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adriana.azevedo@metodista.br luciano.sathler@metodista.br
Entre 1999 e 2006, o Prof. Dr. Davi Ferreira Barros foi diretor-geral do Instituto Metodista
de Ensino Superior e reitor da Universidade Metodista de São Paulo. Uma, dentre as muitas
contribuições que deixou no período que esteve à frente da Universidade, está registrada no
livro Coordenações de Cursos Superiores – novas competências e habilidades. As
reflexões propostas por Barros serão apropriadas neste texto. Partimos da compreensão do
papel de um coordenador de curso superior na modalidade presencial, para tratar das
mudanças e expectativas que se revelam no cenário EAD.
Conforme Barros (2006) é preciso aprofundar a compreensão sobre as funções de um
coordenador de curso superior, pois tal ator tem um papel importantíssimo no cenário
pedagógico universitário. O autor em sua reflexão propõe que os papéis de um coordenador
de curso superior podem ser tratados a partir de cinco tópicos que ele considera
importantes: 1) como docente e líder do processo de aprendizagem; 2) como articulador do
processo formativo do curso; 3) como gestor acadêmico; 4) como gestor administrativo e 5)
como catalisador da identidade do curso.
Para Barros não é possível pensar no coordenador que seja apenas um profissional da área,
ele deve ser um docente, sendo esse o aspecto que nutre a sua sensibilidade na gestão.
Enquanto docente o coordenador vivencia a experiência de ser o líder de aprendizagem,
contribuindo com o aluno na busca de soluções, fazendo sistematizações e atuando de
forma diferenciada na construção do conhecimento, seja na utilização de diferentes
metodologias e/ou no uso de novas tecnologias.
O coordenador é também aquele que articula o processo formativo, tem uma visão holística
do curso e da profissão. Nessa dimensão, ele deve ser o melhor conhecedor do projeto
pedagógico do curso, o articulador das ações ali planejadas, por ser este um instrumento
vital, pelo seu potencial transformador, para a avaliação e retroalimentação dos processos.
A matriz curricular do curso deve ser compreendida como “a principal estratégia do projeto
pedagógico para a formação do aluno” (BARROS, op.cit., p.21). É, portanto, papel do
coordenador propor continuamente estratégias de inovação para o projeto pedagógico e a
matriz curricular do curso.
Enquanto gestor acadêmico o coordenador deve assumir o papel de líder, comandar o
processo. Deve também saber selecionar adequadamente os docentes que atuarão no curso,
cuidar do perfil docente, “perceber um perfil que cubra as necessidades do projeto
pedagógico do curso talvez seja uma das tarefas mais importantes do coordenador”
(BARROS, op. cit., p.23).
O quarto papel destacado por Barros é o de gestor acadêmico, ele deve administrar
adequadamente as verbas destinadas ao seu curso, deverá organizar eventos acadêmicos,
reuniões, atender a docentes e alunos, fazer a gestão da disciplina no âmbito do curso e
cuidar das relações com o MEC, especialmente quanto ao reconhecimento do curso e outras
avaliações (BARROS, op. cit., p.37).
O último destaque feito por Barros refere-se ao coordenador enquanto catalisador da
identidade do curso, “o coordenador é a pessoa que integra a imagem do curso, sua
identidade”(BARROS, op. cit., p.37).
Partindo das proposições trabalhadas por Barros (2006) refletiremos sobre as implicações
decorrentes das características da modalidade a distância nos papéis do coordenador de
curso superior.
1
Projeto Pedagógico da Universidade Metodista de São Paulo: Gestão 2003-2007. São Bernardo do
Campo: UMESP, 2002. p.18
2
Ibidem, p.34.
Outro trabalho decorrente dessa proposta pedagógica é a articulação entre os módulos que
compõem o semestre, ou seja, viabilizar junto aos docentes e professores tutores estratégias
que envolvem a prática pedagógica de todos os professores do semestre.
Na EAD há uma constante necessidade de se trabalhar a cultura de alunos e docentes em
relação às novas formas de ensino e aprendizagem, porém, a introdução das tecnologias da
informação e da comunicação não garante um ensino melhor, se a instituição de ensino não
possuir um projeto intencional e deliberado de mudanças, que incorpore ações estratégicas
de planejamento, tanto administrativo quando das práticas pedagógicas.
3
Ibidem, p.40.
também mudam os modos de organizar o conteúdo gerador das relações dialógicas, cabe ao
coordenador e sua equipe docente conhecer e avaliar os materiais de estudo, planos de
ensino com seus respectivos objetivos, adequando-os, junto à equipe multidisciplinar, às
diferentes mídias.
Na educação a distância da Metodista,
A pesquisa, não apenas de caráter científico, mas como atividade cotidiana de interrogação
do mundo, apresenta-se como princípio formativo a partir do qual é possível exercitar, na
prática, qualidades inerentes à formação do sujeito: o de questionamento e de fazer sentido
para a realidade a que se liga. Ao assumir a pesquisa como eixo integrador do currículo, a
construção do conhecimento se alia à construção do sujeito, enquanto autor-cidadão capaz
de se engajar criativamente na busca de soluções para os desafios da vida cotidiana e de seu
entorno social4.
