You are on page 1of 1

Da Responsabilidade civil por acidentes laborais

Da responsabilidade civil por acidentes laborais, com especial ênfase para aqueles
trabalhos que sejam capazes de colocar o empregado em situação de risco.

Por força do mandamento contido no art. 7º, inc. XXVIII, da CF, constitui direito
dos trabalhadores, “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa”.

O preceptivo constitucional em apreço permite-nos concluir que a


responsabilidade do empregador por acidentes de trabalho revela caráter subjetivo,
porquanto condicionada à configuração do elemento culpa (lato sensu).

Entretanto, após o advento do novo CC, passou-se a admitir a tese da


responsabilidade objetiva, independentemente de culpa, nas hipóteses em que o dano
decorra da prática de atividades de risco. Com efeito, assim dispõe o art. 927, parágrafo
único, do CC: “Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

Com base nesse dispositivo, alguns autores têm defendido a inaplicabilidade da


regra da responsabilidade subjetiva, constante da Lei Maior, aos casos em que o
acidente laboral se verificar no âmbito de relação empregatícia que exponha o obreiro a
situação de periculosidade. O fundamento dessa corrente é que a norma civilista,
insculpida no art. 927, parágrafo único, do CC, traria maior benefício ao empregado,
por desincumbi-lo do debate acerca da culpa do patrão.

Tal argumento, porém, padece de sustentação científica. Isto porque, como é de


todos sabido, a regra constitucional, dentro da hierarquia do sistema jurídico, deverá
sempre prevalecer sobre a legislação infraconstitucional, ainda que publicada em
período posterior, como é o caso do vigente CC, datado de 2002. Ora, se a própria Carta
Magna determina que a responsabilidade do empregador por acidentes de trabalho se
condiciona à aferição de culpa, tal princípio não poderá ser afastado em nenhuma
situação, nem mesmo nos casos em que o trabalho realizado pelo obreiro venha a
oferecer riscos à sua pessoa.

O TRT da 24ª Região bem situou a matéria: “É incabível a aplicação do disposto


no art. 927, parágrafo único do CC/2002, que adota a teoria do risco, pois a indenização
por danos morais e materiais, em se tratando de acidente de trabalho (art. 7º, inciso
XXVIII), trafega pela teoria da culpa e não do risco. Pelo teor da prova oral produzida,
verifica-se que o acidente de trabalho ocorreu no regular e normal exercício da atividade
profissional do trabalhador, sem que o empregador tenha tido qualquer participação
culposa ou dolosa, pelo que resta inconcebível responsabilizar este por danos morais ou
materiais” (RO 361, Trib. Pleno, Rel. Abdalla Jallad, j. 12.06.07, DO-MS, 13.07.07).

You might also like