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Teoria Geral da Respon- hipóteses de responsabilidade objetiva se biparte. Ela tem uma fase em que
sabilidade Civil bastante abrangentes no atual CC. São é literalmente objetiva, onde não há
as do art. 927, parágrafo único, que adota que se falar em culpa, e pode ter uma
1. Introdução: Os conceitos básicos a Teoria do Risco-Proveito, dispondo que segunda parte que consiste numa
de estruturação da responsabilidade os danos causados por atividade de risco ação regressiva, que só será julgada
civil são extensíveis a toda disciplina. dão ensejo a responsabilidade independen- procedente se verificada a existência
A culpa vai ser culpa em todo cânone, temente de culpa, e do art. 931, que dispõe da culpa.
não interessa onde esteja situada. O o mesmo para as atividades de circulação
dano e o nexo de causalidade, também. de produtos. 3. Responsabilidade Civil Contratual:
O que certamente vai se modificar é o é aquela decorrente da violação de um
fato social. O papel dessa fase inicial Classificação da Responsa- preceito previamente combinado entre
de estudo da responsabilidade civil é bilidade Civil as partes. Para sua configuração são
precisar os conceitos, é dizer o que é necessários dois requisitos, a saber:
a responsabilidade civil nos termos de 1. Responsabilidade Civil Subjetiva: o 3.1. a existência de um vínculo anterior;
sua estrutura científica. A casuística vai que caracteriza a responsabilidade civil 3.2. o descumprimento de um dever de
ficar a critério de cada um ao lidar com subjetiva é a presença de todos os ele conduta previsto no contrato ou próprio
esse tipo de situação. Isso não quer mentos fundamentais acima referidos, ou daquele tipo de contrato.
dizer que se pode passar a defender seja, a existência de conduta, de culpa, de
qualquer tipo de tese. Há que se guiar dano e de nexo de causalidade (entre a 4. Responsabilidade Civil Extracontra
pela estrutura científica, apesar de ser conduta e o dano). tual: é aquela decorrente da violação
inegável a grande influência da casuís- de um preceito genérico previsto em lei,
tica nesse campo do Direito. 2. Responsabilidade Civil Objetiva: nes consistente no dever que as pessoas
ta não há a aferição da culpa. É suficiente têm de não causar dano aos outros.
2. Elementos Essenciais: a Teoria a existência de conduta, dano e vínculo Também chamada de responsabilidade
Geral da Responsabilidade Civil tra- (nexo da causalidade). Agora é preciso ter civil aquiliana. Como se percebe, na
balha com quatro elementos funda- cuidado com essa exclusão da culpa, pois responsabilidade extracontratual, não
mentais: ação ou omissão (conduta, ela é só “a priori”. É errada a afirmativa se tem vínculo jurídico anterior. Essa
fato social), culpa, dano e nexo de segundo a qual na responsabilidade civil responsabilidade é também conhecida
causalidade (entre a conduta e o dano). objetiva não há culpa. O que a lei dispõe como responsabilidade delituosa. Não
Apesar de ter crescido o número de é que não é necessária a sua existência há obrigatoriamente, com a violação
hipóteses legais em que o elemento para haver responsabilidade civil inicial. É da norma, a configuração de um delito,
culpa é desnecessário para a configu possível até que o agente atue com culpa, mas todas aquelas provenientes da prá-
ração da responsabilidade civil, o atual mas isso não será relevante para que seja tica de um delito são extracontratuais,
Código mantém como regra geral a responsabilizado. Todavia, numa eventual são aquilianas.
responsabilidade subjetiva, ou seja, ação regressiva, pode-se discutir o elemen-
a responsabilidade dependente da to culpa para que seja julgada procedente. 5. Responsabilidades Civis Espe
existência de culpa (intencional ou por Por exemplo: quando um funcionário pú- ciais: como responsabilidade especial
imprudência, negligência ou imperícia). blico age e causa um dano a alguém, na tem-se a por fato de terceiros, que
Essa regra geral encontra-se no art. ação que a vítima moverá contra o Estado é a que tem os binômios empregado/
186 do CC: “aquele que, por ação ou não se discutirá culpa, pois este responde empregador, pais/filhos, curadores/
omissão voluntária, negligência ou im- objetivamente. Mas, na ação regressiva curatelados e tutores/tutelados. Nes-
prudência, violar direito e causar dano que o Estado mover contra seu funcionário, ses casos uma pessoa responde pela
a outrem, ainda que exclusivamente a culpa será discutida, pois os funcionários conduta de outra. Tem-se também a
moral, comete ato ilícito”. De qualquer públicos respondem subjetivamente. Em responsabilidade por fato da coisa.
