Umuarama, domingo, 21 de setembro de 2008

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EM ALGUM LUGAR
CRÔNICA NO PASSADO
Richard Collier, famoso escritor de teatro,

A TRAVESSA DOS PRAZERES durante a busca por inspiração para sua

Enquanto
caminhava
docemente pelas
íngremes e animados. Vestia um
estreitas ruas do
centro histórico,
Agnes apreciava
atentamente cada
detalhe ao seu
redor. Adorava
ver os novos
rostos das
pessoas que
passavam por
aquele caminho
que ela fazia
diariamente, e era
interessante notar
que a cada novo
dia novas coisas
se colocavam
diante seus olhos,
como se nunca
tivessem estado lá,
mas eram tão
velhas quanto o
cenário.
Por três vezes,
durante a paralela, cria situações difíceis que
semana, a menina palmilhava o percurso
por vielas e escadarias, ruas de
paralelepípedos, algumas estreitas outras
um pouco maiores, cercadas pelos
casarões. Ia subindo pelo caminho até
que aquela pequena rua se transformava
num largo majestoso, com um chafariz no
centro, era o mercado dos ambulantes, a
melhor parte da viagem. Sentia os aromas
sutís das ervas e flores nas bancas, das
pessoas perfumadas ou não; a gritaria na
competição pelo freguês e todo aquele
emaranhado de sensações caoticamente
absorvidas pelos seus cinco sentidos de
apenas nove anos de existência. Morava
na vizinhança, e sua mãe não via problema
em deixá-la ir sozinha até o prédio da
Companhia Municipal de Ballet, onde
praticava a dança.
Num destes dias, pelo canto dos olhos,
Agnes reparou que alguma coisa em meio
a todas aquelas cores se movimentava ao
seu compasso, envolto pelas sombras dos
becos e vielas à sua direita. A sensação de
ser protagonista de uma cena criada nas
retinas de outra pessoa, fez a menina
inquietar-se. Com os olhos, e sutilmente
com a cabeça – para não chamar atenção
– vasculhava os arredores até onde sua
visão alcançava, até que depois de alguns
minutos pode encarar o seu observador.
Foi uma visão estranha.
Esguio, com uma cartola marron escura
que o fazia ficar ainda maior. Não se via
detalles de seu rosto, apenas um bigode
Nota: A resenha sobre o disco “Sou” de Marcelo Camelo, publicada
no domingo passada é de autoria do meu grande parceiro e amigão
Nevilton de Alencar Jr. (www.nevilton.com.br)
fino e enrolado na ponta,
como aquele do Dick
Vigarista dos desenhos
casaco que ia até os joelhos,
azul escuro, quase violeta,
com botões dourados e
uma calça de um marron
indefinível. Mas o que
interessou a menina foram
as dezenas de balões
coloridos que o moço
carregava. Ele a chamou
com os dedos e abriu um
sorriso muito convidativo.
Agnes rumou em direção
ao desconhecido,
ignorando o que sua mãe
sempre lhe dissera sobre
esses tais desconhecidos.
Foi se aproximando e
pôde perceber um brilho,
que mais parecia de palitos
de fósforo, nos olhos
negros da figura. Eram,
por incrível que pareça,
encantadores.
- Olá, linda garotinha!
Aceita um balão bem
bonito? – disse o moço.
- Oi, moço, quero sim! Quero aquele
amarelo! Como é seu nome, moço?
- Ah sim, o amarelo! Voilá, aqui está, e
leve mais esse lilás pra acompanhar.
- Muito obrigada, mas... quem é você?
Porque essa roupa diferente? Você não
sente calor? Você não...
- Ora, quantas perguntas, garotinha...
uma por vez, por favor, senão fica
impossível! – disse, gargalhando, o figura
- Vou lhe dizer, primeiro, o meu nome.
O sujeito se abaixou e cochichou seu
nome ao ouvido da jovenzinha. Assim
que terminou, o rosto infantil e cheio de
vida se transformou numa expressão
atônita, os olhos, antes curiosos, sequer
se moviam. Os balões, soltaram-se de
suas mãozinhas e flutuaram ao infinito do
céu, especialmente azul naquele dia de
primavera.
- Agora é só me acompanhar, pequena
Agnes. – Sentenciou sombriamente o
sujeito.
Segurou na mão da menina, virou-se
para dentro da viela e pôs-se a andar,
levando a garotinha junto. Alguns passos
depois os dois desapareceram nas
sombras, como se jamais tivessem
existido. Agnes nunca mais foi vista.
Fato interessante é que depois do
sobrenatural ocorrido, todos os anos, no
mesmo dia e hora, pode se ouvir por
alguns segundos, ecoando na “Travessa
dos Prazeres”, os passos de uma cabra.
próxima peça, descobre que o grande amor
da sua vida está no passado. Louco de amor
ele tenta de tudo, até que consegue viajar no
tempo e reviver aquela grande história. E não
estamos falando de semanas, ele volta de
1980 para 1912!
Collier fez o que todos nós já quisemos ou
vamos querer fazer um dia: voltar no tempo,
consertar algumas coisas, reviver bons
momentos e deixar a vida do jeito que a
gente quer. O filme Em Algum Lugar no
Passado, dirigido pelo francês Jeannot
Szwarc, desperta as lágrimas de quem já se
despediu alguma vez na vida e revive a
esperança do eterno apaixonado. Mas no
fim das contas é uma grande lição sobre o
valor dos momentos na vida.
“O passado ao passado
pertence” diz sabedoria
