Professional Documents
Culture Documents
DA UNIVERSIDADE DO PORTO
Dissertação de Mestrado em
Museologia
Junho de 2008
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
À Clarinha e ao Araújo
iii
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
RESUMO
tendo presente, entre outros, os seus fins e resultados práticos validados. Portugal, que
momento a uma certa resistência em inovar e aplicar um modelo de gestão que seja e
capacidade de decisão perante situações não previstas nas suas competências – como
por exemplo, alteração de rubricas para fazer face a outras despesas não previstas ou até
uma simples actividade inicialmente não contemplada no seu plano – o que inviabiliza,
atrasa e poderá até não permitir a prestação do melhor e mais desejável serviço público
cultural.
Tendo em conta o lato sentido da missão dos museus e, para cada um, a sua específica
orientação estratégica, no âmbito do serviço cultural que lhes está sempre subjacente,
iv
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
v
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
ABSTRACT
The change and progress factors verified on a national and international level, and
concretely in what to the paper of the museums respect, had placed in the present time a
new paradigm - models management of the museums - and had brought to discussion
The new cultural and economic necessities imply modern debates today, having present,
among others, its validated ends and practical results. Portugal, that always it knew to
observe and to apply throughout century XX some museum politics, social and cultural
innovating and applying a model of management that are and become to museum
institutions, more autonomous and for consequence, more sustainable, similar to what
already it happens to a large extent in the case of the Foundations in Portugal and in the
English museums.
With the model of management currently in validity, the Portuguese museums make use
only of administrative autonomy, that is, the directors and/or conservator do not have
capacity of decision before situations not foreseen in its abilities - as for example,
heading alteration to face up to other not foreseen expenses or a simple activity initially
not registered in its plan - what it makes impracticable, to retard and will be able not to
allow the installment of the best and more desirable cultural public service.
Having present the broad one of the mission of the museums and, for each one, its
specific strategical orientation, in the ambit of the cultural service that them is always
through the attribution of administrative and financial autonomy and of the obligator
vi
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
insertion in its organic structures of one technique staff, duly evaluated, led for a
vii
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
ÍNDICE GERAL
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 2
1. O que é um museu?.............................................................................................. 5
4. Preservar o património......................................................................................... 17
5. Coleccionar.......................................................................................................... 20
6. Inventariar............................................................................................................ 24
7. Investigar.............................................................................................................. 25
13. Públicos................................................................................................................ 39
viii
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
3. Orçamento e planificação........................................................................................ 50
4. Modelos de gestão................................................................................................... 53
2. Questionários........................................................................................................... 75
ix
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
CONCLUSÃO............................................................................................................. 145
BIBLIOGRAFIA…………………………………………………….……………… 151
APÊNDICE……………………………………………………….….……………… 161
x
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
ABREVIATURAS
DL Decreto-Lei
ML Museus Locais
MN Museus Nacionais
OE Orçamento do Estado
xi
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
xii
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
INTRODUÇÃO
aplicados nos museus portugueses e que integram a Rede Portuguesa de Museus (RPM).
São três os modelos de gestão aplicados nos museus em análise neste trabalho, sendo as
museus privados.
Analisar os diferentes modelos de gestão, parece ser um bom desafio neste trabalho,
sendo o resultado desta pesquisa através da análise teórica, empírica e estatística obtida
Mesmo divergindo estes museus nos seus modelos de gestão, convergem pelo menos na
sua missão. Os museus foram criados com uma finalidade ou missão a cumprir:
e do seu ambiente que, uma vez adquiridos, são conservados, divulgados e expostos,
para fins de estudo, de educação e de deleite.” Ou; para a Associação Portuguesa dos
2
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
serviço da sociedade. Sendo o museu uma instituição de serviço público e sem fins
lucrativos, encontrar fórmulas para a sua gestão que indiquem um modelo sustentável, é
Não se pretende neste trabalho apresentar um estudo exaustivo de gestão, mas tão só
uma análise da forma como os museus trabalham com os diferentes modelos de gestão,
sustentável.
A maioria dos museus portugueses não apresenta no quadro da direcção, pessoas com
formação em gestão. Por norma, a gestão dos museus é desempenhada por elementos
No cerne desta questão parece estar, a ausência de uma clara definição da missão dos
A reflexão feita neste trabalho, apresenta-se como uma ferramenta a utilizar numa
organização como é o museu, que trabalha quase sempre na base de estruturas pouco
3
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Ciente da dificuldade deste trabalho, que só foi possível através da ajuda de muitas
pessoas que me rodearam e, como agradecer torna-se uma função delicada pelo receio
do possível esquecimento de alguém a quem deveria ter agradecido e não o fiz, ou, a
situação incómoda de tudo agradecer, excepto aquela ajuda ou gesto a que não dei
trabalho;
sobre os serviços que, de uma forma ou de outra, responderam aos questionários que
- A todos os que, mesmo considerando ser esta uma tarefa de difícil trato, pelo facto de
- Não podia deixar de agradecer ao Araújo pelas dicas de gestão e à Clarinha pela
inspiração.
4
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
1. O que é um museu?
A pergunta parece ser demais evidente, mas, se atentarmos à sua missão e objectivos ao
longo dos últimos séculos, verificamos que se chamou museu ao complexo cultural
preservação, de lazer e de memórias. Sagués acrescenta e considera que: “El origen del
O museu começa por ser a casa das musas, restrito a uma classe elitista que desenhava
selectiva.
por grupos ou classes muito restritas, (clero e alta aristocracia) e, precisamente em Paris
abre o primeiro museu público, o Louvre, em 1793, como nos descreve Sagués; “(...) la
colecciones de la corona, las de los nobles emigrados, las de los conventos suprimidos
5
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
y las obras procedentes del resto de Europa como botín de guerra. Se trata de um
museo público no sólo porque es abierto a todos los individuos, sino también porque
museu, com um conceito funcional muito redutor, vê-se alterado na sua filosofia e,
desde então, nunca mais deixa de adoptar filosofias modernas, contemporâneas e pós-
As duras críticas aos museus, referindo que estes se apresentavam como mausoléus,
depósitos de arte sem qualquer tratamento nem espaço a fruição, provocaram esta
redefinição na maior parte dos museus. Foi então que se ordenaram muitas colecções,
6
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
reserva.
Nesta acepção pela modernidade, o museu designa-se como centro de cultura, espaço
comunidade.
Para Peter Drucker, “As organizações sem fins-lucrativos começam pelo desempenho da
Um museu, independentemente da tutela a que pertence deve, na sua origem, definir uma
missão e esta ser cumprida através de objectivos bem traçados. A missão e os objectivos
Razão pela qual, a missão e os objectivos diferem de museu para museu. Segundo Pedro
Borges Araújo, “Das descrições que se conhecem o Museu de Alexandria era sede de
7
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
da sua matriz, seja pois um lugar de vivo e profícuo diálogo.” (ARAÚJO, 2005:252)
Assim, de modo muito genérico, podemos enumerar alguns exemplos de museus que
diferem na sua missão e objectivos, já que se tratam de museus com características muito
poderá constituir um museu desde que tenha motivação para isso e disponha dos meios
obvias parecem-me ser as ligadas à própria instituição universitária sejam – para além
dos domínios afins das suas actividades de ensino e investigação – a sua história e
recordação das suas tradições, sejam a protecção, estudo e exibição do seu património
ainda que, no caso do Museu de Física da Universidade de Coimbra: “Para além dos
2005:26)
8
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
São ainda museus que trabalham políticas nacionais e que por isso representam um
todo. Associado à sua missão, através da divulgação das obras de arte, este tipo de
representa com mais impacto do que qualquer outro tipo de museu, dada a sua dimensão
e localização.
enhanced institution states concisely the objective on raison d’être the museum, the
essential purpose for which it exists and which justifies the very considerable efforts
needed to establish or main taint it. (…) The mission of a local history museum might be
to preserve, display and interpret the heritage of that region, for instance, while the
the specific qualities and potential of that artistic medium. (…) If a mission statement
has been adopted that is too grandiose or too vague, it is important to consider
adopting a new more accurate version before attempting subsequent steps in planning
Missão é a razão de ser de uma organização e os objectivos são as metas a atingir. Se,
por um lado, os responsáveis dos museus estão cientes do cumprimento da sua missão e
9
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
organização e gestão cada vez mais conveniente, já que as parcas receitas podem pôr em
Segundo Peter Van Mensch, “(...) devido ao aumento das dificuldades financeiras, os
clima financeiro dentro do qual cada museu normalmente tem de operar impõe
restrições à liberdade de escolha. Em outras palavras, os museus não podem ser tudo
para todos, sob todas as circunstâncias. Eles têm de definir seus objectivos de maneira
Depreende-se deste excerto que, a competência é uma exigência para a gerência dos
Conciliar a economia com instituições sem fins lucrativos, parece até um pouco
descabido, no entanto Peter Drucker considera que: “(…) as organizações sem fins-
lucrativos têm mais consciência do dinheiro do que as empresas, (…) não baseiam a
sua estratégia no dinheiro nem o colocam no centro dos seu planos (…).” (DRUCKER,
1998:181)
institutions, including museums and galleries, have found themselves under a number of
10
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Britain’s leading museums and galleries in terms of their capacity to attract visitors,
economic impacts, civic functions, and contributions to the country’s creativity and
seja, embora estas instituições criativas, museus e galerias, não se baseiem em dinheiro
descreve que o Governo britânico exerce alguma pressão nos resultados, número de
Esta pressão está ainda mais patente no resultado do impacto económico que os museus
e galerias deste estudo apresentam; “Economic benefits of the sub-sector are estimated
to be of the order of £1.5 billion per annum, taking account of turnover and plausible
- Over 9,000 people are directly employed by major museums and galleries considered
by this study;
- National and regional institutions are directly contributing to programmes that assist
2006:07)
como missão dos museus, organismos vivos, tão aptos para suscitar o interesse do
11
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
continua a estar na ordem do dia, este é o trabalho que a maior parte dos profissionais
dos museus continua a ter como preocupação, não um museu para elites, fechado, mas
um museu para todos, aberto, com discursos dissemelhantes que se adaptem a todo o
São objectivos “secundários”: gerir toda a organização para que a instituição – museu,
“El museo sufre una transformación en sus aspectos cultural y científico, primero, y en
su sentido social, después, (...) el interés científico de las colecciones del museo lo
Considerado actualmente como uma instituição de serviço público, outrora, o museu era
a casa das musas, o local onde o passado era preservado nas suas formas materiais,
restrito, pessoas com interesse na colecção para estudo e deleite, juntando-se mais tarde,
a este interesse artístico, o interesse científico. O museu teve como papel preponderante
12
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
na sua existência, duas finalidades: ser um espaço fechado sobre si mesmo, que apenas
pequenos grupos frequentavam; ter um papel mais democrático, aberto a todos, com
uma filosofia sociável, com o primado da cultura para todos sem excepção. É esta
abertura a todos sem excepção, que um estudo de 2006 sobre Instituições Criativas que
abarcam galerias e museus britânicos revela como política do governo; “The British
government’s free museums policy was intended to encourage visitors, but also to widen
access to groups who had not traditionally visited such institutions. Given the
more detail elsewhere in this report), there can be little doubt that Britain is at the top
end of international access to the kinds of major institutions (…). That is, the weight of
numbers seeing the artefacts at the kinds of leading national museums and galleries
considered in this report is almost certainly higher in Britain than in most – if not all –
A nova função do museu, muito marcada pela democracia cultural e pela valorização do
histórica dos conceitos permite-nos verificar a forma como a missão dos museus foi
reflexo das mutações sociais e culturais, passando não só a evidenciar a natureza dos
orientadora da civilização.
