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Os professores do Departamento de Línguas da E.B. 2,3 /S Sacadura Cabral , em defesa da
qualidade do ensino e do prestígio da Escola Pública entendem ser urgente suspender a aplicação
do novo Modelo de Avaliação de Desempenho pelas razões que, a seguir, se enumeram:
1. Todo o processo de implementação deste modelo de avaliação de desempenho docente tem sido
conduzido pelo Ministério com total ausência de diálogo com os professores, uma grande falta de
transparência e grande pressão sobre os órgãos de gestão e pedagógicos das escolas para implemen-
tação de todo o processo. A aprovação retroactiva de procedimentos administrativos, nomeadamente
no caso de delegação de competência de poderes de avaliação é o exemplo de que este é um proces-
so apressado e irreflectido.
2. Os docentes deste departamento não questionam a avaliação de desempenho como instrumento con-
ducente à valorização das suas práticas docentes, com resultados positivos nas aprendizagens dos
alunos e promotor do desenvolvimento profissional – pelo contrário, exigem-na;
3. No entanto, este modelo de avaliação é baseado numa divisão artificial da carreira e da classe docen-
te, independentemente da sua competência pedagógica, técnica e científica. Desencadeia situações
paradoxais de avaliadores possuírem formação científico-pedagógica e académica inferior aos avalia-
dos;
4. O actual modelo de avaliação de desempenho dos professores assenta numa perspectiva excessiva-
mente burocrática, dá primazia aos meios, estratégias, planificações e recursos utilizados, em detri-
mento do processo de ensino-aprendizagem, pois a sua apressada implementação tem desviado as
funções dos professores para tarefas de elaboração e reformulação de documentos legais necessários
à sua implementação em detrimento das funções pedagógicas;
6. Não é legítimo que a avaliação de desempenho docente dos professores e a sua progressão na carrei-
ra se subordine a parâmetros como o sucesso, abandono escolar e avaliação atribuída aos seus alu-
nos, já que a imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos
contraria a norma que a decisão quanto à avaliação final é da competência do Conselho de Turma. Por
outro lado, como será possível garantir a imparcialidade da atribuição das classificações dos alunos se
as mesmas constituem um dos parâmetros considerados na avaliação docente;
7. Este modelo de avaliação de desempenho produz um sistema prevalentemente penalizador e não po-
tenciador de futuros desempenhos, além de que não discrimina positivamente os docentes que
leccionam ou desenvolvem projectos com as turmas mais problemáticas e com maiores dificuldades
de aprendizagem.
8. Os professores deste departamento rejeitam a penalização do uso de direitos constitucionalmente pro-
tegidos como sejam a maternidade/paternidade, doença, participação em eventos de reconhecida rele-
vância social ou académica, cumprimento de obrigações legais e nojo, nos critérios de obtenção de
Muito Bom ou de Excelente;
9. O regime de quotas permite uma manipulação dos resultados da avaliação, podendo gerar nas escolas
situações de profunda injustiça e parcialidade, provocadas pela existência de percentagens máximas
para atribuição das menções qualitativas de Excelente e Muito Bom. Acresce que os avaliadores, devi-
do à existência de quotas, são parte interessada nos resultados da avaliação , estando abrangidos, a
nosso ver, pelo impedimento previsto na alínea c) do artigo 44º do Código de Procedimento de Proce-
dimento Administrativo.
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