forma, é bom ressaltar que há duas verdade, a responsabilidade civil objetiva Aqui, uma pessoa responde por fatos de
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coisas ou de animais que estão sob sua de menos). E uma pessoa que é médica culpa neste tipo de responsabilidade.
responsabilidade. Há também outros e deixa de respeitar regra básica de um Entretanto, pode ser que o causador
casos particulares, em que há regras procedimento cirúrgico, por exemplo, age do dano, efetivamente, não tenha agido
específicas acerca da responsabilidade, com imperícia. com culpa alguma, mas, mesmo assim,
tais como de advogados, médicos, A culpa em sentido amplo é gênero. O dolo terá que responder, o que caracterizaria
construtores etc. é uma de suas espécies. As outras espé uma responsabilidade por ato lícito. O
Link Acadêmico 1 cies (imprudência, negligência e imperícia) atual Código Civil traz uma série de
são chamadas de culpa em sentido estrito. situações de responsabilidade indepen
Elementos Essenciais da Para o Direito Privado não importa se os dentemente de culpa, tais como as dos
Responsabilidade Civil atos foram cometidos com dolo ou com arts. 927, parágrafo único, e 931.
culpa. Normalmente não existe a grada- 2.3. Classificação da culpa.
1. Ação ou Omissão. Trata-se da ção do ato para verificar se haverá ou não 2.3.1.“in eligendo”: é a derivada de
conduta, ou seja, da atividade (humana) responsabilidade (há uma exceção no que uma má escolha de alguém, sendo
exteriorizada de alguma forma. Mesmo se refere aos contratos benéficos - art. 392, comum entre as pessoas jurídicas e
quando há responsabilidade por fato da CC). O que importa para o Direito Civil é a seus prepostos.
coisa, está-se diante de uma presumida indenização, e esta corresponde, como re- 2.3.2.“in vigilando”: é a derivada
conduta da pessoa responsável. Por gra, à extensão do dano, e não à extensão da falta de cumprimento do dever de
exemplo, se o cachorro de alguém da culpa. Existem a indenização propria- vigilância.
acaba por machucar uma pessoa, e mente dita e a indenização-compensação. 2.3.3.“in omitendo”: é a derivada da
seu dono não provar culpa exclusiva da Só que há outras formas de indenização. inação, da omissão.
vítima ou força maior, ele responderá, Há a indenização compensatória, que é 2.3.4.“in comitendo”: é a derivada
presumindo-se uma conduta culposa de aquela em que jamais se conseguirá voltar da comissão, da ação, da atuação
sua parte. É importante ressaltar que ao “status quo” anterior, como no caso dos positiva.
não é só uma ação (conduta comissiva) danos morais, os quais, em verdade, não 2.3.5.“in custodiendo”: é a derivada
que pode gerar responsabilidade. Uma são indenizáveis; eles são compensáveis. A do dever de vigilância, mas não em
omissão, preenchidos outros requisitos, compensação é uma espécie de indeniza- relação a pessoas, mas a animais e
também pode fazer configurá-la. ção. Um exemplo disso é o dano estético, a coisas.
porque jamais aquela pessoa vai voltar a 2.4. Gradação da culpa
2. Culpa. ter a aparência anterior; então, estaremos A culpa também pode ser dividida
2.1. Conceito: é um fato subjetivo gera- diante de uma compensação, que é uma em grave (ou lata), leve e levíssima.
dor de conseqüências jurídicas, consis- forma de indenizar, e que poderá levar Como regra, essa classificação não
tente na intenção (dolo), na negligência, em conta o grau de culpa, como meio de faz diferença, vez que o art. 944 do CC
na imperícia ou na imprudência. desestimular o autor do dano a cometê-lo estabelece que “a indenização mede-se
Dolo é intenção. Imprudência é uma novamente. pela extensão do dano”, e não pelo grau
ação exagerada, sem cautela (é um 2.2. Ato ilícito. Como se viu, o art. 186 da culpa. Todavia, o atual CC dispõe
agir de mais). Negligência é uma falta, dispõe que a conduta que gera um dano que “se houver excessiva desproporção
é um atuar descuidado (é um agir de e que é culposa, ou seja, praticada com entre a gravidade da culpa e o dano,
menos). Já a Imperícia é um atuar dolo, imprudência, negligência ou im poderá o juiz reduzir, eqüitativamente,
sem o cumprimento das regras de uma perícia, é definida como um ato ilícito. Já a indenização” (art. 944, parágrafo úni-
profissão ou ofício. Ela se configurará o art. 927 complementa a disposição para co). Há também outra exceção, no que
se a pessoa é perita na realização dizer que quem comete ato ilícito deverá se refere ao incapaz, que, apesar de
daquele ato e, por acaso, equivoca-se, reparar o dano. Assim, como regra, a res responder pelos prejuízos que causar,
deixando de cumprir regra básica de ponsabilidade civil só existe se houver um preenchidos determinados requisitos, a
sua atividade. Assim, uma pessoa que ato ilícito. O abuso de direito, por exemplo, indenização que deverá suportar deve
dirige um veículo e atropela outra de é considerado ato ilícito e, portanto, gera ser “eqüitativa” (art. 928).
