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Aços inoxidáveis são selecionados como materiais de engenharia principalmente por sua
excelente resistência a corrosão, o qual é principalmente atribuído ao alto teor de cromo.
Pequenas quantias de cromo, por volta de 5% fazem com que o ferro tenha resistência a
corrosão, mas para se ter um aço inoxidável é necessário que a liga possua no mínimo 12% de
cromo. De acordo com a teoria clássica, o cromo torna a superfície do ferro “inerte” devido a
formação de uma camada de filme de óxido o qual protege o metal subjacente da corrosão.
No entanto para produzir essa película protetora, a superfície do ácido inoxidável deve
estar em contato com agentes oxidantes.
A adição de níquel nos aços inoxidáveis melhora a resistência a corrosão em meio
oxidante neutro ou fraco, mas aumenta seu custo. Níquel em quantidade suficiente também
melhora a ductilidade e estampabilidade, isto possibilita a estrutura austenítica (CFC) ser
retida à temperatura ambiente. Molibdênio quando adicionado aos aços inoxidáveis melhora a
resistência a corrosão na presença de íons cloretos, enquanto que o alumínio melhora a
resistência a corrosão superficial em altas temperaturas. O efeito destes e outros elementos de
ligas serão discutidos nas seções seguintes.
Neste capítulo, são tratadas primeiras as importantes ligas dos aços inoxidáveis. Então,
depois um sumário das quatro principais classes de aços inoxidáveis, a estrutura metalúrgica e
as propriedades de cada uma dessas classes serão discutidas.
Desde que o cromo é o elemento de liga base para todos os aços inoxidáveis,
primeiramente será descrito o diagrama de fases binário Fe-Cr, apresentado na figura 7-1.
Duas importantes características deste diagrama de fases são o loop γ e a presença da fase σ.
Formação do Loop γ
O cromo possui a mesma estrutura CCC da fase ferrítica-α, o qual estabiliza e amplia o
campo da fase α e comprime o campo da fase γ. Como resultado o “loop γ” é formado, o
qual divide o diagrama de fases Fe-Cr dentro das regiões CCC e CFC. As ligas Fe-Cr com
1
teores de cromo menor que 12-13% passam por uma transformação austenítica-ferrítica sobre
resfriamento dentro da região loop γ. As ligas de Fe-Cr com mais de 12-13% de cromo não
passam pela transformação CFC-CCC, e a partir do resfriamento a altas temperaturas o cromo
permanece em solução sólida na ferrita α.
Formação da Fase σ
O diagrama de fases Fe-Cr em baixas temperaturas não há uma completa solução sólida
do cromo; uma fase intermediária chamada de “fase σ”, forma-se abaixo de 821ºC, centrado
por volta de 46% de cromo (Fig. 7-1). A fase σ tem uma estrutura cristalina tetragonal e é
dura e frágil. Isto pode ser uma fonte de dificuldade em aplicações de engenharia, desde que a
presença desta fase pode levar estruturas que são frágeis ou que possui propriedades
mecânicas variáveis.
7 – 2 Ligas Ferro-Cromo-Carbono
7 – 3 Ligas Ferro-Cromo-Níquel-Carbono
Quando níquel é adicionado no ferro, este estabiliza a fase austenítica por possuir a
mesma estrutura cristalina da austenita (CFC). O níquel além de estabilizar a austenita em
ferro, neutraliza a formação de ferrita nos aços inoxidáveis. Se teores suficientes de níquel são
adicionados nos aços inoxidáveis de baixo carbono, a estrutura austenítica pode ser
encontrada em temperatura ambiente.
Aços Inoxidáveis Martensíticos: Estas ligas contêm de 12 a 17 % Cr, com 0,1 a 1,0 %
em C. Eles podem ser endurecidos por tratamentos térmicos para forma martensítica da
mesma forma que os aços comum ao carbono. Elevadas durezas podem ser obtidas se estes
aços possuírem teores de carbono por volta de 1,0 %, e apropriados tratamentos térmicos são
aplicados. Pequenas quantias de outros elementos são adicionadas para melhorar a resistência
a corrosão, resistência e tenacidade.
