
passo em que se descreve o marquês de Marialva, ardido de desespero, em luta vingadora com o
touro que lhe matara o filho:
"Fez-se no circo um silêncio gélido...
O touro arremete contra ele... Uma e muitas vezes o investe cégo e irado, mas a destreza do
marquês esquiva sempre a pancada.
Os ilhais (nota do professor: ilhais são as duas partes da rês situada entre a última costela, a ponta da
alcatra e o lombo) da fera arfam de fadiga, a espuma franja-lhe a boca, as pernas vergam e
resvalam e os olhos amortecem de cansaço. O ancião zomba da sua fúria. Calculando as
distâncias, frustra-lhe todos os golpes sem recuar um passo.
O combate demora-se.
A vida dos espectadores resume-se nos olhos.
Nenhum ousa desviar a vista de cima da praça. A imensidade da catástrofe imobiliza todos."
5.°) para marcar um fato futuro, mas próximo; caso em que, para impedir qualquer ambigüidade, se
faz acompanhar geralmente de um adjunto adverbial:
– Amanhã vamos passar o dia no Oiteiro.
Volto a semana que vem."
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Valores afetivos
Ao empregarmos o presente histórico ou narrativo (denominações provenientes do seu tradicional e
largo uso nas narrativas históricas), imaginamo-nos no passado, visualizando os fatos que
descrevemos ou narramos. É um processo de dramatização lingüística de alta eficiência, se
utilizado de forma adequada e sóbria, pois que o seu valor expressivo decorre da aparente
impropriedade, de ser acidental num contexto organizado com formas normais do pretérito. O abuso
que dele fazem alguns romancistas contemporâneos é contraproducente: torna invariável o estilo e,
com isso, elimina a sua intensidade particular.
Como nos ensinam aqueles que o souberam usar com mestria, quando se emprega o presente
histórico numa série de orações absolutas, ou coordenadas, deve a última oração conter o verbo
novamente no pretérito. Veja-se, por exemplo, o final do passo que citamos e a sua continuação.
“De súbito solta el-rei um grito e recolhe-se para dentro da tribuna. O velho aparava a peito
descoberto a marrada do touro, e quase todos ajoelharam para rezarem por alma do último
marquês de Marialva."
Observe-se, porém, que, sendo o período composto por subordinação, não se deve empregar na
principal o pretérito e na subordinada o presente histórico, ou vice-versa. Exemplos clássicos, como
seguinte:
Vi logo por sinais e por acenos
Que com isto se alegra grandemente.
não são de imitar.
2. O emprego comedido do presente para designar ação futura pode ser um meio expressivo
de valioso efeito por emprestar a certeza da atualidade a um fato por ocorrer. É particularmente
sensível tal expressividade em afirmações condicionadas do tipo:
Se ele voltar amanhã, sigo com ele.
Se ele volta amanhã, sigo com ele.
Mais um passo, e és um homem morto!
3. É forma delicada de linguagem, e denota intimidade entre pessoas, um pedido feito no presente
do indicativo quando, logicamente, deveria sê-lo no imperativo ou no futuro. Exemplo:
Você me resolve isto amanhã [=Resolva-me isto amanhã ou: Você me resolverá isto
amanhã].
4. Para atenuar a rudeza do tom imperativo, empregamos, vez por outra, o presente do verbo
querer seguido do infinitivo do verbo principal:
Quer sentar-se, minha senhora?
O pretérito imperfeito [do indicativo] designa fundamentalmente um fato passado, mas não
concluído (imperfeito = não perfeito, inacabado). Encerra, pois, uma idéia de continuidade, de
duração do processo verbal mais acentuada do que os outros tempos pretéritos, razão por que se
presta especialmente para descrições e narrações de acontecimentos passados.
Empregamo-lo, pois:
1.°) quando, pelo pensamento, nos transporta-mos a uma época passada e descrevemos o que
então era presente, como neste passo:
"Ontem à tarde, quando o sol morria.
A natureza era um poema santo."
2.°) para indicar, entre ações simultâneas, a que se estava processando quando sobreveio a outra:
Era noite, quando o trem parou na Central.
3.°) para denotar uma ação passada habitual ou repetida (imperfeito freqüentativo);
"Erguia-se com o sol, tomava do regador, dava de beber às flores e à hortaliça; depois
recolhia-se e ia trabalhar antes do almoço, que era às oito horas. "
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(Olavo Bilac)
4.°) como expressão de uma súplica, de um desejo, de uma ordem, caso em que o tom de voz pode
atenuar ou reforçar o caráter imperativo:
Lerás porém algum dia
Meus versos, d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados..."
(Gonçalves Dias)
- Ah! meu filho, ferir a um mestre é como pai, e os parricidas serão malditos
Não matarás
5.°) nas afirmações condicionadas, quando se referem a fatos de realização provável:
"Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa, acharás tua mãe morta!"
Observações
1.ª) Convém atentar nos efeitos estilísticos opositivos: se o emprego do presente pelo futuro
empresta ao fato a idéia de certeza, o uso do futuro pelo presente provoca efeito contrário, por
transformar o certo em possível.
2.ª) Em alguns escritores modernos, vai encontrando guarida o emprego do futuro para indicar que
uma ação foi posterior a outra no passado. Assim:
João casou-se em 1930, mas Antônio esperará ainda cinco anos para constituir família.
Tal uso se assemelha ao do presente histórico.
Substitutos do futuro do presente simples
No língua falado o futuro simples é de emprego relativamente raro. Prefere-se, na conversação,
substituí-lo por locuções constituídas:
a) do presente do indicativo do verbo haver + preposição de + infinitivo do verbo principal, para
exprimir a intenção de realizar um ato futuro:
"Desço ao quintal... Que rosas
Hei de colher?!"
b) do presente do indicativo do verbo ter + preposição de + infinitivo do verbo principal, para indicar
uma ação futuro de caráter obrigatório, independente, pois, da vontade do sujeito:
"Não sou mais extenso porque tenho de atender a todo o instante ao doentinho que exige
agora toda a nossa atenção."
c) do presente do indicativo do verbo ir + infinitivo do verbo principal, para indicar uma ação futura
imediata:
- Parece que vai sair o Santíssimo, disse alguém no ônibus.