propósito age com dolo. Uma pessoa o dever de indenizar (art. 187). Todavia, 2.5. Culpa concorrente
que está em alta velocidade e atropela há situações nas quais, embora não haja A culpa concorrente é aquela em que
alguém age com imprudência (cuidado: o cometimento de ato ilícito (ato com dolo dois ou mais agentes atuam culposa-
quem participa de “racha” e machuca ou culpa em sentido estrito), mesmo assim mente num dado evento que caracterize
alguém está agindo com dolo eventual, quem pratica o ato deverá responder por ato ilícito. Nesse caso, a indenização
que é aquela situação em que a pes ele. Trata-se da responsabilidade por atos pelos danos causados aos agentes
soa aceita o risco de prejudicar outra). lícitos. Um exemplo é o Estado, que, ape será compartilhada. Todavia, se apenas
Uma pessoa que não troca o pneu do sar de agir licitamente ao desapropriar uma um dos agentes culpados for vítima, a
carro, já muito careca, e/ou não troca área, responderá pela indenização corres- sua indenização será fixada tendo-se
o fluido do freio, e não consegue frenar pondente perante o proprietário do imóvel. em conta a gravidade de sua culpa em
a tempo o veículo, machucando uma Outro exemplo é o da responsabilidade confronto com a do autor do dano (art.
pessoa, age com negligência (agiu objetiva. Como se sabe, não se discute 945, CC).
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2.6.Culpa contratual e culpa extracon de que não é qualquer atitude que confi- de ambas é celebrar o contrato, e não
tratual gura dano moral indenizável, porque nem cometer uma ruptura abrupta e injus
Como se viu, a responsabilidade toda atitude causa esta mácula ao espírito tificada.
contratual ocorre no contexto em que humano, seja a reputação que se tem pe- 3.2.6. Liquidação de danos: a indeni
previamente existe um vínculo contra- rante a sociedade (honra objetiva), seja zação mede-se pela extensão do dano,
tual entre as pessoas, ao passo que a a auto-estima (honra subjetiva). No caso devendo ser integral,ainda que se
extracontratual ocorre num contexto em da pessoa jurídica, só há falar em honra trate de culpa levíssima. Em princípio
que não há vínculo jurídico prévio entre objetiva, que diz respeito à imagem da pes- o grau da culpa não repercute no valor
vítima e causador do dano. Importa ago- soa perante o mercado. Tal entendimento da indenização, porém o art. 944 CC
ra saber como se desenvolve a “culpa” gerou a Súmula 227 do STJ, segundo a expeciona essa regra e autoriza o juiz
contratual e a extracontratual. No caso qual “a pessoa jurídica pode sofrer dano reduzir equitativamente a indenização
da primeira, o descumprimento de uma moral”. Também cabe pedir indenização por caso haja excessiva desproporção en-
cláusula contratual presume a culpa. Ou danos morais em caso de violação a direito tre a gravidade da culpa e o dano.
seja, se alguém não pagar a prestação de personalidade de pessoa já falecida, Sobre a quantificação do dano moral,
de um contrato em dia, presume-se que tais como sua honra, sua voz (gravada), são dois os sistemas de indenização, o
o fez culposamente, sendo desneces- sua imagem (fotografada ou filmada). A aberto (o valor da indenização é fixado
sária a prova de uma conduta culposa indenização reverterá, em regra, para as pelo juiz) e o tarifado (a lei fixa um teto
em juízo. Já, se alguém esbarrar em pessoas a que faz referência os arts. 12 máximo de indenização). Deve prevale-
outra pessoa na rua e esta vier a sofrer e 20 do CC. cer o sistema aberto sob pena de violar
danos, como não há vínculo anterior 3.2.3. Dano Estético: é o decorre do o princípio da proporcionalidade entre a
(questão extracontratual), há de se pro- prejuízo aparente e duradouro ao corpo ofensa e o dano (art. 5º,V,CF), qualquer
var em juízo a culpa de quem esbarrou de uma pessoa. O dano estético mescla lei que fixe teto indenizatório deve ser
na vítima para que o primeiro responda o dano material e o dano moral. Detalhe: tida como inconstitucional.
