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Campinas, novembro de 2008

Guia prático de apuração e redação


Observação: os textos aqui disponíveis não foram atualizados de acordo com a nova ortografia

Primeira versão: novembro de 2007


Última atualização: 5 de janeiro de 2009

Professor mestre Artur Araujo


Pág. 2- 169 páginas

Introdução
Reportar é uma façanha. Primeiro, caçamos um bicho fugidio chamado “realidade”. Trata-se de
uma fera arisca, que costuma se esconder ora no cotidiano, ora em documentos, ora ainda nas
bocas e mentes de nossos “batedores”, que são as fontes das matérias – aliás, nem sempre
dispostas a colaborar...
Ainda quando calejados de outras aventuras, sempre descobrimos uma “realidade” arredia:
mesmo os melhores jornalistas dela só conseguem um instante, um fragmento de nossa presa,
que registramos não em potentes equipamentos de laboratório, mas em acanhados blocos,
canetas, microfones e câmeras.
E já que reportar é uma façanha, os desafios continuam. Não basta chegar ao real, mas resta
contá-lo, torná-lo “notícia”, e contá-lo de modo que os outros entendam e, mais até do que
entendam, contá-lo de modo que os outros também gostem, o que torna a façanha ainda um
pouco mais difícil.
A idéia desse guia prático, que é uma coleção de manuais de redação, é mostrar os caminhos
para a produção qualificada de conteúdo jornalístico.
Professor mestre Artur Araujo
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1 Regras específicas para produção de notícias

1.1 Critérios elementares para a produção de notícias


 É importante que o aluno mantenha ou crie o hábito da leitura de jornais. É mediante
a leitura de jornais impressos que o aluno terá uma maior familiaridade com a
produção jornalística.
 Assinem sempre suas reportagens. É obrigação de vocês se identificar.
 A reportagem deve ser entregue com título. O título deve tentar explicar a matéria. O
título não tem ponto. Não façam isso, por favor. E legenda quase nunca tem também
ponto...
 Toda matéria precisa de pelo menos uma fonte, e a fonte deve ser entrevistada.
Está proibido o uso de estudantes, professores ou funcionários da instituição
como fontes. As reportagens devem ser feitas fora do campus.
Fontes têm de ser protagonistas dos episódios. Quanto mais distante o
envolvimento, mais pobre é a qualidade da matéria.
Ou seja, se o governo federal vai instalar, digamos, um centro de
pesquisa nuclear em Hortolândia, não vale entrevistar um pipoqueiro
sobre o assunto. É preciso entrevistar a autoridade municipal e/ou a
autoridade federal (nesse caso, melhor ainda se for federal), é talvez
interessante entrevistar um cientista e, eventualmente um
ambientalista, mas nunca uma “dona de casa”, um “aposentado” ou
um “torneiro mecânico”.
Se você for fazer uma matéria sobre inauguração do Sesi, fale com o
Sesi ou com a Prefeitura. Se quiser acrescentar também o
“pipoqueiro”, que vai matricular o filho lá, ótimo. Caso contrário, não
precisa entrevistá-lo.
A fonte deve aparecer na matéria, seja mediante discurso direto, seja
mediante discurso indireto.
Identifique a fonte (nome, idade e profissão e/ou função “prefeito”,
“coordenador da vigilância sanitária” etc).
Não identifique as pessoas como "moradores". É muito pouco chamar
alguém de "morador". "Morador" não quer dizer nada. A pessoa é estudante,
professor, engenheiro, dona de casa ou catador de papel, mas não
"morador". Tenho visto com muita freqüência esse qualificativo, que não
informa nada. Se o uso do termo “morador” for necessário, deve ser redigido
do seguinte modo: O jornalista Sicrano, 32 anos, morador do bairro tal...
O estudante terá de informar, na própria reportagem, como e em quais
circunstâncias entrevistou sua fonte e colheu informações complementares.
Ou seja, se há uma citação (direta ou indireta) no texto, contextualize
(exemplo: declarou fulano em comunicado oficial ou declarou fulano em
entrevista à reportaem)
Devemos, portanto, dizer as circunstâncias da fala ao leitor: declarou o
prefeito em comunicado oficial.
 Cuidados ao abordar a fonte:
Pesquise o assunto, para não fazer perguntas que denotem ignorância
extrema ao entrevistado (tipo: quem é você?). Você não precisa saber sobre,
digamos, “pesquisa nuclear”, mas deve saber quem é a pessoa que você está
entrevistando, por que você está entrevistando-a e ter uma noção do que seja
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o tal “projeto nuclear”.


Seja educadíssimo ao abordar a fonte.
Evite usar e-mails corporativos para abordar a fonte. É uso indevido
instrumento de trabalho.
Observe com atenção, durante a abordagem da fonte, as regras de ortoépia e
de sintaxe.
Identifique-se como estudante de jornalismo. Nunca se identifiquem como
“repórteres do (seja lá qual for a publicação)”.
Nunca prometa a matéria publicada em lugar algum. A pauta pode “cair” ou
ser rejeitada pelo professor.
Nunca prometam a publicação de matérias no Cosmo. Primeiro que não é
assim que se aborda fonte, segundo que o professor pode vetar.
Evite o uso de frases que apenas repetem as citações das fontes.
Exemplo: Fulano disse que não sabia das mudanças. "Eu não sabia
das mudanças", disse fulano. É redundante e uma falha estilística
infantil... Uma brincadeira dessas só valeria, talvez, para jornalismo
literário ou para literatura, com efeito cômico...
 Matérias que contenham críticas a pessoas ou instituições só serão publicadas se
os criticados forem ouvidos e se o professor considerar pertinente com o curso o
contexto da reportagem. Caso a fonte não tenha sido ouvida (a fonte “fugiu” do
repórter ou não foi encontrada ou ainda a acusação não visa ao interesse público ou
não é consistente), caberá ao professor decidir se publica ou não a matéria.
 Evite em matérias construções do tipo: “fulano estará lá”... é impossível prever o
futuro.
 Aceito gerúndio, mas não gerundismo nas reportagens (veja verbete “gerundismo”
em "Normas editoriais de redação e expressão").
 A pessoa que tiver envolvimento com uma instituição (trabalha, quer trabalhar ou
quer ajudar a instituição) não deve fazer matérias a esse respeito porque:
Ou fará as vezes de assessor de imprensa.
Ou corre o risco de perder o emprego ou ser discriminado pela tal instituição.
O que é “instituição”: administração pública (prefeitura, estado, união,
judiciário etc), ONGs, times de futebol, empresas e similares.
 Não mande notícias sobre eventos que ocorrem hoje ou um dia antes. Para matérias
que ocorrem fins de semana, mandem até quinta-feira. Aceitarei exceções, mas
apenas previamente combinadas.
 Não mande notícias sobre eventos que ocorreram há mais de um dia. Aceitarei
exceções a essa regra, mas apenas em casos excepcionais.
 Se for observado cópia ou plágio de matérias, o aluno terá nota "0" na prova teórica,
mesmo que tenha feito outras matérias. Para que uma matéria seja considerada
plágio, basta uma frase idêntica ou similar (troca de sinônimos). Não existe: “mas eu
só plagiei um parágrafo”...
 Toda matéria que tem desdobramentos deve ser suitada.
 O release é a pior maneira possível de se fazer uma matéria. Aceito, porém, matérias
com base em releases, mas prefiro matérias “sacadas” pelo aluno.
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2 Normas editoriais de apuração, procedimento e foco


A

Acabamento – Proceda como se o seu texto seja o definitivo e vá sair tal qual você o
entregar. O processo industrial do jornal nem sempre permite que os copies,
subeditores ou mesmo editores possam fazer uma revisão completa do original.
Assim, depois de pronto, reveja e confira todo o texto, com cuidado. Afinal, é o seu
nome que assina a matéria.
Nunca deixe de ler até o fim um original que vá ser refeito. Mesmo que você tenha
apenas 15 linhas disponíveis para a nota, a linha 50 do texto primitivo poderá conter
informações indispensáveis, de referência obrigatória.
Um assunto muito sugestivo ou importante resiste até a um mau texto. Não há,
porém, assunto mediano ou meramente curioso que atraia a atenção do leitor, se a
notícia se limitar a transcrever burocraticamente e sem maior interesse os dados do
texto.
Em caso de dúvida, não hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e
outros livros de referência. Ou recorrer aos especialistas e aos colegas mais
experientes. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Acabamento 2 - Ler sempre a própria matéria antes de entregá-la, a menos que o
tempo não permita.
Ler a matéria depois de publicada e reparar nas alterações feitas. (Fonte: Manual de
redação do Diário Carioca. 1950 circa).

Acusação - 1 - Nunca atribua um crime a alguém, a menos que a pessoa tenha sido
presa em flagrante (e não haja dúvidas a respeito da sua culpa) ou confessado o ato.
Mesmo que seja a Policia quem faz a acusação, recomenda-se cautela para que o
jornal, involuntariamente, não difunda uma versão que se possa demonstrar
equivocada ou inverídica. Assim, a não ser nos casos notórios, refira-se sempre ao
acusado nestes termos: Fulano de tal, acusado de ser o matador de... Fulano de tal,
acusado de ser o principal receptador de jóias da cidade... Nunca afirme que ele é o
matador ou é o principal receptador, a não ser nas hipóteses já mencionadas.
2 - O Estado não publica insultos ou acusações de irregularidades, crimes e
corrupção em off (sem que o denunciante tenha o nome revelado), como, por
exemplo: Segundo fontes do Planalto, o ministro demitido pelo governo recebia
comissões de empreiteiras; Corre na cidade que fulano já mandou matar mais de dez
adversários políticos; Consta que o deputado João da Silva não honra os
compromissos assumidos. Lembre-se: a responsabilidade por acusações graves
como essas (mas totalmente vagas) passa toda para o jornal.
3 - Isso não significa que você não possa divulgar acusações sem atribuí-Ias a uma
fonte. Se o seu informante é da mais absoluta confiança ou se você tem documentos
que fundamentem a denúncia, deve publicá-la. É direito do editor ou da Direção da
Redação, porém, conhecer a origem das informações para decidir sobre a
conveniência ou não da publicação, uma vez que, também neste caso, a
responsabilidade final cabe sempre ao Estado.
4 - Nos títulos, especialmente, estas instruções deverão ser seguidas à risca. Como
norma, procure sempre mostrar ao leitor que se trata de uma acusação ou denúncia,
e não de um fato provado: Deputado acusa ministro de desvio de verbas; Ministro
acusado de desviar verbas; Empreiteiro denuncia concorrência.
5 - Finalmente, lembre-se de que todo acusado tem o direito de resposta. O ideal é
publicar a denúncia e a explicação ou a réplica do acusado ao mesmo tempo. Se a
simultaneidade for absolutamente impossível (por não se localizar o acusado, por
exemplo), não deixe a resposta passar do dia seguinte. Ouvir o atingido pelas
denúncias é essencial, mesmo que você tenha a certeza da procedência das
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informações contra ele. Veja também “denúncia”. (Fonte: MARTINS, Eduardo.


Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Acusação criminal - A Constituição garante que todos devem ser considerados


inocentes até que sua culpa seja estabelecida pela Justiça. A Folha não endossa
acusação criminal, mesmo da polícia, enquanto não for confirmada por sentença
judicial definitiva. Até então, a pessoa sobre quem recaia suspeita é tratada como
acusada ou suspeita: Adamantino Phor, acusado de contrabandear diamantes, e não
Adamantino Phor, que contrabandeou diamantes.
Essa norma não vale para flagrante delito ou confissão espontânea. Mas cuidado: há
sempre a possibilidade de que o flagrante seja falso e de que a confissão seja
forçada. Na maior parte das vezes, o melhor é deixar claro no texto que, segundo a
polícia, trata-se de confissão ou flagrante.
Em qualquer caso, nenhum texto que contenha acusação criminal deve ser publicado
enquanto não for esgotada a possibilidade de ouvir a parte acusada, a fim de que sua
declaração seja apresentada ao leitor na mesma edição. Se não for possível ouvir o
outro lado no mesmo dia, o texto deve ser submetido à Direção de Redação, que
decidirá sobre a publicação. Texto que não contenha o outro lado exige uma
explicação: Inocêncio Afanés, procurado pela Folha para responder às acusações do
investigador do Deic Diogo Dolon, não foi encontrado em seu escritório entre 14h e
20h. Quanto mais específica puder ser a explicação, melhor.
Quando decidir publicar um texto sem ouvir o outro lado, a Folha deve tentar ouvi-lo
no dia seguinte.
A Justiça garante ao réu a possibilidade de recorrer de sentenças a instâncias
superiores. Registre sempre no texto se cabe recurso e se ele tem efeito suspensivo,
ou seja, se suspende a execução da decisão até que haja outra de instância superior.
Quando receber informação de alguém que faz acusação criminal contra outra
pessoa, procure sempre:
a) Gravar a declaração;
b) Discutir o caso com seu superior para avaliar a credibilidade de quem formula a
acusação;
c) Caso essa avaliação seja positiva, mas não haja gravação, tentar obtê-la;
d) Tomar o cuidado de reproduzir literalmente o cerne da acusação, sempre entre
aspas.
Se a parte acusada não puder ser ouvida, mas houver declaração sua prestada à
Justiça ou a autoridade policial, tente obtê-la para publicação. Consulte também o
anexo Jurídico.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Agenda - Editorias e jornalistas devem manter em agenda o registro de fatos


merecedores de cobertura. A pauta, porém, não deve se limitar a um mero
acompanhamento dos eventos previstos. Além disso, cada jornalista, editoria e
sucursal precisa ter agenda de endereços e telefones atualizada e organizada. Os
endereços e telefones usados profissionalmente devem estar à disposição de toda a
Redação para casos de emergência. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Agilidade - Qualidade essencial do jornalismo. A agilidade de um jornal se mede por


sua capacidade de fazer o produto mais informativo, analítico, completo e rigoroso no
menor tempo possível.
O planejamento ajuda a garantir a qualidade do jornal todos os dias, mas o jornalista
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deve estar pronto para modificar tudo o que tiver sido planejado, quando as condições
o exigirem. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Ambientação - O local e as circunstâncias de um fato podem ser tão importantes


quanto o fato em si. Sempre que for relevante para a compreensão da notícia, a
reportagem deve descrever o ambiente, como, por exemplo, as circunstâncias em
que se dão visitas de chefes de Estado a outros países, funerais de personalidades,
recepções ou festas de grande relevo, eventos esportivos ou culturais de importância.
Em reportagem ou entrevista, o local pode ter interesse especial devido à sua relação
com a biografia do personagem ou com o assunto tratado. - (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Ambientação 2 - Preocupe-se em incluir no texto detalhes adicionais que ajudem o
leitor a compreender melhor o fato e a situá-lo: local, ambiente, antecedentes,
situações semelhantes, previsões que se confirmem, advertências anteriores, etc.
Informações paralelas a um fato contribuem para enriquecer a sua descrição. Se o
presidente dorme durante uma conferência, isso é notícia; idem se ele tira o sapato,
se fica conversando enquanto alguém discursa, se faz trejeitos, etc. Trata-se de
detalhes que quebram a monotonia de coberturas muito áridas, como as oficiais,
especialmente. Registre no texto as atitudes ou reações das pessoas, desde que
significativas: mostre se elas estão nervosas, agitadas, fumando um cigarro atrás do
outro ou calmas em excesso, não se deixando abalar por nada. Em matéria de
ambiente, essas indicações permitem que o leitor saiba como os personagens se
comportavam no momento da entrevista ou do acontecimento. (Fonte: MARTINS,
Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Anonimato - Trabalhe no anonimato apenas quando for imprescindível para o bom


desempenho de suas funções. O anonimato é importante, por exemplo, para testar
serviços públicos ou particulares, como os de restaurantes. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Anotações - O jornalismo nunca prescinde delas. Nem o recomendável uso do


gravador as dispensa. Ao anotar, o repórter se familiariza com o assunto, organiza o
pensamento, fixa nomes, datas, números e informações especializadas. A Folha
fornece bloco de anotação a seus jornalistas. Não use folhas soltas: elas dificultam as
consultas, aparentam desorganização e podem se extraviar com facilidade. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Apartidarismo - Princípio editorial da Folha. O jornal não se atrela a grupo, tendência


ideológica ou partido político, mas procura adotar posição clara em toda questão
controversa. Mesmo quando defende tese, idéia ou atitude, a Folha não deixa de
noticiar e publicar posições divergentes das suas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Arquivo - Inclua nas reportagens os antecedentes do fato, descubra tendências


históricas e coincidências. O arquivo do Banco de Dados pode ser valioso para
enriquecer qualquer reportagem. É útil estabelecer arquivo próprio com informações
usadas com mais freqüência. É conveniente que o jornalista tenha à mão os
principais livros de consulta em sua área. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
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http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Assessoria de imprensa - Trate o assessor de imprensa com respeito e


desconfiança. Ele pode ser uma fonte de informações, mas atua também como
lobista, defende os interesses da organização em que trabalha. Nem sempre esses
interesses são os mesmos que os dos leitores. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Avaliação de governo - A Folha faz avaliações de governos municipais, estaduais e


federal a cada ano. Comparações anuais entre sucessivas administrações só são
possíveis quando se usam critérios similares de avaliação. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Avaliação de multidões - Na Folha, o jornalista encarregado de avaliar o número de


pessoas reunidas em eventos (comício, manifestação de rua, assembléia sindical,
espetáculo etc.) deve:
a) Em evento importante, usar método científico de medição do local com assessoria
do DataFolha;
b) Em evento menos importante, ouvir versão do organizador, do adversário (se
houver), de autoridade e de observador isento;
c) O jornalista da Folha não faz acordo com os de outros veículos para combinar
estimativa de números. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Balão de ensaio - Jargão jornalístico para caracterizar informação propositadamente


vazada a fim de verificar de antemão possíveis efeitos de uma determinada medida.
Se tiver certeza de que se trata de um balão de ensaio, a Folha explica isso para o
leitor. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Barriga - Publicação de grave erro de informação. Quando a Folha erra, reconhece o


erro. Quando outro veículo de informação erra, a Folha noticia quando o lapso tem
grande importância jornalística. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Barriga 2 - A correção do noticiário responde, ao longo do tempo, pela credibilidade
do jornal. Dessa forma, não dê notícias apressadas ou não confirmadas nem inclua
nelas informações sobre as quais você tenha dúvidas. Mesmo que o texto já esteja
em processo de composição, sempre haverá condições de retificar algum dado
impreciso, antes de o jornal chegar ao leitor.
A correção tem uma variante, a precisão: confira habitualmente os nomes das
pessoas, seus cargos, os números incluídos numa notícia, somas, datas, horários,
enumerações. Com isso você estará garantindo outra condição essencial do jornal, a
confiabilidade. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Barriga 3 - Para manter sua confiabiabilidade e credibilidade, o jornal deve fazer o
possível para não publicar erros de nenhuma espécie. Veja alguns dos casos que
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ocorrem com maior freqüência e procure evita-Ias:


1 - Nomes. O Estado escreve os nomes e sobrenomes segundo a forma que as
pessoas adotam. Por isso, verifique-os sempre com cuidado, para que figurem no
noticiário de maneira correta. A observação vale também para os nomes geográficos
e palavras estrangeiras. Em caso de dúvida, consulte o vocabulário do fim deste
volume.
2 - Siglas. Procure também explicar convenientemente as siglas ao leitor e evite
discriminá-las erradamente. Por exemplo: STF é Supremo Tribunal Federal e não
Superior Tribunal Federal. Da mesma forma, CNBB é Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil e não Confederação Nacional.
3 - Palavras. A lista publicada no fim deste volume (nota do professor: a lista não
está disponível neste guia) inclui a maioria das palavras da língua que possam dar
margem a dúvidas quanto à ortografia de centenas de termos estrangeiros e nomes
de produtos ou de empresas muito usados no noticiário. Nunca deixe de recorrer a
ela. (nota do professor: nesse caso, vamos usar um bom dicionário, ok?)
4 - Informação. É um dos erros mais graves que o jornal pode divulgar. Por isso,
confira sempre cuidadosamente as informações que recolher; recorra a mais de uma
fonte, quando necessário; verifique, enfim, todos os dados em que possa haver
qualquer engano que comprometa a seriedade da notícia.
5 - Enumerações. Tenha sempre em mente: é comum uma noticia dizer que havia
seis pessoas presentes num determinado local e, na hora de relacionar os nomes,
fornecer apenas cinco deles. Por isso, conte sempre os nomes para ver se são
mesmo seis.
6 - Números. A transcrição de números das anotações do repórter ou do texto
provisório para o definitivo favorece o aparecimento de erros no original. É outro item
a ser conferido com atenção.
7 - Concordância. Dos erros gramaticais, é talvez o que surge com maior freqüência
nos textos. Repasse o original com cuidado para eliminá-los e consulte o verbete
concordância, subtítulo erros, no capitulo seguinte. (nota do professor: o conteúdo
está disponível no próximo capítulo)
8 - Conhecimento. Evite que erros de conhecimento comprometam o texto. Não diga,
por exemplo: Um relâmpago caiu no fio do trólebus. O que cai é o raio. Não escreva,
também: Havia muitas pessoas no féretro. O féretro é o caixão, não o cortejo. Outra
forma a evitar: A geada caiu... A geada forma-se, não cai (é o resultado do
congelamento das gotas de orvalho).
9 - Citações. Nunca cite de memória, porque provavelmente você cometerá algum
equivoco. Consulte um dicionário de citações, recorra ao arquivo, apele para os
colegas. Tudo justifica o esforço para que você não faça uma transcrição errada ou
incompleta. (nota do professor: nesse caso, vamos usar livros da biblioteca ou
banco de dados confiáveis, ok?)
10 - Declarações. Leia sempre com cuidado suas anotações ou volte a fita do
gravador para que as declarações de entrevistados sejam reproduzidas com a maior
fidelidade possível. Lembre-se de que qualquer distorção nas afirmações não apenas
levará uma informação incorreta ao leitor como criará problemas para você e para o
jornal.
11 - Autores. Consulte dicionários, livros especializados ou o arquivo para fugir a um
erro muito comum nas informações: a citação incorreta ou trocada do nome do autor
de uma obra ou declaração ou mesmo a menção incompleta (se uma música, por
exemplo, é de Noel Rosa e Vadico, escreva isso, e não se refira apenas ao parceiro
mais famoso). (nota do professor: nesse caso, vamos usar livros da biblioteca
ou banco de dados confiáveis, ok?)
12 - Intérpretes. Proceda da mesma forma com relação aos intérpretes. Você pode
confundir o ator que trabalhou num filme com o de outro ou a cantora que gravou uma
canção com outra. (nota do professor: nesse caso, vamos usar livros da
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biblioteca ou banco de dados confiáveis, ok?)


13 - Memória. Por tudo isso, desconfie da memória. O arquivo, por exemplo, é
sempre uma fonte mais segura. Se você está em cima da hora de concluir a matéria,
entregue-a à chefia. E procure em seguida conferir a informação em dúvida. Sempre
haverá tempo de corrigi-Ia. (nota do professor: nesse caso, vamos usar livros da
biblioteca ou banco de dados confiáveis, ok?)
14 - Gramática. Nem todos são obrigados a conhecer todas as regras gramaticais.
Por isso, este manual teve a preocupação de relacionar as principais delas. Nunca
deixe de esclarecer quaisquer dúvidas sobre crase, concordância, conjugação verbal,
regência, plural, colocação de pronomes, acentuação e outras. Folheie o manual
regularmente Que você irá descobrindo as demais e, principalmente, observações
sobre formas gramaticais corretas e incorretas, diferenças entre mal e mau, etc. O
leitor merece todo o empenho para que o número de erros de uma edição do jornal se
reduza cada dia mais. (nota do professor: nesse caso, vamos usar livros da
biblioteca ou banco de dados confiáveis ou um manual de redação, ok?)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Barriga 3 – Nenhuma notícia produzida pela redação do Último Segundo deve ser
publicada se houver alguma dúvida sobre a sua veracidade, ainda que o jornalista
acredite que a informação seja 99% certa. Esses 99% não são suficientes. A notícia
não deve ser publicada ainda que se saiba que outras agências ou meios de
comunicação pretendem divulgá-la. É preferível levar o furo a disseminar informação
duvidosa. Se alguma notícia for incorreta, o fato de ter sido divulgada por outras
agências não deve servir como álibi ou motivo de consolo. No caso de notícias de
outras fontes, elas não devem ser destacadas se houver alguma dúvida sobre sua
veracidade.
Se por qualquer circunstância o Último Segundo divulgar uma notícia errada deve
publicar uma retificação imediata, a Errata, e com destaque. Nela, vai indicar
claramente que se errou e dar a informação correta. Os erros que exigirem
explicitação, ou seja, a menção por escrito de que houve o erro e a sua conseqüente
correção, devem ser retificados na capa do produto onde ocorreu o erro com
chamada em destaque para a Errata (publicada em página à parte se não for curta o
bastante para caber na mesma página). A publicação de uma Errata depende de
consulta prévia à diretoria de conteúdo. Notícias que trazem erros cometidos por
fontes também podem ser corrigidas mediante publicação de uma outra nota na qual
se retifica a informação equivocada e se explica que a fonte errou. (Fonte: Manual do
Último Segundo. Versão 1.0, 2006)
Veja também “precisão”, “cruzar informação” e “notícia antecipada”.

Bastidor - É o lado encoberto ou o interior de uma organização, não acessível ao


público. Os bastidores da política e da economia, em especial, merecem investigação
jornalística permanente. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Bom senso - "O bom senso é a coisa mais bem-repartida do mundo", escreveu o
filósofo francês René Descartes (1596-1650) no "Discurso do Método". Essa
convicção não o impediu, porém, de sentir-se compelido a redigir as "Regras para a
Direção do Espírito", uma espécie de manual de bom senso.
Mais do que a filosofia, a prática do jornalismo tem grande necessidade desse tipo de
balizas. O "Novo Manual da Redação" apresenta regras para orientar o trabalho na
Folha e dá conta da maioria das dúvidas. Elas não devem, porém, ser aplicadas de
maneira irrefletida, pois nenhuma norma se aplica a todos os casos possíveis. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
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Briefing - Significa informe. Em jornalismo, pode ser usado em dois sentidos:


instruções sobre a execução de uma tarefa ou resumo de informações sobre qualquer
evento que uma fonte dá aos jornalistas, quase sempre oralmente. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Brincadeira - Um entrevistado pode fazer declaração a jornalista por brincadeira, que


se for reveladora da personalidade do entrevistado deve ser relatada ao leitor. Nesse
caso, o texto deve explicar o contexto da declaração, deixando claro que se trata de
afirmação jocosa. O procedimento também se aplica a lapsos do entrevistado e a
declarações irônicas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Calúnia/difamação/injúria - Existe uma gradação decrescente entre os três tipos de


crime contra a honra. Caluniar alguém é atribuir falsamente fato definido como crime.
Difamar é imputar fato ofensivo à reputação. Injuriar é ofender a dignidade ou o
decoro de alguém.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Clareza - Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite
intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo exigir que o
leitor faça complicados exercícios mentais para compreender o texto. (Fonte:
MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo:
SP, 1990).

Cobertura - Trabalho de coleta de informações realizado no próprio local dos


acontecimentos. Refere-se também ao trabalho de acompanhamento de um fato ou
assunto pelo jornal. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Comitê de imprensa - Entidade formada por jornalistas que cobrem determinado


evento ou setor. Pode beneficiar o interesse corporativo de jornalistas ou de
empresas jornalísticas em detrimento do interesse do leitor. A Folha não integra
comitês de imprensa e desconsidera medidas adotadas em seu nome, como
embargos, precedência em entrevistas ou cálculos de multidão. (Fonte: FOLHA DE
S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Contextualizar - Nenhum leitor tem obrigação de saber todos os detalhes de uma


história. Ele pode estar chegando ao país depois de longa permanência no exterior,
por exemplo. Por isso, é importante sempre contextualizar e rememorar os fatos,
especialmente na reportagem que dá prosseguimento a uma anterior.
Os personagens precisam ser todos identificados e sua relação com o assunto,
esclarecida. Todas as informações relacionadas com o assunto central precisam ser
resumidas a cada vez, mesmo porque o leitor as esquece. Essa contextualização
pode ser feita em arte ou box com título do tipo Para entender o caso. O texto deve
ser extremamente conciso.
Mesmo em reportagens sem sequência, a contextualização é de grande utilidade. Por
exemplo, quando uma cidade aparece no noticiário, convém esclarecer onde ela fica,
quantos habitantes tem, quais as suas principais atividades econômicas e assim por
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diante.Quando morre uma atriz conhecida, é importante lembrar filmes em que ela
trabalhou (em um quadro, por exemplo), resumir sua biografia, analisar sua carreira
etc. Muitas informações que podem parecer óbvias para o jornalista não o são para o
leitor.
Não se esqueça de que o universo de leitores do jornal é vasto e heterogêneo. Se um
leitor acha que não precisa ler certas informações de contexto que o jornal publica,
ele simplesmente salta o texto. O leitor que não conhece ou não se lembra dessas
informações vai ficar agradecido.
Veja também “didatismo”
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Convite - Qualquer convite que um jornalista receba como profissional da Folha deve
ser comunicado a seu superior imediato antes de aceito.
O jornal não se compromete a publicar reportagem sobre o assunto do convite
apenas porque o aceitou.
Devem ser previamente submetidos à Direção de Redação convites para viagens,
colaboração com outros meios de comunicação, participação em conferências,
palestras, seminários, cursos, bolsas de estudo, estágios ou encontros com
autoridades públicas. A direção vai definir se a presença do jornalista deve se dar
como representante do jornal ou em caráter particular. A Direção de Redação pode
julgar a presença de um jornalista da Folha em alguns desses eventos incompatível
com sua atividade no jornal. Jornalistas da Folha podem viajar a convite de
instituições, governos ou personalidades.
Se a viagem resultar em texto publicado, o jornal informa com clareza que o jornalista
teve suas despesas pagas pelo patrocinador. Em muitos casos, a presença de um
jornalista pode alterar a rotina de funcionamento de um determinado serviço ou
evento. Ao testar os serviços de um restaurante, por exemplo, é conveniente que o
repórter permaneça no anonimato e pague sua conta. De outro modo, sua avaliação
poderia ficar comprometida por um atendimento especial ao qual seu leitor não teria
acesso. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Cozinhar - Em jargão jornalístico, é reescrever texto publicado em outro veículo. O


jornalista da Folha não deve cozinhar textos, mas apurar informações ele mesmo.
Quando é indispensável cozinhar -porque não foi possível apurar as informações em
tempo e o jornal considera essencial que seu leitor tenha acesso a elas-, a Folha cita
o nome do autor do texto e do veículo que o publicou. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Cronologia - No desfecho de coberturas que se arrastem por meses ou anos, uma


forma prática de situar o leitor no tempo é publicar a cronologia dos acontecimentos,
com uma indicação sumária dos dias em que houve algum fato digno de nota. Com
matéria de pesquisa (que pode sair paralelamente), nem sempre se consegue o
mesmo efeito. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Cruzar informação - Significa confrontar informação originária de determinada fonte


com uma fonte independente. Assim, cruzar com uma fonte significa possuir duas
origens para uma informação. Cruzar com duas fontes, três. Qualquer informação de
cuja veracidade não se tenha certeza deve ser cruzada, exceto em circunstâncias
excepcionais, previstas neste manual. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual
de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
Pág. 13- 169 páginas

dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).


Veja também “precisão”, "barriga", e “notícia antecipada”.

Custos - Informe sempre o custo de promoção, projeto, evento ou realização que


seja objeto de reportagem. Quando se tratar de projetos ou obras públicas, os
contribuintes, que as financiam com o pagamento de impostos, têm o direito de saber
o seu custo. Informe também se há verba prevista no orçamento.
Não deixe de contextualizar os valores envolvidos através de comparações: O custo
da linha Campos do Jordão-Guarujá do metrô, prometida pelo candidato Gastão
Malaquias, equivale a três vezes o orçamento do governo estadual. Daria para
comprar 2 milhões de automóveis Chevette. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

data mining Do ing.Inf.Mkt. recurso no CRM, método us. para extrair informações
específicas e acumuladas sobre clientes ou segmentos de clientes em meio a grande
massa de dados, importante na construção de sistemas de data warehouse.
Fonte: Guia Anatec

Denúncia - 1 - Como intérprete do leitor, o Estado se sente no dever de publicar toda


denúncia fundamentada que lhe chegue ao conhecimento. Aliás, o jornal considera
essa uma de suas funções sociais mais importantes, por estar diretamente ligada à
defesa da moral pública e do dinheiro do contribuinte. O cidadão merece ser
defendido em todos os planos, municipal, estadual e federal. Por isso, o repórter deve
empenhar-se para manter essa característica permanente do jornal.
Veja alguns exemplos de matérias de denúncia: desvio ou má aplicação de verbas
públicas; conchavos entre parlamentares e governantes em prejuízo da população;
favorecimento oficial a empresas particulares; concorrências com cartas marcadas;
obras dispendiosas, cujo custo não corresponda à utilidade; tráfico de influência;
apadrinhamento e nepotismo no serviço público; compras públicas sem concorrência;
mordomias e gastos exagerados de servidores, governantes ou parlamentares;
viagens desnecessárias às custas do governo, com diárias elevadas; transações
duvidosas em qualquer nível da administração pública; uso de recursos públicos em
benefício de particulares; manipulação dos bancos estaduais em favor de empresas
de protegidos; salários públicos em desacordo com a realidade do País; etc.
2 - O jornal exige, no entanto, que os fatos sejam apurados com rigor, devendo os
repórteres ou editores conservar em seu poder, durante o tempo conveniente, os
documentos comprobatórios das irregularidades apontadas. As denúncias feitas por
terceiros cujo nome não possa ser divulgado deverão, sempre, ser conferidas com
alguma outra fonte de confiança.
3 - Ao montar a matéria, se você sentir alguma insegurança na manipulação dos
dados, não hesite em recorrer a especialistas (advogados, economistas, etc.), para
que nenhuma informação corra o risco de desmentido. Assim, só considere o texto
em condições de publicação quando tiver comprovado todas as denúncias nele
incluídas.
4 - Finalmente, não pense em denúncia apenas quando o dinheiro público estiver
envolvido. Há fatos aparentemente corriqueiros cuja denúncia poderá melhorar muito
o dia-a-dia do leitor, como: coleta de lixo malfeita; mudanças de trânsito realizadas
sem critério; derrubada irregular de árvores; poluição de áreas por indústrias que não
observem as normas ambientais; contaminação dos rios da cidade; poluição sonora;
invasão de áreas residenciais pelo comércio; etc.
Repare que esses assuntos figuram com freqüência nas cartas dos leitores. Por que
então não tomar a iniciativa também?
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Veja também “acusação” (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo.


São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Didatismo - Qualidade essencial do jornalismo e um dos objetivos básicos do Projeto


Folha. Todo texto deve ser redigido a partir do princípio de que o leitor não está
familiarizado com o assunto. Explique tudo de forma simples, concisa, exata e
contextualizada.
Texto didático deve ter título também didático: Quem foi Benito Mussolini; O que foi a
Revolução Russa, em vez de títulos pretensamente noticiosos como Ditador morreu
em 1945; Revolução foi marco neste século. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Didatismo 2 - O estilo jornalístico é um meio-termo entre a linguagem literária e a
falada. Por isso, evite tanto a retórica e o hermetismo como a gíria, o jargão e o
coloquialismo.
Em qualquer ocasião, prefira a palavra mais simples: votar é sempre melhor que
sufragar; pretender é sempre melhor que objetivar, intentar ou tencionar; voltar é
sempre melhor que regressar ou retornar; tribunal é sempre melhor que corte;
passageiro é sempre melhor que usuário; eleição é sempre melhor que pleito; entrar é
sempre melhor que ingressar.
Só recorra aos termos técnicos absolutamente indispensáveis e nesse caso coloque o
seu significado entre parênteses. Você já pensou que até há pouco se escrevia sobre
juros sem chamar índices, taxas e níveis de patamares? Que preços eram cobrados e
não praticados? Que parâmetros equivaliam a pontos de referência? Que monitorar
correspondia a acompanhar ou orientar? Adote como norma: os leitores do jornal, na
maioria, são pessoas comuns, quando muito com formação específica em uma área
somente. E desfaça mitos. Se o noticiário da Bolsa exige um ou outro termo técnico,
uma reportagem sobre abastecimento, por exemplo, os dispensa.
Você pode ter familiaridade com determinados termos ou situações, mas o leitor, não.
Por isso, seja explícito nas notícias e não deixe nada subentendido. Escreva, então:
O delegado titular do 47º Distrito Policial informou ontem..., e não apenas: O delegado
titular do 47º informou ontem. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e
estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Didatismo 3 - Evitar palavras chulas e expressões de gíria não incorporadas à
linguagem geral, assim como termos preciosos e frases de conteúdo puramente
sensacionalista.
(Fonte: Manual de redação do Diário Carioca. 1950 circa)
Didatismo 4 - 1 - Todo termo que o leitor não conheça ou lhe possa causar
estranheza ou dúvidas deve ser imediatamente explicado entre parênteses, em
qualquer área do noticiário (medicina, economia, geral, politica, esportes, direito, etc.).
Lembre-se de que ninguém é obrigado a conhecer palavras específicas desses
setores ou de outros.
Veja como proceder:
O Brasil conseguiu a redução do spread (taxa de risco) cobrado pelos bancos
estrangeiros.
A neurofibromatose (doença que aleija, desfigura e mata suas vítimas) é a
meta prioritária...
A cirurgia foi adiada por causa de uma arritmia cardíaca (batimento irregular
do coração).
O senador previu um quadro de estagflação (estagnação com inflação) no
País ainda este ano.
Os trabalhadores com leucopenia (diminuição do número dos glóbulos
brancos do sangue) não podem exercer suas funções em ambiente poluído.
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As pessoas tendem a herdar baixos índices de metabolismo - o processo pelo


qual o corpo transforma os alimentos em energia - e esta é a causa do
aumento incomum de peso.
Outros termos ou expressões que justificarão explicação sempre: miocárdio, cautelar,
serviço da dívida, libor, prime rate, drogas anabolizantes, leucócitos, teodolito,
ergonomia, etc.
Pense ainda: por mais que o leitor de futebol ouça falar sempre em músculo adutor,
panturrilha, contratura muscular, tendão de Aquiles, traumatismo craniano ou mesmo
a prosaica distensão, saberá ele exatamente o que cada um significa?
2 - A explicação não deve limitar-se a palavras ou expressões estranhas ao leitor,
mas pode fornecer-lhe, na maioria dos casos, informações adicionais. Nas notícias
sobre pessoas, por exemplo, identifique o personagem com indicações como: O
empresário João de Almeida (Grupo Acme) , a marchande Maria de Sousa (Galeria
Estrela), a socialite Regina Martins, a modelo Francisca Barbosa, a escritora Joana
Carvalho (e não apenas Regina Martins, Francisca Barbosa, Joana Carvalho), etc.
3 - A menos que se trate de casos de absoluto domínio público, as alusões ou
citações, mesmo de forma velada, devem transmitir ao leitor uma idéia daquilo a que
a notícia se está referindo. Apesar de toda a divulgação, a maioria dos leitores sabe
exatamente quem constituia o grupo do poire? Quando você escreve que há algo de
novo no ar além dos aviões de carreira, todos se lembrarão de que se trata de uma
frase do Barão de Itararé? O leitor identificará de imediato uma alusão à turma de São
José do Pericumã com as pessoas que cercavam José Sarney? Ou a menção de que
alguém será famoso durante 15 minutos no ano 2000 recordará o autor da frase,
Andy Warhol? Da mesma forma as referências a práticas da cultura alternativa, como
o zen, o I Ching, a macrobiótica, a astrologia, cairão no vazio se o leitor não estiver
afeito a esses assuntos.
Por isso, procure não fazer referências isoladas na matéria sem complementá-las
com indicações que permitam sua melhor identificação. Você evitará que, no fim elas
se tornem frases de efeito em circuito fechado. Como por exemplo, no texto abaixo:
O mais obstinado dos defensores da adoção da pena de morte no Brasil,
deputado Amaral Netto, líder do PDS, repetiu seus já conhecidos argumentos
sobre a eficácia do fator intimidação.
Quantos leitores do jornal saberão quais são os seus já conhecidos argumentos?
Veja também “contextualizar”
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Direito de resposta - O Último Segundo concede democraticamente o Direito de


Resposta a pessoas ou entidades vítimas de suas reportagens ou de parceiros. Ele
será concedido sempre que se comprovarem evidentes denúncias, ataques,
referências desairosas, calúnias, difamações e injúrias.
O destaque, sempre encimado pelo chapéu Direito de Resposta, deverá ser publicado
com espaço e tempo proporcionais ao ataque. Pode ser publicado na home page do
iG, na capa do Último Segundo, nos canais e seções internas.
Procedimentos:
Sempre que houver pedido de Direito de Resposta, o editor da área específica, ou o
gerente, em caso de produtos não jornalísticos, deverá elaborar de imediato dossiê
que comprove a oportunidade e a correção do pedido para encaminhar à direção de
conteúdo.
Nenhum Direito de Reposta sobe na rede sem comunicação e aprovação prévia da
direção de conteúdo – que deverá ouvir obrigatoriamente a direção da empresa nos
casos que envolverem empresas de comunicação, acionistas da empresa-mãe e
concorrentes diretos e indiretos.
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As editorias e/ou direção também podem oferecer o Direito de Reposta a vítimas que
não o tenham requisitado.
Os autores da peça (não importa se texto, foto ou vídeo) que tenha originado o pedido
de Direito de Reposta devem ser informados da solicitação e devem saber quando,
como e quanto tempo a resposta vai ficar na rede. Esta informação ao funcionário
e/ou colaborador deverá sempre ser registrada por escrito, via e-mail, e
acompanhada de telefonema.
O autor (ou autores) da peça que originou o Direito de Resposta tem o direito de
conhecer a resposta antes de sua publicação, mas não tem o direito de interferir na
mesma nem de impedir sua publicação.
O autor (ou autores) da peça que originou o Direito de Resposta tem o direito de
elaborar tréplica, que subirá na rede seguindo os mesmos procedimentos descritos
acima nos itens 2, 4 e 5.
Se houver pedido de resposta à tréplica então, o iG abrirá a oportunidade ao
originador da polêmica de publicar mais uma reposta, a última e definitiva, ao lado da
resposta à tréplica. Neste sentido, vítima e agressor se despedem da polêmica em
conjunto. (Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006).
direito de resposta 2 - Editoração / edição- Jornalismo faculdade assegurada por lei
(art. 29 e 30, da Lei no. 5.250,de 09.02.1967,Lei de Imprensa) a “toda pessoa natural
ou jurídica, órgão ou entidade pública, que for acusado ou ofendido em publicação
feita com jornal ou periódico ou em transmissão de radiodifusão, ou a cujo respeito os
meios de informação e divulgação veicularem fato inverídico ou errôneo”, devendo a
resposta ou retificação ser veiculada na mesma publicação, no mesmo lugar, em
caracteres tipográficos idênticos, em edições e dias normais, ou na mesma emissora
e no mesmo programa e horário. Fonte: Guia Anatec

Distanciamento - Mantenha e procure desenvolver uma atitude de distanciamento


crítico do assunto e dos personagens de qualquer notícia. Duvide sempre da
consistência daquilo que apurou, examine eventuais contradições nas versões que
recolheu e questione o seu próprio envolvimento e preconceitos em relação ao
assunto. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Elegância - Evitar fórmulas e expressões genéricas sempre que se disponha de


informações e pormenores precisos.
Usar parágrafos curtos e evitar palavras desnecessárias , qualificativos,
principalmente, tendenciosos, e frases-feitas. (Fonte: Manual de redação do Diário
Carioca. 1950 circa)

Emoção - A emoção pode ser importante em alguns textos jornalísticos. Mas


atenção: evite o tom melodramático, triunfalista ou piegas. O registro deve ser o mais
descritivo possível. Preste atenção em detalhes que podem caracterizar de forma
objetiva essa emoção: O réu fumou 45 cigarros em quatro horas de julgamento é
melhor que O réu estava visivelmente nervoso. Não especule sobre o estado
emocional, os pensamentos ou intenções do personagem da notícia. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Emoção 2 - O rádio e a televisão podem ter necessidade de palavras de som forte ou
vibrante; o jornal, não. Assim, goleiro é goleiro e não goleirão. Da mesma forma,
rejeite invenções como zagueirão, becão, jogão, pelotaço, galera (como torcida) e
similares.
Dificilmente os textos noticiosos justificam a inclusão de palavras ou expressões de
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valor absoluto ou muito enfático, como certos adjetivos (magnífico, maravilhoso,


sensacional, espetacular, admirável, esplêndido, genial), os superlativos
(engraçadíssimo, deliciosíssimo, competentíssimo, celebérrimo) e verbos fortes como
infernizar, enfurecer, maravilhar, assombrar, deslumbrar, etc.
Termos coloquiais ou de gíria deverão ser usados com extrema parcimônia e apenas
em casos muito especiais (nos diálogos, por exemplo), para não darem ao leitor a
idéia de vulgaridade e principalmente para que não se tornem novos lugares-comuns.
Como, por exemplo: a mil, barato, galera, detonar, deitar e rolar, flagrar, com a corda
(ou a bola) toda, legal, grana, bacana, etc. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de
redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Empatia - Processo pelo qual uma pessoa se coloca no lugar de outra e se identifica
com seus sentimentos, desejos, idéias e ações. Nem sempre é voluntário. Pode
constituir empatia a relação entre telespectador e personagem de telenovela ou a de
fã com cantora. O jornalismo deve explorar a relação de empatia entre o leitor e o
personagem da notícia: a reportagem sobre um acidente aéreo deve dar ênfase a
todos os detalhes que permitam ao leitor colocar-se no lugar de uma das vítimas; a
reportagem sobre a excursão de um aventureiro à Antártida deve ser redigida de
modo a fazer com que o leitor se sinta no lugar do personagem. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Encampação - Todo cuidado é pouco para que o jornal evite passar ao leitor, como
suas, opiniões ou conceitos expressos por outras pessoas. Veja os principais casos
em que a notícia ou o título encampa uma opinião ou conceito alheio:
1 - Quando alguém faz uma declaração reproduzida no título sem a indicação do
nome do autor:
Dados da reserva cambial brasileira estão corretos
O Brasil exportará mais este ano
Lucro já não atrai tanto as empresas
Plano vai repor as perdas salariais
A Terra é um organismo vivo
São Paulo precisa parar de crescer
Em todos esses casos, era indispensável revelar quem dava as informações ou
opiniões, para que o jornal não ficasse responsável por elas.
2 - Quando se admite como verdadeira, no título, uma alegação ou justificativa de
alguém:
Duarte não sabia da ação americana
O jogador que se perdeu na madrugada
Treinador inglês só quer aprender
No primeiro caso, Duarte negou saber da ação americana. O título, porém, diz
taxativamente que ele não sabia. No segundo, o jogador alegou ter chegado atrasado
à concentração porque se perdera, e não porque ficara bebendo. No terceiro, o
treinador inglês está fazendo apenas um jogo de palavras. Um recurso para contornar
o pequeno número de sinais do título é usar aspas:
A CIA, também, "não sabia de nada"
O jogador "que se perdeu" na madrugada.
3 - Se o título confirma uma acusação, pode eventualmente deixar de mencionar o
autor da afirmação, desde que se trate de fonte oficial (como no exemplo abaixo, em
que a própria Casa Branca admitiu o fato):
Reagan agiu para ajudar os contras
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4 - Há denúncias que freqüentemente encerram considerações. Deixe muito claro, se


possível com o uso de aspas, que não se trata de conceitos emitidos pelo jornal. Veja
o exemplo:
O senador catarinense considera um absurdo esses cargos estarem nas mãos
de familiares do presidente do instituto, muitos incapacitados para exercer as
funções.
A frase “muitos incapacitados” deveria estar entre aspas ou acompanhada de uma
ressalva como muitos dos quais o parlamentar considera incapacitados para... Caso
contrário, poderá parecer que o comentário é do jornal.
5 - No noticiário policial, nunca chame de criminoso, estuprador, assaltante, etc.,
quem não tenha confessado o crime ou sido preso em flagrante. Veja um exemplo
incorreto:
Morto com 30 tiros por tentar violentar menino.
Leia, porém, o que dizia a notícia:
Moradores do bairro tal mataram a tiros o feirante X, acusado de ter
violentado...
E um correto
Suspeito de violência contra menino é linchado
6 - Se uma empresa, entidade ou órgão não tiver envolvimento comprovado no ato
criminoso, jamais a identifique com a ação que seus encarregados ou funcionários
terem praticado, com generalizações como a gangue do ICP, a quadrilha da Acme,
etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Engajamento - A Folha considera que o engajamento em organizações político-


ideológicas pode prejudicar o desempenho profissional do jornalista, em especial
daquele que cobre a área política. Não se espera, com isso, que o jornalista não
tenha ideologia, opiniões e preferências, mas que tenha sempre em mente que o
envolvimento partidário o torna vulnerável a paixões, parcialidade, falta de espírito
crítico e mesmo ingenuidade.
O jornalista não deve desempenhar sua função ostentando símbolo de partido ou
lobby: isso pode prejudicar seu trabalho e até iludir ou agredir o entrevistado. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Entrevista - A maioria das notícias publicadas no jornal tem entrevistas como


matéria-prima, embora nem sempre pareça assim.
A finalidade de caracterizar um texto jornalístico como entrevista é permitir que o leitor
conheça opiniões, idéias, pensamentos e observações de personagem da notícia ou
de pessoa que tem algo relevante a dizer. Em geral, a Folha adota o estilo indireto ao
publicar entrevistas. Pode-se editar entrevista na forma de pergunta e resposta
(pingue-pongue) quando o entrevistado está em evidência especial ou diz coisas de
importância particular.
O segredo de uma boa entrevista está na elaboração de um bom roteiro. Levante
sempre o máximo de informações sobre o entrevistado e o tema de que ele vai falar.
Com esse material em mãos, reflita sobre o objetivo a que pretende chegar. O melhor
caminho é redigir perguntas tão específicas quanto possível. Perguntas muito
genéricas resultam em entrevistas tediosas.
Observe as seguintes recomendações quando fizer e redigir uma entrevista:
a) Marque-a com antecedência;
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b) Informe o entrevistado sobre o tema e a duração do encontro;


c) Anote e, de preferência, também grave a entrevista, para poder reproduzir com
absoluta fidelidade eventuais declarações curiosas, reveladoras ou bombásticas;
d) Vista-se de modo a não destoar do ambiente em que será feita a entrevista, para
não inibir ou agredir o entrevistado;
e) Faça perguntas breves e diretas, que não contenham resposta implícita;
f) Identifique contradições, mencione pontos de vista opostos e levante objeções sem
agredir o entrevistado;
g) Não deixe de abordar temas considerados "sensíveis" pelo entrevistado. Faça
perguntas diretas e ousadas. Insista quantas vezes achar necessário se o
entrevistado se recusar a responder a alguma pergunta;
h) Registre essa recusa, se for significativa.
O entrevistado tem direito de retificar e acrescentar declarações. Se for relevante, o
jornalista pode registrar as duas versões (original e posterior). Se o entrevistado
solicitar que certos temas não sejam abordados, que as perguntas lhe sejam
apresentadas por escrito e com antecedência ou que o texto final seja submetido a
ele antes da publicação, o jornalista deve consultar a Direção de Redação. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Entrevista 2 - Durante as entrevistas o jornalista tem o direito de perguntar tudo,
inquirir, reinquirir e contrapor informações, fatos e evidências. Mas não deve agredir o
entrevistado. Não pode, sob qualquer justificativa, tentar convencê-lo de seus pontos
de vista. A entrevista não é uma polêmica; é um instrumento através do qual o
jornalista apura idéias, opiniões e informações do personagem da notícia para relatá-
las com fidelidade ao leitor.
O jornalista não deve ter um comportamento passivo na entrevista. Não deve ficar
satisfeito com a recusa do entrevistado em responder a qualquer pergunta e deve
tentar obter com obstinação a informação desejada.
Alguns procedimentos recomendados são:
a) marcar a entrevista com antecedência sempre que for possível.
b) informar o entrevistado com antecedência sobre o tema e a duração do encontro
sempre que for possível;
c) munir-se de um mínimo de informações sobre o entrevistado e o tema da entrevista
através de consulta prévia ao Banco de Dados.
d) levar o material necessário para o registro de entrevista; nunca confiar apenas na
memória;
e) vestir-se de forma que não destoe do ambiente em que será feita a entrevista, para
não inibir nem agredir o entrevistado;
f) manter uma posição de distan-ciamento com relação ao entrevistado, mas ter
sensibilidade profissional para garantir a abertura de um bom canal de comunicação
entre os dois.
O entrevistado tem o direito de retificar e acrescentar declarações. Quando isso
ocorre, o jornalista pode registrar as duas versões (a original e a posterior).
Se o entrevistado solicitar que certos temas não sejam abordados, que as perguntas
lhe sejam apresentadas com antecedência e por escrito, ou que o texto final seja
submetido a ele antes de publicado, deve-se consultar a Secretaria de Redação.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Manual geral de redação.Folha da Manhã, São Paulo,
1984, p. 110).
Entrevista 3 - Na primeira citação, coloque entre parênteses o nome do partido e a
sigla do Estado dos senadores e deputados federais: o senador João dos Santos
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(PSDB-RS), o deputado Francisco de Almeida (PFL-RJ). No caso dos deputados


estaduais de São Paulo e dos vereadores paulistanos, mencione entre parênteses
apenas a sigla do partido. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Entrevista 4 - a) Texto corrido.
A entrevista constitui uma das principais fontes de informação de um jornal e está
presente, direta ou veladamente, na maioria das notícias que ele publica. Ela pode
tanto ser a própria reportagem como apenas parte dela.
Não vem ao caso discutir os tipos de entrevistas que podem aparecer na imprensa.
Convém, no entanto, que você esteja atento para uma série de princípios e preceitos
que poderão ajudá-lo a fazer melhor esse trabalho:
1 - Antes de mais nada, procure saber quanto tempo você terá para a entrevista. Se
forem poucos minutos, vá direto ao assunto e evite introduções desnecessárias.
2 - Informe-se sobre o entrevistado ou sobre o assunto. É o mínimo que você pode
fazer para que suas perguntas sejam pertinentes e objetivas.
3 - Não confie apenas na memória. Faça anotações e, se necessário, use gravador.
Você pode precisar reproduzir literalmente uma frase delicada, contundente agressiva
ou até bombástica, e é bom estar preparado para isso.
4 - Nunca se esqueça de que a opinião que o leitor quer conhecer é a do entrevistado
e não a do repórter
5 - Você pode fazer perguntas dIretas e incisivas ao entrevistado sem que o clima de
cordialidade da conversa seja prejudicado.
6 - Procure evitar atritos com o entrevistado; quem sairá perdendo será sempre o
leitor.
7 - Há entrevistados mais e menos difíceis; com habilidade, porém, salvo rarissimas
exceções, será sempre possível conseguir deles pelo menos as informações e
opiniões essenciais.
8 - Se você julgar que o entrevistado não respondeu satisfatoriamente à pergunta ou
usou de evasivas, insista; caso não haja de novo uma resposta direta à indagação,
registre o fato na reportagem: ele pode significar muito, em certos casos.
9 - Esteja preparado para acompanhar o rumo que a entrevista seguir; embora você
possa ter um roteiro preestabelecido, será muita pretensão esperar que o
entrevistado o cumpra à risca.
10 - Não se deixe conduzir nas coletivas e, se possível, tome a iniciativa; sempre
haverá quem se disponha a fazer perguntas de pouca ou nenhuma importância e
você poderá corrigir o rumo da entrevista.
11 - Espere o entrevistado concluir seu pensamento para lhe fazer uma nova
pergunta; nada é mais irritante, para ele e para o leitor, que uma resposta pela
metade.
12 - A pauta é sempre uma indicação do que você deve cumprir. Ela pode conter
perguntas obrigatórias e você deve fazê-las. A parte restante da entrevista, porém,
depende exclusivamente do repórter.
13 - Evite perguntas óbvias, como indagar da mãe que acaba de ver a morte do filho:
"Como a senhora está se sentindo?" Ou a quem assinou um contrato milionário:
“Você está feliz com o contrato que assinou?”.
14 - Por mais caótica que seja a entrevista, você pode ordená-la no texto final,
agrupando os assuntos em blocos para a melhor compreensão do leitor, em vez de
manter a falta de conexão ou de seqüência do texto.
15 - Faça perguntas curtas e objetivas, que não permitam divagações e verdadeiras
defesas de tese ao entrevistado.
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16 - Procure editar a entrevista, dando-lhe um texto corrido e reservando o estilo


pergunta e resposta apenas aos casos especiais, em que seja útil conhecer a opinião
do entrevistado em detalhes.
17 - Varie o texto, para fugir do cômodo, mas monótono estilo: disse; a seguir;
continuou; prosseguiu; mais adiante; etc.
b) Perguntas e respostas (pingue-pongue).
Siga estas instruções nas entrevistas de perguntas e respostas:
1- O assunto ou o entrevistado deve ser suficientemente importante para que se
justifique o recurso a esse tipo de matéria.
2 - A menos que haja alguma razão especial para mantê-los, elimine do texto os erros
e repetições que as pessoas cometem habitualmente quando falam.
3 - Sempre que possível, entremeie a entrevista com alguns olhos: frases bem
escolhidas, polêmicas ou originais contribuem para que o leitor se sinta atraído pelo
texto.
4 - Em entrevistas muito extensas, convém quebrar o texto com títulos auxiliares, que
ajudam a tornar a página mais agradável e menos pesada graficamente.
5 - Evite estender-se demais nas perguntas e resuma as respostas do entrevistado.
Conserve, no entanto, a essência da opinião dele e suas frases mais expressivas ou
contundentes.
6 - Escolha para a abertura da matéria um corpo maior que o do texto e reproduza,
Se possível entre aspas, algumas das principais afirmações e opiniões do
entrevistado.
7 - As perguntas vão sempre em negrito, com a indicação Estado em caixa alta e
baixa.
8 - Use o corpo normal (claro) para as respostas e mantenha apenas o nome do
entrevistado em negrito. Na primeira resposta, o nome dele deverá aparecer por
extenso; nas demais, na forma simples pela qual for conhecido.
9 - No caso de se tratar de um pingue-pongue entre duas personalidades, o nome da
que faz as perguntas irá por extenso na primeira vez e resumidamente na segunda
(exemplo: Mario Vargas Llosa; depois, Llosa). Adote o mesmo procedimento para a
que responde (como: Eduardo Galeano; depois, Galeano).
10 - Se o Estado reproduzir entrevista de algum jornal ou revista cujos serviços esteja
autorizado a utilizar, substitua simplesmente o nome do jornal pelo da outra
publicação e, com relação à pessoa que fala, adote as normas já expostas.
11 - Deixe uma linha de branco entre cada bloco de perguntas e respostas.
12 - Veja um exemplo de como editar a entrevista de perguntas e respostas:
Estado - As atribuições de reitor deixam tempo para as suas atividades de
pesquisador e professor?
Roberto Leal Lobo e Silva Filho - Infelizmente não estou realizando nenhum
trabalho agora. No semestre que vem contudo, pretendo dar um curso de
graduação. Penso em um curso de tópicos, de umas duas horas por semana.
Estado - O que o senhor pretende com isso?
Lobo - Tenho insistido muito em que pessoas experientes devem dar cursos
de graduação, principalmente nos primeiros anos. Aluno de primeiro ano gosta
muito de fazer perguntas gerais, quer saber de coisas modernas. O professor
mais experiente tem mais condições de atender a esse entusiasmo.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Entrevista 5 - Algumas coisas que se pode fazer para conseguir a entrevista:
Não desista - Em 2006, duas trainees queriam fazer uma reportagem sobre ex-
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kamikazes que vieram morar no Brasil. Conseguiram ligar para cinco deles. Dois se
recusaram a falar logo de cara. Três hesitavam, ora diziam que só falariam se todos
falassem, ora desistiam. Uma semana depois, resolveram que não dariam entrevista.
Apesar da recusa, escrevi uma carta apresentando o programa de treinamento,
explicando qual era o objetivo da reportagem, mandei uma cópia de outros cadernos
que já tínhamos feito. Com isso, dois deles mudaram de idéia. Tempos depois, um
dos kamikazes me disse que, com a carta, conseguiu entender melhor o que
estávamos pedindo para ele.
Rodeie – advogados, conselheiros, amigos, gente da família que o conheça podem
respaldar seu trabalho e reassegurar o entrevistado. Mas Steve Buttry lembra que
não se pode repassar o trabalho para eles e lavar as mãos. Alguns podem só dizer
que vão ajudá-lo, mas não querem se meter em confusão. Tente mais de um
intermediário ao mesmo tempo.
Deixe-o com a iniciativa – se vai tentar chegar ao entrevistado por meio de um
amigo, parente, médico etc., dê a eles seus telefones e peça que entreguem à fonte.
Isso é mais fácil que convencê-los a dar o telefone da fonte.
Compreenda – a fonte pode ter motivos para não confiar em você, principalmente se
não o conhece. Reconheça isso. Marque um encontro num local neutro, apenas para
que ela possa conhecê-lo e, então, decidir.
Não discuta – o entrevistado tem bons motivos para não querer falar com você. Não
discuta, é perda de tempo. Reconheça as razões dele, mas apresente as suas –e
tente convencê-lo de que as suas são melhores.
Não ameace – Andy Alexander, da cadeia Cox, e Reagan Walker, do Atlanta
Constitution, lembram que pessoas relutantes respondem mal à pressão. O melhor é
explicar o que é a matéria e por que é importante ouvi-lo.
Ignore as negativas – Diga “Só esta pergunta, então”, e pergunte. Se ele responder,
faça outra. Siga assim até que não seja mais possível prosseguir.
Mostre interesse – mesmo que precise publicar a reportagem sem uma fonte, mande
para ela a matéria publicada e volte a pedir uma entrevista.
Insista – uma semana depois, um mês depois, um ano depois. Marque na agenda.
Se a entrevista é importante, não desista. Uma hora você consegue.
(Fonte: SOUSA PINTO, Ana Estela de. Blog “Novo em Folha”. Disponível em
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2007-11-25_2007-12-01.html#2007_12-
01_18_53_09-11540919-0 , acessado em novembro/2007).

