You are on page 1of 10

COORDENAÇÃO DE CURSO EM EAD: NOVOS PAPÉIS

Adriana Barroso Azevedo1, Luciano Sathler 2

1. Pedagoga e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Mato Grosso,


Doutora em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Docente e
Assessora Pedagógica de Educação a Distância da Universidade Metodista de São
Paulo.
2. Doutor em Administração pela FEA-USP. Docente e Pró-Reitor de Educação a
Distância na Universidade Metodista de São Paulo.

adriana.azevedo@metodista.br luciano.sathler@metodista.br

Abstract: The educational offer in distance learning brings differentiated


demands to the involved professionals, such as teachers, tutors and coordinators.
The present work detaches some of the main changes and relative expectations to
the Course Coordinator, that if disclose in the practical. Also it presents part of the
actions of institutional support that is made necessary for the exercise of the new
activities in this organizational level.

Resumo: As ofertas educacionais na modalidade a Distância trazem uma série de


demandas diferenciadas aos profissionais envolvidos, tais como docentes, tutores
e coordenadores. O presente trabalho destaca algumas das principais mudanças e
expectativas relativas à coordenação de curso, que se revelam nas práticas de
EAD. Também apresenta parte das ações de apoio institucional que se fazem
necessárias para o exercício das novas atividades nesse nível organizacional.

Palavras-Chave: Educação a Distância – Coordenação de Curso – Gestão


Educacional
Introdução

A Educação a Distância (EAD) é parte de uma evolução informacional que o mundo


atravessa, com todas as idiossincrasias presentes de uma sociedade desigual em
oportunidades e direitos. A complexidade da vida universitária passa a demandar novos
cenários de ordem pedagógica, de produção de materiais didáticos e gestão dos processos
educacionais.
A ênfase tecnicista de centrar a atenção na tecnologia para tentar dar conta desse
novo tempo já se demonstrou completamente inadequada, pois não se trata apenas de
manipular, armazenar e distribuir informação computadorizada. As NTIC só cumprem
plenamente seu papel quando utilizadas sem pensar em seu funcionamento, assim como se
faz com o telefone hoje, transformado em commodities pela contínua inovação,
barateamento do acesso e facilidade do uso.
Nesse sentido, a tecnologia na Educação deve estar em segundo ou terceiro plano
enquanto preocupação dos gestores, sendo antecedida em importância por iniciativas de
gestão de mudança organizacional e submetida ao princípio da flexibilidade, possível
apenas com a interação humana, livre, criativa e variada.
O gerenciamento dos atributos racionais, seqüenciais e analíticos da informação
deve se integrar às abordagens intuitivas e não-lineares (DAVENPORT, 2002, p. 17) para
dar conta da construção do conhecimento. Nesse contexto, o presente artigo objetiva refletir
sobre o papel dos coordenadores de curso na EAD, as novas demandas nessa gestão,
decorrentes das características da modalidade e as possíveis ações institucionais de apoio a
este profissional.
Partimos das concepções e práticas vivenciadas na Universidade Metodista de São
Paulo, em seu movimento de construção desse novo modelo de gestão que configura a
modalidade a distância. Em sua história caracterizada pelo compromisso com os valores
éticos cristãos, qualidade do ensino e presença comunitária, em especial na região do ABC
Paulista e Grande São Paulo, ratifica-se o compromisso com a Educação, mediada ou não
pelo uso de NTIC.
Os primeiros cursos de graduação a distância na Metodista iniciaram-se em agosto
de 2006 e no primeiro semestre de 2008 são oferecidos 10 cursos de graduação em 41 Pólos
de Apoio Presencial presentes em todas as regiões do território nacional, tendo cerca de
5.500 alunos matriculados.
Dessa forma, a experiência da Metodista na prática da EAD está presente no texto,
nas reflexões propostas, nos princípios apontados como norteadores das ações, mas não
especificamente em relatos de ações específicas no âmbito de um curso.
Coordenação de cursos superiores