Futuro do presente composto
Emprega-se:
1.°) para indicar que uma ação futura estará consumada antes de outra:
Quando voltares, já terei concluído o trabalho.
Quando ele conseguir entrar, já terá terminado a cerimônia.
2.°) para exprimir a certeza de uma ação futura:
- Pelágio! se dentro de oito dias não houvermos voltado, ora a Deus por nós, que teremos
dormido o nosso último sono, e chora por tua irmã, cujo cativeiro já ninguém, provavelmente,
quebrará, senão o anjo da morte."
3.°) para exprimir a possibilidade de um fato passado:
“E quem vai saber agora
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Viva os campeões!
Vivam os campeões!
Subjuntivo subordinado
O subjuntivo é por excelência o modo da oração subordinada. Emprega-se tanto nas subordinadas
substantivas, como nas adjetivos e nas adverbiais.
Nas orações substantivas
Usa-se geralmente o subjuntivo quando a oração principal exprime:
a) a vontade (nos matizes que vão do comando ao desejo) com referência ao fato de que se fala:
Querem que experimentemos uma valsa figurada!
"Não podia admitir que viessem à sua vista ensebar as instituições!"
b) um sentimento, ou uma apreciação que se emite com referência ao próprio fato em causa:
Seria melhor que o homem tivesse feito artigos.
Não julguei que a incisão tivesse sido profunda.
c) a dúvida que se tem quanto à realidade do fato enunciado:
Receio muito que assim aconteça.
Podia ser que quisesse mesmo fazer-se deputado.
O subjuntivo é de regra nas orações adjetivas que exprimem:
a) um fim que se pretende alcançar, uma conseqüência:
Aguardo uma oportunidade que me permita uma transferência de posto.
b) um fato improvável (caso freqüente quando a principal é interrogativa, negativa ou restritiva):
Pensaste em alguém que pudesse substituir-te?
Não houve ninguém que aceitasse o encargo.
Conheci poucos indivíduos que tivessem tanta consciência do dever.
c) uma hipótese, uma conjetura:
Se te oferecerem um emprego que te convenha deves aceitá-la.
Alguém que houvesse sofrido uma injustiça compreenderia seu gesto.
Nas orações adverbiais
1. Nas orações subordinadas adverbiais, o subjuntivo, em geral, não tem valor próprio. É um mero
instrumento sintático de emprego regulado por certas conjunções.
Em princípio, podemos dizer que o subjuntivo é de regra depois das conjunções:
a) causais, que negam a idéia da causa (não porque, não que):
O certo é que O País estava morto. Mas não porque sua colaboração literária tivesse
baixado de qualidade ou porque o seu noticiário já não fosse tão bem tratado.
b) concessivas (embora, ainda que, conquanto, posto que, mesmo que, se bem que, etc);
Realmente saímos com alguma precipitação, embora estivesse eu curioso de ver o resto.
Mesmo que pegasse mais outros fornecedores da Bom Jesus, elo teria recursos para o
norte, expandindo-se.
c) finais (paro que, a fim de que, porque):
Depois insistiu com ela para que entrasse.
d) temporais, que marcam a anterioridade (antes que, até que e semelhantes);
Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe.
2. Usa-se também o subjuntivo, em razão de ser o modo do eventual e do imaginário, nas:
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obstante as fórmulas de cortesia empregadas, tor-nar-se rude e seca, ou mesmo insolente, com a
simples mudança de entoação.
Emprego das formas nominais (nota do professor: gerúndio infinitivo flexionado e particípio)
1. As formas nominais do verbo identificam-se pelo fato de não poderem exprimir por si nem o
tempo nem o modo. O seu valor temporal e modal está sempre em dependência do contexto em
que aparecem.
Características gerais
2. Distinguem-se, fundamentalmente, pelas seguintes peculiaridades:
a) o infinitivo apresenta o processo verbal em potência; exprime a idéia da ação, aproximando-se,
assim, do substantivo:
Sofrer por sofrer. Somente eu sofria.
Para alguns, querer é poder.
b) o gerúndio apresenta o processo verbal em curso e desempenha funções exercidas pelo
advérbio ou pelo adjetivo:
"Abrindo as grandes asas fulgurantes, A Esperança tomou-me os braços hirtos... "
c) o particípio apresenta o resultado do processo verbal; acumula as características de verbo com
as de adjetivo, podendo, em certos casos, receber como este as desinências -a de feminino e -s de
plural:
Tens os olhos encovados,
De fundos visos cercados,
Sinistros sulcos deixados
Por atros vícios talvez;
A fronte escura e abatida,
Roxa a boca comprimida,
A face magra tingida
Da morte na palidez.
3. Acrescente-se, ainda, que:
a) o infinitivo e o gerúndio possuem, ao lado da forma simples, uma forma composta, que exprime a
ação concluída:
b) O infinitivo apresenta, em português, duas formas: uma não flexionada; outra flexionada, como
qualquer forma pessoal do verbo:
c) o gerúndio é invariável;
d) o particípio não se flexiona em pessoa.
Feitas essas considerações de ordem geral, pas-semos ao exame de alguns dos valores e
empregos particulares das formas nominais.
Emprego do infinitivo
Infinitivo impessoal e impessoal
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A par do infinitivo impessoal, isto é, do infinitivo que não tem sujeito, porque não se refere a uma
pessoa gramatical, conhece a língua portuguesa o infinitivo pessoal, que tem sujeito próprio e pode
ou não flexionar-se. Assim, em:
Lembrar é viver e reviver.
Amar é caminhar junto.
o infinitivo é impessoal.
Já nas frases:
Voz obstinada que estás ao longe chamando-me, conduze-te a mim, para compreenderes
minha ausência.
O sol encontrou as crianças procurando outra vez o vento para soltarem papagaios de papel.
estamos diante de formas do infinitivo pessoal.
O infinitivo pessoal flexionado possui, como vimos, desinências especiais para as três pessoas do
plural e para a segunda pessoa do singular.