O mundo só tem valor pelo simples facto do homem o habitar e nele participar de forma
quase religiosos, para neles se perpetuarem e legarem todas as obras da natureza e sinais
13
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
O museu, enquanto instituição de serviço público concebe uma missão que, segundo
suppose donc la mise en place d’un processus général (programme scientifique), qui
que os museus prestam e refere que, o museu é uma instituição ao serviço da sociedade
da qual é parte integrante e que possui em si os elementos que lhe permitem participar
19922 reforça ainda que, o papel dos profissionais de museologia deve funcionar e dotá-
integral. O museu British Museum num dos programas que desenvolveu no ano de 2005
estratégicos e até muito benéficos para a política entre Inglaterra e o povo africano,
como nos descreve o estudo já referido de 2006; “The programme for Africa An
approach to international relations The British Museum, as lead partner in Africa 2005,
organised a very extensive programme of exhibitions, events, debates etc in London, the
tour of the Throne of Weapons throughout the UK and the programme of loans to Africa
including the first ever exhibition curated by an African using the Museum’s African
2
http://www.revistamuseu.com.br/legislacao/museologia/mesa_chile.htm
14
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Collection. The Commission for Africa Report was launched at the British Museum with
the Prime Minister, Tony Blair. The Museum developed a partnership with the BBC on
behalf of all of the Africa 05 partners (approximately 60) across all channels and all
platforms including online. The British Museum also worked with the BBC to host the
last ever Ground Force programmes, building an African Garden at the Museum and
partnered again with the BBC for Africa Live. Sir Bob Geldof and Chancellor Gordon
Brown both attended the public-facing day of fantastic free events for all ages, which
included dance, music performance, workshops, and gallery talks. This partnership is
widely regarded as groundbreaking and a model for future collaboration. It also helped
em todas as suas vicissitudes. Não chega abrir as portas do museu, é preciso criar
Em Portugal a recente Lei n.º 47/2004 que veio aprovar a Lei-quadro dos Museus
Portugueses define no artigo 2.º que os princípios da política museológica nacional são
os seguintes:
fundamentais;
15
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
enriquecimento e divulgação;
abertas à sociedade;
turismo.
Entre outros princípios da política museológica parece haver uma clara política
educativa e cultural no que toca ao papel dos museus, que tem como principal actor a
pessoa.
A mesma Lei define também que o museu é uma instituição de carácter permanente,
com ou sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos, dotado de uma estrutura
16
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
A responsabilidade social dos museus, a inclusão e/ou exclusão que desenvolve com a
desenvolvimento.
4. Preservar o património
O património constitui-se por bens culturais, sendo “ (...) aqueles que possuem, um
significado que pode ser artístico, histórico, cientifico, religioso ou social, e constitui
nas suas relações com os objectos exteriores, compreendendo não somente in actu os
após o romantismo no séc. XIX, funciona para «arrumar» e «trabalhar» esses objectos,
politicamente justificada e orientada. Patrimonializar tem, por isso, cada vez mais a ver
com gerir, administrar, gizar estratégias, intervir e modelar políticas (...).” (SILVA,
2006:37)
17
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
património.
Este interesse pela preservação do património e sua divulgação, terá a sua origem na
novo sentido-comum, hoje dominante, e que é o que motiva este trabalho. (...) Durante
mais de dois milénios, desde a antiguidade até aos nossos dias, a palavra património
casa ou instituição. Tinha uma grande carga jurídica e institucional, o que ainda hoje
portuguesas. Segundo esta Lei, cabe ao Estado assegurar a transmissão de uma herança
18
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
civilizacional. O art.º 10.º da referida Lei, prevê estruturas associativas para a defesa do
património cultural que podem ser de âmbito nacional, regional ou local. Estas
presente lei. Deste modo, cada comunidade tem também uma responsabilidade civil
patrimonio cultural debe ser una parte integral de los procesos de planificación y
viva. Carlos Alberto Ferreira de Almeida acrescenta que: “Toda a comunidade humana,
qualquer que ela seja, sempre teve e, antropologicamente, terá de ter as suas
referências de memória, isto é, os seus “monumentos”, mesmo que estes sejam orais
(...) Assim sendo, o Património não pode ser olhado apenas como uma reserva e, menos
ainda, como uma recordação ou nostalgia do passado mas, antes, como algo que tem
museus. O património que se preserva, que se investiga e que contribui para a história
3
http://www.mcu.es/museos/docs/CartaDeCracovia.pdf
19
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
5. Coleccionar
2005:127)4
que tinham o gosto pelo coleccionismo, mas, mais tarde, as instituições religiosas e
colecciones de los faraones los tesoros funerarios egipcios y los de los templos
4
In SILVA, Armando Coelho Ferreira da e SEMEDO Alice, (2005) – Colecções de Ciências Físicas e
Tecnológicas em Museus Universitários: Homenagem a Fernando Bragança Gil, Faculdade de Letras da
Universidade do Porto – Secção de Museologia do Departamento de Ciências e Técnicas do Património.
20
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
(calcotecas y pinacotecas) se reunian obras de arte, pero también armas y trofeos que
embalsamados, piedras raras (...). Pero en la Grecia clássica todavía estaban ausentes
este momento a las escuelas filosóficas. Las obras de arte griegas acumuladas por los
propriedade privada del vencedor, una parte, y a ser depositada en los templos, la
mayoría. Junto a estos surgieron, además, edificio especiales para guardar las
No século XVI na Itália renascentista, surgem algumas colecções de valor artístico, que
preencher galerias, promovendo estas, por sua vez, a contemplação das raras obras de
arte.
O alastramento das colecções por toda a Europa não se fez esperar e já no século XVII
os pintores flamengos começam a expor os seus quadros em galerias e às vezes até nas
21
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
suas oficinas, uma vez que a sociedade seiscentista, apreciadora destas obras, procurava
centros e é também como resultado destas viagens que alguns burgueses, pela sua
nomeadamente o Prado, o Louvre e o Museu Britânico, entre outros. Neste período deu-
Nos finais do século XIX e início do século XX, devido ao gosto pela modernidade, os
22
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
maneira ou de outra, locais onde seja possível dispor os objectos (…) ainda que não
tenham qualquer utilidade e nem sequer sirvam para decorar os interiores onde são
etc., (…). Expõem-se os objectos de modo a que apenas seja possível vê-los e não tocá-
ciência, de técnicas regionais; conforme a sua localização (…) cada museu é um caso,
revestindo, pela situação, pela instalação, pelas colecções e sua disposição uma feição
Coleccionar, já não é apenas um acto passivo de mera contemplação pelo seu valor
educativos, deste modo, renovam as exposições e, por fim atraem cada vez mais
visitantes.
23
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
6. Inventariar
que deve preceder à abertura de um museu, não só pelo facto de ser necessário conhecer
seu historial, para que todos os objectos sejam portadores de informação no que
concerne ao seu valor, período, autor, função, técnica, proveniência, dimensões e actual
estado de conservação.
deve ocorrer logo que este seja recepcionado nos serviços, promovendo-se o seu registo
quanto aos factores formadores do valor desses bens e quanto ao sistema de informação
a ele subjacente.
24
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
inventariação irão permitir que o museu disponha de informação actualizada sobre o seu
espólio.
7. Investigar
tempo, um lugar, uma pessoa, ou qualquer outra situação histórica. Mas, parte desta
e/ou informais, de relações e/ou conexões, ao que nós chamamos investigação. Numa
ontologia do ser e do parecer, os objectos vão sendo descodificados, até que toda a
25
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
descobre-se que estes “materializam” distintos tipos de relações que se podem dar na
geral, enquanto que no segundo partimos do geral para o concreto. A análise final pode
pois ser conclusiva ou não. Investigar é fazer todas as perguntas e obter todas as
O objecto da educação é o ser humano, mas andamos sempre a tentar saber o que é a
Para os primórdios da nossa civilização, educação e cultura era algo de sagrado, estes
que formam pessoas - espaços de aprendizagem. Os museus, são escolas vivas onde o
saber teórico se associa à prática e todos os homens encontram neste espaço a sua marca
mais recônditas.
26
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Patrícia Costa citando José Amado Mendes refere que: “Os museus (…) têm uma mais-
valia pedagógica que nunca é demais salientar: a observação directa dos objectos (…).
Esta poderá servir de remédio a uma educação, na maior parte das vezes, livresca e
A educação nos museus alargou-se aos vários níveis de público, aquilo a que hoje se
chama serviço educativo, sendo um projecto museológico que tem por detrás o
A cultura faz parte da essência do homem, é um modo de vida, de ser e de estar perante
a sociedade; uns produzem-na, outros consomem-na. Sem mais, esta categoria une
dignidade.
5
In, SILVA, Armando Coelho Ferreira da e SEMEDO Alice, (2005) – Colecções de Ciências Físicas e
Tecnológicas em Museus Universitários: Homenagem a Fernando Bragança Gil, Faculdade de Letras da
Universidade do Porto – Secção de Museologia do Departamento de Ciências e Técnicas do Património.