Entrevista exclusiva - Concedida a um só jornalista ou veículo de comunicação. Se


for grande seu apelo jornalístico, a informação de que se trata de uma entrevista
exclusiva deve constar na abertura do texto na forma entrevista exclusiva e não
entrevista exclusiva à Folha, o que seria redundante.
Não use a expressão entrevista exclusiva quando uma personalidade concede
entrevistas individuais a vários veículos de comunicação em um mesmo dia. Neste
caso, use apenas a expressão em entrevista à Folha. Observe esse critério com rigor,
para evitar a autopromoção sem fundamento. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Entrevista pingue-pongue - Publicada na forma de perguntas e respostas. Exige


texto introdutório contendo a informação de mais impacto, breve perfil do entrevistado
e outras informações, como local, data e duração da entrevista e resumo do tema
abordado. Eventualmente, algumas dessas informações podem ser editadas em texto
à parte.
O trecho com perguntas e respostas deve ser uma transcrição fiel, mas nem sempre
completa, da entrevista. Selecione os melhores trechos. Corrija erros de português ou
problemas da linguagem coloquial quando for imprescindível para a perfeita
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compreensão do que foi dito. Mas não troque palavras ou modifique o estilo da
linguagem do entrevistado. Se relevantes, eventuais erros ou atos falhos do
entrevistado podem ser destacados com a expressão latina sic entre parênteses.
Restrinja o uso desse recurso.
Recomenda-se ainda preservar a ordem original em que as perguntas foram feitas.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Ética - O jornalista deve assumir compromisso apenas com a isenção na cobertura


dos fatos, a liberdade de expressão, o direito de informar e o acesso do leitor a toda
informação ou opinião importante. Deve procurar conhecer todas as versões de um
fato e registrá-las com fidelidade. Ele tem responsabilidade moral pelas informações
que coleta e transmite, as quais devem ser sempre exatas e comprovadas.
O jornalista deve recusar toda vantagem pessoal que possa comprometer seu
desempenho profissional. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Veja também “inside information”.

Factóide – Uma falsa notícia ou uma notícia hiperdimensionada. Segundo o


dicionário Merriam-Webster: Um fato inventado, ao qual se atribui por verdadeiro,
porque um órgão de imprensa o publicou ou a narrativa de um fato banal e fugaz (1:
an invented fact believed to be true because of its appearance in print 2 : a briefly
stated and usually trivial fact)
(Fonte: Dicionário Meriam-Webster. Disponível em http://www.m-
w.com/dictionary/factoid ; acessado em 5/1/2008)

Fato - Entre um fato e uma declaração prefira o primeiro. Descrever um fato com
correção e inteligência exige sensibilidade, informação sobre o assunto e
conhecimento do idioma. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Feature - Gênero jornalístico que vai além do caráter factual e imediato da notícia.
Opõe-se a "hard news", que é o relato objetivo de fatos relevantes para a vida
política, econômica e cotidiana. Um "feature" aprofunda o assunto e busca uma
dimensão mais atemporal. Define-se pela forma, não pelo assunto tratado. Pode ser
um perfil, uma história de interesse humano, uma entrevista. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Flagrante delito - Situação que permite a prisão, independentemente de ordem


judicial, do autor de um delito. A lei considera em flagrante delito quem está
cometendo a infração penal, quem acaba de cometê-la, quem é perseguido logo após
a sua prática e quem for encontrado, logo após, com arma ou objetos que façam
presumir ser ele o autor. Qualquer pessoa pode prender alguém em flagrante delito e
apresentá-lo à autoridade. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Flash - Em inglês, lampejo, clarão. Na Folha, designa comunicado urgente contendo


notícia importante distribuído aos setores da Empresa Folha da Manhã S/A que dele
possam precisar.
Qualquer informação que o jornalista considerar importante deve ser comunicada a
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seu superior, ainda que não diga respeito direto à sua área de atuação. A Secretaria
de Redação se encarrega de redigir e distribuir os flashes. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Fonte – Nunca se esqueça de que o jornalista funciona como intermediário entre o


fato ou fonte de informação e o leitor. Você não deve limitar-se a transpor para o
papel as declarações do entrevistado, por exemplo; faça-o de modo que qualquer
leitor possa apreender o significado das declarações. Se a fonte fala em demanda,
você pode usar procura, sem nenhum prejuízo. Da mesma forma traduza patamar por
nível, posicionamento por posição, agilizar por dinamizar, conscientização por
convencimento, se for o caso, e assim por diante. Abandone a cômoda prática de
apenas transcrever: você vai ver que o seu texto passará a ter o mínimo
indispensável de aspas e qualquer entrevista, por mais complicada, sempre tenderá a
despertar maior interesse no leitor.
Sempre que possível, mencione no texto a fonte da informação. Ela poderá ser
omitida se gozar de absoluta confiança do repórter e, por alguma razão, convier que
não apareça no noticiário. Recomenda-se, no entanto, que o leitor tenha alguma idéia
da procedência da informação, com indicações como: Fontes do Palácio do Planalto...
/ Fontes do Congresso... / Pelo menos dois ministros garantiram ontem que..., etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Fonte 2– As informações devem ter fontes claramente identificáveis. Admite-se, em
casos especiais e sob consulta da direção de conteúdo, o uso de informação off the
record. Neste caso, a notícia precisa ser confirmada por outras fontes. No caso de
publicação de informações off the record, a direção pode, eventualmente, querer
saber a identidade da fonte.
O jornalista do Último Segundo, no exercício da profissão, não tem amigo ou inimigo:
tem fontes. Ele deve ficar próximo de uma fonte o suficiente para poder telefonar à
sua casa, fora da hora do trabalho, se precisar confirmar uma informação. Não pode
ficar tão íntimo até o ponto de ficar constrangido se tiver que publicar uma notícia que
seja correta e do interesse do leitor, mas que desagrade à fonte.
O jornalista do Último Segundo não combina com a fonte o conteúdo do texto que vai
escrever; não lhe mostra o texto, total ou parcialmente, antes de ser publicado; não
lhe conta o que outras fontes declararam.
O jornalista do Último Segundo não pode reter informação relevante que tenha
chegado ao seu conhecimento no exercício da profissão. Se houver algum
impedimento legítimo que desautorize a sua divulgação, a informação e o
impedimento devem ser comunicados à direção da empresa.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)

Fonte (classificação) - Hierarquizar as fontes de informação é fundamental na


atividade jornalística. Cabe ao profissional, apoiado em critérios de bom senso,
determinar o grau de confiabilidade de suas fontes e que uso fazer das informações
que lhe passam. A Folha distingue quatro tipos de fontes. As informações obtidas de
cada uma delas exigem procedimentos diferentes antes da preparação do texto final.
São elas:
a) Fonte tipo zero - Escrita e com tradição de exatidão, ou gravada sem deixar
margem a dúvida: enciclopédias renomadas, documentos emitidos por instituição com
credibilidade, videoteipes. Em geral, a fonte de tipo zero prescinde de cruzamento.
Para não repetir erros já publicados, evite ter um periódico do tipo jornal ou revista
como única fonte para uma informação.
b) Fonte tipo um - É a mais confiável nos casos em que a fonte é uma pessoa. A
fonte de tipo um tem histórico de confiabilidade -as informações que passa sempre se
mostram corretas. Fala com conhecimento de causa, está muito próxima do fato que
relata e não tem interesses imediatos na sua divulgação. Embora o cruzamento de
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informação seja sempre recomendável, a Folha admite que informações vindas de


uma fonte tipo um sejam publicadas sem checagem com outra fonte.
c) Fonte tipo dois - Tem todos os atributos da fonte tipo um, menos o histórico de
confiabilidade. Toda informação de fonte dois deve ser cruzada com pelo menos mais
uma fonte (do tipo um ou dois), antes de publicada.
d) Fonte tipo três - A de menor confiabilidade. É bem-informada, mas tem interesses
(políticos, econômicos etc.) que tornam suas informações nitidamente menos
confiáveis. Na Folha, há dois caminhos para a informação de fonte tipo três: funcionar
como simples ponto de partida para o trabalho jornalístico ou, na impossibilidade de
cruzamento com outras fontes, ser publicada em coluna de bastidores, com a
indicação explícita de que ainda se trata de rumor, informação não-confirmada.
A classificação de uma fonte varia com as circunstâncias políticas, o relacionamento
pessoal da fonte com o jornalista, a atitude dela em relação ao veículo que o
profissional representa. Tenha em mente que a hierarquização de fontes não é uma
camisa-de-força. A fonte um não é um oráculo indesmentível e a fonte três pode
trazer informações valiosas para o leitor. Mesmo uma boa fonte zero pode conter erro
de informação: a edição de 1989 da "Enciclopédia Britânica" cita o escritor argentino
Adolfo Bioy Casares como brasileiro. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Fotografia - Recurso essencial do jornalismo contemporâneo. Uma boa foto pode ser
mais expressiva e memorável que uma excelente reportagem. No jornalismo, o valor
informativo é mais importante que a qualidade técnica de uma foto. São qualidades
essenciais do fotojornalismo o ineditismo, o impacto, a originalidade e a plasticidade.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Furo - Informação importante e correta que apenas um veículo de comunicação


divulga. No jargão jornalístico usam-se as expressões: dar um furo, furar e, no sentido
inverso, levar/tomar um furo, ser furado. A busca do furo não dispensa o cuidado com
a qualidade e quantidade das informações publicadas cotidianamente.
A Folha não deixa de publicar informação que outro jornal, revista, emissora de rádio
ou TV já tenha noticiado com exclusividade. A Folha cita nominalmente o veículo de
comunicação que tenha dado um furo importante. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Furo 2 – Numa adaptação do manual do Financial Times para o serviço on line pode-
se dizer que os furos viram manchetes, mas também significam aquelas notas curtas,
únicas, que a maior parte do leitorado ignora mas que são uma questão de vida ou
morte para um determinado setor da comunidade, empresarial ou político. Veja como
o Financial Times define o furo na sua área:
Conseguir encontrar uma informação relevante em meio a um relatório do FMI.
Saber quem ganhou determinada concorrência, como a conseguiu e possivelmente a
quem tiveram de comprar para ganhá-la.
É conseguir uma entrevista com o presidente do Banco Central.
É descer a uma mina de ouro e descobrir que não foi embarcado um único quilo do
metal nos últimos meses.
É saber, do agente de uma trade company, que o porto está à beira do colapso
porque simplesmente não consegue operar todo o fluxo de contêineres
O furo é uma idéia e você só terá uma boa reportagem se for lá. Ninguém vai
conseguir uma boa reportagem ficando na redação e lendo os jornais.
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O Último Segundo republica e destaca notícias de relevância jornalística divulgadas


por outros veículos, concorrentes ou não.
As reproduções devem conter obrigatoriamente o crédito para a publicação ou nome
do jornalista que divulgou o fato. Exemplos: uma entrevista do presidente do Banco
Central dada ao Bom Dia Brasil; reportagem de capa de uma revista semanal que
provoque mudanças no mercado; notícias do clipping da Agência Brasil. Cabe à
redação do Último Segundo avaliar a necessidade ou não de dar o link para fonte
externa.
Nestes casos, o título da notícia deve ser precedido da expressão Sinopse de
imprensa seguida de dois pontos ou seguir o padrão: Papa João Paulo 2º sofre
atentado, diz CNN. Em ambos os casos, após o ponto final do lead, vem a frase que
indica a fonte, como no exemplo: As informações são da rede de TV americana CNN.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)

Gancho - É fundamental que as pautas e reportagens na Folha tenham alguma razão


que lhes dê atualidade e interesse geral para justificar sua publicação, isto é, um
gancho. Os repórteres devem procurar o gancho de suas histórias e, se possível,
explicitá-los para o leitor.
O anúncio de que o jogador de basquete norte-americano Earvin "Magic" Johnson é
portador do vírus da Aids é um gancho para publicação de reportagens sobre a
síndrome. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Gravador - É conveniente usar gravador em qualquer entrevista, ainda que a


gravação não venha a ser usada. O jornalista que usa gravador fica ao abrigo de
desmentidos. A gravação permite citação textual exata, mas microfone e aparelho de
gravação podem intimidar o entrevistado.
O uso do gravador não dispensa as anotações. Convém anotar palavras que
identifiquem passagens importantes e o número que corresponde a cada uma delas
no marcador do aparelho, para facilitar a consulta. Não esqueça de testar o gravador
e zerar o marcador no começo da entrevista.
O jornalista deve decidir com seu superior por quanto tempo a gravação deve ser
conservada. A gravação sem o conhecimento do entrevistado depende de consulta
prévia à Direção de Redação. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Greve - A notícia sobre greve, paralisação, conflito ou negociação trabalhista deve


garantir tratamento igual às partes envolvidas. Ouça diretorias de sindicatos de
trabalhadores e patronal, oposição sindical (se houver), autoridades e empresas
atingidas. Essas fontes devem indicar o número aproximado de pes-soas em greve e
comentar o movimento e as negociações. O jornal deve publicar:
a) Box com os números do desempenho do setor econômico afetado pela greve;
b) Números do desempenho da empresa afetada, se a greve ocorrer numa só
empresa e seu porte justificar matéria;
c) Vínculos político-partidários dos sindicalistas ou associações que lideram o
movimento;
d) Filiação a central sindical.
Ao noticiar início ou fim de uma greve importante, a Folha publica em arte:
a) Os salários dos trabalhadores no momento;
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b) Reivindicações;
c) Propostas dos empregadores;
d) Inflação acumulada desde o mês do último dissídio;
e) Acordo obtido (quando houver);
f) Número de trabalhadores da categoria profissional em questão;
g) Número de participantes da assembléia que decidiu a greve (e porcentagem do
total da categoria que esse número representa);
h) Número de votos que a proposta de greve recebeu e de votos das outras propostas
submetidas à assembléia. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Habeas corpus - Em latim, que tenhas o teu corpo. Garantia individual estabelecida
na Constituição para quem sofrer ou estiver ameaçado de sofrer, por ilegalidade ou
abuso de poder, restrição em sua liberdade de locomoção. Concede-se habeas
corpus, por exemplo, em caso de prisão ilegal e ação penal instaurada sem justa
causa. Qualquer um pode impetrar habeas corpus em favor de alguém,
independentemente de presença de advogado. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Habeas data - Garantia constitucional que assegura à pessoa o acesso a banco de


dados e a retificação de informações registradas a seu respeito por entidades
governamentais ou de caráter público. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual
de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Hard news - Em inglês, tem o sentido de notícia importante. Designa o relato objetivo
de fatos e acontecimentos relevantes para a vida política, econômica e cotidiana.
Opõe-se a "soft news" e "feature", textos mais leves e saborosos que não precisam
ter relação imediata com a descrição de um acontecimento (por exemplo, um perfil).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Hipótese - Toda pauta parte de uma hipótese, ou seja, de uma suposição inicial que
vai ser corroborada ou não pela reportagem. Procure cristalizá-la na forma de uma
sentença, que, se confirmada, pode depois se tornar o título da matéria. Refletir sobre
hipóteses ajuda a organizar melhor o trabalho de reportagem.
Um exemplo: na preparação da cobertura de uma greve geral, repórteres e editores
discutem se é mais provável que ela fracasse ou que tenha sucesso; ou, ainda, se a
iniciativa das centrais sindicais visa unicamente a conquistar benefícios para os
trabalhadores ou a atingir objetivos político-partidários. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Idade - A Folha sempre informa a idade de personagens ativos ou preponderantes da


notícia, por exemplo, aqueles dos quais se reproduzem declarações textuais. Escreva
sempre com algarismos: Maria Campos, 4.
Pág. 28- 169 páginas

Quando a pessoa não quiser informar a idade ou pedir que ela seja omitida, respeite.
Não é necessário dizer no texto que ela se recusou a dizer a idade, embora em
alguns casos isso possa se tornar relevante para a notícia. Os repórteres sempre
devem perguntar a idade das pessoas entrevistadas, mesmo que, à primeira vista,
trate-se de personagem secundário.
Se o personagem aparecer em mais de um texto na mesma página, a idade deve
constar apenas em um deles, de preferência no primeiro. Também não é necessário
que a idade e outras informações de referência (localização, hora) apareçam logo no
lide, congestionando-o. A prioridade é a notícia, o fato. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Identificação de foto - É responsabilidade do repórter fotográfico elaborar legenda


informando data, local, horário e contexto de cada foto de sua autoria, assim como
identificar os personagens que nela aparecem. Veja repórter fotográfico. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Identificação de texto - Todo texto produzido, revisado ou editado em terminal de


computador da Folha deve conter a identificação da pessoa responsável pela tarefa.
Ela é feita com a inclusão de um código-rubrica de quatro letras no campo apropriado
da tela. Cada jornalista da Folha tem um código próprio, diferente de todos os outros.
A atualização da lista oficial de códigos é feita pela Secretaria Administrativa. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Infografias - Charges, mapas, gráficos, desenhos, tabelas e quadros são recursos de


que os editores devem lançar mão regularmente como forma de tornar as páginas
mais atraentes. Eis alguns dos casos principais:
1 - Pesquisas de opinião, levantamentos, evolução de indicadores e demais textos
baseados em números devem, obrigatoriamente, ser acompanhados de gráficos,
tabelas e quadros que permitam ao leitor compreender com maior facilidade a
situação apresentada.
2 - Toda noticia curiosa exige, para complementá-la, uma ilustração ou charge que
desperte atenção para um fato que poderia passar despercebido no noticiário.
3 - Reportagens extensas sobre seqüestros, assaltos, crimes espetaculares e outras
do gênero justificam a publicação de três ou mais ilustrações, na forma de seqüência
(cineminha), que mostrem os lances principais do acontecimento. Independentemente
das fotos que o jornal esteja apresentando sobre o assunto.
4 - Você não precisa publicar sempre fotos de personalidades, mas pode substituí-
Ias, muitas vezes, por desenhos, desde que expressivos e fiéis à figura retratada.
5 - Não deixe de representar, por meio de mapas, a localização de cidades ou regiões
menos conhecidas (em notícias sobre combates, quedas de aviões, acidentes de
qualquer tipo, desaparecimento de expedições e outras), mudanças de trânsito, áreas
contestadas ou conflagradas, locais onde faltará luz ou água, etc.
6 - Se você é repórter e vai falar com especialistas, não deixe de pensar na
possibilidade de o seu texto ser valorizado por gráficos, desenhos, etc. Por isso,
procure sempre conseguir croquis, esquemas e outros tipos de ilustrações com os
entrevistados.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Informação sigilosa - O dever de manter sigilo sobre informação é do responsável


por ela. O dever do jornalista é apurar e divulgar qualquer informação que seja do
Pág. 29- 169 páginas

interesse do leitor, sigilosa ou não. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de


redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Inquérito policial - Investigação preliminar desenvolvida pela polícia para apurar a


prática de qualquer crime. Depois de encerrado, é encaminhado à Justiça, onde pode
servir de base para uma denúncia. Um inquérito só pode ser arquivado pela
autoridade judiciária a pedido do Ministério Público. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Inside information - Significa informação de dentro. É inadmissível que o jornalista


recorra a informação sigilosa a que tenha acesso para auferir vantagens pessoais.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Veja também “ética”.

Investigação jornalística - Tudo o que possa ser notícia merece ser investigado. Em
maior ou menor grau, toda reportagem implica trabalho de investigação. Em vez de
simplesmente colecionar declarações, o repórter deve usar todos os recursos a seu
alcance para revelar aspectos pouco conhecidos do assunto em pauta. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Jabaculê - Jargão usado para designar presente dado a jornalista em resultado de


sua condição profissional (o termo é na origem uma gíria brasileira para gorjeta,
dinheiro). A decisão de aceitar cabe a cada jornalista. A Folha recomenda recusar,
exceto quando desprovido de valor material ou quando for de utilidade para o trabalho
jornalístico. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Jabaculê 2 - Os jornalistas do Último Segundo não aceitam brindes ou presentes de
valor acima do recomendado pelo bom senso. Exemplo: uma caneta esferográfica Bic
é aceitável, uma Montblanc, não. Uma garrafa de vinho comum sim; uma caixa de
uísque, não. Eletrodomésticos, perfumes caros, roupas, viagens, rifas, estes
presentes não devem ser aceitos; se recebidos devem ser devolvidos. Como regra,
qualquer presente ou brinde cuja devolução represente um sacrifício, deve ser
devolvido. Aceitam-se brindes de valor simbólico. De maneira objetiva, qualquer
presente de valor superior a R$ 200,00 deve ser encaminhado à área competente
para doação, conforme o procedimento “Presentes e brindes” constante no código de
ética da Brasil Telecom.
Os jornalistas não devem aceitar descontos de fontes na compra de bens, como
eletrodomésticos, automóveis ou imóveis, por exemplo.
Nem podem receber veículos para testes.
Todos os convites externos devem ser feitos à empresa, nunca a um jornalista em
caráter individual. Se este receber um convite, deve encaminhá-lo à direção. A
decisão final sobre a sua aceitação e, em caso positivo, a designação do jornalista
que representará o Último Segundo, caberá à direção da empresa.
O Último Segundo não aceita viagens de empresas para seus jornalistas. As únicas
exceções, a critério da direção da empresa, são casos muitos especiais nos quais
haja grande interesse jornalístico e o local seja inacessível sem convite. Exemplo:
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visita a uma plataforma de petróleo em alto mar.


O Último Segundo, a critério da direção da empresa, pode aceitar eventualmente
convite para uma viagem, feito por um governo ou por uma entidade internacional, se
for de interesse jornalístico. Exemplo: participação de um seminário fechado da
Unesco.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)

Jornalismo analítico/opinativo - Os fatos contemporâneos cada vez mais exigem a


análise do noticiário. A análise dá ao leitor a oportunidade de se aprofundar nos
eventos, questões ou tendências. A análise do noticiário não deve ser confundida
com a opinião ou o comentário, que devem estar circunscritos às colunas e aos
artigos. A opinião é subjetiva e arbitrária e não precisa necessariamente comprovar o
seu ponto de vista. Já a análise procura explicar o noticiário da maneira mais objetiva
possível e envolve uma série de procedimentos:
a) O jornalista só deve tentar escrever uma análise depois de checar se dispõe de
informações suficientes para sustentar suas conclusões;
b) Deve pesquisar a bibliografia ou os arquivos sobre o assunto;
c) Deve entrevistar os envolvidos;
d) Deve contextualizar o assunto;
e) Deve escrever um texto curto e de preferência com uma única linha de raciocínio;
f) Deve expor sua linha de análise logo nos primeiros parágrafos;
g) Deve expor seus argumentos em um crescendo, para tirar proveito da tensão
criada pelo texto e facilitar a conclusão para o leitor;
h) Deve trabalhar com rigor técnico para que suas conclusões sejam consequências
necessárias dos fatos que descreveu;
i) Deve cruzar as suas observações com dois ou mais especialistas no assunto, de
preferência com posições divergentes;
j) Deve sempre utilizar números e estatísticas para dar mais credibilidade e
objetividade às observações;
l) Deve ressaltar contradições e, para tornar seus argumentos mais claros, utilizar
analogias;
m) Para que o texto de análise não fique desinteressante, deve recorrer a
declarações inteligentes, famosas ou engraçadas sobre o assunto, além de
mencionar casos históricos ou relevantes que guardem semelhanças com o tema
abordado;
n) Deve, para que a análise tenha êxito, chegar a uma conclusão original.
As análises na Folha aparecem assinadas e em grifo. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Jornalismo crítico - Princípio editorial da Folha. O jornal não existe para adoçar a
realidade, mas para mostrá-la de um ponto de vista crítico. Mesmo sem opinar,
sempre é possível noticiar de forma crítica. Compare fatos, estabeleça analogias,
identifique atitudes contraditórias e veicule diferentes versões sobre o mesmo
acontecimento.
A Folha pretende exercer um jornalismo crítico em relação a todos os partidos
políticos, governos, grupos, tendências ideológicas e acontecimentos. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
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Jornalismo de serviço - Explora temas que tenham utilidade concreta e imediata


para a vida do leitor. O jornalismo de serviço torna o jornal um artigo de primeira
necessidade e garante seu lugar no mercado. O jornalista da Folha deve ter como
referência as necessidades diárias do leitor, tanto na elaboração das pautas quanto
na redação das reportagens. Deve buscar exemplos no seu cotidiano. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Jornalismo especializado - A função do jornal impresso mudou com o crescimento


dos meios eletrônicos de comunicação (rádio, TV). O leitor busca no jornal impresso
abordagens mais profundas e informações mais sofisticadas, o que requer do
jornalista domínio cada vez maior dos assuntos sobre os quais escreve. Só assim o
jornalista pode tornar a informação técnica acessível ao leitor comum. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Jornalismo moderno - Princípio editorial da Folha. Entende-se por moderno a


introdução na discussão pública de temas que não tinham ingressado nela, de novos
enfoques, novas preocupações, novas tendências. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Lapso - Se o entrevistado comete um lapso significativo, o jornalista pode registrá-lo


no texto. Isso pode ajudar o leitor a entender melhor a notícia ou a personalidade do
entrevistado. Um ato falho pode ser mais revelador que uma declaração pensada. Se
o entrevistado pedir retificação de um lapso revelador, esse pedido pode ser
registrado. Lapsos inexpressivos não merecem divulgação. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Legalidade/legitimidade - Tudo o que está disposto na legislação em vigor é legal.


Cada um tem o direito de considerar ilegítima, ainda que legal, uma legislação que
não tenha sido produzida de acordo com procedimentos que essa pessoa considere
aceitáveis
Na Folha, o jornal ou o jornalista pode atacar uma lei, afirmando que ela é ilegítima.
Mas a Folha não publica texto que incite ao não-cumprimento de lei, legítima ou não.
Só poderá fazê-lo, em condições excepcionais, se a Direção de Redação declarar o
jornal em estado de desobediência civil. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual
de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Leitor - Leitor primário é aquele que compra o jornal. Leitor secundário é aquele que
tem acesso ao jornal, embora não tenha o hábito de comprá-lo.
A Folha procura manter relação transparente com seus leitores. Isso se expressa na
instituição do ombudsman, no reconhecimento de seus erros e omissões e na
disposição para corrigi-los. Expressa-se também na divulgação de seus documentos
internos, como este manual.
Faz parte da filosofia editorial da Folha poupar trabalho a seu leitor. Quanto mais
trabalho tiver o jornalista para elaborar as reportagens, menor trabalho terá o leitor
para entender o que o jornalista pretende comunicar. O jornal deve relatar todas as
hipóteses sobre um fato em vez de esperar que o leitor as imagine. Deve publicar
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cronologias, biografias e mapas em vez de supor que o leitor vá recordar ou


pesquisar por conta própria. Deve explicar cada aspecto da notícia em vez de julgar
que o leitor já esteja familiarizado com eles. Deve organizar os temas de modo a que
o leitor não tenha dificuldade de encontrá-los ou lê-los.
Em seu texto, a Constituição brasileira garante o acesso de todos à informação.
Garante também a liberdade de imprensa, independente de censura, e a livre
expressão do pensamento. Os abusos são puníveis por lei.
A Folha não reconhece legitimidade em nenhuma restrição, legal ou ilegal, que se
faça à liberdade de imprensa. Mas reconhece como legítima a possibilidade de
reparação, determinada em juízo, por calúnia, difamação ou injúria, exceto quando
veiculada no exercício do dever de informar. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Lide (apuração e edição) - Palavra aportuguesada do inglês "lead", conduzir, liderar.


O jornalismo usa o termo para resumir a função do primeiro parágrafo: introduzir o
leitor no texto e prender sua atenção.
Há dois tipos básicos de lide: o noticioso, que responde às questões principais em
torno de um fato (o quê, quem, quando, como, onde, por quê), e o não-factual, que
lança mão de outros recursos para chamar a atenção do leitor.
O caráter condutor do lide se aplica para quem lê e para quem escreve. Se ao
produzir um texto você não avança, fica preso nos primeiros parágrafos, é muito
provável que o problema esteja no lide -ele o conduziu a um caminho errado de
estrutura de texto. Você não consegue mais escrever. O leitor, possivelmente, não
conseguirá mais ler. Nesses casos, o melhor é refazer o lide.
Elabore seu lide de modo que um título atraente e informativo seja feito a partir dele
com naturalidade. Não deixe para quem vai titular o texto (pode até ser você mesmo)
a tarefa de decifrar o raciocínio do autor e juntar informações dispersas.
Na Folha, o lide noticioso deve:
a) Sintetizar a notícia de modo tão eficaz que o leitor se sinta informado só com a
leitura do primeiro parágrafo do texto;
b) Ser tão conciso quanto possível. Procure não ultrapassar cinco linhas de 70 toques
(lauda) ou de 80 toques (terminal de computador da Folha);
c) Ser redigido de preferência na ordem direta (sujeito, verbo e predicado).
Atenção agora para o que você deve evitar no lide:
a) Esconder o fato principal em meio a informações como localização geográfica,
horário, ambientação e idade -todas elas recomendadas neste manual, o que não
quer dizer que todas devam ser fornecidas de uma só vez;
b) Usar, sem explicar, nome, palavra ou expressão pouco familiar à média dos
leitores;
c) Começar com advérbio ou gerúndio;
d) Começar com declaração entre aspas, fórmula desgastada pelo uso
indiscriminado. Reserve-a para casos de declarações de impacto: "Não acredito no
livre mercado", disse o empresário.
Para o segundo tipo de lide, o não-factual, não existe receita. É fácil fazer um lide
burocrático. Mas conquistar a atenção do leitor e ao mesmo tempo informá-lo é um
desafio.
Exemplo de bom lide: O presidente eleito Tancredo Neves morreu ontem, dia de
Tiradentes, às 22h23, no Instituto do Coração em São Paulo. O comunicado oficial foi
feito pelo porta-voz da Presidência, Antônio Britto, às 22h29. A morte de Tancredo
ocorreu 38 dias após sua internação no Hospital de Base de Brasília, na véspera da
posse. Nesse período, Tancredo foi submetido a sete intervenções cirúrgicas, as
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cinco últimas em São Paulo, para onde havia sido transferido no dia 26 de março.
Tancredo Neves tinha 75 anos. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Lide 2 – Tenha sempre presente: o espaço hoje é precioso; o tempo do leitor,
também. Despreze as longas descrições e relate o fato no menor número possível de
palavras. E proceda da mesma forma com elas: por que opor veto a em vez de vetar,
apenas?
Procure dispor as informações em ordem decrescente de importância (princípio da
pirâmide invertida), para que, no caso de qualquer necessidade de corte no texto, os
últimos parágrafos possam ser suprimidos, de preferência.
Encadeie o lead (nota do professor: o manual do estadão grafa “lead”, mas
vamos usar em classe “lide) de maneira suave e harmoniosa com os parágrafos
seguintes e faça o mesmo com estes entre si. Nada pior do que um texto em que os
parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem
nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil de acompanhar, como faz a atenção
do leitor se dispersar no meio da notícia.
Por encadeamento de parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios
lingüísticos, como por outro lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não obstante e
outros do gênero. Busque formas menos batidas ou simplesmente as dispense: se a
seqüência do texto estiver correta, esses recursos se tornarão absolutamente
desnecessários. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo;
O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Lide 3 - O Último Segundo adota a desburocratização, ou descongelamento, do lead
proposto pelo americano Rick Zahler. Ele combate o fato de o jornalista pegar
eventos dinâmicos e congelá-los. No jornalismo, em geral, a seqüência do tempo
simplesmente vira “ontem” ou “hoje”. Lugares são apenas a origem da informação,
com data. A idéia é pôr as coisas em movimento. A saber:
O Quem se converte em personagem.
O Que é a história.
O Onde é o cenário da ação.
O Por Que se torna motivação ou causa.
O Como se converte em narrativa, ou a forma como todos os elementos se encaixam.
Neste sentido o lead fica assim:
O Quem é o personagem.
O Que é a história.
O Onde é o lugar da ação.
O Como e o Por Que são o desenrolar da ação.
Pode-se, então, misturar informação e narrativa. As notícias deixam de ser somente
dados e ganham significados. Isso exige maior esforço de reportagem e maior
curiosidade por parte do jornalista.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)
Lide 4 - Ocupar o primeiro parágrafo das notícias com:
a) um resumo conciso das principais e mais recentes informações do texto,
esclarecendo o maior numero das seguintes perguntas relativas ao acontecimento:
quê?, quem?, onde?, como?, e por que?;
ou:
b) um aspecto mais sugestivo e suscetível de interessar o leitor no acontecimento.
Só compor de modo diverso o primeiro parágrafo em casos de matérias muito
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peculiares em que o elemento pitoresco, sentimental ou de surpresa o exija.


Ordenar o desenvolvimento do resto da notícia pela hierarquia da importância e
atualidade dos pormenores. (Fonte: Manual de redação do Diário Carioca. 1950 circa)
Veja também lide (redação)

Lobby - Grupo de pressão formado para influenciar pessoas com poder de decisão e
de convencimento, como congressistas e jornalistas. A função é institucionalizada nos
Estados Unidos. No Brasil, não está regulamentada. Em muitos casos, pouco se
diferencia do simples aliciamento. O jornalista deve dispensar ao lobista a mesma
atenção cautelosa que dispensa ao assessor de imprensa, relações-públicas e
divulgador. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Localização (apuração e edição) –


Notícias sobre lojas, empresas ou firmas poderão divulgar o seu endereço comercial
sempre que este for necessário para complementar o serviço que se presta ao leitor.
Tome cuidado, apenas, para que a informação não dê idéia de matéria paga ou
promocional.
Sempre que fizer menção a um prédio (escola, hospital, quartel, sede de empresa ou
entidade) ou local específico de São Paulo, indique a rua onde se situa: O presidente
da República visitará amanhã o Hospital X, na Rua Y, nº tal. I A reunião realizou-se
na sede da empresa X, na Rua Y, nº tal. Caso o local seja muito conhecido, dispensa-
se esse tipo de indicação (Hospital das Clínicas, Palácio dos Bandeirantes e outros).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Localização (apuração e edição) 2 – A localização de certos locais de crimes,
porém, devem ser omitida na maioria dos casos com vistas a preservar a vítima e,
eventualmente, o acusado (se for menor de idade ou suspeito). (Fonte: Professor
Artur Araujo).
Veja também Localização (redação).

Mandato do leitor - Nas sociedades de mercado, cada leitor delega ao jornal que
assina ou adquire nas bancas a tarefa de investigar os fatos, recolher material
jornalístico, editá-lo e publicá-lo. Se o jornal não corresponde a suas exigências, o
leitor suspende esse mandato, rompendo o contrato de assinatura ou interrompendo
a aquisição habitual nas bancas. A força de um jornal repousa na solidez e na
quantidade de mandatos que lhe são delegados. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Memória - 1 - Fatos importantes deverão ser sempre evocados pelo jornal por
ocasião do aniversário deles, desde que se trate de datas redondas, como, em geral,
1, 5, 10, 25, 50, 75, 100, 150, 200, 250, 300, 400 ou 500 anos. Valem para esse
registro ocorrências policiais que marcaram época, nascimento e morte de alguém,
lançamento de um movimento artístico, político ou econômico, edição de livro
histórico, etc. Quando se tratar de acontecimentos relativamente recentes, nunca
deixe de mencionar onde está ou o que faz hoje cada uma das pessoas envolvidas no
noticiário da época. A dimensão da matéria ficará na dependência direta da
importância do evento que se pretenda recordar.
2 - Nem sempre, porém, apenas essas datas justificam matérias. Por exemplo, é
sempre conveniente dar um balanço do primeiro semestre ou ano de um governo
(municipal, estadual ou federal), de um programa oficial (Plano Verão), de uma
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ausência muito sentida (um ano sem Drummond). Em outros casos, datas como 15,
35, 40, 60 ou 80 anos podem ser excelente pretexto para se reviver fato
aparentemente esquecido ou personagem de que se fale pouco ultimamente (revolta
de Aragarças ou Jacareacanga, aniversário da morte de escritores como Otávio de
Faria, 70 anos da Semana de Arte Moderna, 35 anos da 1ª Bienal de São Paulo,
etc.).
3 - Mesmo que, aparentemente, não exista nada de novo a respeito, nunca deixe cair
no esquecimento fatos que tenham sido objeto de intenso noticiário jornalístico meses
ou anos antes, sem, no entanto, se poderem considerar encerrados. Fugas
espetaculares (onde anda quem fugiu?), irregularidades denunciadas e não apuradas
de forma definitiva ou conclusiva, crimes ainda não esclarecidos (afinal, onde estão
os suspeitos, os mandantes, os cúmplices?), obras interrompidas ou muito lentas
(usinas de Angra, Ferrovia do Aço, rede de silos, etc.). O necessário, apenas, é que
se procure um ângulo novo ou menos explorado para justificar a volta ao assunto.
Muitas vezes, no entanto, a própria omissão e desleixo dos responsáveis será razão
suficiente para tanto.
4 - Nunca deixe de consultar o levantamento preparado pelo Arquivo do Estado com a
relação das principais efemérides do mês. Nele você encontrará sempre assuntos
que merecem ser relembrados.
Veja também “pesquisa”, “pauta”, “notícia” e “notícia (importância).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Modismos - Procure banir do texto os modismos e os lugares-comuns. Você sempre


pode encontrar uma forma elegante e criativa de dizer a mesma coisa sem incorrer
nas fórmulas desgastadas pelo uso excessivo. Veja algumas: a nível de, deixar a
desejar, chegar a um denominador comum, transparência, instigante, pano de fundo,
estourar como uma bomba, encerrar com chave de ouro, segredo guardado a sete
chaves, dar o último adeus. Acrescente as que puder a esta lista. (Fonte: MARTINS,
Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Morte - Sem fazer estardalhaço ou sensacionalismo, diga efetivamente de que uma


pessoa morreu. Não há motivo para preconceito e o leitor merece a informação
correta, seja a morte decorrente de suicídio, seja de doenças como a Aids, o câncer,
a leucemia ou outras. As circunstâncias da morte também deverão sempre ser
devidamente esclarecidas. Poupe o leitor, porém, de detalhes escabrosos, que pouco
ou nada acrescentem ao noticiário, no caso de crimes violentos. Particularidades da
vida íntima da pessoa - era homossexual, era traído pela mulher ou pelo marido, por
exemplo - somente deverão figurar na reportagem se estiverem diretamente
relacionados com a causa ou as circunstâncias da morte.
(Nota do professor: vamos ser mais cautelosos que a recomendação do
manual. Vamos evitar notícias de suicídio e, em alguns casos de mortes
estigmatizadas, como a aids ou overdose, vamos também omitir o dado, ok?)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Nariz-de-cera - Parágrafo introdutório que retarda a entrada no assunto específico do


texto. É sinal de prolixidade incompatível com jornalismo. Na Folha, evite em qualquer
tipo de texto e nunca deixe passar em texto noticioso. Um exemplo:
A astronomia já viveu grandes revoluções em sua história. Das esferas de
cristal, que sustentavam os astros em seus postos fixos, à revolução de
Nicolau Copérnico (1473-1543) e às elipses de Johannes Kepler (1571-1630),
muitos séculos de observação foram necessários para mudar a imagem do
céu. O século 20 não poderia fugir à regra.
Pág. 36- 169 páginas

Uma descoberta anunciada na semana passada pela revista britânica "Nature"


confirma o padrão. Astrônomos do Observatório Austral Europeu (ESO, na
sigla em inglês) detectaram o primeiro planeta fora do Sistema Solar.
Poucos leitores ultrapassariam o obstáculo para chegar ao segundo parágrafo, que
abriga a notícia propriamente dita. Se você não pensa assim, tente extrair um bom
título exclusivamente das informações do primeiro parágrafo. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Notícia - Puro registro dos fatos, sem opinião. A exatidão é o elemento-chave da


notícia, mas vários fatos descritos com exatidão podem ser justapostos de maneira
tendenciosa. Suprimir ou inserir uma informação no texto pode alterar o significado da
notícia. Não use desses expedientes.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Notícia (importância)- Critérios elementares para definir a importância de uma


notícia:
a) Ineditismo (a notícia inédita é mais importante do que a já publicada);
b) Improbabilidade (a notícia menos provável é mais importante do que a esperada);
c) Interesse (quanto mais pessoas possam ter sua vida afetada pela notícia, mais
importante ela é);
d) Apelo (quanto maior a curiosidade que a notícia possa despertar, mais importante
ela é);
e) Empatia (quanto mais pessoas puderem se identificar com o personagem e a
situação da notícia, mais importante ela é).
Ao levar em consideração esses critérios, não esqueça que as reportagens da Folha
devem atender às necessidades de informação de seus leitores, que formam um
grupo particular dentro da sociedade. Esses interesses mudam e o jornal participa de
modo ativo desse processo. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Notícia (personagem) - Uma das formas de despertar o interesse do leitor é


provocar identificação, ou empatia, com o personagem da notícia. Procure sempre
levantar e registrar o máximo de informações (biográficas, físicas, de comportamento)
sobre o entrevistado ou sobre os envolvidos no fato. Elas serão úteis no momento de
descrever a pessoa.
Escreva seu texto de modo a compor para quem lê uma imagem viva, concreta, do
personagem da notícia. Se ele for de fato interessante, pode atrair o foco da
reportagem, transformando-a em um perfil.
Tome cuidado com seus próprios preconceitos e inclinações, questionando se de fato
o personagem seria interessante para qualquer leitor. Um policial militar que se
transforma em roqueiro nas horas de folga é um personagem digno de atenção, ainda
que não esteja envolvido em um fato relevante. Neste caso, ele é a notícia. O mesmo
não se pode dizer de um policial que dirija táxi quando está fora de serviço (centenas
o fazem). (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Notícia (personagem) 2 - Como norma, coloque sempre em primeiro lugar a
designação do cargo ocupado pelas pessoas e não o seu nome:
Pág. 37- 169 páginas

O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso...


O primeiro-ministro John Major...
O ministro do Exército, Zenildo de Lucena...
É em função do cargo ou atividade que, em geral, elas se tornam notícia. A única
exceção é para cargos com nomes muito longos. Exemplo: O engenheiro João da
Silva, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e
Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), garantiu
ontem que...
O Estado não admite generalizações que possam atingir toda uma classe ou
categoria, raças, credos, profissões, instituições, etc. (Fonte: MARTINS, Eduardo.
Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Notícia (personagem) 3 -1 - O cargo ocupado pela pessoa é que define, na maioria
dos casos, a importância que ela merece no noticiário e o peso que será atribuído aos
seus atos ou declarações. Por isso, mencione sempre em primeiro lugar a
qualificação e não o nome dela: O ministro da Fazenda, João da Silva, garantiu ontem
que... Personagens muito notórios do esporte e das artes, porém, poderão dispensar
essa prática, bastando identificá-Ios pelo nome.
2 - Na primeira menção, use sempre o prenome e o sobrenome da pessoa: o ministro
Bernardo Cabral, o presidente Fernando Collor, o ex-ministro Delfim Netto, o
deputado Ulysses Guimarães, o empresário Mário Amato, o professor Francisco
Barros, o piloto Ayrton Senna, a atriz Maitê Proença. Evite, apenas, que, no
desdobramento do noticiário, o professor, por exemplo, seja chamado de Francisco
ou Barros indistintamente. Ou ele é Francisco ou Barros.
3 - Adote, como identificação, o nome pelo qual a pessoa se tornou conhecida,
evitando sobrenomes desnecessários. João Baptista de Oliveira Figueiredo, por
exemplo, é João Figueiredo, simplesmente. Nomes artísticos e apelidos impõem-se
quando for essa a forma pela qual o personagem adquiriu notoriedade. Xuxa é Xuxa e
não Maria da Graça Meneghel. Da mesma forma Gal Costa, Pelé, Careca, Bobô e
outros.
4 - Se a pessoa não estiver exercendo nenhum cargo de relevo no momento, mas
tiver ocupado função de destaque, identifique-a por essa atividade: O ex-presidente
Augusto dos Santos pretende voltar ao Palácio do Planalto. Quando necessário à
melhor compreensão dos acontecimentos, lembre outros cargos que ela
eventualmente tenha ocupado.
5 - Idade, sexo, religião, tendência politica, Estado ou pais de nascimento, raça e
outras características como essas só deverão figurar na matéria se estiverem
relacionados com os fatos descritos.
6 - Evite, especialmente nos títulos, qualificar pessoas de forma que possa ofender
toda uma coletividade:
Cearense mata a amante.
Italiano assalta banco.
Nada indica que as palavras cearense e italiano tenham, no caso, algo que ver com o
acontecimento.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Notícia antecipada - 1 - Não há ganho de tempo que compense os riscos de uma


notícia feita por antecipação, ou seja, antes de acontecer. Você pode, isto sim,
preparar um texto com todas as informações disponíveis para liberá-lo assim que o
fato se confirmar.
Nunca, porém, feche o jornal com informações como:
O deputado Antônio de Campos que chegou hoje de madrugada a São Paulo,
disse ontem em Nova York que...
Pág. 38- 169 páginas

Não é impossível que o avião em que o deputado viaja se atrase ou fique retido em
alguma cidade e que ele não tenha chegado a São Paulo, como dizia a notícia. Outro
exemplo de risco:
O time do Santos, que jogou ontem à noite em Riad, acaba de contratar o
jogador X.
Se a notícia de que houve o jogo ontem à noite figurou no jornal apenas porque o fato
estava previsto, quem pode garantír que algum imprevisto não tenha provocado o
adiamento do jogo? Lembre-se: o improvável não é inviável, nesses casos.
2 - Procure sempre uma forma de não se comprometer nem ao jornal nessas
situações. Por exemplo:
O deputado Antônio de Campos, cuja chegada a São Paulo estava prevista
para a madrugada, disse ontem em tal lugar que...
O Santos, que tinha jogo marcado ontem à noite em Riad (tantas horas do
Brasil), acaba de contratar o jogador tal.
O leitor obviamente sabe que o jornal fecha no fim da noite e não pode prever fatos
do gênero. A orientação vale para qualquer tipo de antecipação. O folclore do
jornalismo está repleto de informações como essas que não se confirmaram. Não
contribua para ampliá-lo.
Veja também “barriga” e “projetos oficiais”.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Noticiário policial – Na Folha, exige tratamento sóbrio e criterioso. Evite


sensacionalismo. Casos de grande repercussão ou que ocorram no universo
sociocultural do leitor merecem maior destaque e acompanhamento. Casos
corriqueiros merecem apenas registro. Em crime de conteúdo social, evite tanto a
simplificação ideológica quanto o sociologismo. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Objetividade - Não existe objetividade em jornalismo. Ao escolher um assunto,


redigir um texto e editá-lo, o jornalista toma decisões em larga medida subjetivas,
influenciadas por suas posições pessoais, hábitos e emoções.
Isso não o exime, porém, da obrigação de ser o mais objetivo possível. Para relatar
um fato com fidelidade, reproduzir a forma, as circunstâncias e as repercussões, o
jornalista precisa encarar o fato com distanciamento e frieza, o que não significa
apatia nem desinteresse. Consultar outros jornalistas e pesquisar fatos análogos
ocorridos no passado são procedimentos que ampliam a objetividade possível.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Objetividade 2 - Não use formas pessoais nos textos, como: Disse-nos o deputado...
/ Em conversa com a reportagem do Estado... / Perguntamos ao prefeito... / Chegou à
nossa capital... / Temos hoje no Brasil uma situação peculiar. / Não podemos silenciar
diante de tal fato. Algumas dessas construções cabem em comentários, crônicas e
editoriais, mas jamais no noticiário.
O recurso à primeira pessoa só se justifica, em geral, nas crônicas. Existem casos
excepcionais, nos quais repórteres, especialmente, poderão descrever os fatos dessa
forma, como participantes, testemunhas ou mesmo personagens de coberturas
importantes. Fique a ressalva: são sempre casos excepcionais.
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Trate de forma impessoal o personagem da notícia, por mais popular que ele seja: a
apresentadora Xuxa ou Xuxa, apenas (e nunca a Xuxa), Pelé (e não o Pelé), Piquet
(e não o Piquet), Ruth Cardoso (e não a Ruth Cardoso), etc. (Fonte: MARTINS,
Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Observação (sentimentos) - Sentimentos. Os sentimentos e emoções das pessoas


devem ser registrados com a devida cautela para que o texto não se torne piegas. À
exceção dos estados mais aparentes (choro acesso de loucura e outros), procure
traduzir agitação, calma ou nervosismo da pessoa descrevendo só atitudes. Exemplo:
Agitando sem cessar as mãos
Fumando um cigarro atrás do outro
Piscando ininterruptamente
Fazendo gestos de impaciência
Mexendo-se incessantemente na cadeira
Falando de forma pausada
Cruzando e descruzando as pernas
Olhando a todo momento no relógio
Enfim, mostre como a pessoa se comportava em vez de procurar definir suas atitudes
com palavras. Nada, por exemplo, autoriza a frase o jogador, nervoso, errou o chute.
Pode ter errado simplesmente porque tocou mal na bola. Ou encerrando a entrevista
mais cedo porque aparentemente não gostou das perguntas. Quem garante que foi
por isso?
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Off he record - Em inglês, fora dos registros. Designa informação de fonte que se
mantém anônima. O oposto de "off" é a informação "on", em que a fonte aparece
identificada. No Brasil, a maioria das informações "off the record" são publicadas. A
Folha trabalha com três tipos de informação "off the record":
a) "Off" simples - Obtido pelo jornalista e não cruzado com outras fontes
independentes. Se tiver relevância jornalística, pode ser publicado em coluna de
bastidores, com indicação explícita de que se trata de informação ainda não
confirmada. Eventualmente, um "off" simples de fonte muito confiável pode ser
publicado como notícia sem cruzamento;
b) "Off" checado - Informação "off" cruzada com o outro lado ou com pelo menos duas
outras fontes independentes. Em texto noticioso, o "off" checado deve aparecer sob a
forma A Folha apurou que etc., a ser usada com comedimento. Admite-se que o texto
indique a origem aproximada da informação: A Folha apurou junto a médicos do
manicômio Santa Izildinha que o ministro está internado para tratamento de psicose
maníaco-depressiva;
c) "Off" total - Informação que, a pedido da fonte, não deve ser publicada de modo
algum, mesmo que se mantenha o anonimato de quem passa a informação. O "off"
total serve só para nortear o trabalho jornalístico. Exemplo: um assessor da Prefeitura
diz, em "off" total, que um novo sistema de multas de trânsito será implantado na
cidade e já está em estudos na Secretaria de Transportes. O jornalista não publica a
informação, mas começa a investigar, na secretaria, o teor das mudanças. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Ombudsman - Palavra de origem sueca que significa aquele que representa.


Pronuncia-se "ômbudsman", mas no Brasil fixou-se a forma "ombúdsman". É o
profissional pago por órgão oficial ou empresa privada para representar os interesses
do público. Em jornalismo, é o advogado do leitor.
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Na Folha, onde o cargo existe desde 1989, o ombudsman é nomeado pela Direção de
Redação. Tem mandato de um ano, renovável por mais um, e estabilidade de um ano
na empresa após deixar o cargo. O ombudsman não tem atribuições executivas. Suas
observações e sugestões devem ser absorvidas com serenidade e ser objeto de
reflexão. No entanto, elas não têm caráter deliberativo, cabendo à Direção de
Redação acatá-las ou não.
Cabe ao ombudsman atender os leitores da Folha e encaminhar suas reclamações à
Redação. As providências que se seguem são comunicadas a ele pela Direção de
Redação, que centraliza todos os contatos. Os contatos profissionais entre o
ombudsman e jornalistas da Folha devem ser previamente autorizados pela Direção
de Redação.
Diariamente, o ombudsman redige uma crítica interna que circula para toda a
Redação no início da tarde. Aos domingos, a Folha publica a coluna do ombudsman,
em que ele faz uma crítica dos meios de comunicação.
É facultado a todos os jornalistas da Folha responder às observações feitas pelo
ombudsman tanto na crítica interna quanto na coluna semanal. Quem centraliza o
trâmite desses casos e os arbitra é a Direção de Redação. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

On - O contrário de off. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.


Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Ouvir o outro lado - Todo fato comporta mais de uma versão. Registre sempre todas
as versões para que o leitor tire suas conclusões.
Quando uma informação é ofensiva a uma pessoa ou entidade, ouça o outro lado e
publique as duas versões com destaque proporcional.
Se a versão ofensiva aparece em título, publique-a do outro lado também em título ou
pelo menos em linha-fina. Dar destaque proporcional é, por exemplo, dedicar para o
outro lado um box de uma coluna dentro de um texto de três colunas. A resposta a
uma acusação, crítica ou opinião divergente jamais deve ser ocultada no final de um
texto ou omitida.
Se não for possível ouvir o outro lado no mesmo dia, o texto deve ser submetido à
Direção de Redação, que decidirá sobre a publicação. O texto que não contém o
outro lado exige uma explicação: Inocêncio Afanés, procurado pela Folha para
responder às acusações do investigador do Deic Diogo Dolon, não foi encontrado em
seu escritório entre 14h e 20h. Quanto mais específica puder ser a explicação,
melhor.
Quando decidir publicar um texto sem ouvir o outro lado, a Folha deve tentar ouvi-lo
no dia seguinte. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível
em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Ouvir o outro lado 2 - Nas versões conflitantes, divergentes ou não confirmadas,
mencione quais as fontes responsáveis pelas informações ou pelo menos os setores
dos quais elas partem (no caso de os informantes não poderem ter os nomes
revelados). Toda cautela é pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o
jornal tenha de fazer desmentidos desagradáveis. (Fonte: MARTINS, Eduardo.
Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Ouvir o outro lado 3 – 1 - Os dois ou mais lados envolvidos numa notícia deverão
ser sempre ouvidos, se possível antes da publicação dos fatos ou declarações. Só
quando alguma pessoa não puder ser encontrada é que se deve deixar sua palavra
para o dia seguinte. .A observação vale especialmente para os casos em que haja
acusações a alguém. Lembre-se: o direito de resposta é sagrado.
2 - Em casos excepcionais o jornal poderá deixar para ouvir a parte acusada apenas
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no dia seguinte. Por exemplo, quando não quiser que uma notícia exclusiva chegue
ao conhecimento dos concorrentes antes da sua publicação ou quando alguma outra
razão superior o determinar.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Ouvir o outro lado 4 – Nada se publica sobre alguém sem que o personagem da
notícia, empresa ou entidade seja ouvida antes. Ao preparar um texto jornalístico, a
redação do Último Segundo deve ouvir todas as partes.
Nada publicar contra ninguém sem ouvi-la antes. Se à pessoa acusada dos maiores
crimes é dada, nos tribunais, a oportunidade de defender-se e de apresentar
livremente a sua posição, um jornalista não pode transformar-se em promotor e juiz
ao mesmo tempo; não pode publicar informações e acusações sem antes procurar a
pessoa, empresa ou entidade mencionada para ouvi-la e reproduzir sua versão.
As diferentes versões ou perspectivas de um fato devem ser colocadas de maneira
clara e isenta. Deve haver uma grande preocupação em ser correto com todos os
lados.
Para o Último Segundo, um texto não pode apenas ser “tecnicamente correto”. O
jornalista pode escrever: “Fulano está envolvido num caso de roubo”. Ou “Roubaram
a carteira do Fulano”. O fato é o mesmo e as duas versões podem ser entendidas
como “tecnicamente” corretas. Mas a primeira delas induz ao erro e à idéia de que
Fulano pode ter roubado algo.
A pessoa, entidade ou empresa acusada deve ser ouvida em qualquer lugar.
Telefonar a alguém em seu escritório às 21h e escrever que a “pessoa procurada não
foi encontrada” é agir irresponsavelmente. Ela deve ser procurada em casa, no
celular, na casa de amigos, onde estiver. O jornalismo é uma função pública e
garante ao jornalista o direito de incomodar alguém, mesmo de madrugada, se for
para falar com todas as partes envolvidas numa reportagem.
No caso de um texto produzido de forma precária em função do “tempo real”, a
redação do Último Segundo inclui na reportagem o texto “O Último Segundo
continuará a tentar contato com Fulano para ouvir sua versão” até que a referida parte
seja ouvida.
Na impossibilidade de publicar a versão do acusado – seja por não conseguir
encontrá-lo, ou a seus representantes, em tempo hábil, seja porque o próprio se
recuse a dar esclarecimentos, a informação sobre os motivos da impossibilidade de
ter a sua versão deve ser claramente explicitada no texto.
(Fonte: Manual do Último Segundo. Versão 1.0, 2006)

P
Pauta - 1 - Chama-se pauta tanto o conjunto de assuntos que uma editoria está
cobrindo para determinada edição do jornal como a série de indicações transmitidas
ao repórter, não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, principalmente, para
orientá-lo sobre os ângulos a explorar na notícia.
2 - A pauta constitui um roteiro mínimo fornecido ao repórter. Se ela for muito
específica e pedir que ele apure apenas alguns aspectos da notícia, o repórter deverá
obedecer a essa orientação, para evitar que suas informações conflitem com as de
outros jornalistas que estejam trabalhando no mesmo caso ou as repitam. .
3 - O pauteiro (preparador da pauta) deverá sempre que possível incluir na pauta os
telefones de pessoas a entrevistar, endereços de locais que deverão ser procurados e
dados semelhantes, que permitirão ganho de tempo. O repórter, no entanto, deverá
ter iniciativa suficiente para encontrar as pessoas ou locais necessários quando esses
dados não estiverem disponíveis ou forem insuficientes.
4 - Pautas óbvias não necessitarão de muito texto. Espera-se, por exemplo, que um
repórter de cidade saiba o que perguntar ao prefeito ou a um secretário, o que apurar
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numa mudança de trânsito, como cobrir uma expulsão de invasores de área pública,
etc.
5 - O repórter deverá também ter bom senso suficiente para mudar a angulação de
uma pauta sempre que um assunto levantado no meio de uma entrevista ou cobertura
se sobrepuser aos demais pedidos pela pauta. Em caso de dúvida, convém que ele
entre em contato com o pauteiro ou editor para saber se a sua decisão é correta.
6 - Evite dispersão desnecessária de esforços ao montar uma pauta. Você não
precisa pedir a toda a rede local e nacional da empresa entrevistas com 30 ou 40
médicos sobre o avanço da Aids, nem depoimentos de 30 ou 40 pacientes a respeito
da doença, quando meia dúzia ou uma dezena deles já darão um quadro satisfatório
da situação.
7 - De qualquer forma, não hesite em tornar uma pauta grande, sempre que o julgar
necessário. Qualquer aspecto específico de um assunto somente poderá ser cobrado
do repórter se tiver sido pedido na pauta. Mais do que isso, porém: o pauteiro, por sua
própria função (tentar cercar todos os ângulos da notícia), pode ter idéias que não
ocorreriam ao repórter e vice-versa: por isso, é igualmente indispensável que o
repórter complemente uma pauta que tenha deixado de lado algum aspecto
importante de um assunto.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Pauta 2 - É o primeiro roteiro para a produção de textos jornalísticos e material
iconográfico. Deve conter sempre uma hipótese a ser confirmada ou refutada, uma
questão principal a ser respondida. Já a partir da pauta é possível prever títulos
prováveis. A pauta não deve ser só uma agenda. Precisa se preocupar em levantar
enfoques diferenciados sobre os temas, buscar ângulos novos de abordagem,
mostrar agilidade na identificação de novas tendências. É recomendável que a pauta
tenha entre seus objetivos prestar um serviço ao leitor, de forma que o produto final
seja útil para a vida prática de quem lê.
Cada editoria faz sua própria pauta e a discute com as outras editorias e com a
Secretaria de Redação na reunião matinal diária. Cada editoria deve ter uma relação
de temas a serem periodicamente acompanhados. Essa lista deve ser definida em
função da estratégia de cada editoria, levando em conta o perfil do leitor e os temas
que são mais importantes no seu cotidiano. A pauta não deve ser genérica, mas
tentar responder a uma questão específica. Nas pautas eminentemente de serviço,
quanto mais dirigida for a abordagem, mais útil será o resultado para o leitor. Repórter
e responsável pela produção devem discutir os seguintes aspectos ligados à pauta:
a) Histórico dos acontecimentos em questão;
b) Roteiro de perguntas essenciais que o texto deve responder;
c) Itens mais relevantes do assunto na perspectiva da linha editorial da Folha;
d) Fontes que devem ser procuradas para o levantamento de informações, de acordo
com critérios que garantam o pluralismo (posições políticas divergentes, concorrentes
no mercado etc.);
e) Previsão de box ou "side" com personagem envolvido no tema da reportagem,
opinião diferente, texto didático, arte que explique o aspecto analisado ou apresente
dicas de serviço para o leitor;
f) Material iconográfico que vai acompanhar o texto, foto, gráfico, tabela, ilustração,
mapa.
Tão importante quanto pautar a linha do texto da reportagem é pautar a foto ou a arte
que acompanharão o texto. Além da pauta do dia-a-dia, cada editoria deve produzir
pautas especiais discutidas uma vez por semana com os outros editores e a
Secretaria de Redação. As editorias devem ter planejamento de longo prazo para
encartes, cadernos especiais etc.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
Pág. 43- 169 páginas

dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).


Veja também “memória”, “notícia”, “notícia (importância)” e “pesquisa”.

