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256 A EXPERIENCIA DO ESPAGO E DO TEMPO. que com excegdes, como os dadaistas) transmitiam um sentido permanente, sendo monumental, de valores humanos supostamente universais. Mas mesmo Le Corbusier reconhecia que tal ato tinha de invocar o podex do mito. E aqui comeca a real tragédia do modernismo, porque nao foram os mitos preferides de Le Corbusier, Otto Wagner ou Walter Gropius que dominaram as coisas, Foram ou 0 culto. a Mamom ou, pior ainda, os mitos incitados por uma politica estetizada que dava o ritmo. Le Corbusier flertou com Mussolini e se comprometeu com a Franca de Pétain, Oscar Niemeyer planejou Brasilia para um presidente populista, mas a constmin para generais implacéveis, as percepcbes do Bauhaus foram empregadas no planejamento dos campos de morte e a regra de que a forma segue 0 lucro a fungdo dominou em toda parte. ‘No final, as estetizacdes da politica e o poder do capital-dinheiro triunfaram sobre um movimento estético que mostrara como € possivel controlar ¢ zeagir yacionalmente & compreenséo do tempo-espaco. Suas percepsbes, tragicamente, foram absorvidas para propésitos que de modo algum exam os seus. O trauma da Segunda Guerra Mundial mostrou, se hé necessidade de provas adicionais para essa proposigso, que era facil demais para as espacializagées de Hegel subverter 0 ieto historico do Huminiemo (e de Marx). As intervencées geopoliticas e estéti- fas sempre parecem implicar uma politica nacionalista e, portanto, inevitavelmente reacionaria, ‘A oposicéo entre o Ser e 0 Vir-a-Ser € central na histéria do modemismo. E preciso vé-la em termos politicos como uma tenséo entre o sentido do tempo € 0 Foco do espago. Depois de 1848, 0 modernismo como movimento cultural lutow com essa oposigo, muitas vezes de modo criativo. O combate envolveu em todos os aspectos o avassalador poder do dinheiro, do Iucro, da acumulagéo do capital fe do Estado como quadro de referéncia no ambito do qual todas as formas de pratica cultural tinham de se desenrolar. Mesmo em condig6es de disseminada revolta de classe, a dialética do Ser e do Vir-a-Ser apresentou problemas aparen- temente intrataveis. E, sobretudo, o sentido mutante do espaco e-do tempo, forjado pelo préprio capitalismo, forgara perpétuas reavaliacbes das representacoes do mundo na vida cultural, Somente numa era de especulacéo sobre 0 futuro e sobre a formagio do capital ficticio podia o conceit de vanguarda (tanto artistica como politica) ter algum significado, A mudanca da experiéncia do espaco e do tempo teve muito a ver com o nascimento do modernismo ¢ com seus confusos vagares de um lado para o outro da relacdo espacio-temporal. Se isso for verdade, vale muito a pena explorar a proposicio de que o pés-modernismo € alguma espécie de resposta a um novo conjunto de experiéncias do espago € do tempo, uma nova rodada da “compresséo do tempo-espaco”. 17 A compresséo do tempo-espaco e a condicgéo pés-moderna ‘omo 05 us0s e significados do espaco edo tempo mudaram com a transicdo do fotdistio para.a acumulagio flexivel? Desejo sugerir que temos vivido nas duas Giltimas décadas uma intensa fase de compressao do tempo-espaco que tem tido entado e disruptivo sobre as praticas politico-econémicas, sobre Jo poder de classe, bem como sobre a vida social e cultural. Apesar do eterno Perigo das analogias historicas, creio ndo ser por acaso que a sensibilidade pés-moderna evidencia fortes simpatias por determinados movimentos politicos, culturais e filoséficos confusos que ocorreram no comeco deste século (em Viena, por exemplo}, quando o sentido da compressdo do tempo-espaco também era peculiacmente forte. Também observo a volta do interesse pela teoria geopolitica 2 partir de mais ou menos 1970, 0 retorno da estética do lugar e uma propensao sevigorada (mesmo na teoria social) a abrir o problema da espacialidade a uma reconsideragéo geral (ver, por exemplo, Gregory e Urry, 1985, e Soja, 1988). A transicéo para a acumulagdo flexivel