27
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
homem, a sua capacidade para quebrar e sair dos estreitos laços da natureza, e daí a
O mesmo autor, Allan Bloom, considera ainda que: “as culturas são desenvolvimentos,
porque os museus podem fazer despertar no público um sentimento de que as belas artes
constituem um dos aspectos mais importantes da civilização humana, sendo esta a sua
A relevância da cultura tem sido cada vez mais reforçada pelo Estado Português, sendo
cultural, para o período 2005 – 2009, deverá orientar-se por três finalidades essenciais:
6
Diário da Assembleia da Republica – II Série A – n.º 2 – de 18 de Março de 2005
28
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
português;
portuguesa.
projectos culturais;
financiamento plurianual.
também este sector corresponder a uma nova cultura de avaliação dos projectos
financiados, tanto públicos como privados. Por outro lado, deverá ainda desenvolver-se
29
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Rede de Teatros, de Rede de Arquivos e de Redes de Museus, mas com uma dimensão
pertença a uma rede não é uma simples formalidade, uma vez que os programas seriam
7
Art. 2.º na redacção da Lei n.º 1/97, de 20 de Setembro
30
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Esta Lei fundamental da República Portuguesa, defende também que “O Estado deve
natureza. O museu é o espaço que por excelência promove vivências e memórias com
encontra-se com o seu património, vivência e revê uma herança que os antepassados
social e afectivo oferecido pelo museu contribui para estádios psíquicos e sublimes no
num património económico se o capital social for positivo, estando este na base de
qualquer estrutura.
valorização social é permitida a todos sem excepção. Por isso, o Estado que atribui os
financiamentos públicos, não assume o seu papel quando um museu que promove a
valorização social, não obtém o apoio necessário para desempenhar a sua missão, que se
traduz num serviço público. Na falta de apoio por parte do Estado, ou um apoio
8
Art. 73.º n.º 3 da CRP
31
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
sustentáveis à sua missão. Defende este economicista que: “Os agentes culturais
portugueses não querem, acima de tudo, perceber ou, pior ainda, dar a entender que
parecerá óbvia e líquida a exigência do investimento cultural, num duplo sentido: fazer
chegar os diferentes produtos culturais a segmentos potenciais do mercado que não têm
casos, o preço final da venda do produto cultural ter de ser subsidiado. (...) o que se
espera do investimento cultural não é o puro retorno em termos de capital (...) espera-
se que o produto final oferecido seja de excelência, por forma a que, no resultado final,
Estado demite-se das suas responsabilidades como gestor dos meios financeiros que lhe
são disponibilizados pelos impostos quando, na área da cultura e por exemplo, entrega
da selecção dos projectos a financiar e tudo isto por um complexo de medo inexplicável
ter inexoravelmente uma avaliação económica, a medir pelo seu contributo efectivo e
32
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
the contents of annual reports; they have also sought to introduce performance
Compete ao Estado financiar e aos agentes culturais saber gerir estes financiamentos, já
que o financiamento, sendo do Estado, não deixa de ser o contributo fiscal de todos os
“De certo modo, as políticas culturais representam para a sociologia, do ponto de vista
a cultura e o poder. Cultura e poder, na concepção das ciências sociais, são dois
pilares da organização das sociedades e dos processos que nelas ocorrem, dois
9
In MOORE, Kevin, (1994) (ed.) – Museum Management, Routledge, Londres.
33
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
sociais. Aquilo que, deste ponto de vista teórico, torna as políticas culturais
cultura e poder como que emergem do tecido social geral, associando-se de modo
pessoas.
dependem em grande parte do papel social dos museus e, acima de tudo, da vontade
política. A vontade política faz os museus e os museus, muitas vezes, podem ser
que política e cultura são indissociáveis, uma está ao serviço da outra, sendo que as
10
Depoimento do autor numa comunicação apresentada na 1ª mesa redonda promovida pelo Observatório
das Actividades Culturais, sobre o projecto Políticas Culturais Nacionais, realizado no Centro Cultural de
Belém a 14 de Maio de 1997. Foi publicado na secção Debate (Equívocos e Complexidades na Definição
de Políticas Culturais), a versão impressa da revista OBS n.º 2, Outubro de 1997, pp. 10-14
11
OBS (Observatório das Actividades Culturais), (1997) – Democracia e desenvolvimento cultural
sustentado: o papel do Estado, n.º 1, Lisboa.
34
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Estado Novo. O modelo cultural defendido durante o Estado Novo era enformar a
Criaram-se muitos museus rurais nas casas do povo que serviam para consagrar uma
ideia estética popular e educar o gosto pela cultura popular do poder político de Salazar.
Deste modo, a cultura popular e a arte nacionalista, enquanto cultura e arte de um povo
Como tal, a política é susceptível de ser considerada como arte, ciência ou ideologia, em
pensando os fins em relação aos meios, a política revela-se como arte daquilo que aqui e
(LOPES, 2000:81)
35
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
O mesmo autor, num estudo de caso, refere que a cidade de “Mértola granjeou um
cultural dos municípios, em particular dos jovens, e o estimulo aos meios artísticos
2000:83)
O museu é também um vector que associado a uma politica cultural activa, contribui
para a criação de emprego, de estruturas económicas que fazem desenvolver uma região
ou um país.
compartilhada também por esse alguém. Para que haja comunicação, é necessário que
transmitida, mas não recebida, não foi comunicada. Comunicar significa tornar comum
Sem informação não existe conhecimento, e sem comunicação não existe relações
36
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
homem e da natureza. Do homem, nas suas relações sociais e culturais; da natureza, nas
verdade a descobrir. Por outro lado, principalmente em razão da enorme extensão dos
fenómenos humanos e sociais, que derivam de um sujeito que conhece e que está
informado e que interage com outro sujeito à sua volta comunicando entre si.
Armando Malheiro da Silva considera ainda que a informação tem ainda uma dupla
social que compreende tanto o dar a forma a ideias e a emoções (informar), como
troca, a efectiva interacção dessas ideias e emoções entre seres humanos (comunicar).”
(SILVA, 2006:150)
12
www.revistamuseu.com.br/legislacao/museologia/mesa_chile.htm
37
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
maintenant considérée comme l’objectif primordial des musées. Est-ce aussi notre avis
de lo que tiene que ser la esencia y el sentido último de un museo. Sin éstas, el museo
deja de cumplir su función primordial que apunta al encuentro directo con el público.”
(HERNÁNDEZ, 1994:81)
A história à volta do museu e da colecção deve narrar factos verosímeis, e quem quer
que seja o espectador, deverá interpretar correctamente esses factos, caso contrário o
trabalho dos técnicos do museu falhou. Referindo mais uma vez Chiavenato, “Para que
colecções do museu para o mundo quotidiano do seu visitante, os resultados serão, com
13
In SILVA, Armando Coelho Ferreira da e SEMEDO Alice, (2005) – Colecções de Ciências Físicas e
Tecnológicas em Museus Universitários: Homenagem a Fernando Bragança Gil, Faculdade de Letras da
Universidade do Porto – Secção de Museologia do Departamento de Ciências e Técnicas do Património.
38
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
conhecimento.
13. Públicos
preocupam-se com o seu público e com os serviços que podem oferecer, expectantes de
Assim defendeu Sérgio Lira num Seminário da APOM no Porto: “o museu passou a ter
que dispor, já no exterior, de visibilidade atraente. O museu era, e muitas vezes ainda
é, aquele edifício austero, de semblante carregado e sério que afirma claramente “aqui
há coisas sérias; aqui há cultura; comigo não se brinca!”. Nas suas colunatas, nas
fachadas, o museu era toda uma afirmação de gravidade (...). Pela cidade, nos folhetos
dos municípios, nas folhas locais, na rádio ou na televisão, nos diários culturais da
39
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
que pretende que o visitem (...). Estes museus transformam-se em pólos de atracção de
como peças arquitectónicas. Mas das colecções que contém, poucos falam,
visita fugaz, como quem pretende apenas pôr o visto de entrada em determinados
museus. Seguramente que este fenómeno também será transitório, e uma vez visitado, o
museu deixará uma imagem positiva e consequentemente apetecível para uma nova
desconhecimento total do que é um museu e para que serve, do que uma visita
Se nos tempos mais remotos entrar num museu era obrigatório o silêncio absoluto, hoje,
o público, pouco ou nada habituado a frequentar estes lugares, sente-se tão à vontade
que telefona e, por vezes, até come, enquanto percorre as salas do museu. São estas
14
http://www2.ufp.pt/~slira/artigos/domuseudeeliteaomuseuparatodos.htm
40
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
fácil. Podemos fazer passar uma mensagem interessante para uns e desinteressante para
outros. Pensar um museu para todos, obriga assim a um grande desafio, a uma profunda
Os paradigmas mudam e por isso têm que mudar as filosofias. O museu de hoje tem que
alguns, hoje os museus existem para todos, por isso cada vez mais se procuram novos
público sem excepção. Estes novos discursos e novas linguagens podem ser encontrados
direccionada para públicos alvo. Com este serviço, as colecções são apresentadas em
pelos museus”, enquanto que as exposições permanentes têm como objectivo principal a
tendo por base a criação de novos produtos e serviços que posicionem o museu numa
41
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
situação favorável, face à panóplia dos serviços que presta e ao cumprimento da sua
missão. Segundo Rochet, o marketing começa com a questão do porquê e do para quem,
e acrescenta que, “Toda a organização deve ser visada pelo marketing. Cada voluntário
Além desta simples preocupação diária, é preciso que cada qual se empenhe na
procura da evolução das tendências de fundo, dos gostos, práticas culturais, maneiras
Philip Kotler e Kevin Lane Keller, o marketing é; “(…) um processo social pelo qual
indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e
2006:04) Os mesmos autores acrescentam ainda que as organizações sem fins lucrativos
como: “museus e grupos de teatro (…) usam o marketing para melhorar a sua imagem
objectivos do museu. Segundo Peter Ames, “Is marketing in any sense a threat to
museum? (…) in this perceptive paper, considers the conditions in which marketing,
despite its invaluable contribution, may come to conflict with a museum’s mission. He
42
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
organização, que podem não ser meramente comerciais, mas tão só, serviços sociais e
de devolver a todos a história dos seus objectos, a época, o modo como foram criados e
utilizados, bem como a importância que tiveram desde a sua existência. Peter Ames
considera que o marketing pode ter um papel importante na missão do museu, “Ensure
able to help with the evaluation, if not the content, of educational programmes. It
conservada, mas se estes factores não forem bem trabalhados e divulgados associados a
15
In MOORE, Kevin, (1994) (ed.) – Museum Management, Routledge, Londres.
43
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
“As organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para atingir seus
meio pelo qual elas podem alcançar vários objetivos pessoais, com um mínimo custo de
tempo, de esforço e de conflito. Muitos desses objetivos pessoais jamais poderiam ser
exatamente para aproveitar a sinergia dos esforços de vários indivíduos que trabalham
museus.