Pauta fotográfica - É responsabilidade do editor de Fotografia. A editoria que solicita


determinada cobertura fotográfica deve indicar claramente os objetivos e hipóteses da
pauta. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Pesquisa - 1 - Todo aniversário de acontecimento importante (nascimento e morte de


personalidades, lançamento de movimentos ou trabalhos artisticos, edição de livros
históricos, revoltas ou campanhas políticas, fatos internacionais, etc.) justifica matéria
de pesquisa, independentemente de outras retrancas que se preparem sobre o
assunto (repercussão, entrevistas e reconstituições). Evite, porém, fazer matéria
excessivamente formal para recordar o fato, entremeando-a, sempre que possível,
com pormenores curiosos ou diferentes para valorizar a pesquisa. Além da correção
das informações, é importante desenvolver um trabalho apurado de texto que prenda
a atenção do leitor. Matérias de pesquisa áridas ou pouco criativas afugentam o
interessado logo nas primeiras linhas.
2 - Qualquer assunto de certa importância que volte ao noticiário deve ser
relembrado, mesmo que sumariamente, para que o leitor se recorde do que se está
tratando ou para apresentar o fato às pessoas que o desconheçam. Se alguém, por
exemplo, se refere à UDN ou PSD, lembre-se de que os antigos partidos foram
extintos em 1965 e, de lá para cá, se formou toda uma geração de leitores de jornal
que nem sempre terá sido informada a respeito do que aconteceu na ocasião. Mais
assuntos que justificariam pesquisa: revolta dos sargentos em Brasília, movimentos
de Aragarças e Jacareacanga, o bogotazzo, a invasão da Baía dos Porcos, o comício
de João Goulart na Central do Brasil, a Marcha da Família em São Paulo, a guerrilha
do Vale do Ribeira, a dissolução dos Beatles, o milésimo gol de Pelé.
3 - Nem sempre, porém, as pesquisas devem limitar-se a reviver um fato como nos
dois casos anteriores. Generalizar ou historiar um tipo de acontecimento, por
exemplo, fornece excelente material do gênero. Assim, se o papa lança uma nova
enciclica, você pode não apenas fazer uma pesquisa sobre as encíclicas anteriores
desse pontífice, como sobre as principais encíclicas da história da Igreja, ou deste
século, ou das últimas décadas. Um desastre de avião sempre impõe uma relação
dos demais acidentes do ano ou da última década. O inverno muito rigoroso nos EUA
e na Europa pode remeter a outros invernos tão ou mais severos de anos anteriores.
Na transferência de um jogador brasileiro para o Exterior, podem-se lembrar outras
negociações, tão milionárias quanto aquela de que se estiver tratando. A divisão de
um país em duas partes, Norte e Sul, abre perspectivas para que se recorde como
ocorreu a dívisão de outros países e por quê (Alemanha, Coréia, etc.). Se o Brasil
volta a negociar com o FMI, por que não mostrar desde quando o País mantém
entendimentos com o Fundo e quantas vezes e em que condiçoes recorreu a ele?
Num surto ou epidemia, lembre-se também de mostrar que doença é essa, como
ocorre como evolui como afeta as pessoas etc.
Ver também “pauta” e “notícia (importância)”e “memória”.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Pesquisa de opinião - É importante instrumento de aferição, através de metodologia


científica, de opiniões, tendências e comportamentos da sociedade como um todo ou
de segmentos sociais. Tem utilização crescente no jornalismo. A Folha publica
pesquisas regularmente desde 1983. Em 1984 foi formado o instituto DataFolha, da
Empresa Folha da Manhã S/A.
O tema de cada pesquisa é decisão da Redação, mas sua abordagem deve ser
discutida com o DataFolha para melhor aproveitamento. As pesquisas devem ser
solicitadas através da Secretaria de Redação e só podem ser realizadas depois de
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aprovados os orçamentos.
As pesquisas da Folha devem ser planejadas com antecedência, exceto as
provocadas por fatos jornalísticos que exijam repercussão imediata. Toda editoria
deve ter um editor-assistente responsável pelo planejamento das pesquisas,
produção das artes e matérias de apoio. A editoria que solicita a pesquisa e a Editoria
de Arte devem trabalhar juntas no planejamento, produção e edição das pesquisas.
A edição não pode se limitar à publicação dos números da pesquisa. Esses números
devem ser enriquecidos com casos concretos, personagens, memórias, textos de
apoio, contextualização. As artes têm de ser produzidas com cuidado: têm de
destacar os números principais, não podem saturar o leitor com dados secundários,
devem ter títulos, têm de permitir leitura rápida e fácil, precisam ser revistas várias
vezes para que não contenham erros.
Os textos das pesquisas não devem ser longos. O DataFolha deve ser consultado
sempre que houver dúvida na leitura dos números ou na interpretação das tendências
apontadas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Plágio - Usar texto, idéias ou trabalho de levantamento de pessoa ou instituição e


não atribuí-los à verdadeira fonte é uma prática inadmissível na Folha. Além disso,
constitui crime, mesmo que apenas partes tenham sido copiadas. Quando houver
necessidade de reproduzir informações exclusivas ou idéias originais de terceiros, é
obrigatório citá-los. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Plantar informação - Obter publicação de informação sem interesse jornalístico. A


Folha não admite atender a interesses que não sejam os do leitor. (Fonte: FOLHA DE
S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Pluralismo - Princípio editorial da Folha. Numa sociedade complexa, todo fato se


presta a interpretações múltiplas, quando não antagônicas. O leitor da Folha deve ter
assegurado seu direito de acesso a todas elas. Todas as tendências ideológicas
expressivas da sociedade devem estar representadas no jornal. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Pool - Designa grupo de jornalistas reunido para uma cobertura importante que, pelas
circunstâncias, não comporta a presença de todos nela interessados ou para ela
credenciados. Esses jornalistas são sorteados ou escolhidos, por critérios como
nacionalidade, tempo de profissão, idade. O grupo assume o compromisso de
informar os colegas excluídos da cobertura.
A Folha participa e admite obter informação de "pool" apenas quando não houver
outra forma de fazer a cobertura. Nesse caso, explique como as informações foram
obtidas. A Folha não faz acordo para esconder informação do leitor, boicotar
personagem pública ou combinar estimativa de números. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Precisão - Só use os pronomes indefinidos (muitos, alguns, diversos, vários, etc.) em


caso extremo e quando não for possível, de maneira nenhuma determinar o número
expresso pela notícia. Falar em várias pessoas, muitos tiros, alguns deputados e
diversos itens por exemplo, é transmitir ao leitor noções imprecisas e incompletas.
Por isso, procure. sempre dar pelo menos uma idéia aproximada das quantidades a
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que o texto se refere: dezenas de tiros, centenas de pessoas, cerca de 30 deputados,


de cinco a dez itens, etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Precisão 2 - 1 - O Estado considera sua obrigação publicar apenas notícias corretas
e precisas; por isso, espera de seus repórteres o máximo de esforço, empenho e
exatidão na apuração dos fatos, na divulgação de declarações e na descrição dos
acontecimentos. Troque idéias, sempre que necessário. Não aceite como pacífica a
primeira e única informação que receber. Discuta, pondere, duvide. Ouça sempre o
maior número de pessoas e dê o desconto devido quando os dados lhe forem
fornecidos por fontes ligadas a um dos lados. Se você tem de descrever algo que não
viu, colha o máximo de depoimentos, reconstitua o fato com a maior precisão possível
e não transmita ao leitor uma versão falha ou incompleta: sempre é tempo de incluir
um elemento a mais na notícia. Se você esteve presente ao acontecimento, não
hesite, da mesma forma, em fazer perguntas a pessoas que considere idôneas: elas
sempre poderão enriquecer a sua matéria com detalhes que você pode não ter
percebido.
2 - A precisão exige que você entenda tudo o que vai transmitir ao leitor.
Especialmente nas entrevistas, evite deixar algum ponto obscuro. Procure tornar as
declarações inteligíveis e evite o procedimento cômodo de simplesmente colocar
entre aspas aquilo que você não entendeu (e que o leitor também não compreenderá,
com toda a certeza).
3 - Para garantir a precisão dos textos, verifique sempre com atenção: o nome correto
das pessoas e a forma de escrevê-los; nomes de ruas e avenidas; endereços;
números; horários; datas; cálculo do número de pessoas presentes a um local;
relações de nomes (se a matéria diz, por exemplo, que havia oito pessoas presentes
e lhes dá os nomes, veja se a relação tem realmente oito pessoas e não sete ou
nove); etc.
4 - Aos redatores recomenda-se todo o cuidado na refundição das matérias, com dois
objetivos principais:
a) eliminar algum possível erro que tenha escapado do repórter (números
exagerados, relações incompletas, etc.);
b) não cometer enganos na transposição das informações (atribuir declarações de
umas pessoas a outras, alterar números ou nomes, mudar o local do fato, etc.).
Veja também “barriga”.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Press kit - Designa material preparado por assessoria de imprensa para eventual uso
por jornalista. Em geral inclui press releases e fotos a título de divulgação de evento,
instituição ou personalidade. Não use a expressão em texto noticioso. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Press release - Informação que assessoria de imprensa envia ou fornece a


jornalistas. O press release deve ser encarado sempre com precaução. No máximo,
pode servir como subsídio adicional para o trabalho jornalístico. A Folha nunca
publica release na íntegra: checa a correção das informações que ele veicula e o
reescreve, quando é o caso, de acordo com os padrões deste manual. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Privacidade - A vida particular de personagem público que busca essa condição por
vontade própria tem interesse social. Isso é verdade em especial para os governantes
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ou candidatos a governantes: suas decisões são pautadas em parte por


características de personalidade e elas afetam a vida de todos os seus governados. A
sociedade tem direito de saber os detalhes da vida particular do homem público que
possam afetar seu desempenho no cargo que ocupa ou que pretende ocupar.
Respeito à privacidade e direito do público à informação podem às vezes se chocar.
Em princípio, o direito à informação deve prevalecer sempre que se tratar de assunto
relevante e em especial quando envolver personagens públicas. (Fonte: FOLHA DE
S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Problema particular - Ao receber pedido de leitor para noticiar um problema


particular, avalie com cuidado para determinar se ele é representativo de outros
similares e se tem relevância social. Quando não for esse o caso, explique com
gentileza ao leitor que o jornal não pode atendê-lo. Se possível, encaminhe-o a
alguma instituição que possa auxiliá-lo. É o caso de pessoas desaparecidas, pedidos
de donativos para doentes, briga entre vizinhos etc. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Projetos oficiais - Noticie sempre com senso crítico, especialmente quando o projeto
for divulgado por governante ou candidato a cargo público. Nunca dê como certo que
o plano vai se realizar. Jamais escreva algo como: O governador Gastão Malaquias
vai construir 100 mil casas em dois dias. Indique que se trata de promessa
praticamente irrealizável.
Sempre questione de onde virão as verbas para os projetos. Consulte especialistas
para checar a viabilidade do projeto.
Veja também “Notícia antecipada” e “barriga”.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

publieditorial - Editoração / edição Expressão que designa os anúncios feitos na


forma de matérias editoriais em qualquer mídia.
Fonte: Guia Anatec
Nota do professor: a prática é geralmente considerada antiética na imprensa.
Cabe ao jornal diferenciar o anúncio do conteúdo editorial, ou rejeitar a peça
publicitária.

Quebra de protocolo - Em descrição de cerimônia oficial, é frequente haver


referência a episódios classificados como quebra de protocolo. Antes de usar essa
expressão, o jornalista deve se assegurar de que havia, de fato, protocolo a ser
quebrado. Deve também ponderar se o episódio é importante o suficiente para
merecer espaço no jornal. Na maior parte das vezes, não é. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Racismo - Atitude que deprecia, discrimina ou segrega grupos sociais em virtude de


sua condição racial. A Folha condena qualquer forma de racismo. (Fonte: FOLHA DE
S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
Pág. 47- 169 páginas

dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Razões de segurança - Em regra, a Folha publica tudo o que sabe. Mas pode decidir
omitir informação cuja divulgação coloque em risco a segurança pública, de pessoa
ou de empresa. Essa decisão deve ser tomada em conjunto pela Direção de Redação
e pela Direção da Empresa Folha da Manhã S/A. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996). (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Reclamação - O jornalista que receber uma reclamação -por escrito, pessoalmente


ou por telefone- tem obrigação de atender a pessoa com delicadeza e encaminhar a
queixa rapidamente ao seu superior. Caso o problema se refira a qualquer outra área
do jornal ou da empresa, ponha a pessoa em contato com o setor competente: outras
editorias; Folha Emergência, no caso de reclamação de consumidor ou relativa a
serviço público; Painel do Leitor se vier por escrito e for solicitada a publicação;
serviço de atendimento ao assinante, em assuntos correlatos. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Repercussão - Notícia que possa gerar grande reação, transtorno ou comoção


merece que o jornal ouça a opinião de várias pessoas e publique a repercussão de
preferência na mesma edição.
Estas são as recomendações da Folha para jornalistas encarregados de investigar e
editar a repercussão de uma notícia:
a) Informe-se sobre o fato em detalhes;
b) Verifique com o editor a possibilidade de fazer pergunta original e importante, que
fuja do tradicional O que o sr. achou de...;
c) Componha uma lista extensa, diversificada e pluralista de pessoas a serem
ouvidas, prevendo que muitas delas não serão encontradas;
d) Evite ouvir pessoas que não tenham ligação, afinidade ou conhecimento do tema;
e) Reproduza apenas o trecho principal de cada entrevista, sempre entre aspas;
f) Disponha as entrevistas no texto em ordem descrescente de importância. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Repercute - 1 - A maior ou menor importância de um fato determina a sua


repercussão e, ao mesmo tempo, o número de linhas e retrancas que o jornal deverá
dedicar ao seu desdobramento. Qualquer acontecimento tem sempre dois tipos de
repercussão, a natural e a provocada.
2 - A repercussão natural é a óbvia. Numa acusação, por exemplo, ouvir a outra
parte. Numa demissão injusta ou inesperada, procurar a vítima. No despejo dos
moradores de um prédio, falar com eles.
3 - A repercussão provocada é a que deve ser planejada pelos pauteiros e vai além
do óbvio. Numa acusação, por exemplo, além de se ouvir a parte atingida, poderão
opinar outros setores. Idem numa demissão injusta ou inesperada. No despejo dos
moradores de um prédio, entrevistar os vizinhos ou autoridades.
4 - Qualquer tipo de fato se presta a repercussão. Por isso, procure selecionar bem
aqueles que realmente a mereçam, por afetar a vida do Pais, do Estado, do municipio
ou de uma comunidade, e fuja ao que se pode considerar a "sindrome da
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repercussão". Afinal, nem todo assunto a justifica.


5 - Numa repercussão, leve em conta, entre outros, os seguintes fatores: a) as
pessoas ouvidas devem ter relação com o fato ou autoridade para opinar a respeito;
b) numa repercussão é natural que o leitor compare o que os vários entrevistados
dizem. Por isso, para que não haja favorecimentos ou injustiças com eles, convém
que você faça perguntas semelhantes a todos;
c) se o assunto justificar ampla repercussão, ela deverá ser a mais variada possivel,
ouvindo-se todos os setores nele envolvidos (trabalhadores, empresários e governo,
por exemplo, num fato econômico);
d) lembre-se de que a população é diretamente afetada pela maioria dos
acontecimentos, sejam eles o lançamento de um grande plano econômico ou uma
simples mudança de trânsito - por isso ela nunca deve ser esquecida nas
repercussões;
e) procure informar-se sobre o fato cuja repercussão você vai cobrir, para não correr o
risco de saber menos que o entrevistado sobre o assunto;
f) prepare habitualmente uma relação extensa de pessoas a ouvir, pois raramente
você conseguirá falar com todos aqueles cuja opinião pretendia colher e é sempre
recomendável ter nomes de reserva;
g) a diversidade permitirá ainda que você reúna um numero razoável de declarações
para escolher entre elas apenas o essencial ou as melhores;
h) finalmente tente ser original nas perguntas e não limitar-se somente ao óbvio.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Repetição - Não comece períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra,


nem use repetidamente a mesma estrutura de frase. (Fonte: MARTINS, Eduardo.
Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Não começar períodos ou parágrafos sucessivos com a mesma palavra. Não usar
repetidamente a mesma estrutura da frase. (Fonte: Manual de redação do Diário
Carioca. 1950 circa)

Reportagem - Relato de acontecimento importante, feito pelo jornalista que tenha


estado no local em que o fato ocorreu ou tenha apurado as informações relativas a
ele. A reportagem é o produto fundamental da atividade jornalística.
Ela deve conter a descrição do fato a mais exata e objetiva possível, o relato das
versões de todas as partes envolvidas no fato e, se possível, a opinião de
especialistas.
Antes de tudo, o repórter deve procurar se informar sobre o assunto que vai cobrir. No
local, deve observar e registrar detalhes do ambiente e dos personagens e ter
especial atenção ao anotar números e nomes. A qualidade do texto final depende em
larga medida do rigor na apuração dos fatos e da elaboração de um roteiro que divida
os temas e os encadeie ao longo do texto. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Reportagem especial - Requer extenso e minucioso levantamento de informações.


Pode aprofundar um fato recém-noticiado ou revelar um fato inédito com ampla
documentação e riqueza de detalhes. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Repórter - Jornalista que capta informações, apura, checa, confronta e redige. Deve
reunir grande capacidade de registrar e analisar fatos e detalhes a que o leitor não
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tem acesso. Trabalha como uma espécie de intérprete e deve por isso escrever com
correção e clareza, sem ser trivial.
Tradicionalmente, não era tarefa do repórter atuar na edição do material que produz.
Na Folha, ele precisa ter texto final. Cabe também a ele sugerir artes, fotos, sub-
retrancas, títulos e legendas e adequar seu texto ao tamanho determinado pela
diagramação. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível
em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Repórter especial - Jornalista de grande capacidade que se dedica a reportagens de


maior fôlego, que exijam experiência, planejamento e consulta a muitas fontes.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Repórter fotográfico - Jornalista que capta informações e as elabora por intermédio


da fotografia. Deve se preocupar com todo o processo de produção de informações,
desde o levantamento e sugestão de pautas até a diagramação. Deve ser capaz de
fazer também a coleta de dados para a elaboração de um texto, quando for
necessário. Na Folha, o repórter fotográfico é responsável pela apuração das
informações essenciais das legendas das fotos que produz. O repórter fotográfico
deve estar tão informado sobre o assunto que vai cobrir quanto o repórter de texto.
Deve fazer sua própria pesquisa e obter informações com o repórter de texto, editores
e editores-assistentes. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Reunião - A prática de reuniões é importante no processo de produção jornalística.


Na Folha, elas devem ser rápidas, objetivas e eficientes. Para isso:
a) Agende-se para as reuniões assim que for convocado;
b) Chegue ao local no horário marcado;
c) Limite suas intervenções aos temas da pauta;
d) Procure só falar quando o coordenador lhe der a palavra;
e) Compareça com todo o material necessário para sua participação. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Rumor/boato/fofoca - A Folha só publica rumor (notícia não-confirmada), mediante


consulta prévia à Secretaria de Redação, quando não há tempo de comprovar a
exatidão de informação que possa vir a ser relevante. Nesses casos, indique sempre
que se trata de notícia não-confirmada. Boatos (informações falsas) só podem ser
publicados quando geram notícia, por exemplo: O boato da morte de Saddam
Hussein fez despencar os preços do petróleo. Neste caso, deixe claro para o leitor
que a morte de Saddam Hussein é notícia falsa. Fofoca significa mexerico, intriga.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

S
Seqüestro - É um atentado à liberdade individual. O Código Penal define duas
condutas diferentes: o sequestro puro e simples, punido juntamente com o cárcere
privado (artigo 148) e a extorsão mediante sequestro, quando o autor do crime tem
como objetivo o recebimento de resgate (artigo 159). A lei nº 8.072/90 considera a
extorsão mediante sequestro crime hediondo. Não confunda sequestro com rapto. O
rapto é crime contra a liberdade sexual da mulher (artigos 219 a 222). (Fonte: FOLHA
Pág. 50- 169 páginas

DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em


http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Servição - Material jornalístico que reúne grande número de informações de utilidade


prática e imediata para o leitor, muitas vezes publicado em forma de arte. Na Folha,
deve ser editado obrigatoriamente em feriados e no dia anterior a eles, com ampla
informação sobre serviços públicos e privados que funcionarão ou não no período.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Serviços
Em qualquer tipo de matéria de serviços editada em São Paulo (shows, espetáculos,
o que funciona, o que fecha, locais de vacinação, locais de exames, galerias,
ginásios), nunca deixe de incluir o endereço, na notícia: ele é um dos principais
serviços que você estará prestando ao leitor.
Em casos extraordinários do noticiário local (espetáculos em áreas especiais ou ao ar
livre, promoções, exames, vacinação e outras atividades do gênero), pode ser
necessário não apenas fazer um mapa do local do acontecimento, como mostrar ao
leitor a maneira de chegar a ele (de carro, ônibus, metrô, trem ou qualquer outro meio
de transporte disponível).
(nota do professor: a recomendação do Estadão vale para os bairros de nossas
três cidades –Hortolândia, Sumaré e Monte Mor).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Setorista - Jornalista que cobre especificamente um local gerador de acontecimentos


jornalísticos (sedes de governo, legislativos, delegacias centrais etc.). A Folha
mantém poucos setoristas porque julga a função raramente compatível com a
agilidade do jornalismo contemporâneo.
O setorista não deve participar de "pools" com setoristas de outras empresas. Não
deve deixar que decisões dos chamados comitês de imprensa se sobreponham ao
interesse do leitor. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Sigilo profissional - O jornalista pode negar-se a revelar como, onde, quando e por
meio de quem obteve determinada informação. O direito ao sigilo de fonte é garantido
pela Constituição e deve ser usado sempre que o profissional julgar necessário
resguardar suas fontes. Em juízo, isso não o exime de provar a veracidade daquilo
que escreveu. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível
em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Simplicidade - A simplicidade é condição essencial do texto jornalístico. Lembre-se


de que você escreve para todos os tipos de leitor e todos, sem exceção, têm o direito
de entender qualquer texto, seja ele político, econômico, internacional ou urbanístico.
Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais facilmente o leitor
à essência da notícia. Dispense os detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que
interessa, sem rodeios.
A simplicidade do texto não implica necessariamente repetição de formas e frases
desgastadas, uso exagerado de voz passiva (será iniciado, será realizado), pobreza
vocabular, etc. Com palavras conhecidas de todos, é possível escrever de maneira
original e criativa e produzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem alinhavadas.
Nunca é demais insistir: fuja, isto sim, dos rebuscamentos, dos pedantismos
vocabulares, dos termos técnicos evitáveis e da erudição.
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Dispense igualmente os preciosismos ou expressões que pretendem substituir termos


comuns, como: causídico, Edilidade, soldado do fogo, elenco de medidas, data
natalícia, primeiro mandatário, chefe do Executivo, precioso líquido, aeronave,
campo-santo, necrópole, casa de leis, petardo, fisicultor, Câmara Alta, etc.
Proceda da mesma forma com as palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que
tentam transmitir ao leitor mera idéia de erudição. O noticiário não tem lugar para
termos como tecnologizado, agudização, consubstanciação, execucional,
operacionalização, mentalização, transfusional, paragonado, rentabilizar,
paradigmático, programático, emblematizar, congressual, instrucional, embasamento,
ressociabilização, dialogal, transacionar, parabenizar e outros do gênero.
Não perca de vista o universo vocabular do leitor. Adote esta regra prática: nunca
escreva o que você não diria. Assim, alguém rejeita (e não declina de) um convite,
protela ou adia (e não procrastina) uma decisão, aproveita (e não usufrui) uma
situação. Da mesma forma, prefira demora ou adiamento a delonga; antipatia a
idiossincrasia; discórdia ou intriga a cizânia; crítica violenta a diatribe; obscurecer a
obnubilar, etc. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Sinônimos - Seja rigoroso na escolha das palavras do texto. Desconfie dos


sinônimos perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões. Em geral, há
uma palavra para definir uma situação. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de
redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Suicídio - Por princípio, não publicaremos notícia de suicídios. Há porém exceções:


1. Quando o suicida é famoso e/ou exerce cargo público – Nesta situação, a redação
pode publicar a notícia, se considerar que o fato é de interesse público
2. Quando houver dúvidas se houve suicídio ou assassinato
3. Quando o suicida, em seu gesto, causou alguma atitude de forte impacto na
sociedade (por exemplo: o suicídio dos terroristas que destruíram o World Trade
Center)
Sempre que alguém da equipe tiver dúvidas sobre a norma, deve procurar o
professor.
(Fonte: professor Artur Araujo)
Suicídio 2 (artigo) – O recente suicídio de um policial militar em São Paulo, exposto
em tempo real e em rede de televisão para todo o país, pede uma reflexão sobre o
papel da mídia em episódios deste tipo.
Detalhar, na mídia, um suicídio não é apenas uma questão de mau gosto, de falta de
respeito com o suicida e a sua família num momento de muita dor: é, também, um
estímulo a outros suicídios, como demonstram inúmeras investigações a respeito.
Trabalho publicado nos anais da Academia de Ciências de Nova York sobre as
relações entre a divulgação de suicídios pela mídia e a elevação das taxas de suicídio
descreve 41 pesquisas baseadas em casos reais, e 28 baseadas na divulgação de
casos fictícios (como em telenovelas). Em todos esses casos, é impressionante o
aumento de ocorrências fatais.
Outra pesquisa feita em hospitais psiquiátricos e postos de emergência,
imediatamente após a divulgação de um suicídio, mostrou que um em cada cinco dos
que tentaram o suicídio afirmou ter sido levado à decisão pelo caso contado.
O conhecimento de que a divulgação de suicídios aumenta a probabilidade de novas
ocorrências fatais levou vários países, apoiados em sua iniciativa pela Organização
Mundial de Saúde, a implementar recomendações à mídia, entre eles Alemanha,
Austrália, Áustria, Canadá, Estados Unidos, Japão, Nova Zelândia, Suíça. Os
resultados foram bons: na Áustria, por exemplo, os suicídios tiveram uma diminuição
de 20% nos quatro anos seguintes à implementação das diretrizes.
Há ampla evidência de que alguns suicídios se agrupam no tempo. Não temos o
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mesmo número de suicídios por dia. Uns dias da semana têm mais ocorrências do
que outros, e alguns meses do ano também. Dificilmente há ondas, mas há clusters,
termo usado pelos pesquisadores que poderíamos traduzir por agrupações. Também
há evidência de que as mulheres e os jovens são mais suscetíveis ao contágio.
Enfim, o destaque, tamanho e repetição das publicações influenciam o aumento de
suicídios: quanto maior, pior.
O Brasil necessita de diretrizes baseadas na experiência de pesquisadores em países
diferentes, e não em achismo. Infelizmente, o suicídio é bastante comum, e as taxas
estão crescendo em algumas faixas de idade. É realmente notícia que valha a pena
publicar?
Há indicações de que se deva limitar o destaque e o tamanho da notícia, não colocar
fotos, evitar detalhes e, sobretudo, evitar informações sobre o meio e o local.
Considera-se importante não tratar o suicídio como algo que ele não é — o suicídio
não é um ato misterioso em pessoas normais, comuns; nem é um ato heróico,
romântico, ou racional — e enfatizar o que ele é com muita freqüência: o resultado de
problemas mentais que podem ser tratados com sucesso. Muitas pessoas se matam
porque não se tratam. Uma ação construtiva é dar informações sobre onde e como
encontrar tratamento.
Não se trata de ocultar os suicídios, nem de ofensa à liberdade democrática. Todos
os dias, no nosso planeta, acontece uma infinidade de ações humanas, comuns e
correntes, muitas delas felizes. Não são noticiadas, nem poderiam ser. Jornais, rádios
e televisão selecionam e têm que selecionar. Publicam uma parcela ínfima do que
acontece. Ninguém parece achar que não publicar os risos e as alegrias são uma
forma de censura; mas eles raramente são notícia.
A ocultação é um fenômeno diferente: é deixar intencionalmente de publicar algo cuja
existência pode afetar a população, como fez a ditadura militar, ocultando uma
epidemia de meningite.
Existe também ocultação quando a mídia, voluntariamente ou coagida, deixa de
publicar informação para preservar um governo ou até um sentimento de exagerado
patriotismo, como foi e continua sendo o caso da cobertura da guerra contra o Iraque
nos Estados Unidos.
Isso difere, e muito, de evitar a publicação de suicídios ou dar-lhes destaque,
sabendo que a publicação pode causar muito mal. Ignorar diretrizes que evitam
mortes, com um olho nos indicadores de audiência e publicidade, é pior do que
engano e incompetência: é safadeza.
(Fonte: SOARES, Glaucio Ary Dillon. Professor do Iuperj. Publicado em 02/06/2003.
Disponível em http://www.comunique-
se.com.br/conteudo/newsshow.asp?editoria=237&idnot=9641 ; acessado em
1/1/2008).

Suíte - Do francês suite, isto é, série, sequência. Em jornalismo, designa a


reportagem que explora os desdobramentos de um fato que foi notícia na edição
anterior. Na Folha, toda suíte deve rememorar os fatos anteriormente divulgados.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Suíte 2 - Nas notícias em seqüência (suítes), nunca deixe de se referir, mesmo
sumariamente, aos antecedentes do caso. Nem todo leitor pode ter tomado
conhecimento do fato que deu origem à suíte. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de
redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Suíte 3 - É o desenvolvimento, nos dias seguintes, de uma notícia publicada pelo
jornal. Indispensável logo após a divulgação do fato, como seu desdobramento
natural ou mesmo provocado, deve, no entanto, ser suspensa quando não houver
novas informações a respeito e os textos já estiverem apenas repetindo os dados
colhidos nos dias anteriores.
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2 - Nunca deixe o noticiário chegar a extremos como:


Não houve ontem nenhuma novidade sobre o caso X
ou
O caso Y continua na estaca zero.
Só se justifica matéria nestas circunstâncias se o que se pretende ressaltar é
exatamente a omissão de alguém em relação ao fato.
3 - A suíte deve sempre lembrar sumariamente de que caso se está tratando, suas
implicações, para permitir que mesmo quem tenha perdido as primeiras informações
possa acompanhar a seqüência do noticiário.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).
Suíte 4 – 1. Está implícita nas atividades que o aluno, sempre que uma matéria
precisar de suíte, deve estar atento para os desdobramentos do caso.
2. Sempre que noticiarmos que uma coisa vai ou deve ou pode acontecer, temos de
fazer uma matéria ou nota dizendo se aconteceu ou não. Fica patético uma matéria
com um título:
Time enfrenta amanhã outro time.
...E depois, nada no dia nem no dia seguinte. Não ficamos sabendo se jogou, se
ganhou, se perdeu ou se empatou. A mesma norma vale para todos os casos em que
fizermos matérias como:
Professores da Unicamp ameaçam parar segunda (título fictício)
Aí chega "segunda": temos de publicar se eles pararam ou não. Sempre que alguém
da equipe tiver dúvidas sobre a norma, deve procurar professor e perguntar.
(Fonte: professor Artur Araujo)
Veja também “notícias em seqüência” em “Normas editoriais de redação e
expressão.

T
Telefone - Sempre que possível, o trabalho jornalístico deve ser feito por telefone.
Mas entrevistas de maior profundidade exigem o contato direto entre jornalista e
fonte. O telefone deve ser usado com insistência para localizar fontes de informação
de difícil acesso.
Não esqueça que no Brasil os telefones estão sujeitos a escuta clandestina, o que
pode comprometer o sigilo profissional ou levar o interlocutor a uma atitude
reservada. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Telerreportagem - Tipo de jornalismo que produz noticiário a partir de informações


obtidas por telefone ou programação de rádio e TV. Na Folha, o serviço de
telerreportagem é feito pela Agência Folha. Serve a todas as editorias. O setor é
responsável também pela elaboração de sinopses de circulação na Redação com
notícias veiculadas pelos meios de comunicação eletrônicos ou comunicados pela
rede de jornalistas da agência. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Transparência - A Folha procura manter atitude de permanente transparência diante


dos seus leitores. Essa disposição se expressa em diversos procedimentos do jornal:
a) Manter uma seção diária, em espaço nobre, para o registro de seus próprios erros
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e omissões;
b) Editar as cartas de leitores com críticas ao jornal com o mesmo destaque das que
trazem elogios;
c) Colocar seus documentos internos (manual, projeto editorial) à disposição dos
leitores. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Valores absolutos - Cuidado, no noticiário, com valores absolutos como o mais, o


único, o melhor, o maior e outros do gênero. Nem sempre o maior produtor mundial
de... é realmente o maior. Também o mais..., o melhor... o único... são formas que
envolvem avaliações subjetivas. Procure, como norma, atribuir esses conceitos a
alguém ou, no caso de o maior ou o único, recorra a estatísticas (mas não aceite
meras indicações alheias) que provém a afirmação. E lembre-se: se você escrever
que alguém é considerado o maior, o melhor, o mais, o único, explique por quem ele
é considerado tudo isso.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S.
Paulo: SP, 1990).

Vazamento - Informação que não deveria chegar aos meios de comunicação e


escapa ao controle dos responsáveis por manter seu sigilo. Exemplos importantes de
vazamento: os documentos secretos do Pentágono, publicados pelo "The New York
Times" em 1971; a construção de um poço para experiências nucleares na serra do
Cachimbo, revelada pela Folha em 1987.
O jornalista deve ter especial cuidado com informação vazada. Muitas vezes, ela
pode apenas ter aparência de vazamento e ser um balão de ensaio ou uma forma de
plantar informação falsa. É recomendável cruzar com pelo menos duas fontes
qualquer informação vazada antes de publicá-la. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Viagem - A Folha incentiva a realização de viagens pelo jornalista. Quando ela


ocorrer a convite e resultar em reportagem, deve ser mencionada ao final do texto a
identidade do patrocinador. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Visita à Folha - Quando for de caráter oficial, o jornal deve registrá-la. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
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3 Normas editoriais de redação e expressão


As normas editoriais de redação são um misto de gramática, ortografia e convenções de produção
de texto estabelecidas em redação.
Esse manual ficaria muito extenso caso a totalidade delas fosse publicada aqui –além disso,
algumas convenções firmadas em alguns jornais diferem das firmadas em outros.
O que se segue abaixo são apenas parte das normas que devem ser seguidas em jornais e que
vamos adotar no curso. Reflete também alguns problemas notados em classes anteriores.
Sugiro aos alunos que comprem um manual de redação e estilo de alguma empresa jornalística.

A algum lugar e não em - Com verbos de movimento, use a e não em: Fui ao teatro (e não no). /
Cheguei à cidade (e não na). / Chamaram-no ao telefone. / Levou os filhos ao circo. / Desceu ao
segundo andar. / Voltou ao Brasil. / Saiu à janela. Igualmente: chegada a, ida a, vinda a.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

A nível de/em nível de - A expressão ao nível de significa na mesma altura de: ao nível do mar. É
errado usar ao nível de significando em termos de ou no plano de: A nível federal, o governo agirá;
isso não está ao nível da nossa amizade.
O certo seria: em nível federal; no nível da nossa amizade. Apesar de aceitável, evite a expressão,
já desgastada pelo uso abusivo.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

À toa / à-toa (modos de usar) - E "à toa", é com hífen ou sem hífen? "À toa" ou "à-toa"? Vejamos
o trecho da letra de "Tão seu", canção gravada pelo grupo mineiro Skank:
...Não diga que não vem me ver:
de noite eu quero descansar,
ir ao cinema com você,
um filme à-toa no Pathé...
Não diga que você não volta:
eu não vou conseguir dormir,
à noite eu quero descansar,
sair à toa por aí.
A expressão aparece grafada das duas formas, com hífen e sem hífen, e com sentidos
completamente diferentes.
filme à-toa = filme qualquer
Neste caso, "à-toa", que se escreve com hífen e acento indicador de crase no "a", funciona como
uma expressão de valor adjetivo. No segundo caso, sem hífen, a expressão adquire outro
significado:
sair à toa = sair sem rumo, sair a esmo
De todo modo, quando for ao dicionário tirar a dúvida sobre o uso do hífen em determinadas
palavras, esteja atento. Muitos termos aparecem sob as duas formas e com significados distintos
para uma e outra.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
Pág. 56- 169 páginas

http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/ortografia/hifen-atoa.htm ; acessado em
30/12/2007).

a/há - Quando se refere a tempo, a preposição a indica geralmente o futuro: O presidente viaja
daqui a uma semana. O verbo haver, quando se refere a tempo, indica o passado e pode sempre
ser substituído por faz: O presidente viajou há uma semana.
Mas cuidado: a preposição a indica qualquer distanciamento no tempo, seja futuro ou passado: A
um ano da morte de Tancredo Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória;
As eleições vão acontecer daqui a dois anos. Experimente substituir o a dessas duas frases por faz
(o que equivaleria a há) e veja que a oração perde o sentido.
Outra situação em que se utiliza o verbo haver é no sentido de existir: Há muita gente na sala.
Neste caso, não há por que confundi-lo com a preposição a. Veja também crase . (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Abreviatura - Nunca invente abreviaturas. As mais comuns são: endereços (al., av., pça., r., tel.,
apto.); valores de grandeza (bi, mi, tri) em títulos e apenas para dinheiro; unidades de medida (g, m,
kg, Hz, w, s); designação de ano ou século em relação à era cristã (a.C., d.C.); na expressão et
cetera (veja etc .); meses do ano em crédito de foto ou arte (jan., fev., mar., abr., mai., jun., jul.,
ago., set., out., nov., dez.); designações comerciais (Cia., Ltda., S/A, S/C ).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Acerca de / cerca de, há cerca de –1 - Acerca de. Equivale a sobre, a respeito de:
Falou acerca da nomeação, do autor, do governo.
Explique-me tudo acerca do PIS.
2 - A cerca de ou cerca de. Corresponde a perto de, aproximadamente:
Os jogadores ficaram a cerca de 20 metros uns dos outros.
Cerca de 100 pessoas estavam ali.
Dizia isso a cerca de 50 alunos.
O exército ficou reduzido a cerca de duas dezenas de homens.
Encontrei-o a cerca de dois quilômetros da casa.
3 - Há cerca de. Usa-se no lugar de faz aproximadamente, desde mais ou menos:
Há cerca de dois anos o governo baixou essas medidas.
Partiu há cerca de 15 minutos.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Acidente/incidente - Acidente é fato importante, imprevisto e em geral desastroso: O acidente


aéreo resultou em 234 mortes.
Incidente é fato em geral secundário, episódio, atrito: Incidente diplomático.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Adjetivação - O texto noticioso deve limitar-se aos adjetivos que definam um fato (noticioso,
pessoal, vizinho, próximo, sulino, etc.), evitando aqueles que envolvam avaliação ou encerrem
carga elevada de subjetividade (evidente, imponderável, belo, bom, ótimo, inteligente, infinito, etc.).
Mesmo nas matérias opinativas, em que o autor tem maior necessidade de recorrer aos adjetivos, a
parcimônia é boa conselheira. O jornalista pode sempre mostrar que um temporal foi devastador e
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um incêndio foi violento. Ou que uma peça constitui retumbante fracasso. Tudo isso sem poluir seu
texto com dezenas de qualificativos.
Em qualquer tipo de texto, porém, tome cuidado com os “adjetivos fortes”: eles seguramente
surpreenderão o leitor, no mau sentido, ou lhe darão a idéia de que alguém tenta impingir-Ihe
opiniões definitivas sobre algo ou alguém: borbulhante cemitério, nudez estonteante, exuberante
modelo, cidade esfuziante, movimento frenético, sucesso reluzente, idéia fantástica, espetáculo
maravilhoso, cenário deslumbrante, iluminação feérica, participação brilhante, artista genial,
monumental inteligência, êxito retumbante, atuação irrepreensível, desempenho perfeito. (Fonte:
MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Adjetivação 2 - Evite usar em textos noticiosos adjetivos que impliquem juízo de valor e são,
portanto, duvidosos: bonito/feio; verdadeiro/falso; certo/errado. Utilize o que torna mais preciso o
sentido do substantivo: amarelo/azul; redondo/quadrado; barroco/clássico. Em vez de o artista
trabalha com telas grandes, escreva o artista trabalha com telas de três metros por dois.
Nos editoriais, comentários, críticas e artigos, há maior liberdade para o uso do adjetivo. Mesmo
assim, recomenda-se usá-lo com sobriedade. A opinião sustentada em fatos é mais forte do que a
apenas adjetivada.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Admitir - Não use como sinônimo de dizer, declarar ou afirmar. Significa aceitar ou reconhecer fato
em geral negativo: O candidato Odurmeu da Cruz admitiu a derrota depois de abertas as primeiras
urnas. Evite sobretudo introduzir com o verbo admitir respostas insinuadas na própria pergunta do
jornalista: O ministro admite que a inflação pode voltar (ele respondeu "talvez" à pergunta).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Aedes aegypti - Escreva em itálico, com o gênero em maiúscula e a espécie em minúscula. Da


seguinte forma: Homo sapiens (espécie humana) ou Aedes aegypti.
(Fonte: Manual de redação e estilo do Vitória On Line; disponível em
http://www.vitoria.es.gov.br/manual/norgerais.htm ; acessado em 3/1/2008).

Água benta / água-benta (modos de usar) - A famosa "água benta" nada mais é do que a água
abençoada pelo celebrante de algum culto religioso. E que ninguém confunda "água benta" com
"água-benta" (esta, com hífen, é a mardita, a marvada pinga, a cachaça).
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2104200507.htm ; acessado em 30/12/2007)

Ambigüidade - Duplicidade de sentido de uma palavra ou expressão. Deve ser evitada no texto
jornalístico. São causas frequentes de ambiguidade:
a) Ausência de vírgulas - A Prefeitura tem procurado aproveitar os espaços públicos como ruas,
estacionamentos... (a falta de vírgula depois de públicos pode levar a entender que a Prefeitura vai
transformar os espaços públicos em ruas ou estacionamentos) (veja vírgula);
b) Posição inadequada do adjunto adverbial - Legenda de foto: Jânio e sua mulher, Eloá, que
morreu há um mês, na sacada da casa (a colocação de na sacada da casa no final da frase mesmo
com vírgula pode dar a entender ao leitor apressado que Eloá morreu na sacada da casa); pode-se
evitar escrevendo: Na sacada de sua casa, Jânio e sua mulher, Eloá, que morreu há um mês;
c) Sucessão inadequada de termos, orações ou frases - Um protesto contra a impunidade e a
lentidão da Justiça (a colocação de impunidade antes de lentidão da Justiça pode dar a entender
que houve um protesto contra a impunidade da Justiça); é melhor escrever um protesto contra a
lentidão da Justiça e a impunidade;
d) Colocação do que em outra posição que não logo depois do nome que substitui - Paulo esqueceu
o código do cartão, que ele já cancelou (Paulo cancelou o código ou o cartão?); a dúvida só pode
ser resolvida com paráfrases como Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelada ou
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Paulo esqueceu a senha do cartão, que já foi cancelado;


e) Abuso da preposição de - Festa de passagem do ano do navio (o navio faz aniversário? Não, a
festa foi no navio).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Aonde - Não é sinônimo de onde. Use apenas com verbos de movimento, regidos pela preposição
a, como ir e chegar: Ele vai aonde quer e nunca Estava em São Paulo, aonde jogou uma partida.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Árabe/muçulmano - Não confunda árabe com muçulmano. O primeiro é um conceito étnico-


linguístico; o segundo, religioso. Há árabes que não são muçulmanos e muçulmanos que não são
árabes. Os persas, por exemplo, são muçulmanos, mas não são árabes. Já os maronitas
(originários do Líbano) são árabes cristãos.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Aspas / Itálico (sentido figurado) - Os sinais de pontuação não são enfeites, lenteloujas (ou
lantejoulas, tanto faz), miçangas etc. Têm e cumprem seu papel, muitas vezes bem definido.
No caso das aspas, um dos seus papéis é realçar o sentido figurado com que se empregou
determinada palavra ou expressão. Se um matreiro felídeo (isto é, um gato, sem aspas, como o é o
gordo, guloso e preguiçoso Garfield, por exemplo) perambula pela fiação de determinado lugar e
causa um curto-circuito, a culpa é do gato. Se humanos desastrados fazem ligações elétricas
clandestinas e isso causa curtos-circuitos, a culpa é do "gato".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Gato matreiro, sensual, incendiário. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0301200804.htm; acessado em 3/1/2008).
(Nota do professor: o itálico também pode ser usado com o mesmo sentido)

Através de / por meio de - No seu sentido correto, esta locução equivale a por dentro de, de um
lado a outro, ao longo de, no decurso de. Exemplos: andou através de campos e matas; velejou
através de todo o mar; observava através da janela; foi sempre o mesmo cidadão através dos anos.
A sugestão indicada por eles é que se evite recorrer a através de como sinônimo de por meio de,
por intermédio de ou por [ou mesmo mediante], uma vez que a maior parte dos dicionários não
registraria a locução com este sentido. Assim sendo, expressões como ...através do telefone,
...através deste, ...através de um comunicado, ...através do botão, ...através do rádio, estariam
incorretas.
Acontece, porém, que o novo Dicionário Aurélio Século XXI (1999) já registra esta locução com o
sentido de por intermédio de. Noto que em jornais, revistas, manuais, TV ou outros meios de
comunicação, quer na fala, quer na escrita, as pessoas dificilmente utilizam por meio de ou por
intermédio de, preferindo a forma através de. Esta forma, de tão generalizada, acabou se
consagrando na língua?
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz . Senhor doutor - Através de. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=22&rv=Gramatica. Acessado em 19/1/2008).

Bagatela (modos de usar) - A palavra “bagatela” tem sido usada por alguns jornalistas
equivocadamente como sinônimo de “exorbitância”, no sentido de “preço muito alto, excessivo” ou
ainda “o que vai além da medida justa, do esperado; excesso”. Na verdade, quando se diz “A
bagatela de 1 bilhão de dólares”, o sentido é irônico.
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Bagatela, segundo o dicionário Houaiss, tem seis sentidos:


objeto de pouco valor ou utilidade; bugiganga, cacareco, ninharia
soma irrisória de dinheiro
ato, incidente etc. sem relevância; futilidade, bagatelório, ninharia
ironia. alto preço; valor exagerado
título dado a composições instrumentais breves
jogo em que se impulsionam bolas para o alto, marcando pontos segundo os lugares em que
elas caem; bilhar chinês
(Fonte: Professor Artur Araujo / Dicionário Houais)

Bem-educado / bem educado (modos de usar) - Com hífen, tem-se um sinônimo de "que tem
bons modos" etc. Sem hífen, julga-se o modo como as pessoas são educadas. "Mais bem
educados" significa "educados de modo mais eficiente"; "mais bem-educados" significa "mais
gentis".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2511200715.htm ; acessado em 30/12/2007.)

Benvindo / bem-vindo (modos de usar) - "Bem-vindo a São Paulo", "Seja bem-vindo a


Guaratinguetá". Quando se chega a uma cidade, é comum vermos placas desse tipo. Mas há
também aquelas que, em vez de "bem-vindo", trazem "benvindo". Perguntamo-nos então se uma
forma vale pela outra, se é indiferente usar uma e outra. Vejamos uma letra do grupo Engenheiros
do Havaí, chamada "Simples de coração":
(...)
antes que eu saia
pela tangente
no giro do carrossel
falta uma volta (ponteiros parados):
tudo dança em torno de ti
volta voando... fim da viagem:
bem-vinda à vida real.
A letra dá uma dica: "...fim da viagem: bem-vinda à vida real...". "Bem-vinda" é o feminino de "bem-
vindo" e grafa-se com hífen também.
Os dicionários brasileiros dão "bem-vindo" com hífen quando o sentido é o de saudação. No entanto
indicam que existe também a forma "Benvindo" (com "n" e sem hífen) como nome de pessoa:
"Benvindo" para homens e "Benvinda" para mulheres.
A grafia do adjetivo com que se faz a saudação pede hífen. Há um detalhe, porém. O Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, registra duas grafias para a
saudação: "bem-vindo" e "benvindo". Como o vocabulário tem força de lei, concluímos que essa
grafia também é possível.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/ortografia/hifen-atoa.htm ; acessado em
30/12/2007).

Cerca de – Veja: “Acerca de / cerca de, há cerca de”.

Clichê - O lugar-comum (ou chavão ou clichê) é a frase, a imagem, construção ou combinação de


palavras que se torna desgastada pela repetição excessiva e perde a força original. Deve ser
evitada o a todo custo no jornal, pois transmite ao leitor uma idéia de texto superado, envelhecido e
sem imaginação. Nem sempre, porém, o chavão tem origem remota: há também os casos de
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clichês recentes, difundidos principalmente pela televisão e pelo rádio e adotados inadvertidamente
pelos jornais. Veja os tipos mais usuais de lugares-comuns e algumas dezenas deles. Considere-os
exemplos de outros que deverão igualmente ser expurgados do noticiário:
1- As frases e locuções. Entre os chavões mais freqüentes, estão as locuções e combinações
invariáveis de palavras (sempre as mesmas, na mesma ordem) que também comprometem o texto.
Neste caso se enquadram ainda as frases feitas que, embora originárias da linguagem popular (dar
a volta por cima, por exemplo), terminam por se repetir à exaustão, produzindo o mesmo efeito do
lugar-comum. Eis os principais exemplos:
abertura de contagem
abrir com chave de ouro
acertar os ponteiros,
a duras penas
agarrar-se à certeza de
agradar a gregos e troianos
alto e bom som
ao apagar das luzes
aparar as arestas
apertar os cintos
à saciedade
às escâncaras
a sete chaves
atear fogo às vestes
atingir em cheio
a toque de caixa
baixar a guarda
banco dos réus
bater em retirada
cair como uma bomba
cair como uma luva
cantar vitória
carro-chefe
causar espécie
cavalo de batalha
chegar a um denominador comum
chover a cântaros
chover no molhado
chumbo grosso
colhido pelo ônibus
colocar um ponto final
com a rapidez de um raio
comédia de erros
como um raio
conjugar esforços
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consternou profundamente
coroado de êxito
correr por fora
cortina de fumaça
crivar de balas
dar com os burros n’água
dar mão forte a
dar o último adeus
debelar as chamas
de cabo de esquadra
deitar raízes
deixar a desejar
de mão beijada
depois de um longo e tenebroso inverno
desbaratada a quadrilha
de vento em popa
dirimir dúvidas
discorrer sobre o tema
dispensa apresentações
dizer cobras e lagartos
divisor de águas
do Oiapoque ao Chuí
em compasso de espera
empanar o brilho
em ponto de bala
em sã consciência
encerrar com chave ou com fecho de ouro
ensaiar os primeiros passos
entreouvido em...
esgoto a céu aberto
estourar ou explodir como uma bomba
faca de dois gumes
fazer as pazes com a vitória
fazer das tripas coração
fechar as cortinas
fechar com chave de ouro
fez o que pôde
ficar à deriva
fincar o pé
fugir da raia
hora da verdade
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inserido no contexto
jogar a pá de cal
jogar as últimas esperanças
jogo de vida ou morte
lavrar um tento
leque de opções ou de alternativas
levar às barras dos tribunais
literalmente lotado ou tomado
lugar ao sol
mão de ferro
morrer de amores
morto prematuramente
na ordem do dia
nau sem rumo
página virada
palavra de ordem
parece que foi ontem
passar em brancas nuvens ou em branco
perder o bonde da história
perdeu um ponto precioso
perdidamente apaixonado
petição de miséria
poder de fogo
pomo da discórdia
pôr a casa em ordem
pôr a mão na massa
pôr as barbas de molho
pôr as cartas na mesa
preencher uma lacuna
prendas domésticas
procurar chifre em cabeça de cavalo
propriamente dito
reencontrar o seu futebol
requintes de crueldade
respirar aliviado
reta final
sagrar-se campeão
saraivada de golpes
sentar-se no banco dos réus
tábua de salvação
tecer comentários ou considerações
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ter boas razões para


tirar do bolso do colete
tirar o cavalo da chuva
tiro de misericórdia
traído pela emoção
trazer à tona
treinar forte
trilar o apito
trocar farpas
via de regra
vias de fato
vida de cachorro
voltar à estaca zero
2 - As duplas. Existem substantivos e adjetivos que andam sempre aos pares, formando lugares-
comuns facilmente evitáveis. Veja alguns deles:
agradável surpresa
água cristalina
amarga decepção
briosa corporação
calor escaldante ou senegalesco
calorosa recepção
carreira meteórica
cartada decisiva
chuvas torrenciais
corpo escultural
crítica construtiva
dama virtuosa
desabalada carreira
doce esperança
doença insidiosa
duras críticas
eminente deputado ou senador
ente querido
escoriações generalizadas
esposa dedicada
ferros retorcidos
filho exemplar
fortuna incalculável
gesto tresloucado
grata satisfação ou surpresa
ilustre estirpe
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ilustre professor
ilustre visitante
impiedosa goleada
infausto acontecimento
inflação galopante
inteiro dispor
intriga soez
jogador voluntarioso
laços indissolúveis
lamentável equívoco
lance duvidoso
lauto banquete
manobra audaciosa
mera coincidência
obra faraônica
pai extremoso
parcos conhecimentos
pavoroso incêndio ou desastre
perda irreparável
pertinaz doença
pista escorregadia
poeta inspirado
prestigioso órgão
profundas raízes
profundo silêncio
rápidas pinceladas
recônditos rincões
relevantes serviços
rigoroso inquérito
semblante carregado
silêncio sepulcral ou tumular
singela homenagem
Sol escaldante
sólidas tradições
sólidos conhecimentos
sonho dourado
subida íngreme
suculenta feijoada
tarefa hercúlea
tradicionais estirpes
trágica ocorrência
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tumulto generalizado
último adeus
vaias estrepitosas
valoroso soldado
vetusto casarão
violento incêndio
viúva inconsolável
3 - As imagens. As pessoas cidades e coisas têm nomes: Criar imagens, apelidos ou definições que
os substituam só contribui para a disseminação de uma série de lugares-comuns que o jornal, por
sobriedade e bom senso, tem a obrigação e o dever de evitar. Jamais os utilize como opção para as
palavras que estão entre parênteses:
Garoto do Parque (Rivelino)
Galinho de Quintino (Zico)
Cidade Luz (Paris)
Cidade Maravilhosa (Rio)
esporte bretão ou esporte das multidões (futebol)
tríduo de Momo (carnaval)
precioso líquido (água)
astro-rei (Sol)
rainha da noite (Lua)
soldado do fogo (bombeiro)
próprio da Municipalidade (Pacaembu)
o maior estádio do mundo (Maracanã)
enlace matrimonial (casamento)
data magna da Cristandade (Natal)
tapete verde (gramado)
balão de couro (bola)
instrumento de trabalho (bandeirinha)
tiro de quina (escanteio)
profissional do volante (motorista)
4 - As idéias. Não são apenas as palavras, frases, construções ou duplas que se reproduzem ao
infinito nos textos, mas também as idéias ou formas de abrir as matérias. por isso, desconfie sempre
de imagens “diferentes” que surjam prontas na sua cabeça e tente lembrar-se se não passam de
recordações de outras que você já leu antes. A seguir algumas dessas fórmulas prontas que
aparecem com freqüência nas matérias de jornais e revistas especialmente:
a) Sonho-Pesadelo. A oposição sonho-pesadelo é uma delas e veja exemplos reais de como ela já
foi empregada em todo tipo de reportagem ou notícia, principalmente nos títulos e leads:
Casa própria, o sonho que vira pesadelo
Sonho de carro vira pesadelo nos consórcios
Classe média: acaba o sonho e começa mais um longo pesadelo
Aposentadoria o sonho que vira pesadelo a cada fim de mês
Ser o próprio patrão, outro sonho que virou pesadelo
Sonho brasileiro do tetra vira pesadelo
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O sonho de Israel virou pesadelo.


b) O D, P ou Z da DPZ. Repare quantas vezes você já leu:
Duailibi, o D da DPZ,
ou
Petit, o P da DPZ,
ou
Zaragoza, o Z da DPZ.
Lembre-se, então: a forma perdeu toda e qualquer originalidade.
c) O X da Xuxa. Pense o mesmo com relação a Xuxa. Ou você já não viu n vezes títulos como:
Xuva atrapalha o xou da Xuxa.
Xuxa xega a Xão Paulo.
Xuxa, rexeita de xuxexo.
d) Mestre Aurélio. Outra forma ultrabatida: escrever sobre um determinado tema e começar a
matéria pela definição do dicionário, em geral precedida de: “Segundo mestre Aurélio”. E segue-se a
explicação: brega é isto, corrupção é aquilo, leptospirose significa..., estrambótico quer dizer...
e) Se estivesse vivo... Além de óbvia, esta construção constitui outro lugar-comum a evitar. E, por
mais incrível que pareça, sua freqüência no noticiário chega a preocupar:
Se estivesse vivo, João de Almeida estaria completando hoje 90 anos.
E leva a absurdos como:
Se estivesse vivo, Ivan dos Santos estaria fazendo hoje 400 anos.
f) Não poderia imaginar... Outro chavão, em geral introduzido por quando:
Quando fez tal coisa, fulano não poderia imaginar que...
Quando recorreu ao Judiciário, o delegado tal não poderia imaginar que a sentença final lhe
seria desfavorável.
g) O fantasma. Mais uma imagem repetitiva de que convém fugir. Em geral, alguma coisa traz de
volta o fantasma de outra:
Desemprego traz de volta o fantasma da recessão de 83.
Corrida preços-salários traz de volta o fantasma da hiperinflação.
Decisão revive fantasma do AI-5.
Empresariado teme a volta do fantasma do grevismo.
h) Os russos estão chegando. Já se abusou do título do filme Os Russos Estão Chegando para
anunciar a visita, ao Brasil, de quaisquer grupos artísticos da União Soviética. Por isso, a expressão
perdeu o sentido.
i) Vem aí. Diga-se o mesmo do bordão “vem aí” para toda notícia referente ao animador Sílvio
Santos (Sílvio Santos vem aí para prefeito, por exemplo).
j) Do cardápio fez parte. Outra forma que o uso exagerado vulgarizou é esta: notícia-se um almoço
entre duas ou mais pessoas e segue-se a informação de que do cardápio fez parte a sucessão
presidencial, a fusão da empresa X com a Y ou qualquer outro assunto.
k) Também é cultura. Mais uma imagem empregada à exaustão:
Esporte também é cultura.
Verde também é cultura.
Ilusão também é cultura.
Quadrinho também é cultura.
Ecologia também é cultura.
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Enfim, tudo o que se quiser também é cultura.


(Nota do professor: alguns clichês do verbete estão desatualizados, assim como há novos
clichês que não constam do material relacionado.)
Veja também “comparações” e “impropriedades”.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Com você / Consigo (modos de usar) - O pronome "si" sempre tem valor reflexivo, isto é, retoma
o sujeito da oração. Assim: "Foi o advogado de si próprio". Nessa frase, seria incorreto o uso do
pronome "ele" ("dele próprio") no lugar de "si", construção, aliás, corriqueira.
Como o pronome "si" é reflexivo (pelo menos, no português do Brasil), não cabe a ele remeter ao
interlocutor numa frase como "Quero falar consigo amanhã". Nesse caso, a forma "consigo" foi
incorretamente empregada no lugar de "com você", "com o senhor", "com Vossa Excelência" ou
mesmo "contigo". "Consigo" é correto no sentido de "consigo próprio".
(Fonte: CAMARGO, Thaís Nicoleti de. O emprego dos pronomes pessoais. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u28.shtml ; acessado em
4/1/2008)

Comparações – Por transmitirem freqüentemente uma imagem afetada, quando não artificial, as
comparações devem ser usadas com extremo rigor ou evitadas, o que é sempre mais prudente.
Mesmo na linguagem coloquial, recomenda-se cautela. Atente para alguns maus exemplos (reais)
do recurso às comparações:
Para sua substituição, há tantas possibilidades quanto estrelas no universo.
A cidade no Natal volta a ficar movimentada como um formigueiro.
Ele reclamou feito um louco.
Estava apanhando mais do que Judas em sábado de Aleluia.
Soltava fogo pelo nariz como um dragão.
Uma vez aberto o pacote, as promessas vão para o lixo, como o papel dos embrulhos.
As bandas de rock surgem e somem como cogumelos ou definham tão celeremente quanto
libélulas.
Ficou perdido como um náufrago.
Embora não constituam propriamente comparações, existem imagens de reforço da frase que têm
quase a mesma função e incorrem em idêntico tipo de risco:
Uma avalanche de fotógrafos cercou o artista.
Havia na sala um clima de velório.
Esperava-se um calor de rachar catedrais.
Devem ser evitadas a todo custo, em benefício da objetividade. (Veja também “clichê”, “óbvio” e
“impropriedade”)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Concordância -
concordância nominal - Preste atenção ao cortar e reescrever textos. É deste trabalho que surgem
os piores erros de concordância nominal:
A medida foi criticados
Aparelhagem de microscopia mal regulado
Esse tipo de erro ocorre quando o redator troca um substantivo por outro de gênero ou número
diferentes -decretos por medida, aparelho por aparelhagem- e não adapta o adjetivo. Redobre a
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atenção com períodos longos.