Entre 1999 e 2006, o Prof. Dr. Davi Ferreira Barros foi diretor-geral do Instituto Metodista
de Ensino Superior e reitor da Universidade Metodista de São Paulo. Uma, dentre as muitas
contribuições que deixou no período que esteve à frente da Universidade, está registrada no
livro Coordenações de Cursos Superiores – novas competências e habilidades. As
reflexões propostas por Barros serão apropriadas neste texto. Partimos da compreensão do
papel de um coordenador de curso superior na modalidade presencial, para tratar das
mudanças e expectativas que se revelam no cenário EAD.
Conforme Barros (2006) é preciso aprofundar a compreensão sobre as funções de um
coordenador de curso superior, pois tal ator tem um papel importantíssimo no cenário
pedagógico universitário. O autor em sua reflexão propõe que os papéis de um coordenador
de curso superior podem ser tratados a partir de cinco tópicos que ele considera
importantes: 1) como docente e líder do processo de aprendizagem; 2) como articulador do
processo formativo do curso; 3) como gestor acadêmico; 4) como gestor administrativo e 5)
como catalisador da identidade do curso.
Para Barros não é possível pensar no coordenador que seja apenas um profissional da área,
ele deve ser um docente, sendo esse o aspecto que nutre a sua sensibilidade na gestão.
Enquanto docente o coordenador vivencia a experiência de ser o líder de aprendizagem,
contribuindo com o aluno na busca de soluções, fazendo sistematizações e atuando de
forma diferenciada na construção do conhecimento, seja na utilização de diferentes
metodologias e/ou no uso de novas tecnologias.
O coordenador é também aquele que articula o processo formativo, tem uma visão holística
do curso e da profissão. Nessa dimensão, ele deve ser o melhor conhecedor do projeto
pedagógico do curso, o articulador das ações ali planejadas, por ser este um instrumento
vital, pelo seu potencial transformador, para a avaliação e retroalimentação dos processos.
A matriz curricular do curso deve ser compreendida como “a principal estratégia do projeto
pedagógico para a formação do aluno” (BARROS, op.cit., p.21). É, portanto, papel do
coordenador propor continuamente estratégias de inovação para o projeto pedagógico e a
matriz curricular do curso.
Enquanto gestor acadêmico o coordenador deve assumir o papel de líder, comandar o
processo. Deve também saber selecionar adequadamente os docentes que atuarão no curso,
cuidar do perfil docente, “perceber um perfil que cubra as necessidades do projeto
pedagógico do curso talvez seja uma das tarefas mais importantes do coordenador”
(BARROS, op. cit., p.23).
O quarto papel destacado por Barros é o de gestor acadêmico, ele deve administrar
adequadamente as verbas destinadas ao seu curso, deverá organizar eventos acadêmicos,
reuniões, atender a docentes e alunos, fazer a gestão da disciplina no âmbito do curso e
cuidar das relações com o MEC, especialmente quanto ao reconhecimento do curso e outras
avaliações (BARROS, op. cit., p.37).
O último destaque feito por Barros refere-se ao coordenador enquanto catalisador da
identidade do curso, “o coordenador é a pessoa que integra a imagem do curso, sua
identidade”(BARROS, op. cit., p.37).
Partindo das proposições trabalhadas por Barros (2006) refletiremos sobre as implicações
decorrentes das características da modalidade a distância nos papéis do coordenador de
curso superior.

O coordenador de curso em EAD enquanto docente

Do ponto de vista institucional a proposta pedagógica de educação a distância na Metodista,