44
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
primeiro lugar, analisa-se a sua função e os seus objectivos para traçar um programa;
Yves Bertrand e Patrick Guillemet defendem que a organização é, “um sistema situado
experiências), um subsistema psicossocial (pessoas que tem relações entre elas) assim
e GUILLEMET, 1994:14)
lugar, a sua missão e objectivos, uma vez que esta organização se direcciona para a
funções típicas do chamado Estado do Bem Estar Social que contempla: educação,
saúde, segurança e acções sociais, bem como habitação, serviços colectivos, serviços
para dar lugar ao factor de prestação de serviços, sendo social, cultural e científico. Os
museus existem para promover um capital, não financeiro mas humano. Mas também é
verdade que um só é possível pelo outro, através de uma relação dialéctica, não directa
45
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
por excelência um valor fundamental e que está antes e acima de qualquer outro capital,
Numa organização como o museu temos sempre de pensar que, qualquer que seja a
missão e objectivos, o principal alvo é a pessoa, o que ela quer do museu e quais as suas
necessidades em termos museológicos. Estes são os objectivos que cada museu deve
cumprir, William acrescenta que: “Em primeiro lugar, como todas as organizações, os
museus estão orientados para uma série de objectivos. (...) Em segundo lugar os
museus cumprem os seus objectivos com uma estrutura organizada. Naturalmente, isto
requer que outros colaborem com um espírito de cooperação para o atingir. O trabalho
usando os recursos disponíveis com maior eficácia e o menor custo possível. Como a
eficácia dos serviços está sempre associada aos custos, o Governo inglês propõe aos
sustentabilidade destas instituições, como nos descreve Travers; “The government has
also required cultural institutions to attempt to raise the proportion of their income
derived from trading services – cafés, restaurants, shops and the many other charged
activities associated with the core institutions. In many cities and towns, museum or
gallery coffee shops and restaurants are elegant and attractive features that, because of
their association with culture, are able to offer an alternative to more traditional
46
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
locations. However, it is important to state that museums and galleries also exist for
rather different purposes than running catering and other trading facilities. It is also
important to note that accounting practice for trading varies from institution to
institution in ways that will affect comparisons between them”. (TRAVERS, 2006:31)
Qualquer que seja a organização, pública ou privada, uma boa gestão permite alcançar
processo. Qualquer trabalho que seja feito isoladamente, não desenvolve estratégias,
e comparáveis.
definem os valores necessários para sustentar, a longo prazo, uma cultura de excelência
desenvolvido e implementado.
Antes de mais, liderar implica o exemplo de quem lidera. Liderar é também implicar,
47
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Segundo Peter Drucker, “Tomar decisões correctas sobre pessoas é o meio supremo de
como positivas.
la para acções consonantes, são questões de gestão e recursos humanos que devem ser
Para Chiavenato (citado por Firmino, 2002:114) o líder deve possuir 21 traços de
personalidade, sendo:
Inteligência;
Optimismo;
Calor humano;
Comunicabilidade;
48
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Mente aberta;
Espírito empreendedor;
Habilidades humanas;
Assunção de riscos;
Criatividade;
Tolerância;
Entusiasmo;
Visão do futuro;
Flexibilidade;
Responsabilidade;
Confiança;
Maturidade;
Curiosidade;
Perspicácia.
É trabalho de gestão de recursos humanos, a forma como o líder consegue que cada
49
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
O líder tem que ter sempre em conta que: “A aprendizagem é contínua e ao longo da
vida, está virada não só para questões técnicas, mas também de gestão e da área
2002:103)
vantajoso para a pessoa como para a organização, permitindo que, quando estas duas
3. Orçamento e planificação
regula, principalmente os orçamentos dos institutos, das autarquias locais, bem como
sendo apresentado à Assembleia da República como uma proposta de lei que deverá
50
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
dos serviços integrados16; deste modo, sendo o Governo quem elabora o Orçamento do
Estado e uma vez que dele dependem os museus nacionais, estes devem apresentar os
desenvolvidas (funções sociais). Estas funções são “as típicas do chamado Estado do
Bem Estar Social (Welfare State), a saber: Educação, Saúde, Segurança e Acções
previsão, em regra anual, das despesas a realizar pelo Estado e dos processos de as
tempo futuro: um ano) que pressupõe: primeiro, uma autorização dada pelos órgãos
Dentro de todo o Sector Público existem serviços com as mais variadas atribuições para
16
Serviços Integrados são os Serviços do Estado que não possuem Autonomia Financeira (o caso dos
museus nacionais).
51
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
por isso personalidades jurídicas diferentes que lhes permitem igualmente configurar
Orçamento do Estado.
actual Lei de Enquadramento Orçamental (Lei 91/01) diz-nos que o seu âmbito se
definido pela Lei de Enquadramento o sector das Autarquias Locais18 (...) bem assim
como o sector das empresas (públicas ou com outra forma societária), fundações ou
17
O caso dos museus nacionais
18
O caso dos museus locais
19
O caso dos museus semi-privados / fundações e associações
52
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
que a sua missão seja cumprida. A planificação implica uma estratégia que assegure o
objectivos a atingir.
pensar e avaliar as necessidades do museu. O quê e para quem, isto é, traçar objectivos
claros e firmados e o modo como eles vão ser conseguidos. É sempre em função da
vocação de cada museu que se planificam actividades, podendo estas ser de ordem
científica, histórica ou artística. Por isso planear é traçar um plano de acção que
4. Modelos de gestão
neste caso de um museu e que, por isso, o exonera das burocracias e dependências
tutelares, parece razoável que uma gestão com maior autonomia e flexibilidade nos seus
São cerca de 93 os museus a analisar neste trabalho e todos eles pertencem à Rede
museus locais, tutelados pelas Autarquias Locais – (tutela pública), 9 museus tutelados
53
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Para além das diferenças que cada museu assume no panorama museológico nacional,
estes espaços são sempre locais muito importantes pela função catalisadora que
mas diversificadas, cada museu tem na sua génese uma função socializante.
arrojadas. Não obstante, um bom modelo de gestão caracteriza-se pelo elevado grau de
objectivos dessa organização estejam salvaguardados a longo prazo. Importa, pois, num
modelo de gestão desta natureza, criar uma equipa de trabalho que inclua gestores,
lobis, mas que contribuam para um modelo de gestão sustentável. O que dificulta em
grande parte alguns modelos são os interesses que se desviam da missão de uma
certamente a preservar o que deve ser preservado e dar-lhe vida, para que o modelo seja
inovador e por isso atraente. Por isso, um programa tem que definir “a priori” as linhas
seus objectivos. Trabalhar por objectivos, consiste num sistema de gestão desenvolvido
por Peter Drucker nos anos 50. As suas regras básicas consistem na definição clara dos
54
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
autonomia financeira, o que implica que o museu está sujeito, a qualquer momento, a
limitado, redutor, sem margem para a criatividade e/ou iniciativa que o museu poderia a
margem suficiente para fazer face a situações esporádicas, não é de todo um modelo que
financeiro concorre ainda com o factor negativo que é a distância geográfica, ou ainda,
as burocracias que terá que enfrentar entre o museu e a sua tutela. Possuir autonomia
administrativa sem autonomia financeira, numa área como a dos museus, não é uma
situação estimulante nem razoável para quem dirige um museu e lhe é atribuída,
55
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
não se faz sentir do mesmo modo que nos museus tutelados pelo Instituto de Museus e
rubricas orçamentais, para fazerem face a situações necessárias e esporádicas dos seus
museus. No entanto, esta prática, não deixa de reflectir que o plano não está de acordo
com o orçamento, o que evidencia falhas na organização e gestão. São estas práticas,
Importa aqui salientar que tudo pode depender da vontade política. Neste caso, as
prioridades do museu podem não estar ao “sabor” das políticas autárquicas e, por isso,
nem sempre os museus resolvem os seus problemas. No entanto, este modelo de gestão
orçamental, uma vez que não está directamente ligado ao Orçamento do Estado, facilita
recurso também tenha as suas desvantagens, uma vez que se corre o risco de destacarem
Com os museus privados, o modelo de gestão pode naturalmente dar primazia ao valor
cultural e social, retirando daí também proveitos económicos. Neste caso, verifica-se
que, quer as Fundações quer as Associações, estão sempre actualizadas no que diz
recursos humanos nestes museus são de capacidades e qualificações elevadas, uma vez
56
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
que os projectos assim o exigem. As metas propostas e os resultados são sempre neste
O modelo de gestão dos museus nacionais enquadra-se numa gestão centralizada. São
mas não detêm uma verdadeira liberdade de decisão e de execução. A gestão de cada
museu depende do IMC, I.P. que, por sua vez, também depende do Ministério da
Assim sendo, cada museu apresenta um plano ao IMC, I.P., este remete-o ao Ministério
cada museu é o Ministério da Cultura através do IMC, I.P. Este orçamento serve apenas
57
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Para além deste orçamento anual, existem ainda outras fontes de financiamento, o Plano
podem ser aplicadas em actividades “mais relevantes” dos museus sob apresentação e
Perante este quadro orçamental descrito, os museus que apresentam uma boa
assegurado para o seu normal funcionamento. Mas, a questão não é apenas o normal
funcionamento, mas tão só, exigir um serviço cada vez mais arrojado e categorizado e,
ajuizando o salto qualitativo que cada museu desenvolve, é no mínimo justo valorizar o
a financeira.
58
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Não estando prevista na lei esta atribuição, já que o museu nacional é caracterizado
autonomia financeira concedida apenas às organizações com uma receita de 70% face às
despesas mas, considera-se que, num futuro próximo, a lei poderia ser alterada.
Importa pois analisar neste trabalho, até que ponto os museus deviam ou não ter
suscitar algumas reflexões, tal como aconteceu, no encontro do ICOM de 2007 que se
realizou no Museu Nacional Soares dos Reis – Porto, subordinado ao tema, Museus e
Gestão.
estudo um pouco nesta mesma linha, referindo os problemas das burocracias e da falta
de autonomia financeira a que os museus estão sujeitos, bem como das receitas que os
museus produzem serem enviadas ao IMC para posterior distribuição equitativa pelos
verem o resultado de um trabalho mais ou menos empenhado não ficar para o próprio
museu.
21
As despesas e as receitas devem estar inscritas no Orçamento pela sua totalidade, isto é, devem ser
inscritas de uma forma bruta.
22
Não afectação do produto de quaisquer receitas à cobertura de determinadas despesas.