civilmente. não é toda vez que o dano estético vai Na fixação do valor da indenização o
gerar esse tipo de situação, até porque o juiz deve levar em conta a compensa-
3. Dano. dano estético, via de regra, gera afetação ção do lesado e o sancionamento do
3.1. Conceito: é um prejuízo a um moral. lesante.
bem jurídico de uma pessoa. Esse 3.2.4. Dano Ambiental: é o que ofende
bem jurídico pode ser tanto material bens jurídicos relacionados ao meio am 4. Nexo de Causalidade
(prejuízo econômico) como imaterial biente. Há duas diferenças aqui. A primeira 4.1. Conceito: é o liame, o vínculo
(prejuízo moral). O estudo do dano é é que a reparação do dano ambiental, de entre a conduta (ação ou omissão) e
importante, pois nosso sistema jurídico acordo com a Lei 9.605/98, deve ser es o dano.
é voltado para acepção do dano, quer pecífica, ou seja, deve importar em efetivo 4.2.Teorias
dizer, nossas indenizações, em regra, retorno da coisa ao estado anterior, salvo 4.2.1. Teoria da equivalência das
são graduadas pela extensão do dano, impossibilidade, hipótese em que a repa causas: é a que afirma que é causa de
e não pela violência da culpa. ração se limitará a indenizações e condu um dano toda ação ou omissão sem a
3.2. Espécies: tas compensatórias. A segunda é que o qual o resultado não teria ocorrido. As-
3.2.1. Dano Material: é o prejuízo titular do direito à não causação de dano sim, todas as pessoas que, de alguma
econômico sofrido pela vítima. Há as ambiental é toda a coletividade (interesse forma, concorrem para a geração do
seguintes subespécies: difuso), e não só uma pessoa, de modo dano, devem ser acionadas. Por essa
a) danos emergentes: são os que que há várias pessoas que podem pedir teoria, a família de uma pessoa que é
decorrem imediatamente do evento a reparação de um dano ambiental, o que levada a um hospital em virtude de um
danoso. Envolve tudo o que efetiva- poderá ser feito pela propositura de ação pequeno acidente de trânsito e que, na
mente será gasto para voltar ao estado popular (art. 5, LXXIII, CF) clínica, acaba sofrendo uma infecção
anterior. 3.2.5. Dano Pré-negocial: é vinculado a em virtude de erro grave do médico,
b) lucros cessantes: são os que a uma expectativa de direito quanto à cele pode acionar o motorista que causou o
vítima deixa de receber por conta do bração de um negócio jurídico. Ele não é acidente originário. Essa teoria não se
evento danoso. Por exemplo, no caso aquiliano, porque no dano pré-negocial aplica ao Direito brasileiro, justamente
de um profissional liberal, os honorários se está com a intenção de contratar, mas pelo fato de o nosso Direito não permitir
que deixa de ganhar com o fato de ficar acontece algum problema e o contrato não a indenização do dano indireto.