Emprego distintivo
O emprego das formas flexionadas e não flexio-nadas do infinitivo é uma das questões mais
controvertidas da sintaxe portuguesa. Numerosas têm sido as regras propostas pelos gramáticos
para orientar com precisão o uso seletivo das duas formas. Quase todas, porém, submetidas a um
exame mais acurado, revelaram-se insuficientes ou irreais. Em verdade, os escritores das diversas
fases da língua portuguesa nunca se pautaram, no caso, por exclusivas razões de lógica gramatical,
mas se viram sempre, no ato da escolha, influenciados por ponderáveis motivos de ordem
estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da expressão.
Por tudo isso, parece-nos mais acertado falar não de regras, mas de tendências que se observam
no emprego de uma e de outra forma do infinitivo. São algumas destas tendências que passamos a
indicar.
Emprego da forma não flexionada
O infinitivo conserva a forma não flexionada:
1.º) quando é impessoal, ou seja, quando não se refere a nenhum sujeito:
Amar e odiar será de todo o mundo, mas saber desprezar não é para qualquer.
2.º) quando tem valor de imperativo:
“Trabalhar!” brada na sombra a voz imensa de Deus
3.º) quando, precedido da preposição de, tem sentido passivo e serve de complemento nominal a
adjetivos como fácil, possível, bom, raro e outros semelhantes:
Versos! são bons de ler, mais nada; eu penso assim.
4.º) quando pertence a uma locução verbal:
Vamos vê-Ia, quero ver se lhe posso falar.
5.º) quando depende dos auxiliares causativos (deixar, mandar, fazer e sinônimos) ou sensitivos
(ver, ouvir, sentir e sinônimos) e vem imediatamente depois desses verbos ou apenas separado
deles por seu sujeito; expresso por um pronome oblíquo:
Deixas correr os dias como as águas do Paraíba?
Sentia-os parar.
Neste caso, ocorre também a forma flexionada, quando entre o auxiliar e o infinitivo se insere o
sujeito deste, expresso por substantivo:
... Levantas-te de leve, ó límpida criança! ... E deixas tuas mãos correrem no piano...
Eu vi as altas montanhas ficarem planas.
E, mais raramente, quando o sujeito é um pronome oblíquo:
Ele viu-as entrarem, prostrarem-se de braços estendidos, chorando, e não se comoveu...
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Construções do tipo:
Ouvi tremerem os campos.
são mais raros e explicam-se pelo realce que, no caso, se quer dar ao sujeito do infinitivo.
Emprego da forma flexionada
O infinitivo assume a forma flexionada:
1.°) quando tem sujeito claramente expresso:
Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoeiro.
2.°) quando se refere a um sujeito oculto, que se quer dar o conhecer pelo terminação verbal:
Meus amigos, é para colaborardes em dar existência a essas duas instituições que hoje saís
daqui habilitados.
3.°) quando, na 3.ª pessoa do plural, indico o indeterminação do sujeito:
Ia por diante Rebelo com os extraordinários avisos, quando senti puxarem-me a blusa.
4.°) quando se quer dar à frase maior ênfase ou harmonia:
Quem te deu, pois, o direito de correres à morte certa?
Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a
quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios
revoltados na sua impotência contra o impassível gigante.
Conclusão
Como vemos, “a escolha da forma infinitiva depende de cogitarmos somente da ação ou do intuito
ou necessidade de pormos em evidência o agente da ação". (nota existente no livro: Said Ali.
Gramática secundária. p. 180. Sobre o emprego das formas flexionada e não flexionada do
infinitivo, consulte-se a excelente monografia histórico-descritiva de Theodoro Henrique
Maurer Jr.: O infinitivo flexionado português, São Paulo, 1968; e, também: Holger Sten.
l'infinitivo impessoal et I'infinitivo pessoal en portugais moderne. In Boletim de filologia,
XIII,1952. p. 83-142 e 201-256; Maurice Molho. le probleme de I'infinitif en portugois. In
Bullefin hispanique, lXI. Bordeaux, 1959. p. 26-73, onde se discutem as principais teses
aventadas para explicá-Io. leiam-se ainda: Said Ali. Dificuldades da Iíngua portuguesa. p. 55-
76; Knud Togeby. L'énigmafique infinifif personnel en portugois. In Sfudia neophilologico,
XXVII, 1955. p. 211-218.) No primeiro caso, preferiremos o infinitivo não-flexionado; no segundo, o
flexionado.
Trata-se, pois, de um emprego seletivo dentro de uma linguagem formalizada –, mais do terreno da
estilística do que, propriamente, da gramática.
Emprego do gerúndio
Vimos que o gerúndio apresenta duas formas: uma simples (escrevendo), outra composta (tendo ou
havendo escrito).
Forma simples e composta
A forma composta é de caráter perfeito e indica uma ação concluída anteriormente à que exprime o
verbo da oração principal:
Não tendo enviado o bilhete de Helena, meteu-o na algibeira para entregá-lo ele próprio;
depois tirou-o e releu-o: tendo-o relido, fez um gesto para rasgá-lo, conteve-se e perpassou-
o ainda uma vez pelos olhos.
A forma simples expressa uma ação em curso, que pode ser imediatamente anterior ou posterior à
do verbo da oração principal, ou contemporânea dela.
Este valor temporal do gerúndio depende quase sempre de sua colocação na frase, como
passamos a examinar.
Gerúndio anteposto à oração principal
Colocado no início do período, o gerúndio exprime:
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Emprego do particípio
O particípio desempenha importantíssimo papel no sistema do verbo, com permitir a formação dos
tempos compostos que exprimem o aspecto conclusivo do processo verbal.
Elemento de tempos compostos
Emprega-se, como vimos:
a) com os auxiliares ter e haver, para formar os tempos compostos da voz ativa:
tenha lido
havia feito
b) com o auxiliar ser, para formar os tempos da voz passivo de ação:
seja lido
era feito
c) com o auxiliar estar, para formar tempos da voz passiva de estado:
esteja lido
estava feito
Particípio sem auxliar
1 . Desacompanhado de auxiliar, o particípio exprime fundamentalmente o estado resultante de uma
ação acabada:
Desesperado, rasgou o escrito.
Largado no térreo, e meio tonto ainda, dirigiu-se a um contínuo.
2. O particípio dos verbos transitivos tem de regra valor passivo:
Dado o sinal, os pares punham-se em ordem e iniciavam as marchas polacas.
Lida a pergunta, Afonso abancou para responder.