Tome cuidado também com as construções em que um adjetivo qualifica mais de um substantivo:
A casa e o prédio velhos
Foi confiscada a carne e o gado
Aplique nesses casos regras análogas às da concordância verbal, expostas no próximo verbete.
Lembre-se de que em português o masculino prevalece sobre o feminino: Alexandra e Herculano
são bons autores.
concordância verbal - Há uma única regra: o verbo concorda em número (singular ou plural) e
pessoa (1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito da oração. É errado dizer nós vai ou ele são, como qualquer um
percebe. Mas logo surgem as dificuldades: mais de um é ou mais de um são? Existe Deus e o diabo
ou existem Deus e o diabo? Em geral, as duas construções são admitidas e podem ter significados
diferentes.
A maioria das dificuldades ocorre quando coexistem palavras de caráter fortemente plural e singular
no mesmo sujeito:
a) Coletivos - Às vezes, as idéias de plural e singular existem ao mesmo tempo numa única palavra.
É o caso dos coletivos. A palavra exército, mesmo no singular, encerra a idéia de plural (um exército
é composto de vários soldados). Ninguém escreve o exército são. Mas Alexandre Herculano
escreveu: "Vadeado o rio, a cavalgada encaminhou-se por uma senda tortuosa que ia dar à entrada
do mosteiro, onde desejavam chegar". Trata-se da concordância lógica (também chamada
ideológica ou siléptica) que se opõe à concordância gramatical. Evite esse tipo de construção;
prefira o singular: A maioria acredita no governo.
Mas atenção: tanto faz escrever a maioria dos entrevistados acreditam quanto acredita. Havendo
um substantivo seguido da preposição de e de outro substantivo ou pronome formando um partitivo,
o verbo pode ir para o plural (concordância lógica) ou singular (concordância gramatical),
dependendo da ênfase que se quer dar. O uso do singular reforça a idéia de conjunto. O plural, a de
individualidade dos membros do conjunto.
Há casos em que a concordância lógica é preferível:
A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras são desquitadas
A campanha prevê que 1 milhão de crianças sejam vacinadas
De acordo com a concordância gramatical, os períodos ficariam:
A pesquisa revelou que 1% das mulheres brasileiras é desquitado
A campanha prevê que 1 milhão de crianças seja vacinado
b) Um - Este numeral está impregnado de singularidade. Quando faz parte de um sujeito
logicamente plural, carrega o verbo para o singular:
Cada um daqueles deputados era servido por 40 motoristas
Mais de um brasileiro deseja ganhar na loteria.
Exceção:
Mais de um ministro se cumprimentaram na recepção (porque há idéia de reciprocidade).
Tome cuidado com a expressão um dos que, que de preferência deve ser acompanhada de plural.
Mas atenção: a concordância pode alterar o sentido da frase:
Schwartzkopf foi um dos generais que mais se distinguiram na Guerra do Golfo (ele se
distinguiu, entre outros generais que também se distinguiram),
mas
Schwartzkopf foi um dos generais que mais se distinguiu na Guerra do Golfo (ele foi o que
mais se distinguiu);
O Sena é um dos grandes rios que passa por Paris (é o único grande rio que passa por
Paris).
Evite esta última construção, que é muito sutil para texto noticioso.
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As expressões um e outro e nem um nem outro podem ser usadas tanto com plural como com
singular, indistintamente: um e outro é bom ou um e outro são bons. Prefira o plural se a expressão
vier acompanhada de um substantivo: um e outro homem são bons.
Também costumam apresentar dificuldade os seguintes tópicos:
a) Ou - Use o singular se ou introduzir idéia de exclusividade:
Nicodemo ou Aristarco será eleito presidente (apenas um deles será eleito)
Se os dois agentes puderem realizar a ação, o verbo vai para o plural:
Nicodemo ou Aristarco devem chegar nos próximos minutos
b) Nem - Pode levar o verbo para o plural ou o singular, indistintamente.
Nem Ulisses nem Eneas será eleito presidente
Nem Ulisses nem Eneas serão eleitos presidente;
c) Com - Se a relação for de igualdade, o verbo vai para o plural:
O general com seus oficiais tomaram o quartel
Se os elementos não têm a mesma participação, o verbo vai para o singular:
Bush com seus aliados venceu o Iraque
Esse tipo de concordância também vale para expressões como não só... mas também, tanto...
como, assim... como. Esse tipo de construção é precioso demais para textos noticiosos;
d) Verbo antes do sujeito composto - Nestes casos, o verbo pode concordar com o elemento mais
próximo ou com o conjunto:
Estréia o filme e a peça
ou
Estréiam o filme e a peça
Use o plural se o sujeito composto for uma sucessão de nomes próprios ou se a ação for de
reciprocidade:
Adoeceram Maria, Carla e Paula
Enfrentam-se Corinthians e Palmeiras
Essas construções também são preciosas demais para ser usadas em textos noticiosos;
e) Gradação/resumo - Sujeitos compostos devem ser conjugados com o verbo no singular se
constituírem uma gradação:
Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o joão-ninguém, agora é cédula de Cr$
500,00! (Carlos Drummond de Andrade).
O singular também vale para sujeitos compostos resumidos por palavras como tudo, nada,
ninguém, nenhum, cada um:
Jogo, bebida, sexo e drogas, nada pôde satisfazê-lo
f) Pronomes - Eu e tu somos, tu e ele sois, eu e ele somos. A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª, que
prevalece sobre a 3ª. Essas construções são raras no jornalismo.
Se o pronome pessoal vier antecedido de interrogativos ou indefinidos como quais, quantos, alguns,
poucos, muitos, na norma culta, o verbo concorda com o pronome pessoal:
Poucos de nós conhecemos a gramática
Admite-se também a concordância mais coloquial com o indefinido ou interrogativo
Poucos de nós conhecem a gramática
g) Quem/que - Sou um homem que pensa ou sou um homem que penso, mas sou eu quem fala.
Com quem o verbo vai sempre para a 3ª pessoa;
h) Pronomes de tratamento - O verbo e o pronome possessivo ficam sempre na 3ª pessoa
Vossa santidade deseja sua Bíblia?
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Se houver um adjetivo, ele concorda com o sexo da pessoa a que se refere:


Sr. governador, vossa excelência está equivocado;
i) Sujeitos infinitivos - Quando o sujeito de uma frase é uma sucessão de infinitivos genéricos, use o
singular:
Plantar e colher não dá dinheiro
Se os infinitivos forem determinados, plural:
O comer e o beber são necessários à saúde
j) Nomes próprios - Se o sujeito é um nome próprio plural e estiver ou puder estar precedido de
artigo, use o plural:
Os EUA lançaram um ultimato a Saddam Hussein
Os Andes são uma cadeia de montanhas
As Filipinas são um arquipélago.
Outros nomes perderam a idéia de plural:
O Amazonas corre em direção ao mar
Minas Gerais é um Estado brasileiro
Alagoas tem belas praias
l) Nomes de obras - Mesmo no plural, dê preferência ao singular:
"Os Pássaros" é um filme de Hitchcock
"Os Lusíadas" é a obra-prima de Camões
m) Nomes de empresas - O verbo também pode ir para o singular quando o sujeito é um nome de
empresa no plural:
Lojas Arapuã adota nova estratégia, ou adotam nova estratégia
n) Concordância por atração - Em frases com o verbo de ligação ser, o verbo pode concordar com
qualquer elemento (sujeito ou predicativo). Em geral, concorda com o mais forte:
Isto são histórias
O que trago são fatos
Emília era as alegrias da avó
Dois milhões de dólares é muito dinheiro
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Consigo / com você (modos de usar) – Consulte Com você / Consigo (modos de usar)

Crase - Contração do artigo definido feminino a com a preposição a. Em vez de se grafar aa, grafa-
se à. A pronúncia correta é a. Só se usa crase quando uma palavra (substantivo ou adjetivo) exigir a
preposição a e houver um substantivo feminino que admita o artigo a ou as:
Vou à escola
Assim, é erro grave colocar crase antes de nomes masculinos ou verbos ou pronomes, pois esses
termos (salvo em raras exceções) não admitem artigo feminino. Estão erradas as construções: Vou
à pé, ele está à sair, entrega à domicílio, venda à prazo, direi à ela, não contou à ninguém. Também
não se usa crase quando a preposição a estiver seguida de palavra no plural: discursou a
autoridades, presta socorro a vítimas. O mesmo vale para expressões em que já houver uma
preposição antes da preposição a: foram até a praça, ficaram até as 19h.
Há uma regra geral que dá conta da maioria dos casos: troque a palavra feminina por outra
masculina. Se na substituição for usada a contração ao, haverá crase. Caso contrário, não:
estar à janela porque se diz estar ao portão
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às três horas porque se diz aos 42 minutos


entregou o documento a essa mulher
porque não se diz
entregou o documento ao esse homem
assistiu a uma boa peça
porque não se diz
assistiu ao um bom filme.
Em algumas poucas expressões é difícil substituir o termo feminino por outro masculino. Nesses
casos, troque o a por uma outra preposição e veja se o artigo sobrevive:
O carro virou à direita
porque se diz
O carro virou para a direita
A substituição do feminino pelo masculino também não funciona para nomes de países ou cidades.
Para saber se ir a Roma leva crase, substitua os verbos ir ou chegar por vir ou voltar. Se o resultado
for a palavra da, haverá crase:
Vou à França
porque
volto da França
mas
Vou a Roma
porque
Volto de Roma
Casos especiais:
a) Há crase antes de palavras masculinas se estiver subentendida a expressão à moda de ou à
maneira de: móveis à Luís 15, filé à Chateaubriand. Também se pode dizer Vou à João Mendes.
Neste caso, está subentendido o termo praça.
b) A crase também deve ser usada em locuções adverbiais com termos femininos: às vezes, às
pressas, à primeira vista, à medida que, à noite, à custa de, à procura de, à proporção que, à toa, à
uma hora (uma é numeral e não artigo indefinido). Nestes casos, a regra geral de substituir por
palavra masculina não funciona.
c) Em outras locuções, como à vela, à bala, à mão, à máquina, à vista o uso da crase é optativo.
Serve para esclarecer o sentido da frase. Receber a bala pode significar receber a bala no corpo ou
receber os visitantes à bala. Aqui também não funciona a regra geral de substituir por palavra
masculina.
d) Nomes de países ou cidades femininos que normalmente repelem o artigo levam crase se
estiverem qualificados: Voltou à Roma de César; Viajou à bela Paris.
e) É possível usar crase em pronomes demonstrativos aquele, aquilo, aquela, a, as: Ele não se
referiu àquele deputado; O presidente se dirigiu àquela casa; O padre nunca se adaptou àquilo; A
capitania de Minas Gerais estava ligada à de São Paulo; Falarei às que quiserem me ouvir. Haverá
crase se houver necessidade do uso de preposição antes do pronome.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Crase 2 - 1. Introdução
Crase é o fenômeno da contração de duas vogais semelhantes. Emprega-se o acento grave (`) para
marcar a crase de dois aa.
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2. Casos em que ocorre a crase


A(preposição)+a(artigo feminino)
Exemplo: Amanhã iremos à praia (preposição a+a artigo feminino de “a praia”)
A(preposição)+a inicial de pronomes “aquele” e variados
Exemplo: Amanhã iremos àquela praia que lhe falei (preposição a+a inicial de “aquela”)
A(preposição)+a(do pronome relativo “a qual”ou “a quais”)
Exemplo: Descobri a localização da praia à qual você se referiu (preposição a+a do pronome
relativo “a qual”)
A(preposição)+a(pronome demonstrativo)
Exemplo: A sacola que comprei para passear na praia é igual à de sua irmã (preposição a+a do
pronome demonstrativo)
3. Casos em que não ocorre a crase
Antes de palavra masculina
Exemplo: Gostava de andar a cavalo
Observação: Frases onde “à moda de” está subentendida há o sinal indicativo de crase (Usava
sapatos à Luís XV)
Antes de verbo
Exemplo: Estou disposto a colaborar
Antes da maioria dos pronomes, por eles não admitirem artigo
Exemplo: Dirijo-me a Vossa Excelência com todo respeito
Observação: Entre os pronomes de tratamento excetuam-se “senhora” e “senhorita”, já que
admitem artigo (Peço à senhora que fique mais um pouco)
Antes de palavras no plural que não são definidas pelo artigo
Exemplo: Não tem o hábito de ir a reuniões de condomínio
Antes das palavras “casa” e “terra” quando não tiverem elementos modificadores
Exemplo: Chegaram a casa e não disseram nada
Observação: Quando essas palavras aparecem com modificadores há crase (As naus voltaram à
terra de origem)
Nas locuções adverbiais formadas por elementos repetidos
Exemplo: Gota a gota a água cairá no balde
Na expressão “a distância”
Exemplo: Os pais observavam os filhos a distância
Observação: Se, porém, essa expressão aparecer determinada, haverá crase (Os pais observavam
os filhos à distância de uns cem metros)
4. Casos em que a crase é facultativa
Antes de nomes próprios femininos referente a pessoas
Exemplo: Refiro-me a Ana Cristina
Refiro-me à Ana Cristina
Antes de pronomes possessivos femininos
Exemplo: Não me referi a sua capacidade
Não me referi à sua capacidade
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
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Crase 3 - locuções adverbiais


Disse-me o professor José T. B. Neto, de Umuarama / PR: "Tenho certa resistência em grafar
ensino a distância, sem o acento grave indicativo de crase, como é comum encontrar nos
documentos exarados pelo MEC. Alguns autores classificam tal ocorrência como CRASE
FACULTATIVA. (...)"
Não está errado o Ministério da Educação. Mas eu, assim como o professor, prefiro usar o acento –
nessa e em outras locuções adverbiais que indicam circunstância. O motivo é que a ausência do
acento pode deixar o texto ambíguo. Em "ensinar/estudar a distância", por exemplo, fica-se com a
impressão de que é a distância que está sendo ensinada ou estudada. É o mesmo caso de viu a
distância, escreveu a distância, curou a distância, fotografe a distância, permanece a distância [= a
distância permanece] e assim por diante, frases que parecem melhor com o acento indicativo de
crase (que por questões didáticas também chamamos apenas de ‘crase’): viu à distância, escreveu
à distância, curou à distância, fotografe à distância, permanece à distância.
Com a distância determinada, especificada, o a deve ser acentuado:
Fotografe à distância de um metro.
A casa à venda fica à distância de uns 10 km daqui.
Já na frase "Compramos uma chácara a grande distância daqui" não há crase, porque está
subentendido o artigo indefinido: a (uma) grande distância.
Outras expressões de circunstância
Nas locuções adverbiais com palavras masculinas, como: a pé, a caminho, a cavalo, a frio, a gás, a
gosto, a lápis, a meio pau, a nado, a óleo, a pé, a postos, a prazo, a sangue-frio, a sério, a tiracolo,
a vapor etc. não se acentua o a, que é uma simples preposição.
Nas locuções femininas, contudo, embora esse a possa ser só preposição – e se sabe que a crase
é a fusão da preposição a com o artigo a –, é de tradição no Brasil crasear o a por motivo de
clareza. Compare nos exemplos abaixo o significado da frase sem a crase e com ela:
Foi caçada a bala (a bala foi caçada). – Foi caçada à bala.
Bateu a máquina (deu um choque ou pancada...). – Bateu à máquina.
Cortou a faca (cortou-a / cortou a própria faca). – Cortou à faca.
Vendeu a vista (vendeu os olhos). – Vendeu à vista.
Coloquei a venda (faixa nos olhos). – Sim, coloquei à venda.
Tranquei a chave (a chave foi trancada). – Tranquei à chave.
Pagou a prestação (pagou-a). – Pagou à prestação (em prestações).
Outras frases com diferenças bastante óbvias:
Lavar a mão. Lavar à mão.
Lavar a máquina. Lavar à máquina.
Fazer a mão. Fazer à mão.
Veio a tarde. Veio à tarde.
Combateremos a sombra. Combateremos à sombra.
Aguardavam a cabeceira do doente. Aguardavam à cabeceira do doente.
É por essa questão de clareza que se recomenda e geralmente se acentua o a nas locuções
adverbiais de circunstância, mesmo não sendo ele rigorosamente a fusão de a + a. Para finalizar,
outros exemplos: à disposição, às avessas, à beira-mar, às centenas, às escondidas, à frente, à
mão armada, às mil maravilhas, à noite, às ordens, à paisana, à parte, à perfeição, à primeira vista,
à revelia, à risca, à solta, à toa, à vela, às vezes, à vontade.
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz . Ensino à distância - crase com locuções adverbiais
- Outras expressões de circunstância. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=41&rv=Gramatica. Acessado em 13/4/2008).
Pág. 74- 169 páginas

Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de usar) – "Outra dúvida e que está
caindo direto em concursos é quanto à contração da preposição com o artigo antes de um
substantivo, como no exemplo: Corrente de peso tem defendido a possibilidade de a União
conceder isenções de quaisquer tributos no âmbito do Direito Internacional."
"Há um erro que volta e meia encontro em jornais e revistas. Veja este exemplo: Apesar dos
políticos serem corruptos, o Brasil progride. Como ‘os políticos’ é o sujeito do verbo ser, não pode
contrair-se com a preposição ‘de’. E a frase correta é: Apesar de os políticos serem corruptos, o
Brasil progride. [...]
Para começo de conversa, devemos observar a presença imprescindível do verbo no infinitivo [p.
ex. conceder, ser] nesse tipo de estrutura frasal. A mencionada contração pode ocorrer na seguinte
seqüência: preposição DE + artigo o,a + substantivo + INFINITIVO. Ou então DE + ele/ela +
INFINITIVO. Isso porque na fala há uma natural contração do DE com a vogal seguinte, ficando
DA, DO, DELE, DELA. Entretanto, pela gramática normativa, não se deve fazer isso na escrita
porquanto "não existe sujeito preposicionado".
Assim, quando se diz, por exemplo, "Está na hora da onça beber água", a onça, sujeito do infinitivo
‘beber’, fica precedida por uma preposição "atentatória" às normas gramaticais. Só que em alguns
casos realmente não soa bem a separação da preposição, especialmente neste em que temos uma
frase-feita. Dizer "Está na hora de a onça beber água" descaracterizaria a expressão. Mas num
texto formal (e nos concursos!) se trocaria a frase Está na hora do governo intervir no câmbio por
Está na hora de o governo intervir no câmbio.
O bom redator deve conhecer a matéria e ter critério no seu uso, começando por perceber que a
maior parte dessas construções acontece com as expressões o/pelo fato de, apesar de, antes de,
depois de, a possibilidade/o direito de. A confirmar:
Outro ponto delicado é o fato de a droga ser injetável, gerando discussão sobre o manuseio
e descarte das seringas infectadas pelo sangue do usuário com o HIV.
Apesar de a Sars se mostrar altamente contagiosa, não se sabe ainda a velocidade de
expansão da epidemia.
Mágoas, ele tem algumas, especialmente depois de a Justiça não ter levado em conta sua
vida antes do crime.
Há rumores sobre a possibilidade de o grupo negociar sua rendição.
Essa ação não elide o direito de o credor ver cumprida a liminar.
Nas frases em que está presente um substantivo tal como direito ou possibilidade é possível deixar
a contração, porém repetindo a prep. DE: "Essa ação não elide o direito do credor de ver cumprida
a liminar".
Embora malvista em situação formal, devo dizer que essa contração se encontra até em bons
textos, e no correr da leitura poucos reparam na sua "impropriedade":
Apesar do artigo 10 vedar...
Apesar da ação ter transcorrido...
Pelo fato do filho do autor ser menor de idade...
Antes da chuva cair...
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz . O fato de o português ser assim. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=152&rv=Gramatica. Acessado em 2/1/2008).

De a (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


usar)

De ela (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


usar)

De ele (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


Pág. 75- 169 páginas

usar)

De o (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


usar)

Declarações – 1 - A reprodução de declarações textuais (entre aspas) é Importante e valoriza o


texto. E principalmente mostra ao leitor que houve preocupação do repórter em recolher opiniões ou
frases originais, expressivas, marcantes, de efeito ou espirituosas.
2 - É preciso, porém, ter o senso exato da medida: nem declarações textuais em excesso, que
dêem ao leitor a impressão de informações derramadas na lauda sem nenhum critério, nem
declarações textuais de menos, que não permitam ao leitor ao menos saber se o repórter
efetivamente falou com o entrevistado ou se apenas recolheu informações de segunda mão sobre
as suas opiniões.
3 - Algumas recomendações de ordem prática sobre como utilizar este recurso:
a) Procure usar declarações textuais a cada um ou dois parágrafos da matéria. Uma frase por
parágrafo já seria uma boa medida e ela funcionaria quase como uma testemunha que confirmasse
a história ou fato que o repórter quer levar ao leitor. Exemplo:
A queda de uma barreira provocou congestionamento de 20 quilômetros na Marginal do
Pinheiros, em São Paulo. "Foi horrível", disse a advogada Denise Barros, que ficou presa no
trânsito durante quatro horas.
O texto conta uma história e usa a personagem para lhe dar veracidade. O leitor tenderá a confiar
mais nas informações que lhe estão sendo transmitidas (não é só o repórter que está dizendo
aquilo; outra pessoa está confirmando a informação).
b) É preciso, no entanto, saber usar bem as aspas. Veja como a frase seria reproduzida
erradamente:
A advogada Denise Barros, que passava pelo local, diz que “foi horrível ficar presa no
trânsito durante quatro horas”.
O recomendável:
“Foi horrível”, disse a advogada Denise Barros, que passava pelo local. "Fiquei presa no
trânsito durante quatro horas.”
Repare que não há necessidade de nenhum outro verbo declarativo depois da segunda frase: fica
claro que é a mesma pessoa quem fala.
c) Não coloque nunca ponto para dar continuidade a uma declaração entre aspas. Por exemplo:
“Foi horrível. Fiquei quatro horas presa no trânsito”, disse a advogada Denise Barros.
O certo é quebrar a frase ao meio:
“Foi horrível”, disse a advogada Denise Barros. “Fiquei quatro horas presa no trânsito.”
d) Apenas na transcrição de trechos de discursos, pronunciamentos, documentos oficiais, ordens do
dia e mais alguns poucos textos como esses, será permitida a inclusão de mais de uma frase entre
aspas. Mesmo assim, a indicação virá sempre antes do trecho reproduzido, e nunca depois. O
certo:
Explicou o presidente: "Em 1950, havia dois partidos de um só criador, Getúlio Vargas. Os
líderes do PSD não tinham o menor constrangimento em votar no candidato do PTB. Afinal,
eram todos ex-governadores nomeados por ele. A situação agora é muito diferente."
O errado:
"Em 1950, havia dois partidos de um só criador, Getúlio Vargas. Os líderes do PSD não
tinham o menor constrangimento de votar no candidato do PTB. Afinal, eram todos ex-
governadores nomeados por ele. A situação agora é muito diferente", explicou o presidente.
Em entrevistas ou na reprodução de declarações isoladas, esta forma está vetada.
e) Finalmente, não despeje sobre o leitor uma torrente interminável de aspas, como neste exemplo:
A prefeita Luiza Erundina declarou que “o problema dos ambulantes vai ser resolvido” e que
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“o centro da cidade ficará limpo até o final do mês”, porque “o compromisso do PT é com a
população de São Paulo” e não apenas “com os que votaram nos candidatos do partido”.
4 - Nunca deixe de colocar entre aspas as palavras e expressões contundentes, redundantes ou
óbvias que, pela estrutura da frase, possam ser atribuídas pelo leitor ao jornal, quando na verdade
são do entrevistado:
O time entrará em campo amanhã, “a menos que seja novamente burlado em seus direitos”,
advertiu o presidente.
Para o economista, o orçamento municipal é simplesmente “irresponsável”.
O assaltante disse estar arrependido do crime, embora saiba que isso "não traz a menina de
volta".
5 - Não recorra às declarações textuais apenas como forma de contornar as dificuldades que você
esteja tendo para traduzir as informações ou opiniões do entrevistado. Mesmo que este diga, por
exemplo, que o vulto era de difícil visualização, você, com maior propriedade, escreva
simplesmente: Segundo o entrevistado, a pessoa (ou figura ou vulto) era difícil de identificar (ou
distinguir ou ver).
6 - Embora as declarações entre aspas devam transcrever com fidelidade as palavras do
entrevistado, adapte o texto às normas gramaticais, acerte as concordâncias, elimine as repetições
muito freqüentes e contorne os vícios de linguagem, A menos, claro, que haja alguma razão para se
manter literalmente o texto.
7 - A adaptação do texto às normas lingüísticas não deve, porém, permitir que ele assuma caráter
artificial. Uma jovem cantora, por exemplo, dificilmente diria frases como estas que lhe foram
atribuídas:
“Tudo entre nós sempre foi resolvido no seio da família”
ou
“Meu pai não pôde aceitar ver-me posar nua para uma revista”.
A expressão “seio da família” e a forma “não pôde aceitar ver-me posar” soam falsas no contexto.
8 - Pode haver casos em que convenha ressaltar os erros ou as formas estranhas das declarações
textuais, Nesse caso, nunca deixe de acrescentar um sic, entre parênteses, logo após o erro ou a
afirmação.
9 - Declarações textuais só devem abrir matéria quando forem realmente de grande importância:
“O Brasil voltará a honrar seus compromissos.” Com esta declaração, o ministro X pôs fim
ontem à moratória que o Brasil havia decretado um ano antes.
10 - Não permita que a declaração entre aspas mude o sujeito da oração, transformando o discurso
indireto em direto:
O prefeito garantiu que “eu não permitirei esse descalabro”.
O sujeito estava na terceira pessoa (garantiu) e passou para a primeira (permitirei), quebrando o
ritmo e a estrutura do texto. Casos semelhantes podem ser contornados por construções como:
“Não permitirei esse descalabro”, garantiu o prefeito.
O prefeito garantiu: "Não permitirei esse descalabro”.
O prefeito garantiu que não permitirá "esse descalabro".
outros exemplos igualmente inaceitáveis:
O presidente disse que "chegou ao meu conhecimento que...”
O diretor da TV informou que, "se nós tivéssemos obtido a liminar...”
O maestro afirmou que "podemos muito bem fazer um hino...”
A modelo acha que tem um lado sensual “do qual muito me orgulho”.
O ditador reservava seu tempo livre “para aprofundar-me em assuntos como história e
economia”.
11 - Mesmo que não altere a pessoa do verbo, o uso de pronomes possessivos (nosso, seu, sua,
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etc.) também indica a mudança do sujeito:


Disse que durante o dia “desempenhava muito bem suas funções na cozinha”.
A única coisa que ele poderia ter dito era:
“Durante o dia, desempenhava minhas funções na cozinha.”
Outros exemplos errados:
O empresário afirmou também que “tudo será feito na nossa (a empresa é sua também?)
empresa para conquistar o mercado de supergelados”.
Segundo o artista, “ninguém muda o meu (meu quem? Do artista ou do repórter?) pensamento”.
12 - Abra e feche aspas cada vez que truncar uma declaração por observações introduzidas no
texto:
“A Nação”, prosseguiu o deputado, “espera agora que o governo finalmente revele os nomes
dos corruptos.”
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Dela (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


usar)

Dele (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


usar)

Dia-a-dia / dia a dia (modos de usar) - A expressão "dia a dia" é com hífen?
Se você consultar um dicionário, terá como resposta "dia-a-dia". Exatamente assim, com hífen.
Mas... não se dê por satisfeito, não. O uso do hífen depende do caso. Veja o texto deste anúncio, de
um shopping center de São Paulo, veiculado em outdoors:
O dia-a-dia das mães é aqui.
No anúncio, "dia-a-dia" é sinônimo de "cotidiano". A expressão está substantivada e grafa-se com
hífen.
Dia-a-dia = cotidiano
"Dia a dia" pode ser escrita sem hífen também, como na canção "Pacato cidadão", gravada pelo
Skank:
Pacato cidadão, te chamei a atenção
não foi à toa, não
C’est fini la utopia mas a guerra todo dia
dia a dia, não
Tracei a vida inteira planos tão incríveis
Tramo a luz do sol
Apoiado em poesia e em tecnologia
Agora a luz do sol
Nesse caso, "dia a dia" não tem o sentido de "cotidiano". Quer dizer antes "diariamente", "todo dia".
Trata-se de um advérbio. Nesse caso, o hífen está dispensado.
dia a dia = dia após dia, diariamente
Veja outros exemplos de "dia a dia" sem hífen:
Ela melhora dia a dia.
Ela melhora dia após dia.
Ela melhora diariamente.
A expressão "dia-a-dia", portanto, só é grafada com hífen quando é substantivada, quando aparece
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na frase como substantivo.


Por essas e por outras, preste sempre atenção quando for consultar o dicionário. Deixe a pressa de
lado e leia o verbete até o fim.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro.Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/ortografia/hifen-dia-a-dia.htm ; acessado em
30/12/2007).

Discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre - O português, como outras línguas,
apresenta normas textuais para nos referirmos, no enunciado, às palavras ou pensamentos de
responsabilidade do nosso interlocutor, mediante os chamados discurso direto, discurso indireto e
discurso indireto livre.
No discurso direto reproduzimos ou supomos reproduzir fiel e textualmente as nossas palavras e as
do nosso interlocutor, em diálogo, conforme vimos nos exemplos nas orações ou períodos
intercalados de citação, com a ajuda explícita ou não de verbos como disse, respondeu, perguntou,
retrucou ou sinônimos (os chamados verbos dicendi). Às vezes, usam-se outros verbos de intenção
mais descritiva, como gaguejar (do exemplo, a seguir, de Graciliano Ramos), balbuciar, berrar, etc.
São os sentiendi, que exprimem reação psicológica do personagem (nota do professor: os verbos
sentiendi costumam ser evitados no jornalismo tradicional). No diálogo a sucessão da fala dos
personagens é indicada por travessão (outras vezes, pelos nomes dos intervenientes):
Uma vez em que me extenuava na desgraçada tarefa percebi um murmúrio:
- Lavou as orelhas hoje?
- Lavei o rosto, gaguejei atarantado
- Perguntei se lavou as orelhas.
- Então? Se lavei o rosto, devo ter lavado as orelhas.
No discurso indireto os verbos dicendi se inserem na oração principal de uma oração complexa
tendo por subordinada as porções do enunciado que reproduzem as palavras próprias ou do nosso
interlocutor, Introduzem-se pelo transpositor que, pela dubitativa se e pelos pronomes e advérbios
de natureza pronominal quem, qual, onde, como, por que, quando, etc., já vistos antes:
Perguntei se lavou as orelhas.
O discurso direto em:
José Dias recusou, dizendo: É justo levar a saúde à casa de sapé do pobre.
passa a discurso indireto, em que se transpõe o presente e o discurso direto para o pretérito
imperfeito do indireto:
José Dias recusou, dizendo que era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre.
O discurso indireto livre consiste em, conservando os enunciados próprios do interlocutor, não fazer-
lhe referência direta (nota do professor: não se usa discurso indireto livre no jornalismo).
Como ensina Mattoso Câmara, mediante o estilo indireto livre reproduz-se a fala dos personagens -
inclusive do narrador – sem “qualquer elo subordinativo com um verbo introdutor dicendi”. Se
tomássemos o exemplo acima de Dom Casmurro, bastaria suprimir a forma verbal dizendo e
construir dois períodos independentes com as duas partes restantes:
José Dias recusou. Era justo levar a saúde à casa de sapé do pobre.
Uma particularidade do estilo indireto livre é a permanência das interrogações e exclamações da
forma oracional originária, ao contrário do caráter declarativo do estilo indireto. Mattoso Câmara cita
um trecho de Dom Casmurro em que D. Glória tenta demover Pádua da idéia de suicídio (por lhe ter
mudado a vida financeira de repente, mediante um enunciado em estilo indireto livre a partir do
segundo período):
Minha mãe foi achá-la à beira do poço, e intimou-lhe que vivesse. Que maluquice era aquela
de parecer que ia ficar desgraçado, por causa de uma gratificação menos, e perder um
emprego interino? Não, senhor, devia ser homem, pai de família, imitar a mulher e a filha...
Em suma, o discurso indireto livre "estabelece um elo psíquico entre o narrador e o personagem que
fala (...): o narrador associa-se ao seu personagem, transpõe-se para junto dele e fala em uníssono
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com ele".
(Fonte: Excerto do texto: BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de
Janeiro : Lucerna, 2001, p. 353-354).

Divisa / Limite / Fronteira - Entre países: fronteira.


Entre estados: limite.
Entre municípios: divisa.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Dizer (verbo dicendi) - Em princípio, os verbos mais recomendáveis para textos que envolvam
declarações são os insubstituíveis dizer, afirmar, declarar, garantir, prometer e poucos mais.
No seu lugar, podem ser usados outros, desde que com muito critério, entre os quais acreditar,
achar, julgar, admitir, esclarecer, explicar, concluir, prosseguir, etc.
O que não é viável é o uso indiscriminado de pretensos substitutos que na verdade não se prestam
a textos declaratórios ou não têm o sentido que às vezes lhes é atribuído. Veja exemplos
inaceitáveis, todos reais:
“O senhor é de direita ou de esquerda?”, inaugurou fulano (era um repórter dando inicio a
uma entrevista coletiva).
“A polícia é como um corpo tomado 80% pelo câncer”, dispara friamente o delegado.
“O que o candidato de vocês acha da chapa Quércia-Arraes?”, perguntou. “Nada”, cortou
Braz (ele não estava cortando nada).
“Eu gosto é de fazer gol aos 46 minutos do segundo tempo", festejou Milton Reis (repare que
o Milton Reis não está festejando nada).
“A caverna foi formada pelo trabalho das águas que, há muitos anos, pressionaram a rocha e
conseguiram um buraco deste tamanho”, exibe, abrindo os braços (exibe por declara).
“Tenho maioria dos votos do Norte e Nordeste do País e não terei dificuldade de vencer o
prefeito”, comemora (ele está prevendo ou garantindo, mas não comemorando).
“Os professores ganham mal, e estamos com eles nesta batalha, mas as aulas também
andam bem ruins", polemiza a presidente (ela estava dando entrevista e “polemizando”
sozinha).
“Concordo: a sociedade não quer pornografia”, saudou Sandra Cavalcanti (o que ela está
saudando?).
“Acho esse índice de mortalidade muito elevado”, espanta-se, fulano (que na verdade está
opinando, e não se espantando).
Essa prática encerra três riscos:
a) Editorialização. O texto tende a ser opinativo, porque o repórter ou copy atribui juízos de valor às
declarações do entrevistado. E a norma do Estado é deixar a opinião para os editoriais.
b) Artificialidade. Alguém usa palavras como sentencia, sustenta, confidencia, enfatiza, embasa,
notifica e outras semelhantes?
c) “Originalidade”. Inconscientemente, o jornalista participa de uma competição de originalidade que
todos sabem onde começa, mas nunca onde vai terminar.
Veja alguns verbos que você pode usar, desde que expressem com precisão as declarações a
reproduzir: acentuar, achar, aconselhar, acreditar, acrescentar, acusar, adiantar, admitir, advertir,
advogar, afirmar, alarmar-se, alegar, alegrar-se, alertar, ameaçar, analisar, antecipar, anunciar,
apontar, apregoar, aprovar, argumentar, assegurar, atestar, avaliar, avisar, brincar, calcular, citar,
cobrar, comentar, complementar, completar, conceituar, conciliar, conclamar, concluir, concordar,
condenar, confirmar, considerar, constatar, contar, corrigir, cortar, decidir, defender, definir,
demonstrar, denunciar, depor, desafiar, descrever, desculpar-se, desmentir, destacar, duvidar,
entusiasmar-se, esclarecer, exemplificar, explicar, finalizar, frisar, fundamentar, garantir, gracejar,
ilustrar, imaginar, indagar, informar, insinuar, insistir, ironizar, julgar, justificar, lamentar, lembrar,
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manifestar, narrar, notar, objetar, observar, opinar, perguntar, pregar, presumir, prevenir, proclamar,
prometer, propor, prosseguir, protestar, provocar, reafirmar, reagir, rebater, reconhecer,
reconsiderar, recordar, reforçar, refutar, reprovar, retrucar, ressaltar, ressalvar, resumir, revelar,
salientar, sugerir, surpreender-se, vaticinar, etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Do (modos de usar) – Consulte Da / de a / do / de o / de ele / dele / de ela / dela (modos de


usar)

Duplo sentido - Evite as frases ou palavras que possam dar falsa idéia do que se escreveu, mesmo
que essa impressão seja momentânea e se desfaça com a leitura mais atenta do texto. Na maior
parte das vezes - lembre-se - o leitor passa pela notícia, apenas, e não se detém nela. Veja alguns
exemplos de dubiedade:
O deputado conversou com o presidente da Câmara na sua sala (de qual deles?).
X não aceita Y; quer o irmão (o próprio ou o de Y?).
De 200 denúncias a Sunab só pune 15 (denúncias ou infratores? - no caso, eram infratores).
Ela aparecerá brevemente (no caso, pretendeu-se dizer rapidamente e não em breve) num
seriado.
Prefeito reassume pedindo aumento de salário (não era para ele, mas para os
trabalhadores).
Elevado o prejuízo das lojas (está elevado ou foi elevado?).
Não existe nenhuma possibilidade que seja reformulada (não era a possibilidade, mas o que
se disse antes que seria reformulado).
Ladrão de carro tem pena (foi punido, e não ficou com pena) até o ano 2000.
A mulher do amigo que se acidentou chegou ontem (a mulher ou o amigo?).
Mais alguns casos:
Centro vai funcionar até agosto (isto é, até agosto começa a funcionar e não funcionará
apenas até agosto).
Mesa-redonda debate saída para crises em São Paulo (debate em São Paulo ou as crises é
que são em São Paulo? - no caso, debate em São Paulo).
A loucura de João, que contagiou a mulher (quis-se falar de João, que havia contagiado a
mulher com Aids antes de ficar louco).
Uma promoção especial para você, que está nos últimos dias (a promoção ou você está nos
últimos dias?).
Artista nu impede que jornal circule (não foi um homem nu que impediu, mas a publicação de
uma foto sua, nu, levou à suspensão da circulação do jornal).
Mutirão contra a violência do governo completa um ano (o mutirão é que é do governo, não a
violência, como o texto insinua erroneamente).
Preso acusado de crime (trata-se de um preso que foi acusado de crime ou da prisão do
acusado de um crime?).
Há uma situação especial, digna da maior atenção, em que se termina por afirmar o contrário do
que se pretende:
Sem concurso público, como manda a lei, o governador nomeou o procurador.
Deixando de consultar o Congresso, como determina a Constituição, o presidente nomeou o
embaixador.
Nos dois casos, a lei manda realizar concurso público e consultar o Congresso, embora a rigor a
notícia afirme exatamente o oposto (sem concurso, de acordo com a lei, ou deixando de consultar o
Congresso, de acordo com a Constituição).
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(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Em algum lugar – Veja: “A algum lugar”.

Esse / Este– Em português existem três pronomes demonstrativos com suas formas variáveis em
gênero e número e invariáveis [isto, isso, aquilo]. Eles assinalam a posição do objeto designado
relativamente às pessoas do discurso (falante/ouvinte) e ao assunto do discurso (o ser de que se
fala). Há uma estreita relação entre os pronomes pessoais, os possessivos e os demonstrativos:
1ª pessoa - meu - este, esta, isto
2ª pessoa - teu - esse, essa, isso
3ª pessoa - seu - aquele, aquela, aquilo
Apesar de existirem regras para os pronomes demonstrativos, não se constata muita rigidez no seu
uso, principalmente na fala – quando se observa uma assimilação do t pelo s (parece que tudo é
isso, essa, esse) – e sobretudo no tocante ao seu emprego para lembrar ao leitor ou ouvinte o que
já foi mencionado ou se vai mencionar. Vejamos então um esquema de bom emprego dos
pronomes demonstrativos:
Em relação ao lugar:
lugar onde estou: este
lugar onde você está: esse
lugar distante do falante e do ouvinte: aquele
Há neste ponto uma natural correlação com os advérbios de lugar: isto aqui – isso aí - aquilo ali / lá
[jamais de diz * aquilo aqui; pode-se até ouvir *isso aqui, mas por causa da assimilação da letra t , já
mencionada].
Exemplos corretos:
Neste capítulo [o capítulo que V. está descrevendo] apresentamos os objetivos.
Veja (aqui) esta borboleta, que linda!
Que país é este ? perguntam-se os brasileiros. [referindo-se ao Brasil e no Brasil]
Pegue aqui: relacione todos os nomes citados neste livrete.
Em atenção a pedido dessa instituição, estamos remetendo a V. Sa. o boletim ECO.
Traga-me esses livros que estão com você.
Logo que puder, despacharei os pacotes para essa cidade.
Emprego em relação ao tempo:
tempo presente: este
passado ou futuro próximo: esse
passado distante: aquele
Exemplos:
Neste ano [trata-se de hoje] pouco se fez em favor dos sem-teto.
Não há ocorrência de acidentes nesta data. [hoje]
O avião a jato, a televisão e o computador são as maiores invenções deste século.
Nestes últimos vinte anos a mulher tem ocupado mais espaços.
A década de 20 marcou a conquista do voto pela mulher. Nesses dez anos ela travou
grandes lutas pela liberdade.
Marina vai estar na cidade por esses dias...
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Quando éramos crianças brincávamos mais, pois naquela época não havia pré-escola, nem
aulas de natação, de balé, de inglês... Bons tempos aqueles! - diz vovó, nostálgica.
Emprego em relação ao discurso:
O que vai ser mencionado: este
É isto que eu digo sempre: cultura é fundamental. [o pronome está antes dos dois-pontos]
Nosso vizinho vive repetindo este provérbio: "Casa de ferreiro, espeto de pau".
o que se mencionou antes: esse
- A segunda parte do trabalho dispõe sobre a marginalidade social. É nesse capítulo / nessa
parte / nesse ponto que se discutem os desvios verificados nas instituições pesquisadas.
- É possível comer manga e tomar leite junto? Melancia com vinho faz mal? Disso tratam os
autores no final do artigo.
Emprego dos pronomes demonstrativos em relação ao discurso:
entre dois ou três fatos citados:
o primeiro que foi citado: aquele
o do meio: esse
o último citado: este
Exemplos:
Houve uma guerra no mar entre corsários de França e Inglaterra: estes [desnecessário dizer
que são os corsários ingleses] venceram aqueles.
Música de câmara e ópera são as suas preferidas: esta, porque mexe com seus
sentimentos; aquela, pelos efeitos relaxantes.
(Fonte: PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Este, Esse ou Aquele. Disponível em
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=28&rv=Gramatica ; acessado em 6/1/2008).

Este / Esse – Veja “esse / este”.

Estrangeirismos - 1- A palavra estrangeira, na sua forma original, só deverá ser usada quando for
absolutamente indispensável. O excesso de termos de outra lingua torna o texto pretensioso e
pedante. E não se esqueça de explicitar sempre, entre parênteses o significado dos estrangeirismos
menos conhecidos.
2 - Se a palavra ou expressão não tiver correspondente em português, porém, ou se este for pouco
usado, recorra então ao termo estrangeiro, que vai no mesmo corpo do texto – não mais em negrito:
stand by
hardware
entourage
apartheid
smoking
zoom
slide
holding
shopping center
marketing
joint venture
outdoor
funk
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3 - Não empregue no idioma original palavra que já esteja aportuguesada. Assim uísque e não
whisky; conhaque e não cognac; recorde e não record; chique (ou elegante) e não chic; caratê e
não karatê; cachê e não cachet; tarô e não tarot; videopôquer e não videopoker, etc.
4 - Sempre que houver equivalente em português, prefira-o ao estrangeirismo: cardápio e não
menu; pré-estréia e não avant-premiére; adeus e não ciao; escanteio e não corner; pesquisa e não
enquête; cavalheiro e não gentleman; freqüentador e não habitué; senhora e não lady ou madame;
encontro e não meeting; senhor e não mister; impedimento e não off-side; primeiro-ministro e não
premier ; assalto e não round; padrão e não standard; fim de semana e não week-end; desempenho
e não performance.
5 - Mesmo que você as julgue muito conhecidas, traduza sempre as citações em língua estrangeira:
"Aprés moi le déluge." ("Depois de mim, o dilúvio.") "Alea jacta est. ("A sorte está lançada.") "To be
or not to be: that is the question." ("Ser ou não ser, eis a questão.") Neste caso, use aspas.
6 - A não ser em matérias especiais, e mesmo assim com parcimônia, evite ao máximo o uso de
expressões estrangeiras (a exemplo das palavras de outras línguas), limitando-se apenas aos casos
mais comuns: in memoriam (nota do professor: em lembrança de uma pessoa morta), sine die
(nota do professor: sem data marcada), sine qua non (nota do professor: indispensável,
essencial), causa mortis (nota do professor: causa determinante da morte de alguém), grand
monde (nota do professor: a alta sociedade, a alta-roda), tour de force (nota do professor:
exercício que exige força; grande esforço; proeza, façanha/ Derivação: por extensão de
sentido: ação difícil consumada com notável habilidade), sui generis (nota do professor: em
semelhança com nenhum outro, único no seu gênero; original, peculiar, singular), honoris
causa (nota do professor: a título honorífico [É título laudatório e homenageante, conferido a
pessoa sem que esta tenha passado por quaisquer exames ou concursos.]).
Pense, no entanto, que nem todos saberão o significado de locuções como: à clef (nota do
professor: que fornece a chave para a compreensão do sentido sugerido pelo autor,
permitindo ao leitor identificar personagens e acontecimentos imaginários com pessoas e
eventos reais –diz-se de romance, de obra literária), à outrance(nota do professor: excessivo),
ad hoc(nota do professor: destinado a essa finalidade), nec plus ultra (nota do professor: o
que há de melhor), urbi et orbis (nota do professor: à cidade e ao mundo; a todo o universo),
struggle for life (nota do professor: luta pela vida), in partibus (nota do professor: nas
localidades ocupadas pelos infiéis (expressão com que a Igreja católica indica o caráter
meramente honorífico e não efetivo do título de um bispo encarregado de missão especial) -
Derivação: por extensão de sentido –uso: jocoso– sem função –diz-se de funcionário
público, ministro, embaixador etc.–), et pour cause (nota do professor: devido), rempli de soi-
même (nota do professor: imbuído de si mesmo; convencido), off the records (nota do
professor: dito sem medidas acauteladoras, mas não para ser divulgado. Confidencial,
sigiloso, secreto; em off), honni soit qui mal y pense (nota do professor: execrado seja quem
nisto vê malícia [Divisa da Ordem da Jarreteira, criada na Inglaterra ao tempo de Eduardo III ,
que passou à linguagem corrente, no sentido de censura, aviso, e empregada quase sempre
com intenção irônica.]).
7 - Nas palavras derivadas de nomes estrangeiros, mantém-se a estrutura original do vocábulo e
acrescenta-se o sufixo (ou o prefixo) vernáculo: byroniano, shakespeariano, Bachianas, hobbesiano,
behaviorista, kartódromo, taylorismo, marxista, pós-kantismo, pós-weberniano, warrantagem,
windsurfista. Uma exceção: lobista (o Aurélio aportuguesou a forma).
8 - Nas palavras oriundas do francês, mantenha o e original, não o transformando em a ou o nos
casos seguintes (ninguém escreve manicura, mas manicure, por exemplo): avalanche, cabine,
caminhonete, carroceria, champanhe, coquete, croquete, gabardine, lavanderia, limusine, magazine,
manchete, manicure, maquete, marquise, marionete, nuance, omelete, pastiche, pelenne, plaquete
(livro), popeline, raquete, toalete, tricoline,trompete, vagonete, valise, vedete e vitrine. Use, porém,
como estas palavras: clicheria, etiqueta, guilhotina, hachura, jeremiada, madama, mansarda,
percalina, ravina, turbina, usina e vermina.
9 - No aportuguesamento das palavras estrangeiras, o sh em geral se transforma em x, o n das
terminações torna-se m ou ão e as consoantes fortes finais recebem e ou ue: xampu (shampoo),
xelim (shilling) , gueixa (gueisha), raiom (rayon), gim (gin), cupom ou cupão (coupon), panteão
(panthéon), orfeão (orphéon), batom (bâton), jetom (jeton), clipe (clip), grogue (grog), turfe (turf),
clube (club), chique (chie), críquete (crickett), I gangue (gang), golfe (golf), lorde (lord), ringue (ring),
surfe (surf).
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(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Eufemismo - É o uso de uma palavra branda no lugar de outra. Exemplo: dizer que alguém é
esquecido, para não chamá-lo de omisso. Só deve ser usado para evitar palavrões ou termos que
possam chocar o leitor. Tenha cuidado para não encampar um tipo de eufemismo de que o governo
lança mão regularmente a fim de se promover ou disfarçar iniciativas antipáticas. Exemplo: as
autoridades econômicas usam o eufemismo realinhamento para substituir o aumento de preços que
se consideram desatualizados. Da mesma forma, no governo Geisel falou-se muito em
aperfeiçoamento democrático quando não havia uma democracia que correspondesse plenamente
a essa classificação. Também já se usou a palavra eutanásia para definir a mera retirada de órgãos
de corpos ainda não clinicamente mortos em Taubaté. Fique alerta especialmente com relação aos
termos aperfeiçoamento, melhoria, recuperação e outros que freqüentemente ocultam intenções em
vez de exprimir realidades. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O
Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Ex - O prefixo indica que pessoa ou coisa não têm mais o cargo ou condição que um dia tiveram.
Não use no caso de pessoas mortas. Luís 14 não é ex-rei da França, assim como John Kennedy
não é ex-presidente dos Estados Unidos: O presidente norte-americano John Kennedy foi
assassinado em 1963. Em alguns poucos casos cabe a expressão então ex-: Em 1914, o então ex-
presidente norte-americano Theodore Roosevelt (1858-1919) participou de uma expedição ao rio da
Dúvida, na Amazônia (não era mais presidente).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Exagero - Evite as afirmações definitivas, categóricas, que tentem impor a todos uma verdade no
mínimo passível de discussões. Como nestes exemplos:
O mundo do espetáculo no Brasil se divide, a partir de agora, em antes e depois de Tina
Turner no Maracanã.
Antes de Guimarães Rosa, o que havia no Brasil não poderia ser chamado de literatura.
Foi necessário que o deputado Carlos de Sousa se elegesse para que a casa readquirisse a
dignidade perdida.
Ninguém, a não ser Paulo Macedo, poderia tocar Beethoven de maneira tão sublime.
Este foi o maior presidente que o Brasil – e possivelmente qualquer outro país do mundo– já
teve.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Frase (Ritmo) - 1 - Toda oração, a não ser em casos especiais, tem um núcleo básico, constituído
de sujeito, predicado e complementos. Para que o leitor não tenha sua atenção interrompida por
frases e adjuntos intercalados, procure seguir essa ordem natural. O texto terá maior fIuência e
será mais linear, dispensando o leitor de esforços adicionais para apreender rapidamente o sentido
da frase. Em outros casos, elementos da oração podem ser deslocados para dar-lhe maior clareza
ou para eliminar ambigüidades. E, ainda, para garantir melhor ritmo à frase.
Sinta, nesta extensa relação de exemplos, todos reais, como as formas entre parênteses são muito
mais diretas, explícitas e objetivas que as originais:
A pior chuva da década paralisa há cinco dias Curitiba (paralisa Curitiba há cinco dias).
Ministro promete tratar com rigor funcionalismo (tratar funcionalismo com rigor).
Café eleva a USS 2 bilhões saldo comercial (eleva saldo comercial a USS 2 bilhões).
Arraes considera discussão sobre mandato irrelevante (irrelevante discussão sobre
mandato).
Vigias matam no ABC seis menores a tiros e facadas (matam seis menores a tiros e facadas
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no ABC).
Os brasileiros assistirão aos Jogos Pan-Americanos pela televisão, que serão abertos..
(assistirão pela televisão aos Jogos Pan-Americanos, que serão abertos...)
Mulher é quase linchada por matar o filho (quase é linchada...).
Ele sabe preparar como ninguém peixes (sabe preparar peixes como ninguém).
Altos salários pagarão em 91 mais impostos (pagarão mais impostos em 91).
Brasil tenta mostrar que é o melhor do mundo contra URSS (Brasil tenta mostrar contra
URSS que é o melhor do mundo).
Aluguel caro põe em fuga inquilinos (põe inquilinos em fuga).
Já está pronto o novo livro sobre o Brasil de Thomas Skidmore (o novo livro de Thomas
Skidmore sobre o Brasil).
Não será surpresa se o ano começar com uma visita ao Brasil do papa (visita do papa ao
Brasil).
A lesão do cavalo pode condená-Io a parar de correr irremediavelmente (pode condená-lo
irremediavelmente a parar de correr).
A quadrilha, chefiada por João dos Santos, em menos de um ano, assaltou... (chefiada por
João dos Santos, assaltou, em menos de um ano,...)
Refrigerantes estão mais caros 40% (40% mais caros).
A campanha de combate aos ratos da Prefeitura recebeu... (A campanha da Prefeitura de
combate aos ratos recebeu...).
2 - Quando uma oração se desdobrar em outra, coloque a circunstância de lugar no fim da primeira,
para poder encadear as proposições:
Esteve em 1977 no Brasil, onde deu uma série de conferências (e não esteve no Brasil em
1977, onde deu...).
3 - A colocação do adjetivo ao lado do substantivo pode também tornar as frases mais fluentes: fita
americana de ação (e não fita de ação americana), seleção feminina de voleibol do Brasil (e não
seleção de voleibol feminina do Brasil), etc.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Fronteira – Veja “Divisa / Limite / Fronteira”

Gerundismo – Demitindo a "demissão" do gerúndio


PASQUALE CIPRO NETO
"ALÔ, É DO GOVERNO do Distrito Federal?
-É.
-O governador está?
- Não; ele está a viajar.
-Está "a viajar'? Mas não é de Brasília? Ou será que me enganei e telefonei para Lisboa?"
Pois é, caro leitor. Se os servidores do governo do Distrito Federal levarem a ferro e fogo a "ordem"
do governador José Roberto Arruda (DEM), esse diálogo talvez se torne real. Explico: segunda-
feira, o governador do DF "demitiu" o gerúndio. Lá vai a íntegra do texto oficial:
"Decreto nº 28.314, de 28 de setembro de 2007. Demite o gerúndio do Distrito Federal, e dá outras
providências. O governador do Distrito Federal, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 100,
incisos VII e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA:
Art. 1º - Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal.
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Art. 2º - Fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA.
Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 4º - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 28 de setembro de 2007.
119º da República e 48º de Brasília
JOSÉ ROBERTO ARRUDA"
Fora eu o "Gerúndio" (o caro leitor notou que, no decreto, o dito-cujo virou substantivo próprio?),
entraria com uma ação na Justiça do Trabalho. "Que história é essa de me demitir?", perguntaria o
Gerúndio aos advogados do governo do DF.
A assessoria do governador explica que, quando ele cobrava a conclusão de projetos, recebia
respostas como "Vou estar terminando", "Vou estar lhe informando", "Vou estar concluindo". De
fato, frases como essas transmitem a sensação de que nada acontecerá. Isso é herança maldita do
ultramegachato uso de bobagens como "Ele tem que estar enviando um fax", "Vou estar
transferindo a ligação", "Você tem que estar pegando uma senha", "Não pude estar comparecendo"
etc.
Nessas insuportabilíssimas frases, emprega-se a estrutura "estar + gerúndio" para indicar processos
que não são durativos ("Estava tomando banho"; "Nessa hora vou estar almoçando com ela") nem
simultâneos ("Quando você estiver falando com ele, estarei terminando o relatório").
Pois o nó da questão é justamente o mau uso do gerúndio, ou melhor, da estrutura "estar +
gerúndio" (que recebeu o nome de "gerundismo").
O governador tem pleno direito de enfurecer-se com seus assessores enrolões, mas nenhum direito
de tentar legislar sobre o uso da língua, sobretudo quando essa tentativa esbarra em
impropriedades técnicas.
Viva o gerúndio! Abaixo o decreto do governador do DF! Abaixo o mau uso de "estar + gerúndio"! E,
sobretudo, abaixo todos os enrolões (da administração pública, do Senado, da Câmara Federal, das
empresas de telefonia fixa, móvel etc., etc., etc.)!
Gerundismo 1a – Nota do professor: o uso do verbo estar + gerúndio não é de todo desabonado na
forma culta. Mas o convencional é mediante ação durativa no presente, como pode ser visto a
seguir na gramática de Celso Cunha.
“Estar”, seguido de gerúndio, indica uma ação durativa num momento rigoroso:
“O mundo está mudando a sua fisionomia, a vida está adquirindo novas formas e novo
colorido.”
(Fonte: CUNHA, Celso. Gramática da língua portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro : MEC, 1975, p. 429-
465)
Nota do professor: Do modo como Celso Cunha redigiu, presume-se que seria possível também em
outros tempos verbais, o que legitimaria o gerundismo.
O pretérito imperfeito do verbo no indicativo, por exemplo, é aceito:
“Estava telefonando para ela quando você chegou”
O pretérito perfeito do verbo no indicativo, por exemplo, é aceito:
“Estive telefonando para ela durante a semana, mas não a achei”
Como o assunto é polêmico, adote apenas a forma abonada, que é a forma usada pelo lingüista em
sua gramática.
Ficam, portanto, descartados, para evitar polêmicas gramaticais, modos como:
 Futuro do pretérito do verbo no indicativo
[A1] Comentário: Poríamos
o “Estaria comemorando o aniversário de fulano no domingo se não tivesse de estudar” aí o “comemoraríamos”
 Futuro do verbo no indicativo
[A2] Comentário: Poríamos
o “Estarei comemorando o aniversário de fulano no domingo” aí o “comemorarei”
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Gerundismo 2 (uma outra visão)–


VOU ESTAR – NDO
(Adaptado)
Sírio Possenti – IEL/Unicamp
Todos os defensores da língua pura (não consigo entender qual o problema deles com as misturas)
estão criticando uma locução verbal supostamente nova que apareceu no mercado. Confesso que
não a ouvia, ou não me dava conta de que existia, até que tive minha atenção chamada para ela
pelos guardiães da língua que imaginam que tudo aquilo de que não gostam ou for novo - o que vier
antes - é necessariamente ruim. Se eles não gostam, deve ser interessante. Se acham que não
serve para nada, alguma serventia deve ter. Não sei qual teria sido o estrato social que mais aderiu
à novidade. O certo é que a locução aparece em todas as falas de todas as telemarqueteiras.
Devem receber severo treinamento que inclui pelo menos duas exigências: não dizer nada que não
esteja no script, e enunciar, em algum momento, a famosa fórmula “vamos estar -ndo”. O que seja “-
ndo” depende do serviço. Se se trata de uma encomenda, então a empresa “vai estar enviando”. É
uma reclamação? Alguém “vai estar providenciando”.(...) No que segue, vou estar mostrando que
não há nada de esquisito nessa forma tão criticada (seu único problema é não estar entre as
expressões abonadas pelas gramáticas escolares). Vou estar apresentando uma análise preliminar,
o que quer dizer que não estive estudando nada em especial para escrever este textinho- espero
que o leitor perdoe a franqueza e, especialmente,o esboço preliminar de uma análise que pode até
estar equivocada. (...) Os que não gostam da forma dizem que não serve para nada, que já há outra
melhor para expressar a mesma coisa (eles também não são nada sutis). Ao invés de “vou estar
mandando”, que se diga “vou mandar”,ou “mandarei”, dizem eles. Mas acho que estão errados:
pode ser que nem todos os casos sejam claros, mas em muitos, nitidamente, a nova forma se
caracteriza por um aspecto durativo (ou seja, trata-se de anunciar umevento que durará algum
tempo para se realizar). Para que falar de aspecto durativo não pareça estranho, relembre-se (ou
anote-se) que o chamado imperfeito do indicativo apresenta o mesmo aspecto: formas como
“amanhecia”, “pintava”, etc., referem-se a eventos ou ações que não são instantâneas, mas que têm
certa duração. Por isso, não seria a mesma coisa dizer “vou mandar” e “vou estar mandando”,
exatamente por causada diferença entre “ir” (que marca só futuro) e “ir + estar”(que marca futuro,
por causa de “ir”, e “duração”, por causa de “estar”). “Vou estar providenciando” significa,entre
outras coisas, que a providência não se dará instantaneamente. Além disso, o compromisso
expresso em “vou providenciar” é mais incisivo do que o expresso em “vou estar providenciando”.
Mais ou menos como é mais incisivo dizer “providenciarei” do que “vou providenciar”. Seria
interessante verificar se a nova locução tem a ver com uma cultura da falta de compromisso (caso
em que deveria ser adotada pela maioria dos governantes - vide Serra). Não seria de espantar que
se pudesse estabelecer esta relação entre um aspecto da língua e um traço da cultura. (...)
Disponível em: http://www.marcosbagno.com.br/for_sirio_estarndo.htm. Acesso em: 05 out. 2007.

Gíria - Evite as palavras de gíria. Quando fizerem parte de uma declaração, use-as em negrito. Se
forem muito especificas (jargão policial, por exemplo), coloque em seguida, entre parênteses, o seu
significado: "Peguei um bagulho (objeto qualquer), fumei um baseado (cigarro de maconha) e
depois mandei (roubei) o carro." A linguagem coloquial e os termos de giria de uso comum
dispensam as aspas, mas devem ser empregados apenas em casos especiais, nos textos mais
leves, opinativos ou irônicos que realmente os justifiquem.
Veja também "Tempos verbais (efeitos de sentido)” e infinitivo (concordância)"

Há cerca de – Veja: “Acerca de / cerca de, há cerca de”.