Tablela7-1 a
Composição química e aplicações típicas dos Aços Inoxidáveis Ferríticos Trabalháveis
Composição química em peso %
Tipo AISI Cr C (máx) Mo Al Outros * Aplicações Típicas
405 13,0 0,08 0,20 Classe não endurecível do grupo por endurecimento
ao ar tais com 410 ou 403 são objetáveis. Caixas de
recozimento; Prateleira de tempera; Partes que
necessitem resistência à oxidação
4
409 11,0 0,08 Ti x 6 C Construção de finalidades gerais com inoxidáveis,
sistemas de exaustão automotiva; caixa para
transformadores e capacitores; espalhador de
fertilizante a seco; tanques de vaporizadores para
produtos agrícolas.
430 17,0 0,12 Tipo com finalidades gerais para não endurecíveis de
cromo. Enfeites decorativos, tanques de ácido nítrico;
cestas de recozimento; câmara de combustão;
máquina de lavar louça; aquecedores; escapamentos,
coifas de cozinha ou laboratórios; recuperadores;
equipamentos de restaurante.
434 17,0 0,12 1,0 Modificação do tipo 430 designado para resistir a
corrosão atmosférica na presença de ventos
característico de auto-estradas onde contém sujeira
em suspensão. Enfeites automotivos e acessórios.
436 17,0 0,12 1,0 Nb 5 x C Similar aos tipos 430 e 434. Usado em casos baixas
de exigências e rugosidade requeridas. Boa
resistência à corrosão e ao calor para aplicações tais
como enfeites automotivos.
442 20,5 0,20 Aço de alta concentração de cromo, usado
principalmente em finalidade com muita resistência a
serviço à alta temperatura sem mudanças de
temperatura; peças de fornos; bocais; câmaras de
combustão.
446 25,0 0,20 Resistência à corrosão e mudanças de temperatura à
alta temperatura, especialmente em serviços
intermitentes. Freqüentemente usado em atmosferas
compostas de enxofre; caixa de recozimento;
Câmaras de combustão; moldes de vidro;
aquecedores; tubos de pirômetros; recuperadores;
haste de misturadores; válvulas.
Tabela 7-1 b
Composição química de alguns dos novos Aços inoxidáveis ferríticos
Nome %C % Cr %N % Ti % Mo
18-2 0,02 18 0,4 2
26-1B 0,03 26 0,5 1
E-Brite 26-1 (Airco) 0,002 26 0,01 1
29Cr-4Mo (Du Pont) 0,004 29 0,01 4
Os aços inoxidáveis ferríticos são essencialmente ligas ferro-cromo contendo 12 até 30%
de Cr. Estas ligas são chamadas ferríticas, pois sua estrutura permanece principalmente
ferrítica (CCC – ferro α) em condições de tratamento térmico normais. A tabela 7-1a lista a
composição química e a aplicação de alguns aços inoxidáveis ferríticos comuns. Estas ligas
são utilizadas principalmente como material de construção em geral, em que suas
propriedades de resistência à corrosão e temperatura são requeridas. Estes aços inoxidáveis
ferríticos são de interesse para os engenheiros de projeto, pois fornecem quase a mesma
resistência a corrosão que um aço inox contendo níquel, mas a um custo inferior desde que o
níquel não é necessário como elemento de adição. Entretanto, os aços inox ferríticos tem tido
seu uso mais restrito do que os austeníticos por causa de sua baixa ductilidade, sensibilidade
5
ao entalhe, e a sua baixa soldabilidade. Para superar o problema de ductilidade dos aços inox
ferríticos comuns, novos ferríticos com teores de carbono e nitrogênio muito baixos tem sido
desenvolvidos e produzidos comercialmente (Tabela 7-1). Estes aços têm uma melhor
resistência a corrosão e são soldáveis.
Microestrutura
Figura7-4. Aço inoxidável (ferrítico) tipo 430 recozido a 788ºC (1450ºF). A estrutura ferrítica consiste numa
matriz com grãos equiaxiais a partículas de carbonetos dispersas.(Ataque de picral + HCl; 100X).
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Figura7-5. Fe-17%Cr aço inoxidável depois de uma têmpera em água à 1200ºC. A estrutura mostra ilhas de
martensita na matriz ferrítica. Note que a martensita é muito mas dura que a ferrita. (Ataque: água régia +
glicerol;540X).