foi feita em partes por meio da répida implantagdo de novas formas organizacionais e de novas tecnologias produtivas Embore estas tiltimas possam ter se originado da busca da superioridade militar, sua aplicacao teve muito que ver com a superacio da rigidez do fordismo e¢ com a.aceleracao do tempo de giro como solucio para 0s graves problemas do fordismo- -keynesianismo, que se tornaram uma crise aberta em 1973. A aceleracio na pro- dugao foi alcancada por mudangas organizacionais na diregio da desintegracao vertical — subcontratacéo, transferéncia de sede etc. — que reverteram a tendéncia fordiste de integracdo vertical e produziram um curso cada vez mais indireto na producio, mesmo diante da crescente centralizacéo financeira. Outras mudancas organizacionais — tais como o sistema de entrega “just-in-time”, que reduz os estoques —, quando associadas com novas tecnologias de controle eletronico, de producio em pequenos lotes etc,, reduziram os tempos de giro em muitos setores da producéo (eletrénica, maquinas-ferramenta, automéveis, construcio, vestudrio etc.), Pera os trabalhadores, tudo isso implicou uma intensificacao dos processos de trabalho e uma aceleragio na desqualificacdo e requalificacio necessarias ao aten- dimento de novas necessidades de trabalho (ver Parte 11), A aceleragio do tempo de giro na produgao envolve aceleragSes paralelas na troca € no consumo. Sistemas aperfeicoados de comunicacto e de fluxo de inforinacées, associados com racionalizagées nas técnicas de distribuicdo (empacotamento, controle de estoques, conteinerizagio, retorno do mercado etc.), possibilitaram a circulagio de mercadorias no mercado a uma velocidade maior. Os bancos eletrénicos e 0 dinheiro de plastico foram algumas das inovagSes que aumentaram a rapidez do, fluxo de 258 A EXPERIENCIA DO ESPAGO E DO TEMPO dinheiro inverso, Servicos e mercados financeiros (auxiliados pelo comércio computa- dorizado) também foram acelerados, de modo a fazer, como diz o ditado, “vinte e quatro horas ser um tempo bem longo” nos mercados globais de acées. Dentre os muitos desenvolvimentos da arena do consumo, dois tém particular importéncia, A mobilizagéo da moda em mercados de massa (em oposicao a mer- cados de elite) forne le acelerar 0 ritmo do consumo nao somente. em termos de Youpa3,"or décoracéo, has também numa ampla gama de estilos de vida e atividades de recreacio (hdbitos de lazer e de esporte, estilos de musica pop, videocassetes ¢ jogos infantis etc.). Uma segunda tendéncia foi a pas- sagem do consumo de bens para 0 consumo de servicos — Hao ‘apenas servicos pessoais, Conierciais, ediicacionais e de saitde, como também de diversio, de espe- técuilos, eventos e distracdes. O “tempo de vida” desses servicos (uma visita a um museu, ir 2 tim concerto de rock ow ao cinema, assistir a palestras ou freqiientar clubes), embora dificil de estimar, € bem menor do que o de um automével ou de uma mdquina de tava. Como ha limites para a acumulacio e para o giro de bens fisicos (mesmo levando em conta os famosos seiscentos pares de sapatos de Imelda Maxcos), faz sentido que os capitalistas se voltem para o fornecimento de servigos bastante efémeros em termos de consumo. Essa busca pode estar na raiz da répida penetragio capitalista, notada por Mandel e Jameson (ver acima, p, 65), em muitos setores da producdo cultural a partir da metade dos anos 60. Dentze as intimeras conseqiiéncias.dessa aceleracao generalizada dos tempos de giro do capital, déstacarei as que tém influéncia particular nas maneiras pos- smodernas de pensar, de sentir e de agir. A primeira conseqiténcia importante foi acentuar a volatilidade e efemeridade de modas, produtos, técnicas de producdo, processos de trabalho, idéias e ideolo- gias, valores e préticas estabelecidas. A’ sensacio de que “tudo 0 que é sélido se desmancha no ar” razamente foi mais pervasiva (0 que provavelmente explica 0 volume de textos sobre esse tema nos diltimos anos). O efeito disso nos mercad @ habilidades de trabalho