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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA


ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"

Piracicaba, 27 de outubro de 2008


Neste arquivo:
Índices Nacionais de Exportações do Agronegócio:
AGRONEGÓCIO EXPORTA MENOS QUE EM 2007
- De 2007 para 2008
- De 2000 para 2008

Índices Regionais:
Só Centro-Oeste e Nordeste aumentam em 3% volume exportado
- De 2007 para 2008
- De 2000 para 2008
Conclusões

Nota geral:
As análises a seguir são relativas ao período de janeiro a setembro de 2008 para o Índice de Preços de
Exportação do Agronegócio em dólares (IPE-Agro/CEPEA) e para o Índice de Volume Exportado do
Agronegócio (IVE-Agro/CEPEA). Com relação ao Índice de Câmbio efetivo real do Agronegócio (IC-
Agro/CEPEA) e, conseqüentemente, ao Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio (IAT-
Agro/CEPEA), as informações vão até agosto de 2008 devido ao atraso de algumas agências estatísticas
internacionais no fornecimento de dados de preços.

Os Índices de exportação do Agronegócio do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da


Esalq-USP, são calculados com base nas vendas brasileiras para os 11 principais compradores (países ou
blocos) do produtos do agronegócio (em específico) – para detalhes sobre metodologia:
www.cepea.esalq.usp.br/macro/

>> A reprodução deste artigo ou de trechos do mesmo é autorizada, sendo obrigatória a


citação do nome dos autores.

AGRONEGÓCIO EXPORTA MENOS QUE EM 20071


Índice de preços em dólar sobe 30%, mas câmbio limita atratividade e volume cai 2,3%

Geraldo Barros, PhD


Prof. Titular Esalq/USP, coordenador científico Cepea
Karlin Saori Ishii, Ms.
Pesquisadora Cepea
cepea@esalq.usp.br

A taxa de câmbio do agronegócio brasileiro (IC-Agro/Cepea) no período de janeiro a agosto


deste ano é 14,4% menor que a do mesmo período de 2007. Essa valorização do Real fez com que a
atratividade das exportações do agronegócio (IAT-Agro) crescesse 10,7% na mesma comparação, apesar
de os preços em dólar (IPE-Agro/Cepea) terem aumentado 29,85% no mesmo período. Por sua vez, o
volume de exportação diminuiu 2,31%. (Fig. 1)
1
Os autores agradecem o apoio do estagiário Gabriel Caldas Santos, do curso de Ciências Econômicas da Esalq/USP.
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35,000 29,851
30,000
25,000
20,000
15,000 10,785
10,000
5,000
0,000
­5,000 ­2,315
­10,000
­15,000
­20,000 ­14,357
IPE­Agro/CEPEA IVE­Agro/CEPEA IC­Agro/CEPEA IAT­Agro/CEPEA
.
Figura 1 – Variação percentual dos índices de exportação do agronegócio brasileiro – comparação da
parcial deste ano (até agosto ou até setembro) com igual período de 2007.
Fonte: Cepea/Esalq-USP

PRODUTOS - Considerando os preços já internalizados em Reais (ou seja, o IAT), os grandes saltos
foram verificados para a soja, com o aumento de preços de óleo (52,35%), da soja em grão (39,13%) e
do farelo (37,53%). Aumentos expressivos também foram observados para carnes suína (19,88%),
bovina (13,19%) e de frango (12,52%). Os aumentos para café e frutas foram de apenas 4% e 3,19%
respectivamente. Há também os casos de queda na atratividade: álcool (-10,53%), açúcar (-16,64%),
suco de laranja (-24,95%). (Fig. 2)
60
50
40
30
Var (%)

20
10
0
-10
-20
-30
Frutas

Álcool
Soja

Suína

Bovina

Suco de
Açúcar
Grão

Frango
Óleo

Café
Soja

Carne
Farelo

Laranja
Carne

Carne
Soja

Produtos

Figura 2 – Índices de Atratividade das Exportações para Produtos Específicos (IAT/Cepea) – variações
referem-se a comparações entre jan-ago/2008 e jan-ago./2007.
Fonte: Cepea/Esalq-USP

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De 2000 a agosto/setembro 2008
Os preços dos produtos exportados pelo agronegócio brasileiro em dólares (IPE-Agro/CEPEA)
na parcial deste ano – até final de setembro – são 66,3% maiores que a média do ano de 2000
(considerada base 100), ao passo que o volume exportado do agronegócio, dado pelo IVE-
Agro/CEPEA, aumentou 119% no período. O preço em reais (IAT-Agro/CEPEA) que mede a
atratividade das exportações (valor em dólar multiplicado pelo câmbio efetivo do agro) cresceu 21,68%
- neste caso, comparando-se a parcial de 2008 até final de agosto ao ano de 2000. O aumento da
atratividade ficou bem abaixo do crescimento do preço devido à valorização do Real. A taxa de câmbio
efetiva real do agronegócio (IC-Agro/CEPEA) valorizou 26% de 2000 até agosto – não estão
assimiladas, portanto, as desvalorizações cambiais recentes. (Fig. 3)
250
200
150
100
50
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