internado ou em repouso, sem poder se efetiva. Há de se tomar cuidado com a 4.2.2. Teoria da causalidade ade
trabalhar. mera negociação. Esta não tem o condão quada: é a que afirma que a causa é
3.2.2. Dano Moral: é a mácula ao espí- de gerar responsabilidade pré-contratual. apenas o comportamento adequado a
rito humano, um ofender à honra objeti- O dano pré-negocial é típico daquelas produzir o resultado, segundo a análise
va ou subjetiva do ser. A CF assegura a situações em que as partes já têm um de um homem de mediana prudência
indenização por danos morais (art. 5º, pré-contrato ou nível de negociação tão e discernimento. Para essa teoria não
V e X). É preciso a justa compreensão avançado que está claro que o objetivo basta que com a eliminação mental
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se exclua a produção do resultado, que alguém atua nos estritos termos do ou de força maior, num contrato de
é preciso que a conduta seja idônea que o próprio Direito autoriza, ainda que transporte, por exemplo. E também há
para produzir esse resultado. Por ela o causando prejuízo a alguém. Por exem- casos em que a própria ordem jurídica
julgador teria que ver qual das causas plo, um credor que protesta o título de um estabelece responsabilidade com risco
existentes do dano seria a mais perti- devedor, apesar de causar um prejuízo à integral, como aquela do empreendedor
nente à reparação. imagem deste, está agindo no exercício que trabalha com material radioativo,
4.2.3. Teoria dos danos diretos e de um direito que tem e, portanto, não que, mesmo que demonstre que o dano
imediatos: de acordo com essa teoria responde pelos prejuízos morais causados que causar tem origem numa dessas
somente serão indenizáveis os danos ao devedor. excludentes, responderá civilmente por
causados diretamente pela conduta O exercício regular de direito é o ato pra todos os danos causados. Por fim, vale
do agente, portanto os danos remotos ticado fundamentado na estrutura legal. No ressaltar que o caso fortuito e o de força
não são indenizáveis, o CC adotou âmbito civil, não estão compreendidos só maior excluem a próprio nexo causal,
essa teoria no art. 403 quando dispõe: o exercício normal de nossos direitos, mas elemento essencial da responsabilidade
“Ainda que a inexecução resulte de também os determinados pelas autoridades civil. Há situações especiais que devem
dolo do devedor, as perdas e danos competentes. E isso serve para a estrutura ser analisadas com cuidado.
só incluem os prejuízos efetivos e os administrativa, para uma vigilância sanitá- 5.5.1. Cláusula de não-indenizar: é
lucros cessantes por efeito dela direto ria realizada pelo órgão competente que o acordo entre as partes em que se
e imediato, sem prejuízo do disposto na determina que se feche um restaurante ou estipula a exclusão da responsabilidade
lei processual.” algo equivalente. de indenizar sobre eventuais danos
Link Acadêmico 2 5.4 Do estado de necessidade: é aquela causados. Essa cláusula somente é vá-
situação em que alguém prejudica uma lida no negócios jurídicos regidos pelo
5. Excludentes da Responsabilida pessoa para proteger um bem jurídico Direito Civil em função do princípio da
de próprio ou de terceiro em perigo atual, autonomia da vontade (nas relações de
Importa em verificar nos casos per- cujo sacrifício não era razoável exigir. Para consumo são abusivas tais cláusulas).
tinentes de responsabilidade civil a configuração do instituto o agente não pode 5.6. Culpa exclusiva da vítima: nesse
existência de eventuais causas (fatos) ter sido o causador do perigo, nem pode se cas o não haverá responsabilidade
geradoras de uma dada incongruência tratar de alguém que é obrigado a enfrentar do causador do dano. Por exemplo,
entre o fato, no mais das vezes a “mens” aquela situação. O Código Civil não usa a quando alguém se joga na frente de
culposa, e evidentemente o dano. Tais expressão estado de necessidade, mas um carro, que acaba atropelando essa
incongruências podem excluir a res- dispõe que não constitui ato ilícito situação pessoa.
ponsabilidade. equivalente, no caso “a deterioração ou 5.7. Fato de terceiro: em atitudes
O art. 188 do CC estabelece esta real destruição da coisa alheia, ou a lesão a obviamente evidenciadas por outrem,
condição, quando, de forma exem- pessoa, a fim de remover o perigo”. Assim, onde não houve a mínima participação
plificativa, vincula as excludentes de se uma pessoa deixar o ferro ligado e for da pessoa causadora do dano, temos
responsabilidade em tipos específicos, viajar e seu vizinho arrombar a porta da sua o fato de terceiro, que também quebra
a saber: casa (causando prejuízos) para desligar o a relação de nexo de causalidade, im-
5.1.Introdução ferro e conter um incêndio, o vizinho estará pedindo assim quaisquer indenizações
Eventualmente podem surgir “fatos” numa situação de estado de necessidade, ao suposto agente causador.
que rompem o nexo causal entre a que constitui ato ilícito e não dá direito de 5.8. Furto ou desapossamento: o furto
conduta e o resultado causador de um indenização ao dono do imóvel. É bom sa- ou desapossamento apresentam dadas
dano, excluindo, consequentemente, a lientar que, caso a pessoa lesada não seja peculiaridades com as quais temos que
responsabilidade do agente. culpada pelo perigo, deverá ser indenizada ter toda atenção. Via de regra, não se
O art. 188 CC traz, exemplificadamente, pelo prejuízo que sofrer. Por exemplo, se o concebe tais fatos como excludentes de
as hipóteses em que se exclue o dever mesmo vizinho arrombar a casa do outro responsabilidade. Por exemplo, se uma
de indenizar. para se esconder de um ladrão. Nesse pessoa tem um celular vinculado à ope-
5.2. Legítima Defesa: é aquela situa- caso, apesar de cometer ato lícito, deverá radora X e ele é furtado ou, até mesmo,
ção em que uma pessoa repele injusta indenizar o dono do imóvel, vez que este roubado, essa pessoa não tem como
agressão de outra pessoa a direito nada tem a ver com o perigo. se eximir do pagamento do aparelho.