diz respeito à identidade e à missão da Instituição “no que se refere à globalização de seu
Ensino, da sua Pesquisa e das suas atividades de Extensão”1. Na Metodista entende-se o
“Ensino como forma de socialização da produção do saber e da aquisição do patrimônio
cultural existente, tais processos, que levam o aluno a realizar uma aprendizagem
significativa, vão além das atividades de rotina de sala de aulas, perpassando os limites
desse espaço e atingindo as novas formas de assimilação e de produção de conhecimento,
como é o caso da Educação a Distância e da Educação Continuada”2.
O Coordenador de curso na modalidade a distância é o responsável pela realização desse
ideal de educação. Em seu trabalho deve acompanhar desde a elaboração do Projeto
Pedagógico, o planejamento de todas as ações didáticas que envolvem professores,
professores-tutores e monitores dos pólos regionais de apoio presencial e ser gerente de
todas as pessoas e atividades envolvidas no desenvolvimento dos trabalhos do curso,
sempre em constante comunicação com a equipe multidisciplinar de produção de objetos
educacionais. Deverá manter um dialogo constante com os alunos, acompanhando de perto
o desenvolvimento da aprendizagem nas diversas turmas.
Enquanto no ensino presencial a disciplina é concebida normalmente por um professor,
podendo sofrer adaptações enquanto é ministrado, um curso a distância depende
obrigatoriamente de árduo planejamento, produção e coordenação deste processo. Os
cursos a distância se constituem com menor número de docentes e maior numero de
orientadores de aprendizagem, professores-tutores, assessores pedagógicos e técnicos,
havendo uma grande aproximação entre os múltiplos profissionais envolvidos no processo.
Os docentes, administradores e técnicos precisam estar em sintonia e são basicamente
insubstituíveis durante o curso.
Na Metodista a matriz curricular dos cursos a distância está concebida em módulos. A
organização da matriz curricular por módulos tem representado um avanço rumo à
integração de conteúdos e, conseqüente diminuição na fragmentação dos saberes e das
formas de ensinar e aprender. Pretende-se a superação da fragmentação do conhecimento
pelo desenvolvimento de uma integração entre as diferentes áreas do saber, num
movimento e exercício contínuo de distinção e respeito às especificidades, mas também de
busca e articulação com aquilo que une e aproxima.
Nesse sentido, o trabalho do coordenador está em articular os temas ou unidades que
compõem os módulos. Estabelecer uma prática dialógica constante entre docentes que
ministram juntos um único módulo, planejando teleaulas, aulas atividades, atividades
semanais, projetos integradores e articulando processos avaliativos.

1
Projeto Pedagógico da Universidade Metodista de São Paulo: Gestão 2003-2007. São Bernardo do
Campo: UMESP, 2002. p.18
2
Ibidem, p.34.
Outro trabalho decorrente dessa proposta pedagógica é a articulação entre os módulos que
compõem o semestre, ou seja, viabilizar junto aos docentes e professores tutores estratégias
que envolvem a prática pedagógica de todos os professores do semestre.
Na EAD há uma constante necessidade de se trabalhar a cultura de alunos e docentes em
relação às novas formas de ensino e aprendizagem, porém, a introdução das tecnologias da
informação e da comunicação não garante um ensino melhor, se a instituição de ensino não
possuir um projeto intencional e deliberado de mudanças, que incorpore ações estratégicas
de planejamento, tanto administrativo quando das práticas pedagógicas.

Existe uma lamentável confusão entre o emprego das tecnologias da informação e da


comunicação, como um conjunto de ferramentas da educação a distância, e a prática da
educação a distância em si. O acesso à informação não é equivalente ao acesso ao
conhecimento e às oportunidades de educação. Devemos abordar as novas formas de
comunicação como oportunidades estimulantes para o uso da linguagem com a finalidade
de pensar conjuntamente e como novos meios de montagem de andaimes dos processos de
construção do conhecimento dos estudantes no uso da linguagem como instrumento do
pensamento ( MERCER; ESTEPA, 2001, p.33).

Nesse sentido, o coordenador em EAD funciona como articulador de pessoas e projetos,


reflexões e concepções, na busca constante para melhorar os processos didático-
pedagógicos e administrativos que envolvem seu curso.

