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Goiânia, 5 de julho de 2008

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NOTÍCIAS
A cidade e a cirurgia de risco

EDITORIAS Muitas cidades – grandes e pequenas – devido a intervenções inadequadas


Capa padecem sofrimentos de inundações, congestionamentos, mau
Opinião funcionamento dos sistemas urbanos, miséria e violência.
Cidades
Política
Dirceu Trindade
Economia
Mundo
Esporte Não é difícil compreender que o aumento da densidade populacional em
Magazine certas regiões da cidade, levou ao aumento de demanda por circulação. A
opção por transporte individualizado provoca transtornos comuns no trânsito,
CLASSIFICADOS levando à necessidade de intervenções.
Vrum
Lugar Certo
Apenas para estabelecer um marco inicial de nossas considerações tomemos
COLUNAS o ano de 1988. Naquele ano ainda não existia o tratamento paisagístico
Giro conhecido como Chafariz, a Avenida T-63 se reduzia a uma pista de asfalto,
Direito e Justiça a Praça Nova Suíça era um grande espaço de terra vermelha e, poucas vias
Coluna social
Memorandum
eram asfaltadas. Havia uma ocupação territorial rarefeita por residências no
Crônicas e Jardim América e pouca ocupação no Parque Amazonas. Os lugares hoje
outras histórias conhecidos como Bela Vista e Alto do Bueno não tinham ainda sido
reconhecidos pelo mercado imobiliário.
SERVIÇOS
E-mail Era, portanto, uma região de pouca urbanização como o Bairro Anhanguera,
Cartas dos leitores
Assinatura localizado ao final da Avenida T-63 que, incluindo a área de invasão, se
Acontece configurava como um loteamento não urbanizado. O Setor Pedro Ludovico
Na telinha apresentava uma urbanização precária e descontinuada no tecido urbano.
Cinema
Horóscopo
Guia do Assinante Com o crescimento populacional da cidade intensificaram-se as construções
Central de condomínios verticalizados, inicialmente como condomínios fechados
do Assinante
(uma articulação entre donos de lotes e agentes financeiros), originando o
que conhecemos como o Alto do Bueno. Esta área foi ainda sacrificada por
CHARGE uma brecha na legislação urbanística, que permitiu um índice de
aproveitamento de 3.5 da área do lote, com afastamentos laterais de 2.00m
ESPECIAIS para áreas de usos secundários, com um Código de Obras que “exigia” uma
Minimaratona 2007
Maratoninha 2007
vaga para cada dois apartamentos de até 60m2. Algumas ruas tornaram-se
Pensar 2007 imensos estacionamentos nos dias de hoje.
Prêmio Propaganda
Os bairros acima citados foram urbanizados, novos equipamentos urbanos
SITES que demandam circulação de veículos surgiram (shoppings, galerias,
OJC colégios, hospitais, faculdades...) e, mais importante, uma nova modalidade
Tv Anhanguera
Goiasnet
de morar surgiu na periferia e nos limites de municípios vizinhos: os
Jornal do Tocantins condomínios horizontais fechados. São novos elementos de impacto no
Fundação J. Câmara trânsito, transformando ruas locais residenciais em vias de acesso aos novos
Rede Anhanguera
97FM
bairros e equipamentos.
Executiva FM
Podemos ver que os problemas da Avenida T-63 se iniciam na inconclusa
Marginal Botafogo, num cruzamento com a Avenida Jamel Cecílio, que
Anuncie
demanda ao Shopping Flamboyant e aos novos bairros além rodovia. Em sua
outra extremidade, a Avenida T-63 é um beco sem saída, com um intenso
tráfego destinado aos bairros novos da periferia e, como única opção circula
por uma via de 7.00m de caixa de rolamento através do Bairro Anhanguera.

Este recorte mostra a ausência de planejamento urbano, obras viárias foram


executadas e não resolveram os problemas de trânsito e, não ocorreram
investimentos em transporte público. Se o poder público deseja adensar
determinada área, deve antes planejar sua forma de ocupação e os recursos
de mobilidade da população que aí vai habitar. Obras viárias necessárias
devem estar integradas num processo de planejamento, estar subordinadas
aos interesses da coletividade e cumprir mínimas exigências legais, tais
como, obediência ao Estatuto da Cidade e cumprimento do Plano Diretor.

Não há, na atual obra, uma integração com as diretrizes do Plano Diretor que
asseguram à Avenida T-63 a condição de via expressa de 3ª categoria, e
corredor preferencial de transporte coletivo, portanto, a obra em execução
não integra um plano urbano e de transporte coletivo.

Observe-se que o adensamento de áreas do Alto do Bueno, do Jardim


América e do Parque Amazonas continuam acelerados, além de estarem
intensas as ocupações nas áreas fronteiras do município, cujo caminho é a
Avenida T-63, em continuidade à Avenida 85.

Na questão de águas subterrâneas, o lençol freático não representa um


problema para a obra iniciada – se houvesse tal problema quase nenhum
edifício poderia estar construído em Copacabana, Ipanema e Leblon no Rio
de Janeiro, locais com lençol muitas vezes em torno de 1.50m. A questão é
como recolher as águas pluviais da região, estabelecendo para onde se deve
conduzir.

Terão de ser abertas galerias nas vias da área do viaduto-trincheira para a


captação de águas pluviais, a inclusão de reservatório e bombeamento ao
córrego mais próximo, de acordo com suas dimensões e vazão suficiente
para receber novo carregamento, o que leva a um aumento de custo que
deveria estar previsto, se devidamente projetado, orçado e licitado. Podem
ser corrigidas planilhas de custo da obra, transferindo o custo do inútil mastro
para o custeio de parte da galeria.

De qualquer forma, na ausência de procedimentos de planejamento urbano,


mesmo com as correções que se fazem necessárias, permanece a cirurgia
de risco, e certamente não resultarão no benefício esperado pelo paciente, a
população da cidade.

Dirceu Trindade é arquiteto, mestre em Urbanismo (EESC-USP) e professor da Escola Edgar


Graeff-UCG

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