23
Alberto Guerreiro
59
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Ainda sobre este aspecto, referiu uma técnica do museu anfitrião que, provavelmente
alguns museus desenvolveriam mais estratégias tendo em vista, arrecadar mais receitas
para fazerem face aos projectos que muitas vezes não avançam por falta de autonomia e
de verbas.
Sendo certo que só há enquadramento legal para a autonomia financeira apenas para as
equitativa das receitas provenientes de alguns museus tem que obedecer ao princípio da
não consignação, tal não significa que não devam ser pensadas e estudadas fórmulas
mais adequadas e que as mesmas possam fundamentar uma alteração da lei, evoluindo-
se para um modelo de gestão mais exigente. Deste modo, cada museu teria um desafio
Parece-nos razoável que um director que apresente um projecto anual com serviços e
valores e que é aprovado pela tutela, obtenha autonomia para gerir o orçamento que lhe
Seria mais importante e talvez estimulante que cada museu obtivesse uma verba do
actividades esporádicas, tendo em vista arrecadar verbas para fazer face a novos
projectos. Certamente que este novo modelo de gestão daria mais responsabilidade a
60
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
cada director e este passaria a ter, certamente, que desenvolver um espírito cada vez
Mesmo perante circunstâncias naturais a que alguns museus estão sujeitos, e até mesmo
pela sua vocação que por diversas razões não lhes permite arrecadar receitas para
científica, importando pois que cada museu descubra o que é mais relevante e apresente
Por isso, cada director ou conservador de museu deve ser um conhecedor das políticas
Não se pretende defender apenas a autonomia financeira, mas sim a sua filosofia, a sua
fórmula. Isto é, o financiamento de cada museu deve ser uma competência do Estado, já
parte das suas receitas deveriam permanecer no próprio museu. Sendo a outra parte
61
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
mais valorizados e por isso mais divulgados. São museus com maior dimensão cultural,
gozando ainda, regra geral, de grande centralidade e, por isso, são mais divulgados nos
Devido à sua dimensão são objecto de uma maior atenção da parte do Estado, uma vez
haver uma maior procura por parte de pessoas qualificadas para os museus com estas
características. Daí que os museus nacionais apresentem nos seus quadros um maior
No que concerne ao modelo de gestão, estes museus gozam de um modelo único, sendo
por isso mais simples para a tutela controlar a gestão nos museus. As regras são as
mesmas mas, no nosso entender, podem não ser as mais adequadas. Assim não defende
Culturais (OAC), que concluiu que os museus tutelados pelo Ministério da Cultura eram
Local e Privados.
melhor, uma vez que o poder local dá muito mais apoio aos museus e cada museu
62
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
equipa de técnicos executantes in locu, nem sempre estes museus conseguem resolver
corrente, não tem autonomia para decidir em situações não previstas nas suas
competências. Situações que podem ser de vária ordem, como alteração de rubricas para
fazer face a outras despesas não previstas ou até uma simples actividade não prevista no
plano de actividades.
Se estes museus apresentam como pontos fortes as qualificações dos seus funcionários,
salienta-se como ponto fraco a falta deles e, pelo facto destes museus não disporem de
alternativas, às vezes trabalham com o recurso a voluntários, o que nem sempre traduz a
pontos fortes nos museus locais, uma vez que as autarquias locais dispõem de maior
de funcionários mais alargados, embora alguns com períodos sazonais, mas também
menos qualificados.
63
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
receitas próprias. Por isso, os museus locais são serviços com independência orçamental
conforme a sua natureza de Autarquia ou de cada museu. Estes museus têm vindo a
intervenção do poder autárquico, tendo como suporte noções de base como “território”,
classificar tem de ser encarado como um contributo para a qualidade de vida, social e
cultural, das comunidades. Estas o vão sentindo e já vão reclamando a sua protecção.
A experiência mostra-nos que o Património pode ser muito mais bem defendido pelas
associações locais de defesa do património e pelas forças locais que pelo poder central.
64
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
(...) Uma sociedade moderna e qualitativamente culta olhará com respeito o seu
Património que a incentivará a fazer melhor, sente quanto ele é prestimoso para as
povoações e para a prosápia das comunidades e respeita-o como uma das suas maiores
riquezas, aquela que, humanamente mais rentabilizada pode ser”. (ALMEIDA, 1998:
s/n) Um museu com esta característica é deste modo um pólo de desenvolvimento local
que trabalha numa lógica de educação, sensibilização e compromisso com toda área de
influência.
Sendo a desertificação uma ameaça constante dos tempos modernos, e é tanto mais
provável quanto maior for a escassez de bens de primeira necessidade, mesmo que estes
ligadas. Uma boa paisagem e um elevado número de bens patrimoniais não são
adequadas à administração local têm sido aquelas que promovem a integração dos
formação dos responsáveis dos museus, influenciando a sua prestação. Ainda assim, os
65
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
no contexto nacional (...). Daqui resulta que algumas tutelas autárquicas têm podido,
Discordando em parte deste argumento, até pela experiência e observação atenta deste
fenómeno, considera-se que estes museus estão mais sujeitos a políticas por vezes
emite é na maior parte das vezes o reflexo do aparato festivo que alimenta qualquer acto
Uma vez que o território está mais circunscrito e é a imagem dos governantes locais,
qualquer que seja o projecto, este é quase sempre uma imagem de marca dos seus
governantes.
66
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
previstas.
funcionários com formações diversas, que podem zelar pela simples manutenção do
edifício (electricistas, carpinteiros, pintores, etc.), uma vez que é possível a mobilidade
Se os museus locais podem gozar de alguns benefícios tutelares, também é verdade que
estão muito mais sujeitos aos problemas políticos, e aos mandatos de quatro em quatro
Embora estes museus dependam todos das Autarquias Locais, cada museu apresenta-se
com projectos museológicos muito díspares de autarquia para autarquia. São projectos
que resultam de contextos políticos diferentes, sendo por isso difícil estabelecer
parcerias até com os museus situados nas localidades mais próximas. Um projecto
museológico pode agradar a uma Autarquia e não agradar a outra até por questões
museu, a questão da mobilidade é positiva mas também tem as suas desvantagens, deste
67
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
certo facilitismo e até a ideia de polivalência, o que para uma área tão específica como é
bem como uma indefinição entre museus nos horários que praticam.
Estes museus possuem um modelo de gestão privado, e a sua autonomia assenta numa
privado, ou seja, verbas próprias e do estado, a situação parece ter um pouco mais de
A quase total autonomia e liberdade de execução de projectos parecem ser uma mais
No caso das Fundações e Associação, os modelos de gestão ainda diferem mais uns dos
outros.
Os museus designados por fundações são autónomos, acabam por ter uma gestão
68
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Por razões ainda de ordem económica os museus com estas características trabalham em
desenvolvem uma parte comercial notável, para que a missão seja bem sucedida.
objectivo é atrair o público para que se torne um evento com sucesso artístico mas
também comercial.
Há uma constante preocupação com os serviços que prestam, e, procuram que estes
dá lugar nestes museus para serviços condenados ao fracasso. Tudo está em jogo, sabe-
Estes museus, não se revêem apenas numa figura institucional meramente pública, e,
públicos. Como a sua vocação, para além do serviço público, também é o lucro,
69
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
museológicos, sendo também esta relação aferida no final de cada evento ou ano
económico. São, ainda, museus que trabalham com um marketing muito desenvolvido e
com este fenómeno conseguem promover uma imagem superior à de outros museus
economicista nestes museus pesa muito, e por isso, é fácil optar pelo factor que mais
presidiram à sua criação. Alguns museus com estas características tendem a confundir o
património com o comércio, fazendo, por exemplo, réplicas de algumas das suas obras,
não para preservar as colecções, mas para obter receitas. Nestes museus, podem existir
colecções.
70
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Por norma estes museus trabalham com um marketing muito desenvolvido e com este
fenómeno conseguem promover uma imagem superior à de outros museus com valiosas
colecções.
71
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Se bem que este Capítulo tenha como título “Estudo de Caso”, o que nele é realmente
desenvolve.
Yin afirma que, “o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um
Neste trabalho, é verdade que a pesquisa efectuada não incidiu especificamente e apenas
chamar genericamente de “um caso”. Contudo, foi, de certa forma, direccionada para
72
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
No que se refere à forma como o Estudo de Caso deve ser conduzido e sobre quais as
fontes de dados que podem constituir todo o processo de estudo, são indicadas quatro
Neste trabalho, como foi já referido na Introdução, devido à natureza das funções
reduzido (e por isso não tão relevantes como seria desejável), contribuíram para uma
que “construir um questionário não é uma tarefa fácil e que aplicar tempo e esforço
73
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
simultaneamente;
Atendendo ao número de entidades que constituem a amostra escolhida para este estudo
respondente para as respostas às questões colocadas, entendeu-se por bem optar pelo
sua estrutura e na forma de colocação das questões, até se chegar a um formato simples
a análise dos modelos de gestão e para avaliação dos serviços prestados nos museus.
74
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
2. Questionários
O envio dos questionários foi feito via correio electrónico à data de 19 e 20 de Setembro
válidos, que corresponde a 28%, sendo 9 dos Museus Nacionais, 9 Museus das
que servirá de referência para o estudo deste trabalho. Apresenta-se, de seguida, uma
- Questionários recebidos............................................................................................ 26
- Questionários válidos................................................................................................. 26
24
Amostra teórica – A totalidade das unidades do Universo que foram seleccionadas para o questionário.
25
Amostra obtida – A totalidade das unidades da amostra teórica, que responderam ao questionário.
75
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Convém referir o caso de dois museus da mesma tutela (IMC) que, por via telefónica e
razões seguintes, justificativas desta decisão: num dos casos “não respondiam sem
serviço não possui ainda, nem departamento contabilístico nem Divisão deste âmbito
QUESTIONÁRIOS
Enviados Recebidos
Universo
Amostra teórica Amostra estudo %
Museus Nacionais 29 29 9 28
Museus Locais 50 50 9 18
Fundações 9 9 5 44
Associações 5 5 3 40
TOTAL 93 93 26 28
76
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
A análise SWOT faz-se através dos pontos fortes, dos pontos fracos, das oportunidades e
Museus Nacionais, tutelados pelo IMC, IP., de 9 Museus Locais tutelados por
Iniciaremos esta análise, que mostrará os pontos fortes e fracos pelos Museus
Questões:
77
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
impossível aos museus obterem receitas que cobrissem 2/3 do valor total das despesas.
1.2. Só Administrativa?
1.3. Porquê
Esta resposta permite afirmar ou infirmar a questão n.º 1.1. Respondem que não
“Jamais os museus seriam capazes de obter 2/3 de receitas face às despesas totais”;
económicos”.