Haver 1 - O verbo haver é uma fonte permanente de erros nas páginas do jornal. Tome cuidado
com os seguintes casos:
a) No sentido de existir ou para designar tempo passado, o verbo tem construção impessoal na
terceira pessoa do singular: Há três reuniões marcadas para hoje; Houve vários casos de dengue
hemorrágica em São Paulo; Há muitos anos não chove;
b) Na forma composta, quando haver é o verbo principal, o auxiliar se torna também impessoal:
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Deve haver dúvidas; Poderá haver protestos;


c) Evite pleonasmo no uso do advérbio atrás: Dez anos atrás ou Há dez anos, nunca Há dez anos
atrás;
d) Use havia em locução verbal com verbo no pretérito imperfeito: Estava no cargo havia três
anos; nunca Estava no cargo há três anos;
e) Não empregue há, mas sim a preposição a, para indicar distanciamento no tempo (futuro ou
passado) ou no espaço: A peça estréia daqui a duas semanas; A um ano da morte de Tancredo [A3] Comentário: Há
Neves, o Congresso realizou uma sessão solene em sua memória; Ele mora a 2 km do escritório; O controvérsias sobre esse
princípio. Evanildo Bechara
avião voava a mil metros de altitude. (BECHARA, Evanildo.
Gramática escolar da língua
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em portuguesa. Rio de Janeiro :
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo: Lucerna, 2001, p. 366 defende
que a preposição vale para o
Folha de S. Paulo, 1996). futuro e a distância, e o verbo
haver para o passado)
Haver 2 – Em que situações o verbo haver pode ser flexionado? Quando não é empregado no
sentido impessoal. Seguem abaixo, com base no dicionário Houaiss, as situações em que o verbo
haver é impessoal e não é impessoal. (nota do professor)
1 Diacronismo: antigo.
ter ou obter comunicação de; receber não é impessoal
Ex.: logo os Noronhas houveram notícia da sua prisão
transitivo direto e bitransitivo
2 Uso: formal.
ser bem-sucedido na consecução de (um resultado, um objetivo, algo por que se diligenciava); obter
não é impessoal
Ex.: <não conseguiram h. as informações de que careciam> <houvemos-lhe o necessário alvará
para estabelecer a firma>
transitivo direto
3 Diacronismo: antigo.
estar na posse de, ser proprietário de; possuir não é impessoal
Ex.: <os Albuquerques hão cabedal de escudos para muito mais> <aquelas famílias houveram de
tudo e hoje nada mais possuem>
transitivo direto
4 Diacronismo: antigo.
experimentar (uma sensação física, psicológica ou moral), ser afetado por; sentir não é impessoal
Ex.: por presenciáreis tais atrocidades, haveis receio de ali ficar
transitivo direto
5 [impessoal] ter existência (material ou espiritual); existir
Ex.: <para ela, só há no mundo o neto> <não havia mulher que ele não desejasse> <haverá
deuses, enquanto alguém neles acreditar> <quando há paixão, não raro o ciúme aparece>
transitivo direto
6 [impessoal] estar ou encontrar-se concretamente em determinado lugar ou situação
Ex.: <há alguém à porta, batendo> <havia três mulheres no aposento> <há árvores centenárias no
parque>
transitivo direto
7 [impessoal] continuar a existir ou a manifestar-se; manter-se, subsistir
Ex.: <quando iniciamos, ainda havia luz> <ainda há racismo em algumas partes do país> <de todas
as antigas jóias, há comigo apenas um anel de rubis>
transitivo direto
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8 [impessoal] ter razão de ser, de existir


Ex.: não há beleza, senão em relação ao homem
transitivo direto, bitransitivo e intransitivo
9 [impessoal] existir para uso, serviço ou à disposição
Ex.: <há sempre gente por ali à volta para ajudar> <calma, porque há dinheiro bastante para todos>
<estes sapatos são do melhor que há>
transitivo direto
10 [impessoal] ter transcorrido ou ser decorrido (tempo)
Ex.: <há cinco anos deixei de fumar> <naquele mesmo quarto, havia sete anos, ocorrera o suicídio>
transitivo direto
11 [impessoal] ser ou tornar-se realidade no tempo e no espaço; acontecer, realizar-se
Ex.: <não houve sessão de cinema> <haverá reuniões aqui esta tarde> <nenhuma das janelas,
fechadas, dava sinal de h. ali alguma festa>
transitivo direto
12 [impessoal] ocorrer por acaso ou como efeito de um processo; acontecer
Ex.: <tinha havido uma colisão de trens no túnel> <entre eles, jamais houve nenhuns mal-
entendidos> <haverá choro e ranger de dentes depois das provas>
transitivo direto
13 [impessoal] produzir-se ou aparecer como fenômeno natural ou conseqüência de condições
naturais
Ex.: <houve muitos ventos no inverno passado> <não havia estrelas naquele céu de dezembro>
transitivo direto
14 [impessoal] sobrevir, ocorrer
Ex.: havia idéias de suicídio em seu espírito
transitivo direto e bitransitivo
15 Uso: formal.
ser aquele sobre quem incide ou a quem se dirige a ação; receber não é impessoal
Ex.: <não haverão favores de ninguém> <os sitiantes houveram dos mouros as suas cicatrizes>
transitivo direto
16 receber de volta; reaver não é impessoal
Ex.: nada conseguiu h. do que lhe havia sido roubado
transitivo direto e transitivo direto predicativo
17 Uso: formal.
formar ou manter uma opinião ou elaborar uma idéia a respeito de algo; julgar, reputar, considerar
não é impessoal
Obs.: cf. tido e havido
Ex.: <os perseguidos houveram ser melhor fugir> <a justiça não houve por verdadeira a sua
inocência>
transitivo direto
18 estar em determinada situação ou condição definida pelo tipo de tratamento ou consideração
que se recebe de outrem não é impessoal
Ex.: <reconhecemos o direito que haveis> <houveste fama e glória na juventude>
transitivo direto e bitransitivo
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19 Uso: formal.
ser um dos genitores (esp. o pai) de (criança que nasce) não é impessoal
Ex.: houve (da amante) dois filhos
pronominal
20 proceder socialmente; conduzir-se não é impessoal
Ex.: <como h.-se em tal situação?> <elas se houveram com elegância na discussão> <El Cid
houve-se com justiça e altivez com os mouros>
pronominal
21 dar conta de; lidar com, sair-se não é impessoal
Ex.: os alunos houveram-se muito bem nas provas
pronominal
22 andar às voltas com; arcar não é impessoal
Ex.: quem entra naquela repartição começa a se h. com as complicações da burocracia
pronominal
23 ter trato com; lidar não é impessoal
Ex.: é melhor haver-nos com a secretária e não com o ministro
pronominal
24 prestar contas a; avir-se não é impessoal
Ex.: quem não for já para a cama vai h.-se comigo depois
n substantivo masculino (1030 cf. JM3)
Rubrica: contabilidade.
25 a parte de uma conta ou de uma escrituração comercial que indica o que se tem a receber;
crédito
25.1 menos us. que haveres ('conjunto de bens; dinheiro')
Ex.: <o módico haver de um cura de aldeia> <da algibeira sacou escassa porção do seu haver>
ª haveres
n substantivo masculino plural
26 bens, posses, fazenda, fortuna
Ex.: os muitos haveres de uma rica viúva
[A4] Comentário: Nesses
26.1 conjunto de bens mobiliários e imobiliários casos, “haver” não é verbo,
mas sim substantivo
(Fonte: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio
Houaiss. Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)

Hífen -
ante - Use hífen apenas antes de h, r, s: antecâmara, antediluviano, anteface, ante-histórico,
anteontem, anteprojeto, ante-sala, antevéspera. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado
em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
anti - Use hífen apenas antes de h, r, s: antiaéreo, antiamericano, antibacteriano, anticlerical,
anticlímax, anticoncepcional, Anticristo, anticonstitucional, anticorpo, antiderrapante, antidistônico,
anti-higiênico, anti-histamínico, anti-horário, antiimperialista, antiinflacionário, antiinflamatório,
antimatéria, antimíssil, antioxidante, anti-rábico, anti-semita, anti-séptico, anti-social, anti-submarino,
antitérmico, antitetânico, antivariólico. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
auto - Use hífen apenas antes de vogal, h, r, s: auto-afirmação, auto-análise, autobiografia,
Pág. 91- 169 páginas

autocomiseração, autoconsciência, autocrítica, autodefesa, autodidata, auto-erotismo, autofagia,


autofinanciamento, auto-indução. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
bem - emprega-se seguido de hífen antes de pal. começada por vogal se com ela se crê haver uma
unidade semântica; o que torna difícil para o decisor saber se há essa unidade semântica é o fato
de ela ser mais função da freqüência de uso das suas unidades juntas do que mesmo a
corporificação da unidade semântica; essa unidade semântica nem é facilmente sistematizável, nem
é facilmente internalizável: bem-acabado, bem-aceito, bem-acondicionado, bem-acondiçoado, bem-
acostumado, bem-afamado, bem-afortunado, bem-afortunar, bem-agradecido, bem-ajambrado,
bem-amado, bem-andança, bem-andante, bem-apanhado, bem-apessoado, bem-apresentado,
bem-arranjado, bem-arrumado, bem-aventurado, bem-aventurança, bem-aventurar, bem-avindo,
bem-avisado, bem-educado, bem-encarado, bem-ensinado, bem-estar, bem-intencionado, bem-
ouvido (notar a predominância de bem- seguido de part. como adj. ou como adj./subst., salvo bem-
afortunar, bem-andança e bem-andante, motivador do anterior, bem-aventurança e bem-aventurar,
motivados por bem-aventurado, e bem-estar); a f. bem- tb. ocorre com pal. iniciadas com consoante
(inclusive h-) desde que a suposta unidade semântica seja considerada: bem-bom, bem-casadinho,
bem-casado, bem-casados, bem-comportado, bem-conceituado, bem-conformado, bem-convidado,
bem-criado, bem-curada, bem-dado, bem-de-alma, bem-de-fala, bem-disposto, bem-ditoso, bem-
dizente (bendizente), bem-dizer (bendizer), bem-dormido, bem-dotado, bem-fadado, bem-fadar,
bem-falante, bem-fazente, bem-fazer, bem-feito, bem-humorado, bem-lançado, bem-mandado,
bem-me-quer, bem-merecer, bem-merecido, bem-nado, bem-nascido, bem-parado, bem-parecido,
bem-posto, bem-procedido, bem-querença (benquerença), bem-querente (benquerente), bem-
querer (benquerer), bem-queria (benqueria), bem-sabido, bem-soante, bem-sonância, bem-sonante,
bem-sucedido, bem-talhado, bem-temente, bem-te-vi, bem-te-vizinho, bem-vestir, bem-vindo, bem-
visto; há tb. f. aglutinadas (algumas das quais referidas na série anterior como alternativas):
bendição, bendicionário, bendito, bendizente, bendizer, benfazejo, benfazente (bem-fazente),
benfazer (bem-fazer), benfeito (bem-feito), benfeitor, benfeitoria, benfeitorização, benfeitorizado,
benfeitorizador, benfeitorizar, benfica, benfiquense, benfiquista, benquerença, benquerente,
benquerer, benqueria, benquistado, benquistar, benquisto, benvindo (bem-vindo), benvisto (bem-
visto). (Fonte: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio
Houaiss. Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)
bi - Sempre sem hífen: bicameral, bifronte, bipartidário, bipolar, birrefração, bissexual, bitransitivo,
bivalente. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Co - Talvez seja o prefixo mais confuso da língua portuguesa. Use hífen em formações mais
modernas e aglutine em palavras mais antigas: coabitação, co-administrar, co-autor, co-avalista, co-
diretor, co-edição, coexistência, colateral, coobrigação, co-ocupar, cooperar, co-opositor, cooptar,
co-piloto, co-produção, co-proprietário, co-responsável, comensal, corredor, comover. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Contra - Pede hífen apenas antes de vogal, h, r, s: contra-atacar, contra-ataque, contrabaixo,
contracapa, contracheque, contra-estímulo, contrafilé, contra-histórico, contragolpe, contra-indicar,
contra-informação, contramaré, contra-ofensiva, contra-oferta, contra-ordem, contraproducente,
contraproposta, contra-reforma, contra-revolução, contra-senso, contratempo, contratorpedeiro.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
ex - No sentido de estado anterior, sempre com hífen: ex-governador, ex-marido, ex-prefeito, ex-
presidente, ex-voto. (nota do professor: veja também “ex”). (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
extra - Para encerrar, é bom lembrar que o prefixo "extra" é unido por hífen a palavras iniciadas por
"h", "r", "s" ou vogal (com exceção de "extraordinário"). Grafam-se com hífen, por exemplo, "extra-
humano", "extra-regulamentar", "extra-sensorial", "extra-oficial", e sem hífen "extraterrestre",
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"extracontinental", "extrajurídico" etc. (Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2803200211.htm; acessado em 30/12/2007.)
hiper - É bom lembrar que os prefixos "hiper" e "super" só exigem hífen quando se juntam a
palavras iniciadas por "h" ou "r". Assim, grafam-se sem hífen "hipercalórico", "hiperacidez",
"superatleta" e "supermãe", por exemplo, mas com hífen "hiper-humano", "hiper-realismo", "super-
homem" e "super-requintado".(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1907200110.htm; acessado em 30/12/2007.)
infra - Com hífen antes de vogal, h, r, s: infra-estrutura, infra-hepático, infra-renal, infra-som,
infravermelho. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
inter - nota do professor: não encontrei regra para esse caso, mas o Houaiss só adota hífen quando
o prefixo se junta a palavras iniciadas por h e r, como “inter-hemisférico”, “inter-racial”, “inter-
relacionar”.
lança - lança-bombas, lança-chamas, lança-perfume, lança-torpedos. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO.
Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
lesa - Sempre com hífen: lesa-gramática, lesa-majestade, lesa-pátria. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
linha - linha-d'água, linha de prumo, linha de tiro, linha divisória, linha-dura, linha-fina. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
livre - livre-arbítrio, livre-cambista, livre-docência, livre-docente, livre-pensador. (Fonte: FOLHA DE
S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
macro - Sempre sem hífen: macrobiótica, macrocefalia, macrocosmo, macroeconomia,
macrometeorito, macromolécula, macrorregião, macroscópico. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
mal -Como prefixo, leva hífen antes de vogal e h: mal-acabado, mal-aconselhado, mal-afamado,
mal-agradecido, mal-amado, mal-arranjado, mal-arrumado, mal-assombrado, mal-aventurado,
malcasado, malcheiroso, malcomportado, malconduzido, malconservado, malcriado, malcuidado,
mal-das-montanhas, mal-de-amores, mal-de-lázaro, maldizer, maldormido, mal-dos-mergulhadores,
mal-educado, mal-empregado, mal-encarado, mal-entendido, mal-estar, malfadado, malfeito,
malformado, mal-humorado, mal-intencionado, maljeitoso, malnascido, malpassado, malquerer,
malsatisfeito, malsucedido, maltrabalhado, maltrapilho, maltratar, mal-usar, malventuroso. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
maxi - Sempre sem hífen: maxidesvalorização, maximalista, maxissaia, maxivestido. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
micro - Sempre sem hífen: microbiologia, microcirurgia, microcosmo, microeconomia,
microeletrônico, microestrutura, microfilmagem, microfísica, microfonia, microfotografia, microonda,
microônibus, microrganismo, microrregião, microssomático, microzoário. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
mini - Sempre sem hífen: minibiblioteca, minicalculadora, minicomputador, minidesvalorização,
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minifúndio, minirretrospectiva, minissaia, minissubmarino, minivestido. (Fonte: FOLHA DE S.


PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
multi - Sempre sem hífen: multiangular, multibilionário, multicelular, multicolorido, multifacetado,
multiforme, multiinstrumentista, multilateral, multinacional, multissecular. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
não - antepositivo, seguido de hífen; Gonçalves Viana (1931) só registra não-filho s.m. e não-me-
deixes s.m. 'planta ornamental'; Rebelo Gonçalves (1956) registra nove voc. com essa form., todos
subst. masc., o V.O. (1981) registra mais de 50 voc. com essa form., incluindo subst. masc., subst.
fem. e adj.; a explosão, em port., dessa averbação é seguramente provinda da prática que está
modernamente ocorrendo (depois de 1945) em fr. e ing., em que o el. non é vivido como pref. lat.,
sem conexão semântica e morfológica com os recursos de negação das línguas em causa; a rigor,
em port., 'um tratado de não agressão com a Argentina' ou 'um tratado de não-agressão com a
Argentina', 'o gênero não animado em latim arcaico' ou 'o gênero não-animado em latim arcaico' e
quejandos demandam dificilmente a compactação morfológica do hífen por motivos funcionais ou
semânticos; tal compactação parece mais acentuada no modelo não + subst. do que no
modelo não + adj.; por outro lado, no modelo não + verbo ela praticamente inexiste; de qualquer
modo, a questão parece mais estilística do que gramatical; é dentro dessa carência de
delimitação que o usuário da língua port. (e seus lexicógrafos) tem que compadecer-se com sua
convenção ortográfica; na prática, assim, há larga margem de decisão pessoal, de sabor
especialmente estilístico, entre um objeto e um não objeto ou um não-objeto, entre uma coisa e uma
não coisa ou uma não-coisa, em suma, entre um substantivo x e um não x ou um não-x; o que se
diz, aí, de um subst. da língua, diz-se de todos e tb. de adj. (é um feliz achado, é um não feliz
achado e é um não-feliz achado); generalize-se para com as demais partes do discurso, ver-se-á
que a mentação moderna pede mesmo essa matização conceptual, que a enriquece, por certo;
p.ex., entre valorização e desvalorização, há matizações semânticas exprimíveis por
valorização:não valorização:não-valorização:não-desvalorização:não desvalorização:desvalorização
(sem contar com usos quantificadores outros, com sem e quase - com individualidade de pal.
dicionárias e assim com hífen ou sem hífen - e com palavras prefixos - sem tal individualidade - do
tipo supra-, infra-, super-, infer-, mini-, midi-, maxi-, semi-, hemi-, multi-, pluri- etc.); o usuário é
árbitro para fixar-se em a não desvalorização e a não-desvalorização; o lexicógrafo, porém, não se
sentirá compelido a dar tratamento de verbete autônomo a cada ocorrência desse tipo. (Fonte:
DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio Houaiss.
Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)
pan - Com hífen antes de vogal, h: pan-africano, pan-americano, pan-helênico, pan-indianismo.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
pára-/para - Como verbo, sempre com hífen e acento: pára-brisa, pára-choques, pára-lama, pára-
quedas, pára-quedismo, pára-quedista, pára-raios. Com sentido de proximidade ou lateralidade,
sem hífen e sem acento: parágrafo, paramédico, paramilitar, parapsicologia. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
peso - Use hífen quando se referir ao lutador: peso-galo, peso-médio-ligeiro, peso-mosca, peso-
pena, peso-pesado. Os nomes das categorias de boxe são apenas: galo, médio-ligeiro, mosca,
pena, pesado. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
pós - Com hífen se for tônico e aberto: pós-bíblico, pós-datar, pós-diluviano, pós-eleitoral, pós-
escrito, pós-glacial, pós-graduação, pós-impressionismo, pós-maturação, pós-operatório, pospasto,
posponto, posposto, pós-puerperal, pós-romano, pós-simbolista, pós-socrático, pós-verbal. (Fonte:
FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
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Folha de S. Paulo, 1996).


pré - de orig. lat., prae-, que ocorre em lat. como preposição de abl., como adv. e como pref.
propriamente dito, com a noção de 'anterioridade, antecipação, adiantamento, diante, superioridade
comparativa', base, no vulg. e em prefixados orign. lat., do pref. pre-; na f. aqui registrada, é, no
V.O., objeto da observação "é seguido de hífen" - o que, noutros termos, quer dizer, no padrão
culto, que, se for pronunciado com o -e- aberto (o que normalmente não ocorre com pre-), deve ser
seguido de hífen; Rebelo Gonçalves, no seu vocabulário, faz o seg. registro: "Normalmente seguido
de hífen: pré-clássico, pré-histórico, pré-romano, pré-socrático etc. Dispensa, porém, o hífen, se,
fazendo as vezes de uma palavra composta, se liga a um comp. de pós- ou proto-: pré e pós-
socrático, pré e proto-histórico" (esta sub-regra não é objeto de recomendação, no sistema gráfico
brasileiro); em ambos os casos, porém, não se explicita que o uso de pré- deriva de situação
neológica e não consuetudinária: é que, em verdade, na medida em que um emprego de pré- tende
a vulgarizar-se, na mesma medida tende a passar a pre-: o V.O. consigna o fato com registros
dúplices: pré-contração/precontração, pré-cordilheira/precordilheira, pré-forma/preforma, pré-
formar/preformar etc.; de outro lado, o caráter fortemente livre do pref. pré- em situações ad hoc é
tal que, na prática, fica aberto ao usuário decidir empregá-lo: ao acaso, vão aqui alguns ex.: pré-
capaz, pré-datilografia, pré-indisposição, pré-preparar, pré-prender, pré-ressurreição, pré-restaurar,
pré-santo; uma análise temática dos voc. passíveis, mais ordinariamente, da prefixação com pré-,
revela que ela ocorre freq. com designativos de períodos, fases, estágios, estádios, espaços
escalonados, situações espaciais relativas e afins: pré-abdominal, pré-ação, pré-adamismo, pré-
adivinhar, pré-amplificador, pré-anestesia, pré-antepenúltimo, pré-basilar, pré-bizantino, pré-câncer,
pré-carente, pré-consonântico, pré-digestivo, pré-diluviano, pré-fabricado, pré-glaciário, pré-genital,
pré-humano etc.; (Fonte: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Instituto Antonio Houaiss. Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)
pseudo - Outro caso digno de nota é o de "pseudo", elemento de composição que, na língua formal,
não sofre flexão: "pseudotumor", "pseudo-advogada", "pseudomédica". Convém lembrar que
"pseudo" é seguido de hífen apenas quando se associa a elemento que começa por "h", "r", "s" e
vogal. (Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1302200305.htm ; acessado em 30/12/2007.)
quebra - quebra-cabeças, quebra-galho, quebra-gelos, quebra-luz, quebra-mar, quebra-molas,
quebra-nozes, quebra-pau, quebra-quebra, quebra-vento. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
rabo - rabo-de-cavalo (o penteado), rabo-de-galo (o coquetel), rabo-de-peixe (o carro), rabo-de-saia,
rabo preso. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
saia - saia de baixo, saia-balão, saia-calça. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado
em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
saída - saída-de-banho, saída-de-praia. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
salário - salário-base, salário-família, salário-hora, salário mínimo, salário-mínimo (quem ganha),
décimo-terceiro salário. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
salto - salto com vara, salto ornamental, salto-mortal. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual
de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
salva - salva de palmas, salvaguarda, salva-vidas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado
em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
samba - samba-canção, samba de breque, samba de enredo, samba-enredo. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Pág. 95- 169 páginas

Folha de S. Paulo, 1996).


sangue - sangue azul, sangue de barata, sangue frio, a sangue-frio, sangue-novo, sangue quente.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
sem - Leva hífen quando formar substantivo: sem-cerimônia, sem-família, sem-fim, sem-pudor, sem-
pulo, sem-sal, os sem-terra, os sem-teto, os sem-vergonhas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
semi - Com hífen antes de vogal, h, r, s: semi-analfabeto, semi-automático, semibreve, semicerrado,
semicírculo, semicondutor, semideus, semi-eixo, semi-especializado, semifinal, semi-internato,
seminu, semi-oficial, semiprecioso, semi-racional, semi-real, semi-sólido, semivogal. (Fonte: FOLHA
DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
sobre - Com hífen antes de h, r, s: sobreaviso, sobrecama, sobrecarga, sobrecasaca, sobrecoxa,
sobre-humano, sobreloja, sobrenatural, sobrenome, sobre-saia, sobrescrever, sobretaxa, sobrevôo.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
socio - Sempre sem hífen: sociocultural, socioeconômico, sociologia, sociopatia, sociopolítico,
sociolinguístico. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
sub - Com hífen antes de b, r: subafluente, subalimentado, subatômico, sub-bosque, sub-
bibliotecário, subchefe, subdivisão, subemenda, subentender, subequatorial, subespécie, subfaturar,
subgênero, subgerente, subgrupo, subumano, sublegenda, subliminar, sublinhar, subliteratura,
suboficial, subprefeito, subproduto, sub-raça, sub-reitoria, sub-reptício, subseção, subsecretário,
subsíndico, subsolar, subtenente, subtítulo, subtropical. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
super - Com hífen antes de h, r: superabundância, superalimentação, superaquecer, supercampeão,
supercondutividade, supercondutor, superestrutura, super-hidratação, super-homem, superlotação,
superproteção, super-realismo, supersafra, supersaturar, supersecreto. (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
tira - Sempre com hífen: tira-dúvidas, tira-gosto, tira-teima. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
toca - Sempre com hífen: toca-discos, toca-fitas. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado
em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
ultra - Leva hífen antes de vogal, h, r, s: ultracurto, ultrademocrático, ultrafiltração, ultra-humano,
ultramar, ultra-realista, ultra-revolucionário, ultra-romântico, ultra-sensível, ultra-som, ultravioleta.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
vagão - vagão-leito, vagão-dormitório, vagão-restaurante. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
vai - vai-da-valsa, vai-não-vai, vai-volta. Mas atenção: vaivém. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo
manual de redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm.
Acessado em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
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vice - Sempre com hífen: vice-almirante, vice-campeão, vice-governador, vice-líder, vice-prefeito,


vice-presidente, vice-reitor. (nota do professor: veja também “vice”) (Fonte: FOLHA DE S.
PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
video - Sempre sem hífen: videoarte, videocassete, videoclip, videodisco, videogame,
videolocadora, videoteipe, videotexto. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação.
Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em
dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).
Hífen 2- Será que toda palavra composta tem hífen? Palavra composta é aquela em cuja formação
entram pelo menos duas ou mais palavras. Extraímos um exemplo da música a seguir, chamada
"Não enche", de Caetano Veloso.
Harpia, aranha
sabedoria de rapina e de enredar, de enredar.
Perua, piranha
minha energia é que mantém você suspensa no ar
Pra rua!, se manda
sai do meu sangue, sanguessuga, que só sabe sugar.
Pirata, malandra
me deixa gozar, me deixa gozar
me deixa gozar, me deixa gozar.
Caetano Veloso aí aponta o significado da palavra "sanguessuga" ao dizer "sai do meu sangue,
sanguessuga que só sabe sugar".
O bichinho sanguessuga faz justamente isso: suga o sangue.
A palavra em questão é composta, embora ela tenha um processo de formação interessante.
Normalmente, quando um verbo se associa a um substantivo para formar uma palavra composta, a
ordem da combinação é verbo e depois substantivo.
Palavras desse tipo não faltam na língua: "toca-fitas", "guarda-pó", "mata-mosquito" etc.
No exemplo acima, ocorreu o contrário. O substantivo "sangue" veio antes, e o verbo ficou na
segunda posição. A palavra é composta, grafada com dois esses e sem hífen: "sanguessuga".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/morfologia/formacaodepalavras-
composicao.htm ; acessado em 30/12/2007.)
Hífen 3 - Do hífen em compostos, locuções, e encadeamentos vocabulares
1) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação
e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade
sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento
estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-
cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-
grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; cifro-asiático, afro-Iuso-brasileiro, azul-
escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, Primeiro-sargento, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé,
guarda-chuva.
OBSERVAÇÃO
Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a noção de
composição,grafam-se aglutinadamente girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, linguodental,
labiodental, rodapé, etc.
2) Emprega-se o hífen nos topônimos compostos iniciados pelos adetivos grã, grão ou por forma
verbal, ou cujoos elementos estejam ligados por artigo, Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo;
Passa-Quatro, Quebra-Costas Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Vella,
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Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.


OBSERVAÇÃO
Os outros topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados sem hífen: América do
Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. O topônimo Guiné-
Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.
3°) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas,
estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer Outro elemento: abóbora-menina, couve-fior;
erva-doce, feijão-verde; bênção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio; bem-
me-quer (nome d~ planta que também se dá à margarida e ao malmequer); andorinha-grande,
cobracapelo, formiga-branca; andorinha-do-mar; cobra-d’água, lesma-de-conchinha, bem-te-vi
(nome de um pássaro).
4°) Emprega-se o hífen nos compostos com o advérbio bem quando a palavra que lhe segue tem
vida autônoma na língua ou quando a pronúncia o requer: bem-ditoso, bem-aventurança, bem-
humorado, bem-nascido, bem-vindo, etc.
OBSERVAÇÃO
* Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo elemento, quer este
tenha ou não vida autônoma: benfazejo, benfeito, benfeitor; benquerença, etc.
* O advérbio não, nesses casos, não é separado por hífen: não razão, não compreendido, não
feitura, etc.
6°) Nas locuções de qualquer outro tipo, não se emprega em geral o hífen, salvo algumas exceções
já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-
perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem
hífen as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada um, ele propno, nos mesmos, quem quer que seja, nós outros;
d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à toa (mas à-toa, loc. adj.), à vontade, de mais
(locução que se contrapõe a de menos; note-se demais advérbio), depois de amanhã, em cima, por
isso, por conseguinte;
e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar de, aquando
de, debaixo de, embaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Conjuncionais: a fim de que, ao passo que, contanto que, logo que, visto que.
Observação: o antigo artigo el une-se por hífen ao substantivo rei: el-rei.
16. Do hífen nas formações por prefixação e sufixação
1ª) Nas formações com prefixos, usa-se o hífen:
a) Com auto-, contra-, extra-, infra-, intra-, neo-, prato-, pseudo-, semi-, supra e ultra-, quando o
segundo elemento começa por vogal, h, r ou s: auto-educação, contra-almirante, extra-oficial, infra-
hepático, intra-ocular, . neo- republicano, proto- revolucionário, pseudo- revelação, semi -selvagem,
supra-hepático, ultra-sensível.
Exceção única: extraordinário, que já está consagrada pelo uso.
b) Com ante-, anti-, arqui- e sobre-, quando o segundo elemento começa por h, r ou s: ante-
histórico, anti-higiênico, arqui-rabino, sobre-saia (s.f.), etc.
c) Com super-, inter- e hiper-, quando o segundo elemento começa por h ou r: super-homem, super-
requintado, inter-helênico, inter-relação, hiper- hidratação, hiper-rítmico.
d) Com ab-, ad-, ob-, sob- e sub-, quando o segundo elemento começa por r ou repete a consoante
final do prefixo: ab-rogar, ad-renal, ad-digital, ob-reptício, sob-roda, sob-bosque, sub-reino, sub-
base, etc.
e) Com pan-, quando o segundo elemento, com existência autônoma, começa por vogal, h-, r-, m-,
n-, b- ou p-: pan-africano, pan-harmônico, pan-românico, pan-mítico, pan-negritude, pan-brasileiro,
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pan-psiquismo, etc.
d) Com circum-, quando o segundo elemento começa por vogal ou h-: circum-adjacência, circum-
hospitalar.
g) Com com-, quando o segundo elemento começa por vogal: com-aluno, com-irmão.
h) Com co- (= a par), quando o segundo elemento tem vida autônoma na língua: co-autor, co-
educação, co-eleitor, co-herdar, co-opositor, co-redator, co-réu, etc.
OBSERVAÇÃO:
—o PVOLP (Pequeno Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) apresenta incoerência com
este prefixo, pois registra coadquirente, coaquisição, coabitar, contrariando os exemplos dados
acima.
i) Com além-, aquém-, nuper-, recém-, sem-, sota-, soto-, vice-, vizo, ex- (=cessaçãou estado
anterior), pós-, pré-, pró-, são sempre separados por hífen do segundo elemento: além-eras, além-
fronteiras, além-mar, aquém-oceano o nuper-falecido, recém-aberto, recém-chegado, sem-
cerimônia, sem-terra, sota-piloto, soto-ministro, vice-reitor, vizo-rei, ex-diretor, pós-meridiano, pré-
escolar, pré-determinante, pró-britânico, etc.
OBSERVAÇÕES
* Os homônimos inacentuados, pos-, pre-, pro-, se aglutinam com o segundo elemento: pospor,
preanunciar, procônsul, prooração, pósdeterminante, etc.
* Faz exceção Alentejo e derivados: alentejanos, etc.
j) Com entre-, quando o segundo elemento começa por h: entre-hostil.
2.°) Nas formações com elementos não autônomos de origem grega e latina:
a) Aglutinam-se com o segundo elemento: aero-, agro-, bio-, eletro-, maxi-, mini-, multi-, te/e-:
aerobarco, aeroelástico, agroaçucareiro, agrogeologia, biobibliografia, bioecologia, eletroclínico,
eletroencefalograma, maxilobular, minibiblioteca, minicurso, minifúndio, multiarticular, multicelular,
telearquia, telepsiquia, etc.
b) Separam-se por hífen quando o segundo elemento começa por h-: geo-, hidro-, macro-, micro-:
geo-hidrografia, hidro-hematonefrose, macro-história, micro-habitat, etc. Assim, sem hífen:
geomaritimo, geossauro, hidroálcool, hidrobiologia, macrogastria, microtrauma, microssomo,
microonda.
3.°) Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados por sufixos
de origem tupi-guarani, como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal
acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos:
amoré-guaçu.anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-Mirim.
17. Do hífen na ênclise, na mesóclise e com o verbo haver
1 °) Emprega-se o hífen na ênclise e na mesóclise: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-Ihe, amá-lo-ei,
enviar-Ihe-emos.
OBSERVAÇÃO
* Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio eis (eis-me, ei-
lo) e ainda nas combinações dos pronomes nos, vos com a, a, os, as; no-lo(s), no-la(s), vo-lo(s), vo-
la(s) e ainda nas combinações dos pronomes se me, te, se lhe, se nos, se vos, etc. quando
enclíticos: afigura-se-me, afigurar-se-nos, etc.
(Fonte: Excerto do texto: BECHARA, Evanildo. Gramática escolar da língua portuguesa. Rio de
Janeiro : Lucerna, 2001, p. 613-617).
Hífen 4 - * Escrevem-se com hífen o cargo de primeiro-ministro; a posição de primeira-dama; os
cargos que têm o adjetivo “geral” (secretáriogeral, procurador-geral); e os postos e graduações da
hierarquia militar e da diplomacia. O prefixo ex sempre precede o hífen: o ex-vice-presidente.
Os cargos das Mesas do Senado e da Câmara serão escritos com numerais e palavras (1º
secretário e 2º vice-presidente).
* Na identificação de senadores e deputados, em seguida ao nome, usar entre parênteses a sigla
partidária ligada por hífen à sigla do estado quando da primeira vez em que forem citados: Ulysses
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Guimarães (PMDB-SP). Para o presidente do Senado e membros da Mesa, usam-se as siglas


apenas quando estão atuando na condição de senador, ou seja, apresentando projeto ou fazendo
discurso.
* Prefixos que não admitem hífen, usados na formação de compostos eruditos, particularmente na
Iinguagem da Medicina, da Química, da Mecânica e da Matemática:
Acro – Acroartrite
Aero – aeroclube
Afro(*) – afrolatria - Exceção: quanda se referir a adjetivo pátrio (afro-asiático, afro-brasileiro
etc.).
Agro – agroindústria
Alo – alocrótico
Ambi – ambiesquerdo
Andro – androanatomia
Anfi – anfiartroso
Anglo – anglofobia
Angulo – angulocapitular
Antropo – antropossocial
Apo – apogeotropismo
Arterio – arteriocapilar
Artro – artrobactéria
Astro – astrofísica
Audio – audiovisual
Bi – bianual
Bio – bioenergia
Bronco – broncopneumonia
Cardio – cardioesclerose
Cefalo – cefalomeningite
Centro – centroavante
Cerebro – cerebromeníngeo
Cis – cisatlântico
Cranio – craniocervical
Dermato – dermatoneurose
Dorso – dorsocostal
Electro – electrobiologia
Endo – endocervical
Estereo – estereodinâmica
Filo – filocomunista
Fisio – fisioterapia
Fito – fitossanitário
Foto – fotoatividade
Fronto – frontonasal
Gastro – gastroenterologia
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Geo – geossocial
Hemi – hemialgia
Hetero – heterossexual
Hidro(**) – hidroavião - Deve-se respeitar o prefixo e o radical das palavras: hidroavião,
hidroelétrica, radioamador; em vez de hidrelétrica, radiamador etc.
Hipo – hipossexualidade
Homo – homossexual
Intro – introvertido
Iso – isoenergético
Labio – labiodental
Linguo – linguodental
Macro – macroeconomia
Maxi – maxissaia - Deve ser acentuado quando não estiver sendo utilizado como prefixo.
Magneto – magnetocalórico
Medio – mediodorsal
Meta – metajurídico
Micro – microeconomia
Mini – minissaia- Deve ser acentuado quando não estiver sendo utilizado como prefixo.
Morfo – morfossintaxe
Moto – motosserra
Multi – multiinfecção
Neuro – neurossensitivo
Novi – novissilábico
Oculo – oculofacial
Organo – organoalumínio
Oto – otoencefalite
Para – parassexual
Penta – pentacampeão
PIuri – plurissecular
PoIi – poliinfecção
Preter – preterdoloso
Psico – psicossocial
Radio – radioamador
Re – reabastecer
Retro – retroagir
Socio – socioeconômico
TeIe – telecomando
Termo – termorreceptor
Tetra – tetracampeão
Trans – transoceânico
Tri – tricampeão
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Turbo – turboélice
(Fonte: Manual de redação da Agência Senado)
Hífen 5- * Hífen em substantivos compostos?
Deve-se empregar hífen em palavras compostas como diretor geral, Procurador Geral, diretor
administrativo, diretor adjunto, auxiliar técnico, Secretaria Executiva, secretária executiva, gerente
financeiro, Gerência Financeira, etc?
Há duas situações a considerar.
1. Com a seqüência substantivo + adjetivo
Nessa seqüência, se o adjetivo perder seu sentido original, passando os dois termos a transmitir um
novo conceito, configurar-se-á uma nova palavra, composta, que deverá ser grafada com hífen.
Dois exemplos esclarecem o caso: cachorro quente (que significa uma coisa) X cachorro-quente
(que transmite um novo conceito, em que quente perde seu sentido original); o mesmo acontece
com mesa redonda X mesa-redonda.
Quando o adjetivo não transmitir idéia diferente, não se usará hífen. Vejam-se os exemplos: diretor
administrativo, diretor adjunto, auxiliar técnico, Secretaria Executiva, secretária executiva, gerente
financeiro, Gerência Financeira, consultor jurídico, Assessoria Jurídica, professor horista, etc.
O adjetivo geral entraria nesse caso, uma vez que continuaria significando geral, global em palavras
como Procurador Geral, Diretor Geral.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa não registra Procuradoria Geral, Procurador Geral, mas
registra diretor-geral e cônsul-geral.
Por outro lado, o Manual de Redação da Presidência da República (1991) estabelece a regra,
prescrevendo o hífen nesse caso, regra que adotamos em nosso Manual de Redação, constante
também em outros manuais de cultura idiomática.
2. Com a seqüência substantivo + substantivo
Nesse caso, tomam-se dois substantivos para formar uma palavra composta. Assim, o hífen é de
rigor. Vejam-se exemplos: sócio-gerente, diretor-presidente, redator-chefe, secretária-chefe, salário-
educação, salário-família, salário-maternidade, salário-hora, etc.
No entanto, observe-se, salário mínimo, sem hífen; porque mínimo é adjetivo, e não muda de
significado. Mínimo quer dizer pequeno. O salário é pequeno, muito pequeno mesmo, o menor
salário.
(Fonte: Manual de redação da PUC-RS. Disponível em http://www.pucrs.br/manualred/ ; acessado
em 1/1/2008).

Impessoalidade - A notícia deve ser redigida de forma impessoal, sem que o jornalista se inclua
nela ou adote a primeira pessoa do plural em frases que a dispensam. Veja os exemplos:
Este é um índice pequeno “se levarmos” em conta o volume de negócios.
No Brasil “temos” hoje 140 milhões de habitantes.
Há vírus que causam uma infecção latente: nunca mais “nos livramos” dela.
No primeiro caso, bastaria substituir levarmos por “se se levar”; no segundo, a frase seria: O Brasil
tem hoje...; no terceiro, escreva simplesmente: nunca mais a pessoa se livra dela.
Não confunda essa restrição com os casos, legítimos, de editoriais, artigos, anúncios, comentários e
outros em que a primeira pessoa do plural pode ser usada sem maiores problemas. (nota do
professor: poderemos, em alguns casos, ignorar o princípio da impessoalidade, mas tais
casos serão exceções, não a regra dos procedimentos jornalísticos)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Impropriedades - 1 - Não acredite em sinônimos perfeitos: quase sempre existe uma única palavra
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para exprimir com exatidão o que você quer dizer. E muitas vezes há termos ou expressões
absolutamente inadequados para a situação que você pretende descrever ou substituíveis com
vantagens por outros mais apropriados ou mais conhecidos dos leitores. Leia os exemplos
seguintes (reais) e veja entre parênteses a forma jornalisticamente mais indicada em cada caso:
Foto mostra quem prendeu bombeiro sumido (desaparecido) na Bahia.
O próximo contato (contato seguinte) de Antônio foi com Pedro, no descampado.
Achada (encontrada) célula capaz de matar vírus da Aids.
À espera de um futuro cada vez mais enigmático (incerto, duvidoso) ele queria...
O corpo, sob uma violenta (muito forte) luz elétrica...
Deputado ganha (recebe) críticas.
A empresa já apresentou (manifestou) sua intenção de participar da concorrência.
O técnico preocupava-se em dar vivência (experiência) aos jogadores mais novos.
Com base na listagem (relação) dos vencimentos de janeiro...
Políticos pedem Plano para a (contra a) crise.
Fábrica trabalha até nos sábados para botar (pôr) a produção em dia.
O motorista acidentado foi mandado (encaminhado) para o HC.
O grupo está acertando os detalhes para a implementação (construção) de uma fábrica na
Argentina.
Já foi ventilado (sugerido) um novo projeto para o segundo semestre.
Cargo do procurador não deverá ser ocupado (preenchido).
A comparação pode ser demasiada (exagerada).
Surpresa e raiva (irritação) na Casa Branca.
Sugestões se amontoam (acumulam) na mesa do relator.
Vendas no Dia das Mães nunca foram tão poucas (pequenas\ baixas).
A Prefeitura implantou (instalou) na praça 35 cadeiras de engraxate.
O zagueiro garante que deverá reunir (ter) condições de jogo.
O bandido depositou a quantia repentinamente (inesperadamente) na sua conta.
Tento apresentar (entregar) o cargo ao novo diretor.
2 - A impropriedade, em outros casos, caracteriza-se não apenas pelas palavras mal usadas, mas
pelas construções imperfeitas, de mau estilo:
A assinatura de minguados convênios (minguados - palavra antijornalística - não os
recursos, convênios)...
Na sessão de hoje, a Câmara deverá aprovar (votar, simplesmente) ou não o projeto.
Os negros, os índios, os deficientes e outras minorias conseguiram aprovar (fazer constar) o
projeto na comissão.
O Palmeiras ainda não pôde regularizar os jogadores (regulariza-se a situação dos
jogadores ou a documentação deles).
A selva incrustada (no meio) nas montanhas..
A Portuguesa ameaça dispensas (ameaça fazer).
3 - Finalmente, há impropriedades que decorrem de formas viciadas de expressão, quando não
empoladas ou de mau gosto jornalístico:
A reforma que está sendo gerada no ventre do governo...
Empresariado acredita que inflação será acirrada...
Ele pode opinar sobre o uso de uma campanha...
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Camelôs atuam em outras áreas, sobretudo da Tijuca.


Além do que muitos projetos...
Citou regiões do Brasil inteiramente abandonadas, sem terem condições de futuro...
Por azar, este repórter ganhou o número 13.
Veja também “clichê”, “óbvio” e “comparações”. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de
redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).

Infinitivo (concordância) - Não há regras inequívocas. Pode-se escrever deixe as crianças sair ou
deixe as crianças saírem. Confie no ouvido. O que importa são harmonia, clareza e eufonia. Na
dúvida, não flexione o infinitivo.
A própria noção de infinitivo conjugado é contraditória. Infinitivo é o modo da ação verbal pura,
indeterminada, sem idéias de tempo, número ou pessoa. Quando conjugado (flexionado), ganha as
noções de número e pessoa. Surgiu em português provavelmente para que não se confundissem os
diversos agentes da ação verbal.
Apesar de não haver regra, é possível indicar ocasiões em que o infinitivo é geralmente flexionado
ou não deve absolutamente sê-lo.
Em primeiro lugar, é preciso não confundir as formas pessoais do infinitivo (para eu ir, para nós
irmos) com o futuro do subjuntivo (quando eu for, quando nós formos). Nos verbos regulares, as
duas formas são iguais: para eu amar, quando eu amar.
A seguir, uma série de critérios para o uso da forma flexionada, de acordo com a tendência mais
moderna da língua:
a) Sujeito próprio - Pode-se usar a forma conjugada quando o infinitivo tiver sujeito próprio e
diferente do da oração principal:
O delegado deu ordem para os policiais prenderem todos os manifestantes
Abriu o portão para as ambulâncias entrarem
Não te perdôo teres feito o que fizeste
Não flexione se o sujeito do infinitivo for pronome oblíquo (se funcionar como objeto do verbo
principal e sujeito da oração infinitiva ao mesmo tempo):
Não nos deixeis cair em tentação
Mande-as esperar
Senti-os aproximar-se
No caso de um substantivo ou adjetivo funcionar como sujeito do infinitivo e objeto da oração
principal, convém evitar a flexão: ação do BC faz os preços cair é melhor do que ação do BC faz os
preços caírem;
b) Preposição - Pode-se usar a forma conjugada se o infinitivo vier regido por preposição,
principalmente se esta preceder a oração principal:
Ao descobrirem a fraude, vão ficar pasmos
Precisamos apenas pensar para acertarmos
c) Verbo passivo, reflexivo ou pronominal - Se a oração infinitiva for passiva ou possuir verbo
reflexivo (nota do professor: verbo reflexivo são aqueles podemos acrescentar, conforme a
pessoa, as expressões “a mim mesmo”, “a ti mesmo”, “a si mesmo”) ou pronominal (nota do
professor: verbo pronominal, aquele que não se conjuga sem o pronome: suicidar-se,
queixar-se, arrepender-se), pode-se usar o infinitivo flexionado:
Saiu sem o comparsa dizendo que não convinha serem vistos juntos
Viviam juntos sem se conhecerem
Estão dispostos a se reconciliarem
Atenção: jamais flexione o infinito se ele fizer parte de locução verbal:
Os soldados começaram a matar-se (nota do professor: e não Os soldados começaram a
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matarem-se)
d) Uso literário - Em literatura encontra-se o infinitivo flexionado nas mais diversas situações.
Algumas delas podem soar estranhas. Não imite: "É preciso aprendermos a nos esquecer de nós
mesmos" (Ciro dos Anjos).
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Veja também "Tempos verbais (efeitos de sentido)” e “gerundismo”

Intenção - Nunca atribua intenções a animais que ajam movidos exclusivamente pelo instinto. Por
isso, não têm sentido textos como:
Tubarões mal-intencionados cercavam o náufrago
Os cães impiedosos atacaram o menino.
Todos os gatos são mal-agradecidos.
E só escreva que um macaco ciumento agrediu o menino se algum veterinário ou especialista
confirmar a existência desse tipo de sentimento no animal. Da mesma forma, há condições que as
coisas inanimadas não podem apresentar:
Na segunda explosão, a laje não teve escapatória e rebentou.
Só pessoas podem ter escapatória.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Intertítulo - 1 - O Estado publica normalmente um único tipo de intertítulo, em maiúsculas e negrito


e no mesmo corpo do texto. O intertítulo deve ser redigido também em maiúsculas para evitar que
inadvertidamente venha a ser composto ou digitado de outra forma. Não há necessidade de
discriminar o tipo nem a fonte empregada no intertítulo. Exemplo:
NADA CONTRA
2 - É conveniente usar intertítulos a cada 20 ou no máximo 30 linhas dos textos noticiosos, para
torná-los graficamente mais agradáveis e menos pesados.
3 - O intertítulo pode ser apenas uma palavra, uma locução ou mesmo uma frase. Evite apenas que
seja longo, para que a linha não se quebre em duas (a menos que o intertítulo tenha sido previsto
com esse formato, transformando-se então num verdadeiro título auxiliar).
4 - O intertítulo sempre pode ajudar o texto a dizer alguma coisa; evite, dessa forma, intertítulos
extremamente genéricos como explicação, desmentido, preparativos, lançamento, medo, surpresa,
divisa. Veja, ao contrário, intertítulos mais explícitos: bancada coesa, "amigo de Collor", tarefa
urgente, cai o Befiex. (nota do professor: essas regras devem ser aplicadas no contexto não-
impresso de nossa produção jornalística, ok?)
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Legendas - A não ser em casos muito especiais, toda legenda do Estado tem uma linha de texto.
2 - Não existe ponto-final na legenda, mesmo que haja um ponto intermediário:
Aureliano ouve Maciel, mas não discute sucessão
A defesa considerou o capitão “corajoso”. A Justiça decidiu que ele é “indigno da farda”.
3 - As legendas, no Estado devem, sempre que possível, cumprir duas funções, simultaneamente:
descrever a foto com verbo, de preferência no presente, e também dar uma informação sobre o
acontecimento. O uso de dois-pontos é recomendável - e até facilitador -, mas não obrigatório:
Arinos responde a Saulo: críticas contra críticas
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Palestinas de Gaza discutem com soldados israelenses durante uma visita


Aureliano ouve Maciel: sucessão fora de pauta
Joanésia, Vale do Rio Doce: metade da população está desabrigada
ou
Em Joanésia, Vale do Rio Doce, metade da população está desabrigada
A derrubada de árvores, o maior protesto dos moradores
ou
O maior protesto dos moradores: a derrubada de árvores.
4 - Use sempre informações adicionais (esquerda, direita, centro; de bigode; de óculos; curvado;
etc.) para que o leitor saiba quem é cada uma das pessoas da foto:
Impedido de visitar os campos de refugiados, Marrak Goulding (esquerda) queixa-se a
Yitzhak Rabin
Maria (de óculos) pede providências a Joana (esquerda) e Ismênia (direita)
João dos Santos (abaixado) mostra como, Alberto Santos o atingiu.
5 - É indispensável que o detalhe referido na legenda conste do noticiário, para que ela não se torne
uma informação solta e sumária no jornal nem deixe dúvidas no espírito do leitor. Se a foto
apresenta um deputado em cadeira de rodas, explique o motivo na notícia que acompanhar a
legenda. As agências internacionais, por exemplo, fornecem com freqüência fotos
desacompanhadas de matéria, que se esgotam no flagrante reproduzido. Caso as afirmações sejam
insuficientes para fazer parte da notícia, transforme-as num texto-legenda.
6 - Não force conclusões exageradas. A foto de uma pessoa aparentemente assustada, sem nada
que o justifique (principalmente a matéria), desautoriza qualquer legenda apressada como:
Joãozinho no Corínthians: assustado com a responsabilidade
Ulysses não esconde a preocupação com os destinos do PMDB.
O susto de Joãozinho e a preocupação de Ulysses podem ser pormenores ocasionais, sem nenhum
fundamento nos fatos.
7 - Nas legendas nas quais o verbo da oração principal esteja no presente, a palavra ontem
obviamente só pode figurar na oração acessória, em que o verbo no passado descreve a
circunstância do fato;
Deputados deixam o plenário, ao final da sessão com que o Congresso abriu ontem a nova
legislatura
Marcel sobe para o rebote, no jogo em que o Brasil venceu a Argentina ontem no Ginásio do
Ibirapuera por 101 a 98.
Assim, estão erradas as formas:
Deputados deixam ontem o plenário
Deputados deixam o plenário ontem
Marcel sobe ontem para o rebote
Marcel sobe para o rebote ontem
8 - Mesmo nas legendas de uma coluna é sempre possível colocar alguma coisa mais que o
simples nome da pessoa retratada:
Mafalda: trabalho gratuito
Osmar comanda a fusão
Prado, quase certo
Steffi: estréia tranqüila
9 - Duas ou mais fotos publicadas lado a lado podem ter uma única legenda, com a descrição dos
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fatos seguindo rigorosamente a ordem em que aparecem na página: da esquerda para a direita.
10 - Duas ou mais fotos publicadas em coluna poderão ter uma legenda única, igualmente, na mais
inferior delas, ou legendas individuais, em que pode ser usado o recurso das reticências para indicar
que a ação continua na foto de baixo:
O assaltante prepara-se para atirar...
... enquanto os companheiros tomam posição...
... sem perceber o policial oculto no banco.
11 - Ilustrações, tabelas, mapas, gráficos, etc., podem ou não ter legenda, dependendo de
esgotarem a informação ou necessitarem de explicações adicionais.
12 - Finalmente, evite descrições óbvias:
Fulano fala ao telefone com beltrano
O deputado deixa o recinto da Câmara
O São Paulo entra em campo.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Lide (redação) – (nota do professor: o manual do estadão grafa “lead”, mas vamos usar em
classe “lide) O lead é a abertura da matéria. Nos textos noticiosos, deve incluir, em duas ou três
frases, as informações essenciais que transmitam ao leitor um resumo completo do fato. Precisa
sempre responder às questões fundamentais do jornalismo: o que, quem, quando, onde, como e por
quê. Uma ou outra dessas perguntas pode ser esclarecida no sublead, se as demais exigirem
praticamente todo o espaço da abertura. Graficamente, recomenda-se que o lead tenha de quatro a
sete linhas da lauda padrão do Estado. Nada impede, porém, que ocupe uma ou duas linhas,
apenas, em casos excepcionais ou quando se tratar de informações de impacto. Mais que nas
demais partes do texto, o lead deve ser objetivo, completo e simples e, de preferência, redigido na
ordem direta.
Todas as demais recomendações feitas a respeito do texto jornalístico valem especificamente para
o lead (as palavras estranhas ou desconhecidas deverão ser sempre explicadas; rebuscamentos
não têm vez na abertura; o fato que constitui o lead deve ser novo; use frases curtas: procure dar
um ritmo adequado à frase e, principalmente, jamais construa leads de um único período).
1 - Objetividade
Veja exemplos de leads objetivos e diretos:
O fogo destruiu na noite de ontem em menos de três horas todo o prédio de 18 andares do
Cesp, no Center 3, e atingiu dois outros edifícios na Avenida paulista, esquina com Augusta.
Um milagre: apenas cinco pessoas ficaram fendas levemente. Na inicia da madrugada de
hoje, a Polícia Federal e a Secretaria da Segurança receberam a informação de que o
incêndio pode ter sido criminosa, "para a queima de arquivos".
Técnicos e engenheiros de Furnas fizeram a denúncia ontem: alguns dos equipamentos da
usina de Angra 1 são usados e vieram de outra usina nuclear, também fabricada pela
empresa norte-americana Westinghouse e montada em Porto Rico. A usina porto-riquenha
não pôde funcionar por causa do local em que foi construída, sujeito a terremotos. O diretor
de Furnas, Márcio Costa, admitiu que parte dos equipamentos veia de Porto Rico, mas se
recusou a definir esse material como “sucata”.
Com os astronautas Steven A. Hawley e Kathryn Sullivan a bordo, o ônibus espacial
Discovery foi lançado ontem em Cabo Cañaveral às 10h34 (hora de Brasília). Uma pequena
falha fez a nave subir cerca de dois minutos depois do horário previsto. Sua principal missão
será colocar em órbita hoje, a 600 km de altitude, o telescópio espacial Hubble, um tesouro
científico de US$ 2 bilhões. O vôo deverá durar cinco dias.
Nos três casos, todas as informações importantes constam da abertura e qualquer pessoa que
tivesse lido apenas essas linhas já estaria razoavelmente informada sobre o assunto.
2 - Repercussões e suítes
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Nas repercussões ou suítes do noticiário, você deve abrir a notícia sempre com o fato mais
importante e não apenas dizer que houve repercussão ou que o fato prosseguiu. Nunca escreva,
por exemplo:
A denúncia publicada ontem pelo Estado, de que parte do equipamento de Angra 1 veio de
uma usina desmontada em Porto Rico, repercutiu amplamente na sessão da Constituinte. O
deputado Del Bosco Amaral chegou a propor o bloqueio dos bens e a prisão administrativa
dos responsáveis por sua construção.
Veja como montar o lead da repercussão:
O deputado Del Bosco Amaral propôs ontem o bloqueio dos bens e a prisão administrativa
dos responsáveis pela construção da usina nuclear de Angra 1. O parlamentar tomou a
decisão como conseqüência das denúncias do Estado, publicadas ontem, de que parte do
equipamento de Angra 1 veio de uma usina desmontada em Porto Rico.
Eis um mau exemplo da suíte de um noticiário:
Durante quase seis horas, oito testemunhas prestaram depoimento ontem no 15º Distrito
Policial, no inquérito que apura o caso do economista Alberto de Almeida, acusado de ter
matado com um pontapé o frentista Marcos Rogério dos Santos, no posto Rocar Iguatemi,
sábado passado. O delegado Luis Alberto de Souza Perreira, que preside o inquérito, e o
promotor Mário Pedro Paes, designado especialmente para o caso, ouviram os relatos e
fizeram muitas perguntas às testemunhas.
O lead termina e o leitor sabe apenas que oito testemunhas depuseram. Quem lesse a notícia até o
fim, porém, teria imediatamente à disposição o verdadeiro lead: dos oito depoimentos, apenas o da
noiva do economista tentava isentá-lo de culpa. Todos os demais o acusavam pela morte do
funcionário do posto. Era isto que a abertura deveria afirmar.
Ao contrário, leia um lead sobre a repercussão de um fato abrangente no qual o leitor tem uma idéia
global de como as fontes consultadas receberam a notícia:
Empresários e líderes sindicais de São Paulo, Rio, Porto Alegre e Belo Horizonte dividiram
ontem suas opiniões a respeito do novo pacote fiscal: alguns o consideraram “razoável”, mas
houve quem o qualificasse de “caça-níqueis”, como o presidente do Sindicato X, João de
Almeida.
3 - Falta de informações
Há leads que não apenas deixam de tratar o fato de forma direta, como pecam por omitir
informações essenciais. Veja o exemplo:
Ontem à noite, depois de uma reunião de quatro horas, a direção do Sindicato dos
Trabalhadores em Hotéis de Foz do Iguaçu aceitou uma contraproposta do sindicato dos
empresários que poderá evitar a greve da categoria que paralisaria a cidade que, nesta
época do ano, recebe milhares de turistas.
O texto já começa mal, com complementos que poderiam estar depois da frase principal, e não diz
simplesmente, nas linhas iniciais, em que consiste a contra proposta que pode evitar a greve.
4 - "Humanos"
A abertura das matérias ditas "humanas" está entre as mais difíceis de redigir. Exige criatividade e
muito cuidado para que o texto não tangencie o pieguismo. Estes são dois bons exemplos de leads
“humanos”:
Carlos Ramalho beijou a poça de água em que pisou assim que desceu do ônibus, na
plataforma 75 do Terminal Rodoviário do Tietê. “Quer melhor chegada para um baiano que
está fugindo da seca? Ô paulistada, aqui é o céu! A agüinha santa cai que nem bênção na
cabeça gorda aqui!”. Ele ficou surpreso na manhã de ontem quando chegou a São Paulo.
Chovia e fazia muito frio, “coisa rara na terrinha”. Antes de saber para que lado ia, preferiu
andar um pouco descalço, pisando nas poças de água.
Aos 35 anos de idade, o jornalista Haroldo de Faria Castro já viajou cerca de 1 milhão de
quilômetros, visitou 74 paises, rodou as Américas a bordo de uma velha Kombi e acabou
batendo o recorde de Júlio Verne: deu a volta ao mundo em 79 dias, carregando a tocha
olímpica da paz.
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5 - Interpretados
Em casos excepcionais e quando a matéria realmente o justifique. Uma abertura pode deixar de
lado os princípios da isenção e objetividade e admitir algum grau de interpretação, como no
exemplo seguinte:
A mais significativa vitória de um lobby articulado na atual Constituinte não foi de empresas
especializadas e organizadas para esse fim ou os financiados pelas poderosas
multinacionais. Foi a do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), que
conseguiu a inclusão, no projeto da Comissão de Sistematização, de 38 reivindicações de 9
confederações de trabalhadores, 9 federações de funcionários públicos de nível nacional, 3
centrais sindIcais e mais de 300 sindicatos.
6 - Intercalações
Se no meio do texto as intercalações exageradas já são condenáveis e desviam a atenção do leitor,
no lead tornam-se mais graves, porque podem simplesmente afastá-lo de toda a matéria. Veja dois
casos em que os períodos deveriam ter sido quebrados em frases menores:
Quando o ministro-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), tenente-brigadeiro
Paulo Roberto Camarinha, deixou claro na reunião do Conselho de Desenvolvimento
Econômico (CDE) , no Palácio da Alvorada, que os militares não aceitariam qualquer
redução na Unidade de Referência de Preços (URP) que não atingisse igualmente os
Poderes Legislativo e Judiciário, o setor econômico do governo federal entendeu que tinha
pela frente um problema mais sério do que imaginava.
Os dois seqüestradores de Thabata Larissa Eroles Aragão, de dois meses e meio, que a
mantiveram como refém durante oito horas, na quarta-feira passada, e a esfaquearam
quando a polícia iniciava o seu resgate, eram ex-estudantes do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos, Eijii Ishizaki, de 26 anos, quartanista de
Engenharia Mecânica, e Paschoal Ichii, aluno de Engenharia Aeronáutica.
7 - Não-noticiosos
Aberturas não-noticiosas também exigem habilidade, a exemplo das "humanas", porque o redator
não está lidando com fatos, nos quais a hierarquia da informação já se estabelece de maneira mais
ou menos automática. Por isso, é preciso sempre levar ao leitor o ponto central da informação de
maneira atraente e de forma que ele perceba que não está diante de uma notícia propriamente dita.
Veja exemplos:
Não se sabe a que horas acordam, quantos maços de cigarros fumam, se bebem antes,
durante e depois. Mas os romances que produzem cheiram a dinheiro, quase dispensam
publicidade e invariavelmente encabeçam as listas dos mais vendidos. Nesta página, três
exemplos desses escritores-vendedores e seus novos lances: Georges Simenon, Johanna
Kingsley e Sydney Sheldon.
Provar a honestidade. Este é o desafio permanente dos homônimos, vítimas da burocracia
da Justiça, das listas telefônicas e até dos computadores do Serviço de Proteção ao Crédito.
Quando precisam assinar contratos, logo surgem os fantasmas dos xarás, que não pagam
suas dívidas e acabam dificultando os negócios.
Entregadores domiciliares de pizzas transformaram-se no alvo preferido de grupos
organizados de jovens delinqüentes da classe média, cuja ousadia já preocupa os donos das
pizzarias. Os jovens cercam os entregadores e levam as pizzas, o dinheiro e, muitas vezes,
também a moto ou a bicicleta. Alguns dos comerciantes sabem quem são os ladrões, mas
nada podem fazer contra eles.
8 - O óbvio ou lugar-comum
Fuja da abertura óbvia ou lugar-comum, que pode tanto ser aquela que se repete sempre nas
mesmas épocas ou circunstâncias como aquela que já foi usada tanto que o bom senso recomenda
evitar.
Veja alguns exemplos:
Se estivesse vivo, o compositor tal estaria completando hoje 90 anos de idade.
Indiscutivelmente, Xuxa é hoje a coqueluche nacional. Mas poucos sabem que, por trás
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desse sucesso, há uma figura importantíssima: sua "Xupermãe".