O coordenador de curso em EAD enquanto articulador do processo formativo

A organização do planejamento de um curso para EAD envolve profissionais com


diferentes formações, no sentido de atender a todas as necessidades do processo, desde
pensar o conteúdo do curso, o perfil do profissional que se quer formar, a pesquisa de
mercado que justifica o oferecimento do curso, até a adequação de tecnologias para
elaboração de materiais e a disponibilização de conteúdos de maneira adequada. Portanto,
observa-se a busca de uma fusão de saberes em uma direção única - atender o estudante,
estar próximo dele, ainda que fisicamente em espaços diferentes.
A EAD não permite aulas mal preparadas, portanto, o papel dos coordenadores se
aprofunda no acompanhamento do curso, ele deve orientar e coordenar o trabalho dos
professores em relação ao planejamento, execução e controle das propostas de ensino e no
que se refere a procedimentos didáticos e recursos pedagógicos que auxiliem, facilitem e
aperfeiçoem o desenvolvimento do trabalho em cada módulo. Dessa maneira, o
planejamento integrado do curso, sua organização em módulos e a tematização evidenciam
um foco mais concreto e objetivo no sentido de atender às propostas de formação do
discente, pois, reduzem as possibilidades de improvisação e de divagação do docente e dos
discentes no desenvolvimento do curso.
Além desse aspecto, a prática da EAD, em espaços não definidos e em tempos nem sempre
determinados, expõe o trabalho docente a uma avaliação constante de seus pares e de todos
os envolvidos, independentemente de estarem participando do mesmo momento no curso.
Porém, não deve ser vista como uma prática que limita a criatividade do docente, mas como
um desafio constante de superação dos seus limites, não apenas de domínio do conteúdo,
mas também àqueles ligados ao aparato tecnológico.
Nesse cenário, diferentemente do processo dos cursos presenciais, em que o professor
realiza um trabalho solitário, conta-se com a colaboração, não apenas do professor
responsável pela direção no que se refere aos conteúdos abordados e pela avaliação do
educando, mas de toda uma equipe.
O coordenador deve também informar aos educandos sobre os diversos aspectos que
configuram o sistema de educação a distância, estimulando-os à integração e identificação
com a modalidade educativa.
Os cursos de graduação a distância deverão utilizar os recursos de transmissão de
teleaulas via satélite para pólos regionais de apoio presencial, Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), Biblioteca Digital e materiais impressos. A necessidade de outros
recursos, tais como CD-ROMs ou outra forma multimídia, são definida no projeto
pedagógico do respectivo curso. Com esse conjunto de mídias, os alunos terão acesso ao
conteúdo dos módulos na Biblioteca Digital e nos pólos, que recebem via satélite
informação em diferentes formatos. Complementarmente, os docentes podem publicar
materiais no AVA3.
Articular os conteúdos propostos às mídias disponíveis é um desafio cotidiano do
coordenador de cursos da modalidade a distância, para tanto ele e os docentes do curso
contam com o suporte de uma equipe multidisciplinar que o auxiliará na busca das
melhores soluções para os distintos contextos. Tarefa que se torna fundamental na
aprendizagem ou não de determinados conteúdos.

O coordenador de curso em EAD gestor acadêmico

A discussão sobre a educação a distância enquanto uma modalidade de ensino-e-


aprendizagem avança e, atualmente, as atenções se voltam para a identificação das
melhores estratégias pedagógicas dentro desse novo cenário e a reconhecer qual o conjunto
de meios de comunicação e informação favorece a melhoria da qualidade dos processos
educativos. Tais escolhas devem variar em função da proposta pedagógica do curso, do
perfil discente que se pretende formar e do conteúdo a ser trabalhado. Nessa seleção, meios
como o papel impresso e tecnologias de ponta como a comunicação via satélite se
complementam num mundo a ser explorado. Enquanto gestor acadêmico percebe-se pelas
características da modalidade, que diversos conhecimentos deverão compor o perfil do
coordenador que atuará na EAD.
A educação a distância oferece uma oportunidade diferenciada para o estabelecimento de
novas e outras relações entre educador-educando-conhecimento, bem como para a
socialização do conhecimento científico, nesse sentido, cabe ao coordenador interfacear
com os professores, apresentando modelos, buscando adaptar o conteúdo produzido ao
ambiente virtual e a nova concepção de EAD, auxiliando no processo de implantação de
novas tecnologias, apresentando e dando informações correlatas e possíveis falhas
cometidos em cursos à distância, transmitindo o essencial para implementação, a fim de
aprimorar e evitar erros futuros.
Cada vez mais as diferentes mídias, especialmente as com maior capacidade de promover
interação entre seus usuários, alimentam as formas de aprender e ensinar, assim como

3
Ibidem, p.40.
também mudam os modos de organizar o conteúdo gerador das relações dialógicas, cabe ao
coordenador e sua equipe docente conhecer e avaliar os materiais de estudo, planos de
ensino com seus respectivos objetivos, adequando-os, junto à equipe multidisciplinar, às
diferentes mídias.
Na educação a distância da Metodista,
A pesquisa, não apenas de caráter científico, mas como atividade cotidiana de interrogação
do mundo, apresenta-se como princípio formativo a partir do qual é possível exercitar, na
prática, qualidades inerentes à formação do sujeito: o de questionamento e de fazer sentido
para a realidade a que se liga. Ao assumir a pesquisa como eixo integrador do currículo, a
construção do conhecimento se alia à construção do sujeito, enquanto autor-cidadão capaz
de se engajar criativamente na busca de soluções para os desafios da vida cotidiana e de seu
entorno social4.