Esta contradiz de certo modo a questão 1.1., uma vez que se considera que os museus
deviam ter mais autonomia e que não era possível segundo a fórmula dos 2/3 de receitas
consideram que são as Fundações que têm melhor modelo de gestão, porque são as que
78
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
possuem maior autonomia, contrariando mais uma vez a resposta dada na questão 1.1.,
outros três dividem-se pelas tutelas das Autarquias Locais, das Associações e do IMC,
1.5. Considera que deviam ficar para o museu que produziu as receitas?
2. Das diferentes tutelas (IMC, IP; Aut. Locais; Fundações e Associações) qual lhe
79
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Dos 9 questionários válidos, 6 responderam que sim, 2 responderam que “não de forma
expressa, sim, porque tudo o que foi feito resulta do orçamento disponível”. Ou seja
Dos 9 questionários válidos, 3 consideram que sim, “embora devesse haver uma
a) Investigação e inventariação
80
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
b) Conservação preventiva
c) Gestão e organização
d) Aumentar o espólio
f) Exposições temporárias
g) Captação de público
i) Serviço educativo
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
81
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
1 não respondeu.
museológicos que são objectivos primordiais, bem como a missão dos museus enquanto
a) Orçamento reduzido
b) Muita burocracia
c) Falta de equipamento
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
essencialmente as seguintes:
82
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
modelo de gestão dos museus aqui tratados. Actualmente verifica-se, e cada vez mais,
que o primado dos recursos humanos está na qualidade mas não na quantidade.
4.2. Concorda com uma avaliação qualitativa dos museus, idêntica à dos hotéis?
Dos 9 questionários válidos, 6 responderam que sim, 2 que não e 1 não respondeu. A
Quais os benefícios?
b) Atribuição de subsídio
c) Outra
nos media, 1 com reforço de pessoal e 1 não respondeu. Verifica-se que, em face dos
valia e até um estimulante, para que se resolvam parte dos problemas que afectam o
“seu” museu.
83
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
feira a Domingo das 10h às 12h30 e das 14h às 18h, encerrando às Segundas-feiras e
insuficiente.
a) O preço
b) As colecções
c) O horário
d) O atendimento
e) Falta de informação
f) Falta de inovação
g) Localização
84
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
essencialmente as seguintes:
secundado pelo horário praticado. Pouco relevante será o preço a pagar pelo visitante
localização.
a) Documentar a colecção
b) Promover a investigação
85
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
visitantes
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
relevante (3.1)
86
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
aproximado)?
Quatro respostas apresentam valores de receitas muito diferentes, na ordem dos 1%,
16%, 21% e 100%, que serão analisados individualmente mais à frente, uma vez que.
Para uma análise da organização e gestão do próprio museu, estes valores devam ser
que obriga as instituições a gerarem receitas que representem cerca de 66% do seu
orçamento, teria que ser invertida e, mesmo assim, teria que ser reformulado o modelo
de organização e gestão dos museus para atingir tal objectivo. Contudo, os dados
obtidos, não sendo muito rigorosos, não nos parecem fiáveis. Por um lado, a questão
não foi muito clara, pois havia dúvidas entre os inquiridos sobre as despesas fixas e
casos, através de contacto telefónico. No entanto, pelos valores que nos foram
26
Consideram-se despesas fixas e variáveis, aquelas que se reportam a bens não duradouros, ou seja, as
referentes ao consumo corrente. Outras despesas, como os investimentos que reportam a bens
duradouros, não encaixam neste conceito.
27
Nas receitas há que considerar: as próprias, verbas provenientes, por exemplo, das vendas, dos
ingressos e do aluguer temporário de espaços, as verbas que são transferidas do Orçamento do Estado
para despesas correntes, bem como as do PIDDAC para despesas previamente definidas.
87
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
a) História de arte/arqueologia
b) Conservação preventiva
c) Arquitectura
d) Designer
e) Património
f) Gestão
g) Marketing
h) Antropologia
i) Outra
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
28
Despesas fixas são as que permanecem constantes, face à variação do nível de actividade, salários,
seguros, vigilância, etc...aplicando-se aos serviços permanentes do museu. Despesas variáveis são as que
variam de uma forma proporcional com o nível de actividade, custos de matérias-primas, publicidade,
mão-de-obra, etc...
88
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Verifica-se que cerca de 27% possuem formação superior, 2% formação técnica, 30%
Como já se referiu este estudo tem por base 9 questionários recebidos e válidos, de um
89
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
permite fazer uma primeira análise e detectar alguns pontos fortes e fracos do modelo de
90
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
de receitas e despesas.
Questões:
respondeu.
1.2. Só Administrativa?
1.3. Porquê
Esta resposta permite afirmar ou infirmar a questão n.º 1.1. Os 9 inquiridos responderam
“A responsabilização da equipa era muito maior. Assim a equipa do museu sabia com
que orçamento contava desde o início do ano e poderia fazer uma gestão mais eficaz e
91
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
eficiente. Não sei se seria autonomia ou apenas centro de custos onde desde o início do
Ou ainda:
“Permite uma gestão mais directa e efectiva dos recursos, dirigindo os eventuais
diferentes museus.
1.5. Considera que deviam ficar para o museu que produziu as receitas?
2. Das diferentes tutelas (IMC, IP; Aut. Locais; Fundações e Associações) qual lhe
responderam.
92
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
6 responderam que sim, 2 que não respondeu e 1 não respondeu. Verifica-se nesta
a) Investigação e inventariação
b) Conservação preventiva
93
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
c) Gestão e organização
d) Aumentar o espólio
f) Exposições temporárias
g) Captação de público
i) Serviço educativo
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
94
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
1 não respondeu.
a) Orçamento reduzido
b) Muita burocracia
c) Falta de equipamento
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
essencialmente as seguintes:
95
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
insuficientes. Saliente-se que nos museus tutelados pelo IMC. IP apresentavam-se três
4.2. Concorda com uma avaliação qualitativa dos museus, idêntica à dos hotéis?
avaliação. Não para mérito próprio, pelo menos directo, mas para investimento no
próprio museu.
Quais os benefícios?
b) Atribuição de subsídio
c) Outra
Verifica-se que, em face dos problemas já referidos na questão 4.1., a opção destes
consequente resolução, possa ser uma mais valia e até um estimulo para que se resolva
96
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
O horário é, na maioria, de Terça-feira a Domingo das 10h às 12h30 e das 14h às 18h,
a) O preço
b) As colecções
c) O horário
d) O atendimento
e) Falta de informação
f) Falta de inovação
g) Localização
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
97
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Tal como nos museus tutelados pelo IMC.IP., a falta de informação surge como factor
a) Documentar a colecção
b) Promover a investigação
visitantes
98
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
relevante (3.2)
aproximado)?
0%, 3% e 24%, que serão analisados mais à frente. As restantes 6 não apresentam
valores.
informação nesta área, ou até mesmo desconhecimento e, por outro lado, que a fórmula
29
Ver nota 16
30
Ver nota 17
99
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
para despesas, uma vez que, na maioria das situações, o orçamento do museu está
a) História de arte/arqueologia
b) Conservação preventiva
c) Arquitectura
d) Designer
e) Património
f) Gestão
g) Marketing
h) Antropologia
i) Outra
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
seguinte:
100
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
em Património.
Ainda sobre dados pessoais, 4 são do sexo masculino e 5 do sexo feminino, com idades
entre os 30 e 40.
101
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
concessão dos graus académicos, dado que, os museus locais analisados estão
Tal como fizemos no ponto anterior, a propósito dos museus nacionais, apresentamos a
seguir uma primeira análise e onde se detectam alguns pontos fortes e fracos no modelo
de organização e gestão aplicado nos museus locais, devendo-se notar que esta
observação tem por base apenas 9 questionários recebidos e válidos, representando 18%
do total de 50 enviados.
102
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
São ainda pontos fracos, o desconhecimento dos orçamentos e do valor das receitas e
despesas.
Verifica-se que os pontos fortes e fracos dos museus locais são semelhantes aos dos
museus nacionais mas, no entanto, regista-se menos burocracia, com menos 5 pontos
2 não responderam.
1.2. Só Administrativa?
2 não responderam.
1.3. Porquê
103
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
“Mas não na totalidade, por forma a garantir aos museus com menores possibilidades
1.5. Considera que as receitas deviam ficar para o museu que produziu as receitas?
Verifica-se aqui uma certa contradição, sendo certo que um explica que sim mas não na
2. Das diferentes tutelas (IMC, IP; Aut. Locais; Fundações e Associações) qual lhe
3 elaboram e 2 não. Verifica-se nesta questão uma concordância da resposta com a dada
na questão anterior.
104
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
a) Investigação e inventariação
b) Conservação preventiva
c) Gestão e organização
d) Aumentar o espólio
f) Exposições temporárias
105
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
g) Captação de público
i) Serviço educativo
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
106
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
a) Orçamento reduzido
b) Muita burocracia
c) Falta de equipamento
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
essencialmente as seguintes:
insuficientes, tal como nos museus tutelados pelas Autarquias Locais. Note-se que
apenas os museus tutelados pelo IMC. IP., apresentavam três pontos fracos: orçamento
107
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
4.2. Concorda com uma avaliação qualitativa dos museus, idêntica à dos hotéis?
Quais os benefícios?
b) Atribuição de subsídio
c) Outra
3 consideram a atribuição de subsídio, 1 uma maior projecção nos media e 1 optou pelo
seguinte beneficio:
visitantes.
108
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Só 1 é que respondeu que sim, sendo este com apenas 10.000 visitantes, os restantes 4
a) O preço
b) As colecções
c) O horário
d) O atendimento
e) Falta de informação
f) Falta de inovação
g) Localização
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
109
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
A falta de informação e a localização é apontada como factor muito relevante. Tal como
nos museus tutelados pelo IMC. IP. e Autarquias Locais, a falta de informação surge
a) Documentar a colecção
b) Promover a investigação
visitantes
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
110
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
relevante (3.2)
aproximado)?
Só 1 é que responde que o montante das despesas é igual ao das receitas. Os restantes
não responderam.
a) História de arte/arqueologia
b) Conservação preventiva
c) Arquitectura
d) Designer
e) Património
f) Gestão
g) Marketing
31
Ver nota 16.
32
Ver nota 17.
111
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
h) Antropologia
i) Outra
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
seguinte:
Verifica-se que cerca de 14% possuem formação superior, 14% com formação técnica e
112
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
fazer uma primeira análise e detectar alguns pontos fortes e fracos no modelo de
dos serviços;
113
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Ainda dentro dos pontos fracos estão; o desconhecimento dos orçamentos e o valor de
receitas e despesas.
respondeu.