seu ou de terceiro. Para configuração 5.5. Do caso fortuito e da força maior: Nesse tipo de relação contratual não é
da legítima defesa é necessário que a naturais excludentes de responsabilidade, considerado excludente de responsa-
agressão seja atual ou iminente, não caracterizados por situações do mero aca bilidade o furto ou o desapossamento,
podendo ser uma ameaça de agressão so (caso fortuito) ou de causas naturais, por qualquer motivo que seja, devido
futura. Outro requisito é que na defesa fenômenos da natureza etc (força maior). à freqüência com que ocorre esse
se use moderadamente dos meios ne- O homem não poderia ser apenado por tais fato. Em linhas contratuais, o furto ou
cessários para impedir a agressão. fatos. É bom salientar que é possível que, o desapossamento não é considerado
5.3. Exercício Regular do Direito por contrato, alguém assuma a responsa- excludente de responsabilidade.
Reconhecido: é aquela situação em bilidade mesmo em caso de caso fortuito No contrato de transporte, por sua na
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tureza, tem uma cláusula chamada de ela legal ou contratual, que é o caso, por cípios da responsabilidade patrimonial
incolumidade. Significa que tanto a pes exemplo, da obrigação dos hotéis e dos do Estado.
soa como a carga têm que chegar incó estabelecimentos de ensino de zelar pela 2.3. Da Responsabilidade dos empre
lume ao destino . Mas a especialidade segurança e pela vigilância, respondendo gadores ou comitentes
é na questão do pagamento do seguro, por atos cometidos por seus funcionários. O art. 932, III, do CC dispõe que o em-
porque quanto ao fato de se chegar ao Nesse tipo de responsabilidade estamos pregador ou comitente responde pelos
destino é posto, não existe a condição diante, quase sempre, da culpa “in vigilan- danos que seus empregados, serviçais
de excludência de responsabilidade do”. A responsabilidade por fato de outrem é e prepostos causarem a terceiros. O
dentro dos contratos de transporte. Isso objetiva. O art. 933 do CC dogmatizou esse detalhe é que essa responsabilidade só
se aplica tanto ao remetente quanto ao entendimento. Assim, pouco importa se os existe no que diz respeito ao exercício
passageiro. A empresa não pode ale- pais ou o empregador agiram com culpa ou do trabalho dos empregados ou em
gar que, por exemplo, num transporte não. Por outro lado, há de se verificar se o razão deste trabalho. Assim, se um
aéreo, um urubu entrou na turbina e causador do dano (o filho, o empregado) motorista de uma empresa atropelar
o avião caiu por causa do animal. agiu com culpa, salvo exceções previstas alguém, agindo de modo culposo, a
Isso não é motivo de excludência de no Código do Consumidor. empresa responderá, pouco importan-
responsabilidade para que a empresa do se ela agiu ou não culposamente.
possa dizer que não vai pagar as indeni 2. Sistema de Responsabilidade Civil do Nesse caso temos um dano causado no
zações às famílias que perderam seus fato de outrem. exercício do trabalho. Já um segurança
entes queridos. Assim, num contrato de 2.1. Da Responsabilidade dos pais por de uma empresa que estiver portando
transporte, não se pode, como regra, atos dos filhos menores uma arma de propriedade desta e,
alegar excludentes de responsabilida- A responsabilidade objetiva independe da depois do expediente, após envolver-
de. O STJ, todavia, vem entendendo estruturação da culpa. Não se quer saber se numa briga de trânsito, acaba por
que determinados roubos, em que não se os pais concorreram para a culpa do causar um dano a alguém, a empresa
é possível atuação defensiva por parte filho ou não, eles são obrigados a respon responderá pelo ato, pois o funcionário
do transportador, excluem a reponsabi- der pelos atos deles. Não se questiona só tem aquela arma porque a empresa a
lidade deste, configurando verdadeira se a educação dos pais foi negligente, ele cedeu em razão deste trabalho.
