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TEXTOS DE APOIO

Dr. Paulo Gurgel Carlos da Silva

Aula na UECE – 1
DOR TORÁCICA
A dor é definida como uma sensação desagradável produzida pela estimulação
de terminações nervosas especializadas em sua recepção.
Muitas vezes é de difícil caracterização. Representa uma experiência individual
e intransferível.
Dor torácica quando o sintoma dor é referido no tórax. Embora possa ter
origem fora do tórax, num órgão intra-abdominal, por exemplo.
A recíproca também é verdadeira. Uma patologia torácica pode originar dor
abdominal.
A dor torácica pode apresentar grande número de causas. E pode também ser
simulada.
Importante: “Não há equivalência direta entre a intensidade da dor torácica e a
sua gravidade.”
Todos estes sistemas a seguir estão representados no tórax: tegumentar,
esquelético, respiratório, cardiovascular, digestório, endócrino, nervoso e
linfático. Isto torna a identificação da estrutura ofendida (responsável pela
origem da dor) um assunto complexo.
No aparelho respiratório há “estruturas” sem terminações nervosas receptoras
para a dor: o parênquima pulmonar e a pleura visceral. Por isso, doenças que
comprometem estes setores, como a tuberculose pulmonar, costumam cursar
sem dor torácica.
Como também no aparelho respiratório (ou com relação a ele) há “estruturas”
com terminações nervosas receptoras para a dor: parede torácica, pleura
parietal, traquéia e brônquios, mediastino e diafragma. O que significa dizer
que doenças que comprometem estes locais também produzem dor. Sendo
exemplos o herpes zoster, a costocondrite, o pneumotórax, a pleurisia, a
traqueobronquite, o linfoma e as crises prolongadas de soluços.
Atentar para estas duas situações: 1) O câncer pulmonar que, evolui sem dor
enquanto se limita ao parênquima, a partir de sua invasão de parede do tórax
passa a ocasionar intensa dor torácica (tumor de Pancoast). 2) A pneumonia
em que a dor não costuma ser referida até que o processo inflamatório
comprometa a pleura parietal.
A dor cardíaca pode ser de natureza isquêmica ou não isquêmica. Diz-se que é
isquêmica quando está relacionada com processos obstrutivos (agudo = infarto
do miocárdio / crônico = angina do peito) nas artérias coronárias, em
decorrência dos quais há lesão ou necrose de miocárdio. A dor cardíaca não
isquêmica ocorre na pericardite, valvopatias, hipertensão arterial pulmonar,
dissecção da aorta etc.
A dor torácica pode estar relacionada com patologias de órgãos do aparelho
digestório: aerofagia, refluxo gastro-esofágico, úlcera péptica, colecistopatia,
entre outras.
Aqui lembradas por serem freqüentes as dorsalgias (dores na coluna dorsal),
cujas causas são a artrose, a escoliose, a osteoporose, a hérnia de disco e
outras patologias da coluna.
A dor torácica também pode integrar a síndrome de hiperventilação cuja origem
é emocional (ver dispnéia psicogênica).
E a ocorrência prévia de trauma torácico, uma vez que haja sido levantada na
história clínica, pode tornar a etiologia da dor mais facilmente reconhecível.
(aula ministrada para os alunos do 4º semestre do Curso de Medicina, em 11
de janeiro de 2007)

Aula na UECE – 2
DISPNÉIA
Significa dificuldade na respiração.
Cansaço, falta-de-ar, fôlego curto, sufocamento, aperto ou arrocho no peito são
termos populares para expressar a dispnéia.
É definida como uma sensação de desconforto respiratório gerado por diversos
mecanismos: orgânicos, psicossociais e ambientais.
É sintoma (subjetivo = informado pelo paciente) e é sinal (objetivo = observado
pelo médico).
Gera grande limitação na qualidade de vida de milhões de doentes e em muitos
casos é um sintoma debilitante e refratário, mesmo com tratamento clinico
máximo.
Os vários padrões de dispnéia resultam de uma combinação da freqüência
respiratória com o volume corrente da respiração.
A dispnéia pode ter origem no ambiente, aparelho respiratório, sistema nervoso
e músculos, aparelho cardiovascular, sangue e tecidos periféricos.
Dispnéia ambiental: quando ocorre uma redução significativa na pressão
atmosférica total (exemplo: rarefação do ar nas grandes altitudes) ou em sua
pressão parcial de oxigênio (exemplo: soterramentos).
Dispnéia respiratória: quando a causa está em vias respiratórias superiores
e/ou inferiores (asma e outras alergias, infecções, tumores, hipertrofias de
estruturas, paralisias de cordas vocais), parênquima pulmonar (enfisema,
pneumonias, tuberculose, tumores, fibroses, atelectasias, embolias), pleuras
(pneumotórax, derrames e tumores pleurais), mediastino (tumores) ou parede
torácica (cifoscoliose, trauma).
Dispnéia neuromuscular: quando a causa se encontra no SNC (comas), nervos
(poliomielite), placa mioneural (exemplo: miastenia gravis) ou músculos
(distrofias) inclusive o diafragma (eventração, hérnias).
Dispnéia cardíaca: quando é resultado do funcionamento inadequado da
bomba cardíaca (miocardiopatia, doença isquêmica, valvulopatias, hipertensão
arterial). Apresenta como manifestação clínica maior o edema agudo do
pulmão.
Dispnéia circulatória: quando ocorre o colapso circulatório (estado de choque)
ou alterações sangüíneas (anemia, hemoglobinopatias, intoxicações) que
interferem com o transporte de oxigênio para os tecidos.
Dispnéia celular: quando a respiração celular é bloqueada (exemplo:
envenenamento por cianeto).
Ainda há outras causas (não relacionadas acima) de dispnéia: despreparo
físico, obesidade, gravidez, psicogênica.
O tratamento vai variar conforme a causa da dispnéia. Daí a importância de
uma abordagem clínica completa que inclua a queixa principal, a história clínica
bem detalhada, os antecedentes pessoais (sem esquecer a ocupação atual e
as anteriores), os antecedentes familiares e o exame físico.
Levantada a suspeita da etiologia da dispnéia, o médico costuma recorrer a
exames complementares que possam confirmá-la. Dentre eles os mais
utilizados são: métodos de imagem (radiografia, tomografia computadorizada
etc), eletrocardiografia, oximetria de pulso, gasometria arterial, hemograma,
espirometria, ecocardiografia, endoscopias (rinofaringe, laringe e árvore
traqueobrônquica) polissonografia, testes de exercício (caminhada de 6
minutos, ergometria e exercício cardiorrespiratório).
(texto de apoio à aula ministrada aos alunos do 4º semestre do Curso de
Medicina, em 11 de janeiro de 2007)

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