IPE­Agro/CEPEA IVE­Agro/CEPEA
IC­Agro/CEPEA IAT­Agro/CEPEA
Figura 3 - Índice de Preços de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro) em dólar, Índice de Volume de
Exportação do Agronegócio (IVE-Agro), de janeiro de 2000 a setembro de 2008 (dados anualizados) e
Índice de Atratividade das Exportações do Agronegócio/IAT - preços em reais das exportações
multiplicado pela taxa efetiva de câmbio do agronegócio (IC-Agro), e a taxa de câmbio efetiva real do
Agronegócio (IC-Agro) de janeiro de 2000 a agosto de 2008 (dados anualizados).
Fonte: Cepea/Esalq-USP

Indicadores Regionais

Só Centro-Oeste e Nordeste aumentam em 3% volume exportado

Comparando o desempenho da parcial deste ano (até setembro) com o mesmo período do ano
passado, verifica-se que as regiões Norte, Sul e Centro-Oeste tiveram os melhores desempenhos
exportadores quando se analisa o preço em dólares - acima do nível nacional (29,85%).
Quanto ao volume exportado, empresas do Nordeste e Centro-Oeste aumentaram ligeiramente os
embarques, ao passo que as demais diminuíram a quantidade exportada, com destaque para a retração
do Sudeste e Norte. (Fig. 4)

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80,00
68,61

60,00 52,99
43,73
40,00
27,95

20,00 13,26 13,82


8,79

0,00

-20,00 -13,35 -10,67

-24,29
-40,00
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro
Oeste

IPE-Agro/CEPEA IVE-Agro/CEPEA

Figura 4 – Variação dos Indicadores de Preços e Volumes do Agronegócio (IPE-Agro e IVE-Agro)


regionais (jan.-set. de 2008 em relação a jan.-set. 2007)
Fonte: Cepea/Esalq-USP

Desde o ano 2000, o Índice de Preços (em dólar) de Exportação do Agronegócio Regional (IPE-
Agro/CEPEA/Região) segue em alta em todas as regiões. As regiões Norte, Nordeste, Sul e Centro-
Oeste tiveram aumentos de preços acima da média nacional (66,3%). Os produtos exportados por
empresas do Norte tiveram aumento de 150% em dólar no período; o reajuste para os embarques do
Centro-Oeste foi de 103%; para os do Nordeste, de 86% e para os do Sul, de 83%. Já a região Sudeste,
que é uma grande região exportadora, teve aumentos de preços menores que a nacional, de 30,2%
comparando-se 2008 (até setembro) a 2000. (Fig. 5)

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300

250

200

150

100

50

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

IPE-Agro/CEPEA (Norte) IPE-Agro/CEPEA (Nordeste)


IPE-Agro/CEPEA (Sudeste) IPE-Agro/CEPEA (Sul)
IPE-Agro/CEPEA (Centro Oeste)

Figura 5 – Índices de Preços de exportação do Agronegócio (IPE-Agro/CEPEA) por regiões (2000 a


set/2008 - dados anualizados)
Fonte: Cepea/Esalq-USP

Quando se observa o Índice de Volume Exportado pelo Agronegócio, verifica-se que a região
Centro-Oeste apresentou uma evolução bem acima da nacional, que é 119%. O volume embarcado por
empresas do Centro-Oeste aumentou 350% de 2000 para 2008 (até setembro). A região Nordeste
também teve um aumento acima do nacional, de 148%. Já as demais regiões tiveram crescimentos
ligeiramente abaixo do nível nacional. (Fig. 6)

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500

400

300

200

100

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

IVE­Agro/CEPEA (Norte) IVE­Agro/CEPEA (Nordeste)
IVE­Agro/CEPEA (Sudeste) IVE­Agro/CEPEA (Sul)
IVE­Agro/CEPEA (Centro Oeste)

Figura 6 – Índices de Volume de exportação do Agronegócio (IVE-Agro/CEPEA) segundo as regiões


(2000 a set/2008 - dados anualizados)
Fonte: Cepea/Esalq-USP

CONCLUSÕES
O agronegócio continua se destacando nas exportações brasileiras. O volume exportado cresceu
de forma acelerada até 2005, com um salto em 2007. A conhecida compensação entre preços em dólares
e câmbio vem se manifestando até aqui: até 2004 o câmbio manteve-se desvalorizado e o os preços
deprimidos; a seguir essas posições se invertem. Esse efeito tende a estabilizar relativamente os preços
de exportação internalizados. Considerando apenas o último ano, observou-se valorização cambial,
aumento de preços internacionais e pequena queda do volume exportado.
Soja e derivados e as carnes têm sido as commodities mais beneficiadas em termos de preços de
exportação internalizados. Etanol, açúcar e suco de laranja estão na ponta perdedora. Esse resultado
causa impacto enviesado regionalmente: as exportações têm sido bem menos favoráveis ao Sudeste do
que às demais regiões. Não se pode alegar, portanto, que exportar não contribua para um crescimento
nacional mais equilibrado.
A crise financeira iniciada nos países desenvolvidos tende a espalhar-se para a maioria do países.
No Brasil, a queda das cotações das commodities tem sido compensada, pelo menos até final e
outubro/08, pelo aumento recente do dólar. A ação do Banco Central voltada para a recuperação da
moeda nacional deve, pois, ter esse efeito compensação em conta: uma excessiva (e artificial)
valorização do Real pode deprimir ainda em demasia os preços internos das commodities. Os produtores
rurais brasileiros já se acham muito pressionados pela queda já havida nas cotações e pela escassez de
crédito, outro efeito da crise.

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