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A fome, a d e a misera.
Pra s poeta divera,
Precisa t sofrimento.
Sua rima, inda que seja
Bordada de prata e de oro,
Para a gente sertaneja
perdido este tesro.
Com o seu verso bem feito,
No canta o serto dereito
Porque voc no conhece
Nossa vida aperreada.
E a d s bem cantada,
Cantada por quem padece.
S canta o serto dereito,
Com tudo quanto ele tem,
Quem sempre correu estreito,
Sem proteo de ningum,
Coberto de preciso
Suportando a privao
Com paciena de J,
Puxando o cabo da inxada,
Na quebrada e na chapada,
Moiadinho de su.
Amigo, no tenha quxa,
Veja que eu tenho razo
Em lhe dize que no mexa
Nas coisa do meu serto.
Pois, se no sabe o colega
De qu manra se pega
Num ferro pra trabai,
Por fav, no mexa aqui,
Que eu tambm no mexo a,
Cante l que eu canto c.
Repare que a minha vida
deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salo da rua.
J eu sou bem deferente,
Meu verso como a simente
Que nasce inriba do cho;
No tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criao.
Mas porm, eu no invejo
O grande tesro seu,
Os livro do seu colejo,
Onde voc aprendeu.
Pra gente aqui s poeta
E faz rima compreta,
No precisa profess;
Basta v no ms de maio,
Um poema em cada gaio
E um verso em cada ful
Seu verso uma mistura
um ta sarapat,
Que quem tem pca leitura,
L, mais no sabe o que .
Tem tanta coisa incantada,
Tanta deusa, tanta fada,