A microestrutura recozida da chapa trabalhada a frio da liga 446 (25 % Cr e 0,08 % C),
do grupo 2 de aços inoxidáveis ferríticos, é mostrada na figura 7-6. Esta liga de Fe–25 % Cr
teve uma grosseira distribuição de carbonetos na matriz (Fe,Cr) formando uma similaridade
com a liga Fe-Cr 18 % recozida, na figura 7-4. Porém em contraste com a liga Fe-Cr 18 %, a
liga Fe-Cr 25 % pode somente formar um valor relativamente baixo de martensita depois de
ter sido tratado em temperatura acima de 950ºC e feito uma têmpera em água.
Figura7-6. Aço inoxidável ferrítico tipo 446 recosido a 802 ºC. Esta estrutura consiste em particulas de
carboneto dispersas na matriz ferrítica com grão equiaxiais.(Eletrolítico: HCl-Metanol;100X).
Mecanismos de Fragilização
Embora os aços inoxidáveis ferríticos geralmente não possam ter sua resistência
aumentada significativamente por transformação martensítica, eles são sujeitos a alguns
mecanismos de aumento de resistência isso conduz ao fragilização e a associada perda de
ductilidade. A distinção pode ser feita entre três tipos de fragilização:
7
1. Fragilização à 475ºC;
2. Fragilização por fase σ;
3. Fragilização por alta temperatura.
Fragilização à 475ºC. Este tipo de fragilização ocorre quando o aço inoxidável é aquecido
por um longo período de tempo entre a temperatura de 400 à 540ºC. Este tratamento térmico
resulta em um aumento de resistência a tração e dureza e considerável diminuição na
ductilidade e valores de resistência ao impacto. O efeito da fragilização à 475ºC é o aumento
da resistência e drástica redução da ductilidade do aço inoxidável ferrítico Fe- 27 % Cr que é
mostrado na figura 7-7. A causa da fragilização à 475ºC é atribuída à precipitação de fase
ricas em cromo α nas discordâncias. Desenvolvimento deste precipitado com envelhecimento
à 482ºC com uma alta pureza de aço Fe-18 % Cr é mostrado na figura 7-8. Desde que o
tratamento isotérmico com longa duração é requerido para produzir a fragilização à 475ºC,
este tipo de fragilização não é influenciado com processo de soldagem e tratamentos térmicos
nos aços inoxidáveis ferríticos.
Fragilização por fase-σ. O diagrama de fase do sistema Fe-Cr mostra que a fase σ pode ser
formada em baixas temperaturas se as condições de equilíbrio forem atendidas. Quando ligas
Fe-Cr contêm algo entre 15 a 70 % Cr e são aquecidas em um intervalo de 500ºC à 800ºC por
prolongados períodos, a fase σ irá precipitar. A figura 7-9 mostra a fase σ intergranular com
precipitado de liga Fe-27 % Cr depois de 131 dias à 565 ºC. Através de temperaturas
intermediarias ou prolongado envelhecimento necessita-se de temperatura para
precipitar a fase σ, isso normalmente não é influenciado por processo de soldagem e
tratamento térmicos nos aços inoxidáveis ferríticos, desde que também a taxa de
resfriamento fique baixa.
Figura7-8. Estrutura de um aço inoxidável ferrítico Fe-18 % Cr, derretido ao vácuo, depois de um
envelhecimento a 482ºC (900ºF) por (a) 240h, (b) 480 e (c) 2400h.
Fragilização por alta temperatura. Quando um aço inoxidável ferrítico, com moderada a alta
concentração de carbono e nitrogênio, são aquecidos acima de 950ºC e resfriados à
temperatura ambiente, eles mostram uma severa fragilização e perda de resistência à corrosão.
A causa da fragilização a altas temperaturas acredita-se ser pela precipitação de carbonetos e
nitretos ricos em cromo nos contornos de grão e ou nas discordâncias. Desde que as ligas de
Fe-Cr CCC têm baixa solubilidade para o carbono e o nitrogênio, o carboneto de cromo
é formado a menos que os átomos intersticiais forem mantidos em baixos níveis. Este tipo
de fragilização é particularmente prejudicial visto que pode ocorrer em quase todos as
operações para materiais estruturais. Isto é, processos de soldagens, com tratamento à altas
temperaturas e de fundição irão conduzir a baixa ductilidade e resistência a corrosão nessas
ligas. Assim, para circundar o problema de fragilização a altas temperaturas, novos aços
inoxidáveis ferríticos têm sido desenvolvidos, com alta concentração de cromo e muito baixa
concentração de carbono e nitrogênio. Tem sido possível a fabricação dos novos aços
ferríticos através do uso de vácuo e descarburizadores de argônio-oxigênio, feixe de elétrons e
de fundição a vácuo em larga escala.