1.2. Só Administrativa?
respondeu.
1.3. Porquê
114
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
1.5. Considera que deviam ficar para o museu que produziu as receitas?
2. Das diferentes tutelas (IMC, IP; Aut. Locais; Fundações e Associações) qual lhe
115
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
a) Investigação e inventariação
b) Conservação preventiva
c) Gestão e organização
d) Aumentar o espólio
f) Exposições temporárias
g) Captação de público
i) Serviço educativo
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
116
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
a) Orçamento reduzido
b) Muita burocracia
c) Falta de equipamento
117
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
essencialmente as seguintes:
insuficientes, tal como nos museus tutelados pelas Autarquias Locais e Fundações.
4.2. Concorda com uma avaliação qualitativa dos museus, idêntica à dos hotéis?
Quais os benefícios?
b) Atribuição de subsídio
c) Outra
118
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Horário idêntico ao dos outros tipos de museu já analisados: Terça-feira a Domingo das
a) O preço
b) As colecções
c) O horário
d) O atendimento
e) Falta de informação
f) Falta de inovação
g) Localização
119
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
A falta de informação e a localização são apontados como factores muito relevante. Tal
como nos museus tutelados pelo IMC. IP., Autarquias Locais e Fundações, a falta de
a) Documentar a colecção
b) Promover a investigação
120
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
visitantes
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
relevante (3.3)
aproximado)?
33
Ver nota 16.
34
Ver nota 17.
121
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
a) História de arte/arqueologia
b) Conservação preventiva
c) Arquitectura
d) Designer
e) Património
f) Gestão
g) Marketing
h) Antropologia
i) Outra
Nesta questão foi dada uma cotação de 1 a 4, sendo 1 pouco relevante, 2 relevante e 3
seguinte:
122
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Marketing.
Verifica-se que cerca de 60% possuem formação superior, 30% com formação técnica e
e Lisboa.
123
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
serviços;
Ainda nos pontos fracos deve referir-se o desconhecimento dos orçamentos e o valor de
receitas e despesas.
124
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo
Estud e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
SUSTENTÁ
Como primeira conclusão e após a análise dos resultados globais dos questionários, no
que refere à concordância ou não de uma gestão dos museus mais autónoma,
S/resposta
28% Sim
28%
No entanto, os museus que apresentam dados mais rigorosos e positivos, ou seja, com
mais pontos fortes, são os que concordam com a autonomia administrativa e financeira.
ter que apresentar receitas na ordem dos dois terços do valor total do seu orçamento. Em
nosso entender esta questão foi respondida negativamente não por considerar o modelo
125
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo
Estud e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
SUSTENTÁ
Esta interpretação parece ganhar ainda mais consistência quando, nas respostas
subsequentes, se refere que alguns dos problemas dos museus são: orçamento reduzido
e muita burocracia.
DIFICULDADES NO SERVIÇO
Museus Nacionais
RECURSOS HUMANOS
POUCO HABILITADOS
17%
ORÇAMENTO
REDUZIDO
23%
RECURSOS HUMANOS
INSUFICIENTES
22% MUITA BUROCRACIA
19%
FALTA DE
EQUIPAMENTOS
19%
DIFICULDADES NO SERVIÇO
Museus Locais
RECURSOS HUMANOS
POUCO HABILITADOS
ORÇAMENTO
21%
REDUZIDO
24%
MUITA BUROCRACIA
RECURSOS HUMANOS
16%
INSUFICIENTES FALTA DE
23% EQUIPAMENTOS
16%
126
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo
Estud e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
SUSTENTÁ
DIFICULDADES NO SERVIÇO
Fundações
RECURSOS HUMANOS
POUCO HABILITADOS
14%
ORÇAMENTO
REDUZIDO
RECURSOS 27%
HUMANOS
INSUFICIENTES
23%
MUITA BUROCRACIA
17%
FALTA DE
EQUIPAMENTOS
19%
DIFICULDADES NO SERVIÇO
Associações
RECURSOS HUMANOS
POUCO HABILITADOS
11%
RECURSOS HUMANOS
INSUFICIENTES ORÇAMENTO
22% REDUZIDO
45%
FALTA DE
EQUIPAMENTOS
11%
MUITA BUROCRACIA
11%
A isto podemos adicionar que, a maior parte dos inquiridos responderam que o melhor
127
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo
Estud e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
SUSTENTÁ
Museus Nacionais
8%
S/resposta; 24%
Associações
8%
Fundações
44%
A preferência pelos modelos de gestão dos museus com mais autonomia e poderes
justificada pelos
los inquiridos como sendo os modelos mais funcionais. No entanto,
verifica-se
se ainda uma grande percentagem, de 24% de ausência de respostas sobre o
tema, registando-se
se ainda opiniões em que se apontam deficiências a todos os modelos.
Propor um modelo de organização e gestão para museus, mesmo com tutelas diferentes,
luz dessa mesma lei, porque não, um modelo transversal às várias tutelas? Com um
128
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
mais do que um conjunto de regras que devem nortear uma instituição, e o que se
verifica é que a maior parte dos inquiridos desconhecem as regras básicas de gestão.
Na sua maioria, constatou-se que as respostas relacionadas com gestão, isto é, referentes
desconhecimento dos valores de receitas e despesas, para logo a seguir se dizer que um
enviados aos quatro tipos de museu, como sendo marginal às funções de um director
gestão da tutela.
Este assunto parece, no entanto, ser uma das suas preocupações dos inquiridos, uma vez
que, quando questionados sobre qual a formação que mais valorizam, uma percentagem
129
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
ANTROPOLOGIA HISTÓRIA DE
9% ARTE
MARKETING 14%
13% CONSERVAÇÃO
PREVENTIVA
18%
GESTÃO
ARQUITECTURA
14%
8%
PATRIMONIO
13% DESIGNER
11%
Como já foi referido, verifica-se nos museus aqui tratados um défice de noções de
gestão, o que será compreensível, dado que a maioria dos Directores e/ou
Conservadores têm formação em História ou áreas afins. Contudo, uma instituição para
fazer a sua programação dos serviços e actividades tem que partir forçosamente para a
património.
130
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo
Estud e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
SUSTENTÁ
REDUZIR AS DESPESAS E
AUMENTAR AS RECEITAS DOCUMENTAR E
14% VALORIZAR A COLECÇÃO
18%
QUALIFICAR OS
RECURSOS HUMANOS E
RESPECTIVOS SERVIÇOS
DO MUSEU
17%
PROMOVER A
INVESTIGAÇÃO
17%
PROMOVER A IMAGEM
PRESERVAR PARA LEGAR
DO MUSEU NOS MEDIA E
AOS VINDOUROS
AUMENTAR O NÚMERO
18%
DE VISITANTES
16%
Verifica-se
se ainda uma preponderância de pessoas do sexo feminino que ocupam o cargo
de Directores e/ou Conservadores, com cerca de 85%, contra 15% do sexo masculino. A
importância
ância atribuída à formação nesta área, defende uma mudança de paradigma do
actual modelo de gestão nos museus que passaria então pela integração de um gestor na
131
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
intermédio que passaria pela introdução de um profissional com o perfil de gestor nos
quadros de pessoal dos museus; (...) neste contexto, o gestor, circunscrito assim no
plano formal, poderia ter autonomia e competências delegadas, reservando-se para ele
gestor profissional, que se ocupe em exclusividade desse conjunto de tarefas, desse lado
Os museus tratados neste trabalho foram seleccionados desde a primeira hora, por se
gestão, e por serem museus já credenciados pela Rede Portuguesa de Museus no que
132
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
organização e gestão. Para avaliar os diferentes modelos de gestão, foram tidas como
relevantes as respostas dadas, as quais nos permitiram analisar como são geridos os
museus aqui tratados, com que autonomia; com que valores financeiros; com que
seus objectivos; quais os seus problemas e quais os seus desejos, em suma, quais os
dos museus.
A partir desta análise foi possível traçar o perfil possível do panorama museológico
serviço público, missão primordial dos museus, mas tão só valorizar este serviço através
Tal como defende Graça Nunes, “A gestão museológica é um tema que cada vez mais se
133
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
pode num futuro próximo retirar os museus da asfixia financeira em que vivem.
canal da SIC, do dia 10 de Março de 2007, é noticiado que, “o Museu Nacional de Arte
Antiga está aberto com metade das salas por questões de segurança, uma vez que não
Março de 2007, novamente no telejornal das 20horas do canal da SIC, é noticiado que
também “o Museu Nacional do Azulejo estava a fazer uma promoção de 50%, devido
ao facto do museu também só ter metade das suas salas abertas”, pela mesma razão do
A gestão acaba por ser uma preocupação constante de quem dirige o museu e a solução
para este problema continua a estar na ordem do dia. Tal como nos descreve Filipe
Serra: “(...) considerando os constrangimentos financeiros com que vive a maioria dos
134
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
energias que resulta da gestão mais comezinha de orçamentos irrealistas ou, bastas
Que tipo de organização e gestão deve ser praticada nos museus? Quais os modelos e
quais os mais adequados? Sem a pretensão de dar respostas a estas e a outras questões
que surgem no contexto desta problemática, mas sim, com o intuito de contribuir para
gestão a adoptar nos museus, defende ainda Graça Nunes que: “Ao virar de século, os
nacional, regional e local, tendo que adoptar modelos de gestão, quer da organização a
É importante referir que os museus estão a cumprir a sua missão, por isso mesmo, essa
que se avizinha cada vez mais exigente. É necessário optimizar parcerias de recursos
financeiros e humanos como, por exemplo: através de redes, permitir que os museus
com colecções idênticas partilhem os mesmos recursos, uma vez que não há
necessidade nem possibilidade de cada museu possuir nos seus quadros de pessoal,
iguais noutros; criar estruturas e parcerias de apoio mútuo entre museus com as mesmas
características, sempre numa óptica de optimizar recursos. “Há muito que as tutelas e os
135
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
referidas áreas acabam por ser, essencialmente, a gestão dos recursos humanos, a
(SERRA, 2007:11)
Esta gestão integrada já é defendida há muito por outros museus que não sendo nova
para muitos museus a nível mundial, em Portugal é ainda muito incipiente. Como já foi
Este conceito de gestão, numa primeira abordagem parece estar ligado ao sector
cada vez mais polos atractivos de cultura, lazer e de uma política patrimonial mais
136
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
criteriosas dos recursos humanos complementada por uma vertente financeira cuja
gestão, tendencialmente e como se tem verificado nas últimas décadas, deverá ser cada
que aquela vertente não pode deixar de ser cuidada e tratada, devendo mesmo
É também este o entendimento de Graça Nunes que refere: “Quanto à ideia dos museus,
destacamos a ideia de que seria útil uma teoria organizativa específica para museus.