3. O particípio dos verbos intransitivos tem quase sempre valor ativo:
Desci em Lima, vindo da Colômbia, na qualidade de um dos homens da Comissão dos 21',
da Operação Pan-Americana.
Chegado, porém, à conclusão deste livro, pôr-Ihe-emos remate com uma reflexão.
4. Exprimindo embora o resultado de uma ação acabada, o particípio não indica por si próprio se a
ação em causa é passada, presente ou futura. Só o contexto' a que pertence precisa a sua relação
tem-poral. Assim, a mesma forma pode expressar:
a) ação passada:
Aprovada a lei, só nos restava cumpri-Ia.
b) ação presente:
Aprovada a lei, só nos resta cumpri-Ia.
c) ação futura:
Aprovada a lei, só nos restará cumpri-Ia.
Nos casos acima, vemos que a oração de particípio tem sujeito diferente da principal e estabelece,
para com esta, uma relação de anterioridade.
Mas a relação temporal entre as duas orações pode ser de simultaneidade, principalmente se o
sujeito for o mesmo:
Abraçado com eles, caía num pranto perdido.
Deitado no couro, José Maria escutava o sussurro das águas.
5. Quando o particípio exprime apenas o estado, sem estabel~cer nenhuma relação temporal, ele
se confunde com o adjetivo:
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Texto-legenda 1 - Como é ao mesmo tempo uma notícia e uma legenda, deve, por isso, descrever
a fotografia e relatar o fato ao leitor, em linguagem direta e objetiva. Recomenda-se que o texto-
legenda preencha de três a cinco linhas cheias ou o que a Diagramação determinar. Em casos
excepcionais, admite-se um pouco mais e, raramente, menos. Não existe parágrafo no texto-
legenda, nem inicial nem intermediário.
2 - O ideal é que o texto-legenda contenha pelo menos duas frases, a primeira descritiva e a
segunda, complementar e informativa. Como título, reproduza algum pormenor da notícia ou mesmo
a sintetize:
Visita "protocolar"
O general João de Almeida passa em revista a tropa formada em sua homenagem na
Academia Militar das Agulhas Negras. O oficial fez ontem uma visita ''meramente protocolar''
à escola.
3 - Se necessário, para ganhar espaço, o texto-legenda pode assumir caráter informativo na sua
totalidade. Evite apenas, por uma questão de ritmo, que o texto se resuma a uma única frase,
dividindo sempre o período em duas ou mais orações:
Praia sem sol
Depois de horas de congestionamentos nas estradas, o paulistano aproveitou o mormaço do
domingo e lotou as praias, entre elas a da Enseada, no Guarujá. A Dersa prevê um retorno
também complicado: mais de 500 mil carros passaram ontem pelos pedágios do sistema
Anchieta-Imigrantes.
4 - Eventualmente, o texto-legenda pode funcionar como chamada de primeira página para assunto
que o jornal desenvolva em outro local da edição:
Terminal do desespero
As crianças têm sido as principais vítimas da desorganização no Terminal Rodoviário do
Tietê. Muitas desembarcam sozinhas e chegam a esperar horas até serem encontradas por
quem vai buscá-las. Há também muita sujeira e assaltos na rodoviária.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
6 - Os títulos no Estado vão sempre em letras minúsculas (caixa baixa). Só faça títulos inteiramente
em maiúsculas (caixa alta) em casos muito especiais. Por exemplo, em manchetes que exijam
maior destaque que as normais.
7 - Nenhuma palavra do título poderá ser separada no fim da linha (nem mesmo as ligadas por
hífen).
8 - Evite igualmente partir nomes próprios constituídos de dois ou mais vocábulos. Exemplos:
Protesto diante da Casa Branca termina em tumulto
Novo LP de Roberto Carlos bate recorde
9 - Não repita palavras na mesma página (à exceção de artigos, preposições e contrações curtas).
10 - Evite fórmulas semelhantes de títulos na mesma página (a não ser intencionalmente, para fazer
jogo de títulos):
O Brasil vai bem, afirma o presidente / Os Estados precisam de recursos, diz o governador.
11 - Esteja atento para que o título da chamada de primeira página e o da mesma notícia colocada
no interior do jornal não sejam rigorosamente iguais.
12- O Estado não usa títulos com ponto. Assim, estão vetados exemplos como estes:
O Metrô reconhece que errou. E pune seus funcionários
O Brasil joga. Para buscar a classificação.
13 - A não ser que você faça um título propositadamente centrado, evite deixar muito branco nas
linhas (no máximo um ou dois sinais). Da mesma forma, procure tornar o conjunto das linhas
harmônico e agradável.
14 - Importante: respeite com rigor o limite de sinais estabelecido para cada título. Caso contrário,
ele terá de ser reduzido, tornando a página um verdadeiro catálogo de corpos.
Instruções específicas
1- Abreviaturas. Evite abreviar nomes próprios: P. Ferreira, P. Alegre, E. Santo, J. Paulista, C.
Verde, R. Carlos, F. Collor. Exceção: S. (de São e Santo), como em S. Caetano, S. Catarina, S.
Amaro, etc. Mas, quando possível, use São e Santo por extenso. E não abrevie a indicação dos
cargos das pessoas, principalmente como recurso para ganhar sinais nos títulos: gen. Almeida, gov.
Pereira, alm. Valença. Só são admitidas reduções das formas de tratamento, como dr. Jatene, d.
Eugênio, pe. Eurico.
2 - Adjetivação. O adjetivo, por mais forte que seja, não substitui a informação específica:
Comissão propõe profundas mudanças no IR
Realizado o maior assalto a banco do ano
Profundas e maior, no caso, não dão as informações essenciais: quais e o valor.
3 - Artigo. Pode ser dispensado, na maior parte dos casos, para economizar sinais:
Deputado acusa CUT
Peso do pacote divide governo
Conserve obrigatoriamente o artigo, porém, nas formas de valor absoluto, como o maior, o menor, o
máximo, o mínimo, os mais velhos, o mais novo, o único, os menos culpados, o menos instruído, o
principal, etc.
4 - Artista pelo personagem. O Estado não admite que se use o nome do artista pelo personagem
que esteja representando no momento. Exemplos:
Cuoco morre no fim
Tarcísio Meira casa com Bruna Lombardi
5-Atípicos. Há titulos atípicos que podem ser jornalísticos e criativos. Lembre-se, porém, de que são
exceção e não a regra:
Cruz. Alguma dúvida?