Figura7-9. Fe-27 % Cr Aços inoxidável ferrítico aquecido por 131 dias a 565ºC. A estrutura consiste numa
matriz ferrítica carbonetos dispersos e contendo fase sigma intergranular. (Ataque: água régia; (a)200X,
(b)1000X.)./
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Propriedades Mecânicas
Tabela 7-2
Propriedades características dos aços inoxidáveis ferríticos recozidos padrão e não padrão
Tensão de escoamento Alongamento
(0,2 % deformação) Tensão de ruptura de 2 pol
Aço ksi MN/m2 ksi MN/m2 (50,8 mm), %
Padrão
Não padrão
Tabela 7-3
Temperatura de transição para alguns aços inoxidáveis
ferríticos obtidos em ensaio de impacto Charpy com entalhe V
10
Temperatura de transição*
Aço ºF ºC
Padrão
Não padrão
Propriedade de Corrosão
O aço inox ferrítico são em geral não endurecíveis e mostra suas melhores resistência à
corrosão no estado recozido. A resistência geral à corrosão destas ligas aumenta quando suas
concentrações de cromo aumentam, com o cromo em níveis em torno de 23 a 28 % provê a
melhor resistência à corrosão se a liga é solubilizada. Embora a resistência “pitting” dos aços
inoxidáveis ferríticos aumenta com o mesmo grau de aumento de concentração de cromo, a
adição de molibdênio tem se mostrado especialmente benéfica. Para prover a resistência
“pitting” os ferríticos devem ter no mínimo 23 a 24 % Cr e mais de 2 % Mo. A precipitação
de carboneto de cromo durante a soldagem ou tratamento térmico diminui a resistência
“pitting” destas ligas.
Figura7-10. Curva de transição para um corpo de prova de quarto de tamanho entalhado em V para impacto
de Fe-17 % Cr-0,002 a 0,061 % C liga de aço inoxidável ferrítica tratada termicamente a (a) 815ºC por 1he
temperada com água e (b) 815 ºC mais 1150 ºC por 1h e temperado com água.
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Figura7-11. Fe-17 % Cr (Aços inoxidável ferrítico) temperado em água a 925ºC . Posto 90 min a 1.2V Vs.
eletrodo padrão de colomel em ácido sulfúrico 1N a 24ºC. (a) 0.0126% C, 0.0089%n; (b)0.0025%C;0.022%N
(c)0.0021%C;0.0095%N.340X. Note que a concentração de carbono e nitrogênio ambos os dois precisam
manter baixos para melhor a resistência à corrosão.
Microestruturas
Figura 7-12. – Tira de aço inoxidável tipo 410 (martensítico) recozido a 815 °C, resfriado em forno para 595
°C, e resfriado em ar para a temperatura ambiente. A matriz consiste de grãos de ferrita equiaxiais com
dispersão aleatória de carbetos. (reagente Vilella; 500x.)
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Figura 7-13. –Uma tira de aço inoxidável tipo 410 (martensítico) endurecido rapidamente por resfriamento ao
ar de 980 ºC para a temperatura ambiente, e revenido 4 horas a 205 °C. A estrutura consiste de martensita com
partículas de carbetos precipitados. Iluminação oblíqua. (reagente Vilella, 500x)
Tratamento Térmico
Figura 7-14. – Aço inoxidável tipo 440 C (martensítico) endurecido por austenitização a 1010 °C e resfriado ao
ar. A estrutura consiste de carbetos primários na matriz martensítica (HCl + Picral; 500x)
Figura 7-15. – dureza de 4 aços inoxidáveis de Fe-12 % Cr contendo 0,016 a 0,14 % C, Após tempera de uma
série de temperaturas. Mantido 1 hora a 1093°C ou menores, e 30 minutos a 1205°C antes da tempera.
16
Figura 7-16. – Diagrama de transformação isotérmica para o aço inoxidável tipo 410 (Fe-12 % Cr- 0,1 % C).
Austenitizado a 980 °C. Tamanho de grão 6-7. A, austenita; F, ferrita; C, carbeto; M, martensita.
Figura 7-17. – Efeito da temperatura na dureza dos aços inoxidáveis de Fe-12 % Cr, 0,055 à 0,14 % C
(martensítico), temperados por 2 horas.