são:
programação;
137
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
na programação;
empreendedorismo;
Graça Nunes acrescenta ainda que; “Os profissionais dos museus devem encarar a
gestão museológica com uma visão global e harmonizada, que defina e justifique a sua
recursos adequados para a execução dos seus objectivos, nunca se dissociando do seu
papel social definido pelos públicos, como garante da sua subsistência. As mudanças
nos hábitos enraizados, mas também constituirão certamente novas oportunidades para
138
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Maria de Lourdes Santos, acrescenta que: “No caso dos museus, permanecem por
instituições que chega, muitas vezes, a colocar em risco a salvaguarda das colecções e
Assim sendo, parece-nos que os museus poderão de facto desenvolver um bom serviço
O que eu contesto – e considero imperativo para o salto qualitativo que o museu tem de
de uma gestão integrada. Este factor é determinante para um bom equilíbrio entre a
2007:06)
139
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
tem sido apontada como uma das vantagens a equacionar no futuro uma vez que
dos meios dinamizadores desta opção poderia ser, como tem sido evidenciado repetidas
vezes, a venda de bens e a prestação de serviços. Apesar de esta via levantar ainda
numa perspectiva legal. Por seu turno, o facto de os museus serem organizações não
lucrativas – a menos que se estabeleça uma redefinição deste conceito – tem implicado
Este é também o entendimento Filipe Serra ao notar que: “(...) o não retorno directo e
profissional, que vêem assim o seu esforço diluído num todo cuja gestão e repartição
nem sempre beneficia esse mesmo museu ou monumento, ou cuja redistribuição não
poderá, sob alguns pontos de vista, ser considerada como a mais justa. (...) As margens
obtidas pela comercialização dos artigos não deverão ser consideradas como “lucro”,
na terminologia empresarial, mas antes uma receita que deve reverter a favor da
melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos museus, de acordo com uma
140
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Actualmente, o museu deixou de ser apenas uma instituição sem fins lucrativos ao
serviço da sociedade, para ser também uma instituição organizada com fins lucrativos,
universo dos museus, como podendo servir apenas para reinvestir a favor do próprio
colecções ou obras nos espaços físicos. Neste domínio, pensamos que não será
Com um certo optimismo, Graça Nunes defende que: “A partir do ano 2000 ocorreu
sustentável. Assim parece-nos que o regime jurídico da gestão das instituições públicas
museus, necessita de melhor gestão, sabendo que esta implica mais autonomia e mais
141
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
difícil mas não impossível. Sendo certo que, para haver um modelo único, teria que
haver uma instituição que fosse promotora, orientadora, fiscalizadora e avaliadora das
Assim, parece-nos razoável que uma instituição como a Rede Portuguesa de Museus -
seguintes requisitos:
Museus Nacionais, em parte, e nas Fundações, por isso mesmo a resposta dada nos
142
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
percentagens:
Fundações 44%, Museus Locais 16%, Museus Nacionais (IMC, IP) 8%, Associações
No nosso entender e pela análise dos resultados obtidos em todas as questões, os Museu
se verifica um certo desconhecimento, uma vez que esta se concentra no IMC, IP,
acabam por nem sequer terem noção de simples procedimentos e conceitos básicos.
As Fundações constituem como traço comum entre si uma melhor aptidão para gerar
Em síntese, as Fundações são servidas por duas vias de sustentação com um “peso”
prestam acaba por superar o dos restantes museus com espólios muito mais valiosos.
143
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
contribuindo assim, para uma maior incidência real do investimento público junto das
Tal como o recente estudo efectuado na Inglaterra sobre as Instituições Criativas revela
sustentáveis, com modelos onde cultura e economia façam parte do mesmo objectivo,
também nós, não devemos temer em adoptar com celeridade modelos já testados nos
países mais desenvolvidos, uma vez que costumamos seguir tais experiências
vanguarda, muito semelhante ao modelo inglês, é já um sinal positivo para que outros
144
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
CONCLUSÃO
Museus através dos questionários enviados a todos os museus fosse mais participativo,
investigação científica – numa base de confirmação que partia do zero, obrigou a uma
dadas algumas explicações como: “o assunto era polémico”, sobre este facto,
Dalila Rodrigues. Outros responderam que, “não possuíam nem dados nem autorização
por parte da tutela para responder às questões”, sobre este facto, constatou-se que os
dados que não possuíam eram os relativos à organização e gestão, ou seja, dados
contabilísticos.
O resultado deste estudo, depois de feita a leitura e análise dos dados recolhidos,
não e 28% não responderam, mas logo a seguir, quando se pergunta qual a preferência
pelo modelo de gestão, 44% responde o das Fundações, 16% dos Museus Locais, 8%
145
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
financeira, foi dada em função, dos dois terços de receitas, exigidos por lei. Esta análise
orçamento reduzido.
com uma avaliação semelhante à dos Hotéis e vissem essa avaliação reconhecida
subsídio e os restantes 26% maior projecção nos media. 24% não concordam com a
avaliação.
Estas questões permitiram concluir que, os museus estão confrontados com uma
questão essencial que é: ao não possuírem receitas na ordem dos dois terços, não
146
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
Positivo foi, a vontade de serem avaliados, o que demonstra alguma capacidade e até
Maria Carrilho, para se pronunciarem sobre esta problemática, uma vez que: “Há mais
de dez anos que não há governante ou político que não reconheça a importância
público? O que podemos fazer para aumentar os recursos deste sector nevrálgico para
o nosso futuro?”35
estão a surgir na Inglaterra, como modelo a analisar, pela importância dos eventos
consistentes, sendo, por isso, o modelo de Serralves fazer cada vez melhor com o
35
http://www.dois.tv/programas/camaraclara/arquivo.htm
147
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
mesmo dinheiro. Acrescenta ainda que a Cultura e a Economia devem estar cada vez
mais próximas.
ponto forte para os museus mas, receia que numa economia frágil esta pode ser
prejudicial em algumas situações. Estas fragilidades podem ser resolvidas com o apoio
possuir autonomia na sua gestão para que possam desenvolver projectos inovadores e
sustentáveis.
Esta entrevista, aclarou mais uma vez o passo decisivo, a curto prazo, que os museus
devem dar. Sendo certo que, é necessário definir um projecto sustentável para que,
apesar da economia portuguesa ser frágil, não piore a situação dos museus portugueses.
Qualquer projecto que vise a sustentabilidade, neste caso dos museus, não pode
continuar a ter uma direcção sem verdadeiros gestores culturais, autonomia e uma
Sendo certo que, o Estado não se pode demitir do seu apoio social e cultural, nem do
papel fiscalizador.
nenhum Museu Nacional apresenta o tão desejável índice. A diferença mais evidente
148
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
plano aponta para dois grandes eixos de atuação, a saber, um maior incentivo ao setor
de serviços e o estímulo ao turismo. Para isso a cidade ‘precisava’ ter mais museus de
concretizada por meio de empresas ágeis e flexíveis, com capital misto, porém sem
devem procurar ser auto-sustentáveis e vistas como atração turística para a cidade. Um
papel relevante neste processo é ocupado pelo Instituto de Cultura de Barcelona (ICB)
e privada. (…) Contrato, autonomia e avaliação são os três pilares onde se assentam
as bases desta nova forma de gestão. (…) O sucesso dos planos estratégicos pode ser
medido pela transformação da cidade num pólo de serviços e num importante destino
que atrai cerca de 20 milhões de turistas por ano, o que levou o valor de uso dos
espaços públicos ser superado por seu valor de troca. (…) O vetor das novas políticas
escala (que ele chama de “indústrias culturais”), dentro de um planejamento, com uma
149
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE MUSEUS: Estudo e análise para um
MODELO SUSTENTÁVEL
O chamado “Modelo Barcelona”, ao eleger a cultura como vitrine para atrair turistas,
Sem mais considerações, e como já foi analisado e ao longo deste trabalho, existem já
modelos de gestão cultural sustentável, mas, como já foi referido, a sustentabilidade dos
esforços dos serviços e desenvolver estratégias com alguma liberdade, mas também,
e para isso é necessário melhor organização e gestão, de uma direcção responsável pelas
administrativa e financeira.
36
http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br/portal/.painel/palestras/aulasp-jordi-
marti/?searchterm=tem%C3%83%C2%A1tico
150
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
A – Bibliografia
de Cultura, 15.º vol. Edição Século XXI, Editorial Verbo, Lisboa – São Paulo.
Toronto at Scarborough.
151
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
Edição.
de Novembro, Lisboa.
Economica, Paris.
Lisboa.
Quixote, Lisboa.
152
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
Serbal, Barcelona.
Lda., Linda-a-Velha.
Paulo.
Verbo Luso Brasileira de Cultura, 20.º vol. Edição Século XXI, Editorial Verbo,
Trea, Gijón.
153
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
Madrid.
154
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
Industria).
social do museu.
N.A, (2007) – Crise nos Museus – Falta de dinheiro pode obrigar fecho de
155
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
NEVES, José Soares, SANTOS, Jorge Alves dos, (2000) – Despesas dos
NUNES, Graça, (2007), Contributos para uma reflexão sobre a gestão dos
14.
PEARCE, Susan, (1991) – Museum Economics and the Community, London &
Tecnologias, Lisboa.
RAPOSO, Luís, (1993) – Números que falam por si, II Série, 2 Julho, Almada.
Bordas Dunod.
Lisboa.
156
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
Culturais, Lisboa.
157
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
Miranda, Porto.
YIN, Robert K., (1989) – Case Study Research: design and methods, Sage
158
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
B – Legislação
Portugueses.
159
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
C – Sites consultados
www.amigosdosmuseus.pt
www.oac.pt
www.ics.ul.pt
www.igf.min-financas.pt
www.ine.pt
www.ipmuseus.pt
www.museusportugal.org
www.revistamuseu.com.br
www.rpmuseus-pt.org
www.revistamuseu.com.br/legislacao/museologia/mesa_chile.htm
www.minom-icom.org/txtol/txt4.html
www.mcu.es/museos/docs/CartaDeCracovia.pdf
160
BIBLIOGRAFIA – ARTIGOS – PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS – LEGISLAÇÃO E SITES
APÊNDICE
161