Nesse sentido, a pesquisa, que está presente em todos os momentos da ação acadêmica do
curso, deve ser incentivada e acompanhada pelo coordenador, que assumindo tal postura,
contribuirá para a formação de um profissional mais capaz de se enxergar enquanto sujeito
e produtor de sentido. Dessa forma, tal profissional poderá através de sua atuação garantir
as condições necessárias de sobrevivência em um mundo altamente competitivo.
O perfil de qualquer coordenador vai depender muito do tipo de grupo ou equipe que
ele coordena, por isso, é fundamental selecionar os professores que, para além do adequado
perfil profissional, tenham alguma identificação com a modalidade a distância, acreditem
no potencial educativo da modalidade e estejam dispostos a aprender e compartilhar. O
bom professor no ensino presencial será um bom professor na EAD? Quais os quesitos que
o professor deve apresentar para, não estando fisicamente junto do seu aluno, poder ser tão
eficaz quanto no ensino presencial? Não é apenas uma questão de municiar o docente com
tecnologias, mas, sobretudo, de aguçar seu pensamento para o desafio de uma proposta
nova, a de atender a um aluno que necessita mais do que conteúdos, em uma velocidade
maior e um espaço não determinado. Essas são algumas das preocupações com as quais se
ocupam os coordenadores na EAD quando da escolha dos docentes.
Outra função importante do coordenador em EAD é o acompanhamento da
transmissão ao vivo de teleaulas para os pólos regionais de apoio presencial, ele assiste a
todas as aulas do curso e acompanha de perto o desenvolvimento das atividades
sintetizadoras e integradoras dos conteúdos disponíveis nas diferentes mídias. As teleaulas
são seguidas ou precedidas de atividade no laboratório do pólo e a presença do coordenador
na instituição no dia da transmissão é imprescindível. Na Metodista os alunos da EAD vão
aos pólos regionais de apoio presencial uma vez por semana e durante 4 horas aula
participam das atividades presenciais em total sincronia com a sede em São Bernardo do
Campo, São Paulo.

4
Ibidem, p.30
O coordenador de curso em EAD gestor administrativo

O coordenador de curso em EAD deverá estar apto para articular, promover e


operacionalizar cursos de capacitação aos docentes, a partir da identificação das
necessidades específicas do curso, sempre apoiado pela assessoria pedagógica de EAD.
Deve-se evitar fazer da educação a distância uma simples distribuição e armazenamento de
conteúdos na forma digital, para tanto, é fundamental que coordenador esteja atento e
acompanhe cotidianamente os processos de produção de conteúdo e as estratégias de
aprendizagem no âmbito do curso.
A organização de eventos no âmbito do curso também é um desafio para o coordenador de
cursos em EAD, encontros virtuais, seminários a distância, debates, videoconferências,
teleconferências e buscar novas possibilidades de encontros, principalmente os síncronos.
Coordenar o desenvolvimento do projeto pedagógico do curso, motivando os professores a
professores tutores a avaliarem cotidianamente sua prática, zelando pelo cumprimento das
diretrizes curriculares e de avaliação.
É importante que o coordenador do curso e a assessoria pedagógica de educação a distância
trabalhem sempre juntos, criando uma relação próxima e profissional, evitando assim
conflitos e desencontros. Deve haver entre eles uma visão comum dos assuntos gerais que
os cercam, e para que isso aconteça, é necessário realizar reuniões, de acordo com a
necessidade, para conciliar e alinhar a política da Instituição e as práticas do curso.
“A práxis pedagógica dos processos de ensino-e-aprendizagem a distância na Metodista
reconhece o estudante como sujeito do processo educativo e, portanto, em relação
dialógica com outros sujeitos, colegas de turma e professores, que se encontram para
desvelar o mundo a partir de suas respectivas experiências, dos materiais didáticos e objetos
de aprendizagem geradores da interação”5, portanto, cabe ao coordenador de curso EAD
organizar espaços para que professores e orientadores acadêmicos possam dialogar
sistematicamente sobre o desenvolvimento do projeto pedagógico, sobre as estratégias de
ensino e aprendizagem que estão sendo utilizadas, sobre a qualidade do material didático,
sobre os processos avaliativos que serão desenvolvidos no interior de cada módulo e na
integração dos módulos do semestre.
Está entre as funções do coordenador de curso captar e acompanhar as mudanças de
contexto legais, sociais e econômicas, no que diz respeito à EAD.