Tabela 7-5
Propriedades de tensão típicas da norma AISI para aços inoxidáveis martensíticos nas
condições recozido e revenido.
Figura 7-18. – O efeito da temperatura de revenimento nas propriedades mecânicas dos aço inoxidáveis do tipo
410 Fe-12 % Cr.
Propriedades Mecânicas
Figura 7-19. – Efeitos da temperatura de revenimento nas propriedades de impacto (Charpy) dos aços
inoxidáveis Fe-12 % Cr.
Propriedades de Corrosão
Figura 7-20. – efeito da temperatura de revenimento nas características tensão de corrosão dos aços
inoxidáveis tipo 410 e 414 sob alta tensão. Dados aplicados para um nível de tensão de 80,000psi para testes em
caixa de sal.
Este tipo de aço inoxidável é chamado austenítico, uma vez que sua estrutura se
mantém austenítica (CFC, do tipo Fe-gama) em todas as temperaturas usuais de tratamentos
térmicos. São essencialmente ligas ternárias de ferro-cromo-níquel, contendo de 16 à 25 % de
Cr e 7 a 20 % de Ni. Pode-se substituir parte do conteúdo de Ni por Mn, sem que ocorra
alteração da estrutura austenítica. Estão listadas na tabela 7-6 as composições químicas e
principais aplicações dos aços inox austeníticos mais utilizados.
De toda a produção de aços inoxidáveis dos EUA, de 65 a 70 % consiste em
austeníticos. Essa predominância se deve ao fato de esse tipo de aço inox possuir propriedades
altamente desejáveis em aplicações na engenharia, devido às suas elevadas resistência à
corrosão e formabilidade. Ligas com teores de Cr mais elevados (23 a 25 %), como por
exemplo os tipos 309 e 310, são usadas principalmente em aplicações sob elevadas
temperaturas. Os tipos 302 e 304 são os mais largamente utilizados, pois podem ser aplicados
em elevadas temperaturas bem como à temperatura ambiente. O tipo 316 tem basicamente a
mesma base que o 304, com 2,5% Mo, apresenta maior resistência à corrosão e resistência a
temperaturas elevadas melhorada.
Tabela 7-6: Composições químicas e aplicações típicas dos aços inoxidáveis austeníticos
forjados.
Microestrutura
Figura 7-22. – Aço inox tipo 304 (austenítico) recozimento contínuo 5 minutos a 1065 ºC e resfriado ao
ar. A estrutura consciste de grãos de austenita equiaxiais. Apresentando maclas de recozimento.
Figura 7-23. – Estrutura do aço inox austenítico após 2h a 1060 ºC e temperado a água. Note a ausência de
carbetos precipitados nos contornos de grão.
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Figura 7-24. – Estrutura do aço inox austenítico tipo 304 após 2 horas a 1060 ºC, temperado em água, seguido
de 2 horas a 600 ºC e temperado em água. Note a quase contínua precipitação de carbetos ao longo do
contorno de grão.
Existem alguns casos nos quais não se pode promover um resfriamento rápido após o
recozimento em altas temperaturas, o que pode causar problemas de corrosão. Para prevenir a
precipitação intergranular causado por resfriamento lento, a composição química é alterada
para que o carbono combine com outros elementos, prevenindo a sensitização da liga. Um
exemplo destes casos é a liga 321, onde se adiciona Ti em um teor de 5 vezes o teor de C.
Quando a liga é aquecida a 870°C, por um período suficiente, o Ti combina com o C
formando carbetos de Ti (TiC). Este tipo de tratamento é chamado estabilizante, pois previne
a formação de carbetos de Cr em tratamento térmico subseqüente onde ocorrerá um
resfriamento lento através da faixa de temperatura crítica. Uma variação desse método é o
exemplo da liga 347, onde, ao invés de se adicionar Ti, é adicionado Nb (10 x % C). A
estabilização ocorre da mesma maneira que na liga 321, à mesma temperatura, porém com a
formação de NbC.
Um outro método de prevenção da sensitização de aços inoxidáveis é a redução do
teor de carbono. São exemplos as ligas 304L e 316L, onde é permitido um teor máximo de
0,03%C. Estas ligas são usadas preferencialmente, em relação àquelas com Ti ou Nb, em
temperaturas abaixo de 425°C. O tipo de prevenção da sensitização para esses ligas é ditado
pelos custos e pela aplicação do material.
Propriedades Mecânicas.