jé foi considerado (ver Parte II). Meu interesse aqui examinar 08 efeitos mais gerais sobre a sociedade como um todo. No_ dominio da producto de mercadorias, o efeito primério foi a énfase nos valores e virtudes da instantaneidade (alimentos e refeigées instantanie0s € répidos, e outras comodidades) e da descartabili aras, pratos, talhéres, embalagens, guardanapos, roupas etc.). A dindmica de uma sociedade “do descarte”, como. apelidaram escritores como Alvin Toffler (1970), comecou a ficar evidente durante os anos 60. Ela significa mais do.que jogar fora bens produzidos (criando um monumental problema sobre.o.que f ko); significa também ser capaz de atirar fora. valozes,.estilos de vida, relacionamentos estdveis, apego a coisas, edificios, lugares, pessoas e modos adquiridos de agir e ser. Foram essas as formas imediatas e tangiveis pelas quais 0 “impulso acelerador da sociedade maic ampla” golpeou “a experiéncia cotidiana comunt do inulividua” (Toffler, p. 40), Por intermédiio desses mecanismos (altamente eficazes da perspec- tiva da aceleracao do giro de bens no consumo), as pessoas foram forcadas a lidar com a descartabilidade, a novidade e as perspectivas de obsolescéncia instantainea. “Em comparacao com a vida numa sociedade que se transforma com menos rapi- dez, hoje dein mais situaches em qualquer itervalo de tempo dado — e isso 4 A CONDIGAO POSMODERNA — 259 implica profundas mudancas na psicologia humana’. Essa efemeridade, sugere Tofite, ciia “uma temporariedade na estrutura dos sistemas de valores publicos ¢ pessoais” que fornece um contexto para a “quebra do consenso” para a diversi- fcagée de Valores numa sociedade em vias de fragmentacio. ‘© bombardeia de estimulos, apenas no campo da mercadoria, gera problemas de sobrecarga sensorial que tomam a dissecgao dos problemas da vida urbana modemista na virada do século, feita por Simmel, insignificante em termos com- parafivos, Contudo, precisamente por causa das qualidades relativas da mudance, as respostas psicoldgicas se enquadram mais ou menos no intervalo identificado por Simmel — 0 bloqueio dos estimulos sensoriais, a negacio e o cultivo da atitude blasée, a especializagao miope, a reversio a imagens de um passado perdido (dai decorfendo a importénicia de memoriais, museus, ruinas) e a excessiva simplifica- io (na apresentagdo-de simesmo ou na interpretagao dos eventos). Nesse sentido, E instrativo vex que Toffler (pp. 326-328), num momento bem ulterior da compres- sfo do tempo-espago, faz eco a0 pensamento de Simmel, cujas idéias foram mol- dadas num periodo de trauma semelhante ha mais de setenta anos. Com efeito, a volatilidade tora extremamente dificil qualquer planejamento de longo_prazo_Para falar-a-verdade, Woje € 140 importante aprender a trabalhar olatilidade quanto acelerar 0 tempo de giro. Isso significa ‘08 ume alta 0 capacidade de se movimentar com rapidez em resposta a mudancas © planejamento da voJatilidade. Api estratégia apontaem © de curto prazo, bem como para 0 cultivo da arte de Sempre que possivel: Esea tem sido uma caracteristica not6ria da administrago norte-americana nos dltimos anos. O mandato médio dos ciriganies daz empresas cai para cinco anos, e empresas nominalmente envolvi- das na producio com frequéncia buscam ganhos de curto prazo por meio de fu- 3e5, aquisigbes ou operacées em mercados financeiros e de moedas. E considers vel @ tensdo do desemperho gerencial num tal ambiente, gerando todo tipo de efeito colateral, tal como 6 chamado “resfriado yuppie” (uma condicio de estafa psicolégica que paralisa a acdo de pessoas talentosas e produz duradouros sinto- mas semelhantes aos do resfriado) ou 0 frenético estilo de vida dos operadores Ainanceiros, cujo vicio de trabalhar, longas horas de trabalho e corrida pelo poder fazem deles excelentes candidatos para a espécie de mentalidade esquizofrénica que Jameson descreve. yminar ou intervir ativamente na producéo da volatilidade envolvem, por outro lado, a manipulacio do gosto e da opiniao, seja