O coordenador de curso EAD catalisador da identidade do curso

O coordenador é o grande defensor do curso, nesse sentido é ele que acompanha as


definições de políticas e diretrizes institucionais. Desta forma, na Metodista, os
coordenadores de cursos na modalidade a distância não assumem os cursos presenciais, em

5
Projeto Pedagógico da Universidade Metodista de São Paulo: Gestão 2003-2007. São Bernardo do
Campo: UMESP, 2002.
função das necessidades específicas de acompanhamento e por vezes, defesa de interesses
distintos.

Considerações finais

Como foi possível perceber ao longo desse trabalho, os coordenadores de curso em EAD
planificam e administram todo o tempo, organizam o trabalho coletivo que é envolvo por
diversos profissionais e setores dentro da estrutura universitária.
A base de sua atuação, quando bem sucedida, é a troca de experiências e a definição de
objetivos comuns na equipe. A equipe de trabalho (professores, professores tutores, equipe
multidisciplinar e assessores pedagógicos) constrói junta novas informações, novas
competências e ganha espaço e posição dentro das instituições de ensino.
A natureza do trabalho do coordenador do curso em EAD consiste em organizar com o
grupo o trabalho coletivo e colaborativo, estimulando a troca de experiências no cotidiano e
nas reuniões. É ele quem orienta a definição dos objetivos do grupo harmonicamente e
sempre revê-los. Ele coordena a divisão das tarefas e viabiliza com sua intervenção a
convergência dos esforços de cada membro da equipe com vistas à interação do todo.
No intuito de buscar constantemente novas competências e orientar as competências do seu
grupo de trabalho, o coordenador deverá estar presente em eventos da área de formação e
também naqueles específicos da EAD. É ele que cuida para que as competências
individuais sejam otimizadas dentro da equipe e alinha os objetivos individuais aos
objetivos comuns e aos institucionais e promove através de sua ação o auto-
desenvolvimento dos membros da equipe.
Para poder ser eficiente em seu trabalho o coordenador deverá ter facilidade de relacionar-
se, ser pró-ativo, ter iniciativa, organização, agilidade, raciocínio lógico, bom senso,
flexibilidade, ética profissional, habilidade para trabalhar em equipe, comunicação e
organização, ser atento e orientado a detalhes.
Reconhecemos que as práticas da educação a distância, no interior de uma instituição de
ensino que trabalha com as duas modalidades, têm levado a uma reflexão importante sobre
as concepções de educação praticadas atualmente, inclusive no ensino presencial. Deve-se
sempre, e independente da modalidade, buscar um processo de ensino-e-aprendizagem de
alta qualidade.
Nada do que foi explicitado sobre as funções do coordenador de cursos em EAD será
possível de execução se a instituição de ensino não oferecer a este profissional apoio
necessário, pois, os problemas que ocorrem no presencial se potencializam na EAD. A
liderança dos coordenadores deve ser maior, é preciso acompanhar de perto a prática
pedagógica e a nova didática dos professores.
Referências

BARROS, Davi Ferreira; ARAGÃO, Rosália M. R. Coordenação de cursos superiores:


novas competências e habilidades. São Bernardo do Campo: Editora da Universidade
Metodista de São Paulo, 2006.
DAVENPORT, T. H. Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o
sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 2002.
MERCER, Neil; ESTEPA, Francisco Gonzáles. A educação a distância, o conhecimento
compartilhado e a criação de uma comunidade de discurso internacional. In: LITWIN,
Edith (Org.) Educação a distância – temas para o debate de uma nova agenda
educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

You might also like