Figura 7-25. – Curvas de tensão e deformação de engenharia para os aços inox do tipo 301 e 304.
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Figura 7-26. – Efeito do trabalho a frio nas propriedades mecânicas do aços inox do tipo 301 (metaestável) e
304 (estável).
Na tabela 7-7 estão listadas as propriedades trativas de alguns aços inox austeníticos,
após recozimento. O efeito de pequenas diferenças na quantidade de carbono na tensão de
cisalhamento pode ser vista comparando-se a tensão de cisalhamento da liga 304 e da liga
304L. A liga 304, com aproximadamente 0,08% C tem uma tensão de 42 ksi, enquanto a liga
304L, com menos de 0,03 %C, tem uma tensão de cisalhamento de 39 ksi. A diferença entre o
aço inoxidável austenítico estável e o metaestável é claramente indicado pelas diferenças
entre suas tensões de ruptura. Enquanto a liga metaestável 301 tem uma tensão de ruptura de
110 ksi, a liga 304 estável tem uma tensão de ruptura de apenas 84 ksi. Para uma dada
quantidade de deformação a frio, os aços metaestáveis (a liga 301) apresentam maiores
tensões de cisalhamento e ruptura em relação aos estáveis (liga 304), como é apresentado na
figura 7-26. Essas diferenças nas tensões são novamente atribuídas à transformação de certa
quantidade de austenita instável.
Tabela 7-7
Propriedades trativas típicas a temperatura ambiente de aços inox austeníticos padrões
recozidos
Propriedades de corrosão
Figura 7-27. – Ataque intergranular típico aço inox 304 solubilizado, em solução de dicromato nítrico fervente.
(a) 4 horas de exposição; 500x. (b) 8 horas de exposição;150x.
Figura 7-28. – Ataque da superfície polida de um aço inox do tipo 304 (0,038 % C) após 45 horas de exposição
a solução de Strauss. As amostras foram sensitizadas por 150 horas a (a) 480 ºC, (b) 565 ºC, (c) 650 ºC, (d) 730
ºC, (e) 815 ºC, (f) 900 ºC.
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Figura 7-29. – Relação entre a precipitação de M23C6 e a corrosão intergranular no aço inox austenítico tipo
304.
Tipo Semi-austenítico
Tabela 7-8
Composição química nominal de aços inoxidáveis endurecidos por precipitação semi-
austeníticos selecionados
Tipo %C %Mn %Si %Cr %Ni %Mo %Al %N
17-7PH* 0,07 0,5 0,3 17 7,1 1,2 0,04
PH 15- 0,07 0,5 0,3 15,2 7,1 2,2 1,2 0,04
7Mo*
30
PH 14- 0,04 0,02 0,02 15,1 8,2 2,2 1,2 0,005
8Mo**
AM-350*** 0,1 0,75 0,35 16,5 4,25 2,75 0,1
Am-355*** 0,13 0,85 0,35 15,5 4,25 2,75 0,12
* 17-7PH e PH 15-7Mo são marcas comerciais registradas pela Armco Steel Company
** PH 14-8Mo é uma marca comercial da Armco Steel Company
*** AM-350 e AM-355 são marcas comerciais de Allegheny Ludlum Steel Company
Figura 7-30. – Aço inoxidável endurecido por precipitação do tipo 17-7PH recozido (solubilizado a 1065 ºC),
para ser posto na condição A. A estrutura consiste numa matriz de austenita com ripas de ferrita delta. (Ataque:
HNO3-acético e então 10% oxálico); 1000x.
Após a fabricação na condição mais dúctil, que é uma vantagem dessas ligas, a
austenita é condicionada a se transformar em martensita. O tratamento de condicionamento
consiste no aquecimento da austenita até uma temperatura bastante alta para remover o
carbono da solução sólida e precipitá-lo na forma de carbeto de cromo (Cr23C6). A
precipitação ocorre primeiro na interface ferrita-austenita, como mostrado na figura 7-31.
Remover carbono e parte do cromo da matriz austenítica a deixa instável, e com o
resfriamento até a temperatura Ms, a austenita se transforma em martensita.
31
Figura 7-31. – Aço inoxidável endurecido por precipitação do tipo 17-7PH na condição T (transformado)
mostrando os carbetos na interface martensita-ferrita. (Ataque: Villela´s; 18000x.)
