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MOÇÃO

Os professores da Escola Secundária Eça de Queirós, reunidos no dia 12 de Novembro de 2008,


pelas dezassete horas, declaram o seu protesto e desacordo perante o novo modelo de Avaliação de
Desempenho introduzido pelo Decreto Regulamentar nº2/2008.

Não questionam a Avaliação como instrumento conducente à valorização das suas práticas
docentes, com resultados positivos nas aprendizagens dos alunos.

Uma política séria de avaliação, para ter utilidade, deve direccionar-se para o aperfeiçoamento do
desempenho de todos os envolvidos e não se assumir apenas como um simples instrumento ao
serviço, quer de estratégias meramente punitivas, quer da produção de sucesso artificial.

Porque o regime de quotas pode permitir uma manipulação dos resultados da Avaliação, gerando
nas escolas situações de profunda injustiça e parcialidade, devido aos “acertos” impostos pela
existência de percentagens máximas para atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito
Bom, estipuladas pelo Despacho nº 20131/2008, e que reflectem o objectivo economicista deste
Modelo de Avaliação.

Porque este Modelo de Avaliação é burocrático, esquecendo os reais objectivos que devem presidir
ao processo de ensino-aprendizagem e criando situações paradoxais, como a existência de
avaliadores oriundos de grupos disciplinares muito díspares dos pertencentes aos dos avaliados.

Porque os critérios que nortearam o primeiro concurso de Acesso a Professor Titular geraram uma
divisão gratuita entre os professores, valorizando apenas a ocupação de cargos nos últimos sete
anos, independentemente de qualquer avaliação da sua competência pedagógica, científica ou
técnica. Neste “sorteio” ficaram de fora muitos professores com currículos altamente qualificados,
com anos de dedicação ao ensino e que sempre privilegiaram a função principal do professor –
ensinar/educar. Semeia-se terreno para, no nosso quotidiano escolar, se desencadearem situações
absurdas, como por exemplo, os avaliadores possuírem formação científica – pedagógica e
académica inferior aos avaliados.

Porque é evidente um clima de insatisfação, de intranquilidade, de contestação e de indignação. O


desprezo pela função Educar, a desconfiança na competência do professor, a desvalorização dos
múltiplos saberes do professor, o eventual denegrir da sua imagem.

“Porque há dois tipos de leis - as justas e as injustas.


É nossa obrigação, não apenas legal, mas moral, obedecer às leis justas.
Por outro lado, temos a responsabilidade moral de desobedecer às leis injustas”
Martin Luther King

Porque os Professores da Escola Eça de Queirós têm como objectivos individuais a real melhoria do
ensino e o sucesso dos alunos e isso só é possível com professores motivados, inseridos numa
profissão dignificada e valorizada, numa Escola Pública inclusiva e de qualidade.

“Porque os outros têm medo, mas tu não


Porque os outros se calam, mas tu não” Sophia de Mello Breyner

Os professores da Escola Secundária Eça de Queirós de Lisboa, decidiram suspender a participação


neste processo de Avaliação de Desempenho.

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