- Porque é que os gregos se deram ao trabalho de construir este cavalo
gigantesco, para a seguir o abandonarem? - perguntou-se o rei. - Devíamos deitar-lhe fogo – propôs o seu filho, o príncipe Páris. – Estou convencido de que se trata duma armadilha. Naquele momento, levaram à presença do rei um soldado grego que fora encontrado escondido atrás dumas rochas. - Onde estão os teus? – perguntou-lhe o rei. - Embarcaram a noite passada de regresso à Grécia, porque perceberam que era impossível conquistar a vossa cidade. E construíram este cavalo de madeira, para que os deuses lhes perdoassem por terem perdido a guerra. Eu preferi ficar, para vos pedir que me aceiteis ao vosso serviço. - Mas porque é que construíram um cavalo tão grande? – insistiu o rei. - Oh! – riu-se o soldado. – Para que não pudesse entrar pelas portas da vossa cidade. É um cavalo com poderes mágicos, e, se conseguirdes introduzi-lo na cidade, conquistareis a Grécia inteira. Obedecendo a ordens de Ulisses, aquele soldado tinha ficado para acabar de enganar os de Tróia. E provou-se não ter sido em vão, já que os soldados troianos rapidamente alinharam no chão uma comprida fila de troncos. Depois, todos juntos, empurraram o cavalo sobre os troncos e, ao fim de muitos esforços, arrastaram- -no até à cidade. Mas ainda tiveram que derrubar uma parte da muralha, porque o cavalo não cabia em nenhuma das portas. Naquela noite, os troianos organizaram uma grande festa que durou até ao amanhecer. Quando os soldados finalmente adormeceram, abriu-se uma porta no ventre do cavalo de madeira e Ulisses e os seus companheiros desceram por uma corda até ao chão. Ulisses apressou-se a subir à parte mais alta da muralha, onde acendeu uma pequena fogueira, para avisar os navios gregos, que se encontravam escondidos junto ao promontório da praia, que o seu estratagema havia dado resultado. Entretanto, os seus companheiros abriram as portas da cidade. - E agora vamos ao palácio – disse Ulisses aos seus companheiros – e levemos a princesa Helena de regresso ao nosso país. Pouco depois, Ulisses entrava num dos navios, levando a princesa nos seus braços. Logo a seguir, a frota grega fez-se ao mar, deixando para trás a cidade de Tróia, cujos habitantes tinham caído no estratagema urdido por Ulisses. Por esta e por outras aventuras, Ulisses ficou com fama de astuto e de valente.
Isidro Sánchez (adaptado), Lenda grega, O Cavalo de Tróia, Edições ASA