situação de força maior. imperita ou imprudente, se eles foram Link Acadêmico 5
Link Acadêmico 3 desatenciosos, se eles foram omissos ou
não, porque aí estaríamos a aferir a culpa Responsabilidade Objeti-
va no Código Civil
6. Do efeito da sentença absolutória deles para poder responsabilizá-los. Não é
penal no âmbito da Responsabilida o caso. Então ela é objetiva, porque vincula O atual CC, rompendo a tradição do
de Civil. a pessoa responsável pela proteção. Co CC anterior, criou duas hipóteses
Há apenas duas situações em que a mo vimos, não interessa saber se os pais bem abrangentes de responsabilidade
sentença no processo criminal reper- contribuíram ou não para se chegar àquela objetiva, ou seja, de responsabilidade
cute no âmbito do processo civil de situação, interessa que a responsabilidade independentem ente de culpa. São
reparação de danos: 6.1. absolvição é direta dos pais. Agora, evidentemente elas:
criminal em que o juiz afirma textual- que, no caso concreto, aquele menor só 1. Por atividade de risco: “haverá obri
mente que o fato não existiu (absolvição vai gerar a responsabilidade objetiva do pai gação de reparar o dano, independente
por inexistência material do fato); 6.2. se a atitude dele foi culposa. Além disso, mente de culpa, nos casos especifi-
absolvição criminal em que o juiz decla- os filhos têm de ser menores e estar sob a cados em lei, ou quando a atividade
ra que o acusado não cometeu o fato autoridade e na companhia dos pais. normalmente desenvolvida pelo autor
(absolvição por negativa de autoria). Cuidado: o STJ vem entendendo que a do dano implicar, por sua natureza,
Todas as outras formas de absolvição emancipação dos filhos pelos pais não risco para os direitos de outrem” (art.
ou extinção do processo penal não os exime de responder por atos ilícitos 927, parágrafo único). Essa modalidade
repercutem no processo de reparação daqueles. Já a emancipação legal e a de responsabilização é fruto da adoção
de danos. Assim, a absolvição por falta judicial excluem a responsabilidade dos da Teoria do Risco-Proveito, que parte
de provas no processo criminal em nada pais ou tutores. do princípio de que quem prejudica
interfere no processo civil. 2.2. Da Responsabilidade de tutores e alguém a partir de uma atividade de
Link Acadêmico 4 curadores risco, ou seja, quem tira proveito de uma
O art. 933 c/c o art. 932, I e II, do CC leva atividade de risco e acaba causando
Responsabilidade à conclusão de que os tutores e curadores dano a alguém deve responder objeti-
por Fato de Outrem respondem nas mesmas condições que os vamente por esse dano, até porque o
pais, ou seja, independentemente de culpa, prejudicado nada está ganhando com
1. Introdução. O fato de outrem é desde que estejam sob a autoridade e em aquela atividade. Um exemplo é a em
justamente a situação jurídica causada companhia deles. De qualquer forma, por presa que faz fundações para obras e,
por uma terceira pessoa, com a qual se se tratar de um “munus” público, é possível, com essa atividade, acaba prejudicando
tenha um vínculo, uma obrigação, seja em face do Poder Público, invocar os prin- imóveis vizinhos. Sua responsabilidade
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é objetiva, não sendo necessário que os indenizatória, cujo prazo é de 5 anos, no as pessoas de direito público (União,
vizinhos comprovem que tal empresa CDC, e de 3 anos, no CC. Estados, DF, Municípios, Autarquias e
agiu com dolo ou culpa. Outra diferença são os regimes. No CDC, Fundações Públicas), vale também para
a regra é a responsabilidade objetiva, ao as pessoas de direito privado prestado-
2. Por circulação de bens: “ressal- passo que no CC a regra é a responsa ras de serviço público (concessionárias
vados outros casos previstos em lei bilidade subjetiva. Mas há exceções. No de serviço público, por exemplo).
especial, os empresários individuais e CDC, o profissional liberal responde subje 3.2. Responsabilidade subjetiva
as empresas respondem independente- tivamente, ou seja, mediante a comprova do Estado: parte da doutrina ensina
mente de culpa pelos danos causados ção de culpa ou dolo. É o caso do arquiteto, que, por condutas omissivas, o Estado
pelos produtos postos em circulação” do engenheiro, do marceneiro, do médico responde objetivamente; por exemplo,
(art. 931). A regra em questão é muito (salvo o cirurgião plástico, que tem obri- quando alguém quebrar o carro por ter
parecida com a prevista no CDC. A di- gação de resultado, e, portanto, responde passado num buraco na rua, há de se
ferença é que lá existe a mesma regra objetivamente). Por outro lado, no CC há verificar se o Estado agiu com culpa
também para serviços, e não só para casos de responsabilidade objetiva, como ou não; se o buraco for muito recente,
bens ou produtos. vimos acima (atividade de risco e circulação não estaremos diante de uma omissão
Link Acadêmico 6 de produtos). culposa, não respondendo o Estado; já,
Link Acadêmico 7 se o buraco for antigo, estaremos diante
Da Responsabilidade por de uma omissão culposa, e nesse caso
Vício de Produtos Responsabilidade haverá responsabilidade do Estado.