tomando-se um lider da moda ou saturando 0 mercado com imagens que adaptem a volatilidade a fins particulares. Isso significa, em ambos os casos, construir novos sistemas de signos @ imagens, @ que constitui em si mesmo um aspecto importante da condicio pés- “moderna, aspecto que precisa ser considerado de varios angulos distintos, Para comesar, a publicidade ¢ as imagens da midia (como vimos ma Farte 1) passaram fa ter um papel muito mais integrador nas praticas culturais, tendo assumido agora uma importancia muito maior na dindmica de crescimento do capitalismo. Além disso, a publicidade ja néo parte da idéia de informar ou promover no sentido comum, voltando-se cada vez mais para a manipulagao dos desejos ¢ gostos me- Giante imagens que podem ou nao ter relagdo com 0 produto a ser vendido (ver 260 A EXPERIENCIA DO ESPAGO E DO TEMPO. ilustragéo 1.10). Se privassemos a propaganda moderna da referéncia direta a0 dinheiro, ao sexo e ao poder, pouco restaria. Agzesce que as imagens se tornaram, em certo sentido, mercadorias. Esse fend- meno levou Baudrillard (1981) a alegar que a andlise mandana da produgio de mercadozias.esté wltrapassada, porque o capitalismo agora tem preocupacéo pre- dominante com a produgio de signos, imagens e sistemas de signos, e ndo com as proprias mercadorias.A transicao que ele indica é importante, se bem que nao haja dificuldades sérias para estender a teoria da producso da mercadoria de Marx a0 seu tratamento, Na realidade, os sistemas de producio e comercializacio de ima- gens (tal como os meicados da terra, dons bens publicos ou da forca de trabalho) de fato exibem algumas caracteristicas especiais que precisam ser consideradas, O tempo de giro do consumo de certas imagens com certeza pode bern curto (perto do ideal do “piscar de olhos” que Marx viu como étimo da perspectiva da circu- lagéo do capital), Do mesmo modo, muitas imagens podem sex vendidas em massa instantaneamente no espaco, Dadas as pressbes de aceleracio do tempo de giro (e de superacio das barreiras espaciais), a mercadificagdo de imagens do tipo mais efémero seria uma dédiva divina do ponto de vista da acumulagao do capital, em particular quando outras vias de alivio da superacumulagio parecem bloqueadas. A efemeridade e a comunicabilidade instantanea no espaco tomam-se virtudes a ser exploradas e apropriadas pelos capitalistas para os seus préprics fins. ~ Mas as imagens tém de desempenhar outras fungdes. Tanto_as_corporagées, como os governos ¢ 05 lideres intelectuais e politicos valorizam uma imagem es- tavel (embora dinamica) como parte.de sua aura de autoridade € poder. A mediatizagdo da politica passou a permear tudo. Ela se tornou, com eleiio, o meio fugidio, superficial e ilusério mediante 0 qual uma sociedade individualista de coisas transitérias apresenta sua nostalgia de valores comuns. A producio e venda dessas imagens de permanéncia e de poder requerem uma sofisticagao considerd- vel, porque € preciso conservar a continuidade e a estabilidade da imagem enquan- to se acentuam a adaptabilidade, a Hlexibilidade e o dinamismo do objeto, material ou humano, da imagem. Além disso, a imagem se torna importantissima na con- corréncia, nao somente em torno do reconhecimento da marca, como em termos de diversas associagSes com esta — “respeitabilidade”, “qualidade”, “prestigio”, “con- fiabilidade” e “inovacao” ‘A competigio no mercado da construgao de imagens passa a ser um aspecto vital d&'concorréncia entre as empresas. O sucesso € tao claramente lucrativo que © investimento na construgao da imagem (patrocinio das artes, exposigées, produ- ses televisivas ¢ novos prédios, bem como marketing direto) se toma tio impor- tante quanto o investimento em novas fabricas e maquinario. A imagem serve para estabelecer uma identidade no mercado, 0 que se aplica também aos mercados de trabalho. 