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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DE SÃO PAULO / PUC-SP

E-MODERAÇÃO:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EM WEBCONFERÊNCIA
BRASIL-PORTUGAL

RENATA AQUINO RIBEIRO, aquinoribeiro@uol.com.br


Doutoranda em Educação: Currículo / PUC-SP
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo a apresentação de uma experiência na ferramenta de webconferência Flashmeeting que uniu RESULTADOS
professores em Portugal e no Brasil, além de uma participante no Reino Unido. O tema da conferência, mediação colaborativa, pode INTERFERÊNCIAS E MEDIAÇÃO COLABORATIVA
ser comprovado na prática pela utilização que os alunos fizeram da ferramenta. O procedimento metodológico deste trabalho baseia-se Nem sempre, entretanto, o ambiente colaborativo e suas ferramentas integradas funcionaram sem maiores
nas teorias do currículo analisadas sob a ótica de integração das tecnologias à educação. O resultado da experiência foi a evolução do discussões sobre a tecnologia no grupo. As primeiras sessões apresentaram alguns obstáculos que deram origem a
grupo no uso das tecnologias para gerar conhecimento baseado no currículo da disciplina, que foi comprovada na ocasião última de investigação entre os alunos e apresentação de seminário sobre o Flashmeeting. O blog Tecnologia e Currículo, que
uma série de sessões mediadas por ferramentas de colaboração. forneceu acesso rápido ao link da terceira webconferência (http://educacaopuc.blogspot.com), trouxe parte destas
entrevistas com os alunos e o histórico da integração com o Labspace. A última sessão, com Paulo Dias, foi realizada sem
nenhuma necessidade de discussão sobre a ferramenta.
A colaboração online é um processo construtivista e leva em conta o desenvolvimento sistêmico da aprendizagem.
Assim, a e-moderação pode se constituir no ambiente a partir do desenvolvimento do conhecimento sobre a integração de
tecnologias ao currículo realizado nos seminários e nas leituras de textos que precederam a última sessão.
É interessante notar que a ecologia para as experiências de aprendizagem e conhecimento, proporcionada por
processos colaborativos, se fez presente e extensa na sessão com o professor. A imersão no ambiente e as negociações de
representações de conhecimento aconteceu inclusive com uma participante de um terceiro país. Alexandra Okada, da Open
University no Reino Unido, acompanhou a sessão como ouvinte. Alexandra foi a principal conferencista na segunda sessão
coletiva. A marca principal da sessão de Alexandra foi a construção de narrativas coletivas, com a conferencista estimulando
o questionamento e a discussão dos temas através de paradas estratégicas na conferência.
Todas as sessões com a ferramenta de webconferência Flashmeeting podem ser revistas através da função replay. O bate-
papo integrado também pode ser lido novamente a qualquer momento acessando as “minutas da reunião’ (minutes). Tal
publicação e partilha de informação se insere na proposta de mediação colaborativa descrita por Dias, que indica a
importância deste aspecto na diminuição da distância social e a integração online de consumidores e produtores de
conhecimento.
Um dos momentos muito interessantes da aplicação do conteúdo da fala do professor à prática foi quando a
confiança e a reciprocidade dos participantes na webconferência foi quebrada por um ruído. Buscando trocar sua imagem de
Figura 1 – A interface para acessar a webconferência e-moderação. vídeo por uma foto estática, uma participante enviou por engano uma foto para a área da apresentação. A saia justa foi