Quando fez valer sua influência para viajar no Hércules C-130 da FAB, o comandante
Antônio Soares jamais poderia imaginar que aquela era sua última viagem.
O movimento das estradas paulistas começou ontem a ficar muito intenso por causa do
feriado prolongado da Semana Santa.
O movimento das lojas em São Paulo começa a aumentar com a aproximação do Natal.
As formas “se estivesse vivo” ou “não poderia imaginar” já foram usadas ao infinito nos leads. A
abertura da matéria da Xuxa não passa de um truísmo. E a referência ao movimento nas estradas e
nas lojas só repete o óbvio: que ele cresce no Natal e nas vésperas de feriados.
9 – “Criatividade”
Fuja a todo custo da falsa criatividade e da tentação de tornar seu lead engraçado ou muito
diferente. Lembre-se: essas formas são muito difíceis de alcançar e o mais que se consegue, muitas
vezes, são exemplos de gosto (para dizer o mínimo) discutível como os dois que se seguem:
Se estivesse vivo, o compositor italiano Bellini ficaria feliz ao saber que empresta seu nome
ao restaurante que tem a vista panorâmica mais bonita de São Paulo.
Se o mosquito Aedes aegypti pensou que ia ter folga nesta primavera, preparando seu
exército para atacar no verão, pode tirar os ovinhos da chuva. É que a Sucam iniciará
campanha contra o inseto...
Veja também lide (apuração e edição).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Limite – Veja “Divisa / Limite / Fronteira”

Linchar - Assassinato de pessoa, acusada ou não de crime, promovido por multidão ou grupo que
pretende estar fazendo justiça. Não escreva que alguém quase morreu em um linchamento. Só há
linchamento quando a vítima morre. Caso contrário, use tentativa de linchamento.
A palavra vem do inglês lynch, provavelmente derivada de Charles Lynch, fazendeiro e juiz de paz
da Virgínia (EUA) morto em 1796. Lynch dirigia um tribunal não-legalizado através do qual suprimia
seus opositores políticos. A "lei de Lynch", como ficou conhecida, passou a designar assassinato
cometido por grupo que alega estar fazendo justiça.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Localização (redação)- Bairros ou regiões constantemente citados no noticiário da cidade poderão


ter sua localização explicada sempre que esse fato contribuir para a maior clareza do noticiário:
A região de Parelheiros, uma das mais pobres da Zona Sul...
O bairro da Vila Esperança, na Zona Leste, deverá mais uma vez ser o destaque do carnaval
paulistano.
(nota do professor: a recomendação do Estadão vale para os bairros de nossas três cidades
–Hortolândia, Sumaré e Monte Mor).
Veja também Localização (apuração e edição).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

M
Mal / mau (modos de usar) - Numa de suas provas, a Fuvest, que faz o vestibular da USP,
Universidade de São Paulo, pediu aos alunos que escrevessem três frases com a palavra "mal".
Mas era necessário usar os três valores gramaticais da palavra "mal".
Todo mundo se lembra imediatamente de dois desses valores. "Mal" pode ser advérbio, como
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ocorre na frase:
Aquele jogador joga mal
em que "mal" designa o modo como alguém joga.
"Mal" também pode ser substantivo:
Nunca pratique o mal; pratique sempre o bem.
E o terceiro valor gramatical da palavra "mal"? É o de conjunção indicativa de tempo e equivalendo
a "logo que", "assim que", "imediatamente depois que":
Assim que você saiu
Logo que você saiu
Mal você saiu, ela chegou
Esse "mal" se escreve com "l" e é conjunção.
Outra dúvida em relação a essa palavrinha diz respeito a sua grafia. Isso ocorre porque também
existe "mau", com "u". Para resolver essa questão, há uma dica muito útil: "mau" com "u" se opõe a
"bom"; "mal" com "l" se opõe a "bem".
Fulano joga bem.
Fulano joga mal.
Fulano é bom jogador.
Fulano é mau jogador.
Caso você esqueça quem é o contrário de quem, coloque em ordem alfabética: "mal" vem antes de
"mau" e "bem" vem antes de "bom". Pronto: está resolvido o assunto.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/problemasgerais/bem-bom-mal-mau.htm ;
acessado em 3/1/2008).

Malcriado / mal criado (modos de usar) - Outra pedrinha é a palavra "mal". Uma consulta rápida
é o caminho para o equívoco. Encontra-se, por exemplo, a palavra "malcriado", sem hífen, ou seja,
"tudo junto", como se costuma dizer.
O que vem a ser um indivíduo "malcriado"? É um indivíduo descortês, indelicado, grosseiro, mal-
educado.
Será que sempre se escreve "malcriado"? Veja este exemplo, tirado da canção "Geração Perdida",
interpretada por Daniela Mercury: "As crianças mal criadas, nascidas com a televisão". É
exatamente assim que está na letra impressa no encarte do disco.
Associe o título da música à expressão citada no parágrafo anterior, levando em conta as palavras
"mal" e "criadas", separadas. Faz sentido, não?
O que são crianças "mal criadas"? Afirma-se que quem as cria não executa competentemente a
tarefa. O advérbio "mal" está modificando a forma verbal "criadas".
É por isso que as palavras não se juntam. Cada uma preserva sua autonomia, sua identidade. No
caso do adjetivo "malcriado", as palavras se juntaram justamente porque perderam sua autonomia.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0908200105.htm ; acessado em 30/12/2007.)

Mau - veja Mal / mau (modos de usar)

Mim (modos de usar) - "Para mim fazer" ou "para eu fazer"?


O que determina a escolha dos pronomes pessoais é a função sintática que eles exercem na
oração. Vários leitores têm perguntado se o correto é dizer "para mim fazer" ou "para eu fazer".
Essa é uma questão bastante freqüente e pertinente ao tema de que ora tratamos. Afinal, que
função sintática exerce esse pronome ("eu" ou "mim")? Observe que não cabe a ele completar um
verbo ou nome. Nesse tipo de construção, o pronome atua como sujeito do verbo que está no
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infinitivo. Usa-se, então, o pronome pessoal do caso reto. Assim: "Traga os números para eu fazer
os cálculos", "Trarei os números para tu fazeres os cálculos", Trarão os números para nós fazermos
os cálculos".
"Entre mim e ti..."
Essas construções não se confundem com aquelas em que os pronomes exercem função de
complemento. Nesses casos, eles são oblíquos tônicos e sempre vêm depois de uma preposição:
"para mim", "de ti", "por ele", "entre nós", "contra elas" etc. Assim: "Faça isso para mim", "Estou com
saudade de ti", "Nada houve entre mim e ele" (ou "entre ele e mim") etc..
(Fonte: CAMARGO, Thaís Nicoleti de. O emprego dos pronomes pessoais. Publicado em
20/09/2005. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u28.shtml . Acessado em
2/1/2008)

Não (o uso do “não” – Procure, na noticia, explicar sempre o que aconteceu e não o que não
aconteceu. Haverá sempre uma forma positiva – basta procurá-la – de você transmitir a informação
ao leitor, seja no lead, seja no titulo. Veja alguns exemplos de lead negativo:
O novo pedido de licença do cargo feito pelo prefeito Jânio Quadros não foi votado ontem
pela Câmara Municipal.
O presidente José Sarney não irá mais ao Pará amanhã, como estava programado, para
assistir ao reinício das obras de construção da eclusa de Tucuruí.
O Conselho Nacional de Trânsito não decidiu ontem sobre o aumento da velocidade máxima
nas estradas para cem quilômetros por hora.
A dívida contraída pela Eletropaulo continua sem explicações.
Não houve nenhuma novidade ontem nas investigações feitas pela policia de São Paulo para
localizar o “maníaco do estilete”.
Em todos esses casos, a abertura recomendável teria obrigatoriamente de revelar a causa de nada
disso ter acontecido. Veja uma solução:
Por causa do escândalo na concorrência de construção da Ferrovia Norte-Sul, o presidente
José Sarney decidiu adiar sine die a viagem que faria ontem a Tucuruí.
Só na próxima semana a Câmara Municipal decidirá sobre o pedido de licença do prefeito
Jânio Quadros que, por falta de quórum, deixou de ser votado ontem.
Proceda da mesma forma nos títulos, fugindo das formas pouco elucidativas como:
Sobrevivente não presta depoimento.
Exames do deputado não terminaram.
Sarney não vai ao Pará.
Nada decidido sobre velocidade.
Seria indispensável nesses títulos dizer, por exemplo:
Médicos impedem depoimento do sobrevivente
Deputado fará exames por mais três dias
Sarney cancela visita ao Pará
Adiada a decisão sobre velocidade
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Nariz-de-cera - É uma introdução vaga e desnecessária que toda notícia dispensa. Use lead e
nunca nariz-de-cera, a não ser em casos excepcionais, como o de apresentar íntegras: É a seguinte
a íntegra do discurso pronunciado ontem pelo presidente da República na Cidade do México. Um
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exemplo de nariz-de-cera:
São muitos os problemas do trânsito em São Paulo. Alguns deles arrastam-se por anos e
anos sem que ninguém tente resolvê-los. Um exemplo desse descaso das autoridades é o
estacionamento sobre as calçadas. Mais uma vez, porém, a Prefeitura promete adotar
medidas para que os abusos não se repitam.
Depois dessa introdução, viria a notícia de que o estacionamento sobre a calçada estava, a partir do
momento, sujeito a multas elevadas.
Entre direto no fato:
A partir de hoje, quem estacionar seu carro sobre a calçada pagará X mil cruzeiros de multa.
E a Prefeitura promete ser rigorosa na fiscalização.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Notícias em seqüência - No noticiário sobre visitas, feiras, congressos, seminários, exposições,


shows e outros acontecimentos que prossigam nos dias seguintes, inclua sempre referências que
permitam ao leitor saber quando eles começaram e quando terminam. Exemplos:
O papa João Paulo II iniciou ontem uma visita de oito dias aos Estados Unidos.
O presidente brasileiro, que ficará até sábado na Colômbia, disse...
No terceiro dia de sua visita à Espanha, a rainha Elizabeth II compareceu...
A Feira de Informática, que prosseguirá até domingo no Anhembi, apresenta hoje...
Na segunda das quatro semanas em que permanecerá com seu show em São Paulo, Milton
Nascimento fará homenagem especial...
A referência não precisa constar do lead, a não ser no inicio ou fim da visita, feira, etc., mas deve
figurar obrigatoriamente em algum local da notícia, para que o leitor se situe melhor em relação ao
fato (ele tem o direito de saber até quando vai uma viagem, pode querer visitar a feira, comparecer
ao congresso ou assistir ao show).
Veja também “suíte” em Normas editoriais de apuração, procedimento e foco.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Números – a) Instruções gerais


1 - De um a dez, escreva os números por extenso; a partir de 11, inclusive, em algarismos: dois
amigos, seis operadores, 11 jogadores, 18 pessoas. Exceção: cem e mil.
2 - Proceda da mesma forma com os ordinais: primeira hora, terceiro aniversário, 15.ª vez, 23.º ano
consecutivo.
3 - a) Nas enumerações, se houver valores abaixo e acima de 11, use apenas algarismos: Incêndio
em Paris mata 7 e fere 17 pessoas. / Havia na praça 3 adultos e 12 crianças. / A decisão sairá em
10 ou 15 dias. b) Se os números não fizerem parte de uma enumeração, siga a regra: DSV
apreende 12 carros em dois dias de vistorias. / Em três meses, concordatas batem recorde de 12
anos. / Os oito carros custaram R$ 100 mil. / As cinco máquinas chegaram em 1995.
4 - Não inicie orações com algarismos, mas escreva o número por extenso: Dezoito pessoas
feriram-se no acidente. Sempre que possível, porém, mude a redação para não ter de escrever o
número por extenso. Exceção: títulos, que podem começar com algarismos. 5 - Escreva os
algarismos, de 1.000 em diante, com ponto: 1.237, 14.562, 124.985, 1.507.432, 12.345.678.543,
etc. Exceção. Na indicação de anos não há ponto: 1957,1996, ano 2000.
6 - Com mil, milhão, bilhão e trilhão, use a forma mista se os números forem redondos ou
aproximados: 2 mil pessoas, 3 milhões de unidades, 5,4 milhões de toneladas, 1,4 bilhão (e não 1,4
bilhões) de reais, 2 bilhões de habitantes, 15,5 trilhões de micróbios, etc.
Repare: 2 (em algarismos) mil pessoas e não duas (por extenso) mil pessoas. Use apenas mil, e
nunca "1 mil": mil homens (em vez de 1 mil homens).
7 - Especifique sempre as ordens de grandeza dos números, mesmo que para tanto seja preciso
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repetir palavras: Estavam ali de 40 mil a 50 mil pessoas. / A cidade tem entre 3 milhões e 4 milhões
de habitantes. / De 20 reais a 50 mil, qualquer quantia era aceita. / Falava tanto para 50 pessoas
como para 50 mil, sem se perturbar. / A inflação deste mês ficará entre 1% e 2%.
8 - Estão vetadas as reduções "mi", "bi" e "tri" para milhão, bilhão e trilhão. Estas formas (por
extenso) são as únicas admitidas pelo Estado.
9 - Com números quebrados, use algarismos: O senador obteve 3.127.809 votos. / A cidade tem
3.456 bancas de jornais.
10 - Nos títulos, olhos, janelas, chamadas da Primeira Página e legendas, por economia de espaço,
os números abaixo de 11 podem ser escritos em algarismos: O Congresso aprova 8 projetos. /
Emenda rejeitada pela 3.ª vez. / Os 5 refugiados chegam aos EUA. A recíproca, porém, não se
recomenda, como recurso para aumentar o texto: Comício atrai apenas trezentas pessoas (use 300
em algarismos).
11 - Nunca use 0 antes de número inteiro, a não ser para indicar dezenas de loteria, números de
referência, prefixos telefônicos e dígitos de computador. Para datas, número de páginas, horas, etc.,
adote sempre o número simples: 2/1/96 (e nunca 02/01/96); às 8 horas (e nunca às 08 horas); às
9h16 (e nunca às 09h16); chegará dia 9 (e nunca dia 09); na página 5 (e nunca na página 05).
12 - Prefira usar por extenso os números fracionários: um terço, dois quintos, sete quartos, etc. Em
títulos, olhos, legendas e chamadas, admite-se, porém, a forma numérica: 1/3 das pessoas, 3/5 da
população, etc.
b) Por extenso
1 - Use o número por extenso nos nomes de cidades, em palavras compostas, nas expressões
populares ou quando o número estiver substantivado: Três Lagoas, Santa Rita do Passa Quatro,
três-estrelinhas, quatro-olhos, segundo-tenente, dos oito aos oitenta, dos seiscentos diabos, cortar
um doze, pintar um sete, fazer um quatro, o dois de ouros, desenhar um cinco, etc. Exceção: o
nome dos dias da semana, apenas em títulos e mantendo o hífen. Exemplos: 5.ª -feira, 2.ª -feira,
etc. Também por extenso: Primeiro Mundo, Terceiro Mundo, segunda intenção, primeiro plano, etc.
2 - Na transcrição de documentos: "Aos dezoito dias do mês de março do ano de mil novecentos e
noventa e seis..."
3 - Para definir períodos históricos: o Setecentos (século 18), o Oitocentos (século 19).
c) Em algarismos
Como critério genérico, deverão ser empregados algarismos sempre que um número expressar
valor, grandeza ou medida (e não apenas mera soma, como dois amigos, três pessoas, cinco
emendas). De maneira mais específica, use algarismos em:
1 - Tabelas, relatórios econômicos, princípios matemáticos, quadros estatísticos, tabelas de
horários, etc.
2 - Horas, minutos e segundos: Ele partirá às 4 horas. / A reunião irá das 7 às 9 horas. / O foguete
foi lançado às 8h5min15s. Exceção: quando horas designa período de tempo. Exemplos: A reunião
demorou oito horas. / A comitiva esperou três horas pelo deputado. / Faltam dois minutos.
3 - Dias, meses (em algarismos), décadas, séculos: O presidente chega dia 3. / A Câmara votará a
emenda dia 9. / 3/9/94. / Tinha saudades da década de 10. / O século 1.º, o século 4.º, o século
10.º, o século 11. Exceção: quando se quer exprimir um período de tempo. Exemplos: O cantor se
apresentará durante cinco dias em São Paulo. / Sua pesquisa abrange quatro décadas. / Passaram-
se três séculos.
4 - Datas em geral, incluindo-se as que se tornaram nomes de locais públicos: São Paulo, 3/3/1993.
/ Rio de Janeiro, 2 de abril de 1995. / Avenida 9 de Julho (e não Nove de Julho). / Rua 7 de Abril. /
Rua 15 de Novembro. Exceção: quando se quer dar ênfase a uma data histórica. Exemplos: O Sete
de Setembro. / O Nove de Julho.
5 - Idades: Ele tem 3 anos. / Uma criança de 2 anos, 8 meses e 5 dias. Exceção: quando anos
designa período de tempo. Exemplos: Ele esperou quatro anos. / Ela parece ter envelhecido dez
anos.
6 - Dinheiro: 8 reais, 5 centavos, 2 dólares, 3 libras, 8 marcos, R$ 3 milhões, US$ 5 milhões.
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7 - Porcentagem: Os preços subiram 5%. / A taxa de desemprego caiu 2% em maio.


8 - Pesos, dimensões, grandezas, medidas e proporções em geral: 5 quilos, 3 litros, 8 metros, 6
hectares, 2 arrobas, 9 acres, 6 alqueires, 2 polegadas, 2 partes, etc. Exemplos: A criança nasceu
com 5 quilos. / A cidade consumia 6 toneladas de batatas por dia. / O garrafão comportava 3 litros
de água. / O jogador mede 2 metros de altura. / Era um terreno de 6 hectares (9 acres, 6 alqueires).
/ Comprou um garrote de 8 arrobas. / Pediu um tubo de 3 polegadas. Exceção: distâncias e
diferenças. Exemplos: O carro deslizou oito metros. / Perdeu três quilos no regime. / A miss tinha
duas polegadas a mais. / Faltavam dois alqueires na medição do terreno. / Coloque duas partes de
café para cinco partes de água.
9 - Graus de temperatura: O termômetro marcava 3 graus. Temperatura cai para 1º (só em títulos).
Diferenças de temperatura, porém, vão por extenso: A temperatura caiu três graus.
10 - Números decimais: A densidade do Estado é de 1,88 habitante por quilômetro quadrado. / A
temperatura subiu 4,5 graus.
11 - Endereços: Rua Direita, 7, 3.º andar. / Alameda dos Caetés, 8. Casa 3.
12 - Indicação de zonas, distritos ou regiões: Zona 6, 4.º Distrito Policial, 9.ª Região Militar.
13 - Todo número que indique ordem ou seqüência (especialmente em nomes de navios, aviões,
naves espaciais, veículos, atos de peças teatrais, capítulos, canais, modelos, estradas, tamanhos,
páginas, folhas, quartos, etc.): Número 2, lápis n.º 1, nota 5, V8, F-1, DC-10, Apollo 7, Soyuz 9, ato
3, cena 2, 2.º ato, capítulo 7, parte 2, canal 5, modelo 4, BR-3, tamanho 7, página 7, quarto 5,
enfermaria 2, etc.
14 - Resultados esportivos: O São Paulo venceu o Corinthians por 3 a 1. / O Brasil ganhou da Itália
por 3 sets a 2. / Steffi Graf venceu por 7/6 e 6/4. (Mas: O São Paulo marcou dois gols de falta.)
15 - Resultados de votações e julgamentos: A emenda foi aprovada por 5 votos a 4 (Mas: A emenda
precisava de quatro votos favoráveis.) / O réu foi condenado por 4 votos a 2.
16 - Contexto financeiro: A ação caiu 3 pontos.
17 - Latitude e longitude: O Estado do Amazonas está situado a 2 graus de latitude norte e a 9
graus de latitude sul.
18 - Seriação de festas, simpósios, congressos, feiras, conferências, corridas, competições, etc.: 2.ª
Festa da Uva, 3.º Simpósio de Transportes, 5.º Congresso de Cancerologia, 8.ª Feira Nacional do
Móvel, 4.ª Conferência do Atlântico Sul, 5.º Rali de Alfenas, 3.º Enduro da Independência, 4.ª Mil
Milhas, Fórmula 1, Fórmula 3.
19 - Matemática: Multiplique por 8. / Divida por 4. / Some 5. / Subtraia 9. / Eleve à 3.ª potência.
20 - Conflitos e governos: 1.ª Guerra Mundial, 5.ª República, 3.º Reich.
d) Concordância
1 - Números abaixo de 2 fazem a concordância sempre no singular: 0 hora, 0,9 metro, 1,9 milhão,
1,7 bilhão. Prefira o verbo, porém, no plural com milhão, bilhão, etc: 1,9 milhão de pessoas estavam
presentes. / 1,7 milhão de habitantes já abandonaram o país.
2 - Os números um e dois e as centenas, a partir de duzentos, variam em gênero: um, uma, dois,
duas, duzentas, trezentas, seiscentas, novecentas, seis mil duzentas e uma pessoas, oito mil
setecentas e quarenta e duas espécies, etc. (Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e
estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP, 1990).
Números 2 – Números (por extenso). Se, em casos excepcionais, você precisar usar algum
número por extenso, veja como fazê-lo:
a) Cardinais
1 - O e é sempre intercalado entre as centenas, as dezenas e as unidades: vinte e oito, cinqüenta e
quatro, trezentos e quarenta e oito, oitocentos e vinte e quatro.
2 - Não existe e (nem vírgula) entre o milhar e as centenas, a menos que o número termine em dois
zeros: mil quatrocentos e nove, mil e duzentos, sete mil oitocentos e dezesseis, dezoito mil e cem,
cento e oitenta e quatro mil novecentos e dez.
3 - Em números muito extensos, usa-se o e na mesma ordem de unidades, mas não entre uma
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ordem e outra: 142.387 = cento e quarenta e dois mil trezentos e oitenta e sete; 856.672.549 =
oitocentos e cinqüenta e seis milhões, seiscentos e setenta e dois mil quinhentos e quarenta e nove;
765.432.854.987 = setecentos e sessenta e cinco bilhões, quatrocentos e trinta e dois milhões,
oitocentos e cinqüenta e quatro mil novecentos e oitenta e sete.
b) Ordinais
1 - Não existe hífen nos números ordinais: décimo terceiro (e não "décimo-terceiro"), vigésimo
quinto, octogésimo nono.
2 - Alguns exemplos de números ordinais por extenso - ver quais são no verbete números ordinais:
134.º - centésimo trigésimo quarto; 267.º - ducentésimo sexagésimo sétimo; 543.º qüingentésimo
quadragésimo terceiro; 652.º - sexcentésimo qüinquagésimo segundo; 879.º - octingentésimo
septuagésimo nono; 985.º - noningentésimo octogésimo quinto. Os números variam no feminino:
389.ª trecentésima octogésima nona.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Números 3 – Números romanos.
a) Uso
1 - Use algarismos romanos apenas para designar reis e papas, nomes oficiais de clubes ou
associações, os antigos Exércitos brasileiros e os atuais Comandos Aéreos Regionais (Comar): Luís
XV, Henrique VIII, d. João VI, d. Pedro II, João Paulo II, Paulo VI, João XXIII, Pio XI, Clube XV, XV
de Jaú, XV de Piracicaba, I Exército, IV Exército, VII Comar. 2 - Mantenha os algarismos romanos
na transcrição de leis ou documentos oficiais: "Parágrafo 4.º ... IV - A inelegibilidade de que trata
este parágrafo..." 3 - Use algarismos arábicos para todos os demais casos que indiquem seriação,
entre eles séculos, capítulos, guerras, governos, planos, projetos, usinas, naves espaciais, zonas,
distritos, regiões, festas, feiras, congressos, conferências, simpósios, competições esportivas, etc.:
século 5.º, século 10.º, século 18 (e não século XVIII), século 20, 1.ª Guerra Mundial (e não I Guerra
Mundial), 3.ª Guerra Mundial, 5.ª República, 3.º Reich, Plano Cruzado 2 (e não Plano Cruzado II),
Angra 2, Gemini 5, Soyuz 8, Zona 4, 6.º Distrito Naval, 4.ª Região Militar, 3.ª Festa da Uva, 23.º
Congresso de Cardiologia, 2.º Simpósio de Informática, 15.ª Feira do Automóvel, 6.º Enduro da
Independência, Fórmula 1, Fórmula 3, 5.º Rali das Águas, etc.
b) Como escrevê-los
1 - São sete as letras básicas: I = 1; V = 5; X = 10; L = 50; C = 100; D = 500 e M = 1.000. 2 - Se uma
letra se repete, repete-se o valor: XX = 20; CCC = 300. 3 - As letras I, X, C e M podem ser repetidas
no máximo três vezes em seguida; as letras V, L e D não se repetem. 4 - Se um valor maior precede
outro menor, ambos se somam: LX = 60; CV = 105. 5 - Se um valor menor precede outro maior, ele
é deduzido do segundo: XC = 90 (100 - 10); CD = 400 (500 -100). 6 - Uma barra sobre a letra
aumenta mil vezes o seu valor: V = 5.000; M = 1.000.000.
Eis alguns exemplos:
I-1
II - 2
III - 3
IV - 4
V-5
VI - 6
VII - 7
VIII - 8
IX - 9
X - 10
XI - 11
XIV - 14
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XIX - 19
XX - 20
XXIX - 29
XXX - 30
XXXIX - 39
XL - 40
L - 50
LIX - 59
LX - 60
LXX - 70
LXXX - 80
XC - 90
XCIX - 99
C - 100
CC - 200
CCXCVII - 297
CCCXXVI - 326
CDXCIX - 499
D - 500
DCVIII - 608
DCCXIX - 719
DCCCLXXIV - 874
CMI - 901
CMXCIX - 999
M - 1.000
MCDLXXXVI - 1.486
MD - 1.500
MCMLXXXVIII - 1.988
MCMXC - 1.990
MM - 2.000
MMM - 3.000
IV - 4.000
IVDCCLXXIX - 4.779
V - 5.000
X - 10.000
C - 100.000
M - 1.000.000
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Óbvio - Existem frases e títulos que nada mais expressam senão o óbvio, mesmo que à primeira
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vista o redator ou repórter possa não percebê-lo. Veja os exemplos:


Vento de 100 km/h tumultua São Paulo.
Independência é comemorada em todo o País.
Cemitérios cheios no Dia de Finados.
Se não tivesse morrido em 10 de agosto de 1977, João dos Santos estaria completando hoje
80 anos.
Como todo homem é mortal, Antônio de Sousa não pretende viver muito mais que os seus
atuais 90 anos.
Violento incêndio arrasa 18 quarteirões.
Movimento das lojas aumenta com a chegada do Natal.
O jogador se preparava para o carnaval quando, de repente, com a morte do filho, a alegria
foi substituída pela tristeza.
Um vento de 100 km/h teria mesmo de tumultuar a cidade. A Independência é comemorada todos
os anos em todo o Pais. Os cemitérios ficam cheios todos os anos em finados. Se não tivesse
morrido, João dos Santos estaria efetivamente completando 80 anos. Claro que todo homem é
mortal. Um incêndio que arrasa 18 quarteirões só pode mesmo ser violento. E o que esperar do
movimento das lojas no Natal? E da morte de um filho? Fique atento: há dezenas de armadilhas
como estas em que você não deve cair.
Veja também “clichê”.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Opinião - 1 - O jornal, como um todo, tem opiniões sobre os assuntos que publica e as expressa em
editoriais. O noticiário, por isso, deve ser essencialmente informativo, evitando o repórter ou redator
interpretar os fatos segundo sua ótica pessoal. Por interpretar os fatos entenda: se também a
distorção ou condução do noticiário. Exemplos: ao tratar dos trabalhos de remoção de favelados de
um local, o repórter entra em considerações sobre as injustiças sociais e os desfavorecidos da sorte
ou, ao tratar de um assalto, coloca a miséria como fator determinante da formação do criminoso.
Deixe esse gênero de ilação a cargo dos especialistas ou editorialistas e apenas descreva os
acontecimentos.
2 - Para oferecer ao leitor maior diversidade de opinião, o jornal tem críticos, comentaristas,
analistas, articulistas, correspondentes e outros que, em matérias assinadas, poderão expor suas
opiniões, nem sempre coincidentes com as do Estado. Em casos excepcionais, reportagens mais
amplas ou delicadas, se permitirá algum tipo de interpretação. É obrigatório, porém, que sejam
submetidas à Direção da Redação.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

P
Palavras dispensáveis - O texto deve evitar palavras supérfluas ou dispensáveis. Veja alguns
casos: em fevereiro (em vez de no mês de fevereiro), em 1990 (em vez de no ano de 1990), no
Paraná (em vez de no Estado do Paraná), em Campinas (em vez de na cidade de Campinas), a
Prefeitura (em vez de a Prefeitura Municipal), o Senado (em vez de o Senado Federal), o
Congresso (em vez de o Congresso Nacional), a Câmara de São Paulo (em vez de a Câmara
Municipal de São Paulo), o Nordeste (em vez de a Região Nordeste), o Sudeste (em vez de a
Região Sudeste). Em alguns casos, a expressão entre parênteses pode até ser necessária. Na
maior parte das vezes, porém, prefira a forma simplificada.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Palavras inexistentes - Certifique-se sempre de que a palavra que você quer usar existe no
idioma. Assim, por exemplo, os dicionários não registram gemeção, mas gemedeira, nem
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reconciliamento, mas reconciliação e outras como essas. Além disso, evite antecipar-se ao
dicionário e partir para a criação indiscriminada de vocábulos, o que resulta em formas como
adesivação, cartelização, agudizar, desfavelização, culpabilizar, fisicultor, literatizante,
descupinização, urgencializar, contraculturalismo, pretensiosidade, elencado e dezenas de formas
semelhantes.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Parágrafo - O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período,


em que se desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias,
intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. Trata-se, evidentemente, de
uma definição, ou conceito, que a prática nem sempre confirma, pois, assim como há vários
processos de desenvolvimento ou encadeamento de idéias, pode haver também diferentes tipos de
estruturação de parágrafo, tudo dependendo, é claro, da natureza do assunto e sua complexidade,
do gênero de composição, do propósito, das idiossincrasias e competência ("competence") do autor,
tanto quanto da espécie de leitor a que se destine o texto. De forma que esse conceito se aplica a
um tipo de parágrafo considerado como padrão, e padrão não apenas no sentido de modelo, de
protótipo, que se deva ou que convenha imitar, dada a sua eficácia, mas também no sentido de ser
freqüente, ou predominante, na obra de escritores – sobretudo modernos – de reconhecido mérito.
Tal critério nos leva, por conseguinte, a resistir à tentação de... de... tentar sistematizar o que é
assistemático, quer dizer, de procurar características comuns e constantes em parágrafos carentes
de estrutura típica. Isso, todavia, não nos impede de apontar e/ou comentar exemplos tanto dos
que, fugindo à norma, se distinguem pela eficácia dos recursos de expressão e do desenvolvimento
de idéias, quanto dos que, também atípicos – mas atípicos por serem produto da inexperiência ou
do arbítrio inoperante –, denunciam desordem de raciocínio (incoerências, incongruências, falta de
unidade, hiatos lógicos, falta de objetividade e outros defeitos) e, por isso, revelam-se ineficazes
como forma de comunicação. (...)
(Fonte: GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro : FGV, 1983, p. 203).

Pleonasmo - É a repetição de termos supérfluos, evidentes ou inúteis na frase. A exceção dos


pleonasmos estilisticos, e assim mesmo apenas em casos especiais, evite os que comprometam o
texto:
1 - Vicioso
Acabamento final
agora já
ainda... mais (ainda deverá demorar mais dez dias)
almirante da Marinha
alocução breve (é breve por definição)
brigadeiro da Aeronáutica
conclusão final (a menos que tenham existido outras parciais)
continuar ainda
conviver junto
criar novos
descer para baixo
elo de ligação (elo já significa ligação)
encarar de frente (use por exemplo encarar firmemente)
entrar dentro ou para dentro
erário público
estrelas do céu
exultar de alegria
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ganhar grátis
general do Exército
goteira no teto
há ... atrás (use há tantos anos ou tantos anos atrás)
hábitat natural
já ... mais (use já não há e nunca já não há mais)
manter o mesmo (pode-se manter outro?)
manter o seu
monopólio exclusivo países do mundo
permanece ainda
planos para o futuro
Prefeitura Municipal
regra geral
relações bilaterais entre os dois paises
repetir de novo (a menos que se repita pela segunda vez)
sair fora ou para fora
sorriso nos lábios
sua autobiografia
subir para cima
surpresa inesperada
todos foram unânimes
vereadores da Câmara Municipal
viúva do falecido
2 - De idéia
Há pleonasmos velados menos graves, mas igualmente evitáveis, como nas frases:
Campinas restaura velho casarão
Recuperação do velho Parque D. Pedro começa este mês
Zico volta ao futebol
A palavra “velho”, nas duas primeiras frases, é supérflua: para serem restaurados, ou recuperados,
nem o casarão nem o parque podem ser novos. E, finalmente, Zico voltaria a que esporte senão ao
futebol? (Opções: Zico volta a jogar, Zico volta à atividade ou Zico volta ao Maracanã).
3 - Estilístico
É o pleonasmo literário para dar força ou ênfase à expressão:
Rir um riso amarelo
Sonhar um sonho
Ver com os próprios olhos
Andar com as próprias pernas
Só deve ser usado em textos especiais
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Por meio de / Através de - Consulte Através de / por meio de


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Preconceitos - Pense que o jornal tem leitores de todas as tendências, raças, credos e religiões.
Por isso, procure sempre ser isento no noticiário especialmente naquele que envolva questões
delicadas, e evite utilizar frases, alusões ou conceitos que possam melindrar as pessoas.
Lembre-se de que muitos leitores de 50, 60 ou 70 anos podem considerar ofensivos termos que não
causariam surpresa aos mais jovens. Esse equilíbrio de linguagem é fundamental para que o jornal
continue a gozar do conceito de órgão respeitável e respeitoso para com os seus assinantes e
compradores habituais.
1 - Jornais e revistas. Sempre que fizer referência à notícia publicada em outro jornal ou revista,
escreva claramente qual foi o órgão que a divulgou. Eufemismos como revista semanal paulista ou
jornal carioca não se justificam. O leitor tem o direito de saber qual é a publicação mencionada, até
mesmo para procurar, na própria fonte, a notícia em questão.
2 - Palavrões e vulgaridades. Por princípio e em respeito ao leitor, o Estado não publica palavrões
nem vulgaridades. Assim, todo texto que, mesmo em transcrições, contiver expressões como essas
deve ser submetido à Direção da Redação. Por vulgaridades entendam-se termos ou locuções
como: de saco cheio, encher o saco, puxa-saco, bicha, veado, veadagem, cafetão, porrada,
esculhambar, avacalhação, tesão, pentelho, sapatão, vaca (não o animal), saco, mijar, sacanagem,
fresco (pejorativo), frescura, babaca, partir para o tapa, quebrar a cara, etc.
3 - Palavras ofensivas. Além dos palavrões, há uma série de palavras que ofendem aqueles a
quem se dirigem nem todo gordo aceita ser chamado dessa forma, muito menos de balofo. Se a
pessoa tiver orelhas de abano, para que deverá o jornal agravar esse complexo? E em que a
notícia ajudará uma pessoa muito feia se lembrar essa condição a todo momento? O mesmo vale
para as rugas ou a celulite das atrizes, para operações plásticas tratadas de forma depreciativa, etc.
Se as pessoas são vaidosas, por que agredir esse aspecto da sua personalidade? Proceda da
mesma forma com termos como baixinho, narigudo, beiçudo, careca, barrigudo e outros do gênero.
4 - Deficiências físicas. Trate com dignidade os deficientes físicos e use a palavra técnica, e não
termos populares e ofensivos, para designá-los. Assim, por exemplo, estrábico e não vesgo,
impotente e não broxa, Outros termos a evitar: caolho, maneta, perneta, manco, zarolho, etc.
5 - Negro e mulato. Se necessário, use a forma negro (e nunca preto, colored, pessoa de cor,
crioulo, pardo, etc.). Mulato e mulata são aceitáveis quando se justificar a especificação, na notícia,
da cor da pele da pessoa. No noticiário policial, só faça referência a negro quando se tratar de
pessoa procurada: A polícia procura dois homens negros e um branco, acusados de... Nos demais
casos, raramente há necessidade de falar em brancos, negros ou mulatos. No noticiário geral, a
palavra só em sentido se a própria pessoa se referir a ela ou se houver uma denúncia de
discriminação racial. Por isso não descreva um jogador, artista ou personalidade como fulano de tal,
tantos anos, negro (a menos que o personagem proclame a sua negritude). A única exceção seria
para casos muito incomuns (o primeiro presidente negro de um país, o primeiro cardeal negro, etc.).
O Estado não compactua com casos de racismo e os denuncia sempre.
6 - Velho. Na maior parte dos casos, a palavra tem conotação preconceituosa. Se necessário,
revele a idade da pessoa que ficará clara essa condição.
7 - Homossexual. É outro termo que só deve aparecer no noticiário se tiver relação com o fato
descrito. Por exemplo: um homossexual foi morto por alguém presumivelmente ligado a uma
quadrilha especializada em assassinar esse tipo de pessoas. Outro exemplo: um artista
assumidamente homossexual admite que essa condição influenciou o seu trabalho. A exceção de
casos como esses, não há razão para menções a respeito.
8 - Menores. Por força de lei, menores envolvidos em crimes não poderão ter os nomes publicados
no jornal (identifique-os apenas pelas iniciais), nem suas fotos divulgadas. Lembre-se, porém, de
que a inclusão do nome dos pais na notícia imediatamente revelará quem é o menor. O Código de
Menores é claro a respeito, quando proíbe "expressamente a identificação de menor em notícia que
se publique a seu respeito em divulgação em geral, especialmente na imprensa escrita e televisada,
seja pelo nome, fotografia, filiação e apelido". O Estado procede da mesma forma com relação a
menores vítimas de atos que lhes possam trazer problemas de caráter social ou lhes acarretar
discriminações (estupro, por exemplo).
9 - Correção. Toda informação errada que o Estado publicar deverá ser retificada na edição
seguinte, na mesma seção que a divulgou, sob o título Correção, ressalvados os casos
excepcionais, que exijam maior destaque. Justificam uma correção, dessa forma, erros graves de
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data, nomes errados, fatos atribuídos a pessoas que não os praticaram e outros do gênero. Erros
gráficos que dêem margem a interpretação dúbia quanto às reais intenções do jornal devem ser
igualmente corrigidos. Assim, se por uma falha se escreve o sujeito fulano de tal, em vez de o
prefeito fulano de tal, não se deve deixar de, logo em seguida, esclarecer ao leitor que houve um
engano no texto da notícia. Uma correção sumária pode ser, por exemplo: A notícia publicada
ontem na página 5 do Estado, sob o título ..., apresenta uma incorreção. Quem comandava o então
11º Exército em ..., ano em que fulano de tal foi cassado, era o general X e não o general Y.
10 - Doenças. O jornal deve informar claramente do que uma pessoa sofre, foi operada ou morreu.
Não há sentido em esconder que alguém tem câncer, por exemplo, ou mesmo Aids. Caso não
revele essa informação, a notícia estará sendo desleal com o leitor e ocultando-lhe um fato que ele
merece conhecer. Apenas, trate a doença com naturalidade, sem alarde.
11 - Suicídios. Se uma pessoa se suicidou, a notícia deve revelá-lo ao leitor, também para que este
não receba a informação pela metade. Em qualquer relato de morte, o mínimo que se quer saber é
de que maneira ou em que circunstâncias ela ocorreu: Doença? Acidente? Suicídio? Por mais
doloroso que seja o fato, evite disfarçá-lo. (observação do professor: veja verbete “suicídio” em
“Normas editorias de apuração, procedimento e foco”.
12 - Raças e nacionalidades. Nunca recorra a palavras que agridam raças, nacionalidades ou
tendências políticas, como carcamano, comuna, china (por chinês), turco (por árabe), polaco, japa,
gringo, galego, português ou lusitano (no mau sentido), pau-de-arara, cabeça-chata, baiano (para
qualquer nordestino), judeu (no mau sentido), judiar, judiação, amarelo (por oriental), vermelho (por
comunista), etc.
13 - Qualificativos. Designe a pessoa sempre pela sua ocupação principal e não por outra,
acessória (ou por um qualificativo), que tenha por objetivo apenas rebaixá-la perante o leitor. Se um
astrólogo for nomeado ministro, ele será ministro no noticiário, e não astrólogo. Idem um sindicalista
que se eleja deputado. Ou um chacareiro que atinja posição política de destaque.
14 - Iniciais. Além do caso dos menores, iniciais poderão também ser utilizadas, a critério da
Direção da Redação, para designar autores de denúncias que possam causar-lhes problemas ou
risco de vida e mulheres adultas vítimas de estupro cuja identidade o jornal admita preservar.
15 - Desempregado (técnico). Elimine um vício do noticiário esportivo: o de se referir a todo técnico
de futebol dispensado por um clube como “mais um desempregado”. Diga apenas que ele foi
demitido ou dispensado. Trata-se de um trabalhador como outro qualquer e o desempregado, no
caso, dá sempre à notícia um sentido depreciativo que pode perfeitamente ser evitado.
16 - Vender e comprar (jogador). Fale sempre em compra venda do passe e não do atleta, que é
um ser humano e não mercadoria em transação.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Reforma ortográfica de 1/1/2009 –


* Ao alfabeto da língua portuguesa acrescem-se as letras K, W e Y, e ele passa a ter 26 letras*:
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
* Em palavras com sufixos –ano e –ense que se combinam com um i que pertencem ao tema
(havaiano [de
Havaí], italiano [de Itália] etc.) ou derivadas de palavras que têm na última sílaba um e átono (Acre,
Açores),
escreve-se antes da sílaba tónica –iano e não –eano: acriano, açoriano, sofocliano, torriense.. Mas
escreve-se –eano se a última sílaba da palavra de origem tiver e tônico: daomeano, guineano ou
guineense etc.
* Os ditongos abertos tônicos éi e ói perdem o acento agudo quando caem na penúltima sílaba
(portanto, de palavras paroxítonas):
idéia(s) passa a ser ideia(s)
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jóia(s) passa a ser joia(s)


geléia(s) passa a ser geleia(s)
tramóia(s) passa a ser tramoia(s)
epopéia(s) passa a ser epopeia(s)
apóia passa a ser apoia
epopéico(s) passa a ser epopeico(s)
heróico(s) passa a ser heroico(s)
Cuidado: o acento não cai se incide nesses ditongos em sílabas tônicas de palavras oxítonas (com
acento tônico na última sílaba) ou proparoxítonas (com acento tônico na antepenúltima sílaba):
anéis continua anéis
herói(s) continua heróis(s)
fiéis continua fiéis
anzóis continua anzóis
axóideo(s) continua axóideo(s)
* Cai o acento circunflexo de palavras paroxítonas terminadas em ôo e em êem:
vôo passa a ser voo
dêem passa a ser deem
enjôo passa a ser enjoo
vêem passa a ser veem
acôo passa a ser acoo
crêem passa a ser creem
abençôo passa a ser abençoo
lêem passa a ser leem
Cuidado: As flexões dos verbos ter e vir na 3ª pess. pl. do pres. do indic. mantêm o acento: têm,
vêm, diferençando das flexões de 3ª pess. sing. tem, vem, bem como nos derivados desses verbos,
como mantém e mantêm, provém e provêm, retém e retêm, convém e convêm etc.
* Não se usa acento gráfico (agudo ou circunflexo) em palavras paroxítonas para diferençá-las de
outras palavras delas homógrafas (com a mesma grafia). São estas as palavras afetadas:
pára (flexão de parar) e para (preposição) passam a ser para
péla(s) (subst. fem.), pelas (flexão de pelar) e pela(s) contração por + a(s) passam a ser pela(s)
pélo (fexão de pelar), pêlo (subst. masc.) e pelo (contração por + o) passam a ser pelo(s)
péra(s) (subst, fem.= pedra) , pêra(s) (subst. fem.) e pera (prep. = para) passam a ser pera(s)
pólo(s) (subst. masc.) e polo(s) (comb. de por + lo(s) passam a ser polo(s)
Lembre-se: o v. pôr (infinitivo) e pôde (flexão na 3ª pes. sing. pret. perf. do v. poder) mantêm o
acento, diferençando respectivamente da preposição por e da flexão de 3ª pess. sing. do pres. indic.
pode
É facultativo usar ou não circunflexo em fôrma (com o fechado) para diferençar de forma (com o
aberto)
* Perdem o acento agudo as vogais tônicas i e u de palavras paroxítonas, quando antecedidas de
ditongo:
boiúno passa a ser boiuno
feiúra passa a ser feiura
baiúca passa a ser baiuca
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alauíta passa a ser alauita


Cuidado: mantém-se o acento quando a palavra é proparoxítona (feiíssimo, bauínia) ou oxítona
(tuiuiú, teiú, teiús)
* Nos verbos arguir e redarguir deixa-se de usar o acento agudo no u tônico nas flexões rizotônicas
(ou seja, nas quais o acento tônico cai em sílaba do radical, no caso argu e redargu
argúo passa a ser arguo
redargúo passa a ser redarguo
argúis passa a ser arguis
redargúis passa a ser redarguis
argúi passa a ser argui
redargúi passa a ser redargui
argúem passa a ser arguem
redargúem passa a ser redarguem
argúa passa a ser argua
redargúa passa a ser redargua
argúas passa a ser redarguas
argúam passa a ser redarguam
* Nos verbos terminados em –guar, -quar, e –quir (aguar, apaziguar, enxaguar, obliquar, delinquir
etc.), as flexões podem ser pronunciadas com acento na sílaba do u ou, como no Brasil, na sílaba
anterior. No primeiro caso cai o acento agudo do ú, no segundo, a vogal tônica da sílaba anterior
recebe acento agudo:
agúo passa a ser aguo ou águo
averigúo passa a ser averiguo ou averíguo
apropinqúo passa a ser apropinquo ou apropínquo
delinqúo passa a ser delinquo ou delínquo
* Nos verbos terminados em –guar, -quar, e –quir (aguar, apaziguar, enxaguar, obliquar, delinquir
etc.), as flexões podem ser pronunciadas com acento na sílaba do u ou, como no Brasil, na sílaba
anterior. No primeiro caso cai o acento agudo do ú, no segundo, a vogal tônica da sílaba anterior
recebe acento agudo:
agúo passa a ser aguo ou águo
averigúo passa a ser averiguo ou averíguo
apropinqúo passa a ser apropinquo ou apropínquo
delinqúo passa a ser delinquo ou delínquo
Hífen
* Usa-se o hífen em palavras compostas cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral
ou verbal compõem uma unidade sintagmática e de significado e mantêm cada um sua acentuação
própria (o primeiro elemento pode estar em forma reduzida):
ano-luz, arco-íris, decreto-lei, médico-ortopedista, segundo-tenente, guarda-noturno, mato-
grossense, afrobrasileiro, quarta-feira, vermelho-claro, primeira-dama, conta-gotas, marca-passo,
tira-teima, bota-fora etc.
Atenção: o Acordo menciona explicitamente as exceções (em compostos nos quais se perdeu em
certa medida a noção de composição) que se grafam aglutinadamente:
girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista , paraquedismo
Comentário: a definição do conceito da exceção (‘em certa medida’, ‘noção de recomposição’) e o
‘etc.’ final tornam a aplicação desta regra um tanto vaga. A nova edição do Vocabulário Ortográfico
definirá as dúvidas porventura subsistentes. A posição da ABL, no processo de edição do V.O.,
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portanto antes de sua publicação, era de que o etc. deve ser desconsiderado valendo como
exceção apenas as explicitamente mencionadas (acima). Todas as outras, portanto, manteriam o
hífen: para-lama, para-brisa, lero-lero, marcapasso, tira-teima, cata-vento, passa-tempo etc.
• Já vigentes na prática, são agora definidos como regras:
a) Nos topônimos (nomes de lugares geográficos) usa-se hífen com os prefixos Grão- e Grã-, em
nomes cujo primeiro elemento é verbal e quando os elementos estão ligados por artigos: Grão-Pará,
Grã-Bretanha, Passa-Quatro, Trás-os-Montes, Todos-os-Santos
b) Têm hífen palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas: couve-flor, erva-
doce, andorinha-do-mar, bem-te-vi, leão-marinho
• Usa-se hífen (e não travessão) entre elementos que formam não uma palavra, mas um
encadeamento vocabular:
ponte Rio-Niterói, Alsácia-Lorena, Liberdade-Igualdade-Fraternidade
• Não se usa hífen em locuções (alguns exemplos):
substantivas: café da manhã, fim de semana, cão de guarda
adjetivas: cor de açafrão, cor de vinho
pronominais: cada um, ele mesmo, quem quer que seja
adverbiais: à vontade, à parte, depois de amanhã
prepositivas: a fim de, acerca de, por meio de, a par de
conjuncionais: contanto que, no entanto, logo que
Exceções consagradas pelo uso: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que perfeito,
pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
Comentário: Também é um tanto vaga a noção de ‘consagrada pelo uso’, o que implica que só com
a publicação do V.O. estarão definidas todas as locuções em que se usa (ou não) hífen., como,
p.ex., água que passarinho não bebe, arco da aliança, água de cheiro etc. Pressupõe-se que, na
lógica de só serem válidas as exceções explicitamente mencionadas no Acordo, todas deverão
perder o hífen, desconsiderando-se o ‘etc.’
* Geralmente, a não ser nas exceções que serão estabelecidas na regras seguintes, em palavras
compostas com prefixos ou falsos prefixos (radicais gregos ou latinos que ganharam o significado
das palavras das quais faziam parte, como aero, radio, tele etc.) usa-se hífen se o segundo
elemento começa por h anti-histórico, super-homem, multi-horário, mini-habitação, co-herdeiro
Atenção: quando se usam os prefixos des- e in- (e tb. com an e dis) caem o h e o hífen: desumano,
inabitável, desonra, inábil, anistórico, disidria. Também com os prefixos co- e re- eliminam-se o h e o
hífen: coerdar, coabitar, reabilitar, reabitar
• Passa-se a usar hífen entre o prefixo e o segundo elemento quando o prefixo termina na mesma
vogal pela qual começa o segundo elemento:
antiinflacionário passa a ser anti-inflacionário
teleeducação passa a ser tele-educação
neoortodoxia passa a ser neo-ortodoxia
Obs.: nos prefixos terminados em a, já era o uso vigente, agora consolidado pela regra: contra-
almirante, extra-articular, ultra-alto
Exceção: o prefixo co- se aglutina com segundo elemento começado por o: cooptar, coobrigação re-
se aglutina com palavras começadas por e: reeleição, reestudar, reerguer.
* Usa-se hífen com circum- e pan- quando seguidos de elemento que começa por vogal, m e n,
além do já citado h:
cirumnavegação passa a ser circum-navegação
circumediterrâneo passa a ser circum-mediterrâneo
circumeridiano passa a ser circum-meridiano
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Obs.: já era uso vigente para pan- e alguns usos de circum-, agora ratificados como regra.
* Usa-se hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em consoante e o segundo elemento
começa pela mesma consoante ou por r ou h.
Obs.: São casos desta regra, e também de regra específica do Acordo, o uso de hífen com os
prefixos hiper-, inter-, super, ciber- e nuper- quando o segundo elemento começa por r ou h (hiper-
requintado, interresistente, super-radical, inter-hospitalar); não se usa hífen em outros casos nos
quais o prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa por vogal ou consoante
diferente de h ou r: subseqüência, sublinear, subaquático (mas sub-reptício, sub-rogar), interativo,
hiperativo, superabundante, hiperacidez, interlocução. O uso de hífen com sub-r... é omitido no
Acordo.
* Quando o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s não
se usa mais o hífen e a consoante r ou s é duplicada:
ultra-som passa a ser ultrassom
anti-semita passa a ser antissemita
micro-sistema passa a ser microssistema
mini-saia passa a ser minissaia
maxi-resultado passa a ser maxirresultado
contra-regra passa a ser contrarregra
co-seno passa a ser cosseno
semi-reta passa a ser semirreta
* Não se usa hífen quando o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo elemento
começa por vogal diferente ou consoante (se esta for r ou s, como visto acima, se duplica):
auto-escola passa a ser autoescola
extra-escolar passa a ser extraescolar
co-piloto passa a ser copiloto
supra-escrito passa a ser supraescrito
auto-imune passa a ser autoimune
contra-ordem passa a ser contraordem
Obs.: Alguns desses usos (antiaéreo, plurianual, prefixo seguido de consoante etc.) já eram
vigentes, outros não (exemplos acima), agora todos estão submetidos à regra
• Alguns casos que não mudam, mas convém lembrar:
Com os prefixos ou falsos prefixos ex-, sota-, soto-, vice- vizo-, pré-, pró- e pós- sempre se usa
hífen.
Usa-se hífen antes dos sufixos de função adjetiva de origem tupi-guarani -açu,-guaçu e –mirim,
quando o primeiro elemento acaba em vogal tônica (cajá-mirim, cipó-guaçu) ou quando se necessita
separar a pronúncia da vogal final da do sufixo (anda-açu).
Usa-se hífen nas formas verbais com pronomes átonos (diga-me, vestir-se, vingá-lo, dizer-lhes)
Se a quebra de linha ocorre onde há um hífen gramatical, deve-se repetir o hífen no início da linha
seguinte
LOCUÇÕES
* Não se usa hífen em locuções de qualquer tipo (nominais, adjetivas, pronominais, adverbiais,
prepositivas, conjuncionais), com as seguintes exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-
rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
Assim:
nominais: água-de-coco, café-da-manhã passam a ser água de coco, café da manhã etc.
adjetivas: cor-de-abóbora, cor-de-açafrão passam a ser cor de abóbora, cor de açafrão etc.
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pronominais: nós mesmos, ela própria


adverbiais: à-vontade, antes-de-ontem passam a ser à vontade, antes de ontem
prepositivas: por cima de, a fim de
conjuncionais: ao passo que, logo que
(Fonte: Lexicon. A nova ortografia. Disponível em
http://www.aulete.portaldapalavra.com.br/acordo/regras_simplificadas.pdf. Acessado em
05/01/2009).

Regência - O GRANDE AUGUSTO DE CAMPOS dedica seu belíssimo livro "Balanço da Bossa e
Outras Bossas" (de 1974) ao avô, Américo de Campos, "que me ensinou a gostar de poesia e a
passar a vida inteira lutando por causa perdida".
Muitas vezes, sinto-me exatamente como Augusto. Quando vejo, por exemplo, certos títulos
jornalísticos, acho que perco o meu latim (é bom saber que a expressão "gastar/ perder o seu latim"
significa "trabalhar ou esforçar-se inutilmente").
Veja este título, posto na primeira página de um site, na semana passada: "Selton Mello responde
ao manifesto contra a nudez de Pedro Cardoso". Eu estava fora da pátria amada, acompanhando a
distância o que se sucedia por aqui. Não sabia que Cardoso se manifestara contra a nudez gratuita
no cinema e no teatro.
Minha primeira reação foi supor que Cardoso ficara nu e que isso causara escândalos, revoltas,
manifestos etc., e que, solidário, Selton Mello saíra em defesa de Cardoso.
Resolvi deixar o título de lado e ler a notícia toda. Nada de Cardoso nu, nada de manifesto contra a
nudez dele, nada de apoio de Selton a Cardoso. O problema estava no (horroroso) título que eu
lera, cujas peças estavam fora de lugar. O que se queria informar exigia que as palavras fossem
dispostas nesta ordem: "Selton Mello responde ao manifesto de Pedro Cardoso contra a nudez".
Pela enésima vez, caro leitor, lembro que as palavras devem ser dispostas nas frases com critério,
com nexo. Muitas vezes, a ordem dos fatores altera -e muito!- o produto. A parte dos estudos
lingüísticos que se ocupa das relações entre as palavras e as orações é a regência.
Basta que duas palavras se relacionem para que se estabeleça um mecanismo de regência. Em
"mulher bonita", por exemplo, o termo regente é "mulher"; o regido é "bonita". E por quê? Porque
nesse par o substantivo (que não por acaso se chama substantivo -é a substância) é feminino, o
que exige que o adjetivo ("bonita") assuma a forma feminina, em sintonia com "mulher".
Pois no título relativo à nudez de Cardoso, digo, ao manifesto de Cardoso contra a nudez gratuita no
teatro e no cinema, a expressão "de Pedro Cardoso" é regida pelo substantivo "manifesto" e não
pelo também substantivo "nudez". O nome "manifesto" rege ainda a expressão "contra a nudez". É
fundamental que a ordem dos termos seja tal que impeça interpretação diferente da que se
pretende, diferente daquela que espelha com veracidade os fatos.
Mas a coisa não parou no embate entre Mello e Cardoso. Veja esta outra pérola, perpetrada por um
jornal (em letras graúdas): "Mãe de Eloá diz que perdoa Lindemberg durante velório". O perdão se
encerra quando acaba o velório? E depois? Ou será que a mãe daria o perdão durante o velório?
Mas Lindemberg estava preso, isto é, não poderia ir ao velório.
Há um mês, a pérola da vez foi esta: "Democratas e republicanos atribuem impasse em plano de
socorro a McCain". Que significa isso? Que há um impasse num plano que visa a socorrer o pobre
McCain? É o que parece. A expressão "a McCain" não é regida pelo substantivo "socorro", mas pela
forma verbal "atribuem". A ordem que melhor traduziria o sentido pretendido é esta: "Democratas e
republicanos atribuem a McCain impasse em plano de socorro".
Mais uma vez, pergunto: é difícil? Não creio. Basta ler, reler, ler -e com muita atenção. Do
contrário... É isso.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2310200810.htm ; acessado em 07/11/2008).