O aço 17-7PH é condicionado até 760ºC e resfriado até cerca de 16ºC para produzir a
condição T (fig. 7-31). O condicionamento a temperaturas maiores que 950ºC resulta em
menos carbetos sendo precipitados (fig. 7-32), e assim o aço deve ser resfriado a uma
temperatura menor (cerca de -73ºC) para transformar a austenita em martensita. Note que já
que o carbono e o cromo diminuem a temperatura Ms, remover menos carbono e cromo
deixará a liga com uma temperatura Ms menor.
Figura 7-32. – Aço inoxidável endurecido por precipitação do tipo 17-7PH na condição R-100
(transformado) mostrando os carbetos e contornos de grãos. Nota: essa liga teve um ataque mais pesado que a
da figura 7-31, portanto menos carbetos são observados. (Ataque; (1) nitrico-acético, eletrolítico; (2) 10%
oxálico, eletrolítico; 18000x.
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O último passo no tratamento térmico do aço inoxidável endurecido por precipitação
tipo semi-austenítico é o endurecimento por precipitação, o qual ocorre na faixa de 480oC a
650ºC. Os efeitos do endurecimento por precipitação não podem ser observados por
microscopia óptica (fig. 7-33), mas no microscópio eletrônico, “nervuras” são observadas
quando essas ligas estão na condição de endurecimento por precipitação (fig. 7-34). Durante o
endurecimento por precipitação, o alumínio na martensita se combina com o níquel para
produzir precipitados de NiAl e Ni3Al, que aumentam a resistência da liga consideravelmente
(tabela 7-9).
Figura 7-33. – Aço inoxidável endurecido por precipitação do tipo 17-7PH na condição de transformado e
endurecido por precipitação. Os efeitos da precipitação não podem ser detectados. (Ataque; (1) nitrico-acético,
eletrolítico; (2) 10% oxálico, eletrolítico; 1000x.)
Figura 7-34. – Aço inoxidável endurecendo por precipitação do tipo 17-7PH na condição de transformado e
endurecido por precipitação TH-1050 e RH-950. Notar as veias na martensita. (Ataque; (1) nitrico-acético,
eletrolítico; (2) 10% oxálico, eletrolítico; 18000x.)
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A figura 7-35 resume os tratamentos térmicos geralmente utilizados para as ligas 17-7PH e
PH 15-7Mo. As propriedades mecânicas dessas ligas nas condições de envelhecimento mais
comuns são dadas na tabela 7-9.
Figura 7-35. – Tratamentos térmicos padrão para os aços Armco 17-7PH e PH 15-7Mo.
Tabela 7-9
Propriedades mecânicas típicas de aços inoxidáveis endurecidos por precipitação semi-
austeníticos selecionados
Tensão de Tensão trativa Elongação em Dureza,
escoamento, 0,2 % máxima 50,8 mm, % Rc
Tipo Condição Forma MPa MPa
17-7PH TH-1050 Placa 1276 1379 9 43
PH 15-7Mo RH-950 Placa 1551 1655 6 48
PH 15-7Mo CH-900 Placa 1793 1827 2 49
PH 14-8Mo SRH-950 Placa 1482 1586 6 48
AM-350 SCT-850 Placa 1207 1420 12 46
AM-355 SCT-850 Placa 1248 1510 13 48
Tipo Martensítico
Tabela 7-10
Composição química nominal de aços inoxidáveis endurecidos por precipitação martensíticos
selecionados
Tipo %C %Mn %Si %Cr %Ni %Mo %Al %Cu %Ti %Nb
Resistência Moderada
17-4PH* 0,04 0,3 0,6 16 4,2 3,4 0,25
15-5PH* 0,04 0,3 0,4 15 4,5 3,4 0,25
Custom 450** 0,03 0,25 0,25 15 6 0,8 1,5 0,3
Inox W*** 0,06 0,5 0,5 16,75 6,25 0,2 0,8
Alta Resistência
PH 13-8Mo* 0,04 0,03 0,03 12,7 8,2 2,2 1,1
Custom 455** 0,03 0,25 0,25 11,75 8,4 2,5 1,2 0,3
* 17-4PH, PH 13-8Mo e 15-5PH são marcas comerciais registradas pela Armco Steel Company
** Custom 450 e Custom 455 sao marcas comerciais da Carpenter Technology Company
*** Inox W é uma marca comercial da United States Steel Company
Figura 7-36. – O efeito da temperatura de envelhecimento nas tensões de escoamento e ruptura do aço
inoxidável endurecido por precipitação 17-4PH.