rapidamente resolvida com uma justificativa via bate-papo e a reação imediata dos outros participantes que trouxeram de
volta o clima de calma fruição de conteúdo ao ambiente. Isto ocorreu através de comentários irônicos ou incisivos sobre a
METODOLOGIA fala do professor no momento.
Para Wenger (2007, citado por Dias), “a participação, a partilha e a integração da voz social favorecem a
No primeiro semestre de 2008, no Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, a disciplina Tecnologias descentralização dos processos de moderação, devolvendo a liderança à comunidade”. Essa descentralização e a regulação
Digitais e Currículo iniciou uma investigação sobre a integração de tecnologias ao currículo com o uso de ferramentas da da mediação colaborativa que devolveu a webconferência a seu eixo principal foi realizada, na prática, com o acidente da
Open University, particularmente do ambiente online Labspace. Como parte dessas ferramentas, foi utilizado o Flashmeeting inserção do ruído por uma participante e a subseqüente intervenção da comunidade na extinção do ruído.
para webconferência. A ferramenta integra vídeo, áudio, bate-papo e apresentações em um só local e foi utilizada para Assim, pode ser comprovado o modelo de mediação colaborativa como forma de negociação da interação proposto
painéis sobre alguns temas de trabalho final e discussão de textos e projetos. O uso da ferramenta foi acompanhado por por Dias. Os elementos conteúdos, comunidade, contextos e interação se articulam pela mediação colaborativa. É a
workshops e discussões em fóruns online e por lista de discussão por e-mails. negociação que depende dos participantes que promove a estabilização das situações de aprendizagem e geração do
Foram três sessões coletivas durante o semestre com participação de toda a turma de alunos da disciplina. Na terceira e conhecimento. Trata-se da acordância entre múltiplos discursos e a interpretações que constrói o conhecimento coletivo da
última sessão coletiva, foi apresentado o texto “E-moderação” pelo professor Paulo Dias, da Universidade do Minho, comunidade de aprendizagem.
Portugal. O tema do texto, mediação colaborativa, pôde ser comprovado na evolução dos alunos em relação ao uso da
webconferência. O aprendizado atingiu um ponto ótimo de integração com as tecnologias, e pode ser constatada a função
instrumental da técnica na aquisição do conhecimento.
A importância da mediação colaborativa foi fundamental no exercício com a ferramenta que trouxe o conteúdo A
rica discussão do tema também se seguiu com base na leitura de texto de Paulo Dias e conceitos retomados na apresentação
online.
Partindo da concepção reguladora da e-moderação nos ambientes de aprendizagem online, através de processos de
organização e dinamização das atividades, propomos uma nova interpretação das formas avançadas de interação
social que ocorrem no âmbito das comunidades de aprendizagem através da qual se desenvolve a mediação
colaborativa. (DIAS, 2008, p. 1)
Para Dias, é notável o impacto das tecnologias da informação na criação e desenvolvimento de ambientes de
aprendizagem. No caso específico da disciplina Tecnologias Digitais e Currículo, a utilização do ambiente virtual de
aprendizagem Labspace foi essencial para criação de um espaço de leitura de textos, reflexão e discussão sobre o conteúdo
pedagógico do semestre. As ferramentas estruturadas de acordo com modelos de interação característicos da web 2.0, foram
complementadas por um esquema de coaching entre os alunos da disciplina e integração com blogs e outros espaços
online.