Repetições - Não transforme em preocupação obsessiva o receio de repetir palavras na mesma


frase ou muito próximas entre si. Se você já usou hospital e estabelecimento. Por exemplo, recorra
novamente a um deles, caso o texto exija e nunca a nosocômio. Atente, no entanto, para uma série
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de verbos ou partículas cujo emprego abusivo chega, por vezes, a comprometer a matéria:
1- Que. Talvez o caso mais comum, pelo fato de o que exercer diversas funções na frase. Nem por
isso, porém, se justificam periodos como:
Bakker é o lider da organização PTL, que tem 500 mil seguidores que, religiosamente,
contribuem com 15 dólares todos os meses, o que dá uma renda mensal de 7,5 milhões de
dólares; ele teve de admitir nos últimos dias que realmente teve um envolvimento sexual em
1980 com uma secretária de sua igreja e que foi extorquido em 11 mil dólares para que o
escândalo não fosse revelado.
Não existe um só acontecimento histórico que se possa supor que seja conhecido de todos.
A refém disse que foi puxada do carro e que conseguiu arrancar a filha.
O proprietário da casa alegou que não violou a lei e que só quis construir um jardim.
A represália que todos temem que o país possa sofrer por parte dos credores...
2 - Ser. Outro campeão de repetições, especialmente nas flexões é, são, era, eram, foi, foram, será,
serão, seria e seriam:
Para a torcida que foi ao Morumbi domingo, o resultado foi considerado bom, uma vez que,
numa situação normal, o empate poderia ter sido ruim, mas seria impossível exigir mais do
time naquelas condições.
Eles serão os primeiros a ser avisados
Fulana, que é irmã de Y, é uma boa atriz e é muito eficiente no espetáculo que está sendo
apresentado no Teatro Paiol
3-Ter e estar. Mais dois verbos usados com pouca moderação:
Ele teve de admitir nos últimos dias que realmente teve...
O mandato do presidente já está definido e é uma questão que deveria estar encerrada.
4 - Já,
Os dois países já destacaram funcionários para cuidar da agenda do encontro, já que um
dos temas já definidos é...
5 - Vai, vão.
A carne bovina vai fazer parte da tabela que a Sunab vai divulgar até o fim da semana, mas
não vai subir mais de 10%, segundo...
6 – Para.
No caminho para o elevador, pararam para ver...
Para disfarçar, às vezes usam crianças para ganhar confiança...
O compositor recebeu 3 milhões para ceder sua música para o comercial e mais 300 mil
para aparecer na TV.
7 - Um, uma, seu, sua e cujo. São outros termos que se repetem com freqüência muito superior ao
admissível.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Reportagem - A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal e difere da


notícia pelo conteúdo, extensão e profundidade. A notícia, de modo geral, descreve o fato e, no
máximo, seus efeitos e conseqüências. A reportagem busca mais: partindo da própria notícia,
desenvolve uma seqüência investigativa que não cabe na notícia, Assim, apura não somente as
origens do fato, mas suas razões e efeitos. Abre o debate sobre o acontecimento, desdobra-o em
seus aspectos mais importantes e divide-o, quando se justifica, em retrancas diferentes, que
poderão ser agrupadas em uma ou mais páginas. A notícia não esgota o fato; a reportagem
pretende fazê-lo. Na maior parte dos casos, a reportagem decorre de uma pauta que a chefia
encaminha ao repórter, mas é comum o próprio repórter escolher um assunto e sugeri-lo aos
superiores.
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Há algumas instruções fundamentais que todos os repórteres podem seguir para que suas
reportagens atendam às expectativas do leitor:
1 - Escolha uma abertura atraente que prenda o leitor.
2 - Mesmo que a reportagem seja sobre assunto já conhecido, procure iniciar o texto com algum
fato novo ou que tenha passado despercebido.
3 - Se sua reportagem tiver começo, meio e fim, será muito maior a possibilidade de que o leitor
consiga acompanhá-la sem esforço e sem largá-la no meio.
4 - Ordene os fatos. Eles são muitos numa reportagem e, por isso, deverão ser agrupados em
blocos que guardem relação entre si.
5 - Não confie na memória: anote tudo que vir ou ouvir. Na hora de escrever o texto final, será
sempre preferível ter material em excesso a faltarem informações para completar a reportagem.
6 - Seja rigoroso na apuração dos fatos e na seleção dos dados. Confira e verifique todos os
detalhes. Em caso de dúvida, faça consultas posteriores com especialistas, vá ao Arquivo. Tudo se
justifica para que a reportagem não contenha nenhum erro ou informação incompleta.
7 - Informações de ambiente, quando relacionadas com os fatos descritos na reportagem,
contribuem para enriquecê-la e torná-la mais viva e completa.
8 - Sempre que possível, procure saber o máximo sobre o assunto que você vai transformar em
reportagem. Você se sentirá muito mais seguro dessa forma.
9 - Trace um roteiro para as grandes reportagens; caso contrário, você poderá perder-se na coleta
dos dados.
10 - Faça o mesmo para redigir a reportagem: se ela for de pequena extensão, pode ser ordenada
mentalmente, o que se consegue com a experiência. Reportagens muito longas, porém, de uma
página ou mais, devem ser antecipadamente divididas em retrancas estanques, para que o trabalho
se torne mais fácil.
11 - Considere a pauta da reportagem apenas um roteiro ou indicação (a menos que você tenha
instruções terminantes para não se desviar do assunto); sua sensibilidade dirá quando você pode
dirigir a reportagem para caminhos jornalisticamente mais compensadores.
12 - Colha todas as versões que puder para o mesmo fato, confronte-as e, a partir dai, selecione as
mais verossímeis. Se for absolutamente impossível optar por algumas delas, registre-as e mostre ao
leitor os contrastes.
13 - Confie especialmente no que você viu. Informações obtidas de outras pessoas devem ser
incluídas com cautela e critério na matéria, mencionando-se sempre a fonte. Caso esta não possa
aparecer, tente conferir a informação com outra fonte. Lembre-se: a distância entre o furo e a
barriga é muito pequena.
14 - Selecione, se possível, mais de um especialista ou entrevistado que você conte incluir na
reportagem; nem sempre você vai conseguir falar com aquele que quer.
15 - Finalmente, pense sempre que os assuntos são cíclicos no noticiário. Por isso, uma consulta ao
Arquivo antes de você começar a preparar a reportagem o ajudará a buscar ângulos novos e a não
repetir aquilo que o jornal já explorou anteriormente.
Nota do professor: a diferenciação entre notícia e reportagem não é “unanimidade” entre os
estudiosos de jornalismo. A Folha, mesmo, não separa uma da outra.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).
Reportagem 2 - O jornalismo trabalha com o transitório. A menos que o veículo para o qual você
escreva quebre, sempre haverá uma edição posterior. No caso dos sites noticiosos, o fechamento
acontece a toda hora, a todo minuto. Quando um jornalista morre, não deixa obras. Deixa apenas
boas matérias e reportagens. Portanto, não é necessário escrever como Tom Wolfe ou Honoré de
Balzac.
Um jornalista escreve bem quando suas matérias chamam a atenção do leitor. Quando elas são
capazes de prendê-lo até o final do texto e surpreendê-lo. O maior pecado que um jornalista pode
cometer é fazer com que o leitor leia 2 ou 3 vezes o mesmo parágrafo para entender o que aquele
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emaranhado de letras quer dizer.


Segundo J.R. Guzzo, conselheiro do Grupo Abril, não existe uma fórmula para fazer boas matérias.
Se existisse todos os jornalistas só fariam excelentes reportagens. Contudo, Guzzo, que já foi
diretor de redação das revistas Veja e Exame, lista 10 práticas que podem lhe ajudar a escrever
melhor. "Não são garantia de sucesso. Mas é certo que ajudam", diz.
10 dicas para escrever melhor
1. Planeje o seu texto, antes de começar a escrevê-lo. O jornalista precisa saber o que vai colocar
no texto antes de começar a escrever. Caso contrário a matéria não ficará boa, ou melhor, ficará
ruim. Não confie apenas na inspiração.
2. Só entregue uma matéria quando tiver entendido tudo o que está escrito nela. Não vale, nunca,
dizer coisas do tipo "isso veio assim do repórter", ou "foi isso o que o entrevistado falou", ou "isso é
o que está na internet", e por aí afora. O jornalista tem de ser capaz de explicar 100% do que está
na matéria. Parece óbvio, e é óbvio mesmo, mas o contrário vive acontecendo.
3. Informe-se previamente sobre sua pauta. Apesar de um jornalista poder escrever sobre todos os
assuntos, dominar todas as áreas do conhecimento é humanamente impossível. Hemingway,
costumava dar um único conselho a quem lhe perguntava como escrever bem: "Conheça o seu
assunto". Como vencer este paradoxo? A maneira mais eficiente é informar-se previamente sobre
aquilo que você vai escrever. Um editor precisa saber mais sobre o assunto do que sabia ao entrar
na matéria, e, de preferência, o máximo que for viável.
4. Leia e copie boas matérias. Esta é a dica mais eficaz para quem quer escrever bem: ler e copiar.
Pode parecer banal ou pouco ambicioso, mas funciona. O mais recomendável é ler revistas da
imprensa inglesa ou americana. Pode ser uma só. O fundamental é ler sempre. Já copiar, não quer
dizer plagiar. Significa reproduzir, em seus próprios textos, a maneira como as matérias de
referência começam, acabam e descrevem os personagens e ambientes.
5. Coloque um bom manual de redação ou estilo do lado de sua mesa e consulte-o sempre.
"Pessoalmente, nunca fiz isso. Mas não cometa o mesmo erro que cometi", diz Guzzo.
6. Não existe matéria boa feita com lugares-comuns. Revolução e blindagem são palavras que se
transformaram em grandes clichês, por exemplo. Quantas vezes você já não leu "O item X
revolucionou o mercado" e "O senador Y está blindado"? Toda vez que você escrever algum chavão
como estes, pare e reescreva a frase. Uma matéria sem chavões não é necessariamente uma
matéria boa, mas eliminando-os pode-se garantir que, pelo menos, ela não terá este defeito.
7. Não há como fazer uma matéria boa a partir de um assunto ruim. Uma boa pauta é fundamental.
Além disso, há as falsas matérias. Como emagrecer comendo de tudo, como ser feliz em 5 lições e
outras coisas do gênero são exemplos negativos, pois prometem algo falso ao leitor. Quem quer
escrever melhor deve evitar fazer este tipo de matéria.
8. Ao escrever, utilize sempre a ordem direta, palavras de uso corrente e frases de estrutura
simples. Não enrole, não complique. Faça descrições com o máximo de clareza possível e só utilize
adjetivos precisos. Ninguém consegue fazer uma boa matéria fazendo o contrário.
9. O texto confuso, indeciso, destrói uma matéria, mesmo que o assunto seja interessante. A melhor
forma de evitá-lo é seguindo a regra de Alice, no "País das Maravilhas": comece pelo começo, vá
direto até o fim; aí pare.
10. Faça citações, quando adequadas ao assunto. Ninguém é obrigado a ter grandes idéias sempre.
Então, por que não recorrer às grandes cabeças? Quando usadas com inteligência, citações são
uma ótima solução. Contudo, é preciso utilizá-las com inteligência, sem abusar. Somente use este
recurso quando a frase citada for pertinente ao assunto da matéria.
(Fonte: GUZZO, Roberto. J.R. Guzzo dá 10 dicas para escrever melhor. Curso Abril de Jornalismo:
disponível em http://cursoabril.abril.com.br/servico/noticia/materia_253041.shtml ; acessado em 14
de dezembro de 2007).

Risco de Morte / Risco de Vida- A paradoxal construção "risco de vida", já imposta pelo uso,
resulta também do cruzamento com formas como "risco de perder a vida", "arriscar a vida", "pôr a
vida em risco". Em linguagem escrita formal culta, no entanto, parece mais aconselhável empregar
"risco de morte".
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
Pág. 130- 169 páginas

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2202200116.htm ; acessado em 4/1/2008)

Risco de Vida - Veja "Risco de Morte / Risco de Vida"

Salário-mínimo / salário mínimo (modos de usar) - Você está com uma pressa danada e quer
saber se "salário mínimo" é grafado com hífen ou sem ele. Numa consulta ao dicionário, você
rapidamente vê "salário-mínimo" com hífen e se dá por satisfeito: vai usar a expressão com o hífen.
Cuidado! Numa consulta mais atenta, você verá que "salário-mínimo", com hífen, tem um significado
diferente do que você está imaginando. A expressão não significa o valor mínimo que o trabalhador
brasileiro deve receber como salário. Nesse caso, devemos grafar sem o hífen: "salário mínimo".
"Salário-mínimo" é uma expressão popular que possui outro sentido:
Esse time é salário-mínimo
Isto é, trata-se de um time muito fraco, que não vale nada.
Quando queremos nos referir à remuneração mínima dos assalariados, utilizamos as palavras
"salário" e "mínimo" no sentido básico delas, o que não acontece na expressão com hífen, que é
usada para qualificar alguma coisa.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/ortografia/hifen-atoa.htm ; acessado em
30/12/2007).

São / santo - Use são antes de nomes que comecem com consoante: são Francisco, são Paulo
(exceções mais comuns: santo Tomás de Aquino e Santo Graal). Escreva santo antes de prenomes
que comecem com vogal: santo André, santo Inácio de Loyola. O plural é, nos dois casos, santos.
Para o feminino, não há forma reduzida. Use sempre santa.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

seção/sessão/cessão - Seção significa parte, repartição, divisão: Seção de transportes, seção de


turfe, seção de pessoal.
Sessão é o tempo de duração de alguma coisa: sessão de cinema, sessão legislativa, sessão de
psicanálise.
Cessão é o ato de ceder: fazer cessão de direitos. (Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de
redação. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado
em dez/2007. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1996).

Seja / Sejam – Nota do professor: o termo “sejam” só existe quando se trata do verbo ser na 3ª
pessoa do plural, no presente do subjuntivo. “Seja” pode ser também uma conjunção coordenativa
alternativa, ou uma interjeição. Em qualquer um dos dois casos citados na frase anterior, a palavra
não flexiona para o plural. Veja o que diz o Houaiss:
conjunção
1 conjunção coordenativa
serve para ligar palavras ou orações, indicando:
1.1 conjunção alternativa
ênfase antes de cada termo ou frase da alternativa; ou, quer
Ex.: seja hoje, seja amanhã, irei visitá-lo
interjeição
2 denota consentimento, aquiescência; vá, vá lá, faça-se, de acordo
Ex.: Seja! aceito a proposta
Pág. 131- 169 páginas

(Fonte: DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio


Houaiss. Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)

Sejam / Seja – Veja “Seja / Sejam”.

Semi-novos / seminovos (modos de usar) - Outro caso interessante do "automobilês" é o dos


"semi-novos". Temos aí um belo exemplo de eufemismo, figura que o dicionário "Aurélio" define
como "ato de suavizar a expressão duma idéia substituindo a palavra ou expressão própria por
outra mais agradável ou polida". Por essa figura, diz-se, por exemplo, que uma pessoa é "forte",
para que não se diga que é gorda ou obesa.
Por eufemismo, o tradicional automóvel usado virou "semi-novo". Até aí, tudo bem. Quem quiser
acreditar que um carro que andou um mísero ano por ruas e estradas brasileiras é "semi-novo" que
acredite. Pelo jeito, ninguém acredita, porque no uso comum a expressão não pegou.
O problema é que, para completar o truque, faz-se necessário empregar o hífen em "semi-novos",
contrariamente ao que prega o sistema ortográfico vigente. O prefixo "semi" só se liga com hífen a
palavras iniciadas com vogal, "h", "r" ou "s". Assim, há hífen em "semi-analfabeto", "semi-humano",
"semi-reta" ou "semi-sólido", mas não há em "semifinal", "semivogal", "semicírculo" ou
"semibárbaro".
De acordo com a norma ortográfica, portanto, "seminovos" se escreve sem hífen, mas, grafada
dessa forma, certamente não produziria o mesmo efeito. Como se sabe, em publicidade há fatores
(o apelo visual, por exemplo) que contam mais do que qualquer regra gramatical.
(Fonte: NETO, Pasquale Cipro. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0908200105.htm ; acessado em 30/12/2007.)

Sentido incompleto - 1 - Os verbos transitivos (diretos e indiretos) pedem sempre complemento. O


mesmo ocorre com certas palavras e expressões que, sozinhas, tornam incompleto o sentido da
frase. Veja sempre se o texto que você escreveu não deixa no ar uma destas perguntas: o quê?
quem? de quê? do quê? Eis alguns exemplos de orações com sentido incompleto:
Parlamentaristas desistem de impugnar (o quê?)
Ministro rejeita exigência de desapropriar (o quê?) de colonos gaúchos.
Governador desafia Planalto, mas concilia (o quê? quem?) em seu Estado.
Secretário assina (o quê?) pelo governador e indica (quem?) para autarquia.
Vestibular começa a inscrever (quem?).
O jogador não treinou ontem e disse que dificilmente deve renovar (o quê?).
Ministros acham que procurador não criticou (quem?).
Deputados articuIam (o quê?) para que Congresso vote emenda logo.
Rio mobiliza (o quê? quem?) para apresentar emendas
Líder diz que adversários manipulam (o quê? quem?)
Irritação leva ministro a acusar (quem?), diz porta-voz.
Ele era avesso (a quê?)
Ele estava desejoso (de quê?)
2 - Não é suficiente a palavra a que o texto se refere ter sido expressa antes. Um pronome ou um
sinônimo deve substituí-Ia na oração seguinte:
O livro deverá ser vendido por 900 cruzeiros e a idéia é publicar (publicá-lo) em apenas um
volume.
O piloto estava com uma unha ferida, porque a moto caiu em cima (dela).
João, improvisado de lateral não se adaptou (à posição) e deverá ser substituído no time.
O jogador se disse disposto a comprar o seu passe e negociar (negociá-lo) diretamente com
outra equipe.
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Ameaçaram o casal e (o) mandaram passar para banco de trás.


3 - Em casos excepcionais fica claramente subentendido o que se quer expressar e por isso,
admitem-se construções como:
Governador atropela e não socorre.
Usinas de Carajás serão obrigadas a reflorestar.
Quem for comprar agora vai pagar muito mais pelos carros.
O governo poderá contratar com salários de mercado.
Um local preferido de quem navega e pesca.
Piloto abandona na terceira volta.
Lembre-se, porém: são casos excepcionais. A norma é não deixar no ar as perguntas quê? quem?
de quê? do quê?
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Seu / seo – Além de pronome possessivo, a palavra “seu” significa também senhor ('tratamento
respeitoso'). Não costuma ser utilizado na redação jornalística, exceto por meio de discurso direto:
“Seu fulano prometeu resolver o caso”, disse o jardineiro Beltrano.
O termo “seo” é um neologismo adotado em jornais de Campinas e região, para diferenciar o
pronome possessivo da forma de tratamento. Não costuma ser utilizado na redação jornalística,
exceto por meio de discurso direto. (Fonte:professor Artur Araujo).

Siglas - Em geral, criam dificuldades para o leitor, porque exigem ser decifradas. A regra é evitar,
principalmente em títulos, exceto em casos consagrados como Aids, Bradesco, Embratel, ONU,
OLP, USP.
Na Folha, observe a seguinte padronização:
a) Não use pontos: ONU e não O.N.U.;
b) Escreva por extenso seu significado de preferência logo após a primeira menção: O filme vai ser
exibido no MIS (Museu da Imagem e do Som), exceto quando a sigla for muito consagrada, como
Aids, Bradesco, ONU;
c) Use apenas letras maiúsculas para sigla com até três letras: UD, CIA, ONU. Mas atenção: alguns
nomes, como Efe (a agência de notícias espanhola) e Fed (o banco central norte-americano),
parecem siglas mas não são;
d) Use maiúscula apenas na primeira letra de siglas com mais de três letras que podem ser lidas
sem dificuldade como uma palavra: Unesco, Banespa, Petrobrás, Sudene, Sesc.
e) Use apenas letras maiúsculas para sigla que exija leitura letra por letra: FGTS, SBPC, DNDDC,
DNER;
f) Há algumas exceções consagradas como CNPq, UnB;
g) Se precisar formar plural, acrescente s minúsculo: TVs, BTNs.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Simplicidade - A simplicidade é condição essencial do texto jornalístico: quanto mais concisa,


direta e objetiva for a noticia, maior o número de pessoas que atingirá. Escrever simples, no
entanto, exige esforço e o atendimento de uma série de requisitos. Veja alguns deles:
1 - use frases curtas e na ordem direta;
2 - escolha palavras acessíveis a qualquer tipo de leitor;
3 - opte pelo vocábulo mais simples que defina uma coisa ou situação;
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4 - evite os termos técnicos desnecessários e, quando absolutamente indispensáveis, não deixe de


explicá-los;
5 - fuja das frases pernósticas e pomposas.
1- Frases curtas e diretas. As chamadas de primeira página cujo texto se reproduz a seguir são
três bons exemplos de texto conciso, objetivo e direto. Contêm as informações essenciais em frases
curtas, simples e sem rodeios:
Violeta Chamorro assume hoje a presidência da Nicarágua e encerra quase 11 anos de
regime sandinista. Ela começa a governar com uma onda de greves patrocinadas por
sindicatos ligados ao sandinismo e divergências na coligação que a apóia sobre a questão
dos militares. Violeta, eleita em 25 de fevereiro com 54% dos votos, receberá o cargo de
Daniel Ortega no estádio de Manágua.
Um elefante de duas toneladas e dois metros de altura fugiu ontem do Circo Sorriso, no km
35 da Rodovia Campinas-Mogi-Mirim. "Parecia um bando de malucos", disse o dono do
circo, Ismael Alarcon, sobre a equipe que se formou para procurar o animal. O elefante,
recapturado, tinha ido tomar banho numa represa.
A inflação não caiu? Então, que caia o número. Poucos ministros resistiram à tentação. Em
73, Delfim Netto quis segurar a inflação e fez a FGV pesquisar só preços irreais. Depois, o
governo recalculou o índice. Conclusão: 22%, confusão e greves. Simonsen expurgou a
“inflação do chuchu”. Funaro mudou até de calculador: da FGV ao IBGE. Ontem, o governo
multiplicou índices.
Inversamente, leia uma frase de sete linhas de lauda em que o repórter não conseguiu colocar um
ponto sequer:
Ocupando o cargo de ministro-chefe do EMFA há menos de um ano (ele substituiu o general
Paulo Campos Paiva, dentro de um rodízio natural entre as forças), o tenente-brigadeiro
conseguiu levar quase às últimas conseqüências sua guerra em favor da manutenção dos
ganhos dos militares, conseguida a duras penas durante a administração Bresser Pereira, e
mostrou sua determinação e persistência ao enfrentar, pela primeira vez, reuniões com a
cúpula financeira do País.
Ou estas outras, em que as intercalações excessivas tornam difícil a compreensão do núcleo da
frase:
Para chegar até o mandante do crime, que contratou os executores com a intermediação de
um major do serviço secreto X-9 -, e aos criminosos - João da Silva, José de Almeida e
Alberto Santos, o Betinho, além do empresário Francisco de Sousa, filho do ex-presidente do
Flor de Lis Futebol Clube -, foi preciso ocorrer a mudança na cúpula da polícia carioca, com
a saída do secretário da Policia Civil, Pedro Cabral.
“Serão recebidos com energia.” Quando dizia esta frase, na tarde de quinta-feira, 14 de abril,
o prefeito de São Paulo estava registrando que ali, no Parque do Ibirapuera, no exato
momento em que a oratória do seu líder na Câmara, o vereador Carlos Paiva, dava alguma
esperança às pretensões do funcionalismo municipal em busca de aumento de salários,
caíam por terra quaisquer expectativas que os lideres da categoria poderiam alimentar.
Marcelo Machado acredita que está desenhando na TV Gazeta, juntamente com sua equipe,
quase toda originária da produtora independente Olhar Eletrônico, da qual ele era o sócio até
sair para ocupar suas novas funções, o perfil da televisão da próxima década.
2 - Palavras acessíveis. O noticiário não é lugar para o repórter ou redator mostrar erudição. Não
adianta você entremear seu texto de palavras difíceis que o leitor possa não conhecer. Mas,
inversamente, não precisa também descer ao nível de uma redação primária, quase de composição
escolar. Procure apenas utilizar termos que se incluam no universo do leitor ou não lhe causem
estranheza. Fuja também de expressões que possam parecer pedantes, eruditas ou pernósticas,
por não fazerem parte do uso comum. Uma recomendação: evite qualquer palavra ou construção
que você não usaria numa conversa normal.
Eis alguns termos e expressões que o leitor pode não conhecer ou não seriam recomendáveis no
noticiário, por parecerem pernósticos ou pedantes: conspícuo, consuetudinário, palatável, contenda,
ágape, entrementes, não obstante, consoante (=conforme), por conseguinte, porfia, prélio, pugna,
prócer, nesse ínterim, propositura, autogol, outrossim, opíparo, destarte, alhures, algures,
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necrópole, despiciendo, conquanto, porquanto, posto que, isto posto, de sorte que, assaz, deveras,
castrense, chiste, bazófia, cobro, escrínio, sodalício, aduzir, prolatar, protrair, etc.
3 - A mais simples. Na primeira referência, utilize sempre a palavra mais comum.
Lembre-se: existe um termo, e um só, que define melhor uma coisa ou situação. Apele para um
sinônimo ou equivalente apenas na segunda menção, e assim mesmo como último recurso: voltar é
sempre melhor que regressar ou retornar; votar é sempre melhor que sufragar; tribunal é sempre
melhor que corte; passageiro é sempre melhor que usuário.
Por isso, os termos que estão fora dos parênteses são melhores jornalisticamente que os que se
encontram dentro deles: último (derradeiro), casa (moradia, residência ou habitação), eleição
(pleito), vigorar (viger), raiva (hidrofobia), avião (aeronave), procura (demanda), futuro (porvir),
professor (docente), pesca (captura), juiz (magistrado), projeto (proposição), carro (veículo ou
viatura), militar (castrense), pressa (açodamento), fugir (evadir-se), afligir (fustigar), relaxamento
(lassidão), entrar (ingressar), seca (estiagem), recusar (declinar de), observar (perscrutar), imposto
(tributo), esclarecer (deslindar), cidade (urbe), importância (relevância), quantia (cifra), demora
(delonga), etc.
4 - Termos técnicos. Se alguns são necessários, e deverão aparecer no texto acompanhados da
explicação, outros podem ser dispensados e substituídos até pelo seu próprio significado, com
inegáveis vantagens para o leitor.
Por exemplo, no Congresso dá-se o nome de apoiamento ao compromisso de apoio de um
parlamentar à iniciativa de outro. Em vez de usar apoiamento, então, que exigiria explicação a
seguir, fale apenas em compromisso de apoio ou algo equivalente.
Atente especialmente para casos como os dos exemplos abaixo, em que se mesclam termos
técnicos dispensáveis e construções que poderiam ter sido redigidas de maneira menos enigmática:
Um modelo capaz de permitir maiores áreas de insolação e ventilação.
Uma tabela regressiva de alíquotas deverá reger a tributação de aplicações em títulos
privados nominativos, se for aprovada a nova sistemática fiscal para o mercado financeiro.
A tais ponderações provenientes do Poder Público, assiste presunção de veracidade.
O DER quer recuperar a malha rodoviária brasileira.
Atenção: ônibus no contrafluxo.
5 - Redação viciosa. Mesmo sem recorrer a termos técnicos, existem frases desnecessariamente
complicadas, nas quais se volta à questão do pedantismo. Eis algumas:
Os vestibulares em vários estados brasileiros apresentaram menor índice de procura,
fenômeno que passa por interpretações diferentes.
Ontem à tarde, este curto desabafo do ex-presidente flutuou em um quarto de hospital.
Na maior parte dos casos, as frases são facilmente substituíveis por outras mais simples e mais
próximas do universo do leitor:
A polícia decidiu proteger as frotas da CMTC e das empresas permissionárias (por que não
particulares?).
Usuários (passageiros) queixam-se do estado dos ônibus.
Ônibus ficam sem poder operar (ônibus não puderam funcionar).
O texto está vazado no seguinte teor (o texto é o seguinte).
Já há uma carga muito elevada de veículos na Avenida Paulista (o trânsito está intenso na
Avenida Paulista).
A faixa de rolamento da esquerda (a pista da esquerda).
6 - Palavra que vale uma expressão. Não diga em duas palavras o que você puder exprimir em
uma. Votar, por exemplo, é melhor que comparecer ou ir às urnas; mencionar substitui com
vantagem fazer referência a. Que dizer então de governador como chefe do Executivo estadual? Ou
de idade como anos de vida? Ou de presidente como primeiro mandatário da Nação? E no próximo
mês de março é em março, simplesmente.
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(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Tempos verbais (efeitos de sentido) - Vimos que modo é a propriedade que tem o verbo de
indicar a atitude de certeza, de dúvida, de suposição, de mando, etc. da pessoa que fala em relação
ao fato que enuncia; e a de localizar o processo verbal no momento de sua ocorrência, referindo-o
seja à pessoa que fala, seja a outro fato em causa.
Modo indicativo
Com o modo indicativo exprime-se, em geral, uma ação ou um estado considerados na sua
realidade ou na sua certeza, quer em referência ao presente, quer ao passado ou ao futuro. É
fundamentalmente, o modo da
oração principal.
O presente do indicativo emprega-se:
1.°) para enunciar um fato atual isto é, que ocorre no momento em que se fala (presente
momentâneo ):
Escrevo estas linhas em Paris.
- Tia Marina, eu estou com medo!
A noite paira suspensa...
2.°) para indicar ações e estados permanentes ou assim considerados, como seja uma verdade
científica, um dogma, um artigo de lei (presente durativo):
Os corpos caem no vácuo com igual velocidade.
A Santíssima Trindade é o mesmo Deus. Nela há três pessoas distintas e um só Deus
verdadeiro.
“O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da
mulher, no interesse comum do casal e dos filhos." (Código Civil Brasileiro, art. 2331).
3.°) para expressar uma ação habitual ou uma faculdade do sujeito, ainda que não estejam sendo
exercidos no momento em que se fala (presente habitual ou freqüentativo):
Acordo cedo, tomo uma xícara de café, pequena, faço a barba, vou ao banho.
Gosto muito de valsa, disse ela.
4.°) para dar vivacidade a fatos ocorridos no passado (presente histórico ou narrativo), como neste
passo em que se descreve o marquês de Marialva, ardido de desespero, em luta vingadora com o
touro que lhe matara o filho:
"Fez-se no circo um silêncio gélido...
O touro arremete contra ele... Uma e muitas vezes o investe cégo e irado, mas a destreza do
marquês esquiva sempre a pancada.
Os ilhais (nota do professor: ilhais são as duas partes da rês situada entre a última costela, a ponta da
alcatra e o lombo) da fera arfam de fadiga, a espuma franja-lhe a boca, as pernas vergam e
resvalam e os olhos amortecem de cansaço. O ancião zomba da sua fúria. Calculando as
distâncias, frustra-lhe todos os golpes sem recuar um passo.
O combate demora-se.
A vida dos espectadores resume-se nos olhos.
Nenhum ousa desviar a vista de cima da praça. A imensidade da catástrofe imobiliza todos."
5.°) para marcar um fato futuro, mas próximo; caso em que, para impedir qualquer ambigüidade, se
faz acompanhar geralmente de um adjunto adverbial:
– Amanhã vamos passar o dia no Oiteiro.
Volto a semana que vem."
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Valores afetivos
Ao empregarmos o presente histórico ou narrativo (denominações provenientes do seu tradicional e
largo uso nas narrativas históricas), imaginamo-nos no passado, visualizando os fatos que
descrevemos ou narramos. É um processo de dramatização lingüística de alta eficiência, se
utilizado de forma adequada e sóbria, pois que o seu valor expressivo decorre da aparente
impropriedade, de ser acidental num contexto organizado com formas normais do pretérito. O abuso
que dele fazem alguns romancistas contemporâneos é contraproducente: torna invariável o estilo e,
com isso, elimina a sua intensidade particular.
Como nos ensinam aqueles que o souberam usar com mestria, quando se emprega o presente
histórico numa série de orações absolutas, ou coordenadas, deve a última oração conter o verbo
novamente no pretérito. Veja-se, por exemplo, o final do passo que citamos e a sua continuação.
“De súbito solta el-rei um grito e recolhe-se para dentro da tribuna. O velho aparava a peito
descoberto a marrada do touro, e quase todos ajoelharam para rezarem por alma do último
marquês de Marialva."
Observe-se, porém, que, sendo o período composto por subordinação, não se deve empregar na
principal o pretérito e na subordinada o presente histórico, ou vice-versa. Exemplos clássicos, como
seguinte:
Vi logo por sinais e por acenos
Que com isto se alegra grandemente.
não são de imitar.
2. O emprego comedido do presente para designar ação futura pode ser um meio expressivo
de valioso efeito por emprestar a certeza da atualidade a um fato por ocorrer. É particularmente
sensível tal expressividade em afirmações condicionadas do tipo:
Se ele voltar amanhã, sigo com ele.
Se ele volta amanhã, sigo com ele.
Mais um passo, e és um homem morto!
3. É forma delicada de linguagem, e denota intimidade entre pessoas, um pedido feito no presente
do indicativo quando, logicamente, deveria sê-lo no imperativo ou no futuro. Exemplo:
Você me resolve isto amanhã [=Resolva-me isto amanhã ou: Você me resolverá isto
amanhã].
4. Para atenuar a rudeza do tom imperativo, empregamos, vez por outra, o presente do verbo
querer seguido do infinitivo do verbo principal:
Quer sentar-se, minha senhora?

O pretérito imperfeito [do indicativo] designa fundamentalmente um fato passado, mas não
concluído (imperfeito = não perfeito, inacabado). Encerra, pois, uma idéia de continuidade, de
duração do processo verbal mais acentuada do que os outros tempos pretéritos, razão por que se
presta especialmente para descrições e narrações de acontecimentos passados.
Empregamo-lo, pois:
1.°) quando, pelo pensamento, nos transporta-mos a uma época passada e descrevemos o que
então era presente, como neste passo:
"Ontem à tarde, quando o sol morria.
A natureza era um poema santo."
2.°) para indicar, entre ações simultâneas, a que se estava processando quando sobreveio a outra:
Era noite, quando o trem parou na Central.
3.°) para denotar uma ação passada habitual ou repetida (imperfeito freqüentativo);
"Erguia-se com o sol, tomava do regador, dava de beber às flores e à hortaliça; depois
recolhia-se e ia trabalhar antes do almoço, que era às oito horas. "
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4.°) para designar fatos passados concebidos como contínuos ou permanentes:


"Andava com o ar inspirado de todos os poetas novéis que se supõem apóstolos e mártires."
"A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau."
5.°) pelo futuro do pretérito, para denotar um fato que seria conseqüência certa e imediata de outro,
que não ocorreu:
"O patrão é porque não tem força. Tivesse ele os meios e isto virava um fazendão."
6.°) pelo presente do indicativo, como forma de polidez para atenuar uma afirmação ou um pedido
(imperfeito de cortesia):
"O senhor podia permitir que eu acendesse a minha vela na sua? Cheguei sem fósforos e,
vendo que no seu quarto havia luz, vinha-lhe pedir esse favor."
“- Você vem aganado!
- Vinha perguntar-lhe se conhece um sujeito de fora que lá está na eira."
7.°) para situar vagamente no tempo contos, lendas, fábulas, etc. (caso em que se usa o imperfeito
do verbo ser, com sentido existencial):
"Era uma vez um Poeta
Que vivia num Castelo,
Num Castelo abandonado,
Povoado só de medos. . . "
- Era uma vez um homem submergido...
Valores afetivos
1. O imperfeito é o mais rico em expressividade dos tempos do passado. A simples entoação da voz
pode, em certos casos, alterar o sentido de enunciados, na aparência equivalentes, em que ele
ocorre. Sirva de exemplo uma frase como a seguinte:
Dormia quando ele fechou a porta.
Pronunciada sem pausa da voz antes de quando, ela indica tão-somente a simultaneidade das duas
ações, a de dormir e a de fechar a porta. Não cogitamos de saber se a primeira ação continuou ou
não depois de acontecida a segunda. A existência de uma pausa entre dormia e quando é, porém,
suficiente para realçar o conteúdo significativo da segunda oração, que passa a encerrar o fato
predominante do contexto – o de fechar a porta –, que, subentende-mos, interrompeu ação
expressa pelo verbo dormir. Um terceiro efeito poderíamos obter do exemplo em exame, se lhe
omitíssemos a conjunção quando:
Dormia; ele fechou a porta.
O imperfeito adquiriria então um matiz causal, e a frase assumiria o sentido aproximado de:
[Porque] eu dormia, ele fechou a porta.
2. Por expressar um fato inacabado, impreciso, em contínua realização na linha do passado para o
presente, o imperfeito é, como dissemos, o tempo que melhor se presta a descrições e narrações,
sendo de notar que, nas narrações, serve menos para enumerar os fatos do que para explicá-los
com minúcias.
Com os escritores naturalistas este imperfeito descritivo assume importância capital na língua
literária e, hoje, é um dos recursos expressivos mais eficazes de que dispõem os nossos
romancistas.
3. Relevância particular tem o imperfeito do indicativo no chamado discurso indireto livre, em que
autor e personagem se confundem na narração viva de um fato. Leia-se o que, a propósito de tal
meio de expressão (...).
4. Além dos empregos a que nos referimos, o imperfeito pode ter outros, já que, sendo um tempo
relativo, o seu valor temporal é comandado pelos verbos com os quais se relaciona ou pelas
expressões temporais que o acompanham. Nos casos em que a época ou a data em que ocorre a
ação vem claramente mencionada, ele pode indicar até um só fato preciso. Assim:
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Dentre em pouco os capinhas, salvando a pulos as trincheiras, fugiam à velocidade


espantosa do animal...
Em um momento do século XVII colocava-se o autor da Ulisséia acima do Camões!
Ao contrário do que ocorre em algumas línguas românicas, há em português clara distinção no
emprego das duas formas do pretérito perfeito: a simples e a composta, constituída do presente do
indicativo do auxiliar ter e do particípio do verbo principal.
A forma simples indica uma ação que se produziu em certo momento do passado. É a que se
emprega para "descrever o passado tal como aparece a um observador situado no presente e que o
considera do presente":
"Sentei-me no chão, deitei-me na relva e me esqueci do mundo."
"Vi-te uma vez, e estremeci de medo..."
A forma composta exprime geralmente a repetição de um ato ou a sua continuidade até o presente
em que falamos:
"E coisas assim se têm repetido nestes últimos tempos."
"Eu filho da Utopia e primo do Ideal
Tenho estado rimando esta canção florida,
Que seria melhor, não sendo tão comprida."
Em síntese:
O pretérito perfeito simples, denotador de uma ação completamente concluída, afasta-se do
presente; o pretérito perfeito composto, expressão de um fato repetido ou contínuo, aproxima-me do
presente.
Observações
1.ª) Para exprimir uma ação repetida ou contínua, o pretérito perfeito simples exige sempre o
acompanhamento de advérbios ou locuções adverbiais, como várias vezes, muitas vezes,
freqüentemente, sempre, todos os dias, etc. Assim:
“Aludi vánas vezes ao revestimento exterior de divindade com que se apresentava
habitualmente Aristarco.”
Em tais casos, a idéia de repetição ou de continuidade é dada não pelo verbo mas pelo advérbio
que o modifica.
2.ª) Na linguagem coloquial não é raro o emprego do pretérito perfeito simples pelo futuro do
presente composto. Assim:
Quando ele vier, já saí [= terei saído].
Distinções entre o pretérito imperfeito e perfeito
Convém ter presentes as seguintes distinções de emprego do pretérito imperfeito e do pretérito
perfeito simples do indicativo:
a) o pretérito imperfeito exprime o fato passado habitual; o pretérito perfeito, o não habitual:
Quando eu chegava, ela saía.
Quando eu cheguei, ela saiu.
b) o pretérito imperfeito exprime a ação durativa, e não o limita no tempo; o pretérito perfeito, ao
contrário, indica a ação momentânea, definida no tempo. Comparem-se estes dois exemplos:
Raimundo acendia as velas, ia buscar a marimba, caminhava para o jardim, onde se sentava
a tocar e a cantarolar baixinho umas vozes de África, memórias desmaiadas da tribo em que
nascera.
Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou, fechou os olhos.
Pretérito mais-que-perfeito
O pretérito mais-que-perfeito indica uma ação que ocorreu antes de outra ação já passada:
"Foi ao gabinete do marido, que já devorara cinco ou seis jornais, escrevera dez cartas e
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retificava a posição de alguns livros nas estantes."


"Saímos então para ver de perto o que o rio tinha feito." (Nota do professor= fizera)
Além desse valor normal, o mais-que-perfeito pode denotar:
a) um fato vagamente situado no passado, em frases como as seguintes:
"Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros
da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos."
b) um fato passado em relação ao momento presente, quando se deseja atenuar uma afirmação ou
um pedido:
Tinha vindo para pedir-lhe uma explicação. (Nota do professor= Viera)
Na linguagem literária emprega-se, vez por outra, o mais-que-perfeito simples em lugar:
a) do futuro do pretérito (simples ou composto):
"Sem Tabira dos Lusos, que fora?" [= seria]
“Um pouco mais de sol - e fora [= teria sido] brasa,
Um pouco mais de azul - e fora [= teria sido] além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...”
b) do pretérito imperfeito do subjuntivo:
"Daí por diante, Cipriano, a pretexto disto, ou daquilo, proferia exclamações, soltava meias
frases, como se falara consigo mesmo, pois não se voltava para s'Aninha."
Na linguagem corrente, este emprego fixou-se em certas frases exclamativas:
Quem me dera! [= Quem me desse!]
Prouvera a Deus! [= Prouvesse a Deus!]
Exemplos literários:
"Quem me dera ser como Casimiro Lopes?" (Graciliano Ramos)
"Prouvera a Deus que eu não soubesse tanto!" (Fernando Pessoa)
Futuro do presente
Possui uma forma simples e outra composta.
Futuro do presente simples
Emprega-se:
1.°) para indicar fatos certos ou prováveis, posteriores ao momento em que se fala:
"Apaixonadamente
Eu me defenderei”
"Não me queixarei nem terei motivos para isso.”
2.°) para exprimir a incerteza (probabilidade, dúvida, suposição) sobre fatos atuais:
Falo a mim mesmo: onde andará toda essa gente?
Por que não me vem ver? Estarei diferente?
A minha mãe: onde andará que não responde?
Quem saberá do seu destino agora?
3.°) como forma polida de presente:
Direis agora: - Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
-E eu vos direi: – Amai para entendê-las!"
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(Olavo Bilac)
4.°) como expressão de uma súplica, de um desejo, de uma ordem, caso em que o tom de voz pode
atenuar ou reforçar o caráter imperativo:
Lerás porém algum dia
Meus versos, d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados..."
(Gonçalves Dias)
- Ah! meu filho, ferir a um mestre é como pai, e os parricidas serão malditos
Não matarás
5.°) nas afirmações condicionadas, quando se referem a fatos de realização provável:
"Vem, dizia ele na última carta; se não vieres depressa, acharás tua mãe morta!"
Observações
1.ª) Convém atentar nos efeitos estilísticos opositivos: se o emprego do presente pelo futuro
empresta ao fato a idéia de certeza, o uso do futuro pelo presente provoca efeito contrário, por
transformar o certo em possível.
2.ª) Em alguns escritores modernos, vai encontrando guarida o emprego do futuro para indicar que
uma ação foi posterior a outra no passado. Assim:
João casou-se em 1930, mas Antônio esperará ainda cinco anos para constituir família.
Tal uso se assemelha ao do presente histórico.
Substitutos do futuro do presente simples
No língua falado o futuro simples é de emprego relativamente raro. Prefere-se, na conversação,
substituí-lo por locuções constituídas:
a) do presente do indicativo do verbo haver + preposição de + infinitivo do verbo principal, para
exprimir a intenção de realizar um ato futuro:
"Desço ao quintal... Que rosas
Hei de colher?!"
b) do presente do indicativo do verbo ter + preposição de + infinitivo do verbo principal, para indicar
uma ação futuro de caráter obrigatório, independente, pois, da vontade do sujeito:
"Não sou mais extenso porque tenho de atender a todo o instante ao doentinho que exige
agora toda a nossa atenção."
c) do presente do indicativo do verbo ir + infinitivo do verbo principal, para indicar uma ação futura
imediata:
- Parece que vai sair o Santíssimo, disse alguém no ônibus.
Futuro do presente composto
Emprega-se:
1.°) para indicar que uma ação futura estará consumada antes de outra:
Quando voltares, já terei concluído o trabalho.
Quando ele conseguir entrar, já terá terminado a cerimônia.
2.°) para exprimir a certeza de uma ação futura:
- Pelágio! se dentro de oito dias não houvermos voltado, ora a Deus por nós, que teremos
dormido o nosso último sono, e chora por tua irmã, cujo cativeiro já ninguém, provavelmente,
quebrará, senão o anjo da morte."
3.°) para exprimir a possibilidade de um fato passado:
“E quem vai saber agora
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o que se terá passado?”


Terá parado, o maldito relógio? Terá batido enquanto me ausentei, consumi séculos da
cama para aqui?
Também possui uma forma simples e outra composta
Futuro do pretérito
Emprega-se:
1.°) para designar ações posteriores à época de que se fala:
“O essencial, o que me consolaria e me engrandeceria, o que me justificaria aos meus
próprios olhos seria ter eu alcançado a graça de ouvir a música que se cristalizou nesta
floresta de mármore.”
Isto foi em 1929. Stresemann morreria dois meses depois da Conferência.
2.°) para exprimir a incerteza (probabilidade, dúvida, suposição) sobre fatos passados:
A que distância estaríamos?
Era mulher de idade incerta, que andaria pela casa dos cinqüenta.
3.°) como forma polida de presente, em geral denotadora de desejo:
"Seríeis capazes, minhas Senhoras,
De amar um homem deste feitio?"
4.°) em certas frases interrogativas ou exclamativas, para denotar surpresa ou indignação:
"O nosso amor morreu... Quem o diria?"
Seria possível que assim se desvanecessem as esperanças da iminente vitória da verdade à
calúnia, urdida contra o pobre moço!...
5.°) nas afirmações condicionadas, quando se referem a fatos que não se realizaram e que
provavelmente não se realizarão:
Se o encontrasse na rua, passaria indiferente.
Se soubesse rezas compridas para se livrar daquilo, rezaria todas.
Futuro do pretérito composto
Emprega-se:
1.°) para indicar que um fato teria acontecido no passado, mediante certa condição:
–Este é que teria sido, se quisesse, o príncipe dos prosadores.
“Se José Lins do Rego fosse vivo, já teria derramado o coração num artigo”. (Manuel
Bandeira)
2.°) para exprimir a possibilidade de um fato passado:
Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo no escritório; por que
em casa?"
"Coração dos Outros não teve ânimo de responder; adivinhava uma cena violenta que ele
teria querido evitar; mas Olga adiantou-se." (Lima Barreto)
3.°) para indicar a incerteza sobre fatos passados, em certas frases interrogativas que podem
dispensar a resposta do interlocutor:
Para onde teria ido?
De que mundo misterioso teria vindo meu canário...
Modo subjuntivo
Indicativo e subjuntivo
1. Quando nos servimos do modo indicativo, consideramos o fato expresso pelo verbo como certo,
real, seja no presente, seja no passado, seja no futuro.
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Ao empregarmos o modo subjuntivo, é diversa a nossa atitude. Encaramos, então, a existência ou


não existência do fato como uma coisa incerta, duvidosa, eventual, ou, mesmo, irreal.
Comparem-se, por exemplo, estas frases:

Tempo Modo indicativo Modo subjuntivo

Presente Creio que ela Duvido que ela


vem venha

Imperfeito Disse que ela Desejei que ela


voltava voltasse

2. Em decorrência dessas distinções, podemos estabelecer os seguintes princípios gerais,


norteadores do emprego dos dois modos nas orações subordinadas substantivas:
1.°) O indicativo é usado geralmente nas orações que completam o sentido de verbos como afirmar,
compreender, comprovar, crer (no sentido- afirmativo), dizer, pensar, ver, verificar.
2.°) O subjuntivo é o modo exigido nas orações que dependem de verbos cujo sentido está ligado à
idéia de ordem, de proibição, de desejo, de vontade, de súplica, de condição e outras correlatas. É o
caso, por exemplo, dos verbos desejar, duvidar, implorar, lamentar, negar, ordenar, pedir, proibir,
querer, rogar e suplicar.
Emprego do subjuntivo
Como o próprio nome indica, o subjuntivo (do latim subjunctivus “que serve para ligar, para
subordinar”) denota que uma ação, ainda não realizada, é concebida como dependente de outra,
expressa ou subentendida. Daí o seu emprego normal na oração subordinada. Quando usado em
orações absolutas, ou orações principais, envolve sempre a ação verbal de um matiz afetivo que
acentua fortemente a expressão da vontade do indivíduo que fala.
Empregado em orações absolutas, em orações coordenadas ou em orações principais, o subjuntivo
pode exprimir, além das noções imperativas que examinaremos adiante:
a) um desejo, um anelo:
Deus os leve! Deus os traga!...
Rolem trenos (nota do professor: trenos são cantos tristes) no oceano e alegrias no vento!
b) uma hipótese, uma concessão:
Imaginemos uma dama e um pajem.
Não façam cerimônia: suponham que estão em suas casas... Haja liberdade.
c) uma dúvida (geralmente precedido do advérbio talvez):
Talvez o mundo nascesse certo...
Talvez seu juízo seja diferente.
d) uma ordem, uma proibição (na 3.° pessoa):
- Que esta alucinação táctil não cresça!
"Que eu não sinta o coração!"
e) uma exclamação denotadora de indignação:
Raios partam tal malandro!
- Diabos o levem, Dedê!
Observações
1.ª) Vemos que estas orações geralmente se iniciam por que, partícula de classificação difícil, pois o
seu valor, no caso, é mais afetivo do que lógico. E uma espécie de prefixo conjuncional, peculiar ao
subjuntivo.
2.ª) A exclamação viva! é um antigo subjuntivo, que outrora concordava sempre com o seu sujeito.
Hoje a concordância é facultativa, porque o singular adquiriu o valor de interjeição:
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Viva os campeões!
Vivam os campeões!
Subjuntivo subordinado
O subjuntivo é por excelência o modo da oração subordinada. Emprega-se tanto nas subordinadas
substantivas, como nas adjetivos e nas adverbiais.
Nas orações substantivas
Usa-se geralmente o subjuntivo quando a oração principal exprime:
a) a vontade (nos matizes que vão do comando ao desejo) com referência ao fato de que se fala:
Querem que experimentemos uma valsa figurada!
"Não podia admitir que viessem à sua vista ensebar as instituições!"
b) um sentimento, ou uma apreciação que se emite com referência ao próprio fato em causa:
Seria melhor que o homem tivesse feito artigos.
Não julguei que a incisão tivesse sido profunda.
c) a dúvida que se tem quanto à realidade do fato enunciado:
Receio muito que assim aconteça.
Podia ser que quisesse mesmo fazer-se deputado.
O subjuntivo é de regra nas orações adjetivas que exprimem:
a) um fim que se pretende alcançar, uma conseqüência:
Aguardo uma oportunidade que me permita uma transferência de posto.
b) um fato improvável (caso freqüente quando a principal é interrogativa, negativa ou restritiva):
Pensaste em alguém que pudesse substituir-te?
Não houve ninguém que aceitasse o encargo.
Conheci poucos indivíduos que tivessem tanta consciência do dever.
c) uma hipótese, uma conjetura:
Se te oferecerem um emprego que te convenha deves aceitá-la.
Alguém que houvesse sofrido uma injustiça compreenderia seu gesto.
Nas orações adverbiais
1. Nas orações subordinadas adverbiais, o subjuntivo, em geral, não tem valor próprio. É um mero
instrumento sintático de emprego regulado por certas conjunções.
Em princípio, podemos dizer que o subjuntivo é de regra depois das conjunções:
a) causais, que negam a idéia da causa (não porque, não que):
O certo é que O País estava morto. Mas não porque sua colaboração literária tivesse
baixado de qualidade ou porque o seu noticiário já não fosse tão bem tratado.
b) concessivas (embora, ainda que, conquanto, posto que, mesmo que, se bem que, etc);
Realmente saímos com alguma precipitação, embora estivesse eu curioso de ver o resto.
Mesmo que pegasse mais outros fornecedores da Bom Jesus, elo teria recursos para o
norte, expandindo-se.
c) finais (paro que, a fim de que, porque):
Depois insistiu com ela para que entrasse.
d) temporais, que marcam a anterioridade (antes que, até que e semelhantes);
Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe.
2. Usa-se também o subjuntivo, em razão de ser o modo do eventual e do imaginário, nas:
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a) orações comparativas iniciadas pela hipotética como se:


Muitas vezes viajavam por esses desertos, descuidados e imprevidentes, como se nada
devessem recear.
Dona Olívia olhava para cada um como se quisesse nos reconhecer.
b) orações condicionais, em que a condição é irrealizável ou hipotética:
Se o mal fosse de natureza objetiva, estaríamos definitivamente perdidos, a menos que o
meio se transformasse.
Se pudesse haver epopéia nacional, esta seria sem dúvida a dos bandeirantes.
c) orações consecutivas que exprimem “simplesmente uma concepção, um fim o que se pretende
ou pretenderia chegar, e não uma realidade”: (nota existente no livro: Epifânio Dias. Gramática
portuguesa. 3. ed. Porto. 1880. p. 129).
Procure agir de maneira que agrade a todos.
Não faça planos tão ambiciosos que não os possa realizar.
Substitutos do subjuntivo
Por vezes a construção com o subjuntivo é pesada ou malsoante. Convém, nesses casos, substituí-
Ia por uma forma expressional equivalente.
Entre os substitutos possíveis do subjuntivo, devem ser mencionados:
1. O infinitivo. Comparem-se estas frases:
O professor deixou que o aluno escrevesse livremente.
O professor deixou o aluno escrever livremente.
Aconselhava sempre os funcionários a que respondessem a todos com urbanidade.
Aconselhava sempre os funcionários a responderem a todos com urbanidade.
2. O gerúndio, principalmente nas orações condicionais. Comparem-se estas frases:
Se comprasses em quantidade, farias economia.
Comprando em quantidade, farias economia.
Se formos por aqui, chegaremos mais depressa.
Indo por aqui, chegaremos mais depressa.
3. Um substantivo abstrato. Comparem-se estas frases:
Espero que retornes breve.
Espero teu retorno breve.
Desejo que ele triunfe.
Desejo o seu triunfo.
4. Uma construção elíptica. Comparem-se estas frases:
Quer sejam crentes ou ateus quer sejam sábios ou ignorantes, são todos criaturas de Deus.
Crentes ou ateus sábios ou ignorantes, são todos criaturas de Deus.
Se fosse de ouro, o anel não se oxidaria.
De ouro, o anel não se oxidaria.
Observação
Quanto à substituição do imperfeito do subjuntivo pelo mais-que-perfeito do indicativo, veja-se o que
dissemos ao tratar deste tempo.
Tempos do subjuntivo
A modalidade subjuntiva é, por princípio, uma modalidade de oposição à modalidade indicativa.
Logo, “os tempos do subjuntivo não representam noções de época da forma por que o fazem os do
indicativo. Pode-se, no entanto, falar de certos hábitos de concordância dos tempos, que não
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procedem de um automatismo rígido e puramente formal, antes resultam do funcionamento de


mecanismos delicados e complexos” (nota existente no livro: Gérard Meignet. Essaisur le moe
subjonctif en latin post-classique et en ancien français. I. Paris-Alger. 1959. p. 131) .
Feita essa advertência, examinemos os principais valores dos tempos do subjuntivo.
Presente
O presente do subjuntivo pode indicar um fato:
a) presente:
É melhor que eu não minta a você.
b) futuro:
Deus a conserve assim, coitadinha, tão boa que ela é.
Pretérito imperfeito
O pretérito imperfeito pode ter o valor:
a) de passado:
Mas, mesmo se João Laje não saísse da redação e não largasse a sua mesa, estaria
condenado da mesma maneira.
b) de futuro:
Era provável que a ocasião aparecesse.
Deus não consentiu que ele atingisse a glória tribunícia.
c) de presente:
Tivesses coração, terias tudo...
Pretérito perfeito
O pretérito imperfeito do subjuntivo pode exprimir um fato:
a) passado (supostamente concluído):
Impossível dizer que o romancista haja procedido mal.
b) futuro (terminado em relação a outro fato futuro):
Espero que o marceneiro tenha terminado a obra, quando chegarmos.
Pretérito mais-que-perfeito
O pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo pode indicar:
a) uma ação anterior a outra ação passada (dentro do sentido eventual do modo subjuntivo):
Se ele tivesse escutado os conselhos do capitão Barros, seria um homem.
b) uma ação irreal no passado:
– Diga-me; acredita que Lúcia tivesse gostado do senhor?
Futuro simples
O futuro do subjuntivo simples marca a eventualidade no futuro, e emprega-se em orações
subordinadas:
a) adverbiais (condicionais, conformativas e temporais), cuja principal vem enunciada no futuro ou
no presente:
Se puder, voltarei.
Se puder, volte amanhã.
Agirei conforme decidires.
Aja como lhe aprouver.
Quando quiser, partiremos.
Quando quiser partir, diga-me.
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b) adjetivas, dependentes de uma principal também enunciada no futuro ou no presente:


Não faltarei aos que me apoiarem neste momento.
Não faltes aos que te apoiarem neste momento.
Futuro composto
O futuro do subjuntivo composto indica um fato como terminado em relação a outro fato futuro
(dentro do sentido geral do modo subjuntivo):
D. Sancha, peço-lhe que não leia este livro; ou, se o houver lido até aqui, abandone o resto.
Modo imperativo
1. Há em português, como sabemos, dois imperativos: um afirmativo, outro negativo.
O imperativo afirmativo possui formas próprias somente para as segundas pessoas do singular
(sujeito tu) e do plural (sujeito vós). As demais pessoas são expressas pelas formas
correspondentes do presente do subjuntivo.
O imperativo negativo não tem nenhuma forma própria. É integralmente suprido pelo presente do
subjuntivo.
2. Como no imperativo o indivíduo que fala se dirige a um interlocutor, só admite este modo as
pessoas que indicam aquele a quem se fala, isto é:
a) as 2as pessoas do singular e do plural;
b) as 3as pessoas do singular e do plural quando o sujeito é expresso por pronome de tratamento,
como você, o senhor, Vossa Senhoria, etc.
c) a 1 a pessoa do plural, que no caso denota estar o indivíduo que fala disposto a associar-se ao
cumprimento da ordem, conselho ou súplica que dirige a outros.
3 . Cumpre distinguir das correspondentes do imperativo certas formas do presente do subjuntivo
empregadas sem a anteposição do que. O imperativo, no caso, exprime ordem, ou exortação; o
subjuntivo, desejo ou anelo.
Cubram o rosto! (imperativo)
Cubram de rosas o seu caminho! (subjuntivo)
Emprego do modo imperativo
1. Embora a palavra imperativo esteja ligada, pela origem, ao latim imperare, "comandar", não é
para ordem ou comando que, na maioria dos casos, nos servimos desse modo. Há, como veremos,
outros meios mais eficazes para expressarmos tal noção. Quando empregamos o imperativo, em
geral, temos o intuito de exortar o nosso interlocutor a cumprir a ação indicada pelo verbo. É, pois,
mais o modo da exortação, do conselho, do convite, do que propriamente do comando, da ordem.
2. Tanto o imperativo afirmativo como o negativo usam-se somente em orações absolutas, em
orações principais, ou em orações coordenadas.
Ambos podem exprimir:
a) uma ordem, um comando:
“... Abre essa rede,
Abre essa rede, digo-te.”
“Mísero cão!
Humilha-te, abaixa-te.”
b) uma exortação, um conselho:
Dorme. Sonha. Desperta. Da colméia nasce a manhã de mel contra a janela. Fecha a
cancela e vai. Há sol nos frutos dos pomares.
Não clameis por sua sorte!
c) um convite, uma solicitação:
Amada,vem! Acende o teu sorriso, porque em minha alma anoiteceu...
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Vinde e contemplai-nos, que entardece.


d) uma súplica:
Pela noite escura imploro: Valei-me, Nossa Senhora!
Deixai-me dormir agora."
3. Emprega-se também o imperativo, para sugerir uma hipótese, em lugar de asserções
condicionadas expressas por se + futuro do subjuntivo:
Tirai do mundo a mulher, e o ambição desaparecerá de todos as almas generosas. [= Se
tirardes do mundo o mulher, o ambição desaparecerá de todos as almas generosas.]
Suprima a vírgula, e o sentido ficará mais claro. [= Se suprimir a vírgula, o sentido ficará mais
claro.]
Note-se que a voz se eleva no fim da primeira oração, e retoma a segunda em tom sensivelmente
mais baixo.
4. Esses diversos valores dependem do significado do verbo, do sentido geral do contexto e,
principalmente; da entoação que dermos à frase imperativa. Por exemplo, em frases como:
Fala e deixa-me.
Venha cá depressa.
conforme o tom da voz, a noção de comando pode enfraquecer-se até chegar à de súplica.
5. Pondere-se ainda que o imperativo é enunciado no tempo presente, mas na realidade este
“presente do imperativo” tem valor de um futuro, pois a ação que exprime está por realizar-se.
Substitutos do imperativo
A língua nos oferece outros meios para expri-mir os diversos matizes apresentados pelo imperativo.
Assim:
1. Uma ordem pode ser enunciada por frases nominais, ou por simples interjeições:
Fogo! Silêncio! Avante! Mãos ao alto!
Saliente-se, porém, que nessas frases, em que a supressão do verbo reforça o tom de comando, as
palavras ou locuções vocabulares perdem o seu valor próprio para denotar uma idéia verbal de
ação. Podemos, portanto, estabelecer as seguintes equivalências:
Fogo! [= Atire! Faça fogo!]
Silêncio! [= Cale-se! Faça silêncio!]
Avante! [= Siga avante!]
Mãos ao alto! [= Levante as mãos! Ponha as mãos ao alto!]
2. Certos tempos do indicativo, como dissemos ao estudarmos este modo, podem ser utilizados
com valor de imperativo.
Assim:
a) com o presente atenuamos a rudeza da forma imperativa:
Você vem comigo. [= Venha você comigo.]
O senhor me resolve a questão. [= Resolva-me a questão.]
b) com o futuro do presente simples atenuamos ou reforçamos o caráter imperativo de frases do
tipo:
Você seguirá comigo. [= Siga comigo.]
Não matarás. [= Não mates.]
de acordo com a entoação que Ihes emprestarmos.
3. O imperfeito do subjuntivo transforma a ordem numa simples sugestão em frases interrogativas
como as seguintes:
E se tentasses compreender? [ = Tenta compreender. ]
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Se falasses mais baixo!? [= Fala mais baixo!]