Civil do Estado Link Acadêmico 8
Essa matéria é estudada em três dis
ciplinas: Direito Civil (contratos), Direito 1. Introdução.
Empresarial e Direito do Consumidor. Versar sobre a responsabilidade civil
De qualquer forma, é bom salientar que do Estado sempre foi matéria de suma
uma coisa pode apresentar dois tipos imp ortância na doutrina e no próprio
de problema. Há o problema intrínse- desenvolvimento do que se convencionou
A coleção Guia Acadêmico é o ponto de partida
co, que o CDC denomina de “vício”. chamar de Estado Democrático de Direito. dos estudos das disciplinas dos cursos de
Exemplo: uma televisão ou um vidro A responsabilidade civil é um mecanismo graduação, devendo ser complementada com o
material disponível nos Links e com a leitura de
elétrico de um carro que não funcionam. inegável de controle social e, em suas livros didáticos.
É um problema interno, apenas. E há bases filosóficas, reside a pacificação
Direito Civil - Responsabilidade Civil – 3ª edi-
o problema extrínseco, que o CDC social, com o fito de sempre proporcionar, ção - 2009
denomina de “defeito” ou de “fato do no máximo possível, a reparação de da
Coordenador:
produto ou do serviço” ou de “acidente nos; é indubitavelmente um instrumento Carlos Eduardo Brocanella Witter, Professor
de consumo”. Por exemplo: uma tele- que se presta a evitar-se o caos. A base universitário e de cursos preparatórios há mais
visão que dá choque em alguém ou legal da responsabilidade civil estatal está de 10 anos, Especialista em Direito Empresarial;
Mestre em Educação e Semiótica Jurídica; Mem-
um carro novo cujo freio não funciona no art. 37, § 6º, da nossa CF. Ali residem bro da Associação Brasileira para o Progresso
e causa um acidente com vítima. Além os dogmas inspirados na teoria da respon da Ciência; Palestrante; Advogado e Autor de
obras jurídicas.
do problema interno nesses produtos, sabilidade conhecida modernamente como Autor:
perceba que ele causa um problema Teoria do Risco Administrativo Dionísio Paulo, Advogado, Mestre em Direito e
Professor de Direito Civil.
externo, afetando a nossa segurança,
a nossa saúde. 2. Teorias Fundamentadoras da Res A coleção Guia Acadêmico é uma publicação
É importante saber a diferença entre ponsabilidade Civil Estatal. da Memes Tecnologia Educacional Ltda. São
Paulo-SP.
um vício e um defeito, pois o primeiro 2.1. Teoria do risco integral: o Estado res- Endereço eletrônico: www.memesjuridico.com.br
dá ensejo a um prazo para requerer a ponde independentemente de culpa e não Todos os direitos reservados. É terminantemente
proibida a reprodução total ou parcial desta
substituição do produto, o seu conserto há excludentes de sua responsabilidade; publicação, por qualquer meio ou processo, sem
ou a devolução das quantia paga, de 2.2. Teoria do risco administrativo: o a expressa autorização do autor e da editora. A
violação dos direitos autorais caracteriza crime,
acordo com o regime (se do CDC ou do Estado responde independentemente de sem prejuízo das sanções civis cabíveis.
CC); e o segundo dá ensejo ao ingresso culpa, pelo risco de administrar, mas exis
de uma ação indenizatória diretamente. tem excludentes de sua responsabilidade;
No caso dos vícios, os prazos costu- é a teoria adotada no nosso sistema.
mam ser curtos. No CDC, é de 90 dias 2.3. Teoria eclética: resulta da mistura das
para reclamar o conserto, se o produto duas anteriores.
ou o serviço for durável, e de 30 dias,
se o produto for não-durável. No CC, o 3. Espécies de responsabilidade no âm
prazo é de 30 dias, se se tratar de mó- bito estatal:
vel, e de 1 ano, se de imóvel. Já quando 3.1. Responsabilidade objetiva do Es
se tem um defeito, a ação cabível é a tado: essa é a regra; ela vale não só para
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