Figura 4 – A apresentação ocorre simultaneamente ao diálogo escrito e imagético.

CONCLUSÕES
Uma avaliação global desta experiência pode iniciar a partir dos registros deixados pelos cursistas no espaço de
escritura da webconferência, chamado de chat ou bate-papo. Lá, alguns conceitos que tratam do tema da mediação
colaborativa foram citados e retomados quando do fechamento da webconferência. Uma articulação para finalizar o evento e
marcá-lo como um momento enriquecedor também pode ser vista nos discursos dos participantes.
01:33:19 aluno1: prof. paulo dias resumo o que disse o prof. valente: agradecemos sua fala, foi um prazer conhecê-lo
ainda que virtualmente e seus textos também trazem um material muito rico (...)
01:34:04 aluno1: ale, obrigada em nome de todos nós.
Figura 2 – A webconferência vista por ordem de imagens discutidas (snapshots). 01:34:06 aluno2: Momento especial e enriquecedor
01:34:14 aluno1: agradecemos também ao prof paulo moreira
01:34:23 aluno3: Grata, pelas contribuições de todos...
A aprendizagem desenvolveu-se tanto nas aulas presenciais na universidade quanto no ambiente virtual. Boa parte 01:34:23 professora: Foi excelente ter recebido o convite... estarei revendo o replay (...)
das discussões a respeito da tecnologia teve lugar durante as aulas presenciais. Uma ferramenta de lista de discussão por e- 01:35:23 aluno4: Lembraria Sergio Godinho um cantor português que adoro, pensando nas construção de comunidades,
mail, fechada para o grupo de alunos, auxiliou nas decisões operacionais coletivas e na redistribuição de materiais "Hoje só é o primeiro dia do resto de nossas vidas". Vamos caminhando e construindo.
específicos. Até mesmo uma das convidadas, a professora Alexandra Okada, da Open University, relembrou que a possibilidade
A complexidade das interações na rede, focada por Paulo Dias, foi constatada também nas interações no ambiente do “replay”, a revisão tanto do vídeo quanto do texto da webconferência traria sempre novas descobertas e análise dos
virtual de aprendizagem. O grupo de alunos da disciplina pode ser considerado como uma comunidade de aprendizagem conceitos através de outras perspectivas.
online e suas interações aconteceram conforme proposto por Paulo Dias em modelo de mediação colaborativa. O texto-base para a conferência, colocado previamente, confirmou-se na conclusão da experiência de mediação colaborativa.
A princípio, o grupo cadastrou-se no ambiente e associou-se a uma comunidade específica da PUC-SP. Por sua vez, Dizia Paulo:
esta comunidade de aprendizagem encontra-se conectada a outras de vários países que compartilham ferramentas e A interacção social online é, neste enquadramento, um sistema mediador para a integração nas actividades das
conhecimento sobre tecnologias na educação. O fim específico da área da disciplina não impediu que fossem realizados comunidades e, principalmente, para a construção dos objectos e contextos de aprendizagem. E a mediação
exercícios com outras ferramentas, tais como o MSG, e também permitiu a interação em outras comunidades de colaborativa constitui a forma de expressão da comunidade num grupo de partilha (das representações de
aprendizagem, em exercício específico na aula de navegação pelo Labspace, já no final do semestre. conhecimento informal e formal) e construção colaborativa e entre pares das aprendizagens e do conhecimento.
A dimensão social da participação transformou a rede num espaço mais democrático e generalizado de publicação e partilha, De fato, a mediação colaborativa não apenas existiu na participação da comunidade de alunos como também houve
de acessibilidade tecnológica, e o conseqüente aumento da fluência digital. (DIAS, p. 2, 2008) a partilha de conhecimento e construção colaborativa a partir os questionamentos e do resumo final realizado pelos
participantes. O registro permanente desta experiência e as discussões posteriores em sala de aula inspiraram os alunos a
levar a e-moderação a suas próprias experiências educacionais. E, como tal, atingiu-se o objetivo de integrar a tecnologia ao
currículo na prática pedagógica educacional de professores diversos.

BIBLIOGRAFIA
DIAS, P. Da e-moderação à mediação colaborativa nas comunidades de aprendizagem In Educação, Formação &
Tecnologias; vol. 1(1), abril 2008. [Online]; ISSN 1646-933X.
Também disponível em acesso em 01/08/2008 em
http://labspace.open.ac.uk/file.php/3310/Paulo_Dias/e-moderacao_Paulo_Dias.pdf
DIAS, P. Moderação online e mediação colaborativa nas comunidades de aprendizagem, junho 2008. [Online]; Apresentação.
Acesso em 01/08/2008.
http://labspace.open.ac.uk/file.php/3310/Paulo_Dias/e-moderacao_Paulo_Dias.ppt
DIAS, P. E-moderação, junho 2008. [Online]; Webconferência. Acesso em 01/08/2008.
http://fm-openlearn.open.ac.uk/fm/ca3bbd-2757
MENGALLI, N. M. e RIBEIRO, R. A. Blog Currículo e Tecnologia. Acesso em 01/08/2008
http://educacaopuc.blogspot.com
Ambiente virtual de aprendizagem Collaboration area for New Technologies in Education in Brazil. Acesso em 01/08/2008
http://labspace.open.ac.uk/course/view.php?id=3310
Figura 3 – O início da apresentação.. KENSKI, V. Educação e Tecnologias. O novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.
VALENTE, J.A. & ALMEIDA, M.E.B. (orgs.) Formação de Educadores a Distância e Integração de Mídias. São Paulo:
Avercamp, 2007.

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