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22 - "Muletas". Nada pior num título, por ficar evidente o recurso, que palavras utilizadas apenas
para esticar a linha. Veja casos em que o um, o seu, o já e os artigos ou são redundantes ou não
têm nenhuma função na frase:
Presidente critica um deputado
Empresa demite os seus funcionários
Piquet já treina para Ímola
O leão foge do circo
Por que um deputado e não deputado, apenas? A empresa poderia demitir outros funcionários que
não os seus? Treina, simplesmente, e não já treina. Finalmente, que leão? que circo?
23 - Nome certo. Use sempre o nome da pessoa, da cidade ou da coisa, evitando fórmulas
destinadas somente a aumentar o número de sinais do titulo, como as que se seguem:
Despovoamento e marés ameaçam a cidade das gôndolas
Greve de ônibus e metrô deixa a "Cidade Luz" sem transporte
Contundido o "Garoto do Parque"
Chuva arrasa a capital fluminense
24 - Nomes usuais. Use no título sempre o nome pelo qual a pessoa seja conhecida. Se o jornal
utiliza a forma Collor nos títulos, por exemplo, Fernando Collor é um desvio da norma e revela
apenas que o Fernando teve o mero objetivo de completar o número de sinais. Outros exemplos
condenáveis:
Ronald Reagan recebe Mikhail Gorbachev
Evocada a memória de Tancredo Neves
Leonel Brizola critica a política econômica
25 Obscuros. Nunca faça títulos que o leitor não possa identificar de imediato, como:
BNDES socorre giro de micro, pequeno e médio
Os checos iniciam a sua reconstrução
26- Ontem. Não use o advérbio ontem nos títulos, pois se presume que o jornal publique, na quase
totalidade, noticias da véspera. Recorra ao presente, que torna o titulo mais forte:
Presidente anuncia acordo com credores (e não: Presidente anunciou ontem acordo com
credores)
Santos vence o Guarani (e não: Santos venceu ontem o Guarani)
27 - Opinião. Somente os títulos de editoriais, artigos ou comentários assinados poderão expressar
opinião:
Imposição do bom senso
Uma decisão desastrosa
O passado condena no Uruguai
Nos demais casos, e especialmente no noticiário, estão vetados títulos desse tipo.
28 - Ordem na frase. A ordem dos termos no titulo deve ser a mais linear possível. Evite
intercalações e inversões violentas, como nos casos seguintes:
França discute hoje nos EUA o terror
Em seis assaltos são roubados 10 milhões
Pede desculpas o técnico da seleção
Prefeitos vão levar a Sarney reivindicações
Marcelo e Igor podem ter hoje habeas-corpus
29 - Palavras fortes. Há palavras ou construções muito fortes, que dão aos títulos clara idéia de
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objetivo. Por isso, evite os detalhes supérfluos e procure usar todos os sinais à disposição para que
o título diga o máximo. Veja como é possível:
Senado aprova e argentinos já têm divórcio
Leão-marinho melhora, come mais e brinca
Acidente com ônibus no Cairo mata 50 crianças
Botafogo joga mal, empata e perde dinheiro
Fábricas de motos dão férias, cortam horas extras e reduzem a produção
Flamengo reage, empata e se mantém na luta
Polícia frustra seqüestro, mata três e resgata reféns
Helicóptero da polícia cai, explode e mata cinco
39 - Sentido incompleto. Evite os títulos que deixam no ar a pergunta o quê?, como nos exemplos
seguintes:
Ministro admite congelar, após ajuste de preços
Deputado quer saber se funcionário pode acumular
Congelar o quê? Acumular o quê?
40 - Singular pelo plural. Há casos em que você pode usar um termo no singular para designar toda
uma classe ou categoria. Exemplos:
Greve de servidor termina hoje
Deputado já ganha mais em São Paulo
Contribuinte paga mais imposto
Em muitas ocasiões, porém, o uso do singular poderá dar a idéia de que a notícia se refere a uma
só pessoa da classe ou categoria, e não a toda ela. Veja exemplos reais de títulos que você deve
evitar (em todos eles as noticias se referiam à categoria ou a grupos de pessoas):
Comissário da Vasp decide manter greve
Passageiro queima ônibus em Itaquera
Camelô dobra os preços de açúcar e sal
Militar argentino pede anistia ampla
Marginal quebra e incendeia um automóvel
Banco dispensa acordo com FMI
Militar cubano desertou em massa, diz general
Restaurante boicotará a carne por sete dias
Motorista de táxi ameaça parar
41 - Telegráficos. Evite ao máximo as formas telegráficas constituídas por um substantivo mais uma
data ou sigla. Prefira sempre Copa de 94, e não Copa-94, etc. Veja outros exemplos a evitar:
Mundial-94, eleições-92, orçamento-SP, déficit-RJ, campanha-89, Campeonato-91, etc.
42 - Tempos verbais. Como o presente é usado nos títulos para definir uma ação passada, mas
recente (da véspera, em geral), ele só pode referir-se ao futuro quando acompanhado da indicação
de tempo:
Presidente dos EUA chega amanhã
Estaria errado, porém, dizer que O Brasil volta a negociar com o FMI se essa ação ainda não se
tiver iniciado. O correto, então, seria: Brasil voltará a negociar com o FMI. Outro exemplo impreciso:
Judeus protestam, mas papa recebe Waldheim. O que se quis dizer: Judeus protestam, mas papa
receberá Waldheim. Quando se localiza uma ação no passado, o tempo usado deverá então ser o
pretérito e não o presente (os casos mais comuns são os de balanços ou levantamentos):
Abate de bois caiu 8,6% este ano
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ele já tem na cabeça que título seu texto terá se a hipótese da pauta for confirmada. Quando ele dá
retorno ao editor, ele deve começar pelo título, ou seja, confirmar o que estava na pauta ou oferecer
um outro, decorrente do que levantou.
Se seu veículo não tem essa reunião de passagem, suas opções são:
olhar a pauta, para ter uma idéia do motivo que levou o jornal a ir atrás daquela história
consultar o repórter
consultar o editor
Dica 4: mantenha a leitura em dia
Não dá para saber qual é a novidade de um texto se você não estiver acompanhando o noticiário.