4. Com o valor de imperativo impessoal, usam-se:
a) o infinitivo (principalmente na expressão de um comando, de uma proibição):
Marchar!
Direita, volver!
Não pisar na grama.
Não assinar a prova.
b) o gerúndio (Construção elíptica, freqüente na linguagem popular):
Andando! [= Vá andando! Ande!]
Correndo! [= Vá correndo! Corra!]
5. Ressalta sobremaneira o sentido do verbo a perífrase formada de ir ou vir (no imperativo) e do
verbo principal (no infinitivo):
Não confessei cousa alguma; e não vá por isso adoecer outra vez.
– Não venha me dizer que está arrependido.
6. Em frases de entoação interrogativa, usa-se não raro o infinitivo do verbo que exprime a ordem
antecedido de formas do presente ou do imperfeito do indicativo dos verbos querer e poder:
Quer retirar-se? [= Retire-se!]
Podia fechar a porta? [= Feche a porta!]
7. Para se fazer sentir a intervenção do indivíduo que fala, costuma-se subordinar o verbo
denotador da ação que deve ser cumprida a outro verbo, o qual marca a vontade do locutor:
Desejo que retomes cedo. [= Retorno cedo.]
Ordeno-te que partas imediatamente. [= Parte imediatamente.]
Reforço ou atenuação da ordem
Além dos processos que examinamos, dispõe a língua de variados recursos estilísticos para
reforçar ou atenuar a vontade expressa pelo Imperativo. A sua eficácia, porém, está sempre
condicionada ao tom de voz, que é, nas formas afetivas da linguagem, um elemento essencial.
Reforço
Pode também ser obtido pelo emprego:
a) da forma verbal repetida:
Deixem-me, deixem -me pelas chagas de Cristo!
b) de um advérbio, de uma expressão de insis-tência, ou de imprecações:
– Fala, mulher, pelo amor de Deus!
– Peste! Vai para o inferno!
c) da 3ª pessoa do subjuntivo aplicada ao interlocutor:
Pega... Pega... Lá se foi... Que o leve o diabo.
Atenuação
Por dever social e moral, geralmente evitamos ferir a suscetibilidade de nosso interlocutor com a
rudeza de uma ordem. Entre os numerosos meios de que nos servimos para enfraquecer a noção
de comando, devemos ressaltar (além dos já estudados), pela sua eficiência, o emprego de
fórmulas de poli-dez ou de civilidade, tais como: por favor, por gentileza, digne-se de, tenha a
bondade de, etc.:
Faz-me o favor, assente-se.
"Tenha a bondade de contar." [= Conte.]
É claro que também aqui o tom de voz é de suma importância. Qualquer dessas frases pode, não
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obstante as fórmulas de cortesia empregadas, tor-nar-se rude e seca, ou mesmo insolente, com a
simples mudança de entoação.
Emprego das formas nominais (nota do professor: gerúndio infinitivo flexionado e particípio)
1. As formas nominais do verbo identificam-se pelo fato de não poderem exprimir por si nem o
tempo nem o modo. O seu valor temporal e modal está sempre em dependência do contexto em
que aparecem.
Características gerais
2. Distinguem-se, fundamentalmente, pelas seguintes peculiaridades:
a) o infinitivo apresenta o processo verbal em potência; exprime a idéia da ação, aproximando-se,
assim, do substantivo:
Sofrer por sofrer. Somente eu sofria.
Para alguns, querer é poder.
b) o gerúndio apresenta o processo verbal em curso e desempenha funções exercidas pelo
advérbio ou pelo adjetivo:
"Abrindo as grandes asas fulgurantes, A Esperança tomou-me os braços hirtos... "
c) o particípio apresenta o resultado do processo verbal; acumula as características de verbo com
as de adjetivo, podendo, em certos casos, receber como este as desinências -a de feminino e -s de
plural:
Tens os olhos encovados,
De fundos visos cercados,
Sinistros sulcos deixados
Por atros vícios talvez;
A fronte escura e abatida,
Roxa a boca comprimida,
A face magra tingida
Da morte na palidez.
3. Acrescente-se, ainda, que:
a) o infinitivo e o gerúndio possuem, ao lado da forma simples, uma forma composta, que exprime a
ação concluída:

Aspecto não Aspecto


concluído concluído

Infinitiv Escrever Ter escrito


o

Gerúnd Escrevendo Tendo escrito


io

b) O infinitivo apresenta, em português, duas formas: uma não flexionada; outra flexionada, como
qualquer forma pessoal do verbo:
c) o gerúndio é invariável;
d) o particípio não se flexiona em pessoa.
Feitas essas considerações de ordem geral, pas-semos ao exame de alguns dos valores e
empregos particulares das formas nominais.
Emprego do infinitivo
Infinitivo impessoal e impessoal
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A par do infinitivo impessoal, isto é, do infinitivo que não tem sujeito, porque não se refere a uma
pessoa gramatical, conhece a língua portuguesa o infinitivo pessoal, que tem sujeito próprio e pode
ou não flexionar-se. Assim, em:
Lembrar é viver e reviver.
Amar é caminhar junto.
o infinitivo é impessoal.
Já nas frases:
Voz obstinada que estás ao longe chamando-me, conduze-te a mim, para compreenderes
minha ausência.
O sol encontrou as crianças procurando outra vez o vento para soltarem papagaios de papel.
estamos diante de formas do infinitivo pessoal.
O infinitivo pessoal flexionado possui, como vimos, desinências especiais para as três pessoas do
plural e para a segunda pessoa do singular.
Emprego distintivo
O emprego das formas flexionadas e não flexio-nadas do infinitivo é uma das questões mais
controvertidas da sintaxe portuguesa. Numerosas têm sido as regras propostas pelos gramáticos
para orientar com precisão o uso seletivo das duas formas. Quase todas, porém, submetidas a um
exame mais acurado, revelaram-se insuficientes ou irreais. Em verdade, os escritores das diversas
fases da língua portuguesa nunca se pautaram, no caso, por exclusivas razões de lógica gramatical,
mas se viram sempre, no ato da escolha, influenciados por ponderáveis motivos de ordem
estilística, tais como o ritmo da frase, a ênfase do enunciado, a clareza da expressão.
Por tudo isso, parece-nos mais acertado falar não de regras, mas de tendências que se observam
no emprego de uma e de outra forma do infinitivo. São algumas destas tendências que passamos a
indicar.
Emprego da forma não flexionada
O infinitivo conserva a forma não flexionada:
1.º) quando é impessoal, ou seja, quando não se refere a nenhum sujeito:
Amar e odiar será de todo o mundo, mas saber desprezar não é para qualquer.
2.º) quando tem valor de imperativo:
“Trabalhar!” brada na sombra a voz imensa de Deus
3.º) quando, precedido da preposição de, tem sentido passivo e serve de complemento nominal a
adjetivos como fácil, possível, bom, raro e outros semelhantes:
Versos! são bons de ler, mais nada; eu penso assim.
4.º) quando pertence a uma locução verbal:
Vamos vê-Ia, quero ver se lhe posso falar.
5.º) quando depende dos auxiliares causativos (deixar, mandar, fazer e sinônimos) ou sensitivos
(ver, ouvir, sentir e sinônimos) e vem imediatamente depois desses verbos ou apenas separado
deles por seu sujeito; expresso por um pronome oblíquo:
Deixas correr os dias como as águas do Paraíba?
Sentia-os parar.
Neste caso, ocorre também a forma flexionada, quando entre o auxiliar e o infinitivo se insere o
sujeito deste, expresso por substantivo:
... Levantas-te de leve, ó límpida criança! ... E deixas tuas mãos correrem no piano...
Eu vi as altas montanhas ficarem planas.
E, mais raramente, quando o sujeito é um pronome oblíquo:
Ele viu-as entrarem, prostrarem-se de braços estendidos, chorando, e não se comoveu...
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Construções do tipo:
Ouvi tremerem os campos.
são mais raros e explicam-se pelo realce que, no caso, se quer dar ao sujeito do infinitivo.
Emprego da forma flexionada
O infinitivo assume a forma flexionada:
1.°) quando tem sujeito claramente expresso:
Um dos vizinhos disse-lhe serem as autoridades do Cachoeiro.
2.°) quando se refere a um sujeito oculto, que se quer dar o conhecer pelo terminação verbal:
Meus amigos, é para colaborardes em dar existência a essas duas instituições que hoje saís
daqui habilitados.
3.°) quando, na 3.ª pessoa do plural, indico o indeterminação do sujeito:
Ia por diante Rebelo com os extraordinários avisos, quando senti puxarem-me a blusa.
4.°) quando se quer dar à frase maior ênfase ou harmonia:
Quem te deu, pois, o direito de correres à morte certa?
Aqueles homens gotejantes de suor, bêbedos de calor, desvairados de insolação, a
quebrarem, a espicaçarem, a torturarem a pedra, pareciam um punhado de demônios
revoltados na sua impotência contra o impassível gigante.
Conclusão
Como vemos, “a escolha da forma infinitiva depende de cogitarmos somente da ação ou do intuito
ou necessidade de pormos em evidência o agente da ação". (nota existente no livro: Said Ali.
Gramática secundária. p. 180. Sobre o emprego das formas flexionada e não flexionada do
infinitivo, consulte-se a excelente monografia histórico-descritiva de Theodoro Henrique
Maurer Jr.: O infinitivo flexionado português, São Paulo, 1968; e, também: Holger Sten.
l'infinitivo impessoal et I'infinitivo pessoal en portugais moderne. In Boletim de filologia,
XIII,1952. p. 83-142 e 201-256; Maurice Molho. le probleme de I'infinitif en portugois. In
Bullefin hispanique, lXI. Bordeaux, 1959. p. 26-73, onde se discutem as principais teses
aventadas para explicá-Io. leiam-se ainda: Said Ali. Dificuldades da Iíngua portuguesa. p. 55-
76; Knud Togeby. L'énigmafique infinifif personnel en portugois. In Sfudia neophilologico,
XXVII, 1955. p. 211-218.) No primeiro caso, preferiremos o infinitivo não-flexionado; no segundo, o
flexionado.
Trata-se, pois, de um emprego seletivo dentro de uma linguagem formalizada –, mais do terreno da
estilística do que, propriamente, da gramática.
Emprego do gerúndio
Vimos que o gerúndio apresenta duas formas: uma simples (escrevendo), outra composta (tendo ou
havendo escrito).
Forma simples e composta
A forma composta é de caráter perfeito e indica uma ação concluída anteriormente à que exprime o
verbo da oração principal:
Não tendo enviado o bilhete de Helena, meteu-o na algibeira para entregá-lo ele próprio;
depois tirou-o e releu-o: tendo-o relido, fez um gesto para rasgá-lo, conteve-se e perpassou-
o ainda uma vez pelos olhos.
A forma simples expressa uma ação em curso, que pode ser imediatamente anterior ou posterior à
do verbo da oração principal, ou contemporânea dela.
Este valor temporal do gerúndio depende quase sempre de sua colocação na frase, como
passamos a examinar.
Gerúndio anteposto à oração principal
Colocado no início do período, o gerúndio exprime:
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a) uma ação realizada imediatamente antes da indicada na oração principal:


Dizendo estas palavras, estendeu-lhe a nota.
Deixando Roberto, saíram os três do armazém.
b) uma ação que teve começo antes da indicada na oração principal e ainda continuou:
Visitando há poucos dias a cidade de Santos, relembrei alguns episódios ligados à minha
vida comercial, nos seus primeiros ensaios.
Gerúndio ao lado do verbo principal
Colocado junto do verbo principal, o gerúndio expressa de regra uma ação simultânea,
correspondente a um adjunto adverbial de modo:
O trovão ronca tremendo,
Os cedros pendem rangendo,
Os gênios pulam gemendo
No embate das ventanias!
Gerúndio proposto à oração principal
Colocado depois da oração principal, o gerúndio indica uma ação posterior e equivale a uma oração
coordenada iniciada pela conjunção e:
Estávamos à porta de casa; deram-me uma carta, dizendo que vinha de uma senhora.
Precedido da preposição em, o gerúndio marca enfaticamente a anterioridade imediata da ação com
referência à do verbo principal:
Em se lhe dando corda, ressurgia nele o tagarela da cidade.
Ele, em chegando aos setecentos mil-réis, trancaria a porta.
Construções afetivas
1. O aspecto inacabado do gerúndio permite-lhe exprimir a idéia de progressão contínua,
naturalmente mais acentuada se a forma vier repetida, como neste passo:
Reduzindo, reduzindo ficou nisto.
2. Na Iinguagem popular, já o dissemos, o gerúndio substitui por vezes a forma imperativa:
Seguindo! [= Vá seguindo! Siga!]
O gerúndio na locução verbal
O gerúndio combina-se com os auxiliares estar, andar, ir e vir, para marcar diferentes aspectos da
execução do processo verbal.
1 . Estar seguido de gerúndio indica uma ação durativa num momento rigoroso:
O mundo está mudando a sua fisionomia, a vida está adquirindo novas formas e novo
colorido.
2. Andar seguido de gerúndio indica uma ação durativa em que predomina a idéia de intensidade ou
de movimento reiterado:
Muita gente andou pensando que o M. Bandeira de tantos desenhos admiráveis era eu.
Os jornais andam cantando a tua verve flamante, pertences a uma seita de princípios
transcendentais.
3. Ir seguido de gerúndio expressa uma ação durativa que se realiza; progressivamente ou por
etapas sucessivas:
Uma porta vai rodando, vão rodando grossas chaves.
4. Vir seguido de gerúndio expressa uma ação durativa que se desenvolve gradualmente em
direção à época ou ao lugar em que nos encontramos:
Vinha, entre nuvens, o luar nascendo...
Veio vindo a ventania.
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Emprego do particípio
O particípio desempenha importantíssimo papel no sistema do verbo, com permitir a formação dos
tempos compostos que exprimem o aspecto conclusivo do processo verbal.
Elemento de tempos compostos
Emprega-se, como vimos:
a) com os auxiliares ter e haver, para formar os tempos compostos da voz ativa:
tenha lido
havia feito
b) com o auxiliar ser, para formar os tempos da voz passivo de ação:
seja lido
era feito
c) com o auxiliar estar, para formar tempos da voz passiva de estado:
esteja lido
estava feito
Particípio sem auxliar
1 . Desacompanhado de auxiliar, o particípio exprime fundamentalmente o estado resultante de uma
ação acabada:
Desesperado, rasgou o escrito.
Largado no térreo, e meio tonto ainda, dirigiu-se a um contínuo.
2. O particípio dos verbos transitivos tem de regra valor passivo:
Dado o sinal, os pares punham-se em ordem e iniciavam as marchas polacas.
Lida a pergunta, Afonso abancou para responder.
3. O particípio dos verbos intransitivos tem quase sempre valor ativo:
Desci em Lima, vindo da Colômbia, na qualidade de um dos homens da Comissão dos 21',
da Operação Pan-Americana.
Chegado, porém, à conclusão deste livro, pôr-Ihe-emos remate com uma reflexão.
4. Exprimindo embora o resultado de uma ação acabada, o particípio não indica por si próprio se a
ação em causa é passada, presente ou futura. Só o contexto' a que pertence precisa a sua relação
tem-poral. Assim, a mesma forma pode expressar:
a) ação passada:
Aprovada a lei, só nos restava cumpri-Ia.
b) ação presente:
Aprovada a lei, só nos resta cumpri-Ia.
c) ação futura:
Aprovada a lei, só nos restará cumpri-Ia.
Nos casos acima, vemos que a oração de particípio tem sujeito diferente da principal e estabelece,
para com esta, uma relação de anterioridade.
Mas a relação temporal entre as duas orações pode ser de simultaneidade, principalmente se o
sujeito for o mesmo:
Abraçado com eles, caía num pranto perdido.
Deitado no couro, José Maria escutava o sussurro das águas.
5. Quando o particípio exprime apenas o estado, sem estabel~cer nenhuma relação temporal, ele
se confunde com o adjetivo:
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Sobre a cidade adormecida a chaminé vela.


(Fonte: CUNHA, Celso. Gramática da língua portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro : MEC, 1975, p. 429-
465)
Veja também “gerundismo” e infinitivo (concordância)”

Texto-legenda 1 - Como é ao mesmo tempo uma notícia e uma legenda, deve, por isso, descrever
a fotografia e relatar o fato ao leitor, em linguagem direta e objetiva. Recomenda-se que o texto-
legenda preencha de três a cinco linhas cheias ou o que a Diagramação determinar. Em casos
excepcionais, admite-se um pouco mais e, raramente, menos. Não existe parágrafo no texto-
legenda, nem inicial nem intermediário.
2 - O ideal é que o texto-legenda contenha pelo menos duas frases, a primeira descritiva e a
segunda, complementar e informativa. Como título, reproduza algum pormenor da notícia ou mesmo
a sintetize:
Visita "protocolar"
O general João de Almeida passa em revista a tropa formada em sua homenagem na
Academia Militar das Agulhas Negras. O oficial fez ontem uma visita ''meramente protocolar''
à escola.
3 - Se necessário, para ganhar espaço, o texto-legenda pode assumir caráter informativo na sua
totalidade. Evite apenas, por uma questão de ritmo, que o texto se resuma a uma única frase,
dividindo sempre o período em duas ou mais orações:
Praia sem sol
Depois de horas de congestionamentos nas estradas, o paulistano aproveitou o mormaço do
domingo e lotou as praias, entre elas a da Enseada, no Guarujá. A Dersa prevê um retorno
também complicado: mais de 500 mil carros passaram ontem pelos pedágios do sistema
Anchieta-Imigrantes.
4 - Eventualmente, o texto-legenda pode funcionar como chamada de primeira página para assunto
que o jornal desenvolva em outro local da edição:
Terminal do desespero
As crianças têm sido as principais vítimas da desorganização no Terminal Rodoviário do
Tietê. Muitas desembarcam sozinhas e chegam a esperar horas até serem encontradas por
quem vai buscá-las. Há também muita sujeira e assaltos na rodoviária.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Títulos - Instruções gerais


1 - O título deve, em poucas palavras, anunciar a informação principal do texto ou descrever com
precisão um fato:
Constituinte aprova o presidencialismo
Assaltantes roubam 500 milhões e prendem 12 reféns.
2 - Procure sempre usar verbo nos títulos: eles ganham em impacto e expressividade.
3 - Para dar maior força ao título, recorra normalmente ao presente do indicativo, e não ao pretérito:
Sandinistas e contras assinam (e não assinaram) acordo de paz
Reitor chama (e não chamou) polícia para poder trabalhar
4 - Nos textos noticiosos, o título deverá obrigatoriamente ser extraído do lead; se isso não for
possível, refaça o lead, porque ele não estará incluindo as informações mais importantes da
matéria. (nota do professor: em casos absolutamente raros isso não ocorre)
5 - Use inicial maiúscula apenas na primeira palavra do título e nos nomes próprios:
Ministro pode ser indiciado
Pacifistas fazem protesto diante da Casa Branca
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6 - Os títulos no Estado vão sempre em letras minúsculas (caixa baixa). Só faça títulos inteiramente
em maiúsculas (caixa alta) em casos muito especiais. Por exemplo, em manchetes que exijam
maior destaque que as normais.
7 - Nenhuma palavra do título poderá ser separada no fim da linha (nem mesmo as ligadas por
hífen).
8 - Evite igualmente partir nomes próprios constituídos de dois ou mais vocábulos. Exemplos:
Protesto diante da Casa Branca termina em tumulto
Novo LP de Roberto Carlos bate recorde
9 - Não repita palavras na mesma página (à exceção de artigos, preposições e contrações curtas).
10 - Evite fórmulas semelhantes de títulos na mesma página (a não ser intencionalmente, para fazer
jogo de títulos):
O Brasil vai bem, afirma o presidente / Os Estados precisam de recursos, diz o governador.
11 - Esteja atento para que o título da chamada de primeira página e o da mesma notícia colocada
no interior do jornal não sejam rigorosamente iguais.
12- O Estado não usa títulos com ponto. Assim, estão vetados exemplos como estes:
O Metrô reconhece que errou. E pune seus funcionários
O Brasil joga. Para buscar a classificação.
13 - A não ser que você faça um título propositadamente centrado, evite deixar muito branco nas
linhas (no máximo um ou dois sinais). Da mesma forma, procure tornar o conjunto das linhas
harmônico e agradável.
14 - Importante: respeite com rigor o limite de sinais estabelecido para cada título. Caso contrário,
ele terá de ser reduzido, tornando a página um verdadeiro catálogo de corpos.
Instruções específicas
1- Abreviaturas. Evite abreviar nomes próprios: P. Ferreira, P. Alegre, E. Santo, J. Paulista, C.
Verde, R. Carlos, F. Collor. Exceção: S. (de São e Santo), como em S. Caetano, S. Catarina, S.
Amaro, etc. Mas, quando possível, use São e Santo por extenso. E não abrevie a indicação dos
cargos das pessoas, principalmente como recurso para ganhar sinais nos títulos: gen. Almeida, gov.
Pereira, alm. Valença. Só são admitidas reduções das formas de tratamento, como dr. Jatene, d.
Eugênio, pe. Eurico.
2 - Adjetivação. O adjetivo, por mais forte que seja, não substitui a informação específica:
Comissão propõe profundas mudanças no IR
Realizado o maior assalto a banco do ano
Profundas e maior, no caso, não dão as informações essenciais: quais e o valor.
3 - Artigo. Pode ser dispensado, na maior parte dos casos, para economizar sinais:
Deputado acusa CUT
Peso do pacote divide governo
Conserve obrigatoriamente o artigo, porém, nas formas de valor absoluto, como o maior, o menor, o
máximo, o mínimo, os mais velhos, o mais novo, o único, os menos culpados, o menos instruído, o
principal, etc.
4 - Artista pelo personagem. O Estado não admite que se use o nome do artista pelo personagem
que esteja representando no momento. Exemplos:
Cuoco morre no fim
Tarcísio Meira casa com Bruna Lombardi
5-Atípicos. Há titulos atípicos que podem ser jornalísticos e criativos. Lembre-se, porém, de que são
exceção e não a regra:
Cruz. Alguma dúvida?
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Não, não chega de saudade


A difícil vida fácil
A morte do homem do Brasil
O incrível caso dos encapuzados que atacaram a policia
6 - Auxiliar. O título auxiliar deve complementar o principal, e não repetir informações de um no
outro. Veja alguns exemplos de títulos auxiliares bem-feitos (entre parênteses está o título auxiliar):
O templo da segurança nacional abre suas portas a Lula e Covas (Com isso, a ESG rompe
um comportamento de décadas)
Vereador paulista renuncia (Câmara triplicou seu salário e ele achou a decisão incorreta)
Museus descobrem fraude (Arte pré-colombiana não passa de obra de artista mexicano)
Em contraste, veja um caso em que o título auxiliar repete o principal:
Medidas vão reduzir a liquidez (O CMN aprovará amanhã medidas para reduzir o excesso de
dinheiro em circulação)
7 - Causa-efeito. Em alguns casos, especialmente nos relativos a fenômenos meteorológicos,
acidentes e outros, admite-se o emprego do efeito pela causa em títulos como:
Acidentes matam 20 nas rodovias paulistas
Chuva interrompe o trânsito na Anhangüera
Mau tempo adia a rodada do campeonato
Crise impede a viagem do presidente
Frio eleva preço das verduras.
Evite, no entanto, casos em que essa relação se torne forçada ou ininteligível:
Turbina derrubou o avião do ministro
Ferrovia Norte-Sul já prepara canteiro de obras
Meteorologia antecipa jogo do Santos
Junho pode dar o gatilho, diz assessor do ministro.
Eis outros exemplos de títulas pouco inteligíveis do gênero:
Contrato perdoa Josimar (o jogador foi perdoado porque sua presença era exigida por
contrato nos jogos da seleção)
Tabela abre supermercado ao meio-dia (por causa de uma tabela de última hora, os
supermercados só iriam abrir ao meio-dia)
Contracheque solta secretário em Fortaleza (liberação dos contracheques fez que servidores
soltassem secretário retido no gabinete dele)
8 - Confusão. Os títulos devem ser claros para não provocar nenhum tipo de confusão no espírito do
leitor. Veja os exemplos seguintes:
Em comício de Itamar Aparecido lança Aureliano para a Presidência
Presos acusados de roubo
No primeiro, seria indispensável uma vírgula entre Itamar e Aparecido; no segundo, fica a dúvida:
presos foram acusados de roubo ou foram presos os acusados de roubo?
9 - Correção. É indispensável nos títulos, para evitar exemplos (reais) como:
Pernambuco pede DPF para apurar morte de vereador
Portos parados ameaçam falta de combustível
10 Dizer. Não use o verbo para entidades, como em:
Eletropaulo diz que contas de luz podem estar erradas
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Substitua-o por admite, nega, contesta, etc.


11- E. Está vetado o uso da conjunção “e” no início dos títulos, sejam eles principais ou auxiliares:
E o governo já admite que vai recorrer ao FMI
As propostas de desapropriação de terras não têm valor jurídico (...) E até a lei do meio
ambiente foi desrespeitada.
E a CLT afinal vai mudar
12 - Encampação. A menos que o jornal as tenha apurado, as informações devem ser atribuídas a
alguém, e não encampadas nos títulos. Veja os exemplos:
Uruguai não está nem um pouco preocupado
A Terra é um organismo vivo
Lucro já não atrai tanto as empresas
Em todos os casos, obviamente, havia alguém dizendo o que consta dos exemplos. Os títulos,
porém, fazem que as afirmações passem a ser do jornal.
13 - Excesso. Se os títulos muito telegráficos são condenáveis, da mesma forma produzem má
impressão os que têm o efeito contrário: excesso de palavras. Veja como a falha fica patente nos
exemplos seguintes, em que detalhes absolutamente secundários tiveram de ser incluídos para que
o título satisfizesse a contagem exigida:
O Brasil é favorito no Torneio de Novos que se inicia hoje em Toulon, na França
Traficante assassinado com um tiro na face direita
Fiesp inicia Programa Bom Menino com a presença de Marly Sarney
14 - Fato previsto. Mesmo nos fatos previstos, você pode fugir do óbvio. No dia da posse dos
governadores, por exemplo, em vez de simplesmente anunciar “Governadores tomam posse”, há
opções como:
Governos mudam, ficam as dívidas
Estados falidos dão posse a governadores hoje
15 - Foi. Evite o uso de foi nos títulos: é ruim e já está subentendido nos casos em que se recorre
ao particípio. Veja como ele é totalmente dispensável:
(Foi) Aprovada a estatização dos bancos no Peru
(Foi) Iniciada a corrida aos cargos no governo.
16 - Fracos. Há títulos fracos para o que pretendem expressar. Eis alguns exemplos:
Vaticano divulga seu balanço
Plenário rejeita proposta do Centrão
A decisão final do caso Achille Lauro
No primeiro caso, havia a informação de que o Vaticano tivera prejuízo no ano anterior; no segundo,
não se diz qual é a proposta do Centrão; no terceiro, igualmente, não se revela ao leitor em que
consiste a decisão final do caso Achille Lauro.
17 - Futuro do pretérito. O antigo condicional não deve ser empregado nos títulos por transmitir ao
leitor idéia de insegurança, eventualidade e falta de convicção:
Aids teria sido a causa de chacina em SP
Curto-circuito teria causado o incêndio na Cesp
Governo mudaria a política salarial.
Uma saída é recorrer a palavras como pode, deve, possível, provável, ameaça, espera e outras que
contornem a situação. Há um caso, porém, em que se admite o uso do futuro do pretérito. É quando
ele formula uma hipótese:
Antecipação agradaria a Montara
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Simonsen afirma que reeditar o Plano Cruzado seria até hilariante


18 - Gerúndio. Evite o gerúndio nos títulos, seja de notícias, seja de reportagens, artigos,
comentários, críticas, crônicas, etc. Eis alguns exemplos que mostram não ser essa uma boa
fórmula para os títulos:
Desenterrando o passado
Cartel de Medellín invadindo o Brasil
Uma cidade refazendo seu passado
Chileno corta pulsos a bordo de avião dizendo-se perseguido
Fogaça apresenta relatório propondo 4 anos
Desmistificando a onda de violência
Há sempre uma forma do presente que pode, com vantagem, substituir o gerúndio.
19 - Informações adicionais. Sempre que possível, aproveite bem os sinais do título para dar
informações adicionais que o tornem mais claro jornalisticamente ou ajudem a evitar confusões:
Aécio, neto de Tancredo, pensa em deixar o PMDB
Bethânia (Defesa do Consumidor) pede normas para controle de preços
Reed, do Citicorp, defende conversão da dívida externa
Santos, o ministro, garante que não pretende renunciar
Gramado, sem encomendas, desativa setor moveleiro
Mesmo com mau tempo, exposição atrai visitantes
Braga classifica de recuo o controle de preços, já tentado por Simonsen
Faculdade de Direito mineira adota, com sucesso, a co-gestão
Murad, internado para ser operado, pode ter alta hoje
Edberg, 39 do ranking, é eliminado em Roland Garros
Mordidos demais, carteiros argentinos param trabalho
Marinho Peres, expulso em 72, agora é técnico da Portuguesa
Brigitte, irreconhecivel, leiloa jóias para proteger animais
Mirandinha, liberado para voltar ao treinamento, livra-se do corte
Morre o roteirista de "Perdidos na Noite", o filme
Furacão atinge Edmonton, no Canadá: 30 mortos, 200 feridos.
20 - Jogo de palavras. Raramente um jogo de palavras se justifica no título; na maior parte das
vezes, o que o redator consegue é passar ao leitor frases de gosto altamente duvidoso, como, por
exemplo:
Preço do sapato aperta consumo
Chegada de Nobel da Paz causa guerra
Minivaca produz maxileite
Redução de vôos deixa passageiros a ver aviões
Na mesa de brasileiro, o cardápio é de bruxa
To be or not to Bob
Pingüim foge do frio e tira férias na Bahia
21 - Jogo de títulos. Quando feito com critério, o jogo de títulos na mesma página pode ser uma
solução criativa
Edu, o do Palmeiras, vai jogar
Edu, o da Portuguesa, quer descansar
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22 - "Muletas". Nada pior num título, por ficar evidente o recurso, que palavras utilizadas apenas
para esticar a linha. Veja casos em que o um, o seu, o já e os artigos ou são redundantes ou não
têm nenhuma função na frase:
Presidente critica um deputado
Empresa demite os seus funcionários
Piquet já treina para Ímola
O leão foge do circo
Por que um deputado e não deputado, apenas? A empresa poderia demitir outros funcionários que
não os seus? Treina, simplesmente, e não já treina. Finalmente, que leão? que circo?
23 - Nome certo. Use sempre o nome da pessoa, da cidade ou da coisa, evitando fórmulas
destinadas somente a aumentar o número de sinais do titulo, como as que se seguem:
Despovoamento e marés ameaçam a cidade das gôndolas
Greve de ônibus e metrô deixa a "Cidade Luz" sem transporte
Contundido o "Garoto do Parque"
Chuva arrasa a capital fluminense
24 - Nomes usuais. Use no título sempre o nome pelo qual a pessoa seja conhecida. Se o jornal
utiliza a forma Collor nos títulos, por exemplo, Fernando Collor é um desvio da norma e revela
apenas que o Fernando teve o mero objetivo de completar o número de sinais. Outros exemplos
condenáveis:
Ronald Reagan recebe Mikhail Gorbachev
Evocada a memória de Tancredo Neves
Leonel Brizola critica a política econômica
25 Obscuros. Nunca faça títulos que o leitor não possa identificar de imediato, como:
BNDES socorre giro de micro, pequeno e médio
Os checos iniciam a sua reconstrução
26- Ontem. Não use o advérbio ontem nos títulos, pois se presume que o jornal publique, na quase
totalidade, noticias da véspera. Recorra ao presente, que torna o titulo mais forte:
Presidente anuncia acordo com credores (e não: Presidente anunciou ontem acordo com
credores)
Santos vence o Guarani (e não: Santos venceu ontem o Guarani)
27 - Opinião. Somente os títulos de editoriais, artigos ou comentários assinados poderão expressar
opinião:
Imposição do bom senso
Uma decisão desastrosa
O passado condena no Uruguai
Nos demais casos, e especialmente no noticiário, estão vetados títulos desse tipo.
28 - Ordem na frase. A ordem dos termos no titulo deve ser a mais linear possível. Evite
intercalações e inversões violentas, como nos casos seguintes:
França discute hoje nos EUA o terror
Em seis assaltos são roubados 10 milhões
Pede desculpas o técnico da seleção
Prefeitos vão levar a Sarney reivindicações
Marcelo e Igor podem ter hoje habeas-corpus
29 - Palavras fortes. Há palavras ou construções muito fortes, que dão aos títulos clara idéia de
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exagero. Fuja de exemplos como:


Protestos infernizam a vida de Copacabana
Empresários morrem de medo de novo congelamento
Reações enfurecem o governo
Intervenção deixa governador irado
30 - Pontuação. Aplicam-se aos títulos as mesmas normas de pontuação dos textos comuns: aliás,
nos verbetes específicos deste manual, dezenas de exemplos são de títulos. Por isso, neste
momento, cabem apenas algumas obser-vações.
Não use os dois pontos para introduzir retranca ou procedência:
França: cresce o número de acidentes
Terras: governo muda a legislação
Caso Seplan: mais um indiciado
Não coloque também a retranca ou procedência no fim do título:
Moscou afasta o ministro da Defesa: caso Cessna
Funcionário é baleado dentro do carro: Sergipe
Não use vírgula para indicar retranca (caso em que também os dois-pontos estão vetados):
Eliachar, delegado procurado
Apartamentos, o ministro vai explicar
Não use ponto de interrogação nos títulos. O leitor tem direito a respostas. Dessa forma, estão
vetados títulos como:
O cacau, a caminho da privatização?
Como cortar 44 bilhões no déficit?
Novo congestionamento na Imigrantes?
Quem paga a conta dessas mordomias?
Use aspas no título para as palavras que, segundo as normas de redação, vão em negrito no texto:
Autor renega "Os Homens do Espaço"
Gil grava "Chão de Estrelas"
"Gugu" vai deixar o caso Anastácio
Os títulos inteiramente entre aspas estão vetados, a não ser em dois casos: sub-retrancas e títulos
auxiliares de entrevistas.
Em casos especiais, o ponto-e-vírgula pode ser usado para indicar duas informações diferentes
contidas no mesmo texto:
Governo divulga plano; bolsas caem
Finalmente, lembre-se de que estão vetados os títulos com pontos (ressalvados os casos de
excepcionalidade, mas sempre com permissão da Direção da Redação). Assim, não use exemplos
como:
Tiros na mata. Para salvar jacarés
A cidade quer o porto. Mas não a esse preço
Os dois meninos saem a passeio. E não voltam
31 - Positivos. Sempre que possível substitua um título com não pela forma positiva (exemplificada
entre parênteses):
Ator não aceita (rejeita) prêmio
Funcionário não quer (recusa) promoção
Lista não inclui (omite, exclui) convocados
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Governo diz que não tem (nega) intenção de extinguir o CIP


Universidade não encerra (prorroga) inscrições
32 - Pronome oblíquo. Evite o pronome obliquo nos títulos, para não dar ao leitor idéia de
sofisticação:
Escritor inglês ganha ação contra jornal que o difamou
Ladrões esperam família acordar para assaltá-la
33 - Rebuscamento. É o uso de palavras estranhas ao universo do leitor ou de termos que não
sejam os mais simples para expressar determinada situação. Lembre-se de que o título tenta
estabelecer comunicação direta com o leitor. Por isso, os vocábulos empregados neles devem ser,
quando possível, os do seu dia-a-dia. Evite, pois, formas como estas:
Polícia cala sobre a fuga de 2 mil
Ministro diz que o gatilho de servidor é controverso
Centavo, moeda tão vil que ninguém se abaixa para pegar
Inseto americano mimetiza predador para poder fugir
"Etarra" assassinada
Para Cardoso, PMDB deveria ter sabatinado ministro
Viúva de Allende solicita anistia a Pinochet
OMS não acha importante contabilizar casos de Aids
PMDB deseja mudar a Constituição
34 - Reduções. Evite reduzir palavras nos títulos, a não ser em casos já consagrados como soft,
micro, máxi, míni e múIti.
35 - Repetições. Determinadas repetições podem dar força aos títulos, quando criteriosas e
adequadas à situação descrita:
Polícia apura polícia no seqüestro
Governador diz que não disse nada contra o Judiciário
Formas que geram formas
"Eu fico, eu faço"
Ninguém é de ninguém na noite
Em outros casos, no entanto, elas apenas denotam falta de recursos:
Proposta para a dívida não é para já, esclarece a Fazenda
Deputado tira prorrogação de mandato de prefeitos de capitais de relatório
Inflação na CEE baixa a seu índice mais baixo em 20 anos
Municípios farão vigília para fazer incluir suas propostas na nova Carta
36 - Rimas. Cuidado com as rimas, especialmente em ão, mais notadas pelo som forte:
Ministro nega pressão política para demissão
Advogado toma cuidado para não ser incriminado
Barulho na cidade revela insensibilidade
37 - Sem sujeito. Em alguns casos, a supressão do sujeito não torna o titulo enigmático e pode ser
aceita:
Assassinado ao lado do filho menor
Mordido pelo rival
Condenado a 12 anos sem provas
38 - Sentido completo. Quanto mais informações você der ao leitor, mais o título terá cumprido seu
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objetivo. Por isso, evite os detalhes supérfluos e procure usar todos os sinais à disposição para que
o título diga o máximo. Veja como é possível:
Senado aprova e argentinos já têm divórcio
Leão-marinho melhora, come mais e brinca
Acidente com ônibus no Cairo mata 50 crianças
Botafogo joga mal, empata e perde dinheiro
Fábricas de motos dão férias, cortam horas extras e reduzem a produção
Flamengo reage, empata e se mantém na luta
Polícia frustra seqüestro, mata três e resgata reféns
Helicóptero da polícia cai, explode e mata cinco
39 - Sentido incompleto. Evite os títulos que deixam no ar a pergunta o quê?, como nos exemplos
seguintes:
Ministro admite congelar, após ajuste de preços
Deputado quer saber se funcionário pode acumular
Congelar o quê? Acumular o quê?
40 - Singular pelo plural. Há casos em que você pode usar um termo no singular para designar toda
uma classe ou categoria. Exemplos:
Greve de servidor termina hoje
Deputado já ganha mais em São Paulo
Contribuinte paga mais imposto
Em muitas ocasiões, porém, o uso do singular poderá dar a idéia de que a notícia se refere a uma
só pessoa da classe ou categoria, e não a toda ela. Veja exemplos reais de títulos que você deve
evitar (em todos eles as noticias se referiam à categoria ou a grupos de pessoas):
Comissário da Vasp decide manter greve
Passageiro queima ônibus em Itaquera
Camelô dobra os preços de açúcar e sal
Militar argentino pede anistia ampla
Marginal quebra e incendeia um automóvel
Banco dispensa acordo com FMI
Militar cubano desertou em massa, diz general
Restaurante boicotará a carne por sete dias
Motorista de táxi ameaça parar
41 - Telegráficos. Evite ao máximo as formas telegráficas constituídas por um substantivo mais uma
data ou sigla. Prefira sempre Copa de 94, e não Copa-94, etc. Veja outros exemplos a evitar:
Mundial-94, eleições-92, orçamento-SP, déficit-RJ, campanha-89, Campeonato-91, etc.
42 - Tempos verbais. Como o presente é usado nos títulos para definir uma ação passada, mas
recente (da véspera, em geral), ele só pode referir-se ao futuro quando acompanhado da indicação
de tempo:
Presidente dos EUA chega amanhã
Estaria errado, porém, dizer que O Brasil volta a negociar com o FMI se essa ação ainda não se
tiver iniciado. O correto, então, seria: Brasil voltará a negociar com o FMI. Outro exemplo impreciso:
Judeus protestam, mas papa recebe Waldheim. O que se quis dizer: Judeus protestam, mas papa
receberá Waldheim. Quando se localiza uma ação no passado, o tempo usado deverá então ser o
pretérito e não o presente (os casos mais comuns são os de balanços ou levantamentos):
Abate de bois caiu 8,6% este ano
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Consumo de combustíveis aumentou 15% em abril


Pedidos de concordata atingiram 150 empresas em janeiro
Indústria demitiu 50 mil até agora em 1990
Empresa perdeu US$ 60 milhões no primeiro semestre
Indústria cresceu 8% no segundo semestre
Shultz pediu a Reagan o seqüestro de Noriega
Abate de bois caiu e não cai; consumo aumentou e não aumenta (a ação está definida no passado).
Shultz pediu (isto é, havia pedido, pediu há dias e não pediu ontem).
43 - Ter. Use o verbo ter nos seus verdadeiros significados, em vez de transformá-lo em mais um
curinga dos títulos. Veja exemplos do seu mau emprego:
Médicos ingleses têm controvérsias sobre a Aids
Crianças têm campanha no colégio para constituinte
Assassinos de Joana têm 15 anos de cadeia
Fiscais têm 50 denúncias por dia
Senador tem aplauso dos eleitores
44 - Título-legenda. Alguns títulos podem, em casos excepcionais, funcionar como verdadeiras
legendas: É preciso, porém, que a dIagramação deixe clara essa condição e as fotos a justifiquem:
Veja o que fizeram com Becker
Adivinhe quem passou por aqui
Eis o chefe dos bandidos de capuz
45 - Tratamento. Apenas em casos especiais, formas de tratamento poderão aparecer nos títulos:
As peripécias do sr. ministro
A vida de sir Laurence Olivier
As memórias de madame Claude
Assim será, dr. Tancredo
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990)
Títulos 2 - A maioria dos leitores de um jornal lê apenas o título da maior parte dos textos editados.
Por isso, ele é de alta importância. Ou o título é tudo que o leitor vai ler sobre o assunto ou é o fator
que vai motivá-lo ou não a enfrentar o texto. Compare estes dez exemplos com dez contra-
exemplos, todos tirados da Folha:
Exemplos:
Tribunal suspende acordo de Collor com usineiros
Ingleses invadem Malvinas
Médicos tentam tudo para adiar a morte de Tancredo
Acabou a União Soviética
Descoberto 1º planeta fora do Sistema Solar
Russos esmagam reação tcheca
Collor e Lula se enfrentam na decisão daqui a um mês
Argentina dolariza economia
Nave espacial explode no ar
60% querem pena de morte no país
Contra-exemplos:
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Jarman metaforiza paranóia homofóbica


BC permite compra de CP com título "podre"
Começa hoje o Festival de Cannes
Garra de lagosta vira paraíso em "Star Trek 5"
Dia será bom com chuvas e trovoadas em SP
A Lua no bolso
Crise nos EUA alavanca crise
Corinthians empata com Goiás em 0 a 0 no início do jogo
Recessão causa aumento no desemprego
Litoral capixaba oferece mais que radiatividade
O título deve ser uma síntese precisa da informação mais importante do texto. Sempre deve
procurar o aspecto mais específico do assunto, não o mais geral: Banco Mundial propõe ensino
pago em vez de Banco Mundial discute problemas educacionais.
Em seus títulos, a Folha:
a) Não usa ponto, dois pontos, ponto de interrogação, ponto de exclamação, reticências, travessão
ou parênteses;
b) Evita ponto-e-vírgula;
c) Jamais divide sílabas em duas linhas e evita fazer o mesmo com nomes próprios de mais de uma
palavra;
d) Preenche todo o espaço destinado ao título no diagrama;
e) Evita a reprodução literal das palavras iniciais do texto.
Nos textos noticiosos, o título deve, em geral:
a) Conter verbo, de preferência na voz ativa;
b) Estar no tempo presente, exceto quando o texto se referir a fatos distantes no futuro ou no
passado;
c) Empregar siglas com comedimento.
Para editoriais e textos opinativos, a Folha pode usar frases nominais em títulos: Rombo na
Previdência.
(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).
Títulos 3 - A dica número 1 é: entenda o projeto do seu veículo.
Antes de falar sobre títulos, é preciso dividir as águas. Há todo tipo de título em jornalismo. Cada
veículo tem um projeto editorial e pedirá títulos desta ou daquela maneira. E dentro de um mesmo
jornal ou revista, há matérias que pedem títulos informativos e outras que aceitam ou até preferem
títulos mais criativos.
Dica 2: entenda qual é o objetivo da matéria (o tal do "e daí", que comentamos dia desses)
Cada matéria terá um jeitão próprio. Sua tarefa é identificá-lo.
Se você é o repórter, teoricamente, está mais fácil. Você sabe por que aquela reportagem surgiu, o
que se queria com ela. O título sairá daí.
Para quem está titulando o texto dos outros pode ser mais complicado. Há tantas informações ali, e
nem sempre o principal está no lide. O que destacar no título?
Dica 3: fique por dentro de todo o processo da sua editoria, da pauta à edição
É por isso que muitos jornais têm no começo da tarde uma reunião "de passagem", em que os
editores dizem para toda a equipe de fechamento qual é o ponto central de cada matéria.
O ideal, claro, é que o título já esteja esboçado desde a pauta. Quando o repórter começa a apurar,
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ele já tem na cabeça que título seu texto terá se a hipótese da pauta for confirmada. Quando ele dá
retorno ao editor, ele deve começar pelo título, ou seja, confirmar o que estava na pauta ou oferecer
um outro, decorrente do que levantou.
Se seu veículo não tem essa reunião de passagem, suas opções são:
olhar a pauta, para ter uma idéia do motivo que levou o jornal a ir atrás daquela história
consultar o repórter
consultar o editor
Dica 4: mantenha a leitura em dia
Não dá para saber qual é a novidade de um texto se você não estiver acompanhando o noticiário.
Um erro muito comum é ler uma suíte (reportagem que continua um assunto da véspera), espantar-
se com a notícia da véspera e dar no título o velho em vez do novo.
Por exemplo, o texto diz "A polícia vai ouvir hoje duas testemunhas do atropelamento que matou
cinco crianças na zona leste na madrugada de anteontem", e o redator põe no título "Atropelamento
na zona leste mata cinco crianças", quando, na verdade, isso já tinha saído ontem.
O título aqui seria "Polícia ouve testemunhas de atropelamento".
Dica 5: colecione sinônimos
Até a dica 4, estávamos falando do conceito do título, da idéia central.
Na hora H, entram os limites físicos: número de linhas e número de colunas. Você terá que contar
aquela idéia com palavras que caibam no tamanho do seu título, o que nem sempre é fácil.
Aqui na Folha, por exemplo, temos as famigeradas manchetes de Primeira Página em duas
colunas. Qualquer palavra um pouco mais avantajada, desenvolvimentista, por exemplo, já não
cabe. Aliás, nem desenvolvimento cabe.
É por isso que um dos maiores amigos do fechador é o dicionário de sinônimos. O Houaiss tem um
bom. Mas, na ausência dele, um dicionário comum já ajuda, pois apresentará palavras com o
mesmo sentido que podem ser maiores ou menores, conforme a conveniência.
Dica 6: faça, faça, faça
Algo inegável é que a capacidade de dar bons títulos melhora com o tempo e a prática.
Eu, por exemplo, acho que resolve bem os títulos hoje em dia. Mas nem sempre foi assim. Quando
comecei a trabalhar como fechadora, no finado caderno Negócios, deixava meu chefe, Nelson
Blecher, de cabelos em pé. Praticamente não passava um dia sem que ele reprovasse meus títulos:
está muito vago, está fora de foco, está burocrático, está isso e aquilo.
Devo muito a minha colega da época, Sandra Muraki, que, com paciência oriental e enorme
generosidade, contornava a ira do Nelson Blecher e ia me dando dicas.
Mas melhorou, mesmo, foi com o passar de alguns anos. Você aprende a "métrica" de cada tipo de
título, como na poesia. Intuitivamente você já sabe que "ritmo" tem aquele tamanho, de quantas
palavras precisa, quantas cabem em cada linha.
Dica 7: leia todo o texto uma vez
Na pressa, a vontade é fazer logo o título, assim que lemos o lide.
Não vale a pena. O ideal é ler todo o texto, para ter noção completa do universo de que ele trata.
Se não, você corre o risco de fazer um título impreciso, parcial ou fora de contexto.
Dica 8: não se prenda à primeira idéia
Depois de ter lido o texto todo, releia o lide, onde, supostamente, está a principal notícia (leia aqui
sobre os textos em pirâmide invertida) e tente resumi-lo em uma frase.
Se ela não couber, troque palavras maiores por menores: possuir por ter, alterar por mudar,
aumentar por subir.
Se ainda assim não couber, inverta a ordem: em vez de "Prefeito diz que praça será aberta em um
mês" tente "Praça será aberta em um mês, diz prefeito", ou "Prefeito promete abrir praça em um
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mês".
Mas, se perceber que está há muito tempo em cima da mesma idéia sem conseguir colocá-la no
espaço que tem, procure um outro enfoque: "Praça terá árvores japonesas", por exemplo.
Dica 9: o específico é sempre melhor que o geral
Dica 10: verbo é tudo
A graça de um título muitas vezes está num verbo bem escolhido. Verbos de ação, que sejam
precisos ao descrever o fato, atraem o leitor, fisgam a atenção dele.
Procure sempre o verbo mais adequado, aquele que acerta na mosca, que dá a idéia exata do que
se passou.
(Fonte: PINTO, Ana Estela de Sousa. 10 passos para títulos.
http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/arch2007-12-30_2008-01-05.html#2008_01-03_12_10_00-
11540919-0 ; acessado em 3/1/2008).

Tratam-se /Trata-se – Não existe essa forma na língua culta. Veja “Trata-se / Tratam-se”.

Trata-se / Tratam-se – No caso do sintagma tratar-se de, o verbo fica sempre na 3ªp.s.: trata-se de
obras; tratava-se de obras, tratar-se-á nesta aula dos símbolos etc. (Fonte: DICIONÁRIO
ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antonio Houaiss. Versão 1.0. Rio
de Janeiro, 2001. (1 CD-ROM).)

Trocadilho - São muito raros os casos de jogos de palavras ou trocadilhos que se justifiquem em
jornal. Quase invariavelmente, eles soam de forma artificial e forçada. Ou, por associação de idéias,
se repetem no mesmo dia em jornais diferentes, numa demonstração de falta absoluta de
originalidade. Veja alguns exemplos de frases de gosto duvidoso, para dizer o mínimo:
Nudistas querem espírito despido de preconceitos.
Cachorro frio ajuda médicos (cães foram congelados para experiência).
O prato de resistência do almoço foi a sucessão presidencial.
2.001 emendas, a odisséia da Constituinte.
Até hoje os plantadores de cana só colheram prejuízos.
Raul de Souza põe a boca no trombone (trata-se de um trombonista).
Sílvio Santos vem aí para prefeito.
Altamiro Carrilho, a vida na flauta.
Eis, ao contrário, alguns exemplos de jogos de palavras aceitáveis:
Ao prefeito, com carinho
Tudo pelo tributário
O Cidadão Welles
A procura do encanto perdido
Em dúvida, não hesite: é preferível uma boa imagem ou título “tradicional” a um jogo de palavras
pretensamente criativo que só comprometa o texto do jornal. (nota do professor: o uso de
trocadilhos é sempre controverso. Cada caso deve ser analisado no seu próprio contexto).
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

Vice – Quando exerce a função do titular, deve ser qualificado com o cargo do titular acrescido da
palavra interino: O presidente interino Ulysses Guimarães recebeu ontem o deputado Dante de
Oliveira, nunca o vice-presidente em exercício Ulysses Guimarães recebeu ontem o deputado Dante
de Oliveira. Evite também a forma O presidente em exercício Ulysses Guimarães recebeu ontem o
deputado Dante de Oliveira.
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(Fonte: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual de redação. Disponível em


http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_redacao.htm. Acessado em dez/2007. São Paulo:
Folha de S. Paulo, 1996).

Vírgula – Serve para separar palavras, símbolos e orações de função idêntica: O Executivo, o
Legislativo e o Judiciário são os três poderes da República. / O ministro visitou Paris, Londres,
Washington e Tóquio. / Queria os filhos educados, respeitadores e estudiosos. / É um homem que
trabalha, viaja e se diverte. / Amigos, parentes, vizinhos, de todos se afastou. / 1, 3, 5 e 7 são
números ímpares.
Nunca separe por vírgula
a) O sujeito do verbo: O presidente, atacou a oposição. / Os homens de bem, nada terão que temer.
b) O verbo do complemento: Os sindicatos apresentaram, uma lista de 15 reivindicações. / Os
governos devem lutar, pelo bem-estar do povo.
Outros usos da vírgula
1 - Para separar o vocativo: Vejam, amigos, o resultado do nosso trabalho. / Diga logo, João, o que
você pretende. / Reage, São Paulo. / Acorda, Brasil. / Xô, Satanás. / Respira, São Paulo. /
Responde , cidadão. / Alô, goleiro. / Atenção, políticos.
2 - Para isolar o aposto: Machado de Assis, autor do Dom Casmurro, tem um estilo sóbrio e
elegante. (Ou: Autor do Dom Casmurro, Machado de Assis tem...) / O mais rápido dos quatro, José
chegou cinco minutos na frente. (Ou: José, o mais rápido dos quatro, chegou cinco minutos na
frente.)
3 - Para indicar a omissão do verbo ou de um grupo de palavras: O pai prefere os livros e os filhos,
o esporte. / João trará as bebidas, Chico, os salgados e Maria, os doces. / No céu azul, dois fiapos
de nuvens. / Estes, os livros que pedi. / Elas, as mulheres das quais falei.
4 - Para separar palavras e locuções explicativas, retificativas e continuativas (como por exemplo,
ou então, isto é, ou seja, além disso, por assim dizer, aliás, a propósito, então, com efeito, vale
dizer, ao contrário, a saber, data vênia, por outra, a meu ver, etc.): Os dois, isto é, pai e filho... /
Queria todos os bens, ou seja, carro, casa, terras e dinheiro. / Veja, por exemplo, este caso. / Diga,
então, o que quer. / Esse é, por assim dizer, o eleito dos céus. / Acrescente-se, além disso, outro
detalhe. / A compra do material, a meu ver, é indispensável.
5 - Para separar, nas datas, o nome do lugar: São Paulo, 16 de abril de 1996.
6 - Para separar o nome, a rua e o número nos endereços: Fulano de Tal, Avenida Rebouças,
5.423, ap. 36. São Paulo, SP. No caso de caixa postal, porém, não há vírgula: Fulano de Tal, Caixa
Postal 43.
7 - À exceção de e, ou e nem, antes de todas as conjunções coordenativas (mas, porém, todavia,
contudo, não obstante, no entanto, ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja, logo, pois, portanto,
assim, por conseguinte, por isso, de modo que, então, porque, que (= pois), porquanto, etc.): O
governo aceitou o pedido, mas sob condições. / Chegou atrasado, entretanto ainda conseguiu
assistir ao espetáculo. / Garantiu que faria o que pudesse, no entanto não cumpriu o prometido. /
Ele irá, quer queira, quer não queira. / Ou sai logo, ou perde o trem. / Ora se exalta, ora se comporta
com moderação. / É muito inteligente, logo fará o trabalho sem dificuldade. / Esquivou-se com
habilidade, de modo que o golpe não o atingiu. / Saia depressa, porque o trem está partindo. / Ande
logo, que (= pois) ela está para chegar. / Conseguiu o emprego que queria, pois era o melhor dos
candidatos.
a) Use a vírgula antes e depois dessas conjunções, sempre que elas estiverem intercaladas no
período: O ferido pediu socorro; nenhum motorista, no entanto, parou para ajudá-lo (porém, todavia,
contudo, entretanto). / Chegou muito cansado; não quis, pois, ir ao teatro (portanto, por
conseguinte). / Estava sem camisa; sentia, por isso, muito frio.
b) Quando iniciarem frase, porém, contudo, todavia, no entanto e entretanto poderão ou não ser
seguidas de vírgula: Os livros custam caro; todavia, vou comprar alguns deles. Os livros custam
caro; todavia vou comprar alguns deles.
c) Como mas sempre inicia frase, não use, nesse caso, a vírgula: Diga o que quiser. Mas seja
rápido (e não: Mas, seja rápido).
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d) Também não são seguidas de vírgula, quando iniciam frase, as conjunções ou... ou, quer... quer,
seja... seja, ora... ora, pois, de modo que, que (= pois), porque e porquanto.
8 - E, ou e nem:
Não use vírgula antes de e, ou e nem, a não ser nos casos seguintes:
a) Quando o e liga orações de sujeitos diferentes, e se pode subentender uma pausa na leitura,
admite-se a vírgula: O filho foi reprovado outra vez, e os pais resolveram tirá-lo daquela escola.
Em textos jornalísticos, porém, raramente haverá vírgula: O governo admitiu o erro e os
empresários protestaram. / Gil lança novo disco e Caetano conclui seu filme.
b) Usa-se a vírgula se o e e o nem estiverem repetidos na frase, por ênfase ou enumeração: "Ele
fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles." / Ninguém foi com ele, nem o pai, nem a mãe,
nem o filho.
c) O e, ou e nem podem ser precedidos de vírgula caso se queira dar ênfase a uma afirmação ou
introduzir uma pausa na frase: É melhor sairmos logo, ou não? / Afinal, o chefe é ele, ou são vocês?
/ Não mudo de opinião, nem que me matem! / O governo tentou, e a providência já vinha tarde,
conter os seus gastos.
9 - Para separar os elementos paralelos dos provérbios: Cada terra com seu uso, cada roca com
seu fuso. / Tal pai, tal filho. / Longe dos olhos, longe do coração.
10 - Advérbios e adjuntos adverbiais podem ou não ser separados por vírgula, especialmente
quando curtos ou constituídos de uma única palavra. Exemplos: Aqui se trabalha. / Aqui, trabalha-
se.
Quando mais longos, convém usar a vírgula, por questão de pausa ou clareza: Nos contrafortes da
Serra da Mantiqueira, a cidade seguia sua vida, sem novidades. / A vegetação voltava a crescer,
depois de muitos anos de seca. / O escritor terminou, antes do tempo previsto, o romance tão
esperado.
11 - Para separar os objetos pleonásticos: As palavras, leva-as o vento. / Bons jogadores, já não
existem tantos como antigamente. Se não se deseja dar ênfase ao objeto ou se ele é um pronome
oblíquo, omite-se a vírgula: O caráter molda-o a vida. / A mim me parece irrelevante essa opinião.
12 - Para separar palavras repetidas: Tudo, tudo, tudo pôs a perder. / Amigos, amigos, negócios à
parte.
13 - Para separar adjetivos que exercem função predicativa: Atento e cuidadoso, dava sempre o
melhor de si. / Nunca pensei que ele, limitado e pouco brilhante, obtivesse tamanho sucesso.
14 - Para separar orações reduzidas de gerúndio, particípio e infinitivo: Encerrando o ciclo de
palestras, o engenheiro falou sobre as agressões do homem ao meio ambiente. / Os soldados
puseram-se em fila, atendendo ao toque de reunir. / Chegado o momento, você será avisado. / O
barco desapareceu sem deixar vestígios, tragado pelo forte redemoinho. / Para fazer valer sua
opinião, usava os métodos que pudesse. / Ainda fomos ao teatro, apesar de estarmos esgotados.
15 - Para separar as orações subordinadas adverbiais, especialmente quando colocadas antes da
oração principal ou mesmo depois: Quando terminou a sessão, os deputados deixaram
apressadamente a Câmara. / O prazo está encerrado, como você pensava. / Se tudo corresse bem,
eles chegariam antes do anoitecer. / Traga-nos a reportagem ainda hoje, se for possível. / Embora
houvesse muita gente no estádio, nada de grave ocorreu. / Não me impedirão de vir aqui hoje, ainda
que o tentem. / À medida que o governo perdia força, a oposição aumentava sua influência. / Para
que a administração pública funcione melhor, é preciso mudar mentalidades. / Enquanto a formiga
trabalhava, a cigarra cantava. / Porque ninguém lhe dava atenção, a criança começou a chorar.
16 - Para separar orações ou locuções intercaladas que interrompam a fluência da oração principal:
Disse, como era seu hábito, os piores desaforos possíveis. / Não explicou, até porque nada lhe
perguntaram, a razão daquela estranha atitude. / "Vejo aqui", prosseguiu o deputado, "pessoas que
não pertencem à Câmara." / Os soldados, que não conheciam o local, avançaram com medo. /
Antes de mais nada, pensamos nós, era indispensável sair dali. / Mais empenho, e não desculpas,
era o que se pedia. / O casal, com o dinheiro recebido, conseguiu mobiliar a casa. / O criminoso, já
condenado à morte, recusava-se a admitir sua culpa. / E, quando lhe pediram a opinião, disse que o
assunto não era com ele. / Porque, para tudo sair de acordo, faltava a adesão deles. / Pois, por
injusto que possa parecer, não adianta ir contra a natureza.
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O que não se pode é usar apenas a segunda vírgula nas intercalações, como nestes exemplos: O
jogador disse que quando foi atingido por trás, perdeu o controle (a vírgula antes de quando é
indispensável). / Mas até agora, a única ameaça concreta é... (existe vírgula antes de até). / E a
propósito, desistiu de vez de disputar a prefeitura (a propósito deveria estar entre vírgulas).
Observação. Não há vírgula se a oração restringe o sentido do sujeito (isto é, não funciona como
oração intercalada): O pai que gosta dos filhos faz tudo por eles. / O mais velho dos deputados que
estavam presentes abriu a sessão da Câmara.
17 - Com sim e não: Sim, senhor, é o que todos esperavam. / Não, amigos, ninguém o demove
dessa decisão. / É o que quero, sim. / Não, nunca pedi isso.
18 - Não existe vírgula antes de orações (substantivas) deste tipo: Pedimos que ele viesse. /
Esperamos que ele saia. / Não sabia se todos o conheciam. / Não pensava que tudo ia se acabar
daquela maneira.
19 - No caso de inversão violenta dos complementos da frase, a vírgula pode dar-lhe maior clareza:
Do país, a maior riqueza eram os poços de petróleo. (Ordem direta: A maior riqueza do país eram
os poços de petróleo.) / A opinião era unânime, dos homens e mulheres. (Ordem direta: A opinião
dos homens e mulheres era unânime.).
20 - Jornalisticamente, é o sinal que se deve adotar, em vez do travessão, para isolar os verbos
intercalados nas declarações ou opiniões: Com aquela providência, garantiu o prefeito, a cidade
resolveria definitivamente o problema das enchentes. / Esses recursos, opinou, deveriam ser
utilizados na compra de novas vacinas.
Observações finais
1 - A vírgula indica pausa ou ênfase. Por isso, nos casos em que ela for facultativa, use o bom
senso ou siga o ritmo da frase (nunca, porém, separando o sujeito do verbo ou o verbo do
complemento).
2 - Evite a virgulação excessiva, principalmente quando uma série de adjuntos adverbiais se sucede
na frase: O presidente disse, ontem, em Brasília, às 15 horas, depois da reunião do Ministério,
que... Se for importante colocar o horário logo na primeira frase, ela pode ganhar ritmo com uma
pequena inversão: O presidente disse às 15 horas de ontem, em Brasília, depois da reunião do
Ministério, que...
De qualquer forma, intercalações exageradas sempre prejudicam a fluência da frase, estejam ou
não marcadas por vírgulas. A ordem direta contornaria todos os problemas, no caso: O presidente
disse ontem que as mudanças econômicas... Depois, poderão ser colocados todos os demais
detalhes.
3 - Se houver parênteses ou travessões na frase, a vírgula virá depois do segundo deles: Apelou
para os mais influentes amigos (ministros e deputados, entre eles), quando lhe quiseram tomar as
terras. / Os países endividavam-se sem cessar - porque isso era fácil na década de 70 -, ainda que
não soubessem como viriam a pagar seus compromissos.
4 - Numa enumeração pode haver vírgula antes do verbo: Artigos, comentários, críticas, eram
matérias que não lhe interessavam.
(Fonte: MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. São Paulo; O Estado de S. Paulo: SP,
1990).

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