Tabela 7-11
Propriedades mecânicas típicas de aços inoxidáveis endurecidos por precipitação
martensíticos selecionados
Tensão de Tensão Elongação Redução Dureza,
Escoamento, Trativa em 50,8 em área, Rc
0,2 % Máxima mm, % %
Aço Condição Forma MPa MPa
Resistência Moderada
17-4PH* H-925 Barra 1207 1310 14 54 42
15-5PH* H-925 Barra 1207 1310 14 54 42
Custom 450** H-900 Barra 1269 1351 14 60 42
Inox W*** H-950 Barra 1241 1345 10 42
Alta Resistência
PH 13-8Mo* H-950 Barra 1448 1551 12 50 47
Custom 455** H-900 Barra 1620 1689 10 45 49
* 17-4PH, PH 13-8Mo e 15-5PH são marcas comerciais registradas pela Armco Steel Company
** Custom 450 e Custom 455 sao marcas comerciais da Carpenter Technology Company
*** Inox W é uma marca comercial da United States Steel Company
Este tipo de aços inoxidável combina características dos ferríticos e dos austeníticos.
Os aços inox duplex são mais resistentes a tensões corrosivas, mas não tanto quanto os
ferríticos; sua tenacidade é superior à dos ferríticos, mas não tão boa quanto a dos
36
austeníticos. No entanto, a resistência mecânica de alguns aços inox duplex é maior que a dos
austeníticos. Assim, para algumas aplicações específicas, os aços inox duplex são a melhor
alternativa.
Tabela 7-12
Composição química de aços inox duplex comerciais. *
Composição Química (% peso)
Liga Fe Cr Ni Mo Mn Si C Outros
329 Rem 26,0 5,0 1,5 0,08
Ferralium 255a Rem 25,5 5,5 3,0 < 2,0 < 2,0 < 0,08 N: 0.1; Cu: 1.75
7Mob Rem 25,5 3,7 0,5 < 1,0 < 0,75 < 0,08
U50c Rem 21,0 7,0 2,5 < 2,0 < 1,0 < 0,03 N: 0.2; Cu: 0.5
d
AF22 Rem 22,5 5,5 3,0 < 2,0 < 1,0 < 0,03
25Cr-5Ni-2Mo-Ne Rem 25,0 5,0 2,0 0,5 0,5 0,025 N: 0.15; Cu: 1.0
f
3RE60 Rem 18,5 4,7 2,7 1,5 1,7 < 0,03
SAF2205f Rem 22,0 5,5 3,0 < 2,0 < 0,8 0,03
* De acordo com R. A. Lula, "Aços inoxidáveis", ASM, 1986, p. 74.
a - nome comercial de Cabot Corp.
b - nome comercial de Carpenter Technology Corp.
c - nome comercial de Creusot-Loire.
d - nome comercial de Mannesman AG.
e - nome comercial de Nippon Metals Ind.
f - nome comercial de Sandvik AB.
Propriedades Mecânicas
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As tensões de ruptura dos aços inox duplex são aproximadamente as mesmas que as
dos austeníticos. Suas tensões de escoamento, no entanto, são aproximadamente duas ou três
vezes maiores, o que é uma vantagem na engenharia para aplicações onde se utilizará pouco
peso. As elongações destas ligas são menores que as das ligas austeníticas, mas adequadas
para a maioria dos padrões requeridos. Já a tenacidade fica entre a dos austeníticos e a dos
ferríticos, devido ao componente austenítico dessas ligas. Essas propriedades estão listadas na
tabela 7-13.
Tabela 7-13
Propriedades trativas de alguns aços inox duplex*
Propriedade Trativas a Temperatura Ambiente (Recozido)
Tensão de Escoamento, 0,2 % Tensão de Ruptura Elongação, %
LIGA MPa MPa
Ferralium 255a 480 min 740 min 20 min
b
7Mo 565 683,0 31
U50c 315-440 590-800 20-25
3RE60d 450 700-900 30
d
SAF2205 410-450 680-900 25
* De acordo com R. A. Lula, "Aços inoxidáveis", ASM, 1986, p. 74.
a – nome comercial de Cabot Corp.
b – nome comercial de Carpenter Technology Corp.
c – nome comercial de Creusot-Loire.
d – nome comercial de Sandvik AB.