Um erro muito comum é ler uma suíte (reportagem que continua um assunto da véspera), espantar-
se com a notícia da véspera e dar no título o velho em vez do novo.
Por exemplo, o texto diz "A polícia vai ouvir hoje duas testemunhas do atropelamento que matou
cinco crianças na zona leste na madrugada de anteontem", e o redator põe no título "Atropelamento
na zona leste mata cinco crianças", quando, na verdade, isso já tinha saído ontem.
O título aqui seria "Polícia ouve testemunhas de atropelamento".
Dica 5: colecione sinônimos
Até a dica 4, estávamos falando do conceito do título, da idéia central.
Na hora H, entram os limites físicos: número de linhas e número de colunas. Você terá que contar
aquela idéia com palavras que caibam no tamanho do seu título, o que nem sempre é fácil.
Aqui na Folha, por exemplo, temos as famigeradas manchetes de Primeira Página em duas
colunas. Qualquer palavra um pouco mais avantajada, desenvolvimentista, por exemplo, já não
cabe. Aliás, nem desenvolvimento cabe.
É por isso que um dos maiores amigos do fechador é o dicionário de sinônimos. O Houaiss tem um
bom. Mas, na ausência dele, um dicionário comum já ajuda, pois apresentará palavras com o
mesmo sentido que podem ser maiores ou menores, conforme a conveniência.
Dica 6: faça, faça, faça
Algo inegável é que a capacidade de dar bons títulos melhora com o tempo e a prática.
Eu, por exemplo, acho que resolve bem os títulos hoje em dia. Mas nem sempre foi assim. Quando
comecei a trabalhar como fechadora, no finado caderno Negócios, deixava meu chefe, Nelson
Blecher, de cabelos em pé. Praticamente não passava um dia sem que ele reprovasse meus títulos:
está muito vago, está fora de foco, está burocrático, está isso e aquilo.
Devo muito a minha colega da época, Sandra Muraki, que, com paciência oriental e enorme
generosidade, contornava a ira do Nelson Blecher e ia me dando dicas.
Mas melhorou, mesmo, foi com o passar de alguns anos. Você aprende a "métrica" de cada tipo de
título, como na poesia. Intuitivamente você já sabe que "ritmo" tem aquele tamanho, de quantas
palavras precisa, quantas cabem em cada linha.
Dica 7: leia todo o texto uma vez
Na pressa, a vontade é fazer logo o título, assim que lemos o lide.
Não vale a pena. O ideal é ler todo o texto, para ter noção completa do universo de que ele trata.
Se não, você corre o risco de fazer um título impreciso, parcial ou fora de contexto.
Dica 8: não se prenda à primeira idéia
Depois de ter lido o texto todo, releia o lide, onde, supostamente, está a principal notícia (leia aqui
sobre os textos em pirâmide invertida) e tente resumi-lo em uma frase.
Se ela não couber, troque palavras maiores por menores: possuir por ter, alterar por mudar,
aumentar por subir.
Se ainda assim não couber, inverta a ordem: em vez de "Prefeito diz que praça será aberta em um
mês" tente "Praça será aberta em um mês, diz prefeito", ou "Prefeito promete abrir praça em um
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mês".
Mas, se perceber que está há muito tempo em cima da mesma idéia sem conseguir colocá-la no
espaço que tem, procure um outro enfoque: "Praça terá árvores japonesas", por exemplo.
Dica 9: o específico é sempre melhor que o geral
Dica 10: verbo é tudo
A graça de um título muitas vezes está num verbo bem escolhido. Verbos de ação, que sejam
precisos ao descrever o fato, atraem o leitor, fisgam a atenção dele.
Procure sempre o verbo mais adequado, aquele que acerta na mosca, que dá a idéia exata do que
se passou.
(Fonte: PINTO, Ana Estela de Sousa. 10 passos para títulos.
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2007-12-30_2008-01-05.html#2008_01-03_12_10_00-
11540919-0 ; acessado em 3/1/2008).
Tratam-se /Trata-se – Não existe essa forma na língua culta. Veja “Trata-se / Tratam-se”.
Trata-se / Tratam-se – No caso do sintagma tratar-se de, o verbo fica sempre na 3ªp.s.: trata-se de
obras; tratava-se de obras, tratar-se-á nesta aula dos símbolos etc. (Fonte: DICIONÁRIO
ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio Houaiss. Versão 1.0. Rio
de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)
Trocadilho - São muito raros os casos de jogos de palavras ou trocadilhos que se justifiquem em
jornal. Quase invariavelmente, eles soam de forma artificial e forçada. Ou, por associação de idéias,
se repetem no mesmo dia em jornais diferentes, numa demonstração de falta absoluta de
originalidade. Veja alguns exemplos de frases de gosto duvidoso, para dizer o mínimo:
Nudistas querem espírito despido de preconceitos.
Cachorro frio ajuda médicos (cães foram congelados para experiência).
O prato de resistência do almoço foi a sucessão presidencial.
2.001 emendas, a odisséia da Constituinte.
Até hoje os plantadores de cana só colheram prejuízos.
Raul de Souza põe a boca no trombone (trata-se de um trombonista).
Sílvio Santos vem aí para prefeito.
Altamiro Carrilho, a vida na flauta.
Eis, ao contrário, alguns exemplos de jogos de palavras aceitáveis:
Ao prefeito, com carinho
Tudo pelo tributário
O Cidadão Welles
A procura do encanto perdido
Em dúvida, não hesite: é preferível uma boa imagem ou título “tradicional” a um jogo de palavras
pretensamente criativo que só comprometa o texto do jornal. (nota do professor: o uso de
trocadilhos é sempre controverso. Cada caso deve ser analisado no seu próprio contexto).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Vice – Quando exerce a função do titular, deve ser qualificado com o cargo do titular acrescido da
palavra interino: O presidente interino Ulysses Guimarães recebeu ontem o deputado Dante de
Oliveira, nunca o vice-presidente em exercício Ulysses Guimarães recebeu ontem o deputado Dante
de Oliveira. Evite também a forma O presidente em exercício Ulysses Guimarães recebeu ontem o
deputado Dante de Oliveira.