popular, mas o insistente e
apaixonado Richard não tá nem
aí. Consegue um milagre em
nome de seu amor por Elise
McKenna, e esse romance,
mesmo que numa realidade
só o grande desejo de estarem
juntos para sempre pode mantê-los
empenhados em prosseguir. Mas
não dá, Richard, existe sempre uma
armadilha para quando você acha
que está tudo certo.
Eu sempre evitei os filmes de amor, é uma das mais
romance meloso, mas depois desse, vi envolventes que eu já ouvi. O tema
que por mais lindo e cor-de-rosa que de “Em Algum Lugar no Passado” é tão
O elenco do filme é
seja a história, ela sempre nos faz refletir romântico quanto um carinho de amor pela
cheio de figurões dos anos 80, época em
muito profundamente sobre o grande manhã e a “Rapsódia Sobre um Tema de
paradigma do amor, esse sentimento lindo e que foi filmado e o destaque é para Christopher Paganini”, de Rachmaninoff, só pode ter sido
terrível. Aos otimistas o sorriso vem bonito com Reeve (o eterno Superman) ainda jovem e escrita enquanto ele flutuava por aí, ambas são
lágrimas floridas e aos pessimistas a realidade com uma evidente carreira de primeira canções na medida para uma história de amor.
grandeza. A trilha sonora, composta por John
se mostra a injusta de sempre. Se o casal fica junto no final? Aí vai depender
Barry (11 trilhas de James Bond nas costas)
de como você vê a vida. Emocione-se.
Pequena homenagem à Richard Wright
Eu sempre disse que o Pink Floyd não foi
uma banda e sim uma Instituição do Rock,
como os símbolos sagrados para as religiões,
ou três poderes para a democracia. Certamente
foram, são e serão referência de estilo musical
e visual pra sempre quando se falar em rock.
Entretanto é só a obra que fica, o artista
é mortal. Depois da morte de Sydd Barrett,
guitarrista e membro fundador da banda em
Julho de 2006, agora é a vez do tecladista, e
também membro fundador, Richard William
Wright deixar o mundo dos vivos. Ele morreu
nesta segunda-feira, dia 15, aos 65 anos de
idade, “após uma rápida luta contra o câncer”
– foi o que disse o seu acessor.
Ao se falar no Pink Floyd, sempre vem à com sua formação original aconteceu em 02 de com o teclado, ou então se comova com os
cabeça o David Gilmore com sua guitarra julho de 2005, no festival Live 8, em Londres, acordes de piano que envolvem o incrível solo
chorosa e voz de veludo ou o Roger Waters fazia 24 anos que não tocavam juntos. de vocal feminino da The Great Gig in The Sky.
com o seu baixo marcante e o cérebro por trás Richard Wright deixa, sem sombra de Muito obrigado, Richard, apesar de você
da criação. Mas é claro que isso é uma grande dúvidas um legado de belas canções e ter saído de cena, está imortalizado nos bons
bobagem, a música do Pink Floyd não seria influências. Não existe quem ouça a música momentos da sua música que estarão sempre
nada sem o clima etéreo dos teclados e da Echoes do álbum Meddle e não se surpreenda ao nosso alcance.
harmonia que brotavam da mente de Richard,
além de seu timbre de voz ser o mais perfeito
para fazer duetos com Gilmore. E seria injusto
não destacar, também, a bateria dinâmica de
Nick Manson e seu toque certeiro, sempre Da esquerda
levando a música para o sentimento certo. para a direita:
Richard também escreveu grandes clássicos David
da banda, como Us and Them e The Great Gig Gilmore,
In The Sky, do álbum Dark Side of The Moon. Roger
Durante os anos 80, por desavenças Waters, Nick
internas, essa Instituição do Rock que foi o Pink Mason e
Floyd se separou e seus membros seguiram Richard
carreiras solo, sendo que Wright gravou Wright. O
apenas três álbuns : Wet Dream (1978); Pink Floyd em
Identity (com Dave Harris, em 1984) e Broken sua ultima
China (1996). A ultima apresentação do grupo reunião.

Meus Favoritos:
CULTURANJA: www.culturanja.blogspot.com
Site criado por escritores Umuaramenses, contém dicas,
resenhas e opiniões dos colaboradores sobre os mais diversos
assuntos.
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http://colunas.g1.com.br/instanteposterior
Neste espaço, Bruno Medina, tecladista da banda Los
Hermanos, filosofa sobre o seu cotidiano de Hermano.

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O jovem Caio Miotti espanta pela criatividade com a qual nos Letícia Junqueira já foi Umuaramense, hoje é jornalista em
conta o que era pra ser apenas cotidiano, mas graças a ele, Curitiba. Em seu Blog, ela nos brinda com sua visão única das
ainda bem, não é. coisas do mundo real (ou não).

JORNALISMO BOÇAL: http://waltercarrilho.blogspot.com LER DEVIA SER PROIBIDO:

Sempre ácido, o humor de Walter Carrilho (que é um http://www.lerdeviaserproibido.com.br/
pseudônimo) se manifesta sobre todos os assuntos. Sem Site criado para incentivar a leitura e a busca pela arte. Possui
papas na língua (ou nos dedos) Walter faz um Blog imperdível. resenhas de livros e filmes, curiosidades e ótimas crônicas.