4 aquisicio de uma imagem (por meio da compra de um sistema de signos como roupas de griffe © o carro da moda) se torna um elemento singular. mente importante na auto-apresentacdo nos mercados de trabalho e, por extenséo, passa a ser parte integrante da busca de identidade individual, auto-realizacao ¢ significado na Vida. Sinais divertidos, mas tristes desse tipo de busca séo abundan- tes, Uma empresa da Califémia fabrica telefones de carro de imitacio, indistinguiveis dos reais, que vende como pao quente a tanta gente desesperada para adquirir tal ACONDIGAO POS-MODERNA 261 simbolo de importancia. Consultorias de imagem pessoal viraram um grande ne- gocio na cidade de Nova Torque, segundo matéria do International Herald Tribune, visto que mais de um milhdo de pessoas por ano freqitentam, na regio, cursos de empresas chamadas Image Assemblers [Montadores de Imagem], Image Builders {Contrutores de Imagem], Image Crafters [Artesdos da Imagem] e Image Creators [Criadores de Imagem]. “As pessoas formam uma idéia de voce, hoje em dia, em um décimo de segundo”, diz um consultor de imagem. “Vocé deve fingir até conseguir” — € 0 lema dé outro. ——— E claro que simbolos de riqueza, de posicio, de fama ¢ de poder, assim como de classe, sernpre tiveram importancia na sociediade burguesa, mas é provavel que nunca tanta quanto hoje, A crescente afluéncia material gerada no periodo de expansio fordista do pés-guerra levantou o problema de converier rendas em ascensio numa demanda efetiva que satisfizesse as aspiracdes em crescimento dos jovens, das mulheres e da classe trabalhadora. Dada a capacidade de produzir imagens como mercadorias mais ou menos a vontade, € factivel que a acumulacéo se prozesse, ao menos em parte, com base na pura producao e venda da imagem. A efemeridade dessas imagens pode ser interpretada parcialmente como uma luta dos grupos oprimidos de qualquer espécie para estabelecer sua propria identidade {em termos de cultura da Tua, estilos musicais, manias e modas criadas para eles mesmos) e como 0 esforgo para fazer estas inovacbes criarem vantagens comerciais (Camaby Street, no final dos anos 60, foi uma excelente pioneira). O efeito € dar a impzessao de que estamos vivendo num mundo de efémeras imagens criadas, ‘Assim sendo, os impactos psicolégicos da sobrecarga sensorial do tipo identificado por Simmel ¢ Toffler se manifestam duplamente. Os materiais de produgio e reproducio dessas imagens, quando estas ndo esto disponiveis, tornaram-se eles mesmos 0 foco da inovacéo — quanto melhor a réplica da imagem, tanto maior o mercado de massas da construgio da imagem pode :ornar-se. Isso constitui por si s6 uma questo importante, levando-nos de modo mais explicito a considerar o papel do “simulacro” no pés-modernismo. Por “simulacro” designa-se um estado de réplica to proxima da perfeicao que a dife- renga entre 0 original e a copia € quase impossivel de ser percebida. Com as técnicas modernas, a producéo de imagens como simulacros é relativamente fécil. Na medida em que a identidade depende cada vez. mais de imagens,.as réplicas seriais e repetitivas de identidadlé (individuais, corporativas, institucionais e po ticas) passam a ser uma possibilidade e um problema bem reais. Por certo pode- mos vélas agindo no campo da politica, em que os fabricantes de imagens e a nifdia assumem um papel mais poderoso na moldagem de identidades politicas. Mas hé muitos dominios mais tangiveis em que o simulacro tem papel signi- ficativo. Com os modernos materiais de construcao, é possivel reproduzir prédios antiges com uma exatiddo que torna duvidosas a autenticidade ou a origem. A fabricagho de antighidades ¢ de outros objetos de arte é totalmente possival, tor nande a fraude sofisticada um sério problema no negécio das colecées de arte. Por conseguinte, possuimos ndo apenas a capacidade de empilhar imagens do passado ou de outros lugares de modo eciético e simultaneo na tela da televisdo, como até de transformar essas imagens em simulactos materiais na forma de ambientes, eventos © espetdculos etc. construfdos que se tornam, em muitos aspectos,

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