E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta; Para dar minha conta feita a tempo, O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto tempo? Não quis, sobrando tempo, fazer conta, Hoje quero dar conta, e não tenho tempo.
Ó vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo. Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta.
Pois aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando tempo chegar de prestar conta, Chorarão, como eu, o não ter tempo.
Para terminar, então, fecho com uma poesia do século dezessete,
escrita por Antonio das Chagas, mas que bem poderia ter sido
escrita ainda ontem:
Aprendei a administrar o vosso tempo,
O tempo é uma dádiva divina, mas é volátil, Não podeis parar o tempo, prender o tempo, reter o tempo, Ele é distribuído a todos em porções iguais de tempo, Vivei intensamente, criativamente e sabiamente, O Hoje, o agora, o momento presente, Remindo o tempo, porque os dias são maus E vós que tendes tempo, sem ter conta, Não gastais o vosso tempo, em passatempo, Para depois não chorar, sem conta, Por não ter mais tempo.