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Vírgula – Serve para separar palavras, símbolos e orações de função idêntica: O Executivo, o
Legislativo e o Judiciário são os três poderes da República. / O ministro visitou Paris, Londres,
Washington e Tóquio. / Queria os filhos educados, respeitadores e estudiosos. / É um homem que
trabalha, viaja e se diverte. / Amigos, parentes, vizinhos, de todos se afastou. / 1, 3, 5 e 7 são
números ímpares.
Nunca separe por vírgula
a) O sujeito do verbo: O presidente, atacou a oposição. / Os homens de bem, nada terão que temer.
b) O verbo do complemento: Os sindicatos apresentaram, uma lista de 15 reivindicações. / Os
governos devem lutar, pelo bem-estar do povo.
Outros usos da vírgula
1 - Para separar o vocativo: Vejam, amigos, o resultado do nosso trabalho. / Diga logo, João, o que
você pretende. / Reage, São Paulo. / Acorda, Brasil. / Xô, Satanás. / Respira, São Paulo. /
Responde , cidadão. / Alô, goleiro. / Atenção, políticos.
2 - Para isolar o aposto: Machado de Assis, autor do Dom Casmurro, tem um estilo sóbrio e
elegante. (Ou: Autor do Dom Casmurro, Machado de Assis tem...) / O mais rápido dos quatro, José
chegou cinco minutos na frente. (Ou: José, o mais rápido dos quatro, chegou cinco minutos na
frente.)
3 - Para indicar a omissão do verbo ou de um grupo de palavras: O pai prefere os livros e os filhos,
o esporte. / João trará as bebidas, Chico, os salgados e Maria, os doces. / No céu azul, dois fiapos
de nuvens. / Estes, os livros que pedi. / Elas, as mulheres das quais falei.
4 - Para separar palavras e locuções explicativas, retificativas e continuativas (como por exemplo,
ou então, isto é, ou seja, além disso, por assim dizer, aliás, a propósito, então, com efeito, vale
dizer, ao contrário, a saber, data vênia, por outra, a meu ver, etc.): Os dois, isto é, pai e filho... /
Queria todos os bens, ou seja, carro, casa, terras e dinheiro. / Veja, por exemplo, este caso. / Diga,
então, o que quer. / Esse é, por assim dizer, o eleito dos céus. / Acrescente-se, além disso, outro
detalhe. / A compra do material, a meu ver, é indispensável.
5 - Para separar, nas datas, o nome do lugar: São Paulo, 16 de abril de 1996.
6 - Para separar o nome, a rua e o número nos endereços: Fulano de Tal, Avenida Rebouças,
5.423, ap. 36. São Paulo, SP. No caso de caixa postal, porém, não há vírgula: Fulano de Tal, Caixa
Postal 43.
7 - À exceção de e, ou e nem, antes de todas as conjunções coordenativas (mas, porém, todavia,
contudo, não obstante, no entanto, ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja, logo, pois, portanto,
assim, por conseguinte, por isso, de modo que, então, porque, que (= pois), porquanto, etc.): O
governo aceitou o pedido, mas sob condições. / Chegou atrasado, entretanto ainda conseguiu
assistir ao espetáculo. / Garantiu que faria o que pudesse, no entanto não cumpriu o prometido. /
Ele irá, quer queira, quer não queira. / Ou sai logo, ou perde o trem. / Ora se exalta, ora se comporta
com moderação. / É muito inteligente, logo fará o trabalho sem dificuldade. / Esquivou-se com
habilidade, de modo que o golpe não o atingiu. / Saia depressa, porque o trem está partindo. / Ande
logo, que (= pois) ela está para chegar. / Conseguiu o emprego que queria, pois era o melhor dos
candidatos.
a) Use a vírgula antes e depois dessas conjunções, sempre que elas estiverem intercaladas no
período: O ferido pediu socorro; nenhum motorista, no entanto, parou para ajudá-lo (porém, todavia,
contudo, entretanto). / Chegou muito cansado; não quis, pois, ir ao teatro (portanto, por
conseguinte). / Estava sem camisa; sentia, por isso, muito frio.
b) Quando iniciarem frase, porém, contudo, todavia, no entanto e entretanto poderão ou não ser
seguidas de vírgula: Os livros custam caro; todavia, vou comprar alguns deles. Os livros custam
caro; todavia vou comprar alguns deles.
c) Como mas sempre inicia frase, não use, nesse caso, a vírgula: Diga o que quiser. Mas seja
rápido (e não: Mas, seja rápido).
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d) Também não são seguidas de vírgula, quando iniciam frase, as conjunções ou... ou, quer... quer,
seja... seja, ora... ora, pois, de modo que, que (= pois), porque e porquanto.
8 - E, ou e nem:
Não use vírgula antes de e, ou e nem, a não ser nos casos seguintes:
a) Quando o e liga orações de sujeitos diferentes, e se pode subentender uma pausa na leitura,
admite-se a vírgula: O filho foi reprovado outra vez, e os pais resolveram tirá-lo daquela escola.
Em textos jornalísticos, porém, raramente haverá vírgula: O governo admitiu o erro e os
empresários protestaram. / Gil lança novo disco e Caetano conclui seu filme.
b) Usa-se a vírgula se o e e o nem estiverem repetidos na frase, por ênfase ou enumeração: "Ele
fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles." / Ninguém foi com ele, nem o pai, nem a mãe,
nem o filho.
c) O e, ou e nem podem ser precedidos de vírgula caso se queira dar ênfase a uma afirmação ou
introduzir uma pausa na frase: É melhor sairmos logo, ou não? / Afinal, o chefe é ele, ou são vocês?
/ Não mudo de opinião, nem que me matem! / O governo tentou, e a providência já vinha tarde,
conter os seus gastos.
9 - Para separar os elementos paralelos dos provérbios: Cada terra com seu uso, cada roca com
seu fuso. / Tal pai, tal filho. / Longe dos olhos, longe do coração.
10 - Advérbios e adjuntos adverbiais podem ou não ser separados por vírgula, especialmente
quando curtos ou constituídos de uma única palavra. Exemplos: Aqui se trabalha. / Aqui, trabalha-
se.