Nesse sentido, a pesquisa, que está presente em todos os momentos da ação acadêmica do
curso, deve ser incentivada e acompanhada pelo coordenador, que assumindo tal postura,
contribuirá para a formação de um profissional mais capaz de se enxergar enquanto sujeito
e produtor de sentido. Dessa forma, tal profissional poderá através de sua atuação garantir
as condições necessárias de sobrevivência em um mundo altamente competitivo.
O perfil de qualquer coordenador vai depender muito do tipo de grupo ou equipe que
ele coordena, por isso, é fundamental selecionar os professores que, para além do adequado
perfil profissional, tenham alguma identificação com a modalidade a distância, acreditem
no potencial educativo da modalidade e estejam dispostos a aprender e compartilhar. O
bom professor no ensino presencial será um bom professor na EAD? Quais os quesitos que
o professor deve apresentar para, não estando fisicamente junto do seu aluno, poder ser tão
eficaz quanto no ensino presencial? Não é apenas uma questão de municiar o docente com
tecnologias, mas, sobretudo, de aguçar seu pensamento para o desafio de uma proposta
nova, a de atender a um aluno que necessita mais do que conteúdos, em uma velocidade
maior e um espaço não determinado. Essas são algumas das preocupações com as quais se
ocupam os coordenadores na EAD quando da escolha dos docentes.
Outra função importante do coordenador em EAD é o acompanhamento da
transmissão ao vivo de teleaulas para os pólos regionais de apoio presencial, ele assiste a
todas as aulas do curso e acompanha de perto o desenvolvimento das atividades
sintetizadoras e integradoras dos conteúdos disponíveis nas diferentes mídias. As teleaulas
são seguidas ou precedidas de atividade no laboratório do pólo e a presença do coordenador
na instituição no dia da transmissão é imprescindível. Na Metodista os alunos da EAD vão
aos pólos regionais de apoio presencial uma vez por semana e durante 4 horas aula
participam das atividades presenciais em total sincronia com a sede em São Bernardo do
Campo, São Paulo.
4
Ibidem, p.30
O coordenador de curso em EAD gestor administrativo
5
Projeto Pedagógico da Universidade Metodista de São Paulo: Gestão 2003-2007. São Bernardo do
Campo: UMESP, 2002.
função das necessidades específicas de acompanhamento e por vezes, defesa de interesses
distintos.
Considerações finais
Como foi possível perceber ao longo desse trabalho, os coordenadores de curso em EAD
planificam e administram todo o tempo, organizam o trabalho coletivo que é envolvo por
diversos profissionais e setores dentro da estrutura universitária.
A base de sua atuação, quando bem sucedida, é a troca de experiências e a definição de
objetivos comuns na equipe. A equipe de trabalho (professores, professores tutores, equipe
multidisciplinar e assessores pedagógicos) constrói junta novas informações, novas
competências e ganha espaço e posição dentro das instituições de ensino.
A natureza do trabalho do coordenador do curso em EAD consiste em organizar com o
grupo o trabalho coletivo e colaborativo, estimulando a troca de experiências no cotidiano e
nas reuniões. É ele quem orienta a definição dos objetivos do grupo harmonicamente e
sempre revê-los. Ele coordena a divisão das tarefas e viabiliza com sua intervenção a
convergência dos esforços de cada membro da equipe com vistas à interação do todo.
No intuito de buscar constantemente novas competências e orientar as competências do seu
grupo de trabalho, o coordenador deverá estar presente em eventos da área de formação e
também naqueles específicos da EAD. É ele que cuida para que as competências
individuais sejam otimizadas dentro da equipe e alinha os objetivos individuais aos
objetivos comuns e aos institucionais e promove através de sua ação o auto-
desenvolvimento dos membros da equipe.
Para poder ser eficiente em seu trabalho o coordenador deverá ter facilidade de relacionar-
se, ser pró-ativo, ter iniciativa, organização, agilidade, raciocínio lógico, bom senso,
flexibilidade, ética profissional, habilidade para trabalhar em equipe, comunicação e
organização, ser atento e orientado a detalhes.
Reconhecemos que as práticas da educação a distância, no interior de uma instituição de
ensino que trabalha com as duas modalidades, têm levado a uma reflexão importante sobre
as concepções de educação praticadas atualmente, inclusive no ensino presencial. Deve-se
sempre, e independente da modalidade, buscar um processo de ensino-e-aprendizagem de
alta qualidade.
Nada do que foi explicitado sobre as funções do coordenador de cursos em EAD será
possível de execução se a instituição de ensino não oferecer a este profissional apoio
necessário, pois, os problemas que ocorrem no presencial se potencializam na EAD. A
liderança dos coordenadores deve ser maior, é preciso acompanhar de perto a prática
pedagógica e a nova didática dos professores.
Referências