Quando mais longos, convém usar a vírgula, por questão de pausa ou clareza: Nos contrafortes da
Serra da Mantiqueira, a cidade seguia sua vida, sem novidades. / A vegetação voltava a crescer,
depois de muitos anos de seca. / O escritor terminou, antes do tempo previsto, o romance tão
esperado.
11 - Para separar os objetos pleonásticos: As palavras, leva-as o vento. / Bons jogadores, já não
existem tantos como antigamente. Se não se deseja dar ênfase ao objeto ou se ele é um pronome
oblíquo, omite-se a vírgula: O caráter molda-o a vida. / A mim me parece irrelevante essa opinião.
12 - Para separar palavras repetidas: Tudo, tudo, tudo pôs a perder. / Amigos, amigos, negócios à
parte.
13 - Para separar adjetivos que exercem função predicativa: Atento e cuidadoso, dava sempre o
melhor de si. / Nunca pensei que ele, limitado e pouco brilhante, obtivesse tamanho sucesso.
14 - Para separar orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo: Encerrando o ciclo de
palestras, o engenheiro falou sobre as agressões do homem ao meio ambiente. / Os soldados
puseram-se em fila, atendendo ao toque de reunir. / Chegado o momento, você será avisado. / O
barco desapareceu sem deixar vestígios, tragado pelo forte redemoinho. / Para fazer valer sua
opinião, usava os métodos que pudesse. / Ainda fomos ao teatro, apesar de estarmos esgotados.
15 - Para separar as orações subordinadas adverbiais, especialmente quando colocadas antes da
oração principal ou mesmo depois: Quando terminou a sessão, os deputados deixaram
apressadamente a Câmara. / O prazo está encerrado, como você pensava. / Se tudo corresse bem,
eles chegariam antes do anoitecer. / Traga-nos a reportagem ainda hoje, se for possível. / Embora
houvesse muita gente no estádio, nada de grave ocorreu. / Não me impedirão de vir aqui hoje, ainda
que o tentem. / À medida que o governo perdia força, a oposição aumentava sua influência. / Para
que a administração pública funcione melhor, é preciso mudar mentalidades. / Enquanto a formiga
trabalhava, a cigarra cantava. / Porque ninguém lhe dava atenção, a criança começou a chorar.
16 - Para separar orações ou locuções intercaladas que interrompam a fluência da oração principal:
Disse, como era seu hábito, os piores desaforos possíveis. / Não explicou, até porque nada lhe
perguntaram, a razão daquela estranha atitude. / "Vejo aqui", prosseguiu o deputado, "pessoas que
não pertencem à Câmara." / Os soldados, que não conheciam o local, avançaram com medo. /
Antes de mais nada, pensamos nós, era indispensável sair dali. / Mais empenho, e não desculpas,
era o que se pedia. / O casal, com o dinheiro recebido, conseguiu mobiliar a casa. / O criminoso, já
condenado à morte, recusava-se a admitir sua culpa. / E, quando lhe pediram a opinião, disse que o
assunto não era com ele. / Porque, para tudo sair de acordo, faltava a adesão deles. / Pois, por
injusto que possa parecer, não adianta ir contra a natureza.
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O que não se pode é usar apenas a segunda vírgula nas intercalações, como nestes exemplos: O
jogador disse que quando foi atingido por trás, perdeu o controle (a vírgula antes de quando é
indispensável). / Mas até agora, a única ameaça concreta é... (existe vírgula antes de até). / E a
propósito, desistiu de vez de disputar a prefeitura (a propósito deveria estar entre vírgulas).
Observação. Não há vírgula se a oração restringe o sentido do sujeito (isto é, não funciona como
oração intercalada): O pai que gosta dos filhos faz tudo por eles. / O mais velho dos deputados que
estavam presentes abriu a sessão da Câmara.
17 - Com sim e não: Sim, senhor, é o que todos esperavam. / Não, amigos, ninguém o demove
dessa decisão. / É o que quero, sim. / Não, nunca pedi isso.
18 - Não existe vírgula antes de orações (substantivas) deste tipo: Pedimos que ele viesse. /
Esperamos que ele saia. / Não sabia se todos o conheciam. / Não pensava que tudo ia se acabar
daquela maneira.
19 - No caso de inversão violenta dos complementos da frase, a vírgula pode dar-lhe maior clareza:
Do país, a maior riqueza eram os poços de petróleo. (Ordem direta: A maior riqueza do país eram
os poços de petróleo.) / A opinião era unânime, dos homens e mulheres. (Ordem direta: A opinião
dos homens e mulheres era unânime.).
20 - Jornalisticamente, é o sinal que se deve adotar, em vez do travessão, para isolar os verbos
intercalados nas declarações ou opiniões: Com aquela providência, garantiu o prefeito, a cidade
resolveria definitivamente o problema das enchentes. / Esses recursos, opinou, deveriam ser
utilizados na compra de novas vacinas.
Observações finais
1 - A vírgula indica pausa ou ênfase. Por isso, nos casos em que ela for facultativa, use o bom
senso ou siga o ritmo da frase (nunca, porém, separando o sujeito do verbo ou o verbo do
complemento).
2 - Evite a virgulação excessiva, principalmente quando uma série de adjuntos adverbiais se sucede
na frase: O presidente disse, ontem, em Brasília, às 15 horas, depois da reunião do Ministério,
que... Se for importante colocar o horário logo na primeira frase, ela pode ganhar ritmo com uma
pequena inversão: O presidente disse às 15 horas de ontem, em Brasília, depois da reunião do
Ministério, que...
De qualquer forma, intercalações exageradas sempre prejudicam a fluência da frase, estejam ou
não marcadas por vírgulas. A ordem direta contornaria todos os problemas, no caso: O presidente
disse ontem que as mudanças econômicas... Depois, poderão ser colocados todos os demais
detalhes.
3 - Se houver parênteses ou travessões na frase, a vírgula virá depois do segundo deles: Apelou
para os mais influentes amigos (ministros e deputados, entre eles), quando lhe quiseram tomar as
terras. / Os países endividavam-se sem cessar - porque isso era fácil na década de 70 -, ainda que
não soubessem como viriam a pagar seus compromissos.
4 - Numa enumeração pode haver vírgula antes do verbo: Artigos, comentários, críticas, eram